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Atividade presencial

Terceira Fase do Modernismo – Fase de 45 Prosa

Contexto Histórico (Enem - 2011) “Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais,
A Segunda Guerra Mundial ocorreu entre 1939 a 1945. Portanto, a geração de 45 marca o início da que nem os pássaros de rios e lagoas. O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu
Guerra Fria, da corrida armamentista, bem como o fim da segunda guerra e de muitos governos totalitários, aqui, risonho e habilidoso. Pergunto: — Zé-Zim, por que é que você não cria
do qual se destaca o nazismo alemão. No Brasil, o período foi da redemocratização do país e a Era Vargas. galinhas-d‘angola, como todo o mundo faz? — Quero criar nada não... — me deu
Com Getúlio Vargas no poder, essa fase seria marcada pela repressão, censura e a ditadura que avançava. O resposta: — Eu gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa.
movimento moderno das artes buscava criticar a sociedade, ao mesmo tempo que se distanciava da arte Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe,
acadêmica. Isso, deu lugar ao folclore, aos regionalismos, aos múltiplos subjetivismos, dentre outros. Foi quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra. [...] Gente melhor do lugar
nesse contexto, que os escritores da terceira fase modernista produziram suas obras. eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos
A Geração de 45, no contexto da Terceira Fase Modernista (1945-1980), já inclui aspectos pós- trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em território baixio da Sirga, da
modernos. Por isso é também chamada de “Fase Pós-Moderna”, com rupturas entre a primeira e a segunda outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe.” (ROSA, J.
fase. Assim, fica claro, que a ideia inicial difundida pelos Modernistas de 22, vinha sofrendo mudanças com G. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: José Olympio (fragmento).
o passar do tempo. De tal modo, a geração de 45 reuniu artistas preocupados em buscar uma nova expressão
literária, por meio da experimentação e inovações estéticas, temáticas e linguísticas. Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade
social típica das áreas rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e pela
AUTORES relação de dependência entre agregados e fazendeiros. No texto, destaca-se essa
relação porque o personagem-narrador
 Guimarães Rosa (1908-1967) Nasceu em 27/06/1908 e morreu em 19/11/1967. Um dos maiores nomes a) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição
da Literatura Brasileira do século XX. Guimarães Rosa significa para a Literatura do século XX, o que em ajudar seus agregados, uma vez que superou essa condição graças à sua força de
Machado de Assis significou no século XIX. Guimarães Rosa conseguiu renovar e reinventar a trabalho.
linguagem regionalista (tema explorado por vários autores da nossa Literatura). Formou-se em medicina e b) descreve o processo de transformação de um meeiro — espécie de agregado — em
em 1934 tornou-se diplomata chegando a ser embaixador. Era um estudioso das línguas e da natureza e proprietário de terra.
sua passagem por vários países só fez aumentar seu interesse. c) denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se
 Características de sua obra - Além das criações de palavras (neologismos) podemos apontar envolvem no trabalho da terra.
outras características. Uso de aliterações e onomatopeias no intuito de criar sonoridade. Temas d) mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla
envolvendo destino, vida, morte, Deus. A língua falada no sertão está presente em sua obra condição de homem livre e, ao mesmo tempo, dependente.
(fruto de anotações e pesquisas linguísticas). Guimarães Rosa utiliza termos que não são mais e) mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de
usados, cria neologismos, faz empréstimos de palavras estrangeiras e explora estruturas proprietário de terras.
sintáticas para recriar e reinventar a língua portuguesa. Além disso, Guimarães Rosa faz uso do
ritmo, aliterações, metáforas e imagens para criar uma prosa mais poética ficando no limite entre (ENEM 2014) O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria,
a poesia e a prosa. aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
(ROSA. J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.)
Grande Sertão Veredas
Veredas é considerada a obra-prima do escritor e um dos melhores romances da nossa literatura. Trata-se No romance Grande sertão: veredas, o protagonista Riobaldo narra sua trajetória de
de um monólogo do início ao fim do livro. Riobaldo (ex-jagunço e chefe de bando, mas agora vive como jagunço. A leitura do trecho permite identificar que o desabafo de Riobaldo
fazendeiro) conta para um interlocutor suas aventuras. Os questionamentos de Riobaldo sobre os mistérios se aproxima de um(a)
da vida são um reflexo do que todos nós sentimos em relação a vida e a existência. O romance que sugere a) diário, por trazer lembranças pessoais.
várias interpretações, até hoje desafia a crítica, o público e os estudiosos da literatura brasileira. b) fábula, por apresentar uma lição de moral.
c) notícia, por informar sobre um acontecimento.
Sagarana d) aforismo, por expor uma máxima em poucas palavras.
Sagarana (1946 – contos e novelas regionalistas) e) crônica, por tratar de fatos do cotidiano.
Obs: se procurarmos no dicionário a palavra Sagarana, não a encontraremos. Ela foi inventada pelo autor.
Esse processo chama-se neologismo e foi muito usado pelo escritor. - SAGA (radical germânico): usado
para designar narrativas em prosa, - RANA (sufixo tupi-guarani): significa “à semelhança de”
(Enem – 2013) Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra
 Clarice Lispector (1925-1977) nasceu na Ucrânia, na aldeia Tchetchenilk, no ano de 1925. Os molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história
Lispector emigraram da Rússia para o Brasil no ano seguinte, e Clarice nunca mais voltou à pequena e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo
aldeia. O objetivo de Clarice, em suas obras, é o de atingir as regiões mais profundas da mente das jamais começou. [...] Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a
personagens para aí sondar complexos mecanismos psicológicos. É essa procura que determina as escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se
características especificas de seu estilo. O enredo tem importância secundária. As ações - quando antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não
ocorrem - destinam-se a ilustrar características psicológicas das personagens. São comuns em Clarice existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que
histórias sem começo, meio ou fim. Por isso, ela se dizia, mais que uma escritora, uma "sentidora", escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida,
porque registrava em palavras aquilo que sentia. Mais que histórias, seus livros apresentam inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes. Como eu irei dizer agora,
impressões. esta história será o resultado de uma visão gradual – há dois anos e meio venho aos
poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais
A hora da Estrela: A história da nordestina Macabéa é contada passo a passo pelo escritor Rodrigo tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não
S.M., alter-ego de Clarice Lispector, de um modo que busca permitir aos leitores acompanhar o seu inicio pelo fim que justificaria o começo – como a morte parece dizer sobre a vida –
processo de criação. O autor faz o relato da vida triste e sem perspectiva da alagoana Macabéa, pontuada porque preciso registrar os fatos antecedentes. (LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio
com as informações do 'Você sabia?' da rádio Relógio, sinistro metrônomo a comandar o ritmo de seus de Janeiro:  Rocco, 1998 (fragmento).
últimos dias de vida. Para a cartomante Carlota, a quem Macabéa procura em busca de um sopro de
esperança, esses dias derradeiros deveriam ser coroados com o casamento com um estrangeiro rico. Mas, A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice
ironicamente, seu destino não é bem sucedido. Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora.
Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador
Laços de Família: é uma coletânea de contos, publicada em 1960, da escritora Clarice Lispector e eles
se interligam através de uma temática comum a quase todos: o desentendimento familiar. As a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos
personagens criadas pela autora são pessoas comuns, massacradas pela banalidade comum a existência, fatos e às personagens. 
mas que buscam a libertação. É nesse processo de libertação que se encontra a epifania máxima que b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos
surge exatamente na fusão do eu e do mundo, representada por meio da ruptura da monotonia cotidiana eventos que a compõem.
por um instante de iluminação repentina na consciência da personagem. A família, no entanto, parece c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do
escravizar o indivíduo, impossibilitando-o de vivenciar ao máximo esse estado de êxtase. discurso.
d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para
escolher as palavras exatas.
(ENEM 2010) Os filhos de Anna eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na
banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A estouros. O calor era forte no narrativa de ficção.
apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara
lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um (UFF 2010) O modo de Clarice Lispector ver a criação literária guarda relação com o
lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas. (LISPECTOR, C. momento histórico em que ela escreve. Em outros momentos históricos, outras relações
Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.) ocorreram. Assinale a opção correta.

A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no fragmento apresentado. Observando aspectos da a) O Modernismo relaciona-se com um modo de escrever que pretende discutir a criação
organização, estruturação e funcionalidade dos elementos que articulam o texto, o conectivo mas literária e produzir a simplicidade e a métrica do pastoralismo.
b) O Neoclassicismo relaciona-se com um modo de escrever que reproduz a arte barroca
A) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que aparece no texto. tal como ela era.
B) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão, se usado no início da frase. c) O Realismo relaciona-se com um modo de escrever que se caracteriza pela
C) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na abertura da frase. musicalidade, pela sinestesia e pelas aliterações.
D) contém uma ideia de sequência temporal que direciona a conclusão do leitor. d) O Simbolismo relaciona-se com um modo de escrever que apresenta a realidade tal
E) assume funções discursivas distintas nos dois contextos de uso. como ela é.
e) O Romantismo relaciona-se com um modo de escrever que adota a estética da
expressão do eu autoral.

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