Você está na página 1de 6

CORRENTES 

DO PENSAMENTO DIDÁTICO 

8.  O  OBJETO  DE  ESTUDO  DA  DIDÁTICA:  O  PROCESSO  ENSINO­ 


APRENDIZAGEM 

Se você procurar no dicionário Aurélio, didática, encontrará o  termo  como feminino 


substantivado de didático. Vamos começar por ele: didático: do grego didaktikós. Relativo ao 
ensino  ou  à  instrução,  ou  próprio  deles,  e  didática:  a  técnica  de  dirigir  e  orientar  a 
aprendizagem. 

A  palavra  didática  (didáctica)  vem  da  expressão  grega  Τεχνη  διδακτικη  (techné 
didaktiké),  que  se  pode  traduzir  como  arte  ou  técnica  de  ensinar.  A  Didática  é  a  parte  da 
pedagogia que se ocupa dos métodos e técnicas de ensino destinados a colocar em prática 
as  diretrizes  da  teoria  pedagógica.  A  didática  estuda  os  processos  de  ensino  e 
aprendizagem.  O  educador  Jan  Amos  Komenský,  mais  conhecido  por  Comenius,  é 
reconhecido como o pai da Didática Moderna e um dos maiores educadores do século XVII. 

Entre outras informações, você encontra a didática como arte ou técnica de ensinar . 
Assim, nesse contexto, didática liga­se a ensinar, instruir, orientar, acompanhar o processo 
de ensino aprendizagem. 

Mas  é  necessário  lembrar  que  nós  vivemos  em  constante  transformação,  seja 
enquanto  sociedade,  seja  enquanto  indivíduos  participantes  dessa  sociedade.  Assim, 
existem  dentro,  de  cada  época  ,  pessoas,  conteúdos  e  contextos  representativos  desse 
tempo. Dentro da história da didática ainda hoje nos reportamos a Comenius, lá do século 
XVIII,  mas  estamos  no  século  XXI  e  muitos  outros  educadores  também  se  ocuparam  dos 
processos  de  ensino  aprendizagem.  Por  exemplo:  a  educadora  Vera  Maria  Candau, 
educadora  da  PUC  do  Rio  de  Janeiro,  coloca  que  a  didática  pode  ser  entendida  como 
reflexão  sistemática  e  busca  de  alternativas  para  os  problemas  da  prática  pedagógica.  É 
mais uma forma de conceituar a didática. 

Mas, como entender essa idéia de Didática como reflexão sistemática? 

Ainda aproveitando sua busca na Wikipédia, você encontrou que: 

Os elementos da ação didática são: 

• o professor; 

• o aluno; 

• a disciplina (matéria ou conteúdo);
• o contexto da aprendizagem; 

• as estratégias metodológicas. 

O que isso significa? 

Vamos  dizer  que  a  didática  ,  enquanto  arte  ou  técnica  de  dirigir  a  aprendizagem, 
como  encontramos no  dicionário  Aurélio,  não é solitária.  Outras personagens devem fazer 
parte dessa arte, para que ela realmente seja real, concreta. Quem são essas personagens 
que  fazem  essa  composição?  O  professor,  o  aluno,  os  conteúdos  ,  o  contexto  e  as 
estratégias metodológicas. 

Masetto  (1997)  coloca  que  a  didática  como  reflexão  sistemática  é  o  estudo  das 
teorias de ensino e aprendizagem aplicadas ao processo educativo que se realiza na escola, 
bem como dos resultados obtidos. 

Necessitaremos,  dessa  forma,  de  inúmeros  conhecimentos,  para  compor  nosso 


trabalho  didático.  Por  isso,  várias  áreas  que  pesquisam  o  desenvolvimento  humano  estão 
presentes  nos  estudos  da  didática:  Antropologia,  Teorias  da  Comunicação,  História, 
Sociologia, Psicologia, Filosofia, entre elas. 

Esses conhecimentos nos ajudam a pensar e refletir sobre questões relacionadas à 
escola e à sala de aula:

· Como a criança constrói o seu conhecimento?

· Qual  o  papel  do  professor  no  processo  de  construção  do  conhecimento  da 
criança?

· Como  a  interação  professor­aluno,  aluno­aluno  interfere  no  processo  de 


ensino e aprendizagem?

· A  escola  enquanto  organização  social  tem  um  papel  significativo  nas  ações 
educativas em sala de aula?

· Como deverá ser organizado o currículo de uma escola?

· Como construir um processo de avaliação formativa? 

Como  você  pode  perceber,  muitos  elementos  encontram­se  envolvidos  no  ato  de 
aprender, no ato de ensinar. Hoje, pensamos em um ato conjunto, que chamamos de ensino 
e aprendizagem. Na verdade, processo de ensino e aprendizagem. 

O  processo  de  aprendizagem  pode  ser  definido,  de  forma  sintética,  como  o  modo 
como  os  seres  adquirem  novos  conhecimentos,  desenvolvem  competências  e  mudam  o 
comportamento.  Contudo,  a  complexidade  desse  processo  dificilmente  pode  ser  explicada
apenas  por  recortes  do  todo.  Por  outro  lado,  qualquer  definição  está,  invariavelmente, 
impregnada  de  pressupostos  politico­ideológicos,  relacionados  com  a  visão  de  homem, 
sociedade e saber. 

Se você gostou de navegar na Internet, pode continuar pesquisando um pouco mais, 
aproveitando  para  estudar  um  pouco  e  usando  mais  uma  vez  a  Wikipédia,  você  pode 
explorar este termo novo: aprendizagem. 

Podemos  entender  a  aprendizagem  como  o  desenvolvimento  da  pessoa  como  um 


todo? 

Os  objetivos  propostos  nos  Parâmetros  Curriculares  Nacionais  (MEC,1997) 


concretizam  as  intenções  educativas  em  termos  de  capacidades  que  devem  ser 
desenvolvidas  pelos  alunos  ao  longo  da  escolaridade:  capacidades  de  ordem  cognitiva, 
afetiva, de relação interpessoal e inserção social, ética e estética. Ou seja, quando falamos 
de  aprendizagem,  falamos  de  inteligência,  afetividade,  comportamento  moral, 
relacionamento  consigo  mesmo,  com  o  grupo  mais  próximo,  que  é  a  família,  e  com  a 
comunidade,  na  qual  se  está  inserido.  Isso  é  fazer  parte  de  uma  história,  de  uma  nação. 
Isso fará com que o processo de ensino e aprendizagem se desenvolva em três dimensões: 
humana, sócio­política e técnica. 

Você se lembra quando falamos sobre a didática não ser solitária? A aprendizagem 
também  guarda  essa  característica.  Masetto  (1.997)  coloca  que  o  processo  de 
aprendizagem se realiza através do relacionamento interpessoal muito forte entre alunos e 
professores, alunos e alunos, professores e professores, enfim, entre alunos, professores e 
direção. Essa é a dimensão humana da aprendizagem. 

Esse  processo  de  ensino  e  aprendizagem  se  realiza  em  uma  determinada  escola, 
situado em  um  bairro  com  determinadas  características  sociais  e econômicas, que  recebe 
suas  orientações  e  diretrizes  educacionais  propostas  por  políticas  governamentais,  que 
influirão  por  intermédio  de  legislação  e  normas  no  trabalho  dessa  escola.  Alunos,  pais, 
professores,  diretores,  funcionários,  pesquisadores,  autores,  editores,  todos  são  pessoas 
que  vivem  e  convivem  em  uma  cultura  específica  e,  portanto,  têm  posições  sociais  e 
políticas  transmitidas  em  seus trabalhos e nas  suas relações  com  a  escola,  cuja função é 
educar a criança para uma participação ativa na sociedade. Masetto(1997) afirma que essa 
dimensão  sócio­política  interessa  à  didática,  uma  vez  que  esses  elementos  influenciam  a 
aprendizagem do aluno.
desenvolve­se em três dimensões: humana, sócio ­ política e técnica. 

A  aprendizagem, no  caso da escola, é  um  processo intencional, ou  seja,  orientado 


por  objetivos  a  serem  alcançados  por  aqueles  que  dele  participam.  Nesse  processo,  é 
significativo que os alunos consigam aprender o que se propõe, por condições apropriadas. 
A dimensão técnica do processo de aprendizagem implica definição de objetivos, seleção de 
conteúdos, técnicas e recursos de ensino, organização e definição do processo e técnicas 
de avaliação, planejamentos da escola e da sala de aula. 

8.1 A escola e o desenvolvimento dos alunos 

Masetto  (1997)  nos  conta  que  a  escola  surge  historicamente  como  fruto  da 
necessidade  de  se  preservar  e  reproduzir  a  cultura  e  os  conhecimentos  da  humanidade, 
crenças,  valores  e  conquistas  sociais,  concepções  de  vida  e  de  mundo,  de  grupos  ou  de 
classes. Ela permaneceu e se modernizou à medida que foi capaz de se tornar instrumento 
poderoso na produção de novos valores e crenças, na difusão e socialização de conquistas 
sociais,  econômicas  e  culturais  desses  grupos  ou  classes.  A  escola  é  um  espaço  de 
convivência  e  troca.  Pessoas  com  experiências  e  idéias  diferentes  se  encontram, 
conversam, discutem, interagem. Em função dessa característica, é importante a vinculação 
da escola com as questões sociais e os valores éticos. 

Sabemos hoje que a escola tem um papel significativo no sucesso ou insucesso do 
aluno, em seu processo de ensino e aprendizagem. Sua eficácia está diretamente ligada ao 
cumprimento  de  propósitos  estabelecidos  coletivamente.  Sua  comunidade  escolar  deverá 
ligar­se à sua comunidade na definição de uma proposta de trabalho definida como projeto 
educativo ou projeto político­pedagógico. É necessário que cada escola discuta e construa 
seu projeto educativo, segundo sua particularidade. 

Qual o papel da escola? 

Para  que  serve?  Aproveite  esses  questionamentos  e  pergunte  a  seus  familiares  e 


amigos sobre suas lembranças escolares, expectativas e dificuldades. Coloque no papel as 
suas  lembranças,  refletindo  sobre  o  que  ela  desempenhou  ou  desempenha  na  vida  das 
pessoas. A escola deve pensar em seu aluno. 

O objeto de estudo da Didática: o processo ensino­aprendizagem A escola em  seu 
trabalho deve pensar em seu aluno, conhecer o contexto social, no qual ele se insere, suas 
características,  carências, particularidades. Afinal,  esse  trabalho  que  se desenvolve dentro 
dela, é voltado para o aluno, e nós já vimos, acima, que ela buscará o seu desenvolvimento!
Falamos  em  aprendizagem  e  agora  já  estamos  falando  em  desenvolvimento.  Vamos 
aproveitar, resumidamente, as definições de Masetto (1997): 

*Por desenvolvimento cognitivo entende­se adquirir novos conhecimentos e rever os 
que  já  se  possui;  relacionar  e  organizar  informações;  desenvolver  a  imaginação,  a 
capacidade de pensar e de criar soluções; desenvolver habilidades artísticas; 

*O  desenvolvimento  afetivo­emocional  compreende,  entre  outros  aspectos,  o 


crescente conhecimento de si mesmo (diferentes recursos que se possui, limites existentes 
e potencialidades a serem desenvolvidas). Isso significa abrir espaço para que se trabalhem 
diferentes  emoções:  alegria,  sofrimento,  raiva,  ódio,  amor,  autodefesa,  atenção,  respeito, 
entre outros. 

*No  desenvolvimento  motor  as  atividades  físicas  são  fundamentais.  Ajudam  o 


desenvolvimento dos orgãos dos sentidos e da coordenação motora, entre outros. *Na área 
social  é  importante  que  o  aluno desenvolva  sua  sociabilidade  e  comunicabilidade  com  os 
colegas de turma, da escola, com os professores e comunidade em geral. 

A  escola,  então,  tem  uma  função  social  e  cada  classe  constitui  também  um  grupo 
social,  em  uma  interação  social  que  acontece  por  meio  da  relação  professor­aluno  e  da 
relação aluno­aluno. 

Haydt  (1999)  coloca  que  é  no  contexto  da  sala  de  aula,  no  convívio  diário  com  o 
professor  e  com  os colegas,  que o  aluno  vai exercitando hábitos, desenvolvendo  atitudes, 
assimilando  valores.  Assim,  afirma­se  que,  no  processo  de  construção  do  conhecimento, 
essa  interação  humana  assume  um  valor  pedagógico  significativo,  evidente.  O  professor, 
por sua vez, vai exercer uma função incentivadora, despertando  e estimulando o interesse 
do aluno, bem como o orientando na construção de seu conhecimento e autonomia. Nesse 
processo  interativo,  tanto  o  professor  quanto  o  aluno  constroem  novos  conhecimentos.  O 
aluno que, em sua vinda para o ambiente escolar, traz conhecimentos construídos em suas 
vivências  e  experiências  anteriores,  poderá,  mediante  a  intervenção  do  professor  e  do 
contato  com  os  conteúdos  apresentados,  transformá­los  também  em  culturalmente 
relevantes.  Esses  conhecimentos  assimilados  pelo  aluno  deverão  servir  para  inseri­lo  na 
sociedade de forma produtiva tanto como indivíduo quanto como ser social. 

O professor, por outro lado, precisa conhecer o aluno que está em sua sala de aula, 
e  os  conhecimentos  prévios  que  ele  possui.  Esse  conhecimento  deverá  ser  o  ponto  de 
partida  do  professor.  Isso  é  importante,  pois,  partindo  de  um  universo  familiar  ao  aluno, 
poderá  despertar  seu  interesse  pela  participação,  envolvendo­o  em  situações­problemas, 
nas  quais  ele  se  sentirá  capaz  para  resolver.  Para  o  professor,  esse  ato  de  conhecer  e 
compreender  o  aluno  mediará  não  somente  seu  trabalho  com  os  conteúdos  a  serem
apresentados,  mas  também  seu  próprio  envolvimento na busca  de  atitudes  mais  positivas 
na relação com esse aluno e suas dificuldades no processo de ensino e aprendizagem. 

Na  sala  de  aula,  professor  e  aluno  constroem  novos  conhecimentos.  Todos  nós 
conhecemos  as  expectativas  das  crianças  em  relação  à  escola,  ao  início  das  aulas,  aos 
professores que as acompanharão durante o ano. Lembre­se do seu primeiro ano na escola, 
seus  professores,  suas  experiências.  Quais  sentimentos  ou  impressões  são  mais  nítidos? 
Como você se sentia enquanto aluno? Capaz, competente ou inseguro, tímido e receoso? 

O objeto de estudo da Didática: o processo ensino­aprendizagem Sabemos (Coll et 
all, 1998) que as representações que os professores têm de seus alunos (o que pensam e 
esperam  deles,  as  capacidades  e  intenções  que  lhes  atribuem),  influem  no  trabalho 
desenvolvido na sala de aula, da mesma forma em que ocorre com as representações que 
os alunos têm  de seus professores. Sabemos também da importância de um  autoconceito 
positivo  dos  alunos  na  construção  de  seus  conhecimentos  e  autonomia.  O  autoconceito 
refere­se ao conhecimento e conceito que alguém tem de si mesmo, uma auto­imagem que 
influi  na  auto­estima.  Crianças  com  alto  nível  de  auto­estima  conseguem  melhores 
resultados na escola. Quando o professor conhece o aluno e favorece seu envolvimento no 
processo  de  ensino  e  aprendizagem  mediante  o  diálogo,  estimula  sua  participação  e 
interesse  nas  atividades  e  trabalhos.  A  motivação  é  um  processo  psicológico  interno  e 
profundo,  que  o  professor  poderá  incentivar  o  aluno  a  alcançar  mediante  esses 
procedimentos.

Você também pode gostar