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Olá! Ficamos honrados pela oportunidade de trabalhar juntos.

E trabalhar com
pessoas que querem evoluir é sempre mais fácil.

Muitos querem atuar no Direito de Sucessões, mas há alguns perigos no


caminho.

Neste livro digital nós vamos te passar dicas importantíssimas para atuar no
Direito das Sucessões por meio de uma linguagem simples, como se estivéssemos
conversando em um happy hour – esperamos que possamos fazê-lo em breve! :D

Todos sabemos que é uma área extremamente LUCRATIVA, mas tem suas
armadilhas, é bem verdade.

A rigor, trabalhar com inventários exige, pelo menos, conhecimentos em


Direito de Família, Direito de Sucessões, Direito Tributário e Legislação Tributária.

Muita coisa, não é?

Então estamos aqui para facilitar a trajetória e ir direto ao que interessa.

No livro digital NOÇÕES PRÁTICAS DE INVENTÁRIO te passaremos a visão do


processo como um todo: desde a recepção do cliente até o pagamento do ITCMD.

E se você por acaso está com um caso em mãos sem saber o que fazer ou
prestes a pegar um, aqui podemos ter a solução para você.

Ainda quanto ao conteúdo, se você procura um ponto específico, dê uma


olhada no índice. Mas se ainda é iniciante ou mesmo procura se aprofundar no
assunto, aconselhamos a leitura do material como um todo.

Por fim, o nosso combinado: esse livro digital é voltado para orientações
práticas. Portanto, alguns detalhamentos legais ou doutrinários serão deixados para
uma outra oportunidade.

Fique à vontade para tirar dúvidas conosco no Portal Modo Advogado™. O


conhecimento compartilhado tem o potencial de mudar a trajetória das pessoas e a
isso que nos dedicamos.

Um abraço.

Anna e Jonatas
@modoadvogado

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NOÇÕES PRÁTICAS DE INVENTÁRIO – ÍNDICE

CLIENTE BATEU À PORTA: E AGORA?! 3


1.1 ALERTAS AO CLIENTE 5

PRECIFICAÇÃO DO SERVIÇO E CONTRATO DE HONORÁRIOS 6

REGIME DE BENS E SUAS CONSEQUÊNCIAS 8


3.1 NOÇÕES GERAIS 8
3.2 REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS 9

PROCEDIMENTOS APLICÁVEIS 11
4.1 PARTILHA E SOBREPARTILHA 11
4.2 E SE TIVER TESTAMENTO? 12
4.3 DE CUJUS DEIXOU DÍVIDAS – O QUE FAZER? 14
4.4 INVENTÁRIO (JUDICIAL X EXTRAJUDICIAL), ARROLAMENTO E ALVARÁ – O
MELHOR PROCEDIMENTO PARA CADA SITUAÇÃO 16

INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE A HERANÇA – ITCMD/ITCD 19


5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 19
5.2 E O VALOR DOS BENS? 21
5.3 INVENTÁRIO, ARROLAMENTO E ESCRITURA PÚBLICA – QUANDO FAZER O
PAGAMENTO? 24
5.4 QUANDO SERÁ DEVIDO IMPOSTO SOBRE A DOAÇÃO? 26

REGULARIZAÇÃO DE IMÓVEIS 29
6.1 VOCÊ SABE DIFERENCIAR POSSE DE PROPRIEDADE? 29
6.2 DEVO INVENTARIAR A POSSE? 30
6.3 CERTIDÃO DE NASCIMENTO DE UM IMÓVEL: A MATRÍCULA. COMO
ANALISÁ-LA? 30
6.4 COMO IDENTIFICAR QUAL REGULARIZAÇÃO O IMÓVEL NECESSIDADE? 31

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1. CLIENTE BATEU À PORTA: E AGORA?!
No mundo ideal nós aprendemos primeiro e depois colocamos
em prática. No mundo real, nos viramos para resolver os pepinos do
dia a dia.
Esteja minimamente preparado para quando o cliente chegar até
você. Não estamos aqui falando de estrutura física. Hoje em dia o
advogado trabalha com um notebook e o token.
O que queremos dizer é que você precisa conhecer todo o
procedimento do inventário, precisa ter um bom modelo próprio de
contrato de honorários, ser proativo e acima de tudo ter um bom
direcionamento de onde começar e do objetivo que deseja atingir.
Esta clareza é que nós vamos trazer para você.
Por isso trazemos logo no começo do nosso livro a solução para
quem já pegou um inventário ou está prestes a pegar. Veja um
check-list básico de documentos a serem solicitados:
Certidão de óbito do autor da herança (de cujus);
Certidão de casamento ou de nascimento do autor da herança;
Cópia de documento de identidade e CPF: (1) do falecido, (2) dos
herdeiros, (3) do cônjuge, se houver;
Certidão de nascimento ou casamento dos herdeiros (assim como
pacto antenupcial nos casos existentes – pouco frequente);
Solicitar endereço, telefone e e-mail das partes para preenchimento
da declaração ITCMD/ITCD (procedimento para pagamento do
imposto – detalhes à frente);
Comprovação da propriedade de todos os imóveis, móveis e direitos (o
documento irá variar conforme o bem – atenção às eventuais
desatualizações – exemplos: certidão da matrícula, CRLV, extrato
bancário, contrato social, etc);
Certidão de valor venal ou cópia do IPTU de todos os imóveis
para verificação do valor venal;

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Certidão de inexistência ou existência de testamento – em caso de
existência é necessário processo judicial específico;
Contrato social e balancetes de empresas das quais o autor da
herança for sócio;
Certidões negativas de débitos das fazendas Federal, Estadual e
Municipal.
Formal de partilha de heranças recebidas pelo autor da herança.

Separamos um arquivo com essa lista para você, caso queira


imprimir para seu melhor uso. Clique no link abaixo para acessar o
check list.

Clique aqui para acessar o Checklist

MÃOS À OBRA.
Verifique a documentação aplicável ao seu caso e solicite ao
cliente. Faça uma lista a mais clara possível, considerando o grau de
instrução da pessoa que vai receber, o que pode dificultar a
comunicação.

Um alerta que vale a pena devido ao título desde tópico: muito


cuidado ao precificar o serviço com base no que foi dito pelo cliente.
Certifique-se das condições da documentação dos bens antes de
tomar essa decisão.
Um rápido exemplo: falecido deixa apenas um carro e uma casa.
Você passa o preço mínimo, que julgue justo e depois descobre que a
casa deverá ser regularizada por meio de uma ação de usucapião.
Você não vai querer prestar o serviço pelo preço que passou
anteriormente e o cliente não vai gostar de você ter “aumentado” o
preço. Cuidado!
Qual a solução para evitar este tipo de problema? Peça sempre a
certidão atualizada dos bens. Inclua no seu contrato de honorários que

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a regularização de quaisquer imóveis do espólio deverá ser realizada
mediante nova combinação contratual.
Deixe claro que o preço que está sendo pactuado é com base nas
informações passadas pelo cliente. É o famoso “combinado não sai
caro”. São cuidados a mais que vão evitar frustrações na relação que
irá se estabelecer.
Outro alerta! Solicite uma certidão de busca de bens imóveis no
nome do falecido, principalmente se o valor dos honorários for
calculado sob o valor do espólio. Com essa providência você evita
também sobrepartilha por haver deixado algum bem de fora por
desconhecimento da sua existência.
Em alguns estados já é possível realizar a pesquisa on-line de
bens. Para te ajudar, trazemos aqui o site
https://www.registradores.org.br, que realizada o serviço de "Pesquisa
de Bens" - busca de bens imóveis e outros direitos reais registrados em
determinado número de CPF ou CNPJ em uma base compartilhada
pelos Cartórios de Registro de Imóveis do Estado.
No estado de Minas Gerais há o site https://www.crimg.com.br
que possibilita a pesquisa eletrônica de bens. Esta ferramenta
possibilita a pesquisa da ocorrência de determinado CPF ou CNPJ na
base de dados da CRI-MG, conforme informações disponibilizadas
pelos cartórios. Por meio dela, é possível saber se o pesquisado figura
ou já figurou como proprietário, locatário ou usufrutuário de algum
imóvel, ou até mesmo, se possui, ou já possuiu vínculo com algum
registro auxiliar, como cédula de crédito, convenção de condomínio,
dentre outros.

1.1 ALERTAS AO CLIENTE


Não raramente você terá contatos com clientes que não têm o
mesmo nível de instrução que você. Ou, ainda que tenham, atuam em
áreas totalmente diferentes do Direito.

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É importante deixar claro para essas pessoas as consequências do
adiamento do procedimento de inventário. Por ser o ITCMD/ITCD um
imposto de competência estadual, os encargos são diferentes em
cada estado. Mas uma regra é universal: eles não são leves.
Por isso, no caso de uma mera abordagem inicial ou mesmo de
uma consulta, avise o cliente que ele está sujeito a pagar o dobro do
imposto dependendo do tempo que demorar para agir, ou que
poderá ter descontos caso pague dentro de um determinado tempo.
Outra ressalva importante é a desvalorização de bens imóveis que não
estão regulares quando da alienação.
É certo que mesmo assim a pessoa poderá escolher adiar o
recolhimento, mas não poderá alegar que foi mal orientado por você
posteriormente.

2. PRECIFICAÇÃO DO SERVIÇO E CONTRATO


DE HONORÁRIOS
Aprender a calcular o valor do seu serviço é fundamental para a
sobrevivência e sucesso do seu escritório e da sua carreira.
Trabalhar com inventário de bens é altamente rentável, o que
pode lhe proporcionar segurança e independência financeira. Basta
saber trabalhar e cobrar!
Para precificar o seu trabalho tenha sempre em mente o que
precisará ser feito do atendimento ao cliente até a finalização do
serviço. Vamos tomar como exemplo um caso de inventário
extrajudicial e destrinchar o serviço conforme abaixo:
1- Atendimento com os herdeiros ou inventariante – 3 horas
2- Receber documentos, assinar contrato e procuração - 2 horas
3- Análise dos documentos recebidos – 4 horas
4- Busca de documentos faltantes – 2 horas
5- Preenchimento e emissão da guia de ITCMD – 4 horas
6- Elaboração de minuta da escritura pública do inventário – 2 horas
7- Assinatura da escritura pública de inventário – 1 hora

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8- Protocolo da escritura pública de inventário no Cartório de Registro
de Imóveis, DETRAN, instituições financeiras, prefeitura etc. – 3
horas
9- Imprevistos – 2 horas

No caso hipotético acima, gastaríamos 23 horas para a realização


da prestação de serviço, dentre horas intelectuais e horas mecânicas,
tais como diligenciar no Cartório. Geralmente a cobrança dos
honorários em causas de inventário tem por base de cálculo o valor do
patrimônio, sendo em Minas Gerais e São Paulo, por exemplo,
conforme a tabela da OAB o percentual de 6%.
Porém, é necessário planejar o passo a passo da prestação de
serviço para que você não caia no temido “pagar para trabalhar”. Nos
casos em que o percentual sobre o patrimônio não for justo para o
trabalho a ser feito, considere cobrar pela hora trabalhada.
Existem ainda estratégias para majorar seus honorários, como
por exemplo, oferecer serviços extras como a regularização da
propriedade dos imóveis e planejamento sucessório para o cônjuge
sobrevivente, para que os seus herdeiros não tenham que passar por
todo procedimento outra vez. Fique de olho nas oportunidades e
venda soluções!
Quando estiver assinando o seu contrato de honorários, vista
aquela sua melhor camisa e planeje de forma racional seu tempo. Não
há ramo lucrativo que salve um profissional que não sabe cobrar pelo
seu serviço.
Para facilitar seu trabalho, no link abaixo você poderá acessar um
contrato de honorário, que deverá ser adaptado à sua realidade.

Modelo de Contrato de Honorários

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MÃOS À OBRA.
Se tem um caso em mãos ou está prestes a ter pense desde já
seus honorários. Não espere para ter uma surpresa no momento que o
cliente expõe os detalhes, pois, você sabe, ele vai querer um preço ali,
naquele momento. Quanto custa sua hora de trabalho? Se você não
tem esse parâmetro, provavelmente não está encarando sua
advocacia como uma atividade empresarial e isso pode te trazer danos
consideráveis.

3. REGIME DE BENS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

3.1 NOÇÕES GERAIS


Se tivéssemos que eleger um campeão das causas de erros em
inventários certamente a interpretação correta do regime de bens e
suas consequências na partilha estaria entre os candidatos. É um
assunto que exige alguns cuidados especiais. Vamos te passar
algumas dicas que podem ser úteis.
A primeira pergunta a ser realizada é: qual o regime de bens
aplicável, caso o falecido se encontrasse em uma sociedade conjugal?
Isso a maioria das pessoas sabe, mas acaba se perdendo no segundo
passo.
O cuidado seguinte é fazer a correta classificação dos bens.
Você deverá, antes de partir para a divisão dos bens, classificar os bens
em comuns e particulares. Se esse passo for ignorado, só por acaso
você acertará a partilha e, consequentemente, o pagamento do
ITCMD, caso incidente.
Atentos à proposta do presente livro, vamos te passar um
regramento aplicável ao regime de bens mais utilizado: o regime de
comunhão parcial de bens. Você talvez saiba que esse é o regime
escolhido pela lei. Em outros termos, se aqueles que iniciam uma

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sociedade conjugal não escolherem outro regime por meio de pacto
antenupcial ou a lei impuser a separação legal, teremos a aplicação do
regime de comunhão parcial de bens.

3.2 REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS


É importante deixarmos claro para você que esse material
pretende te dar um atalho na sua atividade profissional. Diante disso,
por uma questão de definição, você pode precisar de uma consulta
mais aprofundada ao Código Civil, conforme o caso concreto que tiver
em mãos.
Observe também que o regime de comunhão parcial de bens é
aplicável às uniões estáveis. Não adentraremos aqui a opiniões
minoritárias sobre o tema.
Vamos à prática! Vou te passar aqui um roteiro que se aplicará à
grande maioria das situações. Quanto às exceções, o objetivo nos
foge no presente momento.
Seguindo a regra que colocamos acima, definido o regime
aplicável à sociedade conjugal, passaremos à definição de bens entre
comuns e particulares.
A regra para os bens comuns é a seguinte: aqueles adquiridos
onerosamente na constância da sociedade conjugal. Ou seja, os que
foram comprados após início do casamento ou da união estável
independentemente do nome que conste do documento de
propriedade, se for o caso.

MÃOS À OBRA!
Se você tem um caso em mãos, analise os bens deixados e
classifique aqueles que você identifica como comuns. Tenha em
mente dois dados importantes: as datas de início da sociedade
conjugal e da aquisição do bem em questão e a aquisição onerosa.

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Lembre-se de que sobre os bens comuns recairá meação, sobre a
qual não incidirá imposto, pois, por definição, é mero delineamento do
patrimônio do cônjuge sobrevivente.
Seguimos agora para a definição de bens particulares. Aqui
temos dois casos mais prováveis de aparecer para você: bem recebido
em herança pelo falecido ou por ele adquirido antes do início da
sociedade conjugal.
Nesses dois casos, o cônjuge será herdeiro assim como os demais,
tendo em seu favor a reserva da quarta parte, quando aplicável.

POSSÍVEL DÚVIDA!
A ausência do nome de um dos cônjuges no documento de
propriedade do bem causa perda do direito de meação?
A meação será apurada, em regra, conforme o regime de bens e a
data de aquisição. A presença do nome do documento de aquisição,
diante desses fatores, é irrelevante.

MÃOS À OBRA!
Veja os bens do caso que você tem em mãos e identifique os que são
particulares. Veja também quais são os demais herdeiros, para correto
cálculo. Se forem herdeiros descendentes, atente-se à reserva da
quarta parte.

Pronto! Agora você tem os bens definidos em comuns e


particulares. Perceba que a definição da meação e quinhões
dependerá dessa classificação. Ou seja, você poderá dividir aqui o
raciocínio em dois grandes grupos: bens particulares e bens comuns.

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4. PROCEDIMENTOS APLICÁVEIS
Falamos anteriormente sobre a possibilidade de o cliente
esconder bens de você, ainda que sem querer. Seja por não conhecer
o bem, pensar que não precisa ser inventariado ou até mesmo por
esquecimento.
Para seguir em frente, você deve ter certeza de que seu trabalho
investigativo foi bem feito. Caso contrário, teremos uma maior
possibilidade de surpresas desagradáveis no futuro, tanto para você
quanto para seu cliente.

4.1 PARTILHA E SOBREPARTILHA


Importante que você tenha em mente a possibilidade de
sobrepartilha, pois pode inventariar uma parte dos bens em um
momento, deixando bens determinados para um momento posterior.
Veja o que diz a lei.
CPC/15.
Art. 669. São sujeitos à sobrepartilha os bens:
I - sonegados;
II - da herança descobertos após a partilha;
III - litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa;
IV - situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o
inventário.
Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão reservados
à sobrepartilha sob a guarda e a administração do mesmo ou de diverso
inventariante, a consentimento da maioria dos herdeiros.
O inciso III acima é muito útil para o caso em que os herdeiros
não concordam apenas em relação a uma parcela da herança. Faz-se o
inventário dos incontroversos e depois resolve-se o controverso.
Outro uso inteligente da sobrepartilha é para deixar imóveis
irregulares para serem inventariados em posterior partilha, realizando

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o inventário com mais agilidade da parte do espólio que se encontra
regular.
Obviamente, é a deixa para o ajuste do recebimento dos
honorários em momentos diversos e proporcionais ao montante
inventariado – lembre-se de fazer este ajuste quando da assinatura do
contrato de honorários.
No entanto, podemos comparar a sobrepartilha a um carro. Ele
pode ser usado para salvar pessoas, por exemplo, ou para causar
acidentes. Queremos dizer com isso que quando mal utilizada poderá
trazer prejuízo às partes e dor de cabeça desnecessária.

POSSÍVEL DÚVIDA!
Como realizar atos de gestão necessários antes da lavratura da
escritura pública?
Nesse caso deverá ser lavrada uma escritura de nomeação de
inventariante, que terá os poderes para a gestão necessária dos bens.

MÃOS À OBRA!
Verifique se há algum bem no seu caso concreto sujeito à
sobrepartilha. Lembre-se de que tal informação é importante também
para a precificação do serviço.

4.2 E SE TIVER TESTAMENTO?


O testamento não é tão frequente no Brasil, mas encontramos
alguns. É importante você saber que há uma recente decisão
importante sobre o tema. Porém, primeiramente, vejamos o
dispositivo aplicável.
CPC/15.
Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao
inventário judicial.

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§ 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão
ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para
qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância
depositada em instituições financeiras.
Há recente decisão da quarta turma do STJ em que é conferida
nova interpretação ao dispositivo, permitindo o inventário extrajudicial
após o registro do testamento em processo judiciário, desde que os
herdeiros sejam maiores, capazes e concordes.
Em termos simples: (1) registro do testamento junto ao Judiciário;
(2) inventário extrajudicial dos bens.
E como ter certeza se existe testamento ou não? É fácil! Acesse o
site https://censec.org.br , neste portal é possível solicitar informações
sobre existência ou não de testamento, público ou cerrado, assim
como suas eventuais revogações.
Para realizar a solicitação de informação sobre existência de
testamento é necessário encaminhar os seguintes documentos
digitalizados:
1. Documento de identificação e CPF do falecido;
2. Certidão de óbito emitida pelo Registro Civil de Pessoas
Naturais ou Tradução de óbito em casos de falecimentos ocorridos no
estrangeiro.
Para óbitos ocorridos no estado de São Paulo, acesse a Central de
Atos Notariais Paulista – CANP.

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Imagem 1 – CENSEC – Página Principal

MÃOS À OBRA!
Entre no site para fazer a verificação apontada. Se não for o caso,
abra apenas para conhecer o recurso.

4.3 DE CUJUS DEIXOU DÍVIDAS – O QUE FAZER?


É comum que as pessoas deixem não só bens como também
dívidas. Aí podemos ter uma “sinuca de bico” aqui, pois será necessário
emitir as certidões negativas. Há casos em que a família consegue
quitar as eventuais dívidas às suas próprias expensas para emissão das
certidões e fazem um acerto posterior entre si.
No entanto, há situações em que a família não tem condição
financeira para assim proceder. Aqui será necessário um alvará para
levantamento de valores ou mesmo para venda de um ou vários bens
deixados para que se possa regularizar a situação financeira.
Lembramos que tal alvará pode ser também expedido com base
em eventual dificuldade financeira enfrentada por aqueles próximos
ao falecido.
Cabe aqui um alerta. O alvará terá um prazo para a prática do ato
nele autorizado, por isso aconselhamos que você oriente o
inventariante a colocar o bem em questão à venda e solicite o alvará
quando houver proposta concreta.

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Isso porque você poderá solicitar o alvará e eventualmente surgir
comprador após a validade estabelecida pelo juiz, o que gerará
retrabalho, pois você precisará repetir o pedido.
É importante também que o representante verifique a eventual
existência de seguro em contratos de parcelamento/ financiamento
que venham a cobrir o evento morte, quitando a eventual dívida.
Atenção aqui ao fato de que essas coberturas não são
automáticas. Pense num seguro de veículo, por exemplo. Se você tem
um dano no seu carro, você precisa entrar em contato com a
seguradora para que haja o reparo ou ressarcimento.
No caso de seguros prestamistas a lógica é absolutamente a
mesma. Você precisa entrar em contato com a instituição seguradora
informando o sinistro, que nesse caso é a ocorrência da morte, para
fazer valer o direito.
Não há um canal padrão para acionamento, podendo ser por
e-mail, por telefone ou até mesmo pelo gerente do banco. Você
precisará verificar o canal aplicável à sua situação.
Os cuidados, porém, não ficam por aqui. É comum que a
instituição seguradora seja diferente da credora. Por exemplo: Fulano
faleceu e deixou dívida de financiamento automotivo com o banco A,
mas o seguro prestamista foi realizado junto ao banco B.
E como você vai verificar essa existência? Muito simples. A maioria
das pessoas que contratam esse seguro nem têm ciência da cláusula.
Você precisará ter acesso ao contrato referente àquela dívida bancária
para buscar entre as cláusulas.

POSSÍVEL DÚVIDA.
É possível realizar a venda de um bem que seja integrante de
espólio não inventariado?
A venda regular apenas poderá se dar após a regularização. Há a
possibilidade de cessão de direitos hereditários, por exemplo, mas que
deverá ser cuidadosamente estudada pelo advogado.

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MÃOS À OBRA!
Emita as certidões junto às fazendas públicas dos 3 entes federativos.
No caso da municipal é possível que seja emitida uma para cada
imóvel, no caso de existência de mais de um cadastro. Verifique
também a eventual existência de seguros prestamistas para as dívidas
com instituições bancárias.

4.4 INVENTÁRIO (JUDICIAL X EXTRAJUDICIAL), ARROLAMENTO E


ALVARÁ – O MELHOR PROCEDIMENTO PARA CADA SITUAÇÃO
Nossa primeira consideração é sobre a possibilidade de realizar o
procedimento de forma extrajudicial, o que trará mais celeridade. Aqui
você deve lembrar-se de que, ainda que haja testamento, há
precedente jurisprudencial recente para a realização do procedimento
de forma extrajudicial, após o registro do testamento.
Caso não haja testamento, o que ocorre na maioria dos casos,
basta que sejam verificadas as condições constantes do artigo 610, § 1º,
que repetimos abaixo.
CPC/15.
Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao
inventário judicial.
§ 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão
ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para
qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância
depositada em instituições financeiras.
O inventário extrajudicial é sempre mais barato? Não! Geralmente
é. Mas verifique a realidade do seu estado, pois você pode estar do
lado minoritário e o melhor momento para descobrir isso é agora.
Excluída a hipótese de inventário extrajudicial, nos resta a via
judicial, sabidamente mais morosa. A partir deste ponto deveremos

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verificar qual o procedimento a ser aplicado: (1) inventário, (2)
arrolamento ou (3) arrolamento sumário.
Aconselhamos o raciocínio por exclusão, pois queremos sempre o
procedimento mais simples e célere. Portanto, vejamos as condições
do arrolamento e arrolamento sumário. Caso não sejam aplicáveis, nos
restará o inventário judicial.
No caso do arrolamento, que é um processo judicial mais
simples, o artigo 659 do CPC/15 traz como condição a partilha
amigável.
CPC/15.
Art. 659. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos
da lei, será homologada de plano pelo juiz, com observância dos arts. 660 a
663.
Ressaltamos aqui uma diferença significativa entre o arrolamento
e o inventário: o recolhimento do imposto no âmbito do processo
judicial. Há uma pequena discussão aqui que vale apena abordar.
No caso do arrolamento comum algumas jurisdições cobram a
comprovação do pagamento do imposto no processo judicial,
enquanto outras tratam o arrolamento comum e sumário da mesma
forma, dispensando a comprovação em ambos os casos.
Obviamente, seja no caso do arrolamento comum ou do sumário,
não sendo exigida a comprovação do pagamento do imposto, o
encerramento do processo judicial tende a ocorrer de forma mais
célere.
No entanto, ainda assim o imposto é exigido, pois ocorreu o fato
gerador morte. Portanto você deverá proceder ao recolhimento do
imposto de forma correta.
Do contrário, os herdeiros serão surpreendidos posteriormente
com a cobrança do imposto, em regra, quando quiserem dispor dos
bens, além do risco de autuação por parte da fiscalização tributária.
Importante ainda a diferenciação entre arrolamento e
arrolamento sumário. Colocaremos abaixo a correlação dos

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dispositivos caso você queira ler a literalidade e em seguida
mostraremos um esquema que resume a diferença.
● Arrolamento comum: artigo 659;
● Arrolamento sumário: artigos 660 a 663.

Imagem 2 – Arrolamento Comum e Sumário

Como dito acima, caso a situação apresentada exclua tanto o


arrolamento quando o arrolamento sumário, nos restará recorrer ao
inventário judicial.
Ainda, caso a situação financeira do cliente leve o advogado a
considerar a forma mais econômica, lembramos da possibilidade da
concessão de gratuidade de justiça. Ou seja, o procedimento
extrajudicial é mais célere, não sendo necessariamente mais barato.
No caso do procedimento judicial a jurisprudência aponta para o
montante da herança (excluída a meação) como referência para
gratuidade de justiça e para o pagamento de custas judiciais, quando
for o caso.

POSSÍVEL DÚVIDA!
Qual o procedimento mais célere?

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O procedimento extrajudicial.

Qual o procedimento mais econômico?


Caso seu cliente tenha condições de gozar da gratuidade de justiça,
tende a ser o procedimento judicial.

MÃOS À OBRA!
Qual o(s) procedimento(s) aplicáveis ao seu caso? Qual o
entendimento da jurisdição sobre a comprovação do recolhimento de
imposto no arrolamento comum (se for o caso)? No seu estado o
inventário extrajudicial é mais econômico do que o judicial?

5. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE A


HERANÇA – ITCMD/ITCD

5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS


Um importante tema a ser levado em conta é recolhimento do
imposto. Ponto de várias discussões, faremos uma exposição breve
sobre o tema, procurando te passar uma boa noção sobre o momento
correto do recolhimento. Após, faremos algumas considerações
importantes, uma vez que não é possível esgotar o tema nesta
ocasião.
Primeiramente, você deverá identificar, de acordo com a data da
morte, a incidência do imposto correto. Isso ocorre porque, caso a
morte seja muito antiga, é possível que o imposto incidente seja o ITBI,
não o ITCMD/ITCD, o que vai mudar a lei que regula o imposto,
mudando, portanto, base de cálculo, alíquota, eventuais isenções etc.
É importante lembrar-se de que estamos falando de um imposto
de incidência estadual, portanto cada ente desta natureza terá sua lei.
Você deverá identificá-la nos portais online. Isso costuma ser tarefa
fácil: vá até o Google e digite “lei ITCMD + (nome do seu estado)”. Veja

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entre as ocorrências já na primeira página e localize a lei do seu
Estado.
Localize as isenções que podem ser aplicáveis ao seu cliente. Se
preferir, use a funcionalidade “crtl + f” para fazer uma busca por termo
na página – segure a tecla “crtl” e em seguida pressione a letra “f”.
Digite “isenção” ou “isenções” e verifique os dispositivos relacionados.
A sequência de imagens a seguir usa a legislação do Estado de
São Paulo como exemplo e demonstra o passo a passo acima.

Imagem 3 – 1º passo: busca da lei.

Imagem 4 – 2º passo: funcionalidade “crtl +f” e busca.

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Abaixo trazemos um fluxograma para ajudar você a entender um
pouco melhor os passos da declaração e posterior pagamento do
imposto. É possível a ocorrência de pequenas mudanças de acordo
com o Estado, mas a natureza do processo é basicamente a mesma.

Imagem 5 – Declaração e pagamento do imposto.

MÃOS À OBRA!
Verifique a data do óbito do inventário em questão para definição
do imposto causa mortis. A dúvida paira apenas sobre óbitos antigos
(década de 90). Verifique a lei do seu estado e respectivas hipóteses de
isenção.

5.2 E O VALOR DOS BENS?


Vencida essa primeira etapa, que é bastante específica para cada
estado, vamos a considerações específicas importantes.
Já ciente de todos os bens a serem inventariados, você deverá
proceder à realização da declaração dos valores junto ao órgão
fazendário estadual.

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Atenção! Não estamos falando da Procuradoria Estadual (que
representa o Estado em litígios estaduais), mas do órgão responsável
pela fiscalização de arrecadação de tributos, a Secretaria da Fazenda
ou similar correspondente.
Você deverá identificar o link para produção da declaração dos
bens a ser transmitida.
Os bens deverão ser declarados com seus respectivos valores de
mercado quando da morte do de cujus – aquele que deixa a herança.
Muita atenção aqui, pois valores declarados incorretamente estarão
sujeitos a sanções legais por parte da fiscalização.
Ainda, a declaração com valores diferentes do momento da morte
(fato gerador do imposto) poderá ocasionar cobranças a maior ou a
menor, conforme o caso.
A declaração dos valores dos bens é sempre motivo de polêmica,
mas há alguns que tem maior previsibilidade quanto à ausência de
litígio, por exemplo:
● Automóveis: normalmente valorados pela tabela FIPE, se
assim forem declarados provavelmente não serão alvo de
correção;
● Contas/ ativos bancários: fácil comprovação dos valores pela
apresentação de extratos bancários ou cotações de
mercado.
Importante lembrar: a data da valoração é a data da ocorrência
da morte (certidão de óbito).
No entanto, há outros pontos polêmicos dos quais destacaremos
aquele que provavelmente é o mais importante: a valoração de bens
imóveis.
Aqui poderemos ter a seguinte “queda de braço”: os contribuintes
declaram pelo valor de IPTU ou ITR; a fiscalização quer aumentar a
base de cálculo para próximo de um valor de venda.

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Digo poderemos pois há estados em que a questão é pacificada,
portanto você deverá verificar a lei do estado e, se for o caso, a
jurisprudência do TJ da sua jurisdição.
Agora que você já tem acesso à lei do seu Estado, busque pelos
termos “base de cálculo”, “imóvel” e verifique o que lá consta.
Provavelmente encontrará referências ao IPTU e ITR, colocados pela lei
como valor mínimo. Aqui vale a pena uma maior pesquisa para saber
como a fiscalização vem atuando no seu Estado.
Caso estejam aceitando esses valores de IPTU e ITR (conforme a
natureza do bem), você não terá problemas declarando o valor nesses
parâmetros. Caso estejam fazendo correção desses valores, é
interessante medir as consequências de declarar abaixo (aumento de
prazo por notificação para correção, incidência de encargos,
autuações).
Aqui você deve estar se perguntando se a declaração incorreta
dos valores gera autuação automática. A resposta é: em regra não. É
contra o próprio mecanismo de funcionamento do imposto, em que o
contribuinte declara e se errar já é autuado.
Seria como se você fizesse sua declaração de imposto de renda
incorreta e fosse autuado sem chance de retificação. É improvável,
mas peculiaridades aplicáveis a um caso ou outro podem mudar a
“regra do jogo”. No entanto, esses detalhes são para um outro
momento.
Aqui vai uma dica caso esteja com muita pressa: entre em
contato com alguns cartórios da sua região e pergunte como a
Secretaria da Fazenda (ou órgão fazendário correspondente) está
direcionando os valores. Eles costumam ter um contato mais próximo,
uma vez que podem ser implicados em caso de recolhimentos a
menor.

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MÃOS À OBRA!
Verifique os bens transmitidos e respectivos documentos para
valoração. Atente-se à referência do fato gerador para definição das
bases de cálculo.

5.3 INVENTÁRIO, ARROLAMENTO E ESCRITURA PÚBLICA – QUANDO


FAZER O PAGAMENTO?
Essa é uma dúvida recorrente, mas simples de entender a
diferença. Vamos primeiro ao arrolamento que, como vimos, é o
procedimento judicial mais simples.
No caso do arrolamento sumário, o CPC/15 prevê o não
conhecimento das questões relativas ao imposto. Vejamos abaixo.
Art. 662. No arrolamento, não serão conhecidas ou apreciadas questões
relativas ao lançamento, ao pagamento ou à quitação de taxas judiciárias e
de tributos incidentes sobre a transmissão da propriedade dos bens do
espólio.
§ 2º O imposto de transmissão será objeto de lançamento administrativo,
conforme dispuser a legislação tributária, não ficando as autoridades
fazendárias adstritas aos valores dos bens do espólio atribuídos pelos
herdeiros.
No entanto, alguns juízes ainda ordenam o pagamento no âmbito
do processo judicial. Nesse caso, caberá a você e seu cliente optarem
por enfrentar a decisão ou fazer o pagamento para prosseguir com o
processo.
Você deve se lembrar também sobre a divergência sobre o
arrolamento comum, sendo importante que você verifique o
posicionamento da vara onde tramitará o inventário.
Mesmo que não haja a obrigatoriedade da comprovação do
recolhimento em âmbito judicial, deverá ser feita a declaração junto ao
site da Secretaria da Fazenda (ou órgão fazendário correspondente),

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conforme exposto no item anterior, para que haja o correto
recolhimento do imposto. A não realização da declaração poderá
trazer problemas aos herdeiros.
No caso do inventário, o imposto será exigível após a
homologação da partilha (momento em que o juiz aprecia a partilha
proposta e com ela concorda). No rito de inventário, há a participação
da Procuradoria do Estado que, provavelmente, irá solicitar ao juiz que
intime os herdeiros a realizarem o pagamento.
Nesse ponto, o procedimento de declaração dos bens para
pagamento do imposto se aproxima ao dito anteriormente, sendo
realizado junto à Secretaria da Fazenda do seu Estado.
Por fim, temos o procedimento de inventário extrajudicial. Nesse
caso, é importante ressaltar que o CNJ orienta que a lavratura seja
realizada apenas em caso de quitação integral do imposto. Ou seja,
caso o imposto esteja sendo pago por meio de parcelamento, não
haverá a lavratura da escritura até que o imposto seja totalmente
pago.

POSSÍVEL DÚVIDA!
É possível realizar o pagamento do imposto antes da
homologação da partilha no caso do inventário?
Essa verificação deverá ser feita junto ao órgão fazendário do seu
Estado. Em São Paulo, por exemplo, o recolhimento poderá ocorrer. No
entanto, se pendente a avaliação pela Secretaria da Fazenda, há risco
de recolhimento a maior ou menor.

Há possibilidade de parcelamento do imposto?


A possibilidade de parcelamento do ITCMD/ITCD deverá ser verificada
conforme o Estado, pois deverá constar de ato normativo estadual.

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MÃOS À OBRA!
Diante do caso que tem em mãos, verifique o rito aplicável e o
momento em que será exigido o pagamento do imposto, se for o caso.

5.4 QUANDO SERÁ DEVIDO IMPOSTO SOBRE A DOAÇÃO?


Esse é mais um ponto de algumas polêmicas no pagamento do
imposto. Traremos aqui os principais aspectos.
Primeiramente é necessário ter em mente de forma muito clara
que são dois fatos geradores diferentes de pagamento de imposto e
que não se confundem doação e morte. De fato, o imposto incidente é
o mesmo, mas as causas são ocorrências distintas não relacionadas.
Para que fique mais fácil de raciocinar o caso, mentalize sempre
uma linha do tempo. Quando ocorreu a morte? Quando ocorrerá a
doação?
Você perceberá que, em que pese eventualmente serem os
impostos incidentes recolhidos no mesmo momento, a origem dos
recolhimentos se dá em momentos absolutamente distintos. Com isso
em mente, vamos prosseguir.
O primeiro caso que vamos abordar é aquele em que as pessoas
doam “sem querer”, ou seja, são surpreendidas pela cobrança do
imposto. Ocorre quando os herdeiros fazem ajustes entre si para
distribuir os bens conforme a melhor conveniência.
Vamos a um exemplo? João morre deixando duas casas. João
deixa apenas dois filhos, que decidem que cada um ficará com uma
casa. Para nosso exemplo aqui, vamos supor que as casas têm o
mesmo valor, R$ 300.000,00 por exemplo.
No caso, teremos um patrimônio total de R$ 600.000,00, tendo
sido o quinhão de cada herdeiro no valor de R$ 300.000,00. Não houve
doação. Isso porque aqui verificamos o quinhão justo para cada
herdeiro diante do total deixado e depois verificamos quanto ficou
para cada um.

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Como não houve diferença, não houve doação.
Outro seria o resultado se, considerando o mesmo total de
herança, R$ 600.000.00, um herdeiro recebesse um imóvel no valor de
R$ 400.000,00 enquanto outro recebe um imóvel no valor de R$
200.000,00. Novamente consideramos o valor justo, que seria R$
300.000,00, diante do total de R$ 600.000,00.
Nessa segunda situação, temos a doação de R$ 100.000,00 de um
herdeiro para o outro, pois é esse o valor da diferença entre o que fora
efetivamente recebido e o que deveria ter sido recebido.
O mesmo raciocínio se aplica aos herdeiros que, diante de
múltiplos bens, fazem ajustes entre si, de forma que “abrem mão” de
determinada parte da herança, “recebendo” apenas uma parte do seu
direito.
Perceba as aspas usadas no parágrafo acima. Elas estão lá porque
o Código Civil veda o recebimento ou renúncia parcial da herança. A
consequência prática é a figura conhecida como renúncia translativa.
Na prática, a renúncia translativa é um recebimento integral da
herança e posterior doação daquela parte que o herdeiro em questão
está abrindo mão.
Dois fatos geradores? Sim! Um causa mortis e outro inter vivos.
A outra hipótese é a renúncia pura e simples, também dita como
renúncia em favor do monte. Nessa hipótese o herdeiro em questão
abre mão totalmente da sua herança, sem fazer distinção entre os
demais interessados.
Na prática, é considerado inexistente, retornando ao monte o
valor para divisão proporcional.
Por fim, temos o caso da possibilidade de incidência do ITCMD
em divórcios. Primeiramente é importante entendermos a diferença
entre bens comuns e bens particulares no contexto da sociedade
conjugal. Para fins de melhor entendimento, vamos raciocinar com o
regime de comunhão parcial de bens.

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● Bens comuns: adquiridos onerosamente na constância da
sociedade conjugal;
● Bens particulares: pertencentes a apenas um dos
cônjuges.
A doação poderá ocorrer em relação à partilha dos bens comuns.
Devemos entender aqui que o conjunto formado pelos bens comuns
forma um todo indiviso enquanto a sociedade conjugal perdurar.
Quando ela é desfeita, esses bens devem ser divididos igualmente.
Diante disso, caso os bens não sejam divididos igualmente, terá
ocorrido a doação da parte daquele que renuncia a seu patrimônio
para aquele que recebe. Vamos a um exemplo para melhor entender.
João e Maria se casaram sem bens em regime de comunhão
parcial de bens. Adquiriram um imóvel onerosamente. No divórcio, o
imóvel ficou todo para Maria. Portanto, João doou sua metade no
imóvel para Maria.
Importante aqui lembrar da possibilidade de isenção, a ser
verificada de acordo com o valor do imóvel e o que constar da lei do
seu Estado.

MÃOS À OBRA!
No caso do inventário que você tem em mãos, os herdeiros
pretendem fazer algum tipo de ajuste entre eles? De que ajuste se
trata, renúncia translativa ou renúncia pura e simples? Informe sobre
os custos eventualmente envolvidos.

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6. REGULARIZAÇÃO DE IMÓVEIS

6.1 VOCÊ SABE DIFERENCIAR POSSE DE PROPRIEDADE?


Ao atender o cliente você precisa se atentar ao documento do
bem imóvel. Muitas vezes o cliente tem um simples contrato de
compra e venda e acredita fielmente ter a propriedade do bem.
A propriedade é o direito real de usar, fruir, dispor e reivindicar a
coisa sobre a qual recai, respeitando sua função social.
A aquisição da propriedade imobiliária se dá pelo registro, pela
acessão, pela usucapião, pela posse-trabalho, pelo direito hereditário e
pelo casamento.
Antes do registro não há direito real sobre o imóvel, de forma
que não é suficiente a lavratura de uma escritura pública de compra e
venda, pois ela precisa ser levada à registro no Cartório de Registro de
Imóveis da circunscrição competente para que se torne oponível erga
omnes (contra terceiros).
Desta forma ouvimos muito dizer e com razão que “quem não
registra não é dono.”
Enquanto a posse é o exercício de fato, pleno ou não, de um dos
poderes inerentes ao domínio. O possuidor é aquele a quem se atribui
o uso da propriedade.
Para melhor entender, aquela pessoa que possui somente um
contrato de compra e venda ou até fez a escritura pública de compra e
venda e não levou a registro no Cartório de Imóveis é possuidor e não
proprietário.
O proprietário é aquele que possui seu nome inscrito na
matrícula do bem.

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MÃOS À OBRA!
Caso tenha um caso em mãos em que haja imóveis a inventariar,
verifique o proprietário constante da matrícula.

6.2 DEVO INVENTARIAR A POSSE?


Essa é a pergunta que mais recebemos em nossas páginas. É
uma dúvida geral.
Importante destacar que regularizar um imóvel por meio de
usucapião é sempre a última hipótese e que incluir o direito à posse
na relação dos bens do espólio para se inventariar poderá facilitar o
trâmite da usucapião, pois se comprovará o exercício da posse e a sua
transmissão para os herdeiros.
Sendo assim, cada caso deverá ser analisado de forma individual
para entender qual a melhor forma de regularização, seja
inventariando a posse ou fazendo uma usucapião direta caso os
requisitos estejam atendidos.

6.3 CERTIDÃO DE NASCIMENTO DE UM IMÓVEL: A MATRÍCULA.


COMO ANALISÁ-LA?

A matrícula é uma ficha numerada onde se descreve o imóvel e


se indica o titular.
Cada imóvel tem apenas uma matrícula obedecendo o princípio
da unicidade registral.
Nas matrículas são registrados e averbados todos os fatos
jurídicos que alteram de alguma forma o direito nela inscrito.

MÃOS À OBRA!
Analise a matrícula dos imóveis a serem transmitidos e veja os
registros e as averbações que eventualmente influenciam no direito
do titular.

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6.4 COMO IDENTIFICAR QUAL REGULARIZAÇÃO O IMÓVEL
NECESSIDADE?
A análise da matrícula deve passar por todas os seus registros (R)
e averbações (AV).
Indico que você faça uma linha do tempo da matrícula,
geralmente uso uma folha à parte e vou colocando todas as alterações
ocorridas naquela matrícula ao longo do tempo e excluindo as que
não existem mais.
Por exemplo, se a pessoa não é mais proprietária risco o nome
dela, se houve a baixa de uma penhora, excluo. Até que sobre somente
o que é a situação atual do documento.
Por meio desta análise você saberá se este imóvel se encontra em
comunhão com outras pessoas ou não, se há a necessidade de realizar
o georreferenciamento, inserção de medidas, retificação de área,
atualização e inclusão de dados pessoais, averbação de construção,
averbação de demolição, divisão amigável etc.
Pegar o feeling do que precisa ser feito na matrícula prescinde de
familiaridade na leitura do documento, de forma que quanto mais
exercitar a prática, mais fácil ficará de diagnosticar e apontar a
regularização necessária.
No curso de Treinamento Prático em Inventários ensinamos
nossos alunos a analisar uma matrícula e disponibilizamos um
exercício para treino.
Clique aqui para conhecer e começar agora mesmo.

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Chegamos ao final deste livro e queremos saber sua opinião: O
quanto aprender sobre Inventários e todos os seus detalhes práticos
vai te ajudar no dia a dia?
Se for possível, vai lá no nosso perfil no Instagram e responde em
qualquer caixinha dos stories se você gostou. É muito importante
saber sua opinião para continuarmos produzindo conteúdo que te
ajude de verdade. Só clicar aqui.

Te esperamos lá!
Um abraço.

Anna e Jonatas.

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