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1.

Introdução
Segundo Zardo (2020), Comer desperta uma experiência sensorial multidimensional, na qual, em
poucos segundos, os cinco sentidos são acionados (visão, olfato, paladar, tato e audição), criando
diferentes sensações em um conjunto complexo de interações. Zardo, acrescenta ainda que todos
os gostos são percebidos igualmente em toda a língua. Algumas áreas, no entanto, podem ser um
pouco mais sensíveis do que outras para um determinado gosto.

O paladar é o sentido que permite sentir os 5 gostos dos alimentos – doce, amargo, salgado,
ácido e umami – por meio das papilas gustativas espalhadas pela superfície dorsal de toda a
língua, na região do palato, epiglote, faringe e laringe, de maneira que permite a percepção do
gosto Zardo (2020).

A nossa língua possui inúmeras células especializadas presentes em pequenas "dobrinhas"


conhecidas como papilas gustativas. De forma geral, a nossa percepção dos sabores funciona
como uma letra U invertida. Quando você coloca um alimento na boca, rapidamente as papilas
gustativas são ativadas e causam uma reação que envolve a rápida percepção e identificação do
sabor, acompanhada por um rápido pico de percepção, que aos poucos reduz a sua intensidade,
ganhando espaço para uma percepção mais discreta e contínua (Machado, 2021).

O sistema nervoso central (SNC) é capaz de perceber as proporções de estímulos nos


corpúsculos gustativos através de perfis gustativos das fibras que inervam esses corpúsculos. As
células gustativas reconhecem os sabores doce, azedo, salgado e amargo, que a fisiologia os
denomina de sabores básicos. A esses sabores se acrescentam a sensação da temperatura, da
textura, da dor e, assim, conseguimos nos deleitar com a harmonia dos diversos sabores PSF
(2016).

O presente relatório tem como objetivo principal, mapear os quimioreceptores da língua.


2. Objectivos
2.1. Geral:
-Conhecer o mapeamento dos quimioreceptores da língua.

2.2. Específicos:
- Identificar os locais estimulados e as intensidades da sensação os diferentes sabores na língua;
- Mapear a língua, indicando onde se encontram as maiores concentrações dos receptores
gustativos dos 4 sabores básicos;
- Explicar o processo de transdução dos 4 sabores básicos.
3. Material
- pano-toalha;
- Colher;
- 4 copos plásticos.
3.1. Reagentes:
- 1 colher de sopa cheia de Açucar;
- 1 colher de sopa cheia de sal;
- 1 colher de sopa cheia de vinagre;
- 1 saqueta de GrandPa;
- Água corrente.

4. Procedimento
1. Deitou-se 1 colher de sopa de sal, açucar, vinagre e uma saqueta de GrandPa em cada copo
plástico;
2. Adicionou-se água (2 colheres de sopa) nos copos que continham sal, açucar e GrandPa (1
colher de sopa)
3. Mexeu-se bem, até dissolver, cada solução com a ponta anterior da colher;
4. Molhou-se a ponta da colher com a solução de GrandPa e aplicou-se na ponta, lateral
esquerdo, direito , terço anterior central e posterior da língua. Lavando-se e enxaguando-se a
língua com o pano toalha, sempre antes de aplicar nas diferentes regiões;
5. Repetiu-se o procedimento anterior para as concentrações de sal, vinagre e açucar,
respectivamente;
6. Registou-se os resultados, indicando a intensidade das sensações.
5. Resultados
Quadro 1: ilustração das diferentes intensidade de sensações de acordo com os sabores básicos e
os locais estimulados.

PEÇO PARA FAZER O QUADRO

Fig. 1.: Mapa de língua ilustrando onde se encontram as maiores concentrações dos receptores
gustativos dos quatro sabores básicos.
-VOU ENVIAR A FOTO PARA PORES AQUI.
6. Discussão
Durante a realização da experiência, lavava-se e enxaguava-se a língua, antes de experimentar ps
diferentes sabores, nas diferentes partes da língua, o que converge com Machado (2021), que
afirma: “para apreciar ainda melhor os sabores, é interessante lavar estas papilas dando pequenos
goles de água de tempos em tempos”.
Segundo PSF(2016), a intensidade da percepção dos sabores depende:do número de papilas; da
penetração da substância no interior das mesmas; da natureza, concentração, capacidade
ionizante e composição química da substância.

Segundo Vilela (), usando pequenas gotas, é possível expormos uma única papila a baixas
concentrações das mais diferentes substâncias que estimulem a percepção dos sabores básicos
(alguma coisa quase puramente azeda, como vinagre, ou quase puramente doce, como uma
solução de sacarose). Concentrações muito baixas não são sentidas, mas, a partir de alguma
concentração crítica - denominada limiar de concentração -, o estímulo passa a evocar uma
percepção do gosto ou do sabor. Em concentrações imediatamente acima do limiar, as papilas
tendem a ser sensíveis a apenas um sabor básico: há papilas mais sensíveis ao azedo (ácido) e
papilas sensíveis ao doce, por exemplo. Entretanto, quando as concentrações dos estímulos
gustativos são aumentadas, a maioria das papilas torna- se menos seletiva. Embora uma papila
pudesse responder apenas ao doce quando todos os estímulos fossem fracos, ela poderia também
responder ao azedo e ao salgado se os estímulos se tomassem mais fortes. Essa perda da
especificidade é um fenômeno comum nos sistemas sensoriais.

Através das experiências realizadas pelos diferentes membros do grupo, notou-se que o sabor
amargo sentia-se mais ao fundo da boca (na parte posterior da língua), o sabor doce na ponta da
língua, o azedo e o salubre nas laterais, o que converge com Portilho (2016). Segundo o autor, no
fundo da língua, há mais detectores do amargor, que identificam uma substância chamada
quinino; os azedos são detectados principalmente nas laterais a partir da presença de ácidos; Os
sensores que captam a doçura, especialmente na ponta da língua, reagem a moléculas de açúcar;
a maior concentração das papilas gustativas que reagem aos sais da comida salgada está na
lateral e na ponta da língua.

No que diz respeito á transdução gustativa dos cinco sabores básicos, segundo Vilela (2016):

•O protótipo da substância química salgada é o sal - NaCl, o qual, é o principal componente do


nosso sangue. O sabor de sal é principalmente o gosto do cátion Na+. Células gustativas
sensíveis para salgado possuem um canal seletivo ao Na+, que é encontrado em outras células
epiteliais e que é bloqueável pelo fármaco amilorida.
Os canais de sódio sensíveis à amilorida são bastante diferentes dos canais de sódio que geram
potenciais de ação; o canal gustativo é insensível à voltagem e permanece aberto o tempo todo.
Quando se sorve uma colher de sopa de caldo de galinha, a concentração de Na+ aumenta no
lado de fora do receptor e o gradiente de Na+ através da membrana fica maior. O Na+ então,
difunde-se a favor do gradiente, para dentro da célula, e a corrente de entrada leva a membrana a
despolarizar-se. Este processo é similar à fase de ascensão do potencial de ação, exceto que,
naquele caso, o gradiente de concentração do Na+ permanece constante, enquanto que a
condutância para o Na+ (o número de canais de sódio abertos) aumenta temporariamente. A
despolarização da membrana promove a abertura de canais de Ca2+ na membrana basal, os
quais, por sua vez, influenciam o cálcio intracelular e a liberação de neurotransmissores.
Os estímulos podem interagir diretamente com os canais iônicos, passando através deles. Assim,
os potenciais de membrana influenciam os canais de Ca2+ na membrana basal, os quais, por sua
vez, influenciam o cálcio intracelular e a liberação de neurotransmissores.
Os ânions dos sais afetam o sabor dos cátions. Por exemplo, o NaCl tem um sabor mais salgado
que o acetato de sódio, aparentemente porque quanto maior for um ânion, mais ele inibirá o
sabor salgado do cátion. O mecanismo de inibição dos ânions é pouco compreendido. Uma outra
complicação é que estes ânions, quando se tomam maiores , tendem a impor seu próprio sabor. A
sacarina sódica tem um sabor doce porque a concentração de sódio é muito baixa para provocar
um estímulo salgado e a sacarina ativa, com mais potência, os receptores para o sabor doce.

•Um alimento tem sabor azedo devido à sua alta acidez (baixo pH). Ácidos, tais como HCl,
dissolvem-se em água e liberam prótons (H+). Portanto os prótons são os agentes causadores da
sensação de acidez e azedume sabe-se que afetam seus receptores gustativos de duas maneiras.
Primeiro, H+ pode entrar pelos canais de sódio sensíveis à amilorida, aquele mesmo canal que
medeia o sabor salgado. Isto causa uma entrada de corrente de H+ que despolarizaria a célula (a
célula não seria capaz de distinguir o Na+ do H+ se este fosse o único mecanismo de transdução
disponível.) Segundo, o H+ pode se ligar e bloquear canais seletivos para K+. Quando a
permeabilidade de membrana ao K+ decresce, a célula despolariza. Os estímulos podem interagir
diretamente com os canais iônicos, tanto passando através deles (H+) ou bloqueando-os
(bloqueio do canal de potássio por H+). Assim, os potenciais de membrana influenciam os canais
de Ca2+ na membrana basal, os quais, por sua vez, influenciam o cálcio intracelular e a liberação
de neurotransmissores.

•Há muitos estímulos doces e vários mecanismos são sensíveis a eles. Algumas moléculas são
doces porque se ligam a receptores específicos e ativam uma cascata de segundos mensageiros
em determinadas células gustativas. Em um caso, a cascata é similar à causada pela ativação dos
receptores de noradrenalina em determinados neurônios. Ela envolve um receptor acoplado à
proteína G desencadeando a formação de AMPc no citoplasma, o qual ativa a proteína quinase A
(PKA), que fosforila um canal de potássio - aparentemente diferente daquele envolvido na
transdução do sabor azedo , causando um bloqueio. Uma vez mais, o bloqueio dos canais de
potássio causa a despolarização dos receptores gustativos.
Alguns estímulos doces podem ativar uma via de segundos mensageiros envolvendo o IP3.
Finalmente, também há um outro mecanismo de transdução para o estímulo doce sem envolver
segundos mensageiros. Neste caso, um conjunto de canais de cátions podem ser regulados
diretamente pelos açúcares. Os estímulos doces ligam-se a receptores acoplados a proteínas G e
desencadeiam a síntese de AMPc, que promove o bloqueio de um canal de potássio, com as
consequentes despolarização, entrada de Ca2+ e liberação de neurotransmissor.

•Receptores para o sabor amargo são detectores de venenos. Talvez porque venenos são
quimicamente diversos, há vários mecanismos para transdução do gosto amargo. Alguns
compostos amargos, tais como cálcio e quinino (substâncias amargas do tipo 1), podem se ligar
diretamente aos canais de potássio, bloqueado-os (de maneira similar ao mecanismo para o
estímulo azedo/ácido). Há também receptores específicos para substâncias amargas do tipo 2, os
quais ativam cascatas de segundos mensageiros acoplados a proteínas G. Um tipo de receptor
para substâncias amargas desencadeia um aumento intracelular de inositol trifosfato (IP3). As
vias envolvendo a formação de IP3, são sistemas de sinalização celular presentes por todo o
corpo. Um aspecto incomum do sistema envolvendo IP3 é que ele modula a liberação de
neurotransmissor sem mudar o potencial de membrana do receptor, pois desencadeia diretamente
a liberação de Ca2+ a partir de estoques intracelulares. Há, ainda, um outro sistema para
transdução do sinal amargo que parece operar reduzindo os níveis de AMPc mediante o estímulo
da enzima que o hidrolisa. Estímulos amargos tanto podem bloquear um canal de potássio
(substância amarga 1) ou podem ligar-se diretamente a um receptor acoplado a proteínas Gq
(substância amarga 2) que desencadeie a síntese de IP3 e a liberação de Ca2+ de estoques
intracelulares. PIP2 é o fosfolipídio de membrana fosfatidil-inositol-4,5-bisfosfato.
•No sabor Umami dos aminoácidos, o glutamato pode ativar diretamente um canal iônico que é
permeável aos cátions de Na+ e Ca2+. A corrente de entrada resultante causa a despolarização, a
qual abre canais de Ca2+ dependentes de voltagem e desencadeia a liberação de transmissores; o
Ca2+ que flui diretamente por meio dos canais de glutamato também pode contribuir para a
liberação de transmissores. Este é outro processo bem conhecido, pois os canais regulados por
glutamato são predominantes nos sistemas de neurotransmissão excitatórios no SNC. No
segundo caminho para o sabor umami, o glutamato liga-se a um receptor acoplado a uma
proteína G (um subtipo particular do receptor glutamatérgico metabotrópico). Este receptor
provavelmente causa o decréscimo nos níveis de AMPc, o qual, por sua vez, modifica um canal
que ainda desconhecemos. Há aminoácidos que possuem ainda outros mecanismos de
transdução. Por exemplo, arginina e prolina podem abrir seus próprios canais. Aminoácidos que
têm gosto amargo (por exemplo, a leucina) podem desencadear outros sistemas mediados por
segundos mensageiros. Alguns aminoácidos ligam-se a canais permeáveis a cátions, levando a
uma mudança nas correntes e no potencial de membrana e, portanto, na entrada de Ca2+.

7. Conclusão
Concluiu-se através da seguinte experiência que existem locais na língua que não se sentem
alguns sabores e noutros em que é possível sentir em intensidade elevada, de acordo com o
sabor, tudo por causa dos quimioreceptores existentes nas diferentes regiões da mesma.
Os quimioreceptores do sabor azedo encontram-se em maior parte nas laterais, o doce e o
salgado na ponta, e o amargo no fundo da boca (região posterior da língua).
A transdução gustativa envolve muitos processos e cada sabor básico pode usar um ou mais
desses mecanismos. Estímulos gustativos podem: passar diretamente através de canais iônicos
(estímulos salgado e azedo), ligar e bloquear canais iônicos (estímulos azedo ou amargo), ligar e
abrir canais iônicos (alguns aminoácidos), ou ligar-se a receptores de membranas que ativam
sistemas de segundos mensageiros que, por sua vez, abrem ou fecham canais iônicos (estímulos
doce, amargo e umami).
8. Bibliografia
•Machado, P. Perceber de verdade o sabor do alimento ajuda a identificar a hora de parar.
[https://www.google.com/amp/s/www.uol.com.br/vivabem/colunas/paola-machado/2021/01/21/
explosao-de-sabores-voce-sente-de-fato-o-sabor-do-que-esta-comendo.amp.htm]. Consultado á
15 de Dezembro de 2021.
•Portilho, G. (2016). Como a língua sente diferentes sabores?.
[https://www.google.com/amp/s/super.abril.com.br/mundo-estranho/como-a-lingua-sente-
diferentes-sabores/amp/]. Consultado á 15 de Dezembro de 2021.
•Vilela, L. M. (2016). Sistema Sensorial I: olfato, gustação e paladar.
[https://www.biologia.bio.br › ...PDFSistema sensorial 1- olfação e
gustação_1_2016_atualizada6.pdf]. Consultado á 15 de Dezembro de 2021.

•Zardo, S. C. (2020). Paladar: um dos 5 sentidos envolvidos ao comer.


[https://www.centrobesi.com.br/post/paladar-um-dos-5-sentidos-envolvidos-ao-comer].
Consultado á 15 de Dezembro de 2020.

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