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Ministério da Educação

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO


Campus Iturama

NITRAÇÃO DE FENOL E
SEPARAÇÃO DOS PRODUTOS POR
CROMATOGRAFIA EM COLUNA

Aluno: Caio Santos

Iturama

2021
1. Introdução

A cromatografia, fundamentalmente, é técnica de separação e identificação de


componentes de uma mistura. Foi desenvolvida pelo botânico russo Mikhael Semenovich
Tswett por volta de 1903, sendo nomeada pelo autor como cromatografia, a “escrita das cores”.
A técnica consiste na migração dos compostos da mistura, estes os quais possuem distintas
propriedades e composição, portanto interagem de forma diferente através das duas fases.

• Fase móvel ou fase de eluição: Fase em que os componentes a serem separados são
movidos pelo solvente fluido, que pode ser líquido ou gasoso.

• Fase estacionária ou fase estacionária: Uma fase estacionária na qual os componentes


separados ou identificados irão aderir à superfície de outro líquido ou material sólido.

A nitração de compostos aromáticos é uma reação clássica da química orgânica,


comumente aplicada aplicado em industrias químicas. A nitração do fenol é um procedimento
bastante utilizado em química orgânica experimental, principalmente pelo fato de demonstrar
com relativa simplicidade as forças dirigentes em uma reação de substituição eletrofílica de
anéis aromáticos (Figura 1).

Figura 1

Como forma de elucidar a aplicação, pode-se citar a preparação de intermediários em


industrias de tinta e corantes, produtos na indústria farmacêutica, como as envolvidas com
estruturas do tipo paracetamol, fenacetina, sulfanilamidas, entre outras.

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2. Material e Métodos

2.1. Materiais e Reagentes

• Acetato de etila;
• Ácido nítrico 65%;
• Diclorometano;
• Fenol;
• Hexano;
• Sílica;
• Sulfato de magnésio;
• Balão de 125 ml;
• Béquer de 125 ml;
• Béquer de 50 ml;
• Capilar estendido;
• Cromatoplacas de alumínio;
• Erlenmeyer de 125 ml;
• Erlenmeyer de 50 ml;
• Funil de separação tipo pera;
• Pipeta de Pasteur;
• Rotavapor;
• Tubos de ensaio;

3. Parte Experimental

3.1. Nitração de Fenol

Inicialmente pesou-se 1 g de fenol em um Erlenmeyer de 50 mL, adicionado 10


gotas de água e colocado em um banho de gelo. Para a reação, foi adicionado lentamente
uma solução de 3 ml de HNO3 65% e 3 ml de água destilada em um béquer de 50 ml.
Após a preparação da solução, foi adicionado gota a gota a solução de HNO3 do béquer
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de 50 ml ao Erlenmeyer de 50 ml. Posteriormente a transferência da solução de ácido
nítrico, foi retirado o Erlenmeyer e agitado manualmente por 2 minutos e então
adicionado 15 ml de água destilada sobre a mistura para cessar a reação. Então foi
transferido a mistura escura para o funil de separação tipo pera e adicionado 2 x 10 ml
diclorometano. Os extratos orgânicos foram coletados em um Erlenmeyer de 50 ml. O
diclorometano, CH2Cl2, que veio das extrações foi lavado com água e adicionado
MgSO4, e então o sólido foi removido por filtração. O diclorometano filtrado é
transferido para um balão de 125 ml e evaporado por um rotavapor. Com base na
determinação da massa do material, foi calculada o rendimento de produto bruto do
processo.

3.2.Purificação por cromatografia em coluna

Os produtos da nitração do fenol foram purificados por cromatografia em coluna


usando hexano e acetato de etila como eluentes. Com um algodão e um bastão de vidro,
colocou-se o algodão ao fundo da coluna para evitar que a sílica saia pela parte de baixo.
Então foram colocados aproximadamente 22 g de sílica. Para a preparação da fase móvel
inicial, foi preparado uma solução 95:5 de hexano/acetato de etila, 200 ml. Foi então
retornado a sílica para um béquer de 125 ml e adicionado uma quantidade de eluente
para que se forme uma espécie de pasta. Foi aguardado que o adsorvente se compactar
antes de prosseguir. É dissolvido o resultado da nitração com um pouco de
diclorometano, e com o auxílio de uma pipeta de Pasteur, aplicado o produto bruto na
superfície da fase estacionária. Adicionado um pouco mais de sílica sobre a amostra.
Foi então aguardado para que a amostra penetrasse na camada do adsorvente para iniciar
a eluição. Foi utilizado tubos de ensaio para coletar frações de ~80ml. Assim que toda
fase móvel de 95:5 foi utilizada e o menisco atingiu a superfície da sílica, utilizou-se a
solução 90:10 para a segunda fase móvel, conforme o modo anterior. Por fim,
adicionado acetato de etila puro e coletado a amostra de coloração escura em tubos de
ensaio e encerrado a separação cromatográfica.

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3.3.Cromatografia em camada delgada

As frações foram aplicadas em cromatoplacas de alumínio. Para a aplicação das


frações, utilizou-se capilares estendidos e colocado uma gota na placa. Em cada placa
foram aplicados o produto bruto e o material dos seis primeiros tubos de ensaio. O
mesmo se aplica para as outras placas. O eluente utilizado foi o hexano/acetato de etila
95:5 apenas para molhas a extremidade inferior da placa. Em um béquer de 100 ml, foi
colocado o eluente e a placa cromatográfica. As amostras contendo o mesmo produto
foram colocadas em um mesmo balão e colocados no rotavapor. O mesmo foi realizado
com os demais produtos.

4. Resultados e discussões

A nitração do fenol (figura 1) ocorre pela capacidade da hidroxila ativar o anel aromático
nas posições orto-nitrofenol e para-nitrofenol, já que o nitroílo tende a se dirige aos carbonos
com carga negativa parcial, conforme observado na figura 2:

Figura 2

Fonte: Retirado do YouTube

É importante o controle da temperatura para evitar a polinitração, formando ácido


pícrico com potencial explosivo. A ativação ocorre devido a existência da ressonância presente
no grupo hidroxila (-OH), resultando na baixa energia de formação do estado de transição,
devido a isso, há o aumento da densidade eletrônica presente no anel benzênico, conforme
figura 3 e o mecanismo reacional pode ser observado conforme figura 4.

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Figura 3: Ressonância Fenol

Fonte: Google Imagens

Figura 4: Mecanismos reacionais

Fonte: Google Imagens

A adição do ácido nítrico ao fenol foi possível observar uma mudança na coloração,
alternando de um amarelo claro para um composto escuro, um marrom com vermelho, e com
viscosidade um pouco elevada.

O produto bruto foi transferido para um funil de separação para então ser adicionado o
diclorometano para solubilizar os produtos da reação. Realizado então a extração nitrofenol
(orto e para) para a fase orgânica. O diclorometano que veio das extrações é lavado com água
e adicionado um secante, sulfato de magnésio, para se ligar a água que ficou eventualmente ao
diclorometano que veio da extração e o sólido foi retirado por filtração. O diclorometano
filtrado é transferido para um balão e evaporado em um rotavapor. Após a evaporação do
solvente foram obtidos 884 ml de produto bruno, que corresponde a um rendimento de 60%,
esse rendimento baixo deve-se, provavelmente, devido as más condições do fenol de partida.

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Para a realização da cromatografia, foi colocado a mesma sílica acima da amostra para
evitar que o eluente perturbe muito a superfície da sílica. Ao adicionar o eluente, foi observado
que conforme o eluente descia a coluna a cor foi tomando conta do interior da coluna. Sendo
possível observar a separação dos compostos dentro da coluna. Como os compostos possuem
coloração, foi possível observar que o isômero orto-nitrofenol foi o primeiro a ser separado na
coluna cromatográfica, pelo falo de favorecer a interação de hidrogênio intramolecular
(pequena distância dos grupos -NO2 e -OH), propiciando a formação de um quelato de seis
átomos da molécula e interagindo mais com a fase móvel. Já o composto para-nitrofenol, possui
uma interação de hidrogênio intermolecular e há uma maior distância entre os compostos -NO2
e -OH, dificultando a interação com a fase móvel, localizando-se na parte superior da coluna.

Após a observação, calculou-se o Rf de cada mancha utilizando a equação Rf = dr / dm,


onde que Rf= Fator de Retardamento, Dr= Distância percorrida pela amostra, Dm = Distância
percorrida pela fase móvel. A cromatografia em camada delgada mostrou que o produto bruto
há a presença de 3 manchas, já as frações 2 a 4 são idênticas as manchas superiores do produto
bruto, Rf = 0,58. A mancha localizada na parte do meio é igual as amostras 5 a 8, Rf = 0,43. As
Conforme pode ser observado na figura 5 e 6:

Figura 5: Frações 2 a 6.

Figura 6 : Frações 7 a 12.

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Com isso podemos observar que as amostras 2 a 4 possuem o mesmo produto, da mesma
forma que as amostras 5 a 8 também possuem o mesmo produto. Foram juntadas as amostras 2
a 4 em um mesmo balão e foram obtidos os compostos sólidos, coloração amarela, orto-
nitrogenol, com massa 308 mg. Em comparação as amostras 5 a 8, são de coloração alaranjadas,
meta-nitrofenol 27 mg, e as amostras 9 a 11, alaranjadas, para-nitrofenol, 213 mg.

4. Conclusão

Baseado nos resultados, concluímos que foram atingidos os objetivos, uma vez que foi
realizado com sucesso a nitração do Fenol, a purificação e a separação dos isômeros via
cromatografia em camada delgada. Apesar do rendimento baixo da nitração do fenol, devido
ao fenol de partida, foi possível obter resultados satisfatórios dos isômeros orto-nitrofenol e
para-nitrofenol.

5. Referências Bibliográficas

Tenório, J. A; Leal, S. S; Peppe, O. R; Filho, J. R. Nitração do fenol, procedimentos em escala semi-


micro, e purificação dos componentes através de cromatografia em coluna, utilizando areia como
adsorvente. XI Encontro de Iniciação à Docência, UFPB- PRG, 2009.

Imamura, P. M; Baptistella, L. H. Nitração do Fenol, um método em escala semi-micro para disciplina


prática de 4 horas. Química Nova, 23(2), 2000.

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