O Oficial de Quarto
Oficial de Serviço no controle da situação pode, da mesma maneira,
desgastar-lhe a atenção necessária.
Existem diversos recursos para que o Oficial de Quarto
mantenha um bom nível de energia durante o seu serviço. Estar bem
descansado, como também alimentado corretamente, é fundamental.
Assistir televisão até tarde e substituir um sanduíche com refrigerante
por jantar certamente lhe reduzirá as energias. Complementarmente,
determinação é importante. É necessário manter-se no controle do
posto. Para passar o tempo, é preciso exercitar o pessoal em serviço.
Incutir entusiasmo ao grupo certamente fará com que os níveis de
energia permaneçam no patamar desejado.
CONCLUSÃO
Neste capítulo, foram enumeradas algumas qualidades
fundamentais para a condução de um quarto de serviço a bordo. No
entanto, existem outras, bastante subjetivas, difíceis de serem
estabelecidas. Por exemplo, o que um Comandante espera ou procura
obter de um bom Oficial de Quarto?
Primeiramente, a confiança, ou seja, aquele íntimo sentimento
da segurança que será repassada aos demais componentes do quarto
de serviço. Outro atributo é o senso de humor. Não seja tão sério com
os demais, mas leve a sério suas atribuições como Oficial de Quarto.
É uma grande diferença.
Por fim, é preciso sempre manter a serenidade. Você pode não
ser capaz de controlar muitas coisas que ocorrem no passadiço, tais
como o vento, o mar, as avarias nos equipamentos, as necessidades e
os deveres, mas sempre haverá algo que estará sob seu controle: o seu
temperamento. Esteja sempre tranqüilo e alerta, trabalhe duro para
aprender o que deve, estude sempre, admita seus erros e tudo correrá
bem.
1-12
O Oficial de Quarto
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
O Oficial de Quarto é o responsável por reportar, diretamente
ao Comandante, os aspectos inerentes à segurança da navegação e à
operação geral do navio; ao Imediato sobre o cumprimento da rotina
a bordo; e ao Oficial Encarregado da Navegação, sobre alterações de
acidentes geográficos à vista e eventuais mudanças das condições
meteorológicas previstas.
O OFICIAL DE QUARTO
O Oficial de Quarto exerce um papel de destaque no navio.
Em nenhum outro lugar, seja no meio militar ou civil, observa-se
correspondência com função equivalente, em termos de quantidade e
relevância das responsabilidades que lhe são atribuídas. Como
representante direto do Comandante, ele age com toda a autoridade
de comando, e, juntamente com o Imediato, tem uma grande
importância a bordo. Os continuados avanços na tecnologia
permitiram ao Oficial de Quarto dispor de instrumentos sofisticados,
diminuindo sua carga de trabalho, mas, ao mesmo tempo,
aumentaram suas obrigações e responsabilidades. O exercício do
serviço de Oficial de Quarto é a pedra fundamental para o
crescimento profissional de um oficial, e o requisito mais importante
à sua qualificação para o combate.
O oficial, ainda moderno, deve dedicar todo seu tempo
disponível para aprender e assimilar as qualidades, que permitam
qualificá-lo como Oficial de Quarto; ao proceder desta forma, deve
estar ciente de que estará sempre sendo analisado e observado de
perto. Eventuais falhas precisam ser corrigidas a tempo e na hora,
pois, na atual rapidez das modernas operações navais, quase não há
tempo para longas justificativas e explicações. Por mais que este
processo de aprendizado seja árduo, suas recompensas serão
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 O Oficial de Quarto
amplamente satisfatórias. Nada será mais gratificante para um oficial
do que, na primeira vez em que exercer a função de Oficial de
Quarto, sentir-se plenamente no controle da situação.
Independentemente do tipo de navio, um rebocador ou um porta-
aviões, a confiança depositada no seu Oficial de Quarto encerra, em
si própria, uma honrosa e peculiar distinção.
RESPONSABILIDADE E AUTORIDADE
Os deveres, as responsabilidades e a autoridade do Oficial de
Quarto estão definidos, em termos básicos, na Ordenança Geral para
o Serviço da Armada (OGSA). Outros documentos, tais como a
Organização de Combate, o Livro de Ordens Noturnas, Ordens
Internas específicas e providências a serem adotadas em situações
especiais devem ser considerados como complementares, e nunca
substitutos daquelas normas. Entretanto, mais importantes do que o
estabelecido naqueles documentos são os tradicionais requisitos que
não estão escritos, quais sejam, boas doses de critério, bom senso,
inteligência e iniciativa, que todo oficial deve aplicar no trato dos
assuntos inerentes ao seu serviço, além do exercício pleno de sua
autoridade. Isso não é tão simples como parece. Dadas as diversas e
frequentemente complexas atividades que são exercidas a bordo de
um navio no mar e no porto, é muito fácil para um oficial, desavisada
ou imperceptivelmente, delegar autoridade a um subordinado,
particularmente quando se trata de operações específicas, não
rotineiras; não que tal atitude esteja errada, mas o Oficial de Quarto
deve sempre ter em mente que, seja quem for a pessoa à qual foi
delegada a autoridade, a responsabilidade pela condução e pelo
resultado da tarefa sempre será dele. Por exemplo, é usual permitir
que a praça HN de serviço ou o Ajudante do Oficial de Quarto se
encarregue da plotagem de pontos na carta; no entanto, isso não
isenta o Oficial de Quarto da responsabilidade pela boa navegação.
Subordinados que executam algumas das tarefas requeridas durante
um quarto de serviço são sempre assessores, nunca titulares.
1-2
O Oficial de Quarto
qualidades de seus subordinados. Procurando dedicar-se em afastar
de qualquer indício de confusão ou hesitação, e agindo sempre de
forma discreta, o Oficial de Quarto exercerá o papel que dele se
espera, qual seja: a pessoa, junto ao Comandante e ao Imediato, mais
importante do navio.
Conhecimento Técnico
Não obstante os níveis de perspicácia, vigilância, critério e
liderança de que o Oficial de Quarto seja dotado, é necessário que ele
domine os aspectos técnicos de seu trabalho, conheça a importância
relativa de suas muitas responsabilidades e possua uma certa
experiência. Este livro não é capaz de proporcionar todo o
conhecimento técnico necessário ao Oficial de Quarto, nem dotá-lo
de experiência. No entanto, ele tenta mostrar:
a) o tipo de conhecimento técnico com o qual o Oficial de
Quarto deve estar familiarizado;
b) a relativa importância das suas muitas responsabilidades;
c) os ensinamentos provenientes de experiências acumuladas
por oficiais e praças; e
d) algumas informações úteis que, de outra forma, não
estariam disponíveis quando necessário.
Energia
Outra importante qualidade que define um bom Oficial de
Quarto é o teor de energia em seu comportamento. Às vezes é
monótono o serviço no passadiço, principalmente, nos quartos da
madrugada, quando o tempo parece não passar. Nessa situação, até os
melhores e mais experientes oficiais podem se sentir fatigados, e,
assim, serem complacentes. Por outro lado, durante os quartos de
serviço mais agitados, o nível de esforço exigido para manter o
1-11
 O Oficial de Quarto O Oficial de Quarto

admissível que a preocupação principal esteja enfocada na cortesia DEVER DE PRESTAR CONTAS
para com as pessoas que visitam o navio.
No mar existe uma tradição mais
Intuição antiga que as próprias tradições de terra,
e de mais sabedoria que as de sua idade...
É a tradição de que, juntamente com a
A maioria dos oficiais, com razoável tempo de embarque, responsabilidade, vem a autoridade, e,
possui um especial sentimento daquilo que acontece à sua volta. Um atrelado a ambas, está o dever de prestar
Chefe de Máquinas (CheMaq) experiente aguçará imediatamente os contas.
seus sentidos se o barulho de um ventilador ou de uma bomba lhe “Hobson’s Choice”, The Wall
Street Journal, 14 de maio de 1952
parecer estranho, da mesma forma que um bom Oficial Encarregado
da Navegação não hesitará em dirigir-se ao passadiço para checar as
O dever de prestar contas é um tipo de responsabilidade tão
condições do tempo, sempre que ocorrerem mudanças no rumo do
sutil que frequentemente é confundido com esse próprio conceito. O
navio. Nada há de subjetivo em se possuir essa habilidade, nem é
Oficial de Marinha deve prestar contas dos resultados do exercício de
necessário talento para tanto; isso é apenas o resultado da experiência
seus deveres, sejam eles bons ou ruins. Da mesma forma que o
e do costumeiro hábito da observação atenta dos acontecimentos.
Comandante inevitavelmente deve prestar contas aos seus superiores
Para um oficial moderno, parece quase impossível concentrar-se em
de tudo o que acontecer a bordo de seu navio, o Oficial de Quarto
um simples detalhe quando tantas coisas surgem ao mesmo tempo.
tem o dever de reportar o seu Comandante de todas as ocorrências
No entanto, com a experiência vem o discernimento, e, quando
verificadas durante seu quarto. As exceções admitidas são aquelas
menos se espera, o que parecia confuso torna-se compreensível e
prescritas em leis ou regulamentos específicos. Como representante
administrável. E aí é o ponto onde o processo de aprendizado do bom
direto do Comandante, o Oficial de Quarto é a única pessoa a bordo
Oficial de Quarto começa. No momento em que os princípios básicos
que pode tomar decisões que afetem ou venham a afetar a segurança
do serviço estejam perfeitamente incorporados e assimilados, o
do navio e/ou da sua tripulação. O Comandante não pode estar no
oficial poderá dirigir sua atenção para o desenvolvimento da
passadiço o tempo todo, e, dessa forma, como a história
habilidade de observar, avaliar e, caso necessário, antecipar tudo o
repetidamente demonstra, o Oficial de Quarto, às vezes, é forçado a
que ocorre ou poderá ocorrer durante o seu serviço.
tomar atitudes que podem colocar em risco a vida de seus
companheiros; é aí onde o dever de prestar contas aparece como uma
Liderança
das razões que justifica o porquê de o Oficial de Quarto exercer uma
posição singular a bordo. O Oficial de Marinha não deve jamais se
A quinta qualidade importante é a liderança, que pode ser
esquecer disso.
definida como sendo “o somatório de intelectualidade, de caráter
moral e de entendimento do ser humano e de suas restrições, que
capacita um homem a conduzir e chefiar um grupo de pessoas de
forma bem sucedida”. Todo oficial deve cultivar a dignidade, pulso
firme e confiança em seu comportamento, e exigir as mesmas

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 O Oficial de Quarto
PRIORIDADES
Não existem critérios que indiquem qual é o dever mais
relevante do Oficial de Quarto, pela simples razão de que todos têm a
mesma importância. No entanto, torna-se necessário o
estabelecimento de prioridades, posto que o Oficial de Quarto precisa
conviver com a expectativa de freqüentemente se confrontar com
situações que o obrigarão a decidir, sem delongas, onde concentrar o
foco de sua atenção. Adestramento durante o serviço, por exemplo, é
sempre importante, embora haja momentos em que a necessidade de
execução de outras fainas não permite que isso seja levado a cabo. A
segurança do navio e o cumprimento de sua missão sempre vêm em
primeiro lugar, e nunca devem ser negligenciados. Por outro lado,
haverá momentos em que as atividades rotineiras permitirão ao
Oficial de Quarto delegar a execução de algumas de suas atividades e
transformar-se, por exemplo, em um instrutor e observador; nesses
momentos, o Ajudante do Oficial de Quarto deverá assumir a
condução do serviço. Tal procedimento não somente permitirá a este
adquirir autoconfiança, como também possibilitará a avaliação de seu
desempenho.
Embora, em teoria, o Oficial de Quarto seja o responsável por
tudo o que ocorre a bordo durante seu serviço, é óbvio que ele não
pode controlar pessoalmente todas as atividades em andamento, até
porque isso só iria colocá-lo em meio a um sem número de detalhes,
que acabariam por desviar sua atenção de aspectos relativos à
operação do navio, sobre os quais ele deve manter controle.
Distinguir o que merece e o que não merece a atenção direta
do Oficial de Quarto requer avançado senso de julgamento, cujo
desenvolvimento é parte vital do seu adestramento. Por exemplo, o
Oficial de Quarto deve somente acompanhar a maneira com que o
Contramestre conduz uma faina de pintura; no entanto, se observar
um tripulante manusear uma ferramenta elétrica sem as devidas
precauções de segurança, tal situação deverá ser corrigida
imediatamente. Esse tipo de atitude pode ser conflitante: um Chefe de
1-4
O Oficial de Quarto
ser prestadas, e, ao mesmo tempo, aprimorar, ainda mais, a própria
aparência pessoal e a dos demais integrantes do quarto de serviço. O
Oficial de Quarto deve sempre manter uma visão prospectiva dos
acontecimentos, e tomar para si como -ponto de honra - o fato de
nunca ser pego desprevenido.
O oficial desembaraçado sempre se preocupará em exercitar,
mesmo que mentalmente, as ações que deva tomar na ocorrência de
incêndio, homem-ao-mar, avaria no leme ou qualquer outro tipo de
situação. Não é um hábito difícil de adquirir, e, certamente, vale o
esforço. A perspicácia representa a principal característica do Oficial
de Quarto bem sucedido.
Vigilância
Junto com a perspicácia, uma das mais importantes
qualidades do Oficial de Quarto é a vigilância. Ela é essencial à
segurança. O Oficial de Quarto precisa, é claro, usar de inteligência
para perceber tudo aquilo que está ao alcance de sua vista, tanto fora
como dentro do navio, mas o atributo da vigilância exige que se
ultrapassem os limites da visibilidade. O Oficial de Quarto deve
encorajar os demais integrantes do quarto de serviço a desenvolverem
esse atributo.
Critério
Uma terceira qualidade importante é o critério, que significa
senso de proporção e propriedade na avaliação dos acontecimentos.
As fainas, durante um quarto de serviço, podem variar desde
situações de extrema tensão, com o navio navegando às escuras,
quando o Oficial de Quarto deve estar alerta a todo instante, até a
tranqüilidade de estar atracado, em um domingo à tarde, quando é
apenas necessária a condução da rotina. No primeiro caso, toda a
atenção deve ser dada àquilo que realmente a merece; no segundo, é
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 O Oficial de Quarto
Estes breves comentários mostram que, embora os
relacionamentos do Oficial de Quarto com os demais oficiais que
guarnecem outros postos importantes no navio estejam perfeitamente
definidos, sempre haverá espaço para que cada Comandante os
suplemente, e da mesma forma, os modifique, pois isso é sua
prerrogativa, sempre com vistas a dotar o navio do tipo de
organização adequado ao cumprimento de sua missão e ao
atendimento de suas necessidades. Isso significa que, em situação de
prontidão ou combate, o Comandante pode delegar ao Avaliador a
condução das operações. Se o concurso desse oficial não se fizer
necessário, o Comandante pode decidir pela sua não ativação, no
intuito de empregar sua tripulação de forma mais vantajosa. São
decisões inerentes ao Comando, as quais, em todo caso, devem ser
comunicadas, por escrito ou verbalmente, aos oficiais envolvidos.
Assim, é dever do Oficial de Quarto entender, clara e
indubitavelmente, seu posicionamento na estrutura organizacional do
navio.
QUALIDADES DO OFICIAL DE QUARTO
Perspicácia
O Oficial de Quarto tem que estar preparado para qualquer
situação. Por isso, o atributo mais importante ao bom andamento do
serviço é o exercício de sua perspicácia. Se existe razão, por
exemplo, para supor que haverá a ocorrência de nevoeiro no decorrer
do quarto, ele deve, antes de assumi-lo, checar todos os
procedimentos necessários a adotar nessa situação. Se o navio
participa de operações em conjunto com outros meios da Esquadra,
ele, antes de assumir o quarto, também tem a obrigação de checar
todas as ordens e procedimentos decorrentes. Se o navio demanda um
porto movimentado, como o Rio de Janeiro, é de bom alvitre rever as
regras de navegação em águas restritas. Se houver a possibilidade da
ocorrência de cerimoniais, é preciso saber de cor que honras deverão
1-8
O Oficial de Quarto
Departamento ou um oficial mais antigo pode querer tomar uma
medida que, por si só, seja adequada, mas cuja execução venha a
interferir em fainas ou operações mais importantes, sob o controle do
quarto de serviço. Aqui, mais uma vez, o dever do Oficial de Quarto
é o de seguir estritamente a lista de prioridades, ainda que, caso seja
possível, para isso, seja necessário levar o impasse à decisão do
Imediato, ou mesmo do Comandante.
RELAÇÕES DE COMANDO
As relações de comando do Oficial de Quarto com o
Comandante do navio são claras e precisas. Outras relações de
comando, embora igualmente importantes, poderão ser mais
flexíveis. Ainda que os regulamentos estabeleçam que o Imediato
possua ascendência sobre o Oficial de Quarto somente nos assuntos
atinentes à condução da rotina de bordo, normalmente, é dada àquele
a autoridade para corrigir ou modificar qualquer ação tomada por
este. Devido ao fato de que a amplitude de autoridade exercida pelo
Imediato deriva-se da política peculiar de cada comando, o Oficial de
Quarto deve estar familiarizado com as normas, ordens e demais
diretivas internas de seu navio, que tratam deste assunto. O Imediato
é, depois do Comandante, o oficial a bordo mais antigo e
experimentado nas lides marinheiras; portanto, a autoridade e os
conselhos dele emanados devem ser cuidadosamente ponderados pelo
Oficial de Quarto. Ademais, a responsabilidade pela completa e
acurada execução da rotina de bordo é atributo do Oficial de Quarto,
que, por essa razão, deve manter o Imediato ciente de quaisquer
alterações que possam afetá-la, da mesma forma com que procede
junto ao Comandante quanto a mudanças no curso das operações.
O relacionamento entre o Oficial de Quarto e o militar de
serviço no Centro de Controle de Máquinas (CCM) deve ser
claramente entendido por ambos. Todos os regulamentos são bastante
específicos em estabelecer que o militar de serviço no CCM tem o
dever de reportar-se ao Oficial de Quarto; no entanto, cada
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 O Oficial de Quarto
Comandante deve definir e estabelecer, por escrito, que ações devem
ser tomadas automaticamente pelo militar de serviço no CCM.
Exemplificando, um determinado Comandante pode adotar por
norma que, em caso de ocorrência de avaria nas máquinas, o militar
de serviço no CCM deve tomar as providências necessárias para
saná-la, mantendo o Oficial de Quarto informado da situação; outro
Comandante pode, no entanto, determinar que o militar de serviço no
CCM peça permissão ao Oficial de Quarto antes de alterar quaisquer
condições na praça de máquinas, independentemente do tipo da
avaria ocorrida; e, ainda, podem ser adotadas diretrizes
intermediárias, onde o militar de serviço no CCM toma
automaticamente as ações necessárias, exceto em determinadas
situações, quando a permissão do Oficial de Quarto deve ser
obrigatoriamente solicitada. Em qualquer situação, é fundamental que
o Oficial de Quarto e o militar de serviço no CCM conheçam e
entendam claramente as determinações do Comandante. É
aconselhável que o Oficial de Quarto, ao render o serviço, repasse,
juntamente com o militar de serviço no CCM, as normas que definem
as situações e as ações automáticas que este último deve tomar, no
caso de ocorrência de avarias.
No contexto de um mundo cada vez mais célere em mudanças
no estado da arte, principalmente, no que se refere aos sistemas de
armas, um navio deve estar capacitado a reagir o mais
tempestivamente possível a uma ameaça. Normalmente, não há
tempo suficiente para se passar de uma rotina normal, durante as
manobras, para postos de combate, com todos os sistemas prontos.
Para acelerar a prontificação, surge o conceito de Avaliador, que é
um oficial mais experiente e qualificado, conhecedor do perfil e das
capacidades dos sistemas de armas de bordo, como também das
possibilidades do inimigo. O Avaliador guarnece o CIC/COC, e
possui a autoridade para acionar os sistemas de armas do navio. O
relacionamento entre o Oficial de Quarto e o Avaliador é
especialmente importante, pois representa uma significativa exceção
no conceito de que o Oficial de Quarto é quem toma a decisão final
1-6
O Oficial de Quarto
durante o quarto de serviço. O comando tático do navio,
particularmente em situações conflito, é atributo do Avaliador. Este
oficial é normalmente um Chefe de Departamento, mais antigo e
mais experiente que o Oficial de Quarto. No CIC/COC, o Avaliador
tem acesso direto a informações de sensores e controle de armas,
como também possui os meios para avaliar rapidamente as ameaças
e, imediatamente, tomar as medidas necessárias contra elas. A
doutrina do navio pode autorizá-lo a utilizar o Oficial de Quarto nas
manobras táticas do navio, e, dependendo das circunstâncias e da
prontidão, acionar armas. No entanto, mesmo nessa condição, o
Oficial de Quarto continua a ser o responsável pela segurança do
navio. Se, por acaso, em seu julgamento, determinada ação dirigida
pelo Avaliador coloca o navio em situação de perigo imediato, ele
pode se recusar a cumpri-la, mas deve, imediatamente, participar ao
Comandante a sua decisão. O estabelecimento de responsabilidades,
envolvendo tomada de decisões, deve estar claramente entendido e
assimilado por esses oficiais a todo o tempo. No agitado e cada vez
mais dinâmico ambiente da guerra moderna, normalmente não há
tempo disponível para que se discuta a validade de uma decisão ou se
debata sobre quem deva tomá-la.
Especificamente, vale dizer que o controle do navio pode ser
transferido para o Avaliador, ou, em algumas situações, para oficiais
guarnecendo outros postos; mas, mesmo nesses casos, nunca é
demais lembrar que a segurança do navio sempre será
responsabilidade do Oficial de Quarto.
O Avaliador é acionado quando alguma ameaça ou a situação
tática requer que o navio se inteire e reaja a uma mudança no cenário.
O Oficial de Quarto deve estar ciente da origem da autoridade do
Avaliador, bem como ter o perfeito entendimento do seu
relacionamento com ele.
Normalmente, a praça HN de serviço se incumbe de manter o
Oficial de Quarto a par do cenário da navegação, além de ser o
representante do Oficial Encarregado da Navegação, em suas
ausências do passadiço.
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