Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
-1-
Introdução
A gastronomia é uma área de conhecimento que vem ganhando destaque na economia regional, nacional e
mundial. As mudanças culturais das últimas décadas fizeram com que a presença dos restaurantes se tornasse
essencial no cotidiano das pessoas, sendo cada vez mais comum o hábito de realizar refeições fora de casa.
Diante dessa crescente demanda, como um estabelecimento pode se destacar diante de tanta concorrência? A
necessidade de conhecer seus clientes para desenvolver algo que os satisfaça, atendendo às suas necessidades
específicas, se tornou um desafio a ser superado para garantir um serviço de qualidade. Mas será que o
planejamento operacional da cozinha pode interferir na qualidade do produto oferecido? O ambiente de trabalho
pode ser influenciado pelo padrão de funcionamento, divisão de tarefas, hierarquias e equipamentos
disponíveis? Esses são alguns questionamentos que falaremos neste capítulo, mostrando que a elaboração do
cardápio está diretamente relacionada com o funcionamento geral da cozinha, independentemente da temática
utilizada.
Neste capítulo, trataremos, também, de pontos específicos relacionados à cozinha brasileira da região Sul e
Sudeste, apresentando suas características históricas, geográficas e culturais, identificando as preferências
alimentares, os hábitos regionais, os pratos típicos e as técnicas culinárias.
Nós nos aventuraremos pelo Brasil e conheceremos o que essas regiões têm de melhor a oferecer para o restante
do mundo. Transforme esta leitura em uma viagem gastronômica divertida, saborosa e de muito conhecimento.
Bons estudos!
-2-
VOCÊ QUER LER?
A Anvisa desenvolveu uma cartilha apresentando de forma clara e lúdica as regras da
resolução RDC n. 216, que estabelece as boas práticas para os serviços de alimentação, como
padarias, lanchonetes, restaurantes, confeitarias e cozinhas industriais (BRASIL, 2004). Leia a
cartilha completa em: <http://portal.anvisa.gov.br/boas-praticas-regulamentos-gerais-e-
especificos>.
Respeitar as regras da legislação do país é de suma importância para o bom funcionamento do estabelecimento,
pois elas determinam os preceitos primordiais de segurança alimentar, estruturas necessárias e bem-estar dos
colaboradores. Seguindo à risca as leis estabelecidas, seu restaurante com certeza será um sucesso.
-3-
Figura 1 - Toda a área de um restaurante contendo espaço de recebimento, estoque, preparo e distribuição dos
alimentos, de maneira organizada e funcional.
Fonte: Gala_gala, Shutterstock, 2018.
-4-
VOCÊ QUER VER?
O filme Os sabores do palácio retrata a vivência de uma cozinha profissional dentro de um
palácio. O longa-metragem nos propicia uma deliciosa viagem socioeconômica-gastronômica,
por meio da qual se torna inevitável não revisitar Carême e Ecoffier nas cenas que ocorrem na
cozinha do palácio (VINCENT; MAZET-DELPEUCH; COMAR, 2012).
Como é possível observar, somente um restaurante de grande porte precisa de uma equipe como a brigada
clássica descrita anteriormente. A maioria dos estabelecimentos modernos é menor e sua brigada pode ser
reduzida, combinando dois ou mais cargos, quando a carga de trabalho assim permitir, por exemplo: o chef é
responsável pela cozinha e assume algumas praças; o segundo cozinheiro pode assumir várias tarefas, como
fazer os molhos, os peixes, as sopas e os legumes (GISSLEN, 2012).
-5-
Figura 2 - Podemos observar pratos diferentes, representando a diversidade da gastronomia ao redor do mundo.
Fonte: Civil, Shutterstock, 2018.
Estudos revelam que o número de pessoas que come fora cresceu consideravelmente, gerando uma demanda
maior por restaurante que atendam aos diferentes segmentos de mercado (LEAL, 2010). Hoje, os consumidores
vão a restaurantes não apenas para satisfazer suas necessidades nutricionais, mas também os desejos
hedônicos que a refeição pode proporcionar (SANCHES; SALAY, 2011; FERREIRA; VALDUGA; BAHL, 2016), seja
pela variedade de itens no cardápio, pelo atendimento, pelo ambiente, pelo custo ou até mesmo pelo status ou
pela curiosidade em tentar conhecer o chef (FONSECA, 2014). Esses aspectos são as expectativas que o cliente
pretende suprir, sendo que alguns podem ser geridos pela equipe do restaurante e outros não se pode ter esse
controle.
Porém, segundo Fonseca (2014), existem comportamentos de compra comum a todo consumidor,
independentemente do tipo de produto a ser comprado ou o perfil de pessoa que o deseja. São eles:
• identificação da necessidade: a necessidade de “matar a fome” será o fator motivacional pelo qual o
consumidor perceberá seu anseio por um produto ou serviço;
• busca de informações: o consumidor buscará informações em suas experiências passadas e também
procurará informações em meios de sua confiança, como sites, jornais e revistas;
• avaliação das alternativas: o consumidor identifica algumas opções que melhor condizem com suas
necessidades.
-6-
VOCÊ SABIA?
A Associação Brasileira de Bares e Restaurante (Abrasel) representa todo o setor de
alimentação fora do lar e promove ações que contribuem para o crescimento sustentável do
Brasil. Em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae),
lançou o projeto “Restaurante Inteligente”, que visa capacitar gestores de empreendimentos
do setor de alimentação fora do lar, estando presente em todos os estados do Brasil. Saiba mais
em: <http://www.abrasel.com.br/noticias/195-16122010-restaurante-inteligente-inovacao-
para-o-setor-de-alimentacao-fora-do-lar.html>.
A classificação dos restaurantes em tipologias serve para compreender qual a filosofia do estabelecimento, por
meio da alimentação oferecida, do tipo de serviço e do perfil. Como exemplo, podemos citar alguns autores como
Castelli (2005), que considera, entre outras, as seguintes tipologias:
• clássico ou internacional;
• churrascaria;
• típico;
• centro gastronômico;
• buffet;
• cafeteria;
• snack bar;
• coffee shop;
• casa de massas;
• confeitaria;
• restaurante de empresa.
Já Fonseca (2014) apresenta características específicas relacionadas às seguintes tipologias:
• tradicional;
• internacional;
• gastronômico;
• coletividade;
• especialidade.
Muitos conceitos são similares, mas alguns se diferem por não apresentarem características que identifiquem
estes ambientes e acabam por receberem a mesma nomenclatura.
-7-
-8-
Quadro 1 - Poucos estabelecimentos de serviços de alimentação dependem exclusivamente de forno, fogão,
-9-
Quadro 1 - Poucos estabelecimentos de serviços de alimentação dependem exclusivamente de forno, fogão,
algumas panelas, facas e outras ferramentas manuais.
Fonte: RIPPINGTON, 2014, p. 46-49.
O forno combinado permite mais flexibilidade e facilidade de uso, pois agrega várias funções em um só
equipamento, reduzindo espaço e garantindo mais rendimento das preparações e com menos consumo de gás,
água e energia (CAMPOS, 2017, s/p). Vejamos as cinco funções que podem ser realizadas:
• vapor: os alimentos cozinham no vapor quente, substituindo a cocção na água em ebulição por vapor, já
que o calor circula de maneira constante. A temperatura média é de 100 °C e protege até 80% dos
nutrientes dos alimentos, sendo que no cozimento convencional o valor é de apenas 40%;
• ar seco: um dos maiores benefícios dessa função é poder preparar alimentos empanados sem a
utilização de gordura, diminuindo o consumo de óleo e preservando os alimentos mais saudáveis. É usado
também para assar pães, biscoitos, grelhar e gratinar, variando a temperatura de 50 a 270 ºC;
• combinado: permite cozinhar com calor úmido e seco, em temperaturas de 50 a 300 ºC, fazendo com
que a perda de peso das carnes seja reduzida, mantendo a suculência interior e o dourado no lado de fora;
• banho-maria: utilizado para cozinhar alimentos que necessitem de temperatura mais amenas, como
frutos do mar e sobremesas delicadas. A temperatura varia entre 60 e 90 ºC;
• regeneração: essa função é excelente para preparar alimentos congelados, pois não os tornam
ressecados nem produz gotas de vapor ao redor do prato. A temperatura varia de 100 a 120 ºC.
Quando nos referimos aos utensílios de cozinha, as opções são imensas, mas precisamos sempre buscar
qualidade no material de que eles são produzidos para aumentar a durabilidade e evitar acidentes de trabalho. A
seguir, veremos algumas de suas opções.
- 10 -
Quadro 2 - Utensílios são essenciais para muitos preparos e devem ser trocados sempre que necessário, para que
não haja acidentes durante as produções.
Fonte: RIPPINGTON, 2014, p. 50-52.
As facas são um item à parte, sendo os utensílios mais importantes dentro de uma cozinha, por isso merecem
destaque e muita atenção na hora da compra. Cada uma possui sua funcionalidade específica e, dependendo do
alimento a ser cortado, algumas são mais eficientes e minimizam o esforço do cozinheiro. Na figura a seguir,
poderemos observar as diversas facas e os seus usos.
- 11 -
Quadro 3 - As facas de cozinha podem ser de diversos materiais e das mais variadas marcas; portanto, é preciso
prestar muita atenção na hora da compra.
Fonte: RIPPINGTON, 2014, p. 53 e 55.
Mantê-las afiadas e em boas condições de uso é importante por muitas razões. Quando elas começam a perder o
corte, devemos usar uma pedra de amolar e, após, usar a chaira para alinhar o fio e manter a afiação. As pedras
de amolar geralmente são mais ásperas que as chairas e, portanto, mais abrasivas para a superfície da lâmina. É
preciso tomar cuidado para que a afiação seja uniforme de ambos os lados da lâmina, do contrário o fio pode
ficar dentado. Por questões de segurança, a lâmina da faca deve sempre estar virada para longe do corpo ao usar
uma pedra de amolar.
- 12 -
Figura 3 - Manter a faca afiada ajuda a empregar menos força ao cortar os alimentos, além de evitar acidentes.
Fonte: RIPPINGTON, 2014, p. 56.
Trabalhar em uma cozinha é considerada uma ocupação relativamente segura, quando comparado a outros
- 13 -
Trabalhar em uma cozinha é considerada uma ocupação relativamente segura, quando comparado a outros
trabalhos na indústria. No entanto, a cozinha possui muitos perigos. Algumas atitudes simples podem evitar
certos tipos de acidentes, como cortes, queimaduras e quedas, mas é preciso desenvolver e praticar diariamente
hábitos de segurança para a prevenção de acidentes.
- 14 -
Figura 4 - Boas práticas: como transportar uma faca e como entregá-la para alguém.
Fonte: RIPPINGTON, 2014, p. 55.
Não podemos esquecer que o profissional deve sempre trabalhar com segurança e, para isso, é necessário o
- 15 -
Não podemos esquecer que o profissional deve sempre trabalhar com segurança e, para isso, é necessário o
conhecimento profundo da utilização correta de equipamentos e utensílios – além de usar os Equipamentos de
Proteção Individual (EPIs), a fim de se proteger de algum acidente de trabalho, sendo seu uso obrigatório em
cozinhas profissionais.
O uniforme serve como proteção pessoal e deve ser feito de material durável e funcional, segundo as normas e
os regulamentos da Anvisa.
Figura 5 - O tipo de chapéu utilizado nas cozinhas profissionais determina a posição do funcionário na cozinha.
Fonte: CandyBox Images, Shutterstock, 2018.
O uso de uniformes dentro de uma cozinha provém de uma tradição francesa, firmada a partir do século XVIII,
quando Carême (grande chef francês) passou a exigir o uso de uniformes brancos e o chapéu de cozinheiro,
estabelecendo uma perspectiva de higiene no ambiente da cozinha.
VOCÊ SABIA?
O chapéu de cozinheiro (toque blanche = touca branca) surgiu na França, na Idade Média, em
uma época em que a função do cozinheiro era tão importante quanto os títulos militares. O que
determinava a hierarquia dentro da cozinha era a altura do chapéu que eles usavam, sendo o
mais alto sempre o do chef (CASALI, 2012).
Com inspiração em uniformes militares, a modelagem era parecida com os uniformes das tropas de Napoleão
- 16 -
Com inspiração em uniformes militares, a modelagem era parecida com os uniformes das tropas de Napoleão
Bonaparte, sendo esse modelo utilizado em grande parte das cozinhas profissionais até os dias de hoje
(BENEMANN, 2017).
Antes de estudar sobre o planejamento e a criação de cardápios reveja o alguns tipos de facas e seus usos.
- 17 -
• de alimentação continuada: todos aqueles que fazem atendimento ininterrupto de 12 a 24
horas, oferecendo produtos compatíveis a cada horário. Neste grupo, são incluídos os coffee
shop, os cafés [...] e alguns tipos de bistrô;
• funcionais ou de público específico: possuem um público frequente, requerendo, em
alguns casos, uma alimentação diferenciada e especial. São exemplos os SPAs, restaurantes de
empresas, hospitais ou de estrada, entre outros;
• populares/comida caseira: possuem serviços mais informais e uma produção de alimentos
mais simples. Geralmente é um negócio familiar, localizado em concentrações urbanas e que
atendem grande número de pessoas de menor renda;
• catering/serviço de banquete: tipo de estrutura que tem função principal o atendimento
de eventos. [...] Este tipo de serviço é também responsável pela preparação da alimentação
servida nos aviões;
• rotisseria/delicatessen: estabelecimentos que comercializam tanto os ingredientes para a
preparação de refeições e lanches quanto alimentos já prontos para consumo. Distingue-se
pelo alto padrão de produtos e preparação de alimentos;
• delivery: estabelecimento planejado para fazer somente produção com entrega em
domicílio. Não deve ser confundido com serviço delivery, que pode, em tese, ser adotado por
qualquer estabelecimento;
• especiais: qualquer outro tipo de estabelecimento que não se enquadre na terminologia
apresentada.
Após entendermos um pouco mais sobre a tipologias de restaurantes e suas características, veremos alguns tipos
de cardápios e serviços utilizados em restaurantes.
- 18 -
1.3 Gastronomia brasileira – região sul
No Brasil, a gastronomia está em evidência pela riqueza dos produtos encontrados e pelo histórico de formação
da nossa cultura, pois possui uma forte miscigenação de temperos, cores, aromas e sabores, transformando
pratos simples em verdadeiros patrimônios imateriais.
Mas você já parou para pensar como ocorreu a formação da culinária brasileira? Quais são os povos que
integram a cultura do Brasil? As regiões apresentam distintos costumes ou há uma interação entre elas?
A cultura brasileira tem uma base solidificada na cultura indígena, africana e europeia, sobretudo portuguesa.
Contudo, os processos migratórios vivenciados no país ao longo da sua história permitiram que novas inserções
culturais fossem adicionadas ao acervo gastronômico brasileiro, tais como a cultura italiana, japonesa,
espanhola, alemã e árabe, sendo esse um dos fatores que identificam a culinária brasileira como uma das
cozinhas mais variadas do mundo.
Entenderemos a partir de agora um pouco mais sobre a contribuição desses povos para a solidificação da cultura
gastronômica da região Sul do Brasil.
- 19 -
Figura 6 - A região Sul do Brasil é a menor do país, sendo sua maior característica a colonização europeia, que
deixou muitas heranças.
Fonte: Rainer Lesniewski, Shutterstock, 2018.
A culinária dessa região é bem diversificada e seus pratos sofrem mais influência das culturas italiana e alemã.
A geografia do Sul permitiu torná-la a primeira maior área de criação bovina no país. Assim, o gado faz parte da
vida dos gaúchos, catarinenses e paranaenses desde o início da colonização, em meados do século XVII até os
dias de hoje.
- 20 -
1.3.2 Preferências alimentares, produtos típicos e hábitos regionais
O Rio Grande do Sul tem no churrasco e no chimarrão um dos símbolos do estado. Entre os pratos típicos,
podemos citar o churrasco de fogo de chão, no qual peças inteiras são assadas por horas em espetos fincados
no solo, e o charque, carne que recebe uma grande quantidade de sal e é armazenada em galpões cobertos e
movimentada diversas vezes para perder a umidade natural, se conservando, assim, por mais tempo. Essa carne
precisa ser dessalgada e geralmente é consumida cozida.
As principais heranças deixadas pelos imigrantes, com certeza, foi a comida e a bebida caracterizadas pelo vinho,
pelos embutidos e massas. Além disso, o estado é tradicional no enoturismo e da enogastronomia (harmonização
de vinho e comida), tendo em vista o grande número de vinícolas localizadas, principalmente, na Serra Gaúcha.
Figura 7 - Cuia e erva, simbolizando o chimarrão, bebida típica da região Sul do Brasil.
Fonte: Andrii Horulko, Shutterstock, 2018.
Os hábitos alimentares dos catarinenses (mais especificamente na região do litoral) se caracterizam por uma
presença significativa de frutos do mar e pescados e forte influência culinária da colonização do estado, em
especial das culturas alemã e portuguesa. Também há influência de colônias de imigrantes italianos, poloneses,
ucranianos, holandeses, entre outros, formando pequenos polos gastronômicos espalhados pelo estado.
O estado de Santa Catarina possui, em seu calendário, várias festas relacionadas à gastronomia, assim como à
produção cervejeira, como Oktoberfest (Blumenau), Fenachop (Joinville), Fenarreco (Brusque), Tirollerfest
(Treze Tílias) e Schützenfest (Jaraguá do Sul). A tradição cervejeira também é promovida na Rota das Cervejas,
com visitação a fábricas e cervejarias artesanais (SILVA; MANTOVANELI; SAMPAIO, 2014). Além da cerveja, o
- 21 -
com visitação a fábricas e cervejarias artesanais (SILVA; MANTOVANELI; SAMPAIO, 2014). Além da cerveja, o
estado também se destaca pela produção de vinhos e espumantes, em especial nas vinícolas da Serra
Catarinense, e no Roteiro Vale da Uva e do Vinho, no Vale do Contestado.
O estado do Paraná recebeu um grande número de imigrantes alemães, italianos, poloneses e ucranianos, entre
outras etnias, além do movimento tropeiro. Entre as iguarias típicas podemos citar o barreado (prato típico do
litoral) e o pinhão, cujo consumo é associado às feiras e festas juninas (podendo ser consumido cozido, assado
ou incorporado em receitas como arroz, suflê, bolos e sopas).
O barreado consiste em uma combinação de carne bovina com condimentos, cozidos por horas em uma panela
de barro vedada com goma de farinha (técnica da qual se origina o nome do prato). É servido, preferencialmente,
acompanhado de mandioca e banana. Possui influência portuguesa e é preparado há mais de 200 anos no estado.
- 22 -
metrópoles com pratos mais elaborados e o litoral com pratos à base de frutos do mar que atendem e agradam
muito aos turistas.
Veremos, a seguir, como os imigrantes influenciaram a gastronomia de cada estado e quais foram as heranças
gastronômicas deixadas por esses povos, as quais caracterizam e destacam mundialmente essa região.
Figura 8 - A região Sudeste do Brasil é composta por quatro estados e é a mais populosa e desenvolvida do país.
Fonte: Rainer Lesniewski, Shutterstock, 2018.
Os costumes da cozinha mineira e paulista sofreram grande influência da atividade comercial, principalmente no
período colonial, tendo a presença marcante de legumes, frutos e tubérculos na culinária. No Espírito Santo,
falar de moqueca é tratar de um assunto muito popular, pois a base dos seus pratos típicos são à base de peixes
- 23 -
falar de moqueca é tratar de um assunto muito popular, pois a base dos seus pratos típicos são à base de peixes
e frutos do mar, e no Rio de Janeiro a corte portuguesa trouxe consigo muitas receitas e diversos hábitos
alimentares que perpetuam até os dias de hoje (DEMETERCO, 1998).
criado o Festival da Panela de Barro, que reúne os restaurantes das cidades de Vitória, Vila Velha e Serra, que
- 24 -
criado o Festival da Panela de Barro, que reúne os restaurantes das cidades de Vitória, Vila Velha e Serra, que
disputam entre si o prêmio de melhor prato preparado em tal utensílio.
VOCÊ O CONHECE?
Alex Atala é um dos chefs de cozinha brasileiro mais prestigiados e premiados dentro e fora do
país. Seu foco é explorar as diversas possibilidades gastronômicas dos ingredientes nacionais,
aliando as bases clássicas às técnicas atuais. Seu restaurante D.O.M., atualmente, é considerado
o nono melhor restaurante do mundo e possui duas estrelas no prestigiado Gui Michelin
(SILVA et al., 2016).
• No Rio de Janeiro, os tradicionais botecos fazem a alegria dos turistas e não podem faltar bolinhos fritos
de todos os sabores, empadinhas, pastel, caldinho de feijão ou caldo verde, aipim frito, canjiquinha e, é
claro, a tradicional feijoada com seus acompanhamentos: couve refogada, laranja e farofa.
• Em Minas Gerais, o cardápio é bem caipira, mas muito extenso. Minas é sinônimo de comida boa e muita
fartura. Entre os pratos de destaque, podemos citar: o tradicional pão de queijo, hoje com diversas
adaptações, os queijos mineiros, apreciados em todo o Brasil, o tutu de feijão, o frango com quiabo, o
leitão à pururuca, a galinha ao molho pardo, a couve à mineira, o angu de milho e, não podíamos deixar de
fora, o maravilhoso doce de leite.
• No Espírito Santo, a torta e a moqueca capixabas são os principais pratos, sendo que o siri e o caranguejo
são ingredientes característicos, desde o modo como são capturados até seus preparos, mantendo as
tradições deixadas pelos indígenas.
Enfim, é uma mistura de sabores e temperos que torna o Brasil tão fascinante!
- 25 -
CASO
Um restaurante tradicional italiano, localizado em Gramado, na Serra Gaúcha, estava vendo
seu faturamento cair, consideravelmente, ano a ano. Roberto, o administrador, estava
preocupado com a falta de clientes e tentava encontrar uma maneira de aumentar as vendas e
atrair mais pessoas que apreciassem uma comida caseira de boa qualidade. Pensando nisso,
ele teve a ideia de criar uma promoção, oferecendo uma sobremesa gratuita para cada cliente
que respondesse a um questionário, que continha questões como:
A opinião dos clientes que frequentam um restaurante, independentemente se eles estejam apenas de passagem
ou sejam assíduos, fornece ao negócio uma visão diferenciada que pode ser usada como ferramenta de
marketing para melhorar os produtos oferecidos – assim como a forma como os clientes foram recebidos, tendo
suas necessidades atendidas, ou não, ajuda a formar a imagem do restaurante, pois cada cliente possui uma
maneira própria de observar o que está à sua volta, tendo alguns fatores emocionais como pilares para as suas
decisões.
Por isso, é preciso criar um relacionamento com o cliente, no sentido de identificar os pontos fracos e tentar
corrigir o mais breve possível, inclusive dando um retorno sempre que possível, para que ele possa voltar e
ainda fazer a propaganda boca a boca, que é a mais eficiente para esse nicho de mercado.
Síntese
Após a leitura do capítulo, entendemos o funcionamento de uma cozinha profissional, seus equipamentos,
utensílios e espaços necessários para melhor aproveitamento e dimensionamento dessa área tão importante
para o restaurante. Vimos também duas das cinco regiões do Brasil, seus costumes e pratos típicos e entendemos
que a gastronomia brasileira possui diversas origens e influências.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• reconhecer o espaço físico e equipamentos de uma cozinha industrial;
• identificar as diferentes tipologias de restaurantes e os motivos que levam os clientes a escolherem um
lugar para fazer suas refeições;
• explorar os princípios básicos para a elaboração de pratos e cardápios;
• compreender as características históricas e culturais relacionadas à gastronomia das regiões Sul e
Sudeste do Brasil;
- 26 -
• distinguir os pratos típicos dessas regiões e seus hábitos culinários.
Bibliografia
ABREU, E. S.; SPINELLI, M. G. N.; SOUZA PINTO, A. M. Gestão de unidades de alimentação e nutrição: um modo
de fazer. São Paulo: Metha, 2013.
ARRUDA, G. A. Manual de boas práticas: hotéis e restaurantes. 3. ed. Ponto Crítico: São Paulo, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BARES E RESTAURANTES (Abrasel). Restaurante inteligente: inovação para o
setor de alimentação fora do lar. Belo Horizonte, 16/12/2010. Disponível em: <http://www.abrasel.com.br
/noticias/195-16122010-restaurante-inteligente-inovacao-para-o-setor-de-alimentacao-fora-do-lar.html>.
Acesso em 15/04/2018.
BAKER, A. F. A gastronomia e sua integração com o turismo e a nutrição. 2003. 63 f. Monografia (Especialista
em Qualidade em Alimentos) – Centro de excelência em Turismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2003.
Disponível em: <http://bdm.unb.br/bitstream/10483/214/1/2003_AngelaFioreseBaker.pdf>. Acesso em: 1/6
/2018.
BENEMANN, N. W. Histórias de cozinha: uma etnografia gastronômica. 2017. 93 f. Dissertação (Mestrado em
Antropologia) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Instituto de Ciências Humanas, Universidade
Federal de Pelotas, Pelotas, 2017. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/gepac/arquivos/dissertacoes
/nicole_benemann.pdf>. Acesso em: 11/6/2018.
BRASIL. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Ofício das paneleiras de goiabeiras.
Brasília: Iphan, 1999. Disponível em:<http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Paneleiras%
20de%20Goiabeiras.pdf>. Acesso em: 11/6/2018.
______. ______. O registro do patrimônio imaterial: dossiê final das atividades da comissão e do grupo de
trabalho patrimônio imaterial. 4. ed. Brasília: Iphan, 2006.
______. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Resolução RDC n. 216, de 15 de setembro de 2004.
Dispõe sobre regulamento técnico de boas práticas para serviços de alimentação. Brasília: Anvisa, 2004.
Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/boas-praticas-regulamentos-gerais-e-especificos>. Acesso em 2/5
/2018.
______. ______. Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n. 166, de 24 de julho de 2017. Brasília: Anvisa;
Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2721567
/RDC_166_2017_COMP.pdf/d5fb92b3-6c6b-4130-8670-4e3263763401>. Acesso em: 6/6/2018.
CAMPOS, D. Forno combinado: tudo o que você precisa saber. 2017. Disponível em: <http://www.dcchef.com.br
/forno-combinado-tudo-sobre>. Acesso em: 13/5/2018.
CASALI, A. Toque blanche: uniformes de cozinha. 2012. Disponível em: <http://saborbasico.blogspot.com.br
/2012/12/toque-blanche-uniformes-de-cozinha.html>. Acesso em: 13/5/2018.
CASCUDO, L. C. História da alimentação no Brasil. 3. ed. São Paulo: Global, 2004 [1967].
CASTELLI, G. Excelência em hotelaria: uma abordagem prática. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.
CÉSAR, F. Planejamento de cardápios. Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/84950454
/Planejamento-de-Cardapios-FATECI>. Acesso em: 6/6/2018.
DEMETERCO, S. M. S. Doces lembranças: cadernos de receitas e comensalidade Curitiba: 1900 – 1950. 1998.
208 f. Dissertação (Mestrado em História do Brasil) – Departamento de História, Setor de Ciências Humanas,
Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1998. Disponível em: <https://acervodigital.ufpr.br
/bitstream/handle/1884/24614/D%20-%20DEMETERCO%2c%20SOLANGE%20MENEZES%20DA%20SILVA.
pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 5/6/2018.
ENGEFOOD TECNOLOGIA EM COZINHAS. Rational – SelfCooking Center. 11/9/2017. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=U5kCyuT94LI>. Acesso em: 16/5/2018.
FERREIRA, M. R.; VALDUGA, V.; BAHL, M. Baixa gastronomia: caracterização e aproximações teórico-conceituais.
- 27 -
FERREIRA, M. R.; VALDUGA, V.; BAHL, M. Baixa gastronomia: caracterização e aproximações teórico-conceituais.
Revista Turismo em Análise, São Paulo, USP, v. 27, n. 1, p. 207-228, jan.-abr. 2016. Disponível em: <
https://www.revistas.usp.br/rta/article/view/87890/112857>. Acesso em: 5/6/2018.
FLESSAS, M. et al. Planejamento sistemático de layout aplicado à cozinha industrial de um restaurante temático.
Revista Eletrônica Produção em Foco, Joinville, Sociesc, v. 4, n. 2, p. 449-480, 2014. Disponível em:<
http://conteudo.sociesc.com.br/producaoemfoco/index.php/producaoemfoco/article/view/197/96>. Acesso
em: 5/6/2018.
FOODMAGAZINE. Forno combinado. São Paulo, 16/12/2015. Disponível em: <http://www.foodmagazine.com.
br/food-service-noticia-produtos/forno-combinado>. Acesso em: 5/6/2018.
FONSECA, M. T. Tecnologias gerenciais de restaurantes. 7. ed. São Paulo: Senac-SP, 2014.
GISSLEN, W. Culinária profissional. São Paulo: Manole, 2012. Disponível em: [Biblioteca Virtual Universitária
3.0] <https://laureatebrasil.blackboard.com>. Acesso em 8/5/2018.
HOLANDA, A. B. Dicionário Aurélio. Restaurante. Rio de Janeiro, 19/4/2018. Disponível em: <
https://dicionariodoaurelio.com/restaurante>. Acesso em: 12/5/2018.
MINASSE, M. H. S. G. G. Atrativos gastronômicos da cidade de São Paulo (SP): análise preliminar. In: SEMINÁRIO
DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO (ANPTUR), 11. Anais... Curitiba, 2014.
HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.
KNIGHT, J. B.; KOTSCHEVAR, L. H. Gestão, planejamento e operação de restaurantes. 3. ed. São Paulo: Roca,
2005.
KRAUSE, R. W. A gastronomia como fator de influência de destinações turísticas e de sua hotelaria: base de
estudo Balneário Camboriú no ano 2006/2007. 2007. 209 f. Tese (Doutorado em Turismo e Hotelaria) –
Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, 2007. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf
/Rodolfo%20Wendhause%20Krause.pdf>. Acesso em: 5/6/2018.
LEAL, D. Crescimento da alimentação fora do domicílio. Revista Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas,
Unicamp, v. 17, n. 1, p. 123-132, 2010. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/san
/article/view/8634806/2725>. Acesso em: 5/6/2018.
LEAL, M. L. M. S. A história da gastronomia. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 1998.
LEME, A. S.; BASSO, R. A formação da brasilidade – a construção do discurso modernista sobre a culinária.
Revista de Contextos da Alimentação, São Paulo, Senac, v. 3, n. 1, dez. 2014, p. 18-34. Disponível em: <
http://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/revistacontextos/wp-content/uploads/2014/12/35_Revista-
Contextos_ed-vol-3-n-1.pdf>. Acesso em: 11/6/2018.
MACHADO, R. L. P. Boas práticas de armazenagem na indústria de alimentos. Rio de Janeiro: Embrapa, 2000.
Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/34409/1/2000-DOC-0042.pdf>.
Acesso em 10/5/2018.
MELO, F. V. S. et al. Menu do dia: sustentabilidade – os consumidores estão deglutindo essa ideia? In: ENCONTRO
DE MARKETING DA ANPAD, 5. Anais... Curitiba: ANPAD, 2012. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/adm
/pdf/2012_EMA206.pdf>. Acesso em: 6/6/2018.
MENDES, B. C.; FRANÇA, E.; PERROTTA, R. C. C. A origem da feijoada. In: SEMINÁRIO DA ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO, 7. Anais..., São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi, 2010.
PELAEZ, N. Processo de planejamento de cardápio: um estudo de caso num restaurante de Balneário
Camboriú. 2008. 130 f. Dissertação (Mestrado em Turismo e Hotelaria) – Universidade do Vale do Itajaí,
Balneário Camboriú, 2008. Disponível em: <https://siaiap39.univali.br/repositorio/bitstream/repositorio/1318
/1/Nicole%20Pelaez.pdf>. Acesso em: 5/6/2018.
RIPPINGTON, N. Curso introdutório de chef profissional. 2. ed. Barueri: Manole, 2014.
SANCHES, M.; SALAY, E. Alimentação fora do domicílio de consumidores do município de Campinas, São Paulo.
Revista de Nutrição, Campinas, PUC-Campinas, v. 24, n. 2, p. 295-304, mar.-abr. 2011. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/rn/v24n2/a10v24n2.pdf>. Acesso em: 5/6/2008.
SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saúde. Coordenadoria de Controle de Doenças. Centro de Vigilância
Sanitária. Portaria CVS 5, de 9 de abril de 2013. Regulamento técnico sobre boas práticas para
estabelecimentos comerciais de alimentos e para serviços de alimentação, e o roteiro de inspeção, anexo. São
- 28 -
estabelecimentos comerciais de alimentos e para serviços de alimentação, e o roteiro de inspeção, anexo. São
Paulo: CVS, 2013. Disponível em: <http://www.cvs.saude.sp.gov.br/up/PORTARIA%20CVS-5_090413.pdf>.
Acesso em 5/6/2018.
______. Prefeitura Municipal de São Paulo. Mercado municipal paulistano. Disponível em: <http://www.
prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/trabalho/abastecimento/mercado_paulistano/index.php?p=151237>.
Acesso em: 17/5/2018.
SILVA, G. F. et al. Alex Atala e a promoção da gastronomia brasileira. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE
ADMINISTRAÇÃO DA ESPM, 11; SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO E MARKETING, 11. Anais...
São Paulo, 2016.
SILVA, L. F.; MANTOVANELI, O.; SAMPAIO, C. A. C. Desenvolvimento turístico regional: governança e
territorialidade no caso da Oktoberfest Blumenau (Santa Catarina, Brasil). Revista Turismo e Sociedade,
Curitiba, UFPR, v. 7, n. 1, p. 156-173, jan. 2014. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/turismo/article/view
/37147/22852>. Acesso em: 5/6/2018.
SILVA, P. P. Farinha, feijão e carne seca: um tripé culinário no Brasil colonial. São Paulo: Senac-SP, 2005.
TEIXEIRA, S. et al. Administração aplicada às unidades de alimentação e nutrição. São Paulo: Atheneu, 2004.
TELEGINSKI, N. M. Recheio de memórias: o pierogi e a identidade polonesa no Paraná, Brasil. Revista
Geonordeste, São Cristóvão, n. 2, ed. esp., p. 87-106, ago. 2014. Disponível em: <https://seer.ufs.br/index.php
/geonordeste/article/view/3101/pdf>. Acesso em: 5/6/2018.
VASCONCELLOS, F.; CAVALCANTI, E.; BARBOSA, L. Menu: como montar um cardápio eficiente. São Paulo: Roca,
2002.
VINCENT, C.; MAZET-DELPEUCH, D.; COMAR, E. Os sabores do palácio. Direção: Christian Vincent. Produção:
Etienne Comar; Philippe Rousselet. França: Europa Filmes, 2012.
- 29 -