O documentário analisa o período político brasileiro entre 1951-1976, com foco na trajetória do presidente Juscelino Kubitschek. Descreve os anos de democracia sob JK e seu projeto de desenvolvimento do país, incluindo a construção de Brasília, e também o golpe militar de 1964 que iniciou um longo período de ditadura no Brasil.
O documentário analisa o período político brasileiro entre 1951-1976, com foco na trajetória do presidente Juscelino Kubitschek. Descreve os anos de democracia sob JK e seu projeto de desenvolvimento do país, incluindo a construção de Brasília, e também o golpe militar de 1964 que iniciou um longo período de ditadura no Brasil.
O documentário analisa o período político brasileiro entre 1951-1976, com foco na trajetória do presidente Juscelino Kubitschek. Descreve os anos de democracia sob JK e seu projeto de desenvolvimento do país, incluindo a construção de Brasília, e também o golpe militar de 1964 que iniciou um longo período de ditadura no Brasil.
O documentário Os Anos JK - Uma Trajetória Política, dirirido por Silvio Tendler,
foi lançado em 1980, ainda durante a ditadura militar. Desdobrando o cenário político brasileiro de quase meio século, o filme tem especial ênfase nos tocantes da importância de um regime que preze a liberdade e a democracia. Logo no começo, nos deparamos com trechos do discurso de Vargas em ocasião de sua posse pelas urnas em 1951, em que ele reforça os sindicatos como forças livres e organizadas, o instrumento de ação política, e como as autoridades dão poderiam cercear a liberdade nem usar de pressão ou de coarção em realizações sociais; ideias potentes a um povo assistindo ao filme dentro de quinze anos de regime militar rígido. Nota- se o desejo de relembrar momentos em que o país era regido através de um regime democrático e, nessa toada, percebe-se também a profusão de adjetivos positivos direcionados a políticas por vezes condescedentes e populistas de Vargas e JK.
Constrói-se então, o palco e apresentam-se os personagens, a opor-se e aproximar-se
na dança política. JK vence as eleições com Jõao Goulart como vice e com 36% dos votos; e tiveram sua posse assegurada pelo general Lotte, mesmo a contragosto da oposição, da UDN (União Democrática Nacional), e de Carlos Luz, vice atuante de Café Filho enquanto este, que assumiu após a morte de Vargas, convalescia. JK começa seu mandato viajando internacionalmente, reforçando laços econômicos através da ideia que a melhor forma de combater o comunismo seria enfrentar a miséria com prosperidade e não com repressão, aproveitando a situação econômica do breve governo de Café Filho, para focar diretamente no desenvolvimento industrial. Estabeleceu-se um clima de confiança, de euforia, de democracia, de um sistema político liberal. O relato de Marcos Netto, ex-presidente da UNE, e de Dante Pelacani, ex-líder sindical, em que ambos encontraram-se com Juscelino e negociaram diretamente com o presidente em momentos de greve estudantil e operária, assim como a revogação do mandado de prisão preventida de Prestes, são exemplos desse momento.
Seguimos então ao projeto de levada do centro de poder do litoral ao centro
do país, para "fixar em suas regiões de origem as populações que invadiam os grandes centros, ou, ao menos, orientar para o interior os que fugiam da seca e da injustiça" (52min 46s). Ênfase ao verbo invadir e ao tom condescendente. "Desmatando pessoalmente a floresta, Juscelino fixou a imagem de um Quixote montado no trator. Como aconteceu com os descobridores, sua proeza recebeu o aplauso espantado de alguns índios ingênuos." Brasília era também uma forma de preservar os poderes da república da pressão direta das massas, isolar os conservadores e os partidários do passado dos intelectuais, empresários e líderes sindicais que acompanharam a mudança de capital. Em 57, com a seca, a situação dos retirantes é intensificada. Sem adereçar o problema fundiário, Juscelino contornou com barragens. Frente à pressão externa do Fundo Monetário Internacional, que condicionava novos empréstimos ao Plano de Metas de JK, este que, então, rompe com o Fundo. Esse rompimento, não correspondendo a interesses permanentes, logo deu lugar a uma reconciliação, permitindo o Plano seguir e transferindo as consequências e medidas impopulares pregadas pelos americanos para o próximo presidente. Brasília é então inaugurada em 21 de abril de 1960.
Aproximado o fim do mandato de Juscelino, crescia a tensão da sucessão. Os
candidatos Lotte e Jango, uniram o trabalismo populista e o nacionalismo militar. Lotte seria uma arma contra a direita, disposto a conceder o voto aos analfabetos, por exemplo, ao mesmo tempo que era um homem da ordem; enquanto para a esquerda seria um respaldo sólido, mas desajeitado, sem experiência política mas com carisma. Pretendendo voltar em 65 e com o pretexto de alternância de poder, JK apoia o candidato da UDN, no caso, Jânio Quadros, eleito com seis milhões de votos, o dobro do marechal Lotte. Seria esta a última transmissão de posse entre presidentes civis até a feitura do documentário.
Jânio tomou medidas moralizantes que não se restringiram à política,
estendendo-se à proibição de biquínis na televisão (enquanto isso, Juscelino entra no Senado e se protege com as imunidades parlamentares). Jânio tentava negociar com a união europeia e o bloco socialista, ao mesmo tempo que recusa também um alinhamento automático às políticas norte americanas. O medo do estabelecimento de um governo forte por parte do presidente precipitam, então, uma crise. Jânio renuncia. Jango assume em regime parlamentarista, frente à pressão militar.
Em 1964, Jango nacionaliza refinarias e desapropria terras de mais de 100
hectares, entre brados da população pela legalização do Partido Comunista. A resposta dos conservadores não demorou, que organizaram uma Marcha da Família com Deus pela Liberdade, e com tensões entre o sindicato de Marítimos, que reinvindicavam o direito de cassar-se, mais fuzileiros que foram enviados para tomar de assalto o sindicato, e uniam-se ao protesto. O governo recusou-se a reprimir o motim, cercando o conflito com prisões temporárias a serem anistiadas. Em primeiro de abril de 64, seis estados amanheceram rebelados, com pronunciamentos militares e a deposição do presidente. O cenário assemelhava-se Brasil a dentro, com tropas espalhadas nas cidades, tanques, apedrejamento e incêndios propositais a prédios da UNE.
JK é levado pelo seu partido PSD a apoiar a candidatura do general Castello
Branco a presidência da repúbica. Depois da posse deste último, o primeiro foi cassado, acusado de corrupção. Segue-se uma longa lista de exílios e cassações, liquidando lideranças civis populares e estudantis; assim como a promulgação dos AIs (Atos Institucionais) e o adiamento das eleições presidenciais para 66, quando o Congresso, em eleição indireta, elegeu o general Costa e Silva. A oposição tenta um fortalecimento, estudantes vão às ruas, e um deles, Edson Luís, é morto no confronto. AI5 acabou com a separação de poderes, suprimiu o habeas corpus e permitiu a intervenção nos estados. "Para defender a dmeocracia, acabou a liberdade. Para manter a segurança, aboliu a Para fabricar a paz, amordaçou a imprensa" (1h45min) Costa e Silva adoeceu e assumiu, ao invés de seu vice, uma junta militar composta pelos comandantes e chefes das forças armadas; Longe da política, JK tornou-se empresário, e faleceu em 22 de agosto de 1976, antes de completar 74 anos. O cortejo fúnebre trouxe novamente multidões às ruas, que já não a ocupavam por anos.
Na feitura do filme, a figura escolhida de Juscelino foi escolhida de forma a
apresentar um perfil capaz de estabelecer uma ligação entre não só os segmentos que àquela altura pensavam efetivamente em uma mudança no regime mas também aqueles que estavam integrados mas olhavam para um futuro diferente. Falava diretamente com "O Brasil com saudade do futuro", retrata uma expectativa de mudança, um desejo de sair da ditadura e entrar num período democrático novamente.