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EXCELENTÍSSIMO DOUTOR DESEMBARGADOR


PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DO PARANÁ.

FABRICIO ALMEIDA CARRARO, advogado regularmente inscrito na Ordem


os Advogados do Brasil, Seccional do Paraná, sob o nº 36.464/PR, que ao
final subscreve, com endereço profissional na Rua Brasil nº 1277, sala 02,
Centro, na cidade de Londrina, Estado do Paraná, vêm respeitosamente à
presença de Vossas Excelências impetrar

Habeas Corpus com pedido liminar

com fulcro no art. 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal, e Arts. 647 e 648,
inc. I, do Código de Processo Penal, em favor de CLEOBALDO, brasileiro,
solteiro, estudante, filho de FULANA e BELTRANO, portador da cédula de
identidade RG nº X, inscrito no cadastro CPF/MF sob o nº Y, portador da
CTPS nº Z, residente e domiciliado na Rua das Ruas, cidade de Comarca,
PR, atualmente recolhido na Casa de Custódia de Londrina-PR, mediante
poderes outorgados por substabelecimento na ação penal e procedimentos
conexos (cópia anexa), e consoante razões que passa a expor.

1. DA CONVERSÃO DA PRISÃO EM FLATRANTE EM


PRISÃO PREVENTIVA

O Paciente foi preso em flagrante em data de 19 (dezenove) de junho do


corrente ano, sob a acusação de ter praticado em tese os delitos capitulados
no art. 33 e 35 da lei 11.343/06 (auto de prisão em flagrante anexo – autos nº x
de inquérito policial).

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Já no dia seguinte (20/06/15), por ocasião da homologação judicial, teve


sua prisão em flagrante convertida em preventiva, sob fundamento de se
manter a “ordem pública”, encontrando-se assim recolhido desde então, por
ordem da MMª. Juiza Plantonista de Comarca (cópia anexa).

Ocorre que não há no referido decisum a fundamentação amparada em


qualquer requisito concreto a autorizar a custódia preventiva, tendo sido
portanto a fundamentação do decreto prisional absolutamente inidônea.

Em resistência a tal decisão, foram manejados, por procuradora diversa


do que esta subscreve, pedidos de revogação da prisão, sendo a medida
extrema mantida, basicamente, com a reiteração dos fundamentos (cópia
anexa).

Não há, conforme se verá, fundamento apto a manter a prisão preventiva.


Ademais, estando o Paciente preso já há quase cinco meses, sem
qualquer culpa de sua parte pelo atraso e sem data sequer de audiência
designada, configura-se sobejamente o excesso de prazo. Em face de tal
coação ilegal, impetra-se o presente pedido de habeas corpus, com base nos
fundamentos jurídicos que seguem.

2. DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DO PACIENTE

Nada há de concreto que desautorize ao Paciente responder livre ao


processo, como se pode se concluir da análise de suas condições pessoais.
Com efeito, o mesmo é estudante da Escola da Comarca, cuja matrícula teve
de ser trancada até que volte à liberdade (doc. anexo), bem como aguarda
confirmação de sua inscrição no ENEM (doc. anexo).

Além do mais, o Requerente possui residência fixa e proposta de


emprego, pois voltará a morar e trabalhar com seu genitor, que é empresário
(docs. anexos), sendo dessa forma, mais que incontestável que a sua liberdade

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não colocará em risco nenhum dos pressupostos elencados no artigo 312 do


CPP.

3. DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA À


PRISÃO – AUSÊNCIA DE ELEMENTOS DA PRISÃO
PREVENTIVA - OFENSA AOS ARTS. 5º, LXI, 93, IX, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, E AO ART. 283, CAPUT, DO
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Ao converter a prisão em flagrante em preventiva, o Juízo a quo apenas


trouxe elementos próprios do fato típico, bem como teceu considerações
abstratas acerca do fenômeno criminal no meio social, deixando de
mencionar qualquer circunstância apta a embasar a medida extrema no
caso concreto (cópia da decisão em anexo).

Transcreve-se a fundamentação da referida decisão, a qual, ao “tratar do


caso concreto”, se mostrou com a singeleza vista a seguir:

“No presente caso, a manutenção dos indiciados em liberdade


representa grave risco à ordem pública. Esta pode ser
visualizada por vários fatores, dentre os quais a repercussão
social e a periculosidade do agente. Ora, é de conhecimento
público a péssima repercussão que crimes desta espécie
causam na sociedade. Em suma, um delito grave associado à
repercussão social causada na coletividade, gerando
intranquilidade, provoca um quadro legitimador da prisão
preventiva.”

Como se pode observar, há apenas referências à gravidade abstrata do


crime, sem a menção a qualquer evidência concreta da necessidade da prisão.

Quando do pedido de revogação, a fundamentação restou assim exarada


(cópia anexa, autos Y, Seq. X):

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“Conforme se infere do decreto de prisão preventiva lançado


contra o requerente CLEOBALDO, permanecem hígidos os
fundamentos que a determinaram, veja-se que existem
contatos monitorados do requerente por telefone, a sua prisão
foi realizada logo após uma venda de drogas e em sua
residência foram encontrados quantidade muito significativa de
substância entorpecente, além do mais, cometia os delitos em
conluio com os outros dois denunciados no processo crime.
Logo, não há razão alguma para desconsiderar a vulneração
da ordem pública, considerando-se o modus operandi
realizado pelo requerente. Indefiro o pedido.”

Ao se atentar para as razões, vê-se que há apenas referência às provas


da configuração da materialidade e da autoria, em tese, dos crimes descritos,
sem qualquer menção à efetiva ofensa à ordem pública.

Ora, não se pode considerar tal motivação seja idônea para medida tão
gravosa como a prisão preventiva. A mencionada gravidade do crime não
passa da caracterização normal do tipo, portanto abstrata, e as consequências
desta gravidade já se encontram implícitas no tipo penal.

Nesta afirmação, ao se fazer uma análise estritamente jurídica (como


deve ser qualquer fundamentação), nota-se tão somente a configuração do
crime, portanto elemento afeto à tipicidade, que deverá ser levado em conta
em caso de condenação, não se confundindo com aspectos processuais, tais
como a gravosa medida cautelar imposta.

O fato criminoso enseja a condenação; por outro lado, a medida


processual, em especial a mais gravosa delas que é a privação da liberdade,
depende de evento próprio que a determine.

Com efeito, vê-se na decisão que o juiz aponta a gravidade do crime. Tais
consequências, afetas ao direito material, entretanto, já são suportadas pelo
Paciente por ocasião de eventual condenação, tanto na quantidade da pena,

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quanto no seu regime de cumprimento e na impossibilidade de uma série de


benefícios legais, eis que equiparado a crime hediondo.

Tratar da gravidade para impor, sem razões concretas, uma prisão


processual, configura inaceitável constrangimento ilegal, além de flagrante bis
in idem; a gravidade do crime já traz para o acusado as consequências acima
aludidas, e considerá-las para decretar uma prisão processual, sem razão
concreta e específica para tanto, seria uma imposição de outras consequências
não previstas em lei e contrárias ao ordenamento constitucional.

Seria despiciendo, tendo em vista até mesmo a ocorrência corriqueira de


falhas neste aspecto, tecer considerações sobre a motivação das decisões
judiciais em seu aspecto genérico – art. 93, IX, da Constituição Federal, razão
pela qual ora se atém à questão específica da fundamentação das prisões.

Pois bem. A necessidade de fundamentação da prisão preventiva em


fatos concretos, reveladores da real necessidade da prisão, conta com
atualidade indiscutível. Cada vez mais são decretadas prisões preventivas sem
a observância deste requisito constitucional (CF, art. 5º, inc. LXI).

No que tange ao periculum libertatis, a fundamentação deve contemplar


explicitamente os fatos em que se assenta a necessidade da adoção da
medida, o que não foi realizado. Pelo contrário, os elementos colhidos
demonstram cabalmente a inexistência de qualquer fato que aponte a
necessidade da prisão.

Veja-se decisões recentíssimas desta Egrégia Corte estadual em


situações tais quais a presente:

HABEAS CORPUS CRIME Nº 1441597-3, D CASTRO - VARA


CRIMINAL RELATOR : DES. GAMALIEL SEME SCAFF
PACIENTE : EVERSON FERREIRA IMPETRANTE : PAULO
CINQUETTI NETO (DEF. PÚBLICO)HABEAS CORPUS -
TRÁFICO DE DROGAS - PRISÃO PREVENTIVA - AUSÊNCIA
DE FUNDAMENTAÇÃO NO TOCANTE AO PERICULUM

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LIBERTATIS - CIRCUSTÂNCIAS FAVORÁVEIS AO


PACIENTE QUE RECOMENDAM A APLICAÇÃO DAS
MEDIDAS PREVISTAS NO ART. 319, I E IV DO CPP.ORDEM
CONCEDIDA.(TJPR - 3ª C.Criminal - HCC - 1441597-3 -
Castro - Rel.: Gamaliel Seme Scaff - Unânime - - J.
22.10.2015)

HABEAS CORPUS - TRÁFICO DE DROGAS - PRISÃO


PREVENTIVA - PERICULUM LIBERTATIS NÃO
DEMONSTRADO A CONTENTO - DECRETO PRISIONAL
FUNDAMENTADO APENAS NA PERICULOSIDADE
ABSTRATA DA CONDUTA PRATICADA - QUANTIDADE DE
DROGA APREENDIDA QUE INDICA PEQUENA LESIVIDADE
NO ÂMBITO SOCIAL - APLICAÇÃO DE MEDIDAS
CAUTELARES DIVERSAS PREVISTAS NO ART. 319, I, IV E
V DO CPP.I- Com efeito, é da sabença de todos que a "...
prisão cautelar é medida excepcional e deve ser decretada
apenas quando devidamente amparada pelos requisitos legais,
em observância ao princípio constitucional da presunção de
inocência ou da não culpabilidade, sob pena de antecipar a
reprimenda a ser cumprida quando da condenação" (STJ -
RHC 47.737/AL).Assim, ela "... deve ser configurada no caso
de situações extremas, em meio a dados sopesados da
experiência concreta, porquanto o instrumento posto a cargo
da jurisdição reclama, antes de tudo, o respeito à liberdade"
(STJ - RHC 54.180/MG).ORDEM CONCEDIDA.(TJPR - 3ª
C.Criminal - HCC - 1419678-6 - Foz do Iguaçu - Rel.: Gamaliel
Seme Scaff - Unânime - - J. 22.10.2015)

LEI Nº 11.343/2006 - CONCESSÃO DE LIBERDADE


PROVISÓRIA - INSURGÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO
SOBRE A NECESSIDADE DA MANUTENÇÃO DA CUSTÓDIA
CAUTELAR - IMPOSSIBILIDADE - AUSÊNCIA DE
INDICAÇÃO CLARA E PRECISA DE ELEMENTOS
ENSEJADORES DO PERICULUM LIBERTATIS DO
RECORRIDO - AUSÊNCIA DOS REQUISITOS
AUTORIZADORES DA PRISÃO PREVENTIVA - DECISÃO
MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO.1. A interpretação das
hipóteses previstas no artigo 312 do Código de Processo Penal
deve ser feita restritivamente, de modo que só se permite a

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decretação da prisão provisória quando presentes fatores


concretos ou circunstancias fáticas que realmente impliquem
na configuração dos pressupostos contidos no citado
dispositivo legal, sob pena de estar-se adiantando
precipitadamente uma eventual condenação. (TJPR - 4ª
C.Criminal - RSE - 1341150-8 - Apucarana - Rel.: Carvilio da
Silveira Filho - Unânime - - J. 09.07.2015).

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. PACIENTE


PRESA EM FLAGRANTE PELA PRÁTICA DO DELITO DO
ART. 33, CAPUT, DA LEI Nº 11.343/06. FLAGRANTE
CONVERTIDO EM PREVENTIVA. ILEGALIDADE DA PRISÃO.
AUSÊNCIA DE "AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA". ART. 7º, ITEM
5, DA CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS
HUMANOS.CÓDIGO DE PROCESSO PENAL QUE
ASSEGURA FISCALIZAÇÃO DA LEGALIDADE DA PRISÃO
POR OUTROS MEIOS. PRECEDENTES. PLEITO DE
REVOGAÇÃO DA CAUTELAR. FUNDAMENTAÇÃO
INIDÔNEA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. GRAVIDADE
ABSTRATA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA
NECESSIDADE DA SEGREGAÇÃO COM BASE EM DADOS
CONCRETOS.CONSTRANGIMENTO ILEGAL
CARACTERIZADO. PEDIDO PROCEDENTE.a) O Código de
Processo Penal, atento à excepcionalidade da segregação
cautelar e em homenagem ao princípio da dignidade humana,
buscou dotar o Magistrado de diversos mecanismos de
controle da legalidade da prisão. Assim, a ausência de
"audiência de custódia", prevista no art. 7º, item 5, da
Convenção Americana de Direitos Humanos, não implica na
ilegalidade da prisão.b) "Para que a prisão cautelar, que é
medida de exceção, subsista, não basta que se indiquem
abstratamente as hipóteses do art. 312 do Código de Processo
Penal, devendo-se apontar os fatores concretos que levaram à
identificação dos pressupostos da medida extrema, sem o que
se mostra imperioso o deferimento da liberdade." (STJ - HC
250.483/PA, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA,
julgado em 05/03/2013).(TJPR - 3ª C.Criminal - HCC -
1349100-0 - Curitiba - Rel.: Rogério Kanayama - Unânime - - J.
26.03.2015)

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Nesse Sentido já decidiu também o Superior Tribunal de Justiça:

“Hipótese em que o recorrido foi denunciado nas penas do


inciso IV do parágrafo único do art. 16 do Estatuto do
Desarmamento. Exige-se concreta motivação para a
decretação da prisão preventiva, com base em fatos que
efetivamente justifiquem a excepcionalidade da medida,
atendendo-se aos termos do art. 312 do CPP e da
jurisprudência dominante. A possibilidade de abalo à ordem
pública não pode ser sustentada por circunstâncias que
estão subsumidas na gravidade do próprio tipo penal.
Condições pessoais favoráveis, mesmo não sendo
garantidoras de eventual direito à liberdade provisória, devem
ser devidamente valoradas, quando não demonstram a
presença de requisitos que justifiquem a medida constritiva
excepcional.” (STJ, REsp 721.416/SP (2005/0008642-5), 5º T.,
j. 18-8-2005, rel. Mn. Gilson Dipp, DJU de 19-9-2005, p. 373).
(grifamos)

Como se vê, a positiva verificação de requisito da prisão cautelar não


pode resultar de simples ato do juiz, pois o texto constitucional, assegura que
“ninguém será preso senão... por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente” (o art. 5º, LXI); assim também o atual art. 283
do Código Processual. Exige-se, portanto, decisão resultante de um
procedimento qualificado pelas garantias do “justo processo”.

Enfim, é notório que a sentença que tolhe a liberdade sem condenação


deve ser fundamentada de maneira adequada, concreta e suficiente, o que não
ocorreu no presente caso.

Por fim, vale acrescentar, ainda que houvesse abalo à ordem pública, em
um primeiro momento, certamente hoje, após quase cinco meses, a ordem
pública já se encontra “estabilizada”, não havendo mais qualquer razão
concreta para a mantença do Paciente no cárcere.

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4. DO ADVENTO DA LEI 12.403/11 – MAIOR


EXCEPCIONALIDADE DA PRISÃO CAUTELAR –
ADOÇÃO DE OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES

De outra parte, Excelências, é de se observar que a prisão processual, a


qual já se mostrava como medida extrema, é hoje ainda mais excepcional em
nosso ordenamento jurídico processual penal desde o advento da lei
12.403/11, especialmente em se observando os princípios constitucionais
aplicáveis à espécie.

A alteração promovida pela referida lei colocou à disposição do


magistrado, no novo art. 319 do Código de Processo Penal, visando manter o
equilíbrio entre o controle da ação penal e o encarceramento injusto e contrário
aos ditames constitucionais, uma série de medidas cautelares, mais salutares
para o processo penal do que a prisão em todos os aspectos.

O art. 282, § 6º, do Código de Processo Penal deixa claro que a prisão
preventiva é excepcional, ou seja, se aplica apenas na hipótese de não caber
nenhuma outra cautelar:

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão


ser aplicadas observando-se a: (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011). (...) § 6o A prisão preventiva será
determinada quando não for cabível a sua substituição por
outra medida cautelar (art. 319). (Incluído pela Lei nº 12.403,
de 2011). (grifamos)

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Nesse sentido, o ensinamento preciso de um dos atuais expoentes da


doutrina processual penal, Eugênio Pacelli de Oliveira, já na separata de
alteração à 14ª edição de seu Curso de Processo Penal, mesmo em caso de
efetiva decretação da prisão preventiva, ocasião em que a mesma pode vir a
ser revogada:

Que não fique dúvida: a prisão preventiva pode ser


revogada quando não mais estejam presentes as razões
que determinaram a sua decretação; no entanto, quando
ainda for necessário manter-se um grau menos gravoso de
proteção ao processo, nada impede que ela, a preventiva,
seja substituída por outra cautelar, desde que e somente
se ainda estiverem presentes as hipóteses do art. 282, I,
CPP. (Pág. 34) (grifamos)

A adoção de medidas cautelares que não a prisão preventiva se mostra


possível ao Paciente, haja vista suas condições pessoais e a ausência de
elementos que autorizem a segregação.

Ainda segundo o eminente professor:

A lógica da nova ordem é a evitação do cárcere, sempre


que possível. A escolha na substituição de uma cautelar
por outra, e mesmo pela preventiva, dependerá de cada
caso concreto, quando se examinará o tipo de cautelar
descumprida e a necessidade e adequação de outra
(condições pessoais do agente, gravidade do crime e suas
circunstâncias – art. 282, II) (pág. 29)(grifamos)

No mesmo entendimento decide este Egrégio Tribunal em recentes


acórdãos:

HABEAS CORPUS. ART. 33, CAPUT, DA LEI 11.343/06.


NULIDADE DA PRISÃO. NÃO REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA
DE CUSTÓDIA. TESE AFASTADA.PRISÃO COMUNICADA
AO JUÍZO DA 2.ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE
LONDRINA. CONTROLE JUDICIAL DO ATO EXERCIDO.

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PRECEDENTES.CONVERSÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE


EM PRISÃO PREVENTIVA. DECISÃO MOTIVADA NA
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA, MAS APENAS EM
RAZÃO DA GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO.
AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO CONCRETA.PRESENÇA DOS
REQUISITOS DO ART. 312, DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL NÃO EVIDENCIADA. IMPOSSIBILIDADE DE
REFORÇO DA FUNDAMENTAÇÃO DO DESPACHO PELAS
INSTÂNCIAS SUPERIORES.COAÇÃO ILEGAL
CARACTERIZADA. CONCESSÃO DA ORDEM, COM
CONFIRMAÇÃO DO DESPACHO PROFERIDO EM SÍTIO DE
LIMINAR, PARA DEFERIR AO PACIENTE A LIBERDADE
PROVISÓRIA, CONDICIONADA À OBSERVÂNCIA DAS
MEDIDAS CAUTELARES DO ART. 319, INC. I, IV E V, DO
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.ORDEM CONCEDIDA,
CONFIRMANDO O DESPACHO PROFERIDO EM SÍTIO DE
LIMINAR.(TJPR - 3ª C.Criminal - HCC - 1320338-2 - Região
Metropolitana de Londrina - Foro Central de Londrina - Rel.:
Sônia Regina de Castro - Unânime - - J. 26.03.2015)

Perfeitamente cabível, pois, a substituição da prisão processual decretada


por outra medida cautelar, sem prejuízo da decretação de nova prisão
preventiva em momento posterior, caso assim viesse a se mostrar necessário.

5. DA POSSIBILIDADE DA MONITORAÇÃO ELETRÔNICA

Não bastassem as inúmeras opções de alternativas à prisão, é notório


que o Estado do Paraná, recentemente, tem dado maior relevo à utilização da
monitoração eletrônica, por meio da Resolução 526/2014 da Secretaria de
Justiça, regulamentação específica do art. 319, IX, do Código de Processo
Penal.

Vejam-se trechos das considerações da referida Resolução, onde se faz


alusão à sua raiz constitucional:

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“Considerando que a Constituição Federal contempla de forma


explícita o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, vedando
a aplicação de penas cruéis ou degradantes; (...)”

Lê-se ainda na Resolução que há uma atenção específica para aqueles


que ainda respondem ao processo:

“Considerando a necessidade de planejar a distribuição


equitativa das tornozeleiras no Estado do Paraná,
estabelecendo-se períodos certos para o uso,
principalmente em relação aos presos provisórios e
àqueles que estejam na iminência de usufruir os direitos
legalmente previstos”

Tal resolução caminhou em extrema consonância com a Lei nº 12.015, de


01.09.2014, a qual efetivamente implementou e efetivou o monitoração
eletrônica de presos como medida substitutiva da prisão, no âmbito da
Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos em cooperação
com a Secretaria da Segurança Pública, a substituir a prisão pelo
monitoramento eletrônico.

Com efeito, o §2º do artigo 1º da Lei n. 12.015/14 prevê que é cabível,


dentre várias hipóteses citadas, a colocação de monitoramento eletrônico em
relação aos presos passíveis de medida cautelar (art. 319, IX do CPP), como
também aos autores de crimes praticados sem violência ou grave ameaça às
pessoas.

É certo que, ao passo em que cumpre com as finalidades de uma medida


cautelar, tal medida também evita toda a gama de problemas estruturais que
envolve o encarceramento cada vez maior no Estado, sendo talvez a mais
equilibrada das providências em termos de fiscalizar o Acusado, para que não
venha a comprometer a ordem pública, bem como evidentemente garantir a
aplicação da lei penal, por ocasião de eventual sentença condenatória.

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Até porque a tornozeleira eletrônica tem sido um equipamento eficaz que,


inevitavelmente, força o usuário a andar corretamente, ter disciplina, obedecer
às regras, sob pena de automaticamente estar sujeito à revogação do
benefício.

Trata-se, em suma, de alternativa perfeitamente viável no caso do


Paciente.

6. DO EXCESSO DE PRAZO

Como dito, o Paciente se encontra preso desde 19/06/15, portanto há


quase cinco meses, e, pelo menos até o momento, sequer está designada a
audiência de instrução (veja-se autos X, “print” da tela sem audiência
pendente em anexo). Ou seja, de qualquer forma, a instrução ainda tardará a
ser concluída.

Desde já se faz necessário informar que em nada se pode opor à


defesa de CLEOBALDO a demora no trâmite do processo. A defesa de
CLEOBALDO, patrocinada pelo ora impetrante, apresentou resposta à
acusação em 26/08/15, apenas um dia após o retorno do mandado (Seqs. X e
Y, respectivamente, dos autos X), buscando dar a maior celeridade possível
ao feito.

A defesa dos corréus, por sua vez, devido a uma série de questões
envolvendo intimações, acesso e desarquivamento de autos apensos,
apresentou a defesa somente em 09/10/15 (Seqs. X e Y dos mesmos autos).

Não se questiona aqui a defesa dos corréus, a serventia, o juízo ou


quem quer que seja, pois cada qual tem seus pontos de vista e suas
atribuições. Não importa. O que importa é que o Paciente CLEOBALDO
não pode suportar, uma vez que em nada deu causa, a tanta demora.

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Esta nobre corte estadual tem assim decidido em casos como o


presente:

HABEAS CORPUS CRIME. TRÁFICO DE DROGAS E


ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO (ARTS. 33 E 35, DA LEI
11.343/06). ALEGADO CONSTRANGIMENTO ILEGAL POR
EXCESSO DE PRAZO PARA CONCLUSÃO DA INSTRUÇÃO
CRIMINAL CONFIGURADO. PROCESSO NÃO FINDADO EM
RAZÃO DA DEMORA NA APRESENTAÇÃO DO LAUDO
TOXICOLÓGICO.ORDEM CONCEDIDA. LIMINAR
CONFIRMADA.(TJPR - 4ª C.Criminal - HCC - 1428700-2 -
Fazenda Rio Grande - Rel.: Dilmari Helena Kessler - Unânime -
- J. 15.10.2015)PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS.
SUPOSTA PRÁTICA DO CRIME DE NARCOTRÁFICO (ART.
33, CAPUT, DA LEI Nº 11.343/2006). PRISÃO EM
FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. ALUDIDO
EXCESSO DE PRAZO PARA FORMAÇÃO DA CULPA.
OCORRÊNCIA. PACIENTE CONSTRITO HÁ 371
(TREZENTOS E SETENTA E UM) DIAS, COM PREVISÃO DE
ATO INSTRUTÓRIO DESIGNADO [APENAS PARA OITIVA DE
TESTEMUNHAS DE ACUSAÇÃO] QUE LEVARIA AO SEU
ENCARCERAMENTO CAUTELAR POR, NO MÍNIMO,
OUTROS 35 (TRINTA E CINCO) DIAS. SIMPLICIDADE DA
AÇÃO PENAL QUE NÃO JUSTIFICA SE ULTRAPASSE
LAPSO TEMPORAL RAZOÁVEL DE RESTRIÇÃO À
LIBERDADE. ATRASO NÃO IMPUTÁVEL À
DEFESA.CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO.
ORDEM CONCEDIDA.(TJPR - 3ª C.Criminal - HCC - 1435996-
9 - Guaíra - Rel.: Simone Cherem Fabrício de Melo - Unânime -
- J. 22.10.2015)

EMENTA - HABEAS CORPUS - PRÁTICA, EM TESE, DO


DELITO TIPIFICADO NO ART. 157, § 2º, INCISOS I E II, DO
CP E ART. 244, ‘B’ DA LEI 8.069/1990 - ALEGAÇÃO DE
EXCESSO DE PRAZO PARA ENCERRAMENTO DA
INSTRUÇÃO - EXCESSO DE PRAZO CARACTERIZADO -
PACIENTE PRESO HÁ APROXIMADAMENTE 06 MESES -
ATRASO NÃO ATRIBUÍDO À DEFESA -
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO - ORDEM
CONCEDIDA, COM APLICAÇÃO DE MEDIDAS DIVERSAS

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DA PRISÃO (ART. 319, INCS. I, IV E V)(TJPR - 3ª C.Criminal -


HCC - 1441312-0 - Telêmaco Borba - Rel.: João Domingos
Kuster Puppi - Unânime - - J. 15.10.2015)

Diante do exposto, requer seja reconhecido o constrangimento ilegal pelo


excesso de prazo, com a concessão da ordem de habeas corpus liminarmente.

7. DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, requer seja concedida, LIMINARMENTE, a


presente ordem de HABEAS CORPUS, com o intuito de revogar a prisão do
paciente, ou ainda conceder a substituição da prisão preventiva decretada por
outra medida cautelar, caso assim entenda esta Corte,

a) pela fundamentação inidônea da manutenção da prisão pelo juízo


monocrático, nos termos dos arts. 5º, LXI, e 93, IX da CF;

b) por não existirem os requisitos para a manutenção da prisão


preventiva do Paciente, tanto do ponto de vista constitucional
quanto do processual penal, e considerando as alterações
promovidas pela lei 12.403/11 no CPP, com a adoção de medidas
cautelares outras que não o encarceramento, e em especial a
possibilidade de monitoração eletrônica;

c) Pelo excesso de prazo já configurado;

Com a liminar, seja então expedido IMEDIATAMENTE Alvará de Soltura


em favor do Paciente.

Após, com ou sem informações, seja ouvido o ilustre Representante do


Ministério Público, para que opine, querendo, sob a pretensão ora aduzida, e,
que seja tornada definitiva a ordem concedida no presente mandamus.

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Termos em que,
Pede deferimento.

De Londrina para Justilândia, em 10 de outubro de 2016.

ADVOGADO...
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