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25/05/2020 Nossas capacidades, conceitos-chave

Nossas capacidades, conceitos-chave

Site: ESKADA | Cursos Abertos da UEMA Impresso por: Karla Cristina Silva Sousa
Curso: Neuropedagogia Data: segunda, 25 mai 2020, 10:26
Livro: Nossas capacidades, conceitos-chave

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25/05/2020 Nossas capacidades, conceitos-chave

Sumário

1. Potencialidade

2. Conectividade

3. Plasticidade
3.1. cont . Plasticidade

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1. Potencialidade

A etapa mais importante e urgente para nossas sociedades que se dizem “modernas” é a da valorização do “recurso humano”, recurso que continua
sendo pouco explorado. Samuel Pisar (escritor polonês) foi um dos primeiros a mencionar e descrever de maneira entusiasta esse potencial humano
que abriga “o sangue da esperança”61. Esse potencial humano é infinito. Ele precisa ser atualizado, ou seja, desenvolvido nas ações, nos projetos,
nas empresas. A Escola e a Sociedade deveriam se investir com prioridade nesse sentido, favorecendo as condições de atualização do potencial de
cada um.

A grandeza e o extraordinário potencial do cérebro humano é que ele encontra sempre um meio para fazer alguma coisa, para estar presente no
mundo. O ser humano tem essa fantástica capacidade para criar, adaptar-se e agir sobre seu meio ambiente. Ele está em permanente devir,
incessantemente em movimento.

O papel dos pais e dos professores é dizer para os filhos ou alunos que “existe e que existirá sempre nele um potencial de escolha e de criação”
(mesmo e, sobretudo quando a avaliação do sistema educacional o encarcera em um número negativo). Os pais não têm todas as soluções e o
professor não é um guru, nem aquele que sabe tudo. A função deles não é fornecer – respostas prontas – mas, material para construir novas
perguntas.

Esse potencial precisa ser conservado e cuidado. Segundo Boris Cyrulnik (neuropsiquiatra e etólogo francês), dois elementos são primordiais para
conserválo e mantê-lo: “a afetividade e o encontro. O fato de ser dois seres, dois cérebros, duas histórias, duas culturas nos obriga a nos
descentralizar… e a sensação de coisa estranha nos obriga a procurar compreender. Procurar compreender é o melhor estímulo biológico do
cérebro” .

A potencialização e atualização são duas palavras indissociáveis que representam a polaridade na qual nós nos encontramos em permanência.
Nossa natureza de ser vivo nos coloca, ao mesmo tempo, em um constante devir e uma necessidade de ser, de “realizar” concretamente nossos
recursos, ou seja, nossa capacidade para aprender, agir, inovar e criar, nossa capacidade para compartilhar, compreender, comunicar. Uma realidade
que tão raramente é vista sob esse ângulo.

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2. Conectividade

Conectar, associar é uma capacidade fundamental de nosso cérebro. Essa capacidade preside a relação de nossas diferentes áreas cerebrais
(corticais, sub-corticais, primárias, associativas...) e de todos os níveis de nosso ser (biológico, cognitivo, social, espiritual....). Nossa inteligência é
essencialmente uma capacidade para conectar e religar.

Segundo Gerald Edelman, biólogo americano, as interconexões não agem de maneira linear, mas de maneira distribuída, o que permite um processo
altamente complexo de reintrodução, ou seja, de retorno à estrutura receptora. Esse processo regularia nossa capacidade para categorizar, regularia
a emergência do sentido e a emergência da consciência humana.

A conectividade é a resposta ao problema suscitado pela complexidade. É o resultado do que foi “tecido junto”. A própria palavra inteligência, do
latim, inter-legere significando colher entre, por intervalos, é essencialmente uma capacidade de conexão que contribui de maneira incessante, na
nossa própria busca de sentido, para essa “cinegética” solitária que é o processo de compreensão.

Compreender é “a pedra angular” das descobertas fundamentais para a humanidade. Compreender, como ressalta Jacques Schlanger, escritor e
filósofo israelita, é “buscar dentro de si e levar consigo”, o que presume uma postura de abertura e de integração68.

Compreender necessita uma visão coerente do mundo, uma estruturação do meio ambiente. Compreender é construir o mundo e não descrevê-lo ou
explicá-lo. É um processo em direção das coisas, um movimento em direção da vida.

Nossos hábitos, nossas preferências, nossas referências e nossos valores nos posicionam e muitas vezes nos encerram num tipo de conexão. Eles
levam-nos do cognitivo ao afetivo ou ao contrário, e isso determina o que vem depois.

Para os alunos como para os professores prevalece a questão de saber o que devemos conectar. Será que o que chamamos, com grande
naturalidade “erro”, não seria uma conexão que foi feita de maneira inapropriada? A verdadeira avaliação é a que, liberando-se da obsessão da dupla
“êxito-fracasso”, consegue dizer de um aprendente (ou de si mesmo) “não é que ele não compreendeu, simplesmente, ele compreendeu outra coisa”.
Para Albert Jacquard, aquele que não compreende “compreende que ele não compreendeu e sendo assim, ele evolue”.

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3. Plasticidade

Durante muito tempo, acreditou-se que uma vez o humano adulto seu o cérebro não evoluiria mais e que suas conexões permaneceriam estáveis.
Essa visão da estrutura e do funcionamento cerebral mudou radicalmente. O cérebro é um sistema que se auto-organiza um sistema aberto. Ele
modifica a organização de suas redes de células nervosas em função de suas experiências, ou seja, a eficácia das conexões entre neurônios varia
continuamente em função da experiência do indivíduo.

Essa capacidade que tem o nosso cérebro de se modificar, reconfigurar sua arquitetura interna, durante toda nossa vida é o que chamamos a
plasticidade cerebral.

Nosso cérebro é extremamente maleável e adaptável. Nós reagimos em permanência ao nosso meio ambiente. Toda percepção, toda ação, toda
adaptação tem um impacto sobre a organização cerebral. Em permanência as células nervosas são ativadas ou desativadas, as redes de conexões
se fazem e se desfazem. Milhares de neurônios colaboram. Nosso cérebro cria, desfaz, completa e reorganiza uma multidão de redes neurais para
“armazenar” vestígios de várias experiências que pontuam nossa existência70.

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3.1. cont . Plasticidade

A plasticidade é uma característica fundamental que permite a memória e a aprendizagem. Nossos neurônios têm a capacidade de modificar suas
conexões, tornando certos circuitos nervosos mais eficientes. Na maioria das vezes, o objetivo é permitir um novo comportamento mais adaptado às
exigências do meio ambiente e sendo assim, ser capaz de preservar a estrutura do organismo para melhorar suas chances de sobrevivência.

Cada vez que aprendemos alguma coisa, os circuitos nervosos se modificam. Esses circuitos são constituídos de certo número de neurônios que se
comunicam entre eles por meio das sinapses. São as sinapses que aumentam a eficiência deles após um aprendizado, facilitando a passagem do
impulso nervoso em um circuito específico. Quando ouvimos uma palavra nova, novas conexões entre certos neurônios são solicitados: alguns do
córtex visual para reconhecer a ortografia, outros do córtex auditivo para a pronúncia, outros nas áreas associativas do córtex para conectar outros
conhecimentos.

A mensagem para o professor sobre a plasticidade do cérebro humano é que ele não é insensível às influências e aos efeitos causados pelos
choques, o estresse, o cansaço, o barulho, os remédios, ou a (má) nutrição. A mensagem de uma plasticidade de um cérebro que nunca é o mesmo
seja qual for a ideia que temos sobre os bloqueios, a incapacidade e a estagnação de alguns alunos…

Essa plasticidade, segundo Jean Claude Ameisen, declina-se em várias escalas de tempo. Primeiro tempo muito breve como os fenômenos de
potenciação sináptica onde em alguns segundos ou minutos, um reforço sináptico durável pode ser estabelecido entre muitos neurônios e criar
“assembleias de neurônios” selecionados. Um tempo mais longo, como durante os primeiros anos de vida onde assistimos uma verdadeira poda de
conexões ou de neurônios supérfluos, devido a interações repetidas com o meio ambiente. E até mesmo um tempo quase “geológico”, se
considerarmos que a evolução das espécies é uma forma de plasticidade em longo prazo, onde a forma do conjunto do corpo do organismo se
adapta a seu meio ambiente.

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