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A problematização do trabalho escravo infantil forçado no Brasil

colônia, império e república.

A historia de nosso país, no campo do direito do trabalho, foi marcada com muitas
cicatrizes ruins, uma delas foi a escravidão que imperou durante 388 anos no Brasil
terminando com o decreto da Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. É importante
lembrar que a escravidão se estendia as crianças também e não só aos adultos, e essas já
nasciam na condição de escravos e ainda na primeira infância eram submetidos a
trabalhos forçados sendo privados da educação e das brincadeiras de criança que são
primordiais no desenvolvimento de qualquer ser humano.

Fora do âmbito nacional, podemos ver no decorrer da historia que as crianças


foram recursos humanos muito utilizados no desenvolver da economia mundial,
principalmente durante a revolução industrial. Com os movimentos socialistas e
comunistas que eclodiram nessa época houve uma diminuição do trabalho infantil, porém
não conseguiu acabar completamente com esse mau. Ainda em nossos dias encontramos
casos de exploração do trabalho infantil e mesmo com os mecanismos de combate a essa
pratica ainda nos deparamos com situações desta natureza.

É comprovado que o trabalho infantil é nocivo a criança, pois o mesmo priva esta
do acesso a seus direitos, o trabalho impede a criança de estudar e brincar, o trabalho não
foi feito para a criança, visto que trabalho é destinado aqueles que possuem formação não
só profissional mais também formação física, ou seja, o trabalho é para adultos que já tem
seu caráter formado e possui força o suficiente para desempenhar seu papel de
trabalhador junto a sociedade. A criança quando trabalho queima etapas e tem seu
processo de formação alterado e, por isso, fica com sequelas para a vida inteira. Quantos
lamentam não ter tido oportunidade de estudar quando eram crianças e também de não ter
tido a infância respeitada, sem direito a brincadeiras, tendo que exercer trabalhos pesados
desde pequenos para poder ajudar no sustento familiar.

Foi pensando nisso que a OIT, em 17 de junho de 1999 promoveu a convenção


182, sobre as piores formas de trabalho infantil, que foi ratificada também pelo Brasil, a
convenção trata sobre a proibição e ações imediatas para eliminação das piores formas de
trabalho infantil, nela contém disposições como idade mínima para o ingresso no
mercado de trabalho, a importância da educação fundamental e gratuita, retirar a criança
de todo trabalho que seja nocivo a sua formação e promover sua reabilitação social, e ao
mesmo tempo, atender as necessidades de sua família.

Baseado nessa e em outras convenções o Brasil possui políticas públicas para


erradicação do trabalho infantil entre os projetos e ações podem-se destacar o PET E
PROJOVEN, que são programas do governo que dão assistência econômica e garantem o
acesso e permanência de jovens e crianças na escola, e além disso dão complemento a
educação com atividades culturais e cursos de formação profissionais, para que esses
jovens, quando chegaram ao tempo de trabalhar já estejam capacitados para tal. É
importante lembrar do estatuto da criança e do adolescente que também é um mecanismo
de proteção a tais direitos.

O Brasil, assim como diversos outros países espalhados pelo mundo, é signatário
das normativas legais da OIT (Organização Internacional do Trabalho) que estabelece
idade mínima para o envolvimento em atividades de cunho laboral, portanto produtivas,
que se caracterizam como trabalho.

De acordo com essas diretrizes legais, toda e qualquer forma de trabalho


desenvolvido por crianças e adolescentes é proibida até aos 14 (quatorze) anos, sendo
permitido á partir dos 14 na condição de aprendiz, e, somente á partir dos 16 anos desde
que não seja trabalho noturno ou insalubre.

Embora diversas políticas sociais voltadas para o enfrentamento do trabalho


desenvolvido por menores tenham surgido apenas no período pós-moderno, essa não é
uma situação tão recente na humanidade. Como podemos ver em alguns trabalhos, o
trabalho infantil, ou seja, aquele desenvolvido por crianças e adolescentes sempre esteve
presente na forma de organização das sociedades. No Brasil, por exemplo, esse fato se
consolida desde os tempos de colônia, onde podemos encontrar relatos de crianças que
ajudavam seus pais nas atividades diárias de caça e pesca.

Acompanhando todo processo de reorganização da sociedade (se assim a podemos


chamar) brasileira e com a chegada da família real no Brasil, e para a manutenção de todo
luxo e conforto de uma verdadeira corte, muitas crianças oriundas de famílias
escravocratas foram submetidas a um processo de exploração.
Todavia o trabalho infantil, na maioria dos estudos, é analisado apenas á partir do
período denominado como Revolução Industrial, onde as crianças e famílias eram
expostas a altas horas de jornada de trabalho, condições insalubres, baixa remuneração e
completa privação de direitos. Portanto, o objetivo central desse texto é alarmar os
estudiosos e militantes envolvidos com a erradicação do trabalho infantil para o
(re)conhecimento de todo processo histórico que as crianças e adolescentes passaram no
decorrer dos 500 anos

Em primeiro lugar, não podemos deixar de reconhecer que o entendimento do que


vem a ser infância era completamente distinta das concepções atuais. Isso sem falar que o
período de vida denominado como adolescência não existia, pois como podemos
encontrar em vários trabalhos a adolescência foi uma construção histórica, necessária
para possibilitar que indivíduos mais velhos, pais e mães, por exemplo, tivessem seus
lugares garantidos no mercado.

Essa indefinição e ausência da percepção por parte da sociedade das diferenças e


especificidades de sujeitos com menor idade fizeram com que os filhos de escravos
fossem tratados da mesma maneira que escravos mais velhos, o que implicou na completa
desconsideração das limitações dessa população para a realização de determinadas
atividades, que hoje seriam certamente consideradas como as piores formas de trabalho.

A essas crianças, filhos e filhas de escravas, eram atribuídas tarefas relacionadas


principalmente com as "casas-grandes", ou seja, tarefas domésticas. Com isso, podemos
então pensar que as representações que possibilitam a perpetuação do trabalho doméstico
desenvolvido por crianças, tais como "melhor em casa trabalhando, do que na rua
vadiando", tenham sua gênese nesse período. Além do trabalho doméstico, as atividades
de campo, ou se preferir, rurais, ocupam boa parte da população, sobretudo aquela acima
de 7 anos, considerados por muito nesta época, inclusive pela própria igreja, como de
transição para vida adulta.

A escassez de trabalhos científicos sobre o trabalho infantil no Brasil – colônia e


Brasil - Império, sobretudo de recorte histórico, impossibilitam um entendimento mais
amplo dessa realidade em nosso contexto, gerando assim discursos permissivos as formas
exploratórias que muitas crianças e adolescentes são submetidas através do trabalho, que
nesse sentido, deixa de ser uma atividade humanizadora, e torna-se um mecanismos de
opressão pra muitos.
O trabalho infantil é uma realidade social presente na humanidade desde os
tempos mais remotos. Embora seja uma realidade social antiga, permanece em nossa
sociedade como uma questão a ser solucionada.

Em busca de uma melhor proteção às crianças e adolescentes, o Brasil, assume o


compromisso constitucional da proteção integral, que deve ser aplicada aos menores
independentemente de estarem em situação de risco. A proteção integral é uma doutrina
que somente poderá ser efetivamente aplicada às crianças e adolescentes com o esforço
conjunto das famílias, sociedade e estado - sendo certo que cada segmento possui seu
papel legalmente contido nas mais variadas leis de nosso ordenamento jurídico.

Quanto às normas especiais e genéricas, percebe-se uma rede normativa de


proteção reputada como restritiva no campo do trabalho infantil, muito provavelmente
para buscar sanear as mazelas proporcionadas por este desvio histórico, construído com
base em uma realidade milenar e cruel de exploração.

Em verdade, importa destacar que as restrições legais ao trabalho infanto-juvenil devem


ser analisadas sempre criticamente e à luz do princípio da proteção integral, a fim de
assegurar condições plenas para materializar a o princípio da dignidade humana.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1999.

https://www.webartigos.com/artigos/trabalho-infantil-no-brasil-e-seu-processo

historico/28253

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