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1 SUMÁRIO
2 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4
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12.4 Dificuldade de antecipar eventos .............................................................. 49
14 DISLEXIA.... ..................................................................................................... 55
15 DISCALCULIA .................................................................................................. 60
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2 INTRODUÇÃO
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3 OS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM E A PRODUÇÃO DO FRACASSO
ESCOLAR
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Neste contexto, Rotta (2006) considera que para atender crianças com
dificuldades para a aprendizagem se faz necessária uma equipe multidisciplinar,
que possa entender a criança como um ser global, e não dividida em pequenas
partes, avaliadas e tratadas de forma isolada. Sendo assim, para o diagnóstico
devem ser considerados os seguintes fatores: fatores orgânicos, fatores específicos
de adequação percepto-motriz e fatores psicogênicos e fatores ambientais.
No Brasil, segundo Sisto (2001), as dificuldades de aprendizagem são o
centro dos problemas do fenômeno de fracasso escolar que é caracterizado por um
alto índice de repetição e evasão escolar. De acordo com Souza (1997), o aluno
brasileiro permanece em média 8 anos e meio na escola, e apenas três entre cem
concluem o primeiro grau sem repetência, sendo que 70% dos alunos de 8ª série
estão fora da idade real para o período.
Souza (1997) ressalta que um aluno, ao repetir, terá a oportunidade de
refazer ou aprender o que não conseguiu, segundo a lógica da repetência, no
entanto, pesquisas apontam que crianças que repetem têm metade das chances de
serem aprovadas no próximo ano, desta forma a repetência pode reforçar sua
estigmatização, marcando-as como diferentes ou deficientes. Outro dado é o de que
a maioria de crianças repetentes ou que se evadem da escola provêm das camadas
mais pobres da população.
Segundo Souza (1997), pesquisas apontam que 70% dos
encaminhamentos feitos de crianças na faixa de 5 a 14 anos para atendimento
psicológico tem como queixa problemas de escolarização, sendo que metade das
crianças encaminhadas eram ingressantes cujos professores acreditavam ter
problemas de aprendizagem. Onde Souza (1997), que um certo olho clinico do
professor, já representa o início da responsabilização do aluno pelas dificuldades
de aprendizagem.
Sendo desta forma a queixa escolar a principal causa de encaminhamentos,
Souza (1997) enfatiza em sua pesquisa que ao analisar a faixa etária das crianças,
os problemas se apresentam tanto no início do processo de aprendizagem, mas
também em sua continuidade, e com aquelas que estão repetindo o ano. Souza
(1997) cita que quando as crianças se encontram no início da alfabetização, essas
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dificuldades podem significar um conjunto de expectativas escolares em relação ao
aluno, então todo aluno que se desviar do padrão pode ser visto como um problema
potencial.
Assim, a base do atendimento psicológico para crianças com queixas de
dificuldade de aprendizagem baseia-se na entrevista inicial e anamnese, aplicação
de testes, encaminhamento psicoterapêutico e orientação aos pais. É importante
também não olhar a queixa escolar como responsabilidade única da criança
encaminhada e não considerar o fracasso escolar apenas como processo
emocional, sendo necessária a prática de um conjunto de avaliações, desde o
social, cultural, passando pelo psíquico, compreendendo a dificuldade apresentada,
para se ter um diagnóstico seguro (SOUZA, 1997).
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ambiente, as respostas comportamentais que ela emite e as consequências dessas
respostas estão relacionadas. Um exemplo é o que ocorre quando você relaciona
ter dor dente ao comportamento de ir ao dentista, essa relação é considerada uma
aprendizagem do tipo associativa.
• Por observação: quando alguém adquire ou muda um comportamento a
partir da observação de como outras pessoas se comportam. Por exemplo, quando
você assiste a um tutorial de como preparar um prato e passa a implementar esse
novo repertório de comportamento na sua vida.
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Dando continuidade a essa compreensão, Illeris (2013) ainda destaca dois
processos essenciais na aprendizagem:
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característica multiparadigmática da aprendizagem. Na sequência você vai estudar
as teorias cognitivas de aprendizagem e, posteriormente, verá a teoria de
aprendizagem social, também conhecida como sociocognitiva.
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depois progressivamente proporcionar os conceitos mais específicos e
subordinados. Esses conceitos mais gerais e abrangentes servirão de ancoras aos
conceitos existentes e depois progressivamente diferenciados em termos de
detalhes.
Essa ideia de hierarquia de conceitos exibida na TAS de Ausubel pelo
princípio da diferenciação progressiva e reconciliação integrativa permitiu a Novak
(1972) e seus colaboradores idear os mapas conceituais. Segundo Lima (2011, p.
39-40):
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os conceitos. Podemos edificar mapas conceituais a partir de uma pergunta, um
problema, um assunto ou ainda um simples texto (MELO et al., 2006).
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evidenciado que a aprendizagem dos conteúdos está voltada genuinamente para a
memorização e descontextualizada com a realidade do aluno (MELO et al., 2006).
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1999, p.
40-41):
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O DSM-IV-TR qualifica os transtornos da aprendizagem dentro dos
transtornos geralmente diagnosticados pela primeira vez na infância ou na
adolescência, ponderando o transtorno da leitura, o da matemática, o da expressão
escrita e o transtorno da aprendizagem sem outra particularização. A categorização
da American Psychological Association (APA, 1995a, b) é compatível com a
inserção das dificuldades de aprendizagem como um tipo transtorno de
desenvolvimento, e em comparação a outros transtornos que aparecem ao longo
do desenvolvimento e que carecem de intervenção psicopedagógica (García, 1999).
De acordo com a conceitualização internacional, as dificuldades de
aprendizagem se distinguem por um funcionamento substancialmente abaixo do
esperado, ponderando a idade cronológica do indivíduo e seu quociente intelectual,
além de interferirem significativamente no resultado acadêmico ou na vida cotidiana,
exigindo um diagnóstico alternativo nos casos de déficits sensoriais. Admitiam-se,
portanto, um critério de discrepância entre a aptidão e o resultado e um critério de
exclusão, além do baixo rendimento e da interferência na vida cotidiana. Esses
critérios de exclusão e de discrepância foram e ainda são muito debatidos. A partir
daí, aparecem propostas de intervenção psicopedagógica e modelos
fundamentados nos processos nucleares das habilidades de leitura, de escrita e de
matemática (SANCHÉZ, NICASIO 2004).
A conceitualização do Comitê Conjunto sobre Dificuldades de
Aprendizagem se encontra na mesma linha, ao sugerir que as dificuldades de
aprendizagem são algo heterogêneo, supõem problemas significativos na aquisição
das habilidades de leitura, de escrita e/ou de matemática, que se pensam ser
intrínsecas ao indivíduo, é possível descobrir superposição com outros problemas
que não se devem a influências extrínsecas. Essa conceitualização (NJCLD, 1988;
1998a, b), encontrada na América do Norte (Estados Unidos e Canadá), é a mesma
usada neste livro.
Linda S. Siegel (1999) reflete atualmente sobre a problemática da definição
e do diagnóstico das dificuldades de aprendizagem à luz dos alunos universitários,
focalizando-a à volta de quatro questões importantes:
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a) Quem são os estudantes com dificuldades de aprendizagem?
b) Como podem ser analisadas as dificuldades de aprendizagem?
c) Quem está permitido e qualificado para tomar a decisão sobre se uma
pessoa tem ou não tem dificuldades de aprendizagem?
d) E quais adaptações podem ser realizadas nas instituições após o ensino
médio e como serão as seleções?
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entidade específica nem prevalece nas universidades espanholas, nas quais se
assume o modelo internacional e consensual.
As probabilidades e os prognósticos das dificuldades de aprendizagem são
variáveis (Klinger et al., 1998) e têm analogia com a intervenção. De tal modo, há
em todo o livro um destaque na superação dos problemas ou intervenção
psicopedagógica.
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Quando se realiza a intervenção por meio de outros, como no caso da
intervenção familiar precoce para a linguagem (Clemente e Linero, 1997), suas
características são distintas das características da intervenção realizada por um
profissional, pois sua eficácia consistiria em monitorar o procedimento de forma que
se ajustasse às características naturais e informais da interação mãe-pai-criança no
desenvolvimento normal.
Igualmente, a intervenção que o profissional conduz por meio dos
professores ou pelo manejo da instituição educacional, familiar ou comunitária teria
essas características de naturalidade e de ser indireta. A intervenção é facilitadora,
constitui pontes (bridging) e ajudas com andaimes (scaffolding) que devem ser
gradualmente retiradas para facilitar a autonomia. A intervenção se colocaria ao
longo de um contínuo de graduação em alguma dessas características: poderá ser
direta ou indireta, especializada ou não, formal ou informal, intencional ou incidental,
planejada ou espontânea, global ou específica, sistêmica ou parcial. Mesmo que
elas possam apresentar certas superposições quando concretizamos as
intervenções concretas, e nem sempre seja fácil sua distinção, essas características
dão uma noção da complexidade diante da qual nos situamos (SANCHÉZ, NICASIO
2004).
Uma questão capital é que a intervenção não apenas segue os princípios
de modelos teóricos, e, portanto, de aplicação tecnológica, como também é
conduzida por princípios e valores filosóficos importantes, como é o caso do
“princípio da normalização” ou de outros princípios deduzidos do anterior e
apontados pelas administrações públicas, como o de setorização dos serviços ou o
de integração escolar, social e profissional, para dar somente um exemplo
paradigmático. Outra questão de grande importância é o fato de que a intervenção
não somente parte das necessidades apresentadas pelas pessoas com dificuldades
de aprendizagem e por suas famílias, como também das necessidades que, em
relação a isso, despontam as pessoas do meio em que participam ou com quem
interagem (SANCHÉZ, NICASIO 2004).
Assim como as dificuldades de aprendizagem foram produto de uma
construção social (Fierro, 1997), a psicopedagogia é uma disciplina
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contemporânea quanto à sua organização acadêmica nas universidades da
Espanha, pois se situou como licenciatura de ensino superior em meados da década
de 1990, supondo a interseção da psicologia e da pedagogia; é uma construção
social, já que se constitui em função de uma decisão administrativa, e produto de
uma demanda social.
Isso, contudo, não desmerece suas possibilidades científicas, que partem
de moldes teóricos e produzem desenvolvimento tecnológico. Se esses moldes e o
desenvolvimento são coerentes e organizados de forma própria e característica,
poderíamos falar de uma disciplina caracterizada ou de um grande campo
diferenciado e que intervém em âmbitos peculiares, e também muito amplos, como
o das dificuldades de aprendizagem (García, 1995, 2000; González-Pienda e
Núñez, 1998; Jiménez, 1999; Miranda et al., 2000) ou o dos Transtornos Globais do
Desenvolvimento (García, 1993; 1996; 1999; García e Alonso, 1985), seja nos
contextos escolares, vocacionais, familiares, comunitários, profissionais, etc., ou se
consolida em disciplinas de ensino, como a psicologia do ensino (Beltrán, 1993;
Beltrán e Genovard, 1996, 1999; Genovard, Beltrán e Rivas, 1995; Genovard e
Gotzens, 1997), e que se pondera fundamental e prévia ao estudo das dificuldades
de aprendizagem (DAs).
O profissional designado, em outros momentos, “psicólogo escolar” ou
“psicólogo” que atuava em âmbito educacional, ou o “pedagogo” que focalizava sua
atuação nessa mesma área, seriam os predecessores imediatos dessa situação.
Como há uma grande complexidade na resposta que pode ser adquirida da
psicologia ou da educação, a disciplina que aparece desta interseção é proveniente
desta mesma situação. Bem como as respostas de cada uma das disciplinas estão
baseadas cientificamente, as da psicopedagogia também. Uma primeira fonte de
compreensão da intervenção com o qualificativo de psicopedagógica, logo, é dada
pelas contribuições disponíveis da psicologia e da pedagogia ou educação. Porém,
como toda disciplina, busca uma construção própria, à qual deverá ser desenvolvida
nos próximos anos (SANCHÉZ, NICASIO 2004).
Uma ilustração dessa maneira de intervenção paradigmática, que
chamamos atuação evolutiva e educativa (García, 1990), gira em torno da ação na
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avaliação, da ação no programa de integração escolar, da ação de tipo consultiva,
da ação na formação de professores, da ação na orientação e da ação preventiva
do fracasso escolar. Todos esses níveis de ação incidem na melhoria da qualidade
do ensino e são de caráter particularizado, intencional e delineado, que supõem um
modelo integrador de conhecimentos psicológicos e educativos.
Uma contribuição muito respeitável e frutífera no mundo anglo-saxão é a
originária da psicologia da educação (educational psychology). De certa forma, o
“psicopedagógico” em países de língua espanhola e portuguesa se assimila ao
domínio da educational psychology. Os conhecimentos e as contribuições
consequentes destes avanços, assim, teriam de ser integrados aqui (SANCHÉZ,
NICASIO 2004).
A questão é que o psicopedagógico é mais extenso e rico, pois concebe
situações não só de “psicologia do ensino” ou de “psicologia escolar” ou até mesmo
da “psicologia clínica escolar”, como também circunstâncias de aspectos
educativos, manobrando claramente variáveis organizativas (Cantón, 1999), de
qualidade educativa (Marchesi e Martín, 1998), de contexto familiar e social,
contendo a educação não-formal e a perspectiva do ciclo vital.
A psicopedagogia, que aparece em torno de certas figuras de profissionais;
que é constituída a partir do Poder Público quando define que é preciso formação
de nível superior; que tem suas raízes na tradição da psicologia e da pedagogia;
que acumula a tradição anglo-saxã da psicologia educacional e outras tradições,
como o aconselhamento e a orientação psicológica no âmbito escolar, a psicologia
clínica escolar – como a de Lightner Whitmer – e as tradições educacionais mais
comuns como a da educação especial; começa a cobrar vida própria e necessita
uma construção como disciplina autônoma. Esse caminho em construção pode ser
ilustrado ao ser abordado o assunto da intervenção psicopedagógica. Ao falar,
porquanto, de intervenção psicopedagógica, não se faz senão determinar
profissional e cientificamente um tipo de intervenção (García, Cantón e García,
1990). A intervenção psicopedagógica é a que os psicopedagogos fazem, e,
portanto, é especializada, intencional e esquematizada. Mas é também a que se
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atinge a partir dos moldes teóricos e tecnológicos respectivos, que nascem da
disciplina psicopedagógica (SANCHÉZ, NICASIO 2004).
Os aportes educacionais que implementam a utilização de melhores
estratégias (Kovach, 1999); os aspectos da autodeterminação (Field, 1996; Field e
Hoffman, 1998a, b, c), da aprendizagem autorregulada (Butler, 1995; 1998a, b;
1999; Roces e González, 1998), da potencialidade do planejamento como na escrita
(Graham, 1997; Graham et al., na imprensa; Mather e Roberts, 1995; Sexton, Harris
e Graham, na imprensa; Sorenson, 1997; Wong, 1997, 1998; Wong et al., 1996,
1997), de superação do fracasso e baixo rendimento (Goldstein e Mather, 1998)
esclarecem a aplicação ao campo das dificuldades de aprendizagem dos
conhecimentos mais atualizados procedentes da psicologia científica e,
essencialmente, da psicologia cognitiva e do ensino. Simulam formas de
intervenção que podemos catalogar de psicopedagógicas.
Os aspectos centrados nas necessidades curriculares (Baker et al., na
imprensa; Ellis, 1998; García, 1997b) e na diversidade de aprendizagem (Álvarez e
Soler, 1997) também são importantes na intervenção psicopedagógica, abrangendo
as acomodações educativas (McGuire, 1998). Também são aspectos de
intervenção, importantes para a área de dificuldades de aprendizagem, quando se
consolidam em âmbitos específicos, como o da consciência fonológica (Jiménez e
Ortiz, 1998), o da leitura (Rueda, 1995, 1998), o da compreensão da leitura
(Sánchez, 1998; García Madruga, 1997; García Madruga et al., 1999), o da leitura
e escrita precoces (McLane e McNamee, 1999), o da resolução de problemas
matemáticos (Garrido e Prieto, 1997) ou de atribuições causais (G. Cabanach e
Valle, 1998) ou de distintas situações pessoais do aluno (GonzálezPienda, 1996;
González-Pienda e Núñez, 1997; González-Pienda et al., 1998; Núñez e González-
Pienda, 1994), o do tipo de estratégias de aprendizagem e o autoconceito (Núñez,
González-Pienda et al., 1998a, b, c; Núñez et al., 1995), o da auto eficácia
(Hampton, 1998), o das atribuições (Tur-Kaspa, Weisel e Segev, 1998), o da
metacognição (Justicia, 1996), o da motivação (Valle e G. Cabanach, 1998), o das
realizações sociais das pessoas com dificuldades de aprendizagem (Vaugh et al.,
1998); quando se consolidam nos problemas de atenção e de controle de impulsos
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(Miranda e Presentación, 1997), do uso estratégico na sala de aula (Monereo et al.,
1994, 1997; Nisbet e Schucksmith, 1987); quando se consolidam a partir de
diferentes modelos de inteligência para o desenvolvimento educacional (Castelló,
1995) e para o apoio do desenvolvimento do pensamento (Pérez, Bados e Beltrán,
1998; Prieto, 1995) ou para o estímulo da estratégia de solução de conflitos (Beltrán,
1999b).
O conhecimento dos procedimentos cognitivos envolvidos nas diferentes
áreas curriculares (Beltrán e Genovard, 1999) é obrigatório para o projeto da
intervenção psicopedagógica. A criação de modelos de intervenção
psicopedagógica rígidos e científicos é uma precisão básica para a conquista da
linguagem (Vila, 1999), das ciências sociais (Rivera, 1999), das ciências (Beltrán,
1999a), da matemática (Lago e Rodríguez, 1999; Maza, 1991a, b, 1995), do setor
esportivo e da educação física (García Correa e Marrero, 1999), dos valores sociais
(Beltrán, 1999b), e para seu bom emprego no campo das dificuldades de
aprendizagem e dos conhecimentos da psicologia cognitiva e de seu bom emprego
por meio da psicologia do ensino. O uso de técnicas específicas, como a de análise
de tarefas para o projeto de ensino (Castejón, 1999) ou o foco do comportamento
docente e sua otimização (Aymerich e Gotzens, 1999), contida a do próprio
professor universitário (Genovard, Castelló e Gotzens, 1999), devem ser
consideradas como elementos da intervenção psicopedagógica que se realiza em
relação às dificuldades de aprendizagem. Os conhecimentos educacionais, enfim,
devem ser implementados tanto nos contextos reais e da aula (Stone, 1998) como
também em relação às pessoas com dificuldades de aprendizagem.
A ascensão dos professores e dos profissionais em relação às realizações
das pessoas com dificuldades de aprendizagem também é extraordinária na
intervenção (Simmons et al., 1998), assim como pode ser essencial seguir um
enfoque construtivista e ativo (Spivey, 1997) da aprendizagem e de suas
dificuldades, admitindo uma intervenção que valoriza a aquisição de conhecimentos
ativos e autorregulados pelos próprios alunos, e não realçando somente a prática
necessária para superar as dificuldades. Os modelos de ensino universitário (Rivas
e Descals, 2000), e que calham na formação dos futuros profissionais, como os
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psicopedagogos, também são um caminho que permite melhorar a qualidade da
docência universitária (Genovard, Castelló e Gontzens, 1999).
A definição consensual do NJCLD baseia-se em cinco princípios, que são
(SANCHÉZ, NICASIO 2004):
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de apoio e de solução de problemas, como um tipo de avaliação informal e de
intervenção inicial no contexto de sala de aula e com os recursos corriqueiros do
sistema. A segunda etapa é a identificação dos indivíduos com DA. Essa etapa, que
diagnostica e identifica, deveria ocorrer uma só vez na vida de uma pessoa –
comumente. A terceira etapa consiste na determinação da escolha para educação
especial e serviços relacionados. Essa determinação pode ser realizada muitas
vezes ao longo da vida de uma pessoa com DA. A quarta etapa implica a conexão
– bridge – da avaliação com as acomodações e o ensino especializado. Quer dizer,
o desenvolvimento do plano sólido de intervenção, por exemplo, o PDI –
Individualized Education Plan, IEP – em um processo cooperativo, como todas as
quatro etapas (SANCHÉZ, NICASIO 2004).
Essa operacionalização supõe um avanço, já que o conceito de
discrepância não é uma condição obrigatória, a menos que aconteçam dificuldades
significativas, mas a presença das mesmas deve ser analisada, o que na prática
pode ser um elemento importante na tomada de decisões. Basear-se em uma
primeira etapa de avaliação formal e de introdução de adaptações e procuras de
soluções supõe uma aproximação aos modelos baseados na validade do
tratamento, mas se tratando de um “proclama” de muitas organizações – afirmam-
no nove organizações –, não desce a modelos específicos, que é exigível ao nível
em que estamos fazendo a reflexão, como podem ser as propostas da medição
baseada no currículo (CBM) ou em outras que se delineiam depois (SANCHÉZ,
NICASIO 2004).
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enfoque. O enfoque do processamento da informação, que está sendo o dominante
nas últimas décadas em psicologia em geral e na psicologia das dificuldades da
aprendizagem em particular. O enfoque interativo ou ecológico, no qual estão
inclusas a análise do contexto familiar e escolar e as dificuldades de aprendizagem.
E por último a perspectiva sócio-histórico-cultural, que se desenvolveu nos últimos
anos de maneira notável, como mostramos na obra de García (1998, cap. 5). Esses
enfoques, de uma maneira ou de outra, estão refletidos ao longo de todo o livro.
O enfoque dominante, no entanto, não deixa de ser o do processamento da
informação, se bem que é preciso incluir e integrar as contribuições de outros
enfoques, especialmente quando se considera a intervenção psicopedagógica a
partir de um modelo integral (García, 1999). A essas perspectivas teria de se
acrescentar a neuropsicológica, que é muito frutífera e exerce um papel importante
desde o começo do tema na Espanha (Monedero, 1984), e que, em nível
internacional, sobretudo norte-americano e canadense, é uma perspectiva relevante
para entender a importância da interdisciplinaridade que sempre despontou o
campo das dificuldades de aprendizagem.
Também são importantes as propostas de Miranda (1986), seguidas e
atualizadas por Romero (1983), as quais realizam uma análise exaustiva das teorias
e dos moldes sobre as dificuldades de aprendizagem. Esse empenho classificatório
e de ordenação da complicação das explicações e das contribuições na área das
dificuldades de aprendizagem elucida e mostra que se debruçar sobre essa área
insinua fazê-lo a partir de perspectivas multidimensionais e multiparadigmáticas, e
que não se deve limitar de modo parcial nossa formação e enfoque. Queiramos ou
não, é predominantemente psicológico, ou, se se opta, psicopedagógico.
Miranda (1986) decompõe as diferentes teorias em quatro blocos:
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Romero (1993) divide-as em três grandes grupos:
1) biomédica e psicométrica;
2) ambientalista;
3) condutual e de modificação da conduta;
4) cognitiva e metacognitiva e a modificação de conduta cognitiva;
5) a orientação curricular; e
6) a dinâmica e humanística-holística.
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É acrescentado ainda um modelo próprio integrador de diagnóstico e de
intervenção.
Pode ser fácil fazer proposições sobre estudantes como esses. Brian é
imaturo e não tem autocontrole. Aisha é uma criança intelectualmente vagarosa.
Frank exibe uma “má atitude” e problemas emocionais. Joel necessita superar sua
falta de motivação acadêmica. Contudo, se você observar mais de perto, poderá
perceber um quadro bastante diferente (SMITH apud STRICK, 2001):
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não consegue se lembrar de mapas ou outros materiais visuais, e copiar a matéria
do quadro é horrível para ela.) A psicóloga articulou aos pais de Aisha que ela se
tornou deprimida devido seus problemas na escola. “Ela vê a si mesma como um
desapontamento total”, disse a psicóloga.
• Frank passou a evitar as aulas e as lições de casa para ocultar o problema
que tem para entender quaisquer orientações verbais ou grande parte do material
que lê. Com uma inteligência acima da média, ele tem êxito em situações de
aprendizagem que não demandam o amplo uso da linguagem. O ingresso no ensino
médio, contudo, não lhe dá muitas chances desse tipo. Frank sente que “não se
encaixa” e almeja por escapar do inacabável fracasso e das críticas que encara na
escola.
• O sucesso de Joel no atletismo dissimula sua fraca coordenação motora
fina. A dificuldade para dominar as mãos faz com que lhe seja extremamente difícil
manusear uma caneta ou um lápis (ele também tem “mão frouxa” em atividades
como lavar pratos). Joel é um estudante aplicado e compreende o conteúdo das
aulas, mas considera basicamente impossível expressar o que sabe quando
necessita fazer isso por escrito.
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Quando as táticas normais de recompensa e punição falham, os pais e os
professores ficam chateados, mas ninguém sente maior chateação que os próprios
estudantes. “As palavras mais deprimentes da língua são ‘Esforce-se mais’”, relata
um aluno cujas dificuldades foram, enfim, identificadas no ensino médio. “Eu estava
me esforçando, mas ninguém confiava em mim porque eu não estava conseguindo
sucesso.” (SMITH apud STRICK, 2001).
Mesmo que as dificuldades de aprendizagem tenham virado o foco de
pesquisas mais intensas nos últimos anos, elas ainda são pouco compreendidas
pelo público em geral. As informações sobre dificuldades de aprendizagem têm tido
uma agudeza tão lenta que os enganos são fartos até mesmo entre professores e
outros profissionais da educação. Não é difícil entender a desordem. Inicialmente,
o termo dificuldades de aprendizagem condiz não a um único distúrbio, mas a uma
vasta gama de problemas que podem acometer qualquer área do desempenho
acadêmico. Dificilmente elas podem ser atribuídas a uma única causa: muitos
aspectos distintos podem prejudicar o funcionamento cerebral, e os problemas
psicológicos dessas crianças repetidamente são complicados, até certo ponto, por
seus meios doméstico e escolar, além de por questões como temperamento e estilo
de aprendizagem. As dificuldades de aprendizagem podem ser desmembradas em
tipos gerais, mas uma vez que, com frequência, acontecem em combinações – e
também variam infinitamente em gravidade –, pode ser muito difícil compreender o
que os estudantes agrupados sob esse rótulo apresentam em comum (SMITH apud
STRICK, 2001).
Na realidade, as dificuldades de aprendizagem são geralmente tão sutis que
essas crianças não aparentam ter problema algum. Diversas crianças com
dificuldades de aprendizagem têm inteligência entre a média ou superior, e o que
em geral é mais óbvio nelas, é que são capazes em algumas áreas. Como uma
criança pode conhecer tudo o que é possível sobre dinossauros aos 4 anos, mas
ainda não poder aprender o alfabeto? Como um aluno que lê três anos à diante do
nível de sua série, entrega um trabalho escrito absolutamente incompreensível?
Como uma criança é capaz de ler um parágrafo em voz alta perfeitamente e não
recordar o que leu cinco minutos depois? Não nos surpreende que os estudantes
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sejam acusados com tanta constância de serem desatentos, não cooperativos ou
desmotivados (SMITH apud STRICK, 2001).
Tal discrepância entre o que aparenta que a criança deveria ser capaz de
realizar e o que ela realmente realiza, entretanto, é a característica desse tipo de
déficit. O que as crianças com dificuldades de aprendizagem possuem em comum
é o baixo desempenho repentino. Na maior parte do tempo, elas operam de um
modo consistente com o que seria imaginado pela sua capacidade intelectual e de
sua estrutura familiar e educacional, mas dê-lhes certos tipos de tarefas e seus
cérebros parecem “travar”. Como resultado, sua performance na escola é
inconsistente: acompanham ou, por vezes, estão à frente de seus colegas de classe
em algumas áreas, mas ficam para trás em outras. Mesmo que os prejuízos
neurológicos possam afetar qualquer campo do funcionamento cerebral, as
dificuldades que mais tendem a gerar problemas acadêmicos são aquelas que
afetam a percepção visual, o processamento da linguagem, as habilidades motoras
finas e a capacidade para focar a atenção. Até mesmo déficits menores nesses
campos (que podem passar totalmente despercebidos em casa) podem causar um
impacto devastador tão logo a criança entre na escola (SMITH apud STRICK, 2001).
Muitas crianças com dificuldades de aprendizagem também enfrentam
comportamentos que pioram suas dificuldades na escola. O mais conhecido deles
é a hiperatividade, uma inquietação extrema que acomete cerca de 25% das
crianças com dificuldades de aprendizagem. Alguns outros comportamentos
problemáticos que podem ser observados em pessoas jovens com dificuldades de
aprendizagem são os seguintes (SMITH apud STRICK, 2001):
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Imaturidade social: A criança age como se fosse mais jovem que sua idade
cronológica e pode preferir brincar com crianças menores.
Dificuldade com a conversação: A criança tem dificuldade em escolher as
palavras certas ou fala sem parar.
Inflexibilidade: A criança teima em se manter fazendo as coisas à sua
própria maneira, mesmo que suas tentativas não funcionem; resiste a sugestões e
a ofertas de ajuda.
Planejamento e habilidades organizacionais deficientes: A criança não
demonstra ter qualquer noção de tempo e frequentemente chega atrasada ou
despreparada. Se várias tarefas são passadas (ou uma tarefa complexa com várias
etapas), ela não tem a mínima noção de por onde começar ou como repartir o
trabalho em segmentos manejáveis.
Distração: A criança repetidamente perde a lição, as roupas e outros
objetos; esquece de fazer as tarefas e trabalhos e/ou tem dificuldades para lembrar
de compromissos ou ocasiões sociais.
Falta de destreza: A criança parece atrapalhada e sem coordenação; em
geral, deixa cair as coisas, derramar, ou agarra os objetos e depois deixa cair; pode
ter uma caligrafia horrível; é tida como completamente inapta para esportes e jogos.
Falta de controle dos impulsos: A criança toca tudo/todos que chama seu
interesse, verbaliza suas observações sem raciocinar, interrompe ou muda
subitamente de assunto em conversas e/ou tem dificuldade para esperar sua vez
de falar.
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Mesmo que muitas crianças com dificuldade de aprendizagem sintam-se
contentes e bem-ajustadas, algumas desenvolvem problemas emocionais
pertinentes. Esses estudantes ficam tão desapontados tentando fazer coisas que
não conseguem que abdicam de aprender e começam a desenvolver estratégias
para fugir disso. Eles interrogam sua própria inteligência e começam a pensar que
não podem ser ajudados. Muitos se percebem furiosos e põem para fora,
fisicamente, tal sensação; outros ficam ansiosos e deprimidos. De todo modo, essas
crianças tendem a se isolar socialmente e frequentemente sofrem de solidão, assim
como de baixa autoestima. Finalmente, os problemas secundários adjuntos a uma
dificuldade de aprendizagem podem tornar-se bem mais óbvios e sérios do que a
própria dificuldade. Estudos apontam que adolescentes com dificuldades de
aprendizagem não somente estão mais propensos a abdicar dos estudos, mas
também demonstram maior risco para abuso de substâncias, atividade criminosa e
até mesmo suicídio (SMITH apud STRICK, 2001).
Os pais de alunos com dificuldades de aprendizagem geralmente tentam
lidar com uma gama enorme de problemas. Seus filhos parecem inteligentes o
bastante, mas encaram todo o tipo de obstáculos na escola. Eles podem ser
curiosos e cobiçar por aprender, mas sua inquietação e incapacidade de dar
atenção tornam difícil explicar-lhes qualquer coisa. Essas crianças têm boas
intenções, no que se alude às lições e tarefas de casa, mas no meio do trabalho
esquecem as instruções – ou o objetivo. Muitas têm problemas para estabelecer
amizades. Seus altos e baixos emocionais podem levar toda a família a um tumulto.
Pior ainda, essas crianças comumente se sentem infelizes por causa da sua
incapacidade de retribuir às expectativas dos pais e conquistar seus próprios
objetivos pessoais. Repetidas vezes, culpam a si mesmas por todas essas
dificuldades: “Sou burro”, “Sou um caso sem solução” ou “As pessoas não gostam
de mim”, e podem tornar-se reprimidas e auto derrotistas. Como disse uma mãe: “O
que realmente abate a gente é a perda da autoconfiança. Pouca coisa pode ser pior
do que ver seu filho desistir de si mesmo e de seus sonhos” (SMITH apud STRICK,
2001).
33
Este livro é para auxiliar os jovens com dificuldades de aprendizagem a se
segurarem aos seus sonhos. É também para auxiliar as mães e os pais a
enfrentarem o labirinto de desafios que tão comumente deixam os pais e os
estudantes sentindo-se perplexos e impotentes. A primeira questão importante é
que os pais não são impotentes – muito pelo contrário. Está confirmado que os
estudantes mais propensos a ter êxito são aqueles que têm pais informados e
motivadores ao seu lado. Esse fator excede a qualidade do programa escolar ou a
gravidade do próprio déficit em importância. Muitos estudos têm evidenciado que
“cuidados parentais de qualidade” deixam as crianças crescerem e se tornarem
cidadãos felizes e autônomos, mesmo quando a saúde ao nascer e as chances
educacionais são notavelmente fracas (SMITH apud STRICK, 2001).
Os pais não carecem de um título de PhD em psicologia ou em educação
para orientar perfeitamente seus filhos. Entre os feitios dos cuidados parentais
citados pelos psicólogos como mais valiosos estão os de ensinar as crianças a
realizar o máximo com as capacidades que têm, encorajando-as a confiar que
podem superar os empecilhos e ajudando-as a estabelecer alvos realistas, além de
estimular nelas o amor-próprio envolvendo-as em responsabilidades em casa e na
comunidade (SMITH apud STRICK, 2001).
Os pais de crianças com dificuldades de aprendizagem realmente devem
aprender como trabalhar de jeito efetivo com os professores e os administradores
escolares para o desenvolvimento de um programa educacional apropriado – uma
perspectiva que muitos avaliam assustadora. Contudo, tornar-se um ativista na
escola é o melhor jeito de garantir que as necessidades educacionais de seu filho
sejam inteiramente satisfeitas. Ainda que os programas de licenciatura nos Estados
Unidos até pouco tempo antes não incluíam quase nada sobre dificuldades de
aprendizagem, você não pode assumir que os professores de seu filho estarão bem-
informados sobre elas ou serão solidários quanto às necessidades especiais de
crianças com distúrbios neurológicos. Além disso, muitas das metodologias
didáticas de sucesso comprovado e dos materiais que dão certo para estudantes
típicos são inúteis para crianças com dificuldades de aprendizagem. Os pais de
estudantes bem-sucedidos com dificuldades de aprendizagem asseguram que o
34
atento monitoramento e a defesa de direitos são o único jeito de garantir que essas
crianças sejam consistentemente instruídas de um modo que torne a aprendizagem
plausível para elas. Os pais acrescentam que habitualmente se descobrem na
posição de “educar os educadores” sobre dificuldades de aprendizagem e sobre as
muitas maneiras como as crianças podem ser afetadas por elas (SMITH apud
STRICK, 2001).
35
informações a um indivíduo. Ainda, irregularidades no funcionamento cerebral
contam somente parte da história. O desenvolvimento individual das crianças
também é fortemente influenciado por sua família, pela escola e pelo meio da
comunidade. Embora, de maneira suposta, as dificuldades de aprendizagem
tenham uma base biológica, comumente é o ambiente da criança que determina a
gravidade do impacto da dificuldade. A ciência ainda não proporciona muito em
termos de tratamento médico, mas a vasta experiência tem mostrado que a
modificação no ambiente pode fazer uma diferença chocante no progresso
educacional de uma criança (SMITH apud STRICK, 2001).
Os fatores biológicos que contribuem para as dificuldades de aprendizagem
podem ser divididos em quatro camadas gerais: lesão cerebral, erros no
desenvolvimento cerebral, desequilíbrios neuroquímicos e hereditariedade. Uma
vez que não têm testes neurológicos definitivos para as dificuldades de
aprendizagem, a determinação da causa de distúrbios desse tipo ainda é uma
questão de julgamento clínico informado. Quando se analisa o lar de uma criança e
as situações na escola e uma história delineada é levantada, um ou mais fatores
discutidos normalmente se sobressaem. Devemos admitir, entretanto, que às vezes
a única resposta honesta à questão “Por que meu filho tem uma dificuldade de
aprendizagem?” é “Nós não sabemos ao certo”. Esperamos que as pesquisas em
andamento nesta área de rápido desenvolvimento enfim nos oferecerão novas
maneiras de aferir essas dificuldades e de localizar a fonte dos problemas
individuais de aprendizagem (SMITH apud STRICK, 2001).
O termo “distúrbio” pode ser substituído por “transtorno”, por ser de origem
biológica. Na Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento (CID-10),
Distúrbio de Aprendizado é apresentado como comprometimento ou atraso no
36
desenvolvimento de funções unidas à maturação biológica da parte central do
sistema nervoso, e que se dá ainda na infância (NEVES apud BATIGÁLIA, 2011).
Distúrbio de Aprendizado, geralmente identificado pela sigla “DA”, tem sido
considerado problema característico da leitura, escrita e de raciocínio matemático,
identificado comumente nos primeiros anos escolares. Persiste durante toda a vida,
uma vez que é não tem cura, mesmo que possa ser atenuado, a depender do tipo
de transtorno. Associa-se a atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem, a
confusões têmporo-espaciais, de esquema corporal e de lateralidade ou a
alterações do trabalho cerebral normal (NEVES apud BATIGÁLIA, 2011).
A etiologia do Distúrbio de Aprendizado pode estar conexa com as
alterações genéticas ou adquiridas. A Dislexia é o seu exemplo mais comum,
também tida como transtorno da leitura, resultante de malformações corticais e
subcorticais que afetam áreas de processamento fonológico. A Dislexia se relaciona
a alterações nos cromossomos e em genes específicos, tais como KIAA03 e
DCDC2 (no cromossomo 6) e EKN1 (no cromossomo 15). Exibe herança poligênica
com transmissão autossômica dominante, ainda que tenha um fator hereditário em
até 40% dos casos, frequentemente entre pais e irmãos (NEVES apud BATIGÁLIA,
2011).
Dislexia pode ser qualificada em Disfonética, Diseidética ou Mista. Dislexia
Disfonética ou Fonológica (Sublexical) encontra-se associada à disfunção do lobo
temporal, com consequente dificuldade de leitura, na conversão de grafemas e
fonemas ou em conectar partes de sons em palavras completas, especialmente em
palavras não familiares. Dislexia Diseidética ou Superficial (Lexical) se associa à
disfunção do lobo occipital, com manifestos erros comuns de leitura, o que gera
leitura lenta e substituições ou omissões de letras e palavras. Dislexia Mista, por
sua vez, deriva de disfunção dos lobos pré-frontal, frontal, occipital e temporal, e se
caracteriza por englobar propriedades das Dislexias Disfonética e Diseidética, no
que urge a tomada de providências terapêuticas mais abrangentes (NEVES apud
BATIGÁLIA, 2011).
37
8.2 Dificuldade de Aprendizado
9 FATORES ETIOLÓGICOS
38
concomitância com outras condições desfavoráveis (retardo mental, distúrbio
emocional, problemas sensório-motores) ou, ainda, ser acentuadas por influências
externas, como, por exemplo, diferenças culturais, instrução insuficiente ou
inapropriada (Undheim AM, 2003).
40
companheiros típicos. Os estudantes com TDAH também exibem risco para
complicações da saúde mental, como ansiedade e depressão. Problemas de
conduta, baixa autoestima e fraco avanço escolar reduzem as chances de tais
alunos concluírem a escolarização, buscarem a educação superior e acharem um
emprego satisfatório (SMITH apud STRICK, 2001).
Os problemas com a atenção, o controle dos impulsos e a hiperatividade
podem aparecer a partir de níveis anormalmente baixos de atividade nas regiões
frontais do cérebro. Indicadores neurológicos indicam que essas crianças devem
fazer um imenso esforço para o processamento de informações: suas ondas
cerebrais que apontam a atenção são mais baixas que o normal, e essas crianças
reconhecem e reagem mais vagarosamente a estímulos que as crianças típicas,
bem como sua capacidade para concentrar-se cai com uma rapidez incomum
durante tarefas mentais. Déficits desse tipo não depreciam a capacidade intelectual
(o TDAH pode ser descoberto tanto entre crianças talentosas como entre crianças
de inteligência média e abaixo da média), mas tornam difícil a conservação da
atenção por tempo suficiente para o término das tarefas escolares. Como resultado,
as crianças com TDAH frequentemente vão mal na escola e, se a intervenção
demora a acontecer, elas podem não construir a fundação acadêmica sólida de que
carecem para ter sucesso nas séries posteriores (SMITH apud STRICK, 2001).
Os pais desses alunos inquietos com baixa realização escolar devem ser
muito cuidadosos quanto a concluírem, talvez apressadamente, que o TDAH é o
culpado. Têm muitas outras causas de desatenção na sala de aula. Por exemplo,
as crianças que padecem de doenças ou alergias frequentes, ocasionalmente, têm
problemas para focar a atenção, em virtude de seus problemas de saúde ou por
efeitos colaterais de seus medicamentos. A desatenção também pode ser um sinal
de problemas não-detectados de visão ou de audição: se as crianças não podem
ver ou ouvir bem, elas podem não estar cientes de forma plena de que existe algo
a que supostamente precisariam prestar atenção. Os estudantes que não comem o
suficiente, mostram-se irrequietos e desatentos; isso se aplica a adolescentes em
dietas de impacto, bem como a crianças que meramente não têm o que comer em
casa. As pessoas jovens que coexistem com altos níveis de estresse – devido a
41
abuso de substâncias pelos pais ou pela doença séria de um irmão – também
avaliam difícil concentrar-se: as situações vivenciadas por elas provocam fatos mais
urgentes em que pensar do que fatos de matemática ou ortografia das palavras
(SMITH apud STRICK, 2001).
A colocação educacional imprópria também pode produzir o
comportamento desatento. Um estudante intelectualmente brilhante, “empacado”
com um currículo que privilegia seus companheiros medianos, pode deixar de
prestar atenção e passar a fazer bagunça por puro tédio. Da mesma forma, alunos
imaturos ou de outro modo atrasados em seu desenvolvimento intelectual podem
tornar-se entediados e alheios, porque não compreendem totalmente o que está
acontecendo. Às vezes, os estudantes têm dificuldades para manter a atenção,
porque seus estilos de aprendizagem não acordam com o modo como as
informações lhes são apresentadas. Uma criança que se distrai com facilidade, por
exemplo, considerará quase impraticável concentrar-se em uma sala onde o
professor decorou cada centímetro quadrado da parede com mapas, gráficos,
pôsteres e outros auxílios visuais “úteis”. Em comparação, alunos cujo estilo favorito
de aprendizagem é interativo, tendem a perceber que sua atenção vagueia durante
palestras ou longos períodos de leitura. As crianças que aprendem melhor utilizando
a audição também podem achar difícil sustentar seu foco enquanto leem, a não ser
que leiam em voz alta – o que, é claro, não é permitido na maioria das salas de aula.
Essas são só algumas das muitas “incompatibilidades” cognitivas que podem
produzir problemas de concentração (SMITH apud STRICK, 2001).
Todas as crianças citadas nos parágrafos anteriores precisam de auxílio
para poderem dar o melhor de si na escola, mas elas possivelmente não têm TDAH.
Os pais nunca devem aceitar um diagnóstico de TDAH ou considerar o uso de
medicamentos, a menos que tenham certeza de que seus filhos estão ganhando o
trabalho apropriado na escola e de que as outras causas de perturbações da
atenção foram exploradas e rejeitadas. Para ter certeza de um diagnóstico de
TDAH, é preciso uma avaliação completa. A American Psychiatric Association
recomenda que todas as condições a seguir sejam agregadas, antes de um
diagnóstico de TDAH poder ser confirmado (SMITH apud STRICK, 2001):
42
• muitos sintomas do transtorno estão presentes;
• os sintomas são suficientemente graves para prejudicar o funcionamento
escolar e/ou social;
• os sintomas são inconsistentes com o nível de desenvolvimento de uma
criança;
• os sintomas persistiram seis meses ou mais;
• os sintomas estavam presentes antes dos sete anos de idade;
• os sintomas são observados tanto na escola quanto em casa;
• não existem evidências de uma condição de saúde ou doença mental que
pudesse causar problemas similares.
43
quase nunca pensam em táticas como essas sozinhas (SMITH apud STRICK,
2001).
O apoio e informação aos pais é um outro elemento crucial para ajudar uma
criança com TDAH. Muitas mães asseguram que tanto sua sanidade quanto sua
própria autoestima foram salvas por grupos de apoio e boletins particularizados,
planejados para pais de crianças com TDAH. O aconselhamento familiar também é
frequentemente útil: a teoria pode ter importância crítica, se uma criança parece
deprimida ou zangada, ou se muita negatividade foi aglomerada dentro da família.
Aulas para os pais e publicações podem ajudá-los a entender como usar o reforço
positivo para recompensarem o comportamento desejável, como ignorar
estrategicamente o mau comportamento e como desenvolver métodos apropriados
e efetivos de disciplina. Descanso e recreação para os pais também são
importantes! Cuidar de crianças com TDAH é uma tarefa difícil e, em geral,
cansativa; a maior parte dos pais acham que pode realizá-la melhor se cuidar bem
de si mesma e se, de vez em quando, fizer um “recreio” (SMITH apud STRICK,
2001).
As crianças com TDAH, com frequência, apresentam uma melhora
significativa quando chegam à adolescência. Elas tendem a continuar sendo
indivíduos cheios de energia, mas não são mais “descontroladas”. Se aprendem
estratégias apropriadas de aprendizagem e habilidades sociais, podem sair-se bem
na escola e no trabalho. Algumas pessoas que usaram medicamento são capazes
de descontinuá-lo. Contudo, cerca de 50% daqueles que obtêm benefícios dos
medicamentos enquanto crianças continuam necessitando desses, a fim de darem
o melhor de si quando adultos. “Ei, eu acho que não sou pior do que o cara que
precisa usar óculos”, diz um veterano na universidade que toma Ritalin todos os
dias. “Ninguém gosta de tomar remédios, mas sem eles eu não teria passado da
quarta série, muito menos teria feito o ensino médio e quatro anos de universidade”.
A identificação e intervenção precoces são críticas para crianças com TDAH.
Quanto antes o problema é reconhecido, menos possivelmente o comportamento
antissocial ou os problemas emocionais irão desenvolver-se. Também será menos
44
provável que os pais culpem a si mesmos pelo comportamento difícil da criança
(SMITH apud STRICK, 2001).
Como lembra uma mãe:
45
dificuldades de interação social e deficiência intelectual até manifestações mais
sutis de difícil identificação (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
O TEA não escolhe gênero, classe social, religião, etc. Por isso, pode
acometer qualquer criança. Segundo a agência nacional da Organização das
Nações Unidas (ONU), a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o TEA
afete uma em cada 160 crianças no mundo todo (LEITE, 2018).
46
O que diferencia os transtornos pertencentes ao grupo do TEA são os níveis
de gravidade e as dimensões de sintomas que estão mais comprometidas
(AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
Assim, o conceito de espectro autista surgiu para mostrar que o rótulo
“autismo” pode representar um conjunto bastante heterogêneo de individualidades.
Ou seja, existem muitas variações na manifestação dos sintomas, o que implica
diferentes necessidades educacionais e terapêuticas (LEITE, 2018).
47
12.2 Teoria da mente
48
Em um grau leve de comprometimento da linguagem, a criança pode fazer
uso da fala para se expressar, porém sua fala é pouco ou nada funcional. Ou seja,
ela pode não filtrar o que diz e falar coisas totalmente fora do contexto. Quando
existe a fala funcional (voltada para a comunicação), parece estar voltada muito
mais para a intenção de comunicar seus interesses restritos do que para
compartilhar ideias com seu interlocutor, o que é pouco adequado às situações
interativas. Em um grau profundo, a comunicação é totalmente ausente. A pessoa
com TEA apresenta mutismo total ou funcional. Pode ser que ela faça pequenas
verbalizações não linguísticas, ou seja, sem a intenção de estabelecer comunicação
ou diálogo. O mutismo funcional ocorre em forma de ecolalias (repetir palavras e
frases aleatoriamente e fora de contexto) (LEITE, 2018).
As dificuldades de compreensão também são variáveis. Há casos em que
a criança compreende o discurso do interlocutor, mas tem dificuldade para
diferenciar o significado literal da fala e a sua intencionalidade. Também há
situações em que a criança manifesta um tipo de “surdez central”, ou seja, ignora
por completo a linguagem, não respondendo a ordens nem a chamados (LEITE,
2018).
49
determinado comportamento, como o de assistir a um mesmo filme repetidamente
(RIVIERE, 2004).
50
psicossocial, pois é pela imitação que se origina grande parte do aprendizado e da
condição de adaptação social. A criança com TEA apresenta defasagem ou
ausência dessa capacidade, ou seja, não imita os adultos nem outras crianças. Isso
funciona como obstáculo para que ela encontre nas outras pessoas uma referência
na qual possa se espelhar e com a qual se identifique (LEITE, 2018).
A incapacidade de imitar é, ao mesmo tempo, um reflexo e uma condição
das limitações simbólicas e intersubjetivas das crianças com TEA. Dependendo do
grau de comprometimento nessa área, a criança pode fazer algumas imitações
mecânicas, realizadas somente a partir de modelos externos, ou apresentar
ausência completa de condutas imitativas (LEITE, 2018).
De acordo com Riviere (2004), no que se refere à forma de agir e se
comunicar, a criança ou o adulto com TEA apresenta dificuldade ou incapacidade
para criar significantes, ficando presa aos significantes reais. Por exemplo: para
uma criança com TEA, uma fileira de cadeiras é apenas uma fileira de cadeiras, não
poderá ser outra coisa. Já para uma criança que não possui esse transtorno, uma
fileira de cadeiras pode ser simbolizada e transformada, em sua imaginação, em
bancos de um ônibus.
As crianças sem o transtorno conseguem deixar em suspenso as
propriedades reais e literais das coisas, pois sabem que, mesmo fingindo que as
cadeiras são os assentos de um ônibus, elas não perdem sua propriedade real. O
comprometimento da capacidade imaginativa pode ser de grau leve, quando as
crianças simplesmente não conseguem suspender um significado para substituí-lo
por outro que não corresponde à realidade, ou de grau severo, caso em que há um
dano profundo na capacidade de comunicação, impossibilitando qualquer atribuição
de novos significantes (LEITE, 2018).
13 TRANSTORNO AUTISTA
a) total de seis (ou mais) itens dos grupos 1, 2 e 3 — com pelo menos dois
do grupo 1, um do grupo 2 e um do grupo 3;
b) atrasos ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes
áreas, com início antes dos três anos de idade: (1) interação social, (2) linguagem
para fins de comunicação social ou (3) jogos imaginativos ou simbólicos
(TUCHMAN; RAPIN, 2009, p. 21).
52
• ausência de interação social e realização de brincadeiras solitárias, ou
seja, a criança não brinca com outras crianças e frequentemente não procura
consolo quando se machuca, além de parecer ignorar os outros;
• mudanças de humor sem causas evidentes — pode rir ou chorar, mas
sempre dando a impressão de que isso diz respeito apenas a ela mesma;
• uso dos adultos como ferramentas para conseguir o que quer, por
exemplo, levar um adulto pela mão para pegar um objeto em um armário que não
alcança;
• ausência de interesse por materiais ou atividades da sala de aula;
• interesse obsessivo por determinado objeto ou tipo de objetos, por
exemplo, a criança pode ter obsessão por determinado livro, tampinhas de
refrigerante, prendedores de roupa, etc.
53
13.1 Dificuldades cognitivas da criança autista
54
13.2 Tratamento e intervenção
14 DISLEXIA
55
É importante ressaltar que existe uma combinação dos fenômenos
biológicos e ambientais no aprendizado da linguagem escrita, envolvendo a
integridade motora, a integridade sensório-perceptual e a integridade
socioemocional (possibilidades reais que o meio oferece em termos de quantidade,
qualidade e frequência de estímulos). Além disso, o domínio da linguagem e a
capacidade de simbolização também são princípios importantes no
desenvolvimento do aprendizado da leitura e da escrita (MATHES, 2002).
Sendo considerada uma alteração de aprendizagem, a dislexia caracteriza-
se por dificuldades específicas na realização da leitura e da escrita, havendo, de
maneira geral, dois tipos de dislexia: a dislexia de desenvolvimento e a dislexia
adquirida (CIASCA,1995).
A primeira refere-se a alterações no aprendizado da leitura e escrita com
origem institucional, ou seja, ambiental, referente à forma de aprendizado escolar.
Nesses casos, ocorre diminuição da capacidade de leitura associada a disfunção
cerebral, havendo uma alteração específica na aquisição das habilidades de leitura
e consequente dificuldade no aprendizado da leitura. Existem autores que
consideram fatores genéticos como uma das causas de dislexia de
desenvolvimento. Já na dislexia adquirida, o aprendizado da leitura e da escrita, que
foi adquirido normalmente, é perdido como resultado de uma lesão cerebral
(MEDOW, 2003).
Vários são os fatores ainda em estudo que descrevem as causas da dislexia
de desenvolvimento entre eles, déficits cognitivos, fatores neurológicos
(neuroanatômicos e neurofisiológicos), prematuridade e baixo peso ao nascimento,
influências genéticas e ambientais. Sabe-se, porém, que fatores externos
(ambientais) não podem ser separados de problemas neurológicos, visto que
aspectos tais como instrução inadequada, distúrbios emocionais e pobreza de
estímulos na infância podem causar diferenças no desenvolvimento neurológico e
cognitivo que precedem dificuldades severas de leitura (LANDRY, 2002). As
dislexias podem ser divididas em dois tipos: central e periférica (Tabela a seguir).
Na primeira, ocorre o comprometimento do processamento linguístico dos
estímulos, ou seja, alterações no processo de conversão da ortografia para
56
fonologia. Na segunda, ocorre o comprometimento do sistema de análise vísuo-
perceptiva para leitura, havendo prejuízos na compreensão do material lido. Entre
as dislexias centrais, ressaltam-se a fonológica, a de superfície e a profunda; já as
dislexias periféricas incluem a dislexia atencional, a por negligência e a literal (pura)
(CAPELLINI, 2000).
Em relação às dislexias de desenvolvimento, as mais comuns são a dislexia
fonológica e a de superfície, já mencionadas anteriormente, e a dislexia semântica.
Esta se caracteriza pela preservação da leitura em voz alta, sem erros de
decodificação (fonema-grafema), porém com pobreza na compreensão da escrita
(VAN DER SCHOOT, 2002).
57
Várias pesquisas vêm fornecendo evidências de déficits fonológicos em
dislexias de desenvolvimento. No entanto, recentes estudos demonstraram a
existência de múltiplos déficits de processamento temporal nas dislexias. De fato,
disléxicos mostram anormalidades visuais e auditivas que podem resultar de
problemas generalizados na percepção e na seleção de estímulos. Crianças com
dislexia apresentam alterações auditivas e visuais referentes à orientação espacial.
Esses achados sugerem que déficits na atenção da seleção espacial podem
desorganizar o desenvolvimento de representações fonológicas e ortográficas que
são essenciais para o aprendizado da leitura (RAMUS, 2003).
Em uma pesquisa realizada pelo Institute of Cognitive Neuroscience
(Londres), foram investigados 16 disléxicos adultos e 16 controles através de uma
bateria de testes psicométricos, fonológicos, auditivos, visuais e cerebelares. Dados
individuais revelaram que todos os disléxicos apresentaram déficits fonológicos, 10
mostraram déficits auditivos, quatro tinham déficits motores, e dois tinham déficits
visuais. Esses achados sugerem que déficits fonológicos podem aparecer na
ausência de qualquer outra alteração motora ou sensorial e são suficientes para
causar um prejuízo significativo, como foi demonstrado em cinco dos 16 disléxicos
(BREIER, 2003).
58
significante na performance de crianças com dificuldades de leitura (DOWNIE,
2003).
Outra pesquisa realizada na Holanda (Department of Special Education,
Vrije Universiteit, Amsterdã) mostrou que os déficits inibitórios em disléxicos lexicais
podem ser atribuídos a disfunções em estruturas cerebrais fronto-centrais
envolvidas em inibições motoras, sugerindo que possa haver uma associação entre
dislexia lexical e déficit de atenção/hiperatividade, já que os dois grupos apresentam
disfunção executiva (RAMUS, 2003).
59
DYX4. São genes em diferentes posições, suspeitando-se do caráter heterogêneo
dos transtornos de leitura (Pedagogia em Foco, 2003).
Uma outra pesquisa, que está sendo realizada pelo neuropsicólogo Frank
Wood, da Universidade de Forest Wake, revela que outros cromossomos (6, 1, 2 e
15) têm relações com a incapacidade de algumas crianças no processamento do
texto. Mais especificamente, sabe-se que existe um lócus nos cromossomos 6 e 18
que tem mostrado fortes e replicáveis efeitos nas habilidades de leitura (FRANCKS,
1989).
É importante ressaltar que o progresso no entendimento do papel da
genética na dislexia pode ajudar a diagnosticar e tratar crianças suscetíveis a tais
dificuldades com maior efetividade e rapidez.
15 DISCALCULIA
60
aspects of behavior are well within the normal range.” (MYKLEBUST; JOHNSON,
1962, p. 17).
Em 1968, Cohn utilizou o termo Discalculia do Desenvolvimento, afirmando
que a origem precisa desse transtorno não poderia ser identificado, mas geralmente
está relacionado à incapacidade da criança em relação a símbolos, em particular, a
símbolos gráficos. Nessa época, verifica-se que de acordo com Cohn (1968), existia
a dificuldade de reconhecer crianças com esse transtorno, pois o desenvolvimento
e utilização do conceito de número era semelhante ao de uma criança normal, a
única característica diferencial é que crianças com Discalculia necessitavam de
mais tempo e energia para fazer um uso adequado dos números (COHN, 1968).
Em seu artigo Developmental Dyscalculia (1974), publicado no Journal of
Learning Disabilities, Ladislav Kosc definiu os termos Discalculia do
Desenvolvimento. Para o autor:
61
Semelhante à classificação que Kosc (1974) fez com as categorias da
discalculia, Ferreira e Haase (2010) definiram em quatro categorias as habilidades
que podem ser prejudicadas por um estudante que apresenta discalculia:
habilidades linguísticas; habilidades perceptivas; habilidades de atenção;
habilidades matemática.
Para Dehaene (1997) o transtorno de aprendizagem em Matemática é
causado por um déficit no senso numérico, com substrato em regiões cerebrais
intraparietais, assim como outras desordens do tipo, baixa capacidade de
representação simbólica, funções executivas prejudicadas ou baixa capacidade de
atenção vísuo-espacial.
Além disso, Ferreira e Haase (2010, p. 186) destacam outras dificuldades
que envolvem habilidades Matemáticas e que podem ser observadas diariamente
pelos professores. No entanto, no caso de sua ocorrência elas devem ser repetitivas
para que o professor possa suspeitar de um transtorno. São elas:
62
16 OUTRAS ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM ESCRITA - DISGRAFIA E
DISORTOGRAFIA
17 POSSÍVEIS INTERVENÇÕES
63
A principal indicação atual para o tratamento de crianças com dificuldades
de linguagem escrita é a intervenção direta nas habilidades de leitura, associada a
atividades relacionadas ao processamento fonológico da linguagem. Práticas
anteriores buscavam estimular habilidades consideradas pré-requisitos para o
aprendizado da leitura, como percepção vísuo-espacial, habilidades psicomotoras,
etc. (Salles JF, 2003).
Todas as atividades de estimulação da linguagem escrita devem ser
realizadas de forma lúdica, através de jogos e brincadeiras, para que a criança sinta
prazer em ler e escrever. Em casa, o estímulo deve ser iniciado com a leitura de
histórias infantis pelos pais para os filhos, a estimulação de jogos de rimas, que
ajudam na consciência fonológica, jogos com letras e desenhos, para a criança já ir
se familiarizando com a escrita, leitura de rótulos e propagandas enfim, nunca se
deve obrigar uma criança a ler um livro, e sim fazê-la ter vontade de ler e conhecer
a sua história (Capellini AS, 2000).
64
18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
65
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estatística das perturbações mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BOSA, C. A. As relações entre autismo, comportamento social e função
executiva. Revista Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 14, n. 2, 2001.
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evidências de Validade de Critério. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 31,
n. 1, jan./mar., 2015.
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