DO PENSAMENTO DIDÁTICO
A palavra didática (didáctica) vem da expressão grega Τεχνη διδακτικη (techné
didaktiké), que se pode traduzir como arte ou técnica de ensinar. A Didática é a parte da
pedagogia que se ocupa dos métodos e técnicas de ensino destinados a colocar em prática
as diretrizes da teoria pedagógica. A didática estuda os processos de ensino e
aprendizagem. O educador Jan Amos Komenský, mais conhecido por Comenius, é
reconhecido como o pai da Didática Moderna e um dos maiores educadores do século XVII.
Entre outras informações, você encontra a didática como arte ou técnica de ensinar .
Assim, nesse contexto, didática ligase a ensinar, instruir, orientar, acompanhar o processo
de ensino aprendizagem.
Mas é necessário lembrar que nós vivemos em constante transformação, seja
enquanto sociedade, seja enquanto indivíduos participantes dessa sociedade. Assim,
existem dentro, de cada época , pessoas, conteúdos e contextos representativos desse
tempo. Dentro da história da didática ainda hoje nos reportamos a Comenius, lá do século
XVIII, mas estamos no século XXI e muitos outros educadores também se ocuparam dos
processos de ensino aprendizagem. Por exemplo: a educadora Vera Maria Candau,
educadora da PUC do Rio de Janeiro, coloca que a didática pode ser entendida como
reflexão sistemática e busca de alternativas para os problemas da prática pedagógica. É
mais uma forma de conceituar a didática.
Mas, como entender essa idéia de Didática como reflexão sistemática?
Ainda aproveitando sua busca na Wikipédia, você encontrou que:
Os elementos da ação didática são:
• o professor;
• o aluno;
• a disciplina (matéria ou conteúdo);
• o contexto da aprendizagem;
• as estratégias metodológicas.
O que isso significa?
Vamos dizer que a didática , enquanto arte ou técnica de dirigir a aprendizagem,
como encontramos no dicionário Aurélio, não é solitária. Outras personagens devem fazer
parte dessa arte, para que ela realmente seja real, concreta. Quem são essas personagens
que fazem essa composição? O professor, o aluno, os conteúdos , o contexto e as
estratégias metodológicas.
Masetto (1997) coloca que a didática como reflexão sistemática é o estudo das
teorias de ensino e aprendizagem aplicadas ao processo educativo que se realiza na escola,
bem como dos resultados obtidos.
Esses conhecimentos nos ajudam a pensar e refletir sobre questões relacionadas à
escola e à sala de aula:
· Como a criança constrói o seu conhecimento?
· Qual o papel do professor no processo de construção do conhecimento da
criança?
· A escola enquanto organização social tem um papel significativo nas ações
educativas em sala de aula?
· Como deverá ser organizado o currículo de uma escola?
· Como construir um processo de avaliação formativa?
Como você pode perceber, muitos elementos encontramse envolvidos no ato de
aprender, no ato de ensinar. Hoje, pensamos em um ato conjunto, que chamamos de ensino
e aprendizagem. Na verdade, processo de ensino e aprendizagem.
O processo de aprendizagem pode ser definido, de forma sintética, como o modo
como os seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o
comportamento. Contudo, a complexidade desse processo dificilmente pode ser explicada
apenas por recortes do todo. Por outro lado, qualquer definição está, invariavelmente,
impregnada de pressupostos politicoideológicos, relacionados com a visão de homem,
sociedade e saber.
Se você gostou de navegar na Internet, pode continuar pesquisando um pouco mais,
aproveitando para estudar um pouco e usando mais uma vez a Wikipédia, você pode
explorar este termo novo: aprendizagem.
Você se lembra quando falamos sobre a didática não ser solitária? A aprendizagem
também guarda essa característica. Masetto (1.997) coloca que o processo de
aprendizagem se realiza através do relacionamento interpessoal muito forte entre alunos e
professores, alunos e alunos, professores e professores, enfim, entre alunos, professores e
direção. Essa é a dimensão humana da aprendizagem.
Esse processo de ensino e aprendizagem se realiza em uma determinada escola,
situado em um bairro com determinadas características sociais e econômicas, que recebe
suas orientações e diretrizes educacionais propostas por políticas governamentais, que
influirão por intermédio de legislação e normas no trabalho dessa escola. Alunos, pais,
professores, diretores, funcionários, pesquisadores, autores, editores, todos são pessoas
que vivem e convivem em uma cultura específica e, portanto, têm posições sociais e
políticas transmitidas em seus trabalhos e nas suas relações com a escola, cuja função é
educar a criança para uma participação ativa na sociedade. Masetto(1997) afirma que essa
dimensão sóciopolítica interessa à didática, uma vez que esses elementos influenciam a
aprendizagem do aluno.
desenvolvese em três dimensões: humana, sócio política e técnica.
8.1 A escola e o desenvolvimento dos alunos
Masetto (1997) nos conta que a escola surge historicamente como fruto da
necessidade de se preservar e reproduzir a cultura e os conhecimentos da humanidade,
crenças, valores e conquistas sociais, concepções de vida e de mundo, de grupos ou de
classes. Ela permaneceu e se modernizou à medida que foi capaz de se tornar instrumento
poderoso na produção de novos valores e crenças, na difusão e socialização de conquistas
sociais, econômicas e culturais desses grupos ou classes. A escola é um espaço de
convivência e troca. Pessoas com experiências e idéias diferentes se encontram,
conversam, discutem, interagem. Em função dessa característica, é importante a vinculação
da escola com as questões sociais e os valores éticos.
Sabemos hoje que a escola tem um papel significativo no sucesso ou insucesso do
aluno, em seu processo de ensino e aprendizagem. Sua eficácia está diretamente ligada ao
cumprimento de propósitos estabelecidos coletivamente. Sua comunidade escolar deverá
ligarse à sua comunidade na definição de uma proposta de trabalho definida como projeto
educativo ou projeto políticopedagógico. É necessário que cada escola discuta e construa
seu projeto educativo, segundo sua particularidade.
Qual o papel da escola?
O objeto de estudo da Didática: o processo ensinoaprendizagem A escola em seu
trabalho deve pensar em seu aluno, conhecer o contexto social, no qual ele se insere, suas
características, carências, particularidades. Afinal, esse trabalho que se desenvolve dentro
dela, é voltado para o aluno, e nós já vimos, acima, que ela buscará o seu desenvolvimento!
Falamos em aprendizagem e agora já estamos falando em desenvolvimento. Vamos
aproveitar, resumidamente, as definições de Masetto (1997):
*Por desenvolvimento cognitivo entendese adquirir novos conhecimentos e rever os
que já se possui; relacionar e organizar informações; desenvolver a imaginação, a
capacidade de pensar e de criar soluções; desenvolver habilidades artísticas;
A escola, então, tem uma função social e cada classe constitui também um grupo
social, em uma interação social que acontece por meio da relação professoraluno e da
relação alunoaluno.
Haydt (1999) coloca que é no contexto da sala de aula, no convívio diário com o
professor e com os colegas, que o aluno vai exercitando hábitos, desenvolvendo atitudes,
assimilando valores. Assim, afirmase que, no processo de construção do conhecimento,
essa interação humana assume um valor pedagógico significativo, evidente. O professor,
por sua vez, vai exercer uma função incentivadora, despertando e estimulando o interesse
do aluno, bem como o orientando na construção de seu conhecimento e autonomia. Nesse
processo interativo, tanto o professor quanto o aluno constroem novos conhecimentos. O
aluno que, em sua vinda para o ambiente escolar, traz conhecimentos construídos em suas
vivências e experiências anteriores, poderá, mediante a intervenção do professor e do
contato com os conteúdos apresentados, transformálos também em culturalmente
relevantes. Esses conhecimentos assimilados pelo aluno deverão servir para inserilo na
sociedade de forma produtiva tanto como indivíduo quanto como ser social.
O professor, por outro lado, precisa conhecer o aluno que está em sua sala de aula,
e os conhecimentos prévios que ele possui. Esse conhecimento deverá ser o ponto de
partida do professor. Isso é importante, pois, partindo de um universo familiar ao aluno,
poderá despertar seu interesse pela participação, envolvendoo em situaçõesproblemas,
nas quais ele se sentirá capaz para resolver. Para o professor, esse ato de conhecer e
compreender o aluno mediará não somente seu trabalho com os conteúdos a serem
apresentados, mas também seu próprio envolvimento na busca de atitudes mais positivas
na relação com esse aluno e suas dificuldades no processo de ensino e aprendizagem.
Na sala de aula, professor e aluno constroem novos conhecimentos. Todos nós
conhecemos as expectativas das crianças em relação à escola, ao início das aulas, aos
professores que as acompanharão durante o ano. Lembrese do seu primeiro ano na escola,
seus professores, suas experiências. Quais sentimentos ou impressões são mais nítidos?
Como você se sentia enquanto aluno? Capaz, competente ou inseguro, tímido e receoso?
O objeto de estudo da Didática: o processo ensinoaprendizagem Sabemos (Coll et
all, 1998) que as representações que os professores têm de seus alunos (o que pensam e
esperam deles, as capacidades e intenções que lhes atribuem), influem no trabalho
desenvolvido na sala de aula, da mesma forma em que ocorre com as representações que
os alunos têm de seus professores. Sabemos também da importância de um autoconceito
positivo dos alunos na construção de seus conhecimentos e autonomia. O autoconceito
referese ao conhecimento e conceito que alguém tem de si mesmo, uma autoimagem que
influi na autoestima. Crianças com alto nível de autoestima conseguem melhores
resultados na escola. Quando o professor conhece o aluno e favorece seu envolvimento no
processo de ensino e aprendizagem mediante o diálogo, estimula sua participação e
interesse nas atividades e trabalhos. A motivação é um processo psicológico interno e
profundo, que o professor poderá incentivar o aluno a alcançar mediante esses
procedimentos.