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Portefólio de História – 3ª Parte

1
Aluna: Beatriz Escalhorda Santos
11ºG nº4
ÍNDICE

Glossário de conceitos: ................................................................................................................ 3


Cronologias e acontecimentos: ..................................................................................................... 7
Tarefas: ..................................................................................................................................... 12
Pesquisas: .................................................................................................................................. 21
Resumos: ................................................................................................................................... 32

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GLOSSÁRIO DE CONCEITOS:

Cabralismo – Período de vigência do liberalismo português (1842-


1846 e 1849-1851) que se identifica com a governação de Costa
Cabral. Caracterizado por um exercício autoritário do poder, repôs
a Carta Constitucional, fomentou as obras públicas e reformou o
aparelho administrativo e fiscal.

Carta Constitucional* – Documento regulador da vida política de


um Estado, cuja iniciativa pertence aos governantes, que a
outorgam à Nação.

Capitalismo Industrial – Tipo de capitalismo que se desenvolveu


na segunda metade do século XIX e que se caracteriza por um
investimento maciço na indústria. O capitalismo industrial
assenta numa clara divisão entre os detentores do capital (edifícios,
fábricas, maquinaria, matéria-prima, etc.) e o trabalho,
representado pela mão de obra assalariada.

Cartismo – Projeto político do liberalismo moderado defensor da legalidade da Carta


Constitucional, outorgada por D. Pedro IV em 1826. Ao contrário do projeto radical
vintista, valorizava a autoridade régia e reconhecia alguns privilégios à nobreza e ao clero.
Os períodos de vigência do cartismo decorreram de 1826 a 1828, de 1834 a 1836 e de 1842
a 1851.

Colonialismo* – Domínio exercido sobre territórios não independentes (as colónias). É a


forma de imperialismo mais completa, já que associa todas as suas facetas (militar,
política, económica e cultural).
Constituição* – Diploma elaborado pelos deputados da Nação que define as regras da vida
política:

• Estabelecendo os direitos e as liberdades dos cidadãos; consagrando a soberania


nacional; determinando a forma de governo e de distribuição dos poderes.
A instituição de uma constituição, lei máxima do Estado, deve-se ao Liberalismo, que
assim legitimava o poder político, pondo cobro à arbitrariedade de Absolutismo.

Crise Cíclica – Estado periódico de agudo mal-estar e de mau funcionamento da economia.


Enquanto nas economias pré-industriais as crises eram, sobretudo, de penúria e de
escassez, nas economias industriais as crises são provocadas por fenómenos de
superprodução. As crises do capitalismo caracterizam-se pela rápida descida dos preços,
da produção e dos rendimentos. Ocasionam numerosas falências, a subida do desemprego
e a queda das cotações bolsistas.

Demoliberalismo* – Sistema político em vigência ao mundo ocidental, desde as últimas


décadas do século XIX. Confere grande valor à representação da nação, alargando o
sufrágio e reforçando o poder dos parlamentos.

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Estandardização – Uniformização dos artigos de forma a permitir o fabrico em série e a
produção em massa. Por sua vez, o trabalho de produção é dividido numa série de
pequenas tarefas, também elas estandartizadas.

Explosão Demográfica* – Aceleração do crescimento da população mundial que, no Séc.


XIX, quase duplicou os seus efetivos. O fenómeno, particularmente forte na Europa, foi
possibilitado pela descida drástica e irreversível da mortalidade; pela antecipação da
idade do casamento; pela elevação da esperança média de vida. Quanto à natalidade,
manteve-se alta até cerca de 1870, altura em que se inicia o seu, também irreversível
declínio.

Imperialismo* – Domínio que um Estado exerce sobre outros países, a título militar,
político, económico e cultural.

Internacional Operária – Organismo onde estão representadas associações de


trabalhadores de vários países, tendo em vista a coordenação das suas atividades.

Liberalismo Económico* – Doutrina económica, baseada no individualismo, na liberdade


absoluta de cada membro da sociedade e na ideia da ordem natural, segundo a qual a
iniciativa privada deve atuar livremente para que os desejos e os interesses de todos sejam
satisfeitos da melhor maneira possível. Consequentemente, o Liberalismo é contra
qualquer intervenção do Estado em matéria económica; não lhe reconhece outra
atribuição que não seja garantir a liberdade total da iniciativa privada na produção e na
comercialização de bens.

Livre-Cambismo – Sistema que liberaliza as trocas internacionais. No sistema livre-


cambista, o Estado deve abster-se de interferir nas correntes de comércio, pelo que os
direitos alfandegários, a fixação de contingentes (de importação ou exportação) e as
proibições de entrada ou saída devem ser abolidas ou, pelo menos, reduzir-se ao mínimo.

Marxismo* – Termo derivado do nome do filósofo, historiador e economista alemão Karl


Marx, que se aplica à doutrina filosófica, política, económica e social por ele elaborada
juntamente com Friedrich Engels. A perspetiva marxista concebe a história como uma
sucessão de modos de produção (esclavagismo, feudalismo e capitalismo), sucessão essa
devida à luta de classes. A luta de classes entre proletários e burgueses conduzira à
destruição do capitalismo, à implantação da ditadura do proletariado e, finalmente, à
construção do comunismo – a verdadeira sociedade socialista, sem classes e sem Estado.

Monarquia Constitucional* – Regime político cujo representante máximo do poder


executivo é um rei, que tem a sua autoridade regulamentada e limitada por uma
Constituição.

Movimento Operário* – Conjunto de ações levadas a cabo pelos trabalhadores


assalariados, para a concretização das suas reivindicações. Na ótica marxista, é a
expressão da luta de classes. A implantação do capitalismo industrial fez crescer a massa
de assalariados e subir de tom os seus protestos, que caminharam para formas crescentes
de organização. Associações de socorros mútuos, cooperativas, sindicatos, greves,
manifestações, eis como se traduziu o movimento operário, empenhado não só na melhoria
das condições económicas e sociais (aumento do salário, diminuição do horário de trabalho,
assistência na doença, velhice, desemprego), mas também na obtenção de direitos políticos
propriamente dita.

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Nacionalismo – Sentimento de pertença de um povo a uma comunidade dotada de língua,
religião, tradições culturais e passado histórico comuns. Identificado com o patriotismo, o
nacionalismo tanto justifica o direito dos povos à autogovernação como pode fundamentar
uma política belicista de conquistas territoriais e de racismo para com as minorias.

Profissões Liberais – Profissões exercidas por conta própria, cujos membros dependem de
uma Ordem, isto é, de um organismo profissional que lhes impõem regras. Ex.: médicos,
advogados, contabilistas, engenheiros, etc.

Progressos Cumulativos – Série crescente de progressos que resultam da estreita ligação


entre a ciência e a técnica. As descobertas da ciência dão origem a novas máquinas e
produtos que, por sua vez, suscitam novas investigações científicas. A ciência e a técnica
estimulam-se, pois, mutuamente e progridem em constante interação.

Proletariado – Segundo a terminologia marxista, significa a classe operária que, sem


meios de produção (a não ser os seus filhos, a sua prole), vende a sua força de trabalho
(manual) em troca de um salário. O termo proletariado remonta à Roma Antiga,
abrangendo os cidadãos de inferior categoria, isentos de impostos, cuja única função social
era a de gerar filhos.

Revoluções Liberais* – Movimentos de contestação ao Antigo Regime que se lhe


espalharam pela Europa e as Américas, entre as últimas décadas do Séc. XVIII e XIX.
Tiveram como efeito:
• A eliminação do absolutismo e da sociedade de ordens;
• A consagração dos direitos naturais do Homem, da soberania popular e da divisão dos
poderes;
• A instauração da livre iniciativa em matéria económica;
• A libertação política de nações.

Romantismo – Movimento cultural do Séc.XIX que exalta o instinto e privilegia as


emoções contra a Razão. Para além de um movimento cultural, com manifestações na
literatura, na pintura, na música, o Romantismo foi um estado de espírito que fez bandeira
da liberdade e do individualismo, pelo que se converteu na ideologia dos revolucionários
liberais. O Romantismo surgiu, no final do século XVIII, na Alemanha (Kleist, Schiller,
Beethoven, Goethe), a partir do movimento Sturm und Drag (tempestade e paixão).
Desenvolveu-se, depois, na Inglaterra (Keats, Shelley, Byron, Walter Scott) e, por volta de
1830, atingiu um ponto alto em França, com Victor Hugo.

Setembrismo – Fação radical do liberalismo português, defensora de princípios do


vintismo, como o da soberania nacional ser a fonte de toda a autoridade. Opositor da Carta
Constitucional, o setembrismo vigorou de 1836 a 1842.

Sistema Representativo* – Processo em que a tomada das decisões políticas cabe a um


corpo especializado de cidadãos (os políticos), mandatados pela Nação, por exemplo,
através de eleições.

Soberania Nacional* – Princípio decorrente da Filosofia das Luzes, segundo o qual a fonte
de poder político reside na Nação. Esta poderá exercê-lo de forma direta ou por delegação
nos governantes (elegendo-os, por exemplo), considerados seus representantes.

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Socialismo* – Teoria, doutrina ou prática social que defende a supressão das diferenças
entre as classes sociais, mediante a apropriação pública dos meios de produção e a sua
distribuição mais equitativa. As teorias socialistas remontam à Antiguidade e
encontraram eco no Renascimento, em T.More e Campanella. No século XIX, o socialismo
ressurgiu quando vários pensadores denunciaram as deficiências do capitalismo,
criticaram as injustiças sociais e apresentaram soluções de alternativa.

Sociedade de Classes* – Tipo de sociedade que se generaliza no mundo ocidental desde o


Séc. XIX. Caracteriza-a a unidade do corpo social, na medida em que os indivíduos,
nascidos livres e iguais em direitos, dispõem do mesmo estatuto jurídico. A diversidade
social baseia-se essencialmente, no estatuto económico, gerador de diferentes classes
sociais.

Sufrágio Censitário – Modalidade de voto restrito em que este só pode ser exercido pelos
cidadãos que pagam ao Estado uma determinada quantia em dinheiro relativa a
contribuições diretas (impostos) – o chamado censo.

Sufrágio Universal – Direito de todos os cidadãos, sem distinção de sexo, raça, fortuna ou
instrução, votarem em eleições para a escolha dos representantes políticos.

Vintismo – Tendência do liberalismo português, instituída na sequência da Revolução de


1820 e consagrada na Constituição de 1822. Caracteriza-se pelo radicalismo das suas
posições, ao proclamar o princípio da soberania popular, ao limitar as prerrogativas reais
e ao não reconhecer qualquer situação de privilégio à nobreza e ao clero.

*conceito estruturante

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Cronologias e Acontecimentos:
Época Contemporânea

1842 Augusto Comte, Curso de Filosofia Positiva.


1848 Marx e Engels, Manifesto Comunista.
1851-60 Emigração para os EUA.
1856 Aço industrial.
1857 Champfleury, Manifesto do Realismo.
1861 Vítor Manuel, rei de Itália.
1865 Questão Coimbrã.
1866 Crise financeira em Inglaterra.
1871 Guilherme I, imperador da Alemanha;
Comuna de Paris.
1874 1ª Exposição Impressionista.
1875 Zé-povinho, de Rafael Bordalo Pinheiro.
1879 Edison, Lâmpada elétrica.
1884-85 Legalização dos sindicatos na França;
Conferência de Berlim.
1888 Eça de Queirós, Os Maias.
1889 1º de Maio;
Exposição Universal de Paris.
1891 Tentativa de revolução republicana no Porto.
1895 Animatógrafo.
1897 Motor-diesel.
1900 Gaudí, Casa Milá.
1907-1908 Ditadura de João Franco em Portugal.
1908 Regicídio em Portugal.
1910 República em Portugal.
1913 Linha de montagem Modelo T.
1914 Assassinato de Serajevo.
Início da 1ª Guerra Mundial.

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Liberalismo em Portugal

Convenção de Évora Monte e expatriação de D.Miguel;


1834 Extinção das ordens religiosas;
Morte de D.Pedro IV;
Venda dos bens nacionais.
1836 Revolução de Setembro.
1837 Pauta protecionista.
1838 Constituição.
1842 Ditadura de Costa Cabral.
1843 Ponte pênsil sobre o Douro.
1846 Banco de Portugal e leis da saúde pública.
1846-1847 Maria da Fonte e Patuleia.
1851 Golpe do Marechal Saldanha;
Afastamento definitivo de C. Cabral.

As transformações económicas na Europa e no Mundo

1830 Linha férrea Liverpool-Manchester.


1836 Bico de gás - Bunsen.; Telégrafo - Morse.
1846 Livre-cambismo em Inglaterra.
1850 Cabo de telégrafo submarino Dover-Calais.
1851 Grande exposição de Londres.
1859 Exploração de petróleo nos EUA.
1860 Acordo livre-cambista franco-britânico.
1868 Era Meiji, no Japão.
1869 Canal do Suez.
1870 Le Creusot emprega 12 500 trabalhadores
1873-79 Crise financeira e económica.
1876 Telefone – Bell.
1887 Seda artificial – Chardonet.
1889 Automóvel – Benz; Torre Eiffel.
1895 Animatógrafo – Lumière.
1899 Aspirina – Bayer.
1905 Metropolitano em Londres.
1909 1º voo sobre o Canal da Mancha – Bleriot.
1911 Taylor, Princípios da Direção Científica da Empresa.
1913 Produção em série do Ford T.
1914 Início da 1ª Guerra Mundial.

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O legado de liberalismo na 1ª metade do Séc. XIX

1802 Chateaubriand: René.


Beethoven: 5ª Sinfonia;
1807 Fichte: Discurso à Nação Alemã;
Abolição do tráfico de escravos pela Grã-Bretanha.
1808 Abolição do tráfico de escravos pelos Estados Unidos.
1814 Goya: O Fuzilamentos de 3 de maio;
Carta Constitucional Francesa.
1815 Congresso de Viena.
1817 D.Ricardo: Princípios de Economia Política.
B.Constant: Da liberdade dos Modernos;
1819 W.Scott: Ivanhoe;
Géricault: A jangada do Medusa.
1824 Schubert: Sinfonia nº8 em Si menor;
Delacroix: Os Massacres de Quios.
1825 A.Garrett: Camões.
1826 Carta Constitucional Portuguesa.
1827 Chopin: Noturnos.
1830 V.Hugo: Hernâni;
Berlioz: Sinfonia Fantástica.
1832 Registo Civil em Portugal.
1833 J.Michelet: História de França.
1834 Extinção das ordens religiosas masculinas em Portugal.
1835 A.Tocqueville: Da Democracia na América.
1836 Abolição do tráfico de escravos nas colónias portuguesas.
1842 Verdi: Nabuco.
1843 Wagner: O navio fantasma.
A.Garrett: Viagens na Minha terra – Frei Luís de Sousa.
1844 A.Herculano: Eurico, o Presbítero.
1846 A.Herculano: História de Portugal;
Abolição das leis protecionistas na Inglaterra.
1848 Abolição da escravatura nas colónias francesas;
Sufrágio universal masculino em França.
1852 Alargamento do sufrágio e liberalização do comércio em
Portugal.

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A sociedade industrial e burguesa

1840 P.J.Proudhon – O que é a propriedade?


1841 Regulamentação do trabalho infantil em França.
1848 K.Marx e F.Engels – Manifesto Comunista.
1851-60 Vaga emigratória para os EUA.
1852 1º Grande Armazém em Paris.
1853 Reconstrução de Paris entregue ao barão Haussmann.
1863 Morte de Nathan Rothschild.
1864 I Internacional, Londres.
1867 Início da publicação de O Capital, de Karl Marx.
1871 Insurreição da Comuna de Paris;
Legalização das Trade Unions na Grã-Bretanha.
1882 Ensino primário público obrigatório, laico e gratuito na França.
1884 Legalização dos sindicatos na França.
1887 Morte de A.Krupp.
1889 II Internacional, Paris.
1890 1º de maio – Dia do Trabalhador; Semana Inglesa na Grã-Bretanha.
1891 Encíclica Papal Rerum Novarum.
1895 Confederação Geral dos trabalhadores em França.
1905 Dia de trabalho de 8h nas minas francesas.
1908 Dia de trabalho de 8h para mulheres e crianças na Alemanha.
1911 Segurança Social na Grã-Bretanha.

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Evolução democrática, nacionalismo e imperialismo

1848 2ª República Francesa; Sufrágio Universal masculino na França.


1852 Sufrágio Direto e alargado para a Câmara dos Deputados em
Portugal.
1853 Abertura do Japão ao comércio ocidental
1853-54 Guerra da Crimeia.
1861 Vítor Emanuel II, rei de Itália.
1867 Confederação da Alemanha do Norte;
Monarquia dualista na Áustria-Hungria.
1870 3ª República Francesa.
1871 Unificação da Alemanha – 2º Reich; Sufrágio universal masculino
na Alemanha Roma, capital da Itália unificada.
1872 Voto secreto na Grã-Bretanha.
1873 1ª República em Espanha.
1882 Tríplice Aliança.
1883 Sufrágio alargado na Grã-Bretanha.
1884-85 Conferência de Berlim.
1887 Sufrágio alargado na Holanda.
1890 Sufrágio universal masculino na Espanha;
Ultimato britânico a Portugal.
1893 Sufrágio universal masculino na Bélgica.
Sufrágio universal (feminino e masculino) na Nova Zelândia.
1899 Limitação, pelo czar Nicolau II, das liberdades na Finlândia.
1904-05 Guerra russo-japonesa.
1905 Sufrágio universal na Áustria;
Separação da igreja e do Estado na França.
1907 Tríplice Entente.
1908 Anexação da Bósnia Herzegovina pela Áustria-Hungria.
1910 1ª República Portuguesa.
1911 Sufrágio universal em Portugal;
Restrição dos poderes na câmara dos Lordes na Grã-Bretanha.
1913 Eleição direta dos Senadores nos EUA.
1914 Assassinato de Sarajevo; Início da 1ª Guerra Mundial.

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Tarefas:
Página 101, 2.º manual
1. Após a análise do Doc.A ressalto os seguintes exemplos de influência da conjuntura
europeia no destino político de Portugal: em 1820, o triunfo liberal em Espanha;
em 1822, a Independência do Brasil; e em 1830, a Revolução liberal de França.

5. A explicação dada para justificar o facto de os escalões inferiores da nobreza


aderirem esmagadoramente ao projeto miguelista é a seguinte: Devido à perda dos
seus privilégios na instauração do liberalismo, estes queriam reimpô-los, em
conjunto com D. Miguel, restabelecendo assim uma sociedade de ordens sociais e
privilégios à nascença.

6. Dos diversos efeitos sociopolíticos da governação miguelista ressalto os seguintes


3:
1.º- A revolta do povo face a causa absolutista "As arruaças plebeias exacerbaram-
se: desabafava o povo com os cacetes, vendo em tudo indícios de liberalismo", Doc.F.

2.º- A política de terror que atravessávamos: Roubos; perseguições e


espancamentos; e até mesmo fugas e emigrações, em navios Ingleses - "Muita
pobre gente inofensiva, perseguida, fugia para bordo dos navios ingleses,
emigrando, com gáudio dos que ficavam para lhes sequestrar os bens", Doc.F.

3.º- Restabelecimento das posições e, de certa forma, dos privilégios, da nobreza e


clero - "A força das coisas condenava a moderação, dando o poder aos exaltados. A
história de D. Miguel repetia a da Républica Francesa – ao avesso".

7. No último período do texto de Oliveira Martinho, verificamos a seguinte frase: "A


história de D. Miguel repetia a da Républica Francesa – ao avesso". Mas afinal o
que quer Oliveira Martinho transmitir com esta frase? Enquanto a Revolução
Francesa foi iniciada para acabar com o governo absolutista e impor o liberalista,
esta revolução por parte de D. Miguel, do clero e da nobreza procuravam afundar
o governo liberalista e impor o absolutista, dado que o 1º lhes retirava poderes e
privilégios.

8. O episódio descrito no Doc. F2 é o dos "mártires da liberdade". Este consistiu na


execução de 10 liberais, no dia 7 de maio de 1829, que haviam sido sentenciados
pelo Regime Miguelista. Este fator sucedeu-se devido a uma rebelião liberal
ocorrida no ano anterior em maio, no Porto e em Aveiro. Tendo isto em conta,
podemos considerar este testemunho, Doc. F2, como isento, dado que o mesmo,

12
9. Enquanto militar miguelista, estava ocorrente das medidas absolutistas de D.
Miguel.

10. Tendo em conta os documentos G "Manifesto de D. Miguel" e H "Proclamação de


D. Pedro", podemos compará-los da seguinte maneira:
1.º- Doc. G – No manifesto de D. Miguel, este afirma que tem direito ao trono, dado
que é português e governa em nome das necessidades e da própria pátria, e da
independência de Portugal. Este concluí o seu 1.º pensamento classificando a sua
fação rival como uma "fação rebelde", que iam contra aquilo que estava
estabelecido e que não deveria ser questionado – Absolutismo. Este afirma ainda
que se trata de um ato de cobardia "atacar a pátria", afirmando-se de seguida como
um "soberano estrangeiro". Em termos Religiosos, e do clero, reforça que nem a
religião, nem o próprio clero devem ser ultrajados e humilhados, dado que são estes
que sustentam o trono e os "bons costumes"; e por fim, afirma que no seguimento
desta revolução que a nobreza tomará as rédeas, conferindo-lhes de novo mais
poderes, em nome da pátria e do trono.

2.º- Doc. H – Relativamente ao documento anterior vemos uma clara diferença,


dada a afirmação da necessidade de D. Miguel sair do trono Português e de lhe
tirar os poderes tirânicos e absolutistas que ele à força tanto quer impor, e ao invés
de um governo Miguelista eleger o herdeiro legítimo do trono, no caso a sua filha –
D .Maria II, por parte do monarca D. Pedro. Este afirma que se isto acontecer
poderá finalmente haver paz, reconciliação e liberdade ao reino. Tal como D.
Miguel classifica também a fação rival: "jugo tirânico" e "usurpador". Quanto ao
clero, afirma que o mesmo terá de abandonar o comando de D. Miguel. Por fim,
face uma iminente guerra civil, afirma que a desejava evitar, mas se assim o fosse
necessário teria um exército ao seu dispor e a apoiá-lo.

12. A convenção de Évora Monte, foi apelidada de "Concessão de Évora Monte" por
alguns liberais devido ao facto desta Convenção ainda conceder privilégios, embora
que não tão fortes e poderosos, a D. Miguel e perdoar os delitos políticos cometidos
desde 31 de julho de 1826.

Página 105, 2.º manual

1. Três das vantagens que, segundo Mouzinho da Silveira, resultariam da extinção


dos forais são: a repartição das riquezas, o aumento da fortuna geral e a
emancipação da terra.

2. Partindo da análise do doc. 27B "Principais decretos de Mouzinho da Silveira",


categorizo as medidas aí apresentadas como: de cariz agrícola, comercial,
financeiro, judicial, administrativo e cultural:

• Cariz Agrícola - Redução dos dízimos nos Açores a cereais, laranjas e outras
frutas, bem como a extinção dos demais dízimos.
• Cariz Comercial - Imposição de 1% do direito de saída sobre o valor das
mercadorias de produção, indústria ou manufatura nacional exportadas
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para terra estrangeira; Imposição por uma única vez uma contribuição
sobre negociantes, proprietários e capitalistas do Porto de 200 contos de
réis.
• Cariz Financeiro - Abolição dos morgadios e capelas cujos rendimentos
líquido não chegassem aos 200$00 réis; Abolição do pagamento de sisos, com
exceção das vendas ou trocas de bens raiz; Extinção dos dízimos, dos bens
da coroa, dos forais e das doações desses bens.
• Cariz Judicial - Imposição do levantamento dos sequestros feitos aos bens
dos portugueses residentes no continente; Abolição da pena de confiscação
em qualquer delito; Fazer aplicáveis nos Açores os decretos sobre a abolição
da escravatura; Extinção das milícias em Portugal; Amnistia geral a delitos
políticos com as suas exceções.
• Cariz Administrativo - Instituição do Registo Civil; Extinção do privilégio
exclusivo da Companhia das Vinhas do Alto Douro de vender vinhos e
fabricar aguardentes; Nova divisão do território.
• Cariz Cultural - Declaração da abertura das aulas ou do ensino por casas
particulares; Instituição da Biblioteca Pública do Porto.

3. As afirmações de Alexandre Herculano sobre Mauzinho da Silveira e D. Pedro


podem-se justificar pelo simples facto de os mesmos terem assumido um papel
muito importante e contributivo para Portugal, dado que conseguiram acabar com
o Absolutismo no nosso país, instaurando de seguida um período de liberalismo,
mudando o pensamento e a própria sociedade portuguesa e lançando as bases para
um futuro pacifico e igualitário.

4. Tendo em conta o documento 28A:


• O tipo de clero abrangido por esta medida foi o clero regular, dado que
no artigo 1.º nos é afirmada a extinção de todos os conventos, mosteiros,
colégios, hospícios e quaisquer casas de religiosos de todas as "Ordens
Regulares".
• Esses bens tinham como destino a Fazenda Nacional.
• Os motivos económicos, sociais e políticos, que levaram à publicação do decreto
foram: o facto de a grande maioria dos mosteiros terem apoiado vivamente o
absolutismo miguelista, e o facto da venda de bens nacionais ter permitido ao
novo ministro da Fazenda, Silva Carvalho, pagar as dívidas contraídas,
evitando assim de recorrer à elevação excessiva dos impostos.

Página 110, 2.º manual

1. Após a análise dos documentos 32B e C, identifico as seguintes críticas feitas


à governação de Costa Cabral:
• 1ª crítica - Possuir um programa governativo imoral, "(…) em que se pretendeu
provar que era um governo que tinha como Programa a imoralidade", Doc.32B.
• 2ª crítica - Usar da força e da coação para instalar a segurança, "(…) se eu me
persuadisse por um só momento que a ideia da força ou da coação dominava no
ânimo da Soberana, imediatamente resignaria a Pasta que me foi
confiada.[…]", Doc. 32B.
• 3ª crítica - Ter práticas corruptas de governação, "(…) denuncia os contratos
monopolistas feitos por Costa Cabral com capitalistas em trocas da concessão
de empréstimos ao Estado.", Doc. 32C.

14
2. Após a análise do Hina da Maria da Fonte, Doc.33A, encontro frases reveladoras
de:
• Ódio à governação de Costa Cabral - "Para matar os Cabrais / Que são falsos á
nação".
• Caráter insurrecional do movimento popular - "Com as pistolas na mão" e "Com
as pistolas à cinta".
• Origem geográfica do movimento - "Glória ao Minho que primeiro/ O seu grito
fez soar".
3. Os principais motivos da revolta da "Maria da Fonte", presentes no Doc.33C, são:
O descontentamento popular com a instabilidade política e o aumento dos
impostos, "De há muito descontentes com a instabilidade política e com o
agravamento da carga fiscal"; e o descontentamento dos camponeses com a
proibição dos enterramentos nas igrejas, "(…) foi a Lei Da Saúde Pública, que
proibia os enterramentos nas igrejas e alterava os hábitos culturais dos
camponeses, que deflagrou a ira dos trabalhadores rurais".

4. As forças políticas se coligaram na "Maria da Fonte" e na "Patuleia" foram os


Setembristas, os cartistas puros e os miguelistas, coligados em Juntas
Revolucionárias.

Página 125, 2.º manual


1. Tendo em conta a análise do Doc. 1A, verifico os seguintes exemplos da Liberdade
e Igualdade do Homem:
• Liberdade – A plantação de uma árvore da Liberdade e a placa que se
encontra no estandarte "Liberdade e Igualdade".
• Igualdade – Esta plantação é executada não só por membros do povo, mas
sim de todas as ordens sociais, Nobreza, Clero e Povo. Estes apresentam-
se de mãos dadas mostrando de certa forma uma união e igualdade.

2. As formas de exercício da cidadania presentes nos Doc. 2A, B e 3 são as seguintes:


• No Doc. 2A – A admissão dos cidadãos a todos os empregos; A igualdade
perante a lei; e a liberdade de expressão e de ação (liberdade de escrever,
agir e falar). "Elevados à categoria de cidadãos, admitidos a todos os
empregos, seguros de que tudo se faz para vós e por vós, iguais perante a
lei, livres de agir, de falar, de escrever."
• No Doc. 2B – A participação das mulheres na Assembleia Nacional
Constituinte, que assistiam e interpelavam os deputados.
• No Doc. 3 – O grande poder da opinião Pública, através de publicações e
jornais, que era o principal meio de exercício da crítica. Este exercício de
crítica era também feito através de caricaturas, fator este que verificamos
neste mesmo documento ("A vendedora de Jornais"). " Ao lado dos jornais e
de outras publicações, que são o principal meio de exercício da crítica,
encontra-se um segundo do suporte, igualmente eficaz: a caricatura."

3. A vantagem dos poderes constitucionais referida no Doc. 4A era a de poderem


concretizar as revoluções, ao destruírem pela força os governos estabelecidos e ao
submeterem, igualmente pela força, as sociedades bárbaras. Assim sendo, eram a

15
Carta Constitucional, as Leis e o sistema estabelecido que lhes conferia
Liberdade.

4. Os dois tipos de governação criticados pelos adeptos do constitucionalismo aqui


presentes são a Monarquia Constitucional e a Monarquia Absoluta.

6. Um Governo Representativo consiste no exercício do poder político exercido pela


nação na sua totalidade ou boa parte dela, de forma indireta, isto é, através de
representantes/ deputados, que são escolhidos periodicamente pela mesma. A
função deste governo, não se assenta no governar independente, mas sim no
governar em união com a população, satisfazendo completamente as suas ideias e
necessidades, de forma igualitária.

7. Na minha opinião podemos considerar o modelo de governo representativo,


presente nos documentos 5A e B, conservador dado que o mesmo, embora
representando a população e agindo segundo as suas ideias, clamando a igualdade
de todos perante a lei como característica básica e imprescindível, não permitia
que que qualquer cidadão tivesse o direito de eleger ou até mesmo de ser eleito,
sendo este direito atribuído de acordo com o grau de fortuna possuído. Para além
desse fator ressalto também o facto de apenas os homens serem considerados
cidadãos, contradizendo-se com o princípio de representação por completo da
população.

8. Após a análise dos Documentos 6A e B, exerço a seguinte comparação das


influências das igrejas nas sociedades do Antigo Regime e no Estado Liberal:
• Na sociedade do Antigo Regime, a instituição religiosa era possuidora de
um vasto poder económico, o que lhes possibilitava uma supremacia
ideológica face às outras ordens sociais, tais como a isenção do pagamento
de impostos, e uma moldagem e orientação dos comportamentos e atitudes
da população, dado que se encarregavam do ensino. A mensagem veiculada
por esta ordem destinava-se à preservação das estruturas corporativas e
ao impedimento de qualquer mudança na hierarquia social. Desta forma
visavam reduzir a influência das ideias e dos valores liberais, que se
começavam a agitar e a ganhar posição.
• Na sociedade do Estado Liberal, a instituição religiosa perdeu muitos dos
seus diversos privilégios devido ao objetivo liberalista de acabar com os
vícios do Antigo Regime: deixou de ser responsável pelo ensino – o ensino
começou a ser transmitido por professores com formação e fora dos limites
da religião; a expropriação e a nacionalização do fundo patrimonial das
ordens religiosas, bem como a legislação imposta, fizeram com que
houvesse um declínio nos seus poderes políticos, económicos, judiciais,
entre outros. Esta sociedade passava agora a ser igual aos olhos da lei e o
poder passava a ser independente de qualquer hierarquia/grupo social,
estando concentrado, por assim dizer, no Estado.

9. Uma resposta que poderia ser redigida pelo autor do artigo do jornal católico às
afirmações proferidas por E.Quinet seria a de que a escola/ensino laico exclui da
mente das crianças as orações e os preceitos da moral cristã, levando-os ao

16
anticlericalismo e à consequente perda dos "bons e renomados" costumes da
Igreja.

Página 25, 3.º manual

1. O objetivo dos procedimentos descritos por Taylor, é o de racionalizar o trabalho,


de maneira a otimizar a produção.

2. A expressão “levar o trabalho ao operário, em vez de levar o operário ao trabalho”


presente no doc.11, vai de encontro ao facto dos operários não necessitarem de se
mover de um lado para o outro para realizar o seu trabalho, mas sim por ficarem
no mesmo lugar enquanto os tapetes rolantes levam até eles o trabalho que estes
devem realizar – “colocar os utensílios e os homens segundo a ordem de operações
de fabrico, de maneira que cada peça percorra a menor distância possível da
primeira à última operação”.

4. Estandardização é a uniformização dos artigos de forma a permitir o fabrico em


série e a produção em massa. Por sua vez, o trabalho de produção é dividido numa
série de pequenas tarefas, também elas estandartizadas.

5. H.Ford considera que o sucesso de um empresário depende dos salários que paga.
Com base no doc.11, Ford elevou os salários permitindo aos operários aspirarem
a comprar um automóvel, que a empresa disponibilizava em prestações suaves,
recuperando, assim, parte do montante despendido nos salários.

6. Com base no doc.12, Simone Weil condena o trabalho taylorista pela


racionalização excessiva, que retirava toda a dignidade ao trabalho,
transformando o operário num mero autómato, escravo de uma cadeia de
máquinas.

Página 31, 3.º manual

1. Dois dos fatores que favoreceram a siderurgia alemã são: o facto dos materiais
serem modelados por fábricas novas nos Estados Unidos e o facto de disporem de
condições naturais particularmente favoráveis, próximas do carvão, como as bacias
de Sarre e do Rur.

2. Após uma análise do doc.6, verifico o seguinte: que os Estados Unidos se destacam
positivamente, apresentando um aumento significativo face aos anos que iam
passando, enquanto que em países como o Japão o surgimento é tardio e pouco
significativo; e que num balanço geral, todos os países representados no gráfico
sofreram um aumento na produção, com o passar dos anos.

3. Em França verificamos um aumento de cerca de 325 mil cavalos de vapor da


potência das máquinas de vapor, entre 1850 e 1870. Quando observado
individualmente, este aumento é muito significativo, pois registou o triplo dos
valores do ano de 1850. Já quando observamos de uma maneira geral, comparando

17
com os outros desenvolvimentos, verificamos que este é um aumento pouco
significativo, sendo mesmo a exploração com menor desenvolvimento.

4. Quando analiso o doc.17, verifico que a empresa Renault Frères apresentou um


grande crescimento e muito significativo, não só em termos do número de
operários, como a superfície das fábricas e o volume de negócios: do ano de
fundação, 1898, até 1899 verificamos um pequeno desenvolvimento,
desenvolvimento este que a partir deste ano se torna exorbitante; Em apenas 1 ano
todos esses fatores triplicaram, sem nunca apresentar nenhuma diminuição; Após
1900 o crescimento foi-se mantendo constante e muito significativo.

5. O setor industrial que é responsável pelas principais exportações francesas é o


setor têxtil.

6. Três dos indicadores da pujança económica dos Estados Unidos são: os recursos
naturais (minérios e combustíveis fósseis muito presentes neste território); as
grandes facilidades de escoamento e o grande dinamismo social e liberalismo
económico.

7. Shigenobu Okuma atribuiu a modernização do Japão ao estímulo que o país


recebeu ao entrar em contacto com a civilização da Europa e da América, isto é, ao
comércio com o estrangeiro. Os elementos de modernidade que refere são a
demografia e extensão do seu território; O governo constitucional; A educação; O
comércio e a indústria.

8. Após a análise do doc.20A seleciono a seguinte frase que considero melhor


representar a imagem “na Europa oriental, central e meridional milhões de
camponeses [mantêm-se] à margem, não apenas da vida política, mas até de
qualquer evolução no seu país”, visto que podemos observar a pobreza, pelos trajes
e casas; verificamos também a falta de modernização em todos os sentidos neste
mundo rural.

9. A “permanência” descrita no doc.20B é a do trabalho artesanal e do sistema de


trabalho domiciliário (domestic system).

Dossiê, página 37
1. As cinco maiores potências industriais em 1880 são por ordem decrescente: Reino
Unido, Estados Unidos e Canadá, Alemanha, França e Rússia.

2. A superioridade económica da Europa no comércio internacional evidencia-se nas


seguintes situações: quando a Europa vai buscar os seus produtos aos outros
continentes levando-lhes em troca os objetos manufaturados das suas fábricas ou
dos seus ateliês; quando é para a Europa que convergem, em troca os produtos
alimentares, das duas partes da América, as matérias primas destinadas à
transformação industrial, igualmente extraídas da América e da Ásia, os
fertilizantes e os combustíveis líquidos; e quando vemos que é do Ocidente Europeu
18
e da América do Norte que se irradiam para toda a parte as exportações de
produtos fabricados como a hulha e o vinho.

3. Duas das razões que justificam a evolução do volume de tráfico nos pontos da
Europa Ocidental, doc.C, são: a melhoria nos navios comerciais, não só a nível de
uma maior durabilidade mas também na capacidade de carga; e a facilidade de
acesso aos diversos pontos Europeus.

4. Dois dos setores económicos suscetíveis à atração do investimento Europeu no


estrangeiro são os dos Banqueiros e o dos Investidores.

5. Podemos explicar a afirmação “A Europa ocidental […] controla com o seu dinheiro
a riqueza de todo o mundo” partindo dos documentos D e E, Assim sendo,
verificamos que a Europa é composta por diversos países capitalistas, de grande e
velha fortuna; é possuidora das terras além-mar; Têm interesses em extensos
territórios cultivados por indígenas de África, da China e até da própria Europa e
América; São acionistas de minas e de fábricas, onde obtém grandes lucros,
enriquecendo desta maneira “à custa do trabalho alheio”. Para além desses fatores
a Europa é a principal responsável pelos investimentos no estrangeiro em 1914,
doc.E.

6. A Grã-Bretanha tirava partido do seu poder económico para obter elevados cargos
económicos em países que não eram o seu, de forma a poder estabelecer as suas
regras e regimes, e principalmente, de forma a criar ligações comerciais e não só
com o seu país. Podemos verificar estes fatores analisando o caso egípcio, Doc.F: “o
verdadeiro senhor do Egito era o ministro da Inglaterra[…]” e “Foi ele que instituiu
no Egito esse regime sem precedentes e sem analogias que um dos seus
colaboradores, Sir Alfred Milnén, classificou espirituosamente de “tão indefinível
como indefinido”.

7. Duas das vantagens que os extensos territórios coloniais traziam à Europa são: a
grande diversidade e quantidade de trocas comerciais, incluindo importações e
exportações; e o facto de ser o principal responsável pelos investimentos aos outros
países.

Página 72, 3.º manual

1. Três dos aspetos do movimento operário patentes no doc.33 são; a greve; as lutas
pelas condições de trabalho e a formação de sindicatos (Trade Unions).

2. A greve Inglesa de 1877 gerou-se devido à proposta da diminuição dos salários dos
homens, como forma de acabar com a depressão comercial e com a estagnação
industrial por parte dos patrões.

3. Quatro das reivindicações que os trabalhadores viram satisfeitas foram: a


despenalização da greve; o reconhecimento dos sindicatos; o dia de trabalho de 8

19
horas nas minas e a indemnização das doenças profissionais bem como o seguro
contra os acidentes de trabalho.

4.

• A opinião de Proudhon sobre os proprietários é depreciativa e crítica: “o


proprietário, hoje, é um homem que tem bens no tesouro, rendas do Estado,
dinheiro na caixa de depósitos, no banqueiro ou no notário, créditos hipotecários,
ações na indústria, mercadorias em armazém, casos que aluga, temos que
arrendar […]”.

• A solução proposta para os problemas do proletariado seria a criação de


associações mútuas, onde todos trabalhariam, pondo em comum os frutos do seu
trabalho: “Todos os trabalhadores, em lugar de trabalharem para um patrão que
lhes paga e guarda os seus produtos, trabalham uns para os outros e concorrem
assim para um produto comum de que eles partilham o benefício.”

5. As tarefas que competiam ao proletariado segundo o socialismo marxista eram as


seguintes: a de destruir todas as garantias anteriores da propriedade privada; a de
retirar aos poucos todo o capital da burguesia, servindo-se para isso, da supremacia
política; e a da centralização de todos os instrumentos de produção nas mãos do
Estado, de forma a retirar o poderio económico e importância à burguesia.

6. Enquanto Proudhon defende a não existência do Estado, Marx acredita na


omnipresença do Estado, acreditando que o capital retirado da burguesia deveria
parar nas mãos do Estado.

7. O objetivo que presidiu à formação da I Internacional é a emancipação dos


trabalhadores e a união dos operários.

8. “Proletários de todos os países, uni-vos”.

9. A influência do marxismo na situação apresentada devia-se pelo facto da


Alemanha e do Reino Unido serem os países e daí serem mais influenciáveis.

20
Pesquisas:
Biografia:
D.Maria II:

Ficha Biográfica
Nome: Maria da Glória Joana Carlota
Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de
Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela
Gonzaga.

Data de nascimento: 4 de Abril de 1819

Origem: Rio de Janeiro, Brasil

Pais: D. Pedro IV e D. Leopoldina de


Habsburgo
Reinado: 2 de Maio de 1826 - 15 de
Novembro de 1853

Filhos: 11

Morte: 15 de Novembro de 1853

Figura 1 - D.Maria II

Quem foi Maria II de Portugal?

Maria II de Portugal nasceu no Rio de Janeiro, no dia 4 de abril de 1819. Filha do


Imperador D. Pedro I e Maria Leopoldina de Áustria, tinha apenas 2 anos e meio
quando o grito da independência do Brasil foi ecoado nas margens do rio Ipiranga, em
1822.

Uma Vida e Reinado Conturbados

→ A vida de D.Maria II acompanhou de perto as peripécias políticas da instauração


do Liberalismo.
→ Pouco mais de 1 ano tinha quando eclodiu a Revolução Liberal.
→ Só pôde sentar-se no trono quando cessou a Guerra Civil que a opôs a seu tio.
→ Quando o reino parecia ter encontrado a acalmia da Regeneração D.Maria acaba
por falecer.
→ O governo da rainha foi considerado turbulento, já que passou pelas lutas liberais
e absolutistas, como também a Guerra Civil, a Revolução de Setembro, a
Belènzada, a Revolta dos Marechais, a Revolta da Maria da Fonte e a Patuleia.

21
Visita a Portugal
→ Até os 7 anos de idade, Maria II de Portugal teve uma vida tranquila, desfrutando
da infância e do amor da família. A partir daí, enfrentou a morte repentina da mãe,
tendo o pai como alicerce.
→ Nesse meio tempo, o seu avô, D. Pedro VI, morreu em Portugal, passando a coroa
para o filho D. Pedro I, que se viu num impasse entre a escolha de ser imperador
do Brasil ou rei de Portugal.
→ D. Pedro I escolheu o Brasil, abdicando do trono de Portugal. Desta forma, a filha
Maria II de Portugal assumiu a coroa portuguesa com apenas com 7 anos de idade.

Cedência do Trono

Dom Pedro cedeu o seu trono a D.Maria, sua filha, com duas condições:

1. D. Maria deveria casar-se com o seu tio D.Miguel assim que atingisse a
maioridade.
2. D.Miguel deveria jurar a Carta Constitucional.

Dom Pedro I e a filha


→ Enquanto Maria II de Portugal se
encontrava ausente, o futuro marido,
D. Miguel, autoproclamou-se rei
absoluto de Portugal, rejeitando o
noivado com a sucessora do trono e
consumando o seu golpe.
→ Por certo, Dom Pedro agiu em defesa
da filha e conseguiu recuperar o trono,
em 1833, quando Maria II de Portugal
tinha 15 anos, mesma época em que o
pai faleceu.
→ Como resultado, ela foi proclamada
rainha de Portugal e,
consequentemente, D. Miguel foi
obrigado a assinar a Convenção Évora-
Monte, que deu fim a Guerra Civil,
sendo de seguida exilado, estando
Figura 2 - Dom Pedro e a filha proibido de retornar ao país.

22
Casamentos

1º casamento – Com seu tio, o infante Miguel, por procuração, em 29 de outubro de 1826.

Como acabou? Acabou a 1 de dezembro de 1934, quando D.Maria completou 15 anos.

2º casamento – Com o príncipe Augusto Carlos Eugénio Napoleão de Beauharnais, a 1 de


dezembro de 1934.

Como acabou? Acabou 2 meses depois, com a morte do mesmo.

3º casamento – Com o príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, em 9 de Abril de 1836.

Como correu? Foi o grande amor de D.Maria II; Foi o último casamento.

Filhos
→ Por conseguinte, teve onze filhos, sendo os mais velhos, Dom Pedro V e Dom Luís I,
reis de Portugal, nesta ordem.
→ Os demais filhos foram D. João, D. Maria Ana, D. Antónia, D. Fernando e D. Augusto.
→ Todavia, quatro de seus filhos morreram ao nascimento, sendo eles: D. Maria, D
Leopoldo, D Maria e D. Eugénio.

Morte da Rainha

A rainha Maria II morreu no dia 15 de novembro de 1853, no Paço das Necessidades, com
apenas 34 anos de idade, por consequência de um parto de risco.

Karl Marx:

Ficha Biográfica
Nome: Karl Heinrich Marx

Ocupação: Filósofo e Revolucionário

Data do Nascimento: 05/05/1818

Origem: Alemanha

Pais: Herschel Marx e Henriette Pressburg

Data da Morte: 14/03/1883 (aos 64 anos)

Figura 3 - Karl Marx

23
Quem foi?
→ Karl Marx (1818–1883) foi um filósofo e revolucionário socialista alemão.
→ Criou as bases da doutrina comunista, onde criticou o capitalismo.
→ A sua filosofia exerceu uma grande influência em várias áreas do conhecimento,
tais como a Sociologia, Política, Direito e Economia.

Vida

→ Nascimento: Karl Heinrich Marx nasceu em Trier, Renânia, província ao sul da


Prússia - um dos muitos reinos em que a Alemanha estava fragmentada, no dia 5
de maio de 1818.
→ Seu pai: advogado e conselheiro da justiça, descendente de judeu, era perseguido
pelo governo absolutista de Guilherme III.
→ Em 1835, depois de concluir os seus estudos no Liceu Friedrich Wilhelm, Karl
ingressou em Direito na Universidade de Bonn, onde participou em lutas políticas.
→ No final de 1836, Karl Marx transferiu-se para a Universidade de Berlim para
estudar Filosofia. Nesta época, propagavam-se, com grande destaque, as ideias de
Hegel.
→ Marx aliou-se aos "hegelianos de esquerda", que procuravam analisar as questões
sociais, fundamentando-as com a necessidade de transformar a burguesia da
Alemanha.
→ Entre 1838 e 1840, Karl Marx dedicou-se a elaborar a sua tese.
→ Doutorou-se em Filosofia em 1841, na Universidade de Jena, com a tese "A
Diferença Entre a Filosofia da Natureza de Demócrito e a de Epicuro".
→ Por motivos políticos, Karl Marx não conseguiu a nomeação para lecionar na
universidade, que não aceitava mestres que seguem as ideias de Hegel. Com a
recusa, Marx passou a escrever artigos para os Anais Alemães, do seu amigo Arnold
Ruge, mas a censura impediu a publicação do mesmo.
→ Casamento: Em julho de 1843, Marx casou-se com Jenny, irmã de seu amigo
Edgard von Westphalen.

Figura 4 – Marx e a sua esposa 24


Marx e Engels

→ O casal mudou-se para Paris, onde Marx junto com Ruge fundou a revista "Anais
Franco-Alemãs", e publicou os artigos de Friedrich Engels.
→ Em outubro de 1842, mudou-se para Colônia, e assumiu a direção do jornal “Gazeta
Renana”, onde conheceu Friedrich Engels, mas logo após a publicação do artigo
sobre o absolutismo russo, o governo fechou o jornal.
→ Publicou também "Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" e "Sobre a
Questão Judaica". Nessa época, ingressou numa sociedade secreta.
→ Nos fins de 1844, Marx começou a escrever para o "Vornaerts", em Paris. As
opiniões desagradaram o governo de Frederico Guilherme V, imperador da Prússia,
que pressionou o governo francês a expulsar os colaboradores da publicação, entre
eles Marx e Engels. Em fevereiro de 1845, foi obrigado a sair da França e seguiu
para a Bélgica.
→ Karl Marx dedicou-se a escrever teses sobre o socialismo e manteve contato com o
movimento operário europeu. Fundou a "Sociedade dos Trabalhadores Alemães".
Junto com Engels, adquire um semanário e integra-se à "Liga dos Justos", entidade
secreta de operários alemães, com filiais por toda a Europa.

Manifesto Comunista

→ No Segundo Congresso da Liga dos Justos, Marx e Engels são solicitados para
redigir um manifesto. No dia 21 de fevereiro de 1848, com base no trabalho de
Engels, Os Princípios do Comunismo, Marx escreve o "Manifesto Comunista",
onde exprime as suas ideias sobre a luta de classe e o materialismo histórico.
→ Critica o capitalismo, expõe a história do movimento operário, e termina com um
apelo à união dos operários em todas as partes do mundo. Pouco tempo depois,
Karl e a sua mulher são presos e expulsos da Bélgica, instalando-se pouco tempo
depois em Londres.
→ Apesar da crise, em 1864, Marx voltou à atividade política e fundou a "Associação
Internacional dos Trabalhadores", que ficou conhecida como "Primeira
Internacional". Com a ajuda de Engels, publicou em 1867, o primeiro volume de
sua mais importante obra, "O Capital", em que sintetiza as suas críticas à
economia capitalista.

Figura 5 – Manifesto Comunista 25


O Capital

→ A principal obra de Karl Marx é “O Capital”, nele, Marx faz uma análise crítica ao
Capitalismo, sintetizando o modo de funcionamento da economia capitalista, e
mostrando que a mesma está baseada na exploração do trabalhador assalariado,
que produz um excedente que acaba por parar nas mãos do capitalista.
→ Segundo as teorias desenvolvidas por Karl Marx, o excedente deveria voltar para o
trabalhador, na forma de salário, numa percentagem do valor equivalente ao que
foi produzido, e a outra parte ficaria com o dono dos meios de produção. Essa seria
então, o que Marx chamou de “mais-valia”. Com a ajuda de Engels, o primeiro
volume foi publicado em 1867.

Figura 6 - O capital

O Marxismo

Fruto de décadas de colaboração entre Karl Max e Friedrich Engels, o marxismo


influenciou os mais diversos setores da atividade humana ao longo do século XX, desde
a política e a prática sindical até a análise e interpretação de factos sociais, morais,
artísticos, históricos e econômicos, tendo se tornado na doutrina oficial dos países de
regime comunista.

Morte

Karl Marx faleceu em Londres, Inglaterra, no dia 14 de março de 1883.

26
Curiosidades de D.Maria II

1º - Paixão pelo teatro

A rainha amava tanto peças teatrais, que lhe foi construído um edifício de artes em seu
nome, o teatro D. Maria II, as obras ocorreram entre 1842 e 1846.

2º - Educadora
Maria II de Portugal ensinava com maestria, era considerada uma excelente educadora.
Dessa forma, mantinha a disciplina dos seus filhos com pulso firme, mas também com
compreensão e amor.

3º - Tirana
Durante o seu reinado, foi apelidada de Tirana, já que se tornou uma mulher forte que
não baixava cabeça a quem a enfrentasse.

4º - Parideira
D.Maria acreditava que a sua função era a de gerar herdeiros. Com isso em mente
engravidou cerca de 11 vezes, tendo tido diversas gestações de risco. Uma dessas
gestações acabou mesmo por lhe tirar a vida.

Figura 7 - Teatro D.Maria II, Lisboa

27
Romantismo – Obras de arte:

Os Fuzilamentos de 3 de maio

Ficha Técnica

Artista: Francisco de Goya: 1746-


1828.

Nacionalidade: Espanhola

Elaboração: 1814

Técnica: Óleo sobre tela

Onde se encontra: Museu do


Prado, Madrid

Dimensões: 268 x 347 cm

Figura 8 - Os Fuzilamentos de 3 de Maio, Goya

Representação:

→ A imagem é uma representação de um episódio ocorrido entre o dia 2 e a madrugada


de 3 de maio, quando tropas napoleônicas que ocupavam a Espanha executaram
diversos espanhóis, face à sua rebeldia contra a invasão.
→ A violência do massacre aparece com intensidade na pintura, o que a tornou um
símbolo da luta do povo espanhol pela liberdade e contra os invasores estrangeiros.

Análise do Quadro
→ Goya não pintou o rosto dos militares franceses, como se quisesse demonstrar que
os soldados nada mais eram do que meras máquinas de guerra, impessoais e
anônimos, encarregados apenas de cumprir ordens, sem sequer as questionar.
→ O personagem central encontra-se de braços abertos, como se estivesse crucificado.
É um paralelo com a morte de Jesus Cristo. Com isto, o autor procurou transmitir a
ideia de que os inocentes foram assassinados pelos franceses. Esta ideia de inocência
é ainda reforçada com a vestimenta branca desse mesmo personagem.

28
Linha Férrea Liverpool-Manchester

Figura 9- Linha de Liverpool-Manchester

A “Liverpool and Manchester Railway” foi a primeira ferrovia do mundo a realizar o


transporte ferroviário interurbano de passageiros. Esta linha foi inaugurada a 15 de
setembro de 1830 e perfazia o trajeto entre as cidades de Liverpool e Manchester, no
Noroeste da Inglaterra.

Função: construída para tornar mais rápido o transporte de matérias-primas e


produtos acabados entre o porto de Liverpool e moinhos em Manchester e cidades
vizinhas.

Em 1845, foi absorvida pelo seu parceiro de negócios principal, a Grand Junction
Railway (GJR); no ano seguinte a GJR fazia parte da “London and North Western
Railway”.

29
Atentado de Sarajevo:

Acontecimento

→ No dia 28 de junho de 1914 foi assassinado em Sarajevo o Arquiduque Francisco


Fernando, herdeiro da coroa do império Austro-Húngaro.
→ O ataque, realizado por um grupo nacionalista que reunia bósnios, sérvios e croatas,
teve como efeito imediato o desencadear da I Guerra Mundial.

Figura 10 - Atentado de Sarajevo

Quem foi Francisco Fernando?


O arquiduque Francisco Fernando era o
herdeiro do trono do império Austro-Húngaro,
que nessa altura controlava a Bósnia-
Herzegovina.

Figura 11 - Francisco Fernando 30


Como se sucedeu o atentado?
→ Nesse dia, Francisco Fernando fez uma visita à capital, Sarajevo, acompanhado da
mulher, a duquesa Sofia. Chegou à cidade de comboio e foi recebido pelo governador,
seguindo depois de automóvel até à sede da câmara municipal.
→ Um comando de seis homens, espalhados ao longo do percurso, aguardava a melhor
oportunidade para o assassinar. Um deles atirou uma bomba para o cortejo, mas
falhou a viatura onde seguia o arquiduque. A explosão feriu mais de uma dezena de
pessoas. Apesar do atentado, o arquiduque prosseguiu para os paços do conselho,
onde teve lugar a receção oficial.
→ Foi na viagem de regresso, quando se dirigia ao hospital para visitar os feridos, que
um outro elemento do comando, um sérvio bósnio chamado Gavrilo Princip,
conseguiu aproximar-se do carro e alvejou mortalmente o arquiduque e a duquesa.

Quem foram os responsáveis pelo atentado?

→ O comando que planeou e executou o atentado fazia parte de uma organização


chamada “Jovem Bósnia”. Esta rede clandestina, ligada a outras organizações como
a “Mão Negra” lutava, utilizando meios violentos, contra o domínio do império
austro-húngaro na Bósnia e pela formação de um estado que unisse os povos eslavos
do Sul, isto é, bósnios, sérvios, croatas e eslovenos, entre outros. Este ideal de união
política tinha raízes remotas e veio mais tarde a dar origem ao termo “Jugoslávia”,
que significa, precisamente, “eslavos do sul”.
→ Na época, a região dos Balcãs estava retalhada entre pequenos reinos independentes,
o Império Otomano e o Império Austro-Húngaro, num estado de permanente tensão
e conflito que envolvia igualmente a Grécia, a Bulgária e a Roménia. O atentado foi
planeado com a colaboração de elementos do exército e da polícia da Sérvia, tratando-
se, portanto, de uma conspiração que envolvia e comprometia a hierarquia deste
estado.

Como é que deu origem à I Guerra Mundial?


→ Os homens que fizeram o atentado foram presos e julgados, assim como boa parte
nos envolvidos na conspiração, tanto nos domínios do Império Austro-Húngaro como
na Sérvia. Porém, para os austríacos, isto não era suficiente e em julho as
autoridades imperiais lançaram um ultimato à Sérvia com exigências concretas
destinadas a cessar de imediato todas as atividades destes grupos que conspiravam
contra os interesses austríacos. A Sérvia recusou e o Império Austro-Húngaro cortou
relações diplomáticas e declarou a guerra.
→ A partir daqui, todo o frágil sistema de alianças e pactos secretos entre as potências
europeias desabou, numa espécie de efeito dominó. A Rússia e a França saíram em
defesa da Sérvia e a Alemanha colocou-se ao lado da Áustria-Hungria. Seguiu-se o
Reino Unido. Toda a Europa acabou por se envolver no conflito, que alastrou à escala
mundial e durou 4 anos, quando se supunha que terminasse rapidamente. No final,
foram contabilizados mais de 15 milhões de mortos e um grau de destruição que a
Europa nunca tinha conhecido.

31
Resumos:
Ação reformadora da regência de Mouzinho da Silveira

Mouzinho da Silveira

Ministro da Fazenda e da Justiça de D.


Pedro.

Figura 4 - Mouzinho da Silveira

Ação Reformadora

Enorme trabalho legislativo Objetivo


→ Agricultura: abolição da dízima, Criação de um Estado moderno e
morgadios e forais (liberta os liberal.
camponeses das dependências
tradicionais);
→ Comércio: fim das alfândegas
internas e redução dos impostos
sobre as exportações;
→ Indústria: fim dos monopólios;
→ Administração: criação do Registo
Civil, divisão do território em
províncias, comarcas e concelhos;
→ Justiça: criação de circunscrições
judiciais e do Supremo Tribunal de
Justiça;
→ Finanças : criação de impostos a
nível nacional;
→ Educação e Cultura : criação de
novas escolas e da Biblioteca
Pública do Porto;

32
Os projetos Setembrista e Cabralista

O Setembrismo – Tempo e Espaço

A revolução deu-se no Terreiro do Paço, em


Lisboa, a 9 de Setembro de 1836 – Figura 1.

Figura 1- Terreiro do Paço

Antecedentes da Revolução

→ A ação reformadora de Mouzinho da Silveira não teve o sucesso esperado;


→ A venda dos bens nacionais em haste pública só favoreceu a alta burguesia – Figura
2.
→ A economia do país ainda estava extremamente dependente de Inglaterra;
→ O povo encontrava-se ainda na miséria – Figura 2.

Em que consiste esta revolução?

Consiste num movimento popular


face ao descontentamento da
população com a situação económica
e financeira do país.
Figura 2 - Venda dos bens nacionais

Apoiantes

Populares e militares constituíram-se como a base social de apoio, que contou, também,
com o apoio da burguesia industrial urbana e dos pequenos e médios comerciantes.

Qual o motivo para estes setores Objetivos:


apoiarem a Revolução?
• Revogar a Carta Constitucional;
Estavam insatisfeitos com o • Repor a Constituição de 1822;
favorecimento que os governos • Restabelecer os princípios do
cartistas tinham dado à alta burguesia vintismo – mais democrático,
e aos grandes proprietários. assente na soberania popular.

33
Como tudo começou?

→ Tudo começou com os acontecimentos a 9 e 10 de Setembro, quando os deputados


eleitos para as Cortes chegaram a Lisboa. Por essa altura já tinham sido publicados
nos jornais e em campanhas a chegada do movimento, o que fez com que os
portugueses aderissem à revolução de braços abertos.
→ Pouco depois, gritava-se pela Revolução, pela Rainha e pela Constituição de 1822.

Principais Figuras do Setembrismo

→ Visconde Sá da Bandeira;
→ Passos Manuel – Figura 3.
→ José Estevão – Figura 4.

Passos Manuel
→ Declarou-se mais democrático,
empenhando-se na valorização da
Soberania Nacional e na redução da
intervenção régia.
→ No Governo Setembrista, sobraçou as
pastas do Reino, da Fazenda e da Justiça,
devendo-se-lhe uma obra notável no setor
da educação, das finanças e da
administração.
Figura 3 - Passos Manuel (1801-1862)

José Estevão

→ Grande defensor da Liberdade desde


muito novo;
→ Foi perseguido e forçado a fugir para a
Terceira, onde serviu o exército de
D.Pedro;
→ A sua bravura foi reconhecida durante o
Cerco do Porto;
→ Enquanto Jornalista e Deputado,
manifestou-se um crítico feroz da
administração cartista, sustentando
vigorosas polémicas contra Costa
Cabral.
→ Grande defensor das ideias Figura 4 - José Estevão
setembristas, tendo integrado o exército
rebelde durante a guerra civil da
Patuleia.

34
A Atuação do Governo Setembrista – Medidas

→ Constituição de 1838.
→ Na economia.
→ Reformas no Ensino.

1.ª - Constituição de 1838:


→ Compromisso entre a Constituição de 1822 e a
Carta de 1826.
→ O rei perdeu o poder moderador.
→ Soberania da Nação como fonte do poder.
→ Maior importância dos direitos individuais.
→ Duas câmaras eleitas por eleições diretas.
→ Sufrágio censitário.
Figura 5 - Constituição de 1838

2.ª - Na Economia:

→ Medidas protecionistas adotadas em 1837


permitiram o arranque da
industrialização nacional obrigando ao
pagamento de taxas todos os produtos
importados, nomeadamente os que
entrassem em concorrência com fabrico
nacional – Figura 6.
→ Desenvolvimento do associativismo
empresarial através do estímulo à formação
de associações de empresários.
→ Maior atenção foi dada às colónias africanas
proibindo-se o tráfico de escravos a sul
do Equador e atraindo investimentos para
áreas económicas alternativas ao tráfico:
minério, exploração agrícola.
Figura 6 - Um balanço do Setembrismo

3.ª - Reforma do Ensino:

→ Criação de várias escolas Politécnicas, Escola


Médico-cirúrgica, Conservatórios de Artes e
Ofícios.
→ Reforma dos estudos da Universidade.
→ Instituição dos liceus com disciplinas de ciências
e humanidades.

Figura 7 - Novas Instituições de Ensino

35
Fim do Setembrismo - Causas
→ Golpe do ministro da Justiça Costa Cabral, através de um pronunciamento pacífico,
no Porto;
→ O sétimo e último governo setembrista foi derrubado.

Início do Cabralismo
→ Data do pronunciamento do cabralismo – 27
de Janeiro de 1842.
→ Este governo foi iniciado por Costa Cabral –
Figura 8.

Costa Cabral

→ Foi uma das figuras mais controversas do


século XIX português;
→ Bacharel em Leis por Coimbra e exilado em
virtude da repressão miguelista, regressou ao
país com a expedição liberal de D.Pedro;
→ A sua adesão à revolução de Setembro de 1836
Figura 8 - Costa Cabral não o impediu, porém, de evoluir num sentido
mais conservador, chegando a ministro do
Reino após o golpe de 1842;
→ Títulos: Grão-Mestre da Maçonaria; 1.º Conde
e 1.º Marquês de Tomar.

Características deste Governo


→ Restauração da Carta de 1826, que defendia a defesa da ordem pública e do
desenvolvimento económico.
→ Base Social de Apoio, composta por conservadores cartistas, ligados ao grande
comércio e às finanças, e grandes latifundiários.
→ Costa Cabral, que se assumiu como dirigente, governando com mão tão firme que
acabou por ser considerado um tirano, e que procurou controlar as Cortes e as
Eleições – Figura 9 e 10.

Figura 9- Uma Sátira ao Governo Cabralista Figura 10 - Defesa de Costa Cabral às Acusação

36
Medidas Governativas de Costa Cabral:

Ao nível Administrativo: Ao nível Económico

Publicação do Código Administrativo de → Criação do Banco de Portugal:


1842 (em vigor durante 36 anos), que função de banco comercial e de
conduziu à centralização administrativa. banco emissor;
→ Assinatura do Tratado de
Comércio com a Inglaterra, em
1842, com disposições
aduaneiras protecionistas, mais
favoráveis ao reino – Figura 11.
→ Elaboração de um cadastro das
propriedades fundiárias e a
criação da décima industrial;
→ Criação da Companhia das
Obras Públicas de Portugal, em
1844, à qual foram adjudicadas
várias obras (construção de
estradas e de pontes, sobretudo
Figura 11 - Tratado de 1842 no Norte).

Ao nível Económico-financeiro:

→ Criação do Tribunal de Contas (1849)


destinado a fiscalizar todas as receitas
e as despesas do Estado – Figura 12.
→ Criação da Companhia de Tabacos, do
Sabão, das Pólvoras, da Companhia
Confiança Nacional, da Companhia
das Estradas do Minho, que
negociavam e especulavam sobre os
contratos que lhes eram atribuídos
pelo Estado;
→ Atividade financeira especulativa;
→ Privilégios concedidos pelo governo a
companhias criadas, em troca de Figura 12 - Tribunal de Contas (1849)
empréstimos e adiantamentos ao
Estado.

Outras Medidas:

→ Publicação das “leis da saúde” que proibiam os enterramentos nas igrejas.


→ O Estado através dos impostos alimentava a alta finança.
→ As leis fiscais publicadas a partir de 1845 tornaram-se num motivo da guerra
civil.
→ O despotismo de Costa Cabral causou uma oposição que se traduziu em guerra
civil.

37
Revolta da Maria da Fonte:

O que foi?
Foi um levantamento popular que contou
com a participação de muitas mulheres.

Propósito e Causas:
→ Reação contra a política fiscal;
→ Revolta de cariz popular e rural;
→ Constituição de Juntas Governativas;
→ Reação contra a perda dos Direitos
Comunitários; Figura 13 - Revolta da Maria da Fonte
→ Reação contra as "Leis da Saúde".

Na origem da insurreição estiveram:


→ Lançamento de impostos (estradas e registo das propriedades);
→ A proibição dos enterramentos nas igrejas.

Percurso da Revolta:
→ A insurreição iniciou-se no Minho.
→ Difundiu-se para Trás-os-Montes, Vale do
Douro e pelo Centro do reino.

Consequências:

20 de maio
→ Demissão do Governo, do qual
Costa Cabral era ministro do
reino;
→ Costa Cabral refugia-se em
Espanha.
Figura 14 - Mapa de Portugal

21 de maio Meses depois

Empossado o novo governo liderado Política de conciliação: desmobilização


pelo Duque de Palmela. das juntas revolucionárias.

38
A revolta da Patuleia:
1846-47: Revolta da Patuleia alastra-se a partir do Porto ao resto do país.

O que foi a Patuleia?

→ Foi chamada de Patuleia a reação, por


parte de vários setores políticos, ao golpe
ocorrido em outubro de 1846, pelo qual a
rainha D. Maria II depôs o governo do
duque de Palmela e nomeou um novo
executivo chefiado pelo duque de
Saldanha.
→ O panorama tornou-se mais complexo
quando os setembristas se aliaram aos
partidários de D. Miguel, que tinham sido
derrotados durante as lutas liberais na
década anterior. Perante a ameaça do
regresso de D. Miguel, que estava exilado
em Itália, D. Maria II apelou à aliança
internacional, que envolvia a Espanha, a
Inglaterra e a França, e foi portanto a
Figura 15- A Patuleia intervenção estrangeira que conduziu ao
desfecho do conflito e ao fim da Patuleia.

Fim da Patuleia
Convenção de Gramido - Põe fim à Patuleia garantindo uma amnistia geral

O fim do Cabralismo - Motivos

1.º
O duque de Saldanha foi convidado a
formar governo, o que assumiu contornos
de golpe de Estado: “A Emboscada” - Isto
afastou Costa Cabral definitivamente do
poder – Figura 16.

2.º
Formou-se no Porto uma Junta em oposição
ao governo de Lisboa (Junta Provisional do
Reino).

Figura 16 - Duque de Saldanha


39
3.º
→ Retomou-se a guerra civil: Patuleia.
→ Os revoltosos renderam-se a 31 de maio
de 1847.
→ A paz foi assinada na Convenção
do Gramido.
→ No século XIX foi implantado um novo
sistema político, o Liberalismo.
→ Teve uma maior incidência na Europa
Ocidental.
Figura 5 - Convenção De Gramido, Porto

O legado do Liberalismo – primeira metade do Séc. 19

O que é o Liberalismo?
O Liberalismo é uma filosofia e ideologia
política que valoriza e defende os direitos dos
indivíduos, rejeitando qualquer tipo de poder
opressivo, opondo-se à forma de governo que
dominou todo o antigo regime, o
Absolutismo.

Antecedentes:

→ Surgiu não só com grande influência das revoluções liberais que seguiam os
princípios iluministas contra a tendência absolutista, mas também com
o enriquecimento da burguesia, com o espírito livre de troca e com a ascensão das
classes medias.
→ Tudo isto levou a mudanças ao nível político, económico, social e até mesmo
cultural.

Absolutismo ≠ Liberalismo:

Absolutismo: Liberalismo

→ Súbditos; → Cidadãos;
→ Indivíduos sujeitos a → Indivíduos dotados de direitos
obrigações, dotados ou não próprios;
de privilégios; → Inalienáveis (direito com o qual as
→ Sem poder participativo; pessoas nascem e do qual nunca
→ Sujeitos à vontade régia. podem ser privadas) e
imprescindíveis, a legitimação do
poder político;
→ Inerentes à própria condição
humana.
40
Liberalismo:

Ideologia Centrada nos direitos dos indivíduos:

→ Direitos do Homem - Propriedade;


Liberdade; Igualdade e Segurança.

→ Direitos do Cidadão – Figura 1:


• O cidadão (interveniente na política)
substitui o súbdito do Antigo Regime;
• Intervém na governação, sendo um ator
político;
• Participa na vida política como eleitor,
como detentor de cargos políticos;
• Participa nas assembleias e clubes, nos
grupos de discussão, escrevendo livros ou
artigos nos jornais; - A defesa dos direitos
individuais previa o direito à liberdade
religiosa dos indivíduos;
• Os liberais defendem a liberdade
individual (civil, religiosa, política,
económica). Figura 1 - Direitos do Cidadão

Direito Inalienável:

→ Garantido pelo Estado;


→ Inerente à condição humana;
→ Inalienável.

Política:

→ Liberdade de eleger e ser


eleito:
• Associada à capacidade
económica;
• Associada ao poder
representativo limitado;
• A Constituição era o meio
ideal para limitar a
arbitrariedade e proteger os
indivíduos;
• Assentava na separação e
independência dos poderes
políticos.

41
Estado como garantia da ordem liberal:

→ Liberdades Individuais - Segurança;


Inviolabilidade do domicílio e da
correspondência; Livre circulação de
pessoas; e a liberdade de escolha de
educação.
→ Liberdades Económicas - Direito de
propriedade; Liberdade de iniciativa;
Liberdade de mercado; Liberdade de
comércio.
→ Liberdade de Pensamento - Político,
Filosófico e Religioso (liberdade de
culto).
→ Liberdade de Expressão e de Opinião -
Da imprensa; Do uso da palavra; De
reunião; De associação; e de
manifestação – Figura 2.
Figura 2 - O poder da opinião pública

Liberalismo Político:

→ O ponto de partida do Liberalismo foi o político e, o Liberalismo moderado fez com


que o estado fosse um defensor da burguesia.
→ O Liberalismo político resume-se ao atender à forma a que os poderes estão
organizados e à relação dos indivíduos que os possuem de forma a evitar o que
aconteceu na altura do absolutismo e prevenir possíveis ditaduras, tornando-o
assim um estado neutro que respeitasse e protegesse assim a liberdade e aplicasse
as mesmas leis a todos os cidadãos.

Características:
1.ª Rejeição dos dogmas e da intolerância;

2.ª Defesa de um Estado Laico:

→ A igreja deixou de ter um papel


dominante;
→ Extinção das ordens religiosas;
→ Confisco e nacionalização dos bens do
clero;
→ Generalização de um sentimento
anticlerical;
→ Estado não confessional (laico);
→ Separação do Estado da Igreja;
→ Criação do registo civil;
→ Promoção de um ensino laico e público
Figura 3 - Professora e alunos na Escola Laica – Figura 3

42
3.ª O indivíduo deixou de ser visto como súbdito;

4.ª O indivíduo tornou-se politicamente ativo:


→ Elegia os representantes da nação;
→ Desempenhava cargos ou funções políticas;
→ Participava como cidadão e não pelo direito de nascimento ou de hereditariedade.

5.ª A Participação Política do Indivíduo era limitada:


→ Direito de representação não era acessível a todos;
→ Era acessível aos que tinham rendimentos;
→ O voto era entendido como uma função;
→ O voto era censitário;
→ Diferenciava cidadãos ativos de cidadãos passivos.

Outras Características:
→ Não equivale à democracia;
→ Foi essencialmente monárquico e conservador;
→ A Carta Constitucional é o texto, de caráter mais moderado, que vigorou durante
mais tempo;
→ Adotou, sobretudo, o bicameralismo - Câmara dos Pares (vitalícia e de nomeação
régia) e Câmara de deputados.

Participação Política Limitada:

Cidadãos ativos:
→ eram uma minoria.
→ possuíam um determinado rendimento.
→ tinham direito de voto.
→ podiam ser eleitos.

Cidadãos passivos:

→ eram a maioria.
→ não tinham rendimento suficiente.
→ não tinham direito de sufrágio.
→ não podiam ser eleitos.

43
Os direitos políticos eram restritos a uma elite:
A burguesia era a elite dirigente que, através do liberalismo, concretizou as suas
aspirações políticas e sociais.

Segundo o liberalismo, a exclusão dos direitos políticos não era definitiva:


→ pelo mérito, trabalho e esforço individual era possível atingir o nível de fortuna;
→ aceder ao direito de voto e à participação política.

Liberalismo Económico:

Liberalismo económico:
→ O Liberalismo económico fundamentava-se nos filósofos iluministas do século
XVIII e em quem privilegiava a agricultura como primeira fonte de riqueza, os
fisiocratas.
→ O Liberalismo Económico, e as suas caraterísticas, são resultantes das seguintes
ideias.

Principais Fisiocratas e as suas ideias:

1.º - François Quesnay

Quesnay foi um economista e o criador


do fisiocratismo.
Anos: 1694-1774

Figura 1 - François Quesnay

Defendia:
→ Que a base da riqueza de um país residia na agricultura e que os agricultores
deviam cultivar e comerciar os seus produtos livremente, já que a indústria só se
limitava a transformar a matéria prima;
→ Que deveriam ser os próprios agricultores a promover as devidas inovações
agrícolas.

44
2.º - Vincent de Gournay

O economista Gournay defendia a


liberdade económica por meio do
lucro individual.
Anos: 1712-1759

Figura 2 - Vincent Gournay

Pretendia:
Acabar com todas as teorias mercantilistas com o seu princípio «laissez faire, laissez
passer», isto é, «deixar fazer, deixar passar», o ideal do liberalismo económico, achando
que o Estado não devia interferir na economia o país (desde a produção industrial à
circulação de mercadorias).

3.º - Adam Smith


Considerado o pai do liberalismo
económico.
Anos: 1723-1790

Figura 3 - Adam Smith

Defendia:
→ Que o trabalho é a primordial fonte de riqueza, fundamentando que a riqueza do
Estado dependia da existência do direito individual à propriedade privada e à busca
de fortuna e, a vantagem pessoal identificava-se com o interesse da coletividade;
→ A Livre Iniciativa, afirmando que só com a mesma é que a busca pela riqueza seria
recompensada, isto é, promoveria o trabalho, a acumulação de capital e o
investimento – progresso económico e social;
→ Que o Estado se devia abster de participar na economia, visto que o mercado era
regido por leis próprias - a lei de oferta e da procura, que se iriam encarregar de
equilibrar o consumo e a produção, e por isso não devia existir nenhum entrave à
concorrência.

45
Características do Liberalismo Económico:
→ Defesa da livre iniciativa e da livre concorrência;
→ Defesa da propriedade privada;
→ Assente na ideia de prosperidade conseguida pelo trabalho, pelo lucro e pela
poupança.
→ Defesa dos direitos naturais do Homem.
→ Valorização do Indivíduo.

6 - Defesa da não intervenção da Estado na Economia:


O Estado devia assegurar as condições para o desenvolvimento económico:
• Aprovação de medidas que favorecessem a livre circulação de mercadorias
(livre-cambismo).
• Promoção de políticas não-dirigidas.
• Garantia das regras de mercado (lei da oferta e da procura).

7 - Fim dos obstáculos feudais:


→ Abolição das guildas e corporações.
→ Abolição dos monopólios;
→ Abolição das barreiras à circulação.

8 - O mercado tinha mecanismos autorreguladores:


→ Crises económicas entendidas como naturais;
→ Crises económicas resolviam-se por si;
→ Crises económicas serviam para reestabelecer o equilíbrio no mercado.

9 - Condenação do tráfico de escravos e da escravatura:

→ Criação de associações abolicionistas na Europa e nos


Estados Unidos: denúncia das práticas esclavagistas.
→ Revolução Industrial fez diminuir os interesses em
torno do tráfico de escravos.
Figura 4 - Abolição da escravatura → O liberalismo económico condena o esclavagismo, que
considera um fator condicionante do desenvolvimento
económico.
→ Insurreição de escravos tornaram-se mais frequentes.
→ Inúmeros intelectuais defendem o fim da escravatura.

46
Processo de Abolição do Tráfico de Escravos e da Escravatura:

Nos EUA:
1776 - A Declaração da Independência
determinou o princípio de igualdade,
porém a escravatura não acabou aí.
1808 - O Congresso proibiu o tráfico. Mas
o tráfico continuou em regime de
contrabando.
1860 - Abraham Lincoln um defensor do
abolicionismo é eleito presidente.
1863 - Com a garantia que o Norte
ganhara a Guerra, o governo proclamou o
fim da escravatura
1865 - Abolição definitiva da escravatura,
Figura 1 - EUA com a 13.ª emenda da Constituição.
1869 - Os direitos políticos dos negros
foram reconhecidos.

Em França:
1791 - Debates em relação à escravatura
tiveram lugar na Assembleia Constituinte.
A Assembleia concedeu os direitos civis a
todos independente da cor, e nesse mesmo
ano decretou o fim da escravatura na
metrópole francesa.

Contudo, houve uma polemica entre


abolicionistas e defensores da escravatura
vai se tornando mais agressiva:

1794 - Foi decretada a abolição da


escravatura nas colónias.
1802 - O Consulado reestabeleceu a
Figura 2 - França
escravatura nas colónias.
1848 - Abolição definitiva da escravatura.

Abolição Escravatura

47
Em Inglaterra:
Condenação do tráfico de escravos a partir
do final do século XVIII.

1807 - Abolição do tráfico de escravos.


1833 - Promulgação da abolição da
escravatura.

Figura 3 - Inglaterra

Em Portugal:

1836 – O governo Setembrista começou por


proibir o tráfico de escravos nas colónias
portuguesas.
• O visconde de Sá da Bandeira decretou a
proibição de tráfico de escravos nas
colónias portuguesas a sul do Equador.
Esta medida foi tomada depois da
independência do Brasil e surgiu da
necessidade de promover a colonização de
África.

1869 - O rei D. Luís assinava o decreto provindo


do governo do Marquês de Sá da Bandeira que
abolia a escravatura em todo o território nacional
- Abolição definitiva da escravatura.
Figura 4 - Portugal

Romantismo:

O que é o Romantismo?
É o movimento cultural e artístico do século XIX, com manifestações na literatura,
nas artes plásticas, na dança e na música. Este valoriza o instinto e privilegia as
emoções dramáticas.

Figura 1 – Emoções
48
Românticos:
→ Escritores: Lord Byron; Camilo Castelo Branco;
Almeida Garret; Victor Hugo; Gonçalves
Dias e José de Alencar.
→ Pintores: Delacroix, Francisco Goya, Caspar D.
Friedrich, T. Chassériau, W. Turner, J. Constable
e Paul Huet.
→ Músicos: F. Chopin e G. Verdi.
Figura 2 - Camilo Castelo Branco

Características:

1.º - Instinto e emoção – Figura 3.

Figura 3 - Francisco A. Metrass, Só Deus, 1856

2.º - Sentimento e paixão


Os românticos centram as suas atenções no indivíduo arrebatado pelo sentimento,
pela paixão violenta e, tantas vezes, desprovido de Razão. Há um afastamento da
serenidade e do equilíbrio clássicos, patentes, por exemplo, na torção de corpos e no
colorido quente e forte na pintura.

3.º - O culto do eu
Este expressa-se na figura do herói
romântico, um solitário, de costas
voltadas para um mundo que sente não o
compreender – figura 4.

Figura 4 - Caspar F., Viandante num mar de neblina, 1818

49
4.º - A natureza
→ Reflete a sensibilidade romântica e torna-se parte integrante das respetivas obras.
→ Pode surgir fria e hostil e cúmplice de uma alma atormentada ou pode-se apresentar
dissolvida num espetáculo de luz, fazendo lembrar a grandiosidade da criação
divina.

5.º - Atração pela Idade Média


A Idade Média suscita paixões aos
românticos, que mergulham nos seus
mistérios. Os românticos redescobrem a
riqueza do estilo gótico, reavivam temas e
lendas medievais, recuperam as tradições
folclóricas, em suma, fazem apelo às
raízes históricas das nacionalidades –
Figura 5.

Figura 5 - Paul Huet, As Ruínas do Castelo de Pierrefonds, 1861

6.º - Atração pelo Exotismo Oriental


→ O exotismo dos costumes orientais apaixona igualmente os românticos que, em
paragens distantes, parecem fugir às normas de um mundo onde dificilmente se
integram.
→ Marrocos e o Império otomano são fonte de inspiração para os românticos.

7.º - Exaltação da Liberdade (1)

Do indivíduo, dos povos, da criação


artística e a política – Figura 6.

Figura 6 - Jacques Réattu, A Liberdade dá a volta ao Mundo, 1798

50
Liberdade (1):

→ A Liberdade é um dos temas mais caros aos românticos, seja a liberdade de criação
estética – afastada das regras clássicas, seja a liberdade individual, a liberdade
política ou a liberdade dos povos.
→ O Romantismo converte-se na ideologia dos revolucionários liberais.

Liberdade do Indivíduo Liberdade Política


O empenhamento romântico com os Os românticos comprometem-se com a
Direitos do Homem manifesta-se, por causa da Liberdade política e da luta
exemplo, na adesão à causa anti contra a tirania.
esclavagista, perfilhada pelo
Liberalismo.
Os retratos de negros captam a alma,
chamando a atenção para a unidade
do género humano.
Liberdade dos Povos
Os românticos tomam, frequentemente,
partido pela causa dos povos oprimidos
por dominadores estrangeiros.
Defendem o direito dos povos a
disporem de si próprios, que constitui a
essência do princípio das
nacionalidades.

Porque é o Romantismo expressão da Ideologia Liberal?

→ O Romantismo representa um estado de espírito que fez bandeira da Liberdade


(seja a liberdade de criação estética, seja a liberdade individual, política, social ou
económica ou a liberdade dos povos).
→ Os românticos acabaram comprometidos política e socialmente, pelo que o
Romantismo se tornou a expressão da ideologia liberal.

Liberdade Romantismo

51
As transformações económicas na Europa e no Mundo

A expansão da revolução industrial

1.ºs avanços da Indústria Meados do séc. XIX

→ Maquinismos simples; → Os maquinismos industriais


→ Concebidos por artesãos transformaram-se em
ou pequenos empresários; estruturas complexas –
→ Melhoramento dos seus exigiam sólidos conhecimentos
instrumentos e técnicas de teóricos;
trabalho. → Atualização permanente das
tecnologias de fabrico – devido
à grande concorrência entre as
empresas.

Progressos

Institutos e universidades
→ Formam técnicos especializados;
→ Inauguração da época de engenheiros e estreita ligação entre a ciência e a técnica –
Figura 1.

Grandes empresas

Começam a investir somas enormes na investigação, equipando modernos laboratórios,


onde trabalha uma equipa de “sábios” credenciados – Figura 2.

Gera-se um novelo de progressos cumulativos

Progresso tecnológico Série de progressos que resultam da


ligação ciência-técnica.
→ Novas formas de energia;
→ Novos setores produtivos;
→ Novos meios de transporte.

Novo período: Segunda Revolução Industrial - SRI

52
Figura 1 - Era do progresso Figura 2 - A química na vanguarda da indústria

Novos inventos e novas formas de energia

Indústria siderúrgica Indústria Química

→ Fornecedora de carris, → W. H. Perkin sintetiza, na


máquinas, locomotivas e outros Inglaterra, o violeta de anilina e
equipamentos. a alizarina, matérias corantes
que irão revolucionar a
→ Indústria de ponta da SRI.
indústria tintureira.
→ H.Bessemer inventa um
→ Estreitamente ligada à pesquisa
conversor capaz de transformar
ferro em aço. e inovação.
→ Alargam o mercado siderúrgico → Desenvolveu ainda inseticidas,
tanto na área da indústria fertilizantes e medicamentos.
pesada como na produção de
bens de consumo.

Novas formas de energia

→ Progressos à custa do carvão – como força motriz.


→ Hulha alimentou as caldeiras das fábricas e dos meios de transporte.
→ Últimas décadas do séc. XIX desenvolveu-se o Petróleo e a Eletricidade.

53
Petróleo Eletricidade
Descobertas técnicas de refinação novas → Dá-se uma maior aproveitamento
perspetivas de aproveitamento do graças a uma série de invenções que
petróleo: permitiram a sua produção e
transporte a grandes distâncias.
1859 – Pensilvânia, primeiro poço
perfurado e em breve os derivados do Consequência - possível utilizar a
petróleo tornam-se correntes como eletricidade na iluminação
lubrificantes (fuel oïl) e como doméstica com a lâmpada de
combustíveis para a iluminação. filamentos inventada por Edison a
ganhar destaque.
1886 – Gottlieb Daimler inventa o motor
de explosão, movido a gasolina. → Eletricidade substitui o gás na
iluminação privada e pública.
1897 – Rodolf Diesel inventa um motor → Apareceram os carros elétricos e o
semelhante que utiliza o óleo pesado (gas metropolitano.
oil). → Sem luz não era possível a invenção
do telegrafo, do telefone, do gravador
de som, da radio e do cinema.

A aceleração dos transportes

Os meios de transporte acompanharam o progresso tecnológico adotando desde logo


uma das principais inovações da revolução industrial: a máquina a vapor.

Comboio
→ Apareceu em 1830.
→ George Stepheson inaugurou a
linha Liverpool – Manchester.
→ Em 1850 já existiam 35000 km de
vias férreas em todo o mundo.
→ Em 1914 esse nº ascendia a 1
milhão.

Figura 1 – O comboio

Figura 2 – Linha Liverpool-Manchester 54


Aviação
→ Orville Wright – voar com um motor a
gasolina e hélice (1903)
→ Irmãos Voison – desenharam um
biplano e L. Blériot um monoplano,
com que atravessou o canal da
Mancha.

Figura 3 - Hélice

Navios a vapor

→ Substituíram os antigos veleiros


→ Impõem-se na navegação
intercontinental.
→ Movimentou capitais avultados –
dando origem a grandes empresas
capitalistas.
→ Obras de engenharia: Abertura do
canal do Suez (1869) e do Panamá
(1914), que reduziram as ligações
entre o Índico e o mediterrâneo e
entre o Pacifico e o Atlântico.

Figura 4 - Navios a vapor – Publicidade

Automóveis
Daimler, Benz, Panhard-Levassor, Renault,
Fiat e Ford.

Locomotiva
→ Surgiu com o desenvolvimento do motor de
combustão interno de Daimler.
→ Encurtou distâncias.
→ Aproximou mercados e Consumidores.
→ Favoreceu as trocas sociais, económicas e
culturais. Figura 5 - O admirável automóvel
→ Aparecimento de novas profissões.

55
Concentração industrial e bancária

Era do capitalismo industrial


→ Investimento maciço na indústria.
→ Assenta numa clara divisão entre os detentores do capital – edifícios, fábricas,
maquinaria, matéria-prima – e o trabalho representado pela mão de obra
assalariada.

Concentração industrial

Mudanças

→ Pequena oficina cedeu lugar à grande fabrica.


→ Maquinaria pesada e complexa.
→ Criação de grandes espaços, sem número de trabalhadores vigiava sem cessar o
movimento das máquinas.
→ Setor metalúrgico: A maior fábrica de aço, a Krupp, na Alemanha, tinha 1 milhar
de empregados em 1857, 20000 em 1887 e 70000 nas vésperas da 1ª Guerra
Mundial.
→ Alimentação, calçado ou vestuário: Empresas de pequena e média dimensão.
→ Os mais pequenos abrem falência ou são absorvidos pelas firmas mais poderosas.

Fruto desta dinâmica capitalista construíram-se dois tipos de concentração


industriais: verticais e horizontais.

Concentração vertical Concentração horizontal

→ Integração, numa mesma empresa, → Associação de empresas com o


de todas as fases da produção, desde objetivo de evitar a concorrência.
a obtenção de matéria-prima à → Acordavam, por exemplo, as
venda do produto. quantidades a produzir, os preços
→ Tem um caracter monopolista. de venda ou das datas de colocação
→ Foi mais usual na metalurgia. no mercado.
→ Na Europa, chama-se cartel e
difundiu-se bastante na
Alemanha.
→ Dá origem a verdadeiras
multinacionais – Figura 1.

56
Objetivos
→ Garantir lucros elevados.
→ Assegurar posições de mercado dominantes.
→ Evitar a concorrência.

Figura 1 –Multinacional Americana

Concentração Bancária

1. Os bancos permitiam a movimentação das enormes somas envolvidas no comércio


internacional e tornava possível, graças ao crédito, a fundação, ampliação e
modernização das indústrias.

- Forte crescimento acompanhado pela diminuição do nº de


instituições.
2ª Metade do
séc. XIX - Pequenas entidades bancarias abrem falência.

- Os bancos mais poderosos agigantam-se, constituindo


uma rede tentacular de sucursais no país e no estrangeiro.

Centralização das poupanças dispersas para o investimento lucrativo.

2. Os bancos participaram diretamente no desenvolvimento industrial, injetando


capitais próprios nas empresas, sobretudo nos setores da siderurgia e dos
transportes.
3.

57
A racionalização do trabalho

Taylorismo
→ Criado por F.W. Taylor.
→ Assentava na divisão máxima do trabalho, seccionando-o em pequenas tarefas
elementares e encadeadas. A cada operário caberia executar, repetidamente,
apenas uma destas tarefas, que o trabalhador seguinte continuava.
→ Deveria fazê-lo num tempo mínimo, predefinido e articulado com os restantes
elementos da cadeia de produção.
→ Retirava ao operário toda a sua criatividade e saber.
→ Resultava numa produção maciça de objetos iguais, perfeitamente estandardizados
(fabrico em série, que possibilita a produção em massa).
→ Primeiro a pôr em prática o taylorismo - Henry Ford para o modelo T.

Produção do Linha de montagem concebida segundo os princípios


Modelo T do taylorismo.

Henry Ford

Como forma de compensar a dureza do A sua visão empresarial


trabalho e incentivar os operários
→ Fizeram dele um mito;
Ford elevou os salários para o dobro da → Criaram o Fordismo.
tabela corrente.

Consequências Fordismo

→ Os métodos taylorizados Nova forma de gerir as grandes


provocaram a contestação empresas.
dos sindicatos e também
de muitos intelectuais,
tanto nos EUA como na
Europa.
→ Estes criticavam a
racionalização excessiva.

Figura 1 – Ford T
58
A geografia da industrialização

→ A Inglaterra liderou o processo de desenvolvimento industrial;


→ A partir do Século XIX, afirmam-se novos países industrializados;
→ A liderança Inglesa começa a esmorecer.

Hegemonia Inglesa

A Inglaterra foi potência hegemónica até 1880:

→ Beneficiou das dificuldades dos sues concorrentes.


→ A exposição universal de 1851 revelou a superioridade inglesa.

Impacto da 2.ª fase da revolução industrial:


→ Dinamização dos caminhos de ferro;
→ Supremacia da construção naval;
→ Prática do livre-cambismo favoreceu a colocação dos produtos ingleses no mercado
externo.

Fragilidade da Hegemonia Inglesa:


Consequência:
→ Máquinas obsoletas.
→ Atraso nos setores químico e elétrico. É forçada a lutar contra uma
→ Resistência às inovações. grande concorrência, com
→ Abrandamento industrial foi contornado tendência para aumentar –
com a política colonial. Figura 1.

Figura 1 - A concorrência estrangeira, finais do século XIX

59
Afirmação de novas potências

Afirmação de novas potências

Bloqueio Continental Surgimento de novos Estados

Proibição de produtos ingleses Afirmação de mercados nacionais

→ Estimula o desenvolvimento das indústrias nacionais.


→ Industrialização beneficiou da maquinaria, dos modelos e técnicas ingleses.
→ Industrialização marcada pelo aproveitamento das potencialidades de cada país.

Potências Industriais

França
→ Processo lento de industrialização.
→ Unificação do mercado nacional tardia.
→ Desigualdade acentuada na distribuição do
rendimento.
→ Crescimento lento da população.
→ Agricultura tradicional continuava a ser a
principal atividade económica.
→ Processo de industrialização a partir de 1830-
1840.
→ Industrialização feita a par do
desenvolvimento dos caminhos de ferro.
→ Indústria têxtil foi o setor de arranque.
→ Siderurgia desenvolveu-se tardiamente
devido à falta de recursos.
Figura 1 - França
→ Domínio da produção de alumínio até 1890.
→ Desenvolvimento da indústria automóvel.
→ Artigos de luxo foram a base da indústria
francesa.

60
Alemanha
→ Arranque industrial beneficiou da
criação do Zollvereinem 1834.
→ Forte crescimento populacional.
→ Baixos salários.
→ Desenvolvimento industrial assente na
indústria pesada.
→ Disponibilidade de recursos naturais
(carvão e ferro).
→ Afirmação da indústria química.
→ Desenvolvimento industrial beneficiou
da concentração industrial.
Figura 2 - Alemanha

Estados Unidos da América

→ Arranque da industrialização a partir de


1860.
→ O liberalismo económico favoreceu a
industrialização.
→ Impulso inicial da indústria algodoeira.
→ Desenvolvimento da indústria siderúrgica
a partir de 1870-1880.
→ Desenvolvimento da indústria automóvel.
→ Desenvolvimento da indústria elétrica.
→ Os Estados Unidos da América passam a
Figura 3 - EUA liderar a produção industrial.
→ Afirmam-se como primeira potência
mundial no início do século XX.

Fatores que beneficiaram a sua


industrialização:

→ Progresso dos caminhos de ferro.


→ Criação de um mercado nacional.
→ Abundância de matérias-primas.
→ Desenvolvimento de novas tecnologias.
→ Forte crescimento populacional.
→ Generalização de um ensino primário
gratuito nos Estados do Norte.

Figura 4 - Siderurgia, barómetro da


industrialização

61
Japão
→ Processo de industrialização a partir de 1867.
→ Promovido pelo imperador Mutsuhito.
→ Correspondeu à época de abertura ao exterior e ao
fim da servidão.
→ Desenvolvimento da siderurgia.
→ Desenvolvimento da construção naval.
→ Desenvolvimento da indústria do algodão.

Figura 5 - Japão

Fatores que favoreceram o arranque industrial

→ Forte crescimento demográfico.


→ Mão de obra barata e disciplinada.
→ Contratação de mão de obra estrangeira.
→ Alfabetização generalizada da população.
→ Incentivo do Estado à modernização.
→ Facilidade de adaptação ao novo modelo produtivo.
→ Existência de capitais e facilidade de concessão de Figura 6 - Inauguração da ponte de
empréstimos. Azuma

Permanência de formas de economia tradicional

Embora a história do Séc. XIX tenha sido marcada pela Revolução Industrial, as
formas económicas novas coexistiram, durante muito tempo, com as técnicas e os
sistemas de produção antigos.

Mundo Rural Indústria – numa parte

→ Velhas práticas e utensílios; O artesão mantêm-se ativo em


→ Agricultura de subsistência; atividades que não requerem tanta
→ O comboio quebra a sua paz. tecnologia – Figura 1.

Figura 1 - O artesão 62
A Agudização das diferenças: livre cambismo

Livre cambismo
→ Sistema que liberaliza as trocas internacionais.
→ O estado deve abster-se de interferir nas correntes de comércio, pelo que os direitos
alfandegários, a fixação de contingentes (de importação ou exportação) e as
proibições de entrada ou saída devem ser abolidas ou, pelo menos, reduzir-se ao
mínimo.

Era muito forte na Grã-Bretanha


A corrente Berço de alguns seus principais teóricos como Adam Smith
livre- e David Ricardo, que segundo o último, a liberdade
cambista
comercial asseguraria o desenvolvimento e a riqueza de
todas as regiões do mundo.

Sir Robert Peel


Chefe do Governo que assumiu funções em
1841.

Medidas

Começou por baixar os direitos de entrada


que recaíam sobre certos produtos básicos.

Consequências:

A pauta alfandegária do Reino Unido foi


diminuindo: em 1840, cobravam-se direitos de
Figura 1 - Robert Peel
entrada sobre 1150 produtos; em 1860, apenas
48.

Datas de vigoração do livre-cambismo

Entre 1850 e 1870.

63
As debilidades do livre cambismo; as crises cíclicas

Nas nações desenvolvidas

Ritmo económico era abalado por crises cíclicas, que faziam retrair os negócios e
provocavam numerosas falências.

Causas destas crises capitalistas


Crises de
Excesso de investimentos e de produção
superprodução
industrial.

Ciclos económicos

No período de crescimento, quando a procura se 1.º a estudá-los


sobrepõe à oferta, os preços sobem. Instalam-se Clement Juglar
e ampliam-se as indústrias, recorre-se ao
crédito, especula-se na Bolsa. Em breve, por
falta de previsão financeira e excesso de
investimento a tendência inverte-se:
→ Os stocks acumulam-se nos armazéns
(superprodução), as empresas suspendem o
fabrico, reduzem os salários e
consequentemente dá origem ao
despedimento de trabalhadores.
→ Os preços baixam a fim de dar saída das
mercadorias acumuladas. Por vezes,
destroem-se stocks para evitar que os preços
desçam demasiado.
→ Suspendem-se os pagamentos aos bancos, os
créditos e os investimentos financeiros. Esta
contração leva ao crash bolsista, à falência de
empresas e entidades bancárias.
Figura 1 - Ciclo de Juglar
→ O desemprego crescente faz diminuir o
consumo e a produção decai ainda mais.

Entre 1810, ano que se regista a 1º crise deste tipo, e 1929, quando estala a mais grave
de todas elas
Verificam-se 15 períodos de depressão económica generalizada, em que se alastrou a
miséria social e a agitação política.

64
A sociedade industrial e urbana

Explosão demográfica
→ Aceleração do crescimento da população
mundial que, no séc. XIX, duplicou os seus
efetivos – Figura 1.
→ Fenómeno particularmente forte na europa,
possível devido à descida drástica e
irreversível da mortalidade; pela antecipação
da idade do casamento; pela elevação da
esperança de vida.
Figura 1 - A população mundial por
continentes

Modelo demográfico Moderno


→ Diminuição da mortalidade infantil.
→ Diminuição da elevada natalidade.
→ Diminuição da idade do matrimónio.
→ Aumento da esperança média de vida dos 2
géneros.
Figura 2 - Evolução demográfica
→ Aumento da densidade populacional.

Fatores que contribuíram para o crescimento populacional


→ Melhoria nos cuidados médicos – novas vacinas: ex. varíola.
→ Melhoria na qualidade e quantidade de bens alimentares – devido à revolução
agrícola e nos transportes.
→ Tratamento dado à criança – afetivo/ social.
→ Processos na higiene – pessoal e pública; uso do sabão nas pessoas e roupa;
construção de redes de abastecimento de água e saneamento de esgotos.

A expansão urbana

Urbanização
→ Mais significativa nos países novos e industrializados – Figura 1.
→ Cidades com 100.000 habitantes passam a ser consideradas grandes metrópoles.
→ Provocou o aumento dos setores secundário e terciário.

65
Figura 1 – Expansão Urbana
Fatores de origem
→ Crescimento populacional.
→ Êxodo rural – Figura 2 e 3.
→ Revolução dos transportes.
→ Transformações económicas provocadas
pela industrialização.
→ Melhores condições de emprego.
→ Imigração.
→ Transformações económicas provocadas
pela industrialização. Figura 2 - Evolução da população rural e urbana

Figura 3 - êxodo rural

Problemas da expansão urbana


→ Infraestruturas não estavam preparadas para receber as multidões.
→ Muitas famílias sofriam de falta de alojamento e do aumento das rendas.
→ Periodicamente, ainda existiam epidemias de cólera e tuberculose pela cidade –
Figura 4.
→ Mortalidade infantil elevada, porque não dispunham de cuidados das mães que
estavam dias inteiros nas fábricas.
→ Manifestações eram habituais, como a mendicidade, a prostituição, o alcoolismo e a
criminalidade.

Resposta a estes problemas


As autoridades municipais e o Estado –
nas cidades:

→ Repensaram
Novo
→ Reconstruiram
Urbanismo
→ Modernizaram
Figura 4 - Mortalidade causada pela cólera

66
O novo urbanismo

Paris
modelo europeu

Cidade cresce e se urbaniza em


extensão, ou seja, dilatou a sua
superfície – que duplicou – em auréolas
sucessivas que acabaram por
incorporar, no espaço urbano, as
aglomerações vizinhas.
Figura 1 - Paris

Nova Iorque
modelo americano

Urbanização em altura, paisagem


de arranha-céus.

Figura 2 - Nova Iorque

Sociedade Oitocentista

Principais transformações sociais no século XIX

→ A abolição da sociedade de ordens, baseada no privilégio do nascimento.


→ A igualdade dos cidadãos perante a lei.
→ Continuaram a existir desigualdades de natureza económica e política.
→ Os indivíduos pertenciam a classes sociais diferenciadas
→ Criou-se um novo tipo de sociedade: a sociedade de classes.
→ O lugar de cada indivíduo na sociedade do século XIX era diferenciado: com base
na sua riqueza; no seu papel económico e na função desempenhada.

67
Sociedade de Classes

Características
→ Todos os homens eram considerados livres e iguais perante a lei;
→ Era uma sociedade desigual em termos económicos;
→ Era uma sociedade complexa e dinâmica;
→ A ascensão social fazia se pelo mérito, independentemente da origem social ou do
nascimento;
→ A mobilidade social era característica da sociedade de classes oitocentista.
→ Antagonismo;
→ Diferenciação social – diferenciação entre a alta burguesia e o operariado: as
condições económicas e de vida eram diametralmente opostas – Figura 2.
→ Tanto a classe burguesa, como a classe dos assalariados, não se constituíam como
grupos homogéneos havia diversos estratos ou grupos sociais - Figura 1.

Alta Burguesia
Século XIX
Classe média - → Afirmação da Burguesia.
média e pequena
burguesia

Operários e
camponeses

Figura 1 – Sociedade de Classes

Figura 2 - Dois mundos opostos


68
Alta burguesia

→ Era abastada, possuidora de grandes


fortunas;
→ Detinha o capital e os meios de produção
(fábricas, empresas, propriedades);
→ Grandes industriais e banqueiros;
→ Grandes proprietários;
→ Homens de negócios;
→ Formava um grupo poderoso e influente:
na administração, na diplomacia e nas
magistraturas;
→ A alta burguesia ocupou um lugar de
liderança na política e na sociedade.
→ Desenvolveu uma consciência de classe:
partilha os mesmos valores, Figura 3 - A sociedade burguesa
comportamentos e modelos de vida.

Valores e Comportamentos

Comportamentos
→ A burguesia distinguia-se pela fortuna, profissão, cultura, nível de estudos e pelo
sentimento de pertença a um grupo distinto na sociedade.
→ A burguesia perpetuou-se como classe dominante com base na valorização da família.
→ A alta burguesia formava “dinastias” familiares, exaltava o percurso de sucesso e de
êxito iniciado pelos seus antepassados, através do esforço e do trabalho (self-
mademan).
→ A burguesia apoiou a cultura e as artes, as atividades de lazer e a moda.
→ Difundiu, na sociedade oitocentista, o gosto burguês.

Figura 1 – Vida Burguesa 69


Valores

→ A defesa da propriedade individual e da


livre iniciativa.
→ Para o burguês, o sucesso e a
prosperidade eram reflexo da sua
conduta e valores morais: do mérito , da
competência , do trabalho e do espírito de
iniciativa.
→ O valor do trabalho e do mérito.
→ A poupança e a virtude.
→ O culto do self made man.
→ O gosto pelo luxo e pela ostentação
contrastava com a sobriedade e
poupança.
→ O apoio a obras sociais através da
filantropia.
→ O valor da Família – Figura 2. Figura 2 - Valor da Família

Sucesso
Reflexo da sua conduta e
Burguês valores morais
Prosperidade

Burgueses

Homem Mulher
→ Era o chefe de família, o marido e o → Era a dona de casa, a mãe e a
pai, o garante da independência esposa, a quem cabia zelar pelo
económica; bem-estar do marido e da
→ Nele residia a autoridade, sendo- educação dos filhos;
lhe devida obediência; → Cuidava da gestão da casa e dos
→ A sua vida dividia-se entre a criados;
empresa, o clube e a família; → Cabia-lhe organizar as receções
→ Os filhos deviam-lhe obediência, e e os eventos sociais da família;
eram educados segundo os valores → Era-lhe atribuído um estatuto
burgueses: a poupança, a legal de dependência e de
disciplina e o valor do esforço. menoridade face ao homem.

70
Casa Burguesa

→ Ampla e sumptuosa;
→ Local por excelência de concretização da vida burguesa;
→ Local de conforto e de profusão de objetos decorativos;
→ Demonstrava a riqueza e o nível de sucesso alcançado.

Atração pelos comportamentos aristocráticos

→ Viviam em residências apalaçadas.


→ Cultivavam as aparências (festas e banquetes).
→ Compravam terras como símbolo de poder e prestígio e solares aristocráticos.
→ Gozavam férias em hotéis luxuosos e estâncias balneares.
→ Frequentavam teatros, a ópera, o Vaudeville e os bons restaurantes.

Classes Médias

Fatores de proliferação das classes


→ As classes
médias médias
e do setor não pertenciam nem à alta burguesia nem ao operariado.
terciário
→ O desenvolvimento dos cuidados de saúde e do ensino alargaram o setor terciário.
→ O trabalho nos serviços dos escritórios das empresas industriais, dos bancos e do
comércio, a complexificação e a burocratização do Estado levaram à criação de novas
profissões – Figura 1 e 2.
→ O setor terciário exigiu a constituição de um corpo de empregados, de funcionários,
com diversas funções.

Figura 1 - Empregos Comerciais Figura 2 – Um empregado do comércio

Média Burguesia
Classe
Média
Pequena Burguesia

71
Média Burguesia Pequena Burguesia

→ Pequenos patrões; → Lojistas e outros pequenos


→ Profissionais Liberais (pertence comerciantes.
à ordem); → Mestres de ofícios.
→ Alto funcionalismo público. → Empregados bancários e de
comércio;
→ Pequeno funcionalismo.

Composição
→ Tinha poupanças do trabalho ou do rendimentos de pequenos negócios;
→ Desempenhava funções económicas ou administrativas;
→ Profissões especializadas e profissões liberais ligadas às áreas do comércio, da banca,
dos serviços e da administração;
→ Os chamados “colarinhos brancos”.

Valores e comportamentos

Comportamentos

→ Constituía um grupo heterogéneo;


→ Tinha uma fraca consciência de classe e interesses muito variados;
→ Procurava seguir os valores e imitar as formas de vida da alta burguesia;
→ Até cerca de 1880, a maioria das classes médias não teve um papel político marcante;
→ Com o alargamento do direito de voto, e do sufrágio universal masculino, este grupo
social passou a ter um papel mais destacado.

Valores

→ Conservadores;
→ Sentido da ordem, do estatuto e das
convenções;
→ Valor do trabalho – Figura 1.
→ Respeito pelas hierarquias;
→ Poupança;
→ Família;
→ Responsabilidade.

Figura 1 - O valor do trabalho

72
Proletariado

O que é?
Classe operária, que, sem meios de produção,
vende a sua força de trabalho – manual – em
troca de um salário – Figura 1.

Figura 1 - O proletariado

Condições de trabalho
→ Longas jornadas de trabalho e baixos salários;
→ O seu trabalho era considerado uma mercadoria;
→ A situação do operariado agravava-se durante as
crises cíclicas do capitalismo.
→ Os horários de trabalho prolongavam-se entre as
12 e as 16 horas diárias sem fins de semana,
feriados ou férias – Figura 3.
→ Os locais de trabalho não eram arejados;
→ Não tinham condições de higiene;
→ E os espaços eram insalubres.
→ O trabalho fabril foi alargado tanto às mulheres
como às crianças;
→ A mão de obra feminina e infantil era mais
barata – Figura 2.
→ Desenvolvimento de doenças e acidentes de
trabalho;
→ Propagação de doenças “profissionais”;
→ Em caso de acidentes, de invalidez ou doença, o
operário era despedido.
Figura 2 - Condições do trabalho operário

Figura 3 - Horário de Trabalho

73
Condições de vida

→ Más condições e insalubridade de alojamento – humidade, falta de luz e de


arejamento.
→ Má alimentação.
→ Famílias numerosas em espaços reduzidos contribuíam para a propagação de
doenças: a cólera, o tifo e as doenças intestinais.
→ A degradação do modo de vida do operariado era acentuada por problemas sociais:
o alcoolismo; a criminalidade; a prostituição; a violência e o analfabetismo.
→ A má alimentação e a subnutrição, nos períodos de maior crise, eram agravadas
pela falta de condições de higiene.
→ Elevada mortalidade, sobretudo infantil, nos bairros operários do século XIX.

Movimento operário

Para melhorar as condições de vida - fases


1.º - Destruição das máquinas – Luddismo;

2.º - Organização dos sindicatos – Sindicalismo;

3.º - A criação de associações – Associativismo.

Movimento Operário
Conjunto de ações levadas a cabo pelos
trabalhadores assalariados, para a
concretização das suas reivindicações:

→ fez das manifestações e da greve as formas Figura 1 - Movimento Operário


de luta para pressionar os patrões;
→ lutou pelo reconhecimento dos direitos dos
trabalhadores.

1 - Luddismo
→ Levou os operários a destruírem máquinas e a saquearem as habitações das
indústrias;
→ Casos de insurreições, graves e movimentos violentos;
→ A repressão dura que se abateu sobre os operários fez-lhes ver a necessidade de uma
organização mais consistente, assim nasceu o associativismo e o sindicalismo.

74
2 - Sindicalismo
→ Criação de associações de trabalhadores para a defesa dos seus interesses
profissionais – Trade Unions – Figura 2.
→ Base do movimento operário, para obter o reconhecimento e consagração legislativa
de direitos.

Lutou por:

→ Estabilidade do emprego;
→ Melhores condições materiais de
trabalho e de vida;
→ Aumento dos salários;
→ Melhores condições de higiene e de
segurança no trabalho;
→ Regulamentação do horário de
trabalho.
Figura 2 - A lei das Trade-Unions na Grã-Bretanha

3 - Associativismo

→ Criação de associações de socorros mútuos/mutualidades ou sociedades fraternas


(1824 – Inglaterra).

Melhoria nas condições

→ O horário de trabalho foi reduzido;


2ª metade
do Séc.XIX
→ Trabalho infantil e feminino regulamentado;
→ Os salários aumentaram;
→ Melhores condições de trabalho;
→ Facilidade de emigração e de circulação de mão de obra.

Propostas socialistas de transformação revolucionária da sociedade

Objetivos
→ Denúncia dos excessos do patronato;
→ Erradicação da miséria operária;
→ Procura de uma sociedade mais justa e igualitária.

75
Estratégias

Socialismo Utópico Socialismo Marxista

→ P.J. Proudhon; → Karl Marx e Engels;


→ Concebem uma sociedade → Vêm na luta das classes a
igualitária com base na criação forma de abolir o capitalismo e
de cooperativas de produção e tomar o poder político,
consumo onde os trabalhadores instaurando o comunismo.
põem em comum os frutos do
seu trabalho.
→ Sem intervenção estatal nem
luta de classes. O que fazem
Analisam a história da
humanidade – evolução das
sociedades.
Defendiam

→ Criação de comunidades ideais;


→ Sociedade igualitária; Concluem
→ Abolição da propriedade.
Sucessão de modos de produção
que foram:

→ Esclavagismo;
→ Feudalismo;
Resultado
→ Capitalismo.
→ Pouca implantação, pois
tinham uma visão pouco
realista do mundo;
→ Inspiraram a evolução das Defendiam
ideias socialistas.
Um modelo revolucionário de
transformação da sociedade –
fazia-se através da luta de classes
e da revolução entre a burguesia
capitalista e a classe trabalhadora
e explorada – proletariado.

Figura 1 – Karl Marx e Proudhon


76
Figura 2 - Socialismo Utópico de Proudhon Figura 3 - O socialismo marxista

Solução para acabar com a exploração dos trabalhadores

União do proletariado para conquistar o poder político pela via do combate


revolucionário
→ Instauração da ditadura do proletariado:
• Apropriação coletiva dos meios de produção.
• Abolição da sociedade de classes.
→ Construção da sociedade socialista:
• Etapa de transição necessária para a sociedade sem classes.
→ Sociedade comunista:
• Sociedade sem classes e sem estado.

O movimento operário acabou por ganhar dimensão internacional, apoiado no


sindicalismo e numa nova consciência social e política

→ No sentido de adquirir uma maior coesão e capacidade reivindicativa, reuniram-se


na I Internacional Operária cuja ação prosseguiu na II Internacional Socialista -
1889.
→ O alargamento do direito de voto contribuiu para que os sindicatos pressionassem os
governos;
→ A criação dos partidos operários contribuiu para concretizar algumas aspirações do
movimento operário;
→ A sensibilidade face às degradantes condições de trabalho e de vida dos operários
levou o papa Leão XIII a publicar a Encíclica Rerum Novarum, em 1891.

77
Em 1889, no Congresso de Paris, com a formação da II Internacional ou Internacional
Socialista, pretendeu se:
→ Unir os vários partidos socialistas, que entretanto se haviam formado na Europa;
→ Estabelecer o 1º de Maio como o dia internacional da solidariedade operária - dia
Internacional do Trabalhador;
→ Iniciar a luta pela jornada de oito horas de trabalho;
→ Realizar reuniões periódicas;
→ Incentivar e apoiar a criação de partidos socialistas nos diferentes países.

Evolução democrática, nacionalismo e imperialismo

O aperfeiçoamento do sistema liberal


no mundo ocidental, desde as últimas
décadas do Séc. XIX:
→ Desde o século XVIII, foi implantado
um sistema liberal moderado em
vários países da Europa,
nomeadamente em Portugal, na Grã-
Bretanha, na França e na Bélgica.
→ Tratava-se, nesses países, da
eliminação dos regimes absolutistas e
da sua substituição por monarquias
constitucionais – Figura 1.
→ Instaurava-se a soberania nacional,
pois os cidadãos ativos eram
representados em assembleias
Figura 1 - Monarquia Constitucional - Características
legislativas.

A partir do terceiro quartel do século XIX, surgiu um novo entendimento do sistema


liberal que daria origem às democracias representativas – demoliberalismo:

→ Alguns países substituíram o sistema monárquico por um regime político


republicano, no qual o chefe de Estado e representante do poder executivo é eleito
periodicamente.
→ O sufrágio censitário foi substituído pelo sufrágio universal, que abarcava os
cidadãos maiores de idade. A soberania nacional dava lugar à soberania popular.
No entanto, o voto das mulheres, dos negros e dos analfabetos foi, em geral, uma
conquista difícil – Figura 2.
→ Para aperfeiçoar o sistema representativo, a idade do voto foi antecipada,
para os 21 anos, o voto passou a ser secreto e os cargos políticos passaram
a ser remunerados, abrindo caminho à entrada das classes médias e do operariado
na vida política.

78
Figura 2 - Sufrágio Universal

Os Estados autoritários da Europa Central e Oriental:


→ Enquanto a Europa Ocidental e os EUA aprofundavam os regimes liberais, na
Europa Central e Oriental a estagnação económica prevalecente era acompanhada
pelo imobilismo político.
→ Durante o século XIX, e até ao desmembramento dos impérios resultante do final
da I Guerra Mundial, existiam quatro grandes estados autoritários na Europa.

Grandes estados autoritários da Europa


→ O Império Alemã, governado pelo kaiser
Guilherme II.
→ O Império Austro-Húngaro, governado
pelo imperador Francisco José.
→ O Império Russo, governado pelo czar
Nicolau II.
→ O Império Otomano, governado pelos
sultões da dinastia otomana.

Características Comuns
→ Estados Autocráticos – imperador detinha o poder absoluto ainda que, por vezes,
camuflado pela existência de Constituições e do sufrágio;
→ Conservadores – mantinham intocados os privilégios da nobreza e do clero;
→ Repressivos – reprimiam a oposição política e as revoltas nacionalistas que ocorriam
dentro do território.

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A submissão das nacionalidades nos Estados
autoritários
→ Sob a aparente unidade conferida por um
imperador, um governo, um exército e uma
religião oficial, estava a sujeição das
minorias étnicas – Figura 3.
→ O Império Alemão dominava, por exemplo,
os polacos;
→ O Império Russo, na sua enorme extensão,
abarcava, nomeadamente, os Finlandeses
e os Ucranianos;
→ O Império Austro-Húngaro era composto
por povos eslavos que não reconheciam a Figura 3 - A Europa política em 1914
supremacia de Francisco José.

As aspirações de liberdade nos referidos Estados

→ Por várias razões – de ordem linguística, histórica, religiosa – vários povos não se
sentiam integrados no Estado imperial a que pertenciam e, como tal,
desencadearam movimentos de libertação.
→ Umas vezes vitoriosas - independência da Grécia, em 1830 - outras vezes
fracassadas - rebelião polaca de 1830-31- as lutas pela emancipação prosseguiram
ao longo do século XIX.

No início do século XX

A repressão do princípio das nacionalidades e a luta por áreas de influência por parte
dos impérios acabaria por gerar focos de tensão que conduziriam à 1ª Guerra Mundial.

Figura 4 – 1ª Guerra Mundial 80


O processo de unificação nacional levado a cabo por italianos e alemães:

Unificação italiana – 1861 Unificação alemã – 1871

Como começou? Como começou?

→ Em meados do século XIX, a Itália → Em 1850, o território alemão era


era um conjunto de sete Estados. composto por 39 Estados
→ Embora as correntes nacionalistas autónomos, embora ligados pela
se viessem a expandir desde o Confederação Germânica, criada
século XVIII, a ideia de um Estado pelo Congresso de Viena (1815).
único enfrentava a oposição dos → A unidade alemã foi conseguida
Austríacos, que dominavam os pelas armas, primeiramente
Estados do Norte e Centro, e a contra a Áustria, na Guerra dos
desconfiança do Papa, detentor dos Ducados, para integrar os
vastos Estados da Igreja. territórios do Norte e Centro, e
depois contra a França de Napoleão
III, em 1870-71, para dominar os
Estados do Sul.
Onde começou? → A unificação, sob a forma de um
A unificação partiu da iniciativa do Império com 25 Estados – o II Reich
Reino do Piemonte-Sardenha, porque - consumou-se 1871, sob o reinado
era o Estado onde o Liberalismo se do kaiser Guilherme I.
encontrava em expansão, quer a nível
económico - era o mais industrializado
do território italiano - quer a nível Onde começou?
político - vigorava a monarquia
constitucional do rei Vítor Manuel II, A unificação foi impulsionada pela
favorável às ideias liberais. Prússia, o Estado mais
industrializado, que já havia
derrubado as barreiras alfandegárias
entre alguns dos Estados em 1828,
As figuras-chave da unificação aliança que tomou o nome de Zollverein.
→ Primeiro-ministro Cavour, que
defendeu a integração de Roma na
Itália unificada, salvaguardando a Os principais obreiros da unificação
independência do Papa.
→ Garibaldi, conquistador do Reino → Rei Guilherme I da Prússia.
das Duas Sicílias. → Chanceler do rei Otto von
Bismark.

81
A unificação da Itália e a da Alemanha

→ Exprime claramente o nacionalismo


oitocentista, pois cumpriu,
simultaneamente, dois objetivos Ligar
povos com uma tradição comum e
satisfazer interesses económicos.
→ A integração de territórios ricos em
matéria-prima para a indústria, caso da
Alsácia e Lorena, anexadas pelo Império
Alemão, e a conquista de colónias para
escoar os produtos industriais não
foram alheios aos anseios nacionalistas
do século XIX.
Figura 5 - Unificação Alemã _ Etapas

Graças ao apoio da França


de Napoleão III, os
Austríacos foram vencidos
em batalha e Vítor Manuel
II tornou-se rei de Itália.

Figura 6 - Unificação Italiana _ Divisão política

Os afrontamentos imperialistas: o domínio da Europa sobre o Mundo

As zonas de expansão europeia entre fins do século XIX/ início do século XX – Figura 10

→ Grã-Bretanha.
→ Império Alemão.
→ França.
→ Rússia.

82
Figura 1 - O mundo em 1914

Grã-Bretanha

→ Acalentava o projeto de dominar o território africano do Cairo ao Cabo;


→ Ocupava os territórios da índia, da Austrália, do Canadá;
→ Exercia influência sobre a China e recebera, como concessão, Hong-Kong, em 1842.

França

Ocupou territórios no Norte e Centro africanos, por exemplo, Marrocos, a Argélia, a


Tunísia, na Ásia, Indochina, e na América, Antilhas francesas.

Império Alemão
→ Possuía territórios em África, por exemplo, SE e SO alemão;
→ Exercia influência na Ásia Menor e na Península Arábica.

Rússia
→ O Império Russo expandiu-se por províncias como a Geórgia, e o Azerbaijão;
→ Procurou estender a sua influência ao Extremo Oriente.

83
Os conceitos de imperialismo e colonialismo

A expansão europeia inscreve-se numa estratégia de controlo de uma vasta extensão


territorial com vista à satisfação das necessidades económicas das metrópoles e à
afirmação de uma pretensa superioridade cultural.

O caso mais evidente de imperialismo e de colonialismo


Ocorreu relativamente à ocupação do continente africano.

Na Conferência de Berlim, 1884-85, os


chefes de Estado europeus:

→ Repartiram, entre si, o território


africano sem atender às fronteiras
definidas pelos povos autóctones.
→ Impuseram o seu domínio a todos os
níveis: económico, cultural, político,
militar.
→ Definiram que a colonização só
poderia assentar no princípio de
ocupação efetiva, isto é, já não
bastava ter descoberto ou
conquistado determinado território
para ter direito a possuí-lo - direito
histórico, era preciso que os
países europeus mostrassem que
eram capazes de "assegurar, nos
territórios ocupados por eles no
continente africano, a existência
de uma autoridade suficiente para
fazer respeitar os direitos
adquiridos" – Figura 1, Art. 35º Figura 1 – A conferência de Berlim

Figura 2 – A conferência de Berlim _ Ilustração


84
O imperialismo

Domínio que um Estado exerce sobre outros países, a título militar, político, económico
e cultural.

A formação de impérios pelas potências europeias explica-se

Em 1º lugar Em 2º lugar
No contexto da expansão industrial, O continente europeu, em fase de
que necessitava de matérias-primas explosão populacional, precisava de
para a produção maquinofaturada colónias para aliviar a pressão
e de mercados para escoar os demográfica.
excedentes.

Por último

Os anseios nacionalistas que acompanharam a criação das democracias europeias


tinham uma vertente imperialista.

O nacionalismo carregava a ideia de conquista

Pangermanismo, pan-eslavismo eram vocábulos correntes na época, utilizados para


transmitir o desejo de expansão imperialista de um povo traduzida no prefixo pan
– todo ou tudo.

Figura 3 - Nacionalismo

85
Algumas rivalidades imperialistas

França Vs Império Alemão


→ A oposição da França à Alemanha explica-
se, por um lado, pela disputa da Alsácia e
Lorena, território perdido para a Alemanha
em 1871, e, por outro lado, pelo
desenvolvimento do novo Império Alemão
que retirou à França parte da
preponderância económica que esta detinha
sobre a Europa.
→ Em contrapartida, a França conseguiu
dominar grande parte do Norte de África.

Império Russo Vs Império Austro-Húngaro

A rivalidade entre o Império Austro-Húngaro


e o Império Russo justifica-se, nomeadamente,
pela disputa da influência nos Balcãs.

Império Russo Vs Japão


As ambições do Império Russo no Extremo
Oriente colidiam com o imperialismo japonês, o
que acabou por provocar, em 1904-1905, a guerra
russo-japonesa, de que saiu vitorioso o Japão, o
regime político autocrático russo sofreria o
primeiro grande abalo, não por coincidência, com a
revolta de 1905, reprimida pelas tropas czaristas.

Figura 1 – Tensão Internacional 86


O clima de "paz armada"

A tensão gerada pelas rivalidades económicas levou os Estados europeus a


procurarem aliados:
1879 - Dupla aliança: Alemanha e Áustria-Hungria;

1882 - Tríplice Aliança: Alemanha, Áustria-Hungria e Itália;

1907- Tríplice Entente: França, Rússia, Grã-Bretanha.

A política de alianças era complementada por uma corrida aos armamentos.

Resultados

→ Em 1908, a Áustria-Hungria anexou a Bósnia-Herzegovina, gerando protestos da


Sérvia, a qual pretendia desempenhar um papel influente nos Balcãs
(panservismo).
→ Em 1914, quando o herdeiro ao trono austro-húngaro foi assassinado na Bósnia, a
suspeita de que a Sérvia pudesse estar envolvida nesse ato levou o imperador
Francisco José da Áustria-Hungria a declarar guerra à Sérvia. Era o fim da paz
armada e o início da Primeira Guerra Mundial.

Figura 1 – Luta de Alianças_ 1ª Guerra Mundial 87

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