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Principais correntes epistemológicas do

processo de ensino-aprendizagem
Créditos
Professoras-autoras
Stephanie Matos Silva
Steffi Greyce de Castro Lima
Regimarina Soares Reis
 
Revisoras Técnicas
Deborah de Castro e Lima Baesse
Ana Estela Haddad
 
Revisora Pedagógica
Paola Trindade Garcia
 
Design Instrucional
Steffi Greyce de Castro Lima
Stephanie Matos Silva
 
Designer Gráfico
Juliana Santos Aires de Oliveira

Revisão Textual
Mizraim Nunes Mesquita

Como citar este material: SILVA, S.M.; LIMA, S.G.C.; REIS,


R.S. Principais correntes epistemológicas do processo de
ensino-aprendizagem. In: UNIVERSIDADE FEDERAL DO
MARANHÃO. Curso Produção de Recursos Autoinstrucionais
para EAD (PRA-EAD). Planejamento educacional: por que, para
que e como fazer? São Luís: UFMA; PRA-EAD, 2020.
Professoras-autoras
Stephanie Matos Silva
Graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Especialista em Gestão em Saúde pela UFMA e em Avaliação Psicológica
pelo Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG). Mestranda em Saúde
Coletiva na UFMA. Atua como Designer Instrucional no Núcleo Pedagógico da
Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS/UFMA).

Steffi Greyce de Castro Lima


Graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Mestranda em Psicologia (UFMA). Atua como Designer Instrucional do Núcleo
Pedagógico da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS/UFMA).

Regimarina Soares Reis


Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Especialista em Gestão Pedagógica pela Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). Especialista em Processos Educacionais em Saúde pelo
Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa (IEP). MBA em Gestão em Saúde
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Mestre e doutora em Saúde Coletiva
(UFMA). Pesquisadora em Saúde Pública/FIOCRUZ-RJ. Possui experiência em
gestão pedagógica, gestão em saúde, educação a distância e metodologias
inovadoras de ensino-aprendizagem em educação na saúde.
Apresentação
Olá!
Neste material serão abordadas as
principais correntes epistemológicas que
servem de fundamentos para as teorias
da aprendizagem. Você saberia justificar a
importância de se conhecer esse assunto para
a elaboração de um adequado planejamento
educacional?
Existe um vasto marco teórico sobre
essa temática, o qual se respalda em diferentes
concepções embasadas na Psicologia da
Aprendizagem. Assim, é muito importante
conhecer as correntes epistemológicas do
ensino-aprendizagem para que decisões
pedagógicas sejam tomadas com clareza e
coerência.

Bons estudos!

OBJETIVO
Ao final deste material espera-se que você conheça as
correntes epistemológicas que embasam as principais
teorias da aprendizagem.
Correntes epistemológicas do processo de
ensino-aprendizagem
Quando nos propomos a falar sobre Planejamento
Epistemologia:
Educacional para recursos autoinstrucionais, é
estuda a origem,
fundamental compreendermos as bases epistemológicas a estrutura,
do processo de ensino-aprendizagem, as quais nos os métodos e
ajudam a compreender as visões de mundo que sustentam a validade do
conhecimento.
determinadas escolhas pedagógicas.
Quais concepções fundamentam uma proposta educacional que
privilegia a transmissão de conteúdos e a avaliação classificatória baseada em
notas?
Implicitamente, esta escolha subentende a ideia de que os alunos
são receptáculos do conhecimento e de que a aprendizagem é um processo
estanque, que se dá em uma única via: a do professor que detém o
conhecimento e do estudante que o recebe. Claro que esse é um exemplo
reducionista que não pretende contemplar os pormenores do processo de
planejamento de uma oferta educacional.
No entanto, o caso serve para perceber que as escolhas educacionais
devem sempre ser embasadas em sustentações teóricas que imprimam
coerência.
As três principais correntes epistemológicas que embasam as teorias da
aprendizagem são:
1. Inatismo
2. Empirismo
3. Interacionismo
Inatismo
Nesta concepção há a maior ênfase no aspecto
O inatismo prioriza os
biológico, o qual é considerado responsável pela aspectos biológicos
capacidade do indivíduo de aprender conceitos e e serviu de base para
desenvolver habilidades. Esta corrente é denominada várias teorias polêmicas
que influenciaram,
internalista justamente pela maior importância dada
durante muito tempo,
aos aspectos biológicos e mentais em detrimento das o mundo acadêmico e
influências externas do meio. a cultura de maneira
geral, como a frenologia,
O sujeito apresentaria categorias de que acreditava ser
conhecimentos prontas, para as quais toda a possível prever aspectos
estimulação sensorial seria canalizada. Traçando um da personalidade e
caráter avaliando o
paralelo com o planejamento educacional, o inatismo
formato da cabeça,
imprimiria a noção de que os sujeitos já apresentam uma pseudociência
estruturas de conhecimentos pré-formadas que, em que embasou alguns
contato com estimulações externas, são processadas pensamentos racistas.

e transformadas em aprendizagem.
Se um professor acredita que os alunos não conseguirão aprender um
conteúdo ou realizar uma atividade por não serem “inteligentes”, vemos esta
concepção refletida, já que leva em consideração apenas os aspectos internos
dos indivíduos para realizar esta afirmação.
É importante ressaltar que, embora a ênfase sobre o nível biológico
tenha sido superada por novas concepções epistemológicas, há fatores
biológicos, como as fases do desenvolvimento humano, que devem ser
considerados. Não podemos exigir que uma criança de 2 anos, por exemplo,
tenha habilidade de leitura de textos, pois ela ainda não possui maturidade
cognitiva para tal.
Empirismo
Também conhecido como ambientalismo, focaliza aspectos externos
do processo de conhecer, ressaltando a influência das variáveis do ambiente.
Nessa concepção, o conhecimento existe na realidade exterior e o sujeito
apreende a partir do contato sensorial com experiências, verbalizações,
materiais didáticos, recursos educacionais etc. Assim, a aprendizagem é a
captura de uma realidade apriorística que já está dada no mundo exterior
(MIZUKAMI, 1986).
Relacionada à
Pedagogicamente essa visão defende que o
doutrina que confere
conhecer é uma ação de fora para dentro, o sujeito é importância aos
entendido como uma “tábula rasa” e o conhecimento conhecimentos,
é sempre exterior a quem aprende. As atividades conceitos ou
pensamentos
práticas, nas quais o estudante é levado a interagir “a priori”, que
com as variáveis do ambiente focando em exercícios independem da
conectados com a realidade prática, são bons exemplos experiência ou da
prática.
de um processo de ensino-aprendizagem onde o
ambientalismo/empirismo é a base epistemológica.
Interacionismo
Centraliza a discussão em torno da interação sujeito e meio, ampliando
o entendimento sobre a forma como o processo ensino-aprendizagem
ocorre. Essa visão pretende superar as limitações de outras correntes
epistemológicas, entendendo que o processo de conhecer não está dado nem
nas estruturas cognitivas internas do sujeito nem na realidade externa, mas
sim nas inter-relações destes dois aspectos, que juntos colaboram para a
formação de novas estruturas como produto agregado de todo o processo.
Pedagogicamente, este enfoque prioriza a interação dos estudantes com
a realidade social e física em um processo contínuo de construção do
conhecimento (MIZUKAMI, 1986).

Um exemplo de aplicação da
concepção interacionista é quando
as propostas pedagógicas sugerem
que o estudante realize uma atividade
aplicando os conteúdos educacionais
à realidade em que ele trabalha,
fazendo-o refletir sobre o contexto.
Tendências pedagógicas e o planejamento
educacional
Os três principais fundamentos epistemológicos embasam diversos
modelos pedagógicos que expressam a maneira como o processo de ensino-
aprendizagem é compreendido e também refletem qual postura social e
crítica existe em torno do processo educacional fornecido pelos planejadores
de ensino.
Diante disso, a partir desses fundamentos, originaram-se as chamadas
tendências pedagógicas, que orientam a forma como o processo ensino-
aprendizagem é conduzido nos espaços educacionais. As tendências mais
conhecidas são a Tradicional e a Construtivista.

Inatismo Empirismo Interacionismo

Tendência
Tradicional Tendência
Construtivista

Na pedagogia A tendência pedagógica


tradicional, o estudo construtivista prioriza
teórico é priorizado, o estudo baseado na
o estudante é problematização da
passivo diante do realidade. Nela, o estudante
seu processo de vê-se diante de situações-
aprendizagem e o foco problema que precisam ser
está na exposição/ solucionadas. A atitude do
transmissão de aluno é ativa e o foco está
conteúdos. A ênfase no desenvolvimento de
está no acúmulo um pensamento crítico e
de informações e reflexivo, com autonomia,
a autonomia do autogestão e autodidatismo
aluno não é uma incentivados. Podemos
habilidade requerida e dizer que essa tendência
incentivada. tem aspectos oriundos
tanto do empirismo quanto
do interacionismo, este
último predominantemente.
Quando a instituição opta por
um modelo pedagógico, ela
materializa uma ideologia acerca
do homem e do seu processo
de aprender e ensinar. No
planejamento é fundamental,
portanto, ter uma noção ampla
sobre os objetivos desejáveis e
os paradigmas educacionais que
sustentam a prática pedagógica.
Considerações finais
Neste recurso educacional foram
apresentadas as três principais correntes
epistemológicas existentes. Com isso,
esperamos que esse conhecimento seja
relevante nas suas práticas pedagógicas e
futuros planejamentos educacionais.
A partir desses conhecimentos, você pode
perceber o quão importante é, no momento
de planejamento educacional, refletir sobre o
enquadramento teórico que embasa as decisões
sobre a estrutura de um curso, módulo ou
unidade educacional.
Dessa maneira, é essencial conhecer as
bases epistemológicas que originam as diversas
teorias pedagógicas existentes. Para ampliar
mais os seus conhecimentos, que tal reservar
um tempo para pesquisar sobre o tema?

Até a próxima!
Referências
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo.
São Paulo: EPU, 1986. Disponível em: <https://www.docdroid.net/MrZCc0F/
maria-das-gracas-nicoletti-mizukami-ensino-as-abordagens-do-processo.
pdf#page=2>. Acesso em 31 de out. 2018.

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