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Caso Prático 1

Ana estava grávida de 5 meses quando Bernardo, seu namorado, descobriu


que a criança que ela esperava não era sua. Furioso, quis provocar um aborto,
agredindo Ana com murros, pontapés e atirando-a de umas escadas.

Tanto Ana como o feto sofreram lesões graves. Contudo a gravidez


prosseguiu.

Quando Ana deu à luz, a bebé Carminho nasceu com deformações que, de
acordo com o parecer de vários médicos, eram consequência da agressão de
Bernardo.

Sub-hipótese 1

Ana, em seu próprio nome e de Carminho, pretende reagir contra Bernardo.

A este propósito, aconselho a leitura do Prof. Menezes Cordeiro, pág 353 e


seguintes, em especial 364 e 365.
Aplica-se o esquema dos direitos de personalidade pois houve atentado à
integridade física, quer da mãe, quer do filho e, portanto, os mecanismos de
proteção – responsabilidade civil (483º).
Ler, também, pág. 367 e seguintes sobre os conceitos de:
i) Personalidade jurídica
ii) Capacidade de gozo;
iii) Capacidade de exercício.
Discutir o problema em torno do art. 66º (como falámos, a questão prende-
se com o facto de a lei, literalmente, apenas atribuir personalidade jurídica com o
nascimento e o art. ser insuficiente para tutelar aquelas situações em que houve
violação dos direitos de personalidade do nascituro – antes do nascimento).
A este propósito, pág. 372 e seguintes do Prof. MC.

Sub-hipótese 2

Ana, em seu próprio nome e de Carminho, pretende também reagir contra


os médicos que a assistiram no momento em que foi agredida, que lhe
garantiram que não era necessário realizar exames complementares porque
estava tudo bem com o seu feto. Se soubesse que Carminho nasceria deficiente,
Ana teria decidido abortar.
A questão está explicada com desenvolvimento a partir da pág 353 do Prof.
MC.
Há, também, um bom artigo do Prof. Carneiro da Frada que vou
disponibilizar na drop.

Sub-hipótese 3
Carminho, em consequência das agressões de Bernardo, morre antes do
nascimento.
Esta matéria está explicada na pág 381 do Prof. MC.
O Prof. penso que não deixa claro o seguinte: O art. 66/2º não está pensado
para factos ilícitos, pelo que, embora o que não nasceu se tenha por não
concebido, quando a morte tenha sido provocada por facto ilícito há direito a
indemnização.

Sub-hipótese 4

Carminho, em consequência das agressões de Bernardo, morre um minuto


depois de nascer.
Embora a doutrina considere que, por facto ilícito, o art. 66/2 não pode ser
interpretado à letra, esta sub-hipótese seria para fazer um confronto com a
anterior na medida em que:

i) Na primeira, como não haveria esfera jurídica onde se consubstanciasse


o dano, não poderia haver direito à indemnização – uma vez que a lei só
reconhece personalidade jurídica com o nascimento (posição contestada
pela doutrina mais recente);

ii) Na segunda, como houve início de personalidade, já havia esfera


jurídica e já se podia admitir um dano.
Caso prático 2

Amílcar decidiu doar o seu automóvel a Danilo e a Isménia, filhos de


Betânia, cujo nascimento estava previsto para o mês seguinte.

Na mesma data, em testamento, Amílcar decidiu legar € 100.000 ao


primeiro filho que Danilo ou Isménia viessem a ter, sendo legatária a criança
que nascesse primeiro.
Matéria explicada nas pág. 370 e seguintes do Manual do Prof. Menezes
Cordeiro.

Sub-hipótese 1

Quando os gémeos nasceram, Betânia exigiu que Amílcar deixasse de usar


o automóvel de imediato.

Sub-hipótese 2

Amílcar nasceu na véspera do nascimento dos gémeos. Qual o destino do


dinheiro legado?

Sub-hipótese 3

Amílcar morreu no dia em que Isménia descobriu que estava grávida. Qual
o destino do dinheiro legado?

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