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Indicar Órgão de Atuação

EXMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA Nº VARA CÍVEL DA COMARCA DE CIDADE,


CEARÁ

AÇÃO ORDINÁRIA DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAL E MATERIAL POR FATO DO


SERVIÇO

NOME DO REQUERENTE, QUALIFICAÇÃO DO REQUERENTE,


vem, com todo respeito, à presença de Vossa Excelência, por conduto da DEFENSORIA
PÚBLICA DO ESTADO, através do Defensor Público abaixo firmatário, com especial
fundamento no Código de Defesa do Consumidor, Código Civil, Código de Processo Civil,
além de outros cânones aplicáveis à espécie, e no mais atual entendimento jurisprudencial e
doutrinário, propor, como de fato propõe, a presente AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MATERIAL E MORAL POR FATO DO SERVIÇO em face de NOME DO RÉU,
QUALIFICAÇÃO DO RÉU, pelas razões fáticas e de direito adiante alinhadas.

PRELIMINARMENTE

Requer os benefícios da justiça gratuita, em razão de estar sendo


assistido(a) pela Defensoria Pública, por ser pobre na forma da lei, conforme dispositivos
insertos na Lei Federal 1.060/50, acrescida das alterações estabelecidas na Lei Federal
7.115/83, bem como em atendimento ao preceito constitucional, na esfera federal, da Lei
Complementar Federal nº 80/94, reformada pela Lei Complementar Federal nº 132/2009 e,
estadual, por meio da Lei Complementar Estadual nº. 06/97, tudo por apego á égide
semântica prevista no artigo 5°, LXXIV da Carta da República de 1988.

Av. Pinto Bandeira, nº 1.111, Luciano Cavalcante, Fortaleza-CE


CEP 60.811-170, Fone: (85) 3101-3434
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SINOPSE FÁTICA

DESCRIÇÃO DOS FATOS

FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A proteção do consumidor é direito fundamental e princípio da ordem


econômica (CF/88 arts. 5º XXXII, e art. 170, V), sendo o Código de Proteção e Defesa do
Consumidor norma de ordem pública (CDC, art. 1º). Dessa forma, havendo violação de
direitos do consumidor, deve o CDC ser aplicado de ofício pelo magistrado de 1º grau, bem
como, por força do efeito translativo dos recursos, em 2º grau de jurisdição.

O direito consumerista brasileiro tem por base a Teoria Geral do


Direito do Consumidor - a qual trata da sua natureza jurídica, princípios, relação de
consumo, princípios específicos e regras de interpretação – e visa efetivar a teoria da
qualidade ou confiança positivada nos artigos 8 a 10.

Determina a apuração incomunicável e cumulável de


responsabilidade administrativa, criminal e cível do fornecedor, bem como estabelece a
proteção pré-contratual, contratual e pós-contratual do consumidor. E vai mais longe, no
artigo 7º o CDC determina “o dialogo das fontes”, ao estabelecer que o direito do
consumidor é maior que o próprio código.

Sabe-se, doutra banda, que a boa-fé é um princípio normativo que


exige uma conduta das partes com honestidade, correção e lealdade. O princípio da boa-fé,
assim, diz que todos devem guardar fidelidade à palavra dada e não frustrar ou abusar da
confiança que deve imperar entre as partes.

Nas palavras de Tereza Negreiros:

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“O princípio da boa-fé, como resultante necessária de uma ordenação


solidária das relações intersubjetivas, patrimoniais ou não, projetada
pela Constituição, configura-se muito mais do que como fator de
compreensão da autonomia provada, como um parâmetro para a sua
funcionalização à dignidade da pessoa humana, em todas as suas
dimensões.” (Fundamentos para uma Interpretação Constitucional do
Princípio da Boa-Fé, Ed. Renovar, Rio de Janeiro, 1998, pág. 222-
223).

No caso sub judice, a atitude promovida pelo(a) requerido(a)


vetoriza-se em um ato ilícito que, na lição do inolvidável Orlando Gomes é:

“Ação ou omissão culposa com a qual se infringe direta e


imediatamente um preceito jurídico do direito privado, causando-se
dano a outrem” (GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. Rio de
Janeiro, Forense, 1987, pág. 314).

Ora, Excelência, a partir do momento em que a requerente teve parte


de seus bens avariados e decorrentes de causas externas à sua residência, causando-lhe
dor e sofrimentos físico e mental, houve ilícito e quebra da boa-fé objetiva, que devem
imperar entre os contratantes, notadamente quando há negligência no serviço.

O dano causado pelo ato ilícito praticado pela requerida rompeu o


equilíbrio jurídico-econômico anteriormente existente entre os contratantes. Assim, busca-se
restabelecer o equilíbrio, recolocando os prejudicados no status quo ante. Aplica-se, nesse
caso, o princípio restiutio in integrum. Indenizar pela metade seria fazer as vítimas
suportarem o dano, os prejuízos.

Por isso mesmo - e diferentemente do Código Civil de 1916 - o novo


Código, no artigo 944, caput, positivou o princípio da reparação integral, segundo o qual o
valor da indenização mede-se pela extensão do dano.

Assim, quando alguém comete um ato ilícito, há infração de um


dever e a imputação de um resultado. E a consequência do ato ilícito é a obrigação de
indenizar, de reparar o dano, nos termos da parte final do artigo 927 do NCCB, in verbis:

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“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.”

O conceito de ato ilícito, por sua vez, está insculpido no artigo 186 do
NCCB, senão vejamos:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Aliada ao ato ilícito praticado pela requerida, por seu preposto, está a
quebra da boa-fé objetiva, que reside na conduta leal dos contratantes nos deveres ante e
pós contrato. Aliás, é o próprio Código Civil Brasileiro que exige tal boa-fé na formação e
cumprimento dos contratos, in textus:

Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a


boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao


exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Com efeito, a consequência jurídica do ato ilícito praticado pela


requerida é, portanto, o dever de ressarcir os danos que causou à requerente por conta do
mal fornecimento de energia elétrica e da quebra da boa-fé.

De mais a mais, dispõe o artigo 932 do NCCB o seguinte:

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

(…)

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e


prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão
dele;

Sobre tal disciplinamento legal, assim disserta o inolvidável


jurisconsulto Pablo Stolze Gagliano:

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“Em nosso entendimento, com a utilização do advérbio “também” no


seu caput (Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil...)
a lei estabeleceu uma forma de solidariedade passiva, oportunizando
à vítima exigir a reparação civil diretamente do responsável legal.” (ob.
cit. pág. 152).

“Não se trata de uma novidade no sistema, mas, sim, da consagração


da idéia de que se deve propugnar sempre pela mais ampla
reparabilidade dos danos causados, não permitindo que aqueles que
usufruem dos benefícios da atividade não respondam também pelos
danos causados por ela.” (ob. cit. pág. 249).

Portanto, ocorrendo a prestação do serviço de forma a causar dano a


outrem, vulnerou-se a aspiração do menos favorecido, como é o caso da requerente,
redundando, assim, em FATO DO SERVIÇO, uma vez a consequência extrapolou o serviço
em si, afetando direito diverso do próprio contrato de fornecimento de energia elétrica.

Na linha do CDC, como se sabe, a responsabilidade é denominada


OBJETIVA, ou seja:

“(...) aquela fundada no risco, sendo irrelevante a conduta culposa ou


dolosa do causador do dano, uma vez que bastará a existência do
nexo causal entre o prejuízo sofrido pela vítima e a ação do agente
para que surja o dever de indenizar.” (Maria Helena Diniz, Dicionário
Jurídico, São Paulo, Saraiva, 1998, vol. IV, pág. 181).

O sujeito da relação, portanto, perde importância para efeito de


responsabilidade, cabendo ao consumidor, como é o caso da requerente, a descrição e
prova da ocorrência do dano, até para fundamentar seu interesse de agir, mas no que toca à
existência dos demais elementos, deverá ser aplicada, se necessário, a regra da inversão
do ônus da prova.

No caso em apreço, observa-se que a relação contratual objeto desta


contenda encontra-se sob o pálio do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), que
em seu artigo 6º, VI, elenca como direito básico do consumidor “a efetiva prevenção e
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”.

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Ficou evidente, que, através de atos de seus prepostos, a requerida


não prestou o serviço nos moldes do contrato que ela mesma firmou, configurando-se VÍCIO
DE QUALIDADE POR INSEGURANÇA DO SERVIÇO, sendo totalmente responsável pelos
danos morais e materiais advindos da má prestação do serviço, nos termos do artigo 14 do
Código de Defesa do Consumidor.

Trata-se, portanto, de responsabilidade objetiva do fornecedor pelos


danos causados ao consumidor pelo serviço defeituoso, sejam estes de ordem material ou
moral. Essa falha na prestação do serviço ocorre devido a não observância do dever de
cuidado.

Assim, pode-se pautar na doutrina e também no legislador pátrio,


que inferem a responsabilização objetiva nas relações de consumo, eis que, na maioria das
vezes, como no caso em questão, a relação é de hipossuficiência do consumidor em
comparação ao fornecedor.

Desta feita, estando patente a configuração do ilícito contratual


cometido pela requerida, no tocante ao serviço que deveria ter sido prestado a contento, não
restam dúvidas quanto à sua responsabilidade pela reparação dos danos causados, pois
nesse ponto, o Código de Defesa do Consumidor foi taxativo, sem dar margem a qualquer
outro tipo de interpretação.

Neste pormenor, há de se observar que, em relação à reparabilidade


do dano, seja material ou moral, a doutrina tem preceituado a aplicação de pena pecuniária
em razão da teoria do desestímulo, segundo a qual, o critério na fixação do quantum
indenizatório deve obedecer à proporcionalidade entre a lesão causada e aquilo que pode
aplacá-la, levando-se em conta o efeito socioeducativo, que será a prevenção e o
desestímulo.

De salientar, ainda, os ditames insertos no artigo 34 do CDC:

Art. 34 - O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente


responsável pelos atos de seus propostos ou representantes
autônomos.

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Não há dúvida de que a requerida deve pagar por erro de seus


prepostos, à semelhança do que já ficou demonstrado pelos ditames previstos no artigo 932,
inciso III do NCCB c/c artigo 34 do CDC.

Em caráter excepcional, como no caso das pessoas jurídicas de


direito público e de direito privado prestadoras de serviços públicos, foi adotada a teoria
objetiva ou do risco (art. 37, § 6º, da Constituição da República). Assim, para esta teoria,
basta ao lesado demonstrar o nexo causal entre o fato lesivo e o dano.

Por outro lado, sobre a exclusão da responsabilidade objetiva do


Estado, é oportuna a lição de Celso Antônio Bandeira de Mello, in literis:

Nos casos de responsabilidade objetiva o Estado só se exime de


responder se faltar o nexo entre seu comportamento comissivo e o
dano. Isto é: exime-se apenas se não produziu a lesão que lhe é
imputada ou se a situação de risco inculcada a ele inexistiu ou foi sem
relevo decisivo para a eclosão do dano. Fora daí responderá sempre.
Em suma: realizados os pressupostos da responsabilidade objetiva,
não há evasão possível.(Curso de Direito Administrativo, 14 edição,
São Paulo: Malheiros, 2002, p. 865).

No âmbito constitucional, os fatos aqui presentes são assim tratados:

Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição. (Alterado pela EC-000.064-2010)

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

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Assim sendo, as prestadoras de serviços públicos respondem


objetivamente pela mesma razão do Estado, ou seja, o risco administrativo. Já no tocante à
eficiência do serviço, observa-se a norma consumerista, como adiante se vê:

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

Com relação à responsabilidade civil, tem-se a norma do digesto


consumerista nos seguintes termos:

Art. 14 - O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.

Art. 22 - Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,


concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.

Parágrafo único - Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das


obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas
compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma
prevista neste Código.

A lei federal de concessões dos serviços públicos também traz norma


semelhante sobre o assunto, senão vejamos:

Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido,


cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder
concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização
exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa
responsabilidade.

Hely Lopes Meirelles, em brilhante dissertação, assim resume a


responsabilidade das concessionárias de serviços públicos:

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“(...) não é justo e jurídico que só a transferência da execução de uma


obra ou um serviço originariamente público a particular descaracterize
sua intrínseca natureza estatal e libere o executor privado das
responsabilidades que teria o Poder Público se o executasse
diretamente.” ( Direito Administrativo Brasileiro, ED. Malheiros, 28
edição, pág.627).

O Pretório Excelsior, em lapidar e recente decisão do pleno, assim se


pronunciou:

CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. ART. 37, §


6º, DA CONSTITUIÇÃO. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO
PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO.
CONCESSIONÁRIO OU PERMISSIONÁRIO DO SERVIÇO DE
TRANSPORTE COLETIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA EM
RELAÇÃO A TERCEIROS NÃO-USUÁRIOS DO SERVIÇO.
RECURSO DESPROVIDO. I - A responsabilidade civil das pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva
relativamente a terceiros usuários e não-usuários do serviço, segundo
decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal. II - A inequívoca
presença do nexo de causalidade entre o ato administrativo e o dano
causado ao terceiro não-usuário do serviço público, é condição
suficiente para estabelecer a responsabilidade objetiva da pessoa
jurídica de direito privado. III - Recurso extraordinário desprovido. (RE
591.874-MT, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Pleno, j. 26.08.2009)

É irrelevante, portanto, se a vítima é ou não usuário do serviço


público. Basta, assim, que o dano seja produzido pelo prestador do serviço. Quem tem o
bônus deve suportar o ônus.

Ora, Excelência, é elementar, por decorrer da experiência comum de


vida, que o aumento de tensão elétrica causa, indubitavelmente, um estouro em qualquer
aparelho elétrico, sendo certo que em muitos casos pode incorrer em tragédia, como
aconteceu no edifício Joelma, na década de setenta, em razão de uma pane em um
aparelho de ar-condicionado. As provas cabais carreadas aos autos não deixam dúvidas da
responsabilidade da empresa requerida.

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Assim, a causa direta e exclusiva do sinistro foi mesmo curto-circuito


na rede elétrica externa da residência da requerente, causando-lhe prejuízos incontáveis. E
o fato decorreu da omissão da demandada, qual seja, falta de manutenção na rede elétrica.
Deve, ela, portanto, responder pelos danos que o autor e sua família suportaram.

Para abrilhantar o debate, vejamos o que já têm decidido os nossos


tribunais pátrios em casos similares:

APELAÇÃO CÍVEL - PRELIMINAR - INDEFERIMENTO DE


PRODUÇÃO DE PROVAS - PERMISSIVO COM BASE NO LIVRE
CONVENCIMENTO MOTIVADO - NÃO ACOLHIMENTO - AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO - DANOS MATERIAIS - DETERMINAÇÃO DE
APURAÇÃO DO QUANTUM DEVIDO EM LIQUIDAÇÃO DE
SENTENÇA POR ARTIGOS - POSSIBILIDADE - DEFINIÇÃO DA
MODALIDADE DE LIQUIDAÇÃO - QUESTÃO A SER ENFRENTADA
PELO JUÍZO DA EXECUÇÃO - PRECEDENTE STJ - DANOS
MORAIS - REDUÇÃO QUANDO O VALOR FIXADO FOR
EXORBITANTE - PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE - NECESSÁRIA CONSIDERAÇÃO. - Trata-
se de recurso de apelação manejado pela Companhia Energética do
Estado do Ceará em face de sentença que julgara procedente o
pedido autoral, extinguindo o feito com resolução de mérito, para o fim
de condenar a concessionária no pagamento de indenização por
danos materiais no valor de R$ 676.786,37 (seiscentos e setenta e
seis mil, setecentos e oitenta e seis reais e trinta e sete centavos),
bem como no pagamento de 100 (cem) salários mínimos a título de
danos morais, consignando que restou demonstrado o nexo causal
entre a falha havida na atividade da concessionária de energia elétrica
e o dano suportado pela vítima. (…) - No mérito, quanto ao sinistro,
aferível o nexo causal, nomeadamente pelo laudo acostado às pgs.
46/49, elaborado sob a chancela da Coordenadoria de Perícia
Criminal da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará, no
qual se vê em conclusão que o incêndio na residência da autora, o
qual a consumira inteiramente, inclusive afetando quase todos os bens
que guarneciam o imóvel, teve natureza elétrica, "provocado por
superaquecimento de condutores e o consequente curto-circuito". (…)

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- Em relação aos danos morais, sem descurar do intenso abalo


psíquico sofrido pela autora, há de se ter cautela quanto à sua
dimensão. Nos termos da jurisprudência consolidada no Superior
Tribunal de Justiça, a revisão de indenização por danos morais é
possível quando o valor fixado for exorbitante, de modo a afrontar os
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Tendo sido
arbitrados em 100 (cem) salários mínimos os danos morais, hoje o
equivalente a R$ 62.200,00 (sessenta e dois mil e duzentos reais), há
por bem adequá-los. É do magistério de MARIA HELENA DINIZ: "Na
reparação do dano moral, o magistrado deverá apelar para o que lhe
parecer equitativo ou justo, agindo sempre com um prudente arbítrio,
ouvindo as razões das partes, verificando os elementos probatórios,
fixando moderadamente uma indenização. O valor do dano moral
deve ser estabelecido com base em parâmetros razoáveis, não
podendo ensejar uma fonte de enriquecimento nem mesmo ser
irrisório ou simbólico. A reparação deve ser justa e digna. Portanto, ao
fixar o quantum da indenização, o juiz não procederá a seu bel prazer,
mas como um homem de responsabilidade, examinando as
circunstâncias de cada caso, decidindo com fundamento e moderação
(Revista Jurídica Consulex, nº 3, de 31.03.97)." Dentro dessa
perspectiva, está-se reduzindo os danos extrapatrimoniais para o
patamar de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), considerando a
condição das partes e o fato em si. RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. (TJCE - AC 0095255-28.2009.8.06.0001
- Relª Vera Lúcia Correia Lima - DJe 18.12.2012 - p. 32)

DIIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL - APELAÇÃO


CÍVEL EM SEDE DE AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANO MATERIAL
EM EQUIPAMENTO DECORRENTE DE CURTO CIRCUITO NA
REDE ELÉTRICA - EMPRESA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO
PÚBLICO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - INTELIGÊNCIA DO
ART. 37, § 6º, DA CF/88 - ALEGAÇÃO DE CASO FORTUITO -
PÁSSARO QUE POUSOU NA LINHA DE ALIMENTAÇÃO ELÉTRICA -
INOCORRÊNCIA - COMPROVADO NEXO CAUSAL -
DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE CULPA - INCIDÊNCIA
DO COMANDO NORMATIVO INSCULPIDO NO ART. 927 DO
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO - LUCROS CESSANTES NÃO

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COMPROVADOS NOS AUTOS AFASTADOS - RECURSO


CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO - SENTENÇA
MODIFICADA, PARA CONDENAR A CONCESSIONÁRIA AO
PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO NO VALOR DE ORÇAMENTO
APRESENTADO NA FASE ADMINISTRATIVA, ACRESCIDO DE
JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA, A PARTIR DA DATA
DO DANO - SÚMULA 54 DO STJ - HONORÁRIOS DE ADVOGADO
ARBITRADO EM 10% DO VALOR DA INDENIZAÇÃO - 1- Dano
ocorrido em equipamento em decorrência de curto circuito, na rede de
energia elétrica pública, gera dever de indenizar por parte da
concessionária independentemente de comprovação de culpa. Art. 37,
§6º, da CF/88 . 2- Pressupõe-se que o dano foi causado por curto
circuito comprovadamente ocorrido na rede pública, se o equipamento
estava ligado à rede elétrica contígua, funcionando regularmente até
aquele momento. 3 - Acidente com pássaro na rede elétrica não
constitui caso fortuito e não elide responsabilidade objetiva de
concessionária de energia elétrica. 4- Lucro cessante não se
pressupõe. Necessário prova nos autos. 5- O dever de indenizar
limita-se a recuperação do equipamento danificado ao estado em que
se encontrava. 6- Incidem juros de mora e correção monetária sobre o
valor a ser pago pela apelada, no patamar utilizado por este Tribunal
de Justiça, contados a partir da data do dano. Inteligência da súmula
54 do STJ . (TJCE - AC 0098046-04.2008.8.06.0001 - Rel. Carlos
Alberto Mendes Forte - DJe 16.08.2012 - p. 124)

APELAÇÃO CÍVEL - RESPONSABILIDADE CIVIL - AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - CURTO
CIRCUITO - INCÊNDIO DA RESIDÊNCIA DOS AUTORES -
DESTRUIÇÃO TOTAL - FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO -
DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO. (TJRS - AC 70037404753 -
10ª C.Cív. - Rel. Des. Paulo Roberto Lessa Franz - J. 24.02.2011 )

DIREITO CIVIL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS


E MORAIS - CURTO-CIRCUITO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA
DA CONCESSIONÁRIA - DANO MATERIAL E MORAL
CONFIGURADO - QUANTUM ARBITRADO DE FORMA RAZOÁVEL -
Correção monetária e juros de mora, nos casos de condenação por
danos morais, devidos desde o arbitramento do valor. Sucumbência

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recíproca. Inocorrência. Recurso conhecido e parcialmente provido.


(TJAL - AC 2012.008117-9 - (1.0251/2013) - Rel. Des. Tutmés Airan de
Albuquerque Melo - DJe 27.03.2013 - p. 20)

Vejamos, por fim, o entendimento do STJ e STJ sobre o assunto:

PROCESSUAL CIVIL - RECURSO ESPECIAL - RESPONSABILIDADE


CIVIL EXTRACONTRATUAL - ESTADO E CONCESSIONÁRIA DE
ENERGIA ELÉTRICA - INCÊNDIO - INDENIZAÇÃO - DANOS
MATERIAIS - SUPOSTA OFENSA AOS ARTS. 6º, VIII , E 14 DO CDC
- FALTA DE PREQUESTIONAMENTO - NEXO CAUSAL -
COMPROVAÇÃO - SÚMULA 7/STJ - ALEGADA VIOLAÇÃO DOS
ARTS. 165 , 458, II , 535, II , 551, § 1º , E 554, DO CPC , E 128 DA LC
35/79 (LOMAN) - NÃO-OCORRÊNCIA - DOUTRINA -
PRECEDENTES - 1. É inadmissível a suposta ofensa aos arts. 6º,
VIII , e 14 do CDC , por falta de prequestionamento ( Súmulas 282 e
356 do STF ). 2. O tribunal de justiça, com base nos fatos e provas,
concluiu que: (I) não há nexo de causalidade entre o evento e
qualquer conduta (ação/omissão) da concessionária de serviço público
e do Estado do Maranhão; (II) o incêndio não foi potencializado por
negligência ou imperícia do corpo de bombeiros, que somente foi
acionado uma hora depois de iniciado o sinistro; (III) o incêndio foi
provocado por curto-circuito ocorrido na rede elétrica interna do
imóvel, sob responsabilidade da proprietária-recorrente, e não na
externa, o que afasta a obrigação da concessionária de energia
elétrica. 3. O julgamento da alegada responsabilidade civil pelo fato do
serviço (CDC, art. 14 ) - Seja para se reconhecer a existência de
ação/omissão imputáveis à concessionária e ao estado, seja para se
estabelecer o nexo causal entre a ação/omissão e o incêndio -
Pressupõe, necessariamente, o reexame do contexto fático-probatório,
atividade cognitiva vedada nesta instância especial (Súmula 7/STJ ).
(…) 11. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte,
desprovido. (STJ - RESP 200400524208 - (654684 MA) - 1ª T. - Rel.
Min. Denise Arruda - DJU 14.06.2007 - p. 00252)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO - ADMINISTRATIVO - AÇÃO INDENIZATÓRIA -
COMPROVAÇÃO DE DANOS - AUSÊNCIA DO NECESSÁRIO

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PREQUESTIONAMENTO - OFENSA REFLEXA AO TEXTO DA


CONSTITUIÇÃO FEDERAL - REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO -
PROBATÓRIO JÁ CARREADO AOS AUTOS - IMPOSSIBILIDADE -
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 279/STF - REPERCUSSÃO GERAL NÃO
EXAMINADA EM FACE DE OUTROS FUNDAMENTOS QUE
OBSTAM A ADMISSÃO DO APELO EXTREMO - (...) 6- In casu, o
acórdão originariamente recorrido assentou: "RECURSO
INOMINADO. REPARAÇÃO DE DANOS - ENERGIA -
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA - FIOS DE ALTA TENSÃO -
CHOQUE - CURTO CIRCUITO - QUEIMA DA LAVOURA -
PRELIMINARES DE INÉPCIA DA INICIAL E COMPLEXIDADE DA
CAUSA AFASTADAS - COMPROVADO O DANO, O FATO GERADOR
E O NEXO DE CAUSALIDADE - FALHA NA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇO - DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO - SENTENÇA
MANTIDA - 1- Afastada preliminar de inépcia da inicial, porquanto a
peça inaugural não padece de quaisquer das máculas elencadas no
art. 295 e §s do CPC . Ademais, em vista da própria natureza do
sistema que rege os Juizados Especiais são os mesmos pautados
pela simplicidade, forte art. 2º da Lei 9.099/95 . 2- Não há falar em
incompetência dos Juizados Especiais Cíveis para análise da causa
sendo prescindível a produção de prova pericial para o desate da lide,
constituindo a matéria aqui discutida tema recorrente junto às turmas
recursais. 3- Logrou o autor demonstrar, quer por meio da oitiva de
testemunhas, quer por fotos ou mesmo orçamentos, que os danos
evidenciados na plantação de soja em sua propriedade foram
causados por faíscas decorrentes de choques entre os fios da rede
elétrica. 4- Contexto probatório que autoriza conferir verossimilhança
às alegações do autor, impondo-se o sucesso da demanda
indenizatória a título de abalo material. 5- A sua vez a ré, na condição
de pessoa jurídica de direito privado, prestadora de serviço público de
energia elétrica, tem os limites de sua responsabilidade civil
estabelecidos no art. 37, § 6º da CF . O CDC , de seu norte, corrobora
este entendimento no sentido de que a responsabilidade da ré é
objetiva, nos termos do art. 14 deste Diploma Legal. NEGARAM
PROVIMENTO AO RECURSO." 7- Agravo regimental desprovido.
(STF - AgRg-RE-AG 716.672 - Rel. Min. Luiz Fux - DJe 19.02.2013 -
p. 29)

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É inequívoca, portanto, a responsabilidade civil da empresa


promovida. Os danos morais e materiais sofridos pela promovente são notórios. Por tudo
isto está clara e fartamente demonstrada a responsabilidade de indenizar daquela.

DO DANO MATERIAL E MORAL

O dano material está indiscutivelmente configurado nos autos. A


residência da autor teve avarias devidamente comprovadas através de laudos e fotografias,
decorrentes de atos omissivos dos prepostos da empresa ré, devendo esta restabelecer o
status quo ante daquela e arcar com todas as despesas necessárias ao conserto. Por
enquanto, o prejuízo material gira em torno de VALOR DO DANO MATERIAL.

Com relação ao dano moral ou extrapatrimonial, tem-se que o


mesmo pode ser conceituado como uma lesão aos direitos da personalidade. Estes são
atributos essenciais e inerentes à pessoa. Concernem à sua própria existência e abrangem
a sua integridade física, psíquica ou emocional, sob diversos prismas. O direito da
personalidade é, em última razão, um direito fundamental e emana do princípio
constitucional da dignidade da pessoa humana.

No âmbito constitucional, não se pode olvidar que a Constituição


Federal de 1988, no artigo 5º, inciso X, normatizou, de forma expressa, que são invioláveis a
intimidade, a vida privada e a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito à
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Trata-se de previsão
inserida no Título dos Direitos e Garantias Fundamentais, ou seja, os bens jurídicos ali
referidos são cruciais para o desenvolvimento do Estado Democrático.

A concessão do dano moral tem por escopo proporcionar ao lesado


meios para aliviar sua angústia e sentimentos atingidos. In casu, a falta de cumprimento
contratual pela empresa requerida, nas condições em que os fatos ocorreram, enseja
indenização por dano moral, que se traduz em uma forma de se amenizar a dor e o

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sofrimento do requerente, afetada que ficou em sua dignidade, sendo certo que se é
verdade que não há como mensurar tal sofrimento, menos exato não é que a indenização
pode vir a abrandar ou mesmo aquietar a dor aguda.

A indenização por dano moral, como registra a boa doutrina e a


jurisprudência, há de ser fixada tendo em vista dois pressupostos fundamentais, a saber: a
proporcionalidade e razoabilidade. Tudo isso se dá em face do dano sofrido pela parte
ofendida, de forma a assegurar-se a reparação pelos danos morais experimentados, bem
como a observância do caráter sancionatório e inibidor da condenação, o que implica o
adequado exame das circunstâncias do caso, da capacidade econômica do ofensor e a
exemplaridade - como efeito pedagógico - que há de decorrer da condenação.

Vejamos, a propósito, o que ensina o mestre Sílvio de Salvo Venosa


em sua obra sobre responsabilidade civil:

"Os danos projetados nos consumidores, decorrentes da atividade do


fornecedor de produtos e serviços, devem ser cabalmente
indenizados. No nosso sistema foi adotada a responsabilidade objetiva
no campo do consumidor, sem que haja limites para a indenização. Ao
contrário do que ocorre em outros setores, no campo da indenização
aos consumidores não existe limitação tarifada." (Direito Civil.
Responsabilidade Civil, São Paulo, Ed. Atlas, 2004, p. 206).

Nas palavras do emérito Desembargador Sérgio Cavalieri Filho:

“...o dano moral não está necessariamente vinculado a alguma reação


psíquica da vítima. Pode haver ofensa à dignidade da pessoa humana
se, dor, sofrimento, vexame, assim como pode haver dor, sofrimento,
vexame sem violação da dignidade....a reação química da vítima só
pode ser considerada dano moral quando tiver por causa uma
agressão à sua dignidade.” (Programa de Responsabilidade Civil, 10ª
edição, Atlas, 2012, São Paulo, pág.89).

A reparação do dano moral não visa, portanto, reparar a dor no


sentido literal, mas sim, aquilatar um valor compensatório que amenize o sofrimento
provocado por aquele dano, sendo a prestação de natureza meramente satisfatória. Assim,

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no caso em comento, clarividente se mostra a ofensa a direitos extrapatrimoniais, haja vista


toda a angústia e transtorno que o(a) requerente e sua família vêm sofrendo.

Com relação à prova do dano extracontratual, está bastante


dilargado na doutrina e na jurisprudência que o dano moral existe tão-somente pela ofensa
sofrida e dela é presumido, sendo bastante para justificar a indenização, não devendo ser
simbólica, mas efetiva, dependendo das condições socioeconômicas do autor, e, também,
do porte empresarial da ré. É corrente majoritária, portanto, em nossos tribunais a defesa de
que, para a existência do DANO MORAL, não se questiona a prova do prejuízo, e sim a
violação de um direito constitucionalmente previsto.

Trata-se do denominado DANO MORAL PURO, o qual se esgota na


própria lesão à personalidade, na medida em que estão ínsitos nela. Por isso, a prova
destes danos restringir-se-á à existência do ato ilícito, devido à impossibilidade e à
dificuldade de realizar-se a prova dos danos incorpóreos. Não é sem razão que os incisos V
e X do artigo 5º da CF/88 asseguram com todas as letras a reparação por dano moral,
senão vejamos:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além


da indenização por dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem


das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação;”

Sobre o assunto, disserta Cavalieri Filho, in literis:

“...o dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do


ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica a
concessão de uma satisfação de ordem pecuniária ao lesado. Em
outras palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva inexoravelmente

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do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, ipso facto
está demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção natural...”
(Ob. cit. pág.97).

E ainda disserta o ilustre magistrado:

A reparação por dano moral não pode constituir de estímulo, se


insignificante, à manutenção de práticas que agridam e violem direitos
do consumidor. Verificada a sua ocorrência, não pode o julgador fugir
à responsabilidade de aplicar a lei, em toda a sua extensão e
profundidade, com o rigor necessário, para restringir e até eliminar, o
proveito econômico obtido pelo fornecedor com a sua conduta ilícita. A
previsão de indenizações módicas ou simbólicas não pode ser
incorporada `a planilha de custos dos fornecedores, como risco de
suas atividades (ob. cit. pág.105).

O Código do Consumidor também assegura a reparação dos danos


nos seguintes termos:

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,


individuais, coletivos e difusos;

No que se refere à fixação do quantum a título de dano moral, a boa


doutrina e a jurisprudência majoritária têm entendido que o montante fica ao prudente
arbítrio do juiz, mas devendo-se levar em conta os fatos, à reprimenda ao ofensor como
forma de se dissuadir ao cometimento de novos atentados ao patrimônio de outrem, à
capacidade financeira do ofensor e a amenização da situação imposta ao postulante.

Com efeito, entende o(a) requerente que o valor correspondente a 30


(trinta) salários mínimos é bastante razoável à indenização pelo golpeamento de suas
dignidade durante todo esse tempo. Relativamente aos danos materiais, além dos valores
aqui elencados, outros serão apurados e informados no decorrer da lide.

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DOS PEDIDOS

Em face do exposto, requer, se digne VOSSA EXCELÊNCIA de:

a) Conceder os benefícios da justiça gratuita, nos moldes já


dissertados em preliminar;

b) Mandar citar a requerida para, querendo, responder a presente,


sob pena de revelia;

c) Conceder a inversão do ônus da prova em favor do(a) requerente,


nos moldes entabulados pelo Código de Defesa do Consumidor;

d) Determinar, por se tratar de relação de consumo e por


consequência de interesse social, a intimação do douto representante do Ministério Público.

e) Provado quanto baste e empós os ulteriores termos legais,


JULGAR PROCEDENTE a presente esgrima, para o fim de:

e.1) CONDENAR a requerida a pagar, a(o) requerente, uma


indenização por dano moral (art. 5º. CF/88 c/c arts. 6º, inciso VI, e 14 do CDC), em
montante a ser arbitrado por este juízo, sugerindo-se, com base na capacidade financeira
das partes e no grau e extensão do dano, o valor correspondente a 30 (trinta) salários
mínimos, como parâmetro mínimo;

e.2) CONDENAR a requerida a pagar, a(o) requerente, os danos


materiais a este causados, no valor inicial de VALOR DO DANO MATERIAL, além de
eventuais outros valores que poderão ser revelados no decorrer da lide (art. 286, II, do
CPC), acrescidos de correção tendo por base o IGP-M, a contar do arbitramento, com juros
de mora de 1% ao mês, a contar da citação;

f) Finalmente, condenar a requerida nas cominações de direito e, se


for o caso, em verbas sucumbenciais, as quais deverão ser direcionadas à DEFENSORIA
PÚBLICA GERAL DO ESTADO DO CEARÁ ;

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Protesta e requer provar o alegado por todos os meios de provas


admitidos em direito, juntada de novos documentos, perícias, depoimentos pessoais e
inquirição de testemunhas (oportunamente arroladas), tudo desde já requerido.

Dá à causa, para efeitos meramente processuais, o valor de VALOR


DA CAUSA.

Nesses termos.
Pede deferimento.
CIDADE, DIA DE MÊS DE ANO.

NOME DO(A) DEFENSOR(A) PÚBLICO(A)


Defensor(a) Público(a)

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