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Críticas à Fundamentação moral de Stuart Mill

Alana Faria ,nº2,10ºJ

Os argumentos de Stuart Mill podem ser questionados.


Relativamente ao primeiro argumento, feito por analogia, temos:
Se as pessoas conseguem ouvir um som, isso prova que este é audível.
Se as pessoas desejam uma coisa, isso prova que tal coisa é desejável.
Ora, à primeira vista este argumento parece perfeitamente sólido. No entanto, este trata-se
de uma falácia de falsa analogia. Isto porque as duas coias comparadas neste argumento, o
som e o desejo, são de naturezas diferentes, e, portanto, incomparáveis. Quando nós
escutamos algo não é como se o pudéssemos não escutar, simplesmente porque o som é
suposto ser audível.
O ponto de Stuart é que se uma coisa pode ser ouvida, também pode ser desejada. Mas
vem igualmente no sentido de “ser digna de se desejar”. Porém, desejar algo não faz com
que ela seja digna de ser desejada ou que é a coisa certa a se desejar.
O segundo argumento é feito por composição:
Se a única coisa que é desejável como fim último para cada pessoa é a sua própria
felicidade, então só a felicidade geral
é desejável como fim último para o agregado das pessoas.
Aqui Stuart Mill comete a falácia da composição, uma vez que defende que se cada pessoa
deseja a sua própria felicidade, então todas as pessoas desejam a felicidade de todas as
pessoas. No entanto, não é o facto de uma pessoa desejar a sua própria felicidade que vai
desejar a dos demais.
O terceiro argumento é a objeção ao hedonismo:
Se o hedonismo fosse verdadeiro, então o mundo da máquina de experiências seria
melhor do que o nosso.
Mas o mundo da máquina das experiências não é o melhor.
(Aliás, seria um mundo bastante pior porque seria uma farsa, constituído por
experiências ilusórias).
O hedonismo é falso.
O mundo da máquina de experiências não é melhor do que o nosso, então o hedonismo é
falso.
Este argumento é válido, já que as premissas são verdadeiras e a conclusão também é
altamente credível.
Mill refuta o hedonismo, pois este defende que o prazer estará acima de tudo e, inclusive,
da própria felicidade.
O utilitarismo de Mill também pode ser questionado com o argumento da objeção da
exigência excessiva do utilitarismo:
Se um ato não contribui no máximo grau possível para a felicidade geral, então é
errado. Assim, devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance para
contribuir para o bem-estar de todos.
O utilitarismo de Mill exige da nossa parte um grande nível de altruísmo, pois temos de
colocar sempre e em qualquer circunstância a felicidade geral acima da nossa.
Se eu e a minha família quisermos ir jantar fora e tanto os meus pais como os meus irmãos
gostarem bastante de sushi, embora eu seja alérgica a peixe, segundo o utilitarismo, nós
devemos ir ao restaurante de sushi, uma vez que isso possibilitará a felicidade do maior
número de pessoas, o que não parece fazer muito sentido.
A última objeção é a da permissividade excessiva do utilitarismo:
X é uma cirurgiã especializada na realização de transplantes. No hospital em que trabalha
enfrenta uma terrível escassez de órgãos – cinco dos seus
pacientes estão prestes a morrer devido a essa escassez. Onde poderá ela encontrar os
órgãos necessários para salvá-los? O Y está no hospital a recuperar
de uma operação. X sabe que o Y é uma pessoa solitária – ninguém vai sentir a sua falta.
Tem então a ideia de matar Y e usar os seus órgãos para realizar
os transplantes, sem os quais os seus pacientes morrerão.
Se o utilitarismo fosse verdadeiro, seria permissível a X matar Y.
Mas fazer tal coisa não é permissível.
O utilitarismo é falso.
1.Se o utilitarismo fosse verdadeiro, seria permissível a X matar Y.
2.Não é permissível X matar Y,
:. Logo o utilitarismo é falso.
O argumento é válido, uma que as premissas são verdadeiras e sustentam a conclusão.
Assim que lemos o texto percebemos que não nos faz sentido que a doutora decida matar
uma pessoa inocente e que nada tem a ver com os restantes pacientes apenas para poder
salvar o maior número de pessoas. O utilitarismo afirma que isso é exatamente o que deve
ser feito, portanto percebe-se uma falha nele.
Se uma pessoa for ameaçada a matar uma criança para salvar outras sete pessoas que estão
presas no mesmo local, então, segundo o utilitarismo de Stuart Mill, ela devia fazê-lo já que
traria a felicidade do maior número de pessoas. Mas só de pensar algo assim sente-se
agonia, pois achamos claro que havia de ter outra opção, onde a vida da criança não tivesse
de ser sacrificada.

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