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Escola Provincial da Frelimo- Sofala

Tema: Estado de Gaza

Curso: Agropecuária 12+1 Ano

Discentes:
Deolinda Dique
Dina João
Aquimo Caetano
Geraldo Benjamim
Torica Paulo
Docente: dr Nilton

Beira
2022
Índice
1. Introdução ...................................................................................... Erro! Indicador não definido.

2. Objectivos do trabalho ..................................................................................................................... 3

2.1. Objectivo ger ................................................................................................................................. 3

2.2. Objectivos específicos ................................................................................................................... 3

3. Metodologia ...................................................................................................................................... 3

4. Estado de Gaza ................................................................................................................................. 4

4.1. O Pode Militar de Gaza ................................................................................................................. 5

4.2. A Sucessão do Manicusse ............................................................................................................. 6

4.3. Organização Político-Administrativa ........................................................................................... 7

4.4. Funcionamento do Estado ............................................................................................................. 7

4.5. Organização Sócio-Económica..................................................................................................... 8

4.6. Actividades Económicas ............................................................................................................... 8

4.7. Fontes Económicas do Poder dos Chefes .................................................................................... 9

4.8. Ideologia......................................................................................................................................... 9

4.9. Decadência ..................................................................................................................................... 9

5. Considerações Finais ...................................................................................................................... 10

6. Referências bibliográficas .............................................................................................................. 11


1. Introdução

O presente trabalho de pesquisa surge no âmbito da disciplina de História e tem como o tema de
pesquisa Estado de Gaza. De salientar que, processo da colonização em África decorreu varias
formas de resistências africanas, que em Moçambique não foi diferente principalmente no estado
de Gaza. Por tanto, poso dizer que a resistência é o conjunto de iniciativa levado a cabo por um
grupo de pessoas, que defendem uma causa normalmente política, na luta contra um invasor em
um país ocupado ou espaço, ou ainda pode também se referir a qualquer esforço organizado por
defensores de um ideal comum contra uma autoridade constituída por uma maioria.

2. Objectivos do trabalho

2.1. Objectivo geral


 Compreender o Estado de Gaza.

2.2. Objectivos específicos


 Localizar geograficamente o Estado de Gaza;
 Caracterizar actividade económicas, organização política administrativa, aparatos
ideológicos e a decadência do Estado de Gaza.

3. Metodologia
Para elaboração deste trabalho recorreu-se ao método bibliográfico que consistiu na consulta de
obras bibliográficas e internet, método descritivo que consistiu na descrição de informações
recolhidas nas diferentes obras onde cada autor está devidamente referenciado no final do
trabalho.
4. Estado de Gaza
O Estado de Gaza, com a capital em Chaimite, resultou da conquista no sul de Moçambique por
exércitos Nguni, chefiados por Sochangana, o Manicusse entre 1821-1858.
Gaza era primeiramente o mais importante Estado com que os Portugueses depararam em
Moçambique e, até, na África Negra do século XIX. Calcula-se que, no seu apogeu, tenha podido
conter de 800 000 a 1 000 000 de habitantes, repartindo-se por etnias Chona, Tsonga, Chopes, os
seus diversos subgrupos e o núcleo angune (estes que não foram além de alguns milhares – 5%0
do total da população do império).
Para Pélissier (1994:188), o Estado de Gaza situava-se “das margens do baixo Zambeze até ao
rio Incomati que se podia considerar como suas fronteiras fluviais, contavam-se no máximo, 900
km, e cerca de 400 km entre o Oceano e sua fronteira ocidental no actual Zimbabwe.”
Combinando a estratégia da guerra de conquista com a política de assimilação das populações
autóctones, como afirma Pélissier (1994:194), Gaza, com toda a sua profundidade e com todo o
seu dispositivo belicoso, e apesar da arrogância e da astúcia dos seus monarcas, era um colosso
com pés de barro em comparação com pequenas entidades como os macro-prazos dos senhores
zambezianos nos quais também povos vencidos eram dominados por minorias. Mas aí essas
minorias tinham adoptado um processo inverso do que os Angunes seguiam. Na Zambézia, era a
classe dirigente, mestiçada, e minoritária, que se assimilava aos africanos, ao passo que, no sul,
os Angunes se tinham dedicado a uma tarefa provavelmente impossível: assimilar mais de 99%
dos seus súbditos à sua língua, à sua cultura e ao seu modo de existência.
Gaza era um Estado secundário que tinha de enfrentar um problema que nenhuma colonização
europeia, por muito sábia que fosso, poderia resolver facilmente. (…). Reconheçamos que Gaza,
se bem que empírico e brutal, saiu-se bastante bem no jogo “imperial” e que talvez tivesse
podido considerar-se, como a Etiópia de Menelik, se o enfrentamento com a Europa lhe tivesse
deixado tempo para tal e se tivesse na chefia um elemento dominador mais números que os tão
irrisórios 5%.
Esquematizando os trabalhos dos especialistas, podemos dizer que Gaza se manteve melhor ou
pior, durante três quartos de século graças:
• Ao centralismo do Estado e ao reforço do poder local;
• À mobilização regular dos súbditos num exército permanente;
• À assimilação cultural e linguística de parte dos vencidos, em especial dos filhos dos régulos
conservados como reféns e dos cativos do sexo masculino adoptados (PÉLISSIER
1994:189).
As debilidades do sistema eram, porém, produzidas como secreção da sua organização
rudimentar, como a ausência de aparelho administrativo e, principalmente, de intendência, que
permitiriam alimentar o braço forte do Estado, - o exército – e por isso a necessidade de
sucessivas operações de devastação (PÉLISSIER 1994:189).

4.1. O Pode Militar de Gaza


A organização militar dos Angunes era, evidentemente herdada da que fora elaborada por
Tchaka. Baseava-se no regimento. Vinte e cinco a trinta regimentos teriam sido criados por
Sochangana/Manicusse, Muzila e Gungunhana. Os regimentos dividiam-se em batalhões
(Tongas) da mesma idade, sendo o recrutamento aparentemente regional. Os efectivos máximos
de um regimento deviam ser de 1300 a 1600 homens. É duvidoso que fossem atingidos com
frequência.
Os mais idosos viviam com as suas famílias em povoações, em redor das capitais do rei e das
províncias. Os governadores, isto é, os membros do clã real, eram em princípio, mas não de
modo exclusivo, chefes (Indunas) dos regimentos.
O último general de Gungunhana seria um não Angune. Politicamente o papel deste exército
consistia em:
• Conquistar os vizinhos (em particular os regulados do sul, Tsongas e, principalmente,
Chopes, que eram o “inimigo hereditário” mas também um osso duro de roer);
• Alimentar o Estado, o monarca e os Angunes por meio de devastações, captura de escravos e
cobrança do tributo no interior do império.
couro, lanças e azagaias, realizava maravilhas em campo raso e perante um adversário do mesmo
nível técnico, mas era inoperante contra metralhadoras e fortificações engenhosas. A preparação
mágica era, evidentemente, capital: os amuletos, as poções imunizantes, as formidáveis
saudações e cantos de guerra (bavete) e os bailes terrificantes, tão apreciados pelos autores
portugueses ulteriores, eram úteis para garantir uma exaltada coesão dessas tropas. A introdução
das armas de fogo foi lenta e superficial. Parece ter-se efectuado contra vontade: “desprezavam
as armas de fogo porque acharem cobardia matar de longe e sem lutar”. Em Gaza, os estrategos
tinham um atraso de duas guerras e, quando finalmente compreenderam a utilidade das
espingardas, as fontes de abastecimento tinham já sido parcialmente estancadas pelos
portugueses.
Outra grave debilidade: a angunização dos regimentos era um facto, mas continuava a ser
insuficiente para fazer esquecer que carne para canhão não se batia para defender as suas
povoações mas sim os privilegiados dos seus próprios vencedores e, designadamente da classe
real. A degenerescência pelo álcool, pelas drogas, pelo excesso de sexo e pela sub-alimentação.

4.2. A Sucessão do Manicusse


Quando Sochangana/Manicusse morreu, a 11 de Outubro de 1858, incidiu-se uma crise no
Estado de Gaza. Atendendo que Manicusse deixara uns vinte filhos de mães pertencentes a etnias
diferentes, era preciso saber qual o direito consuetudinário que devia ser aplicado para a
designação do seu sucessor. Muzila era filho da primeira esposa, uma Tsonga cujo dote (lobolo)
fora pago pelo próprio Manicusse, enquanto que Mawewe, muito mais jovem que ele, era filho
de uma esposa que pertencia à dinastia dos Dlaminis (Angunis da Suazilândia) e cujo dote fora
pago com as contribuições do povo – e que,por este facto, ficara a ser “esposa do pai”.
No direito consuetudinário Tsonga, Muzila era o herdeiro natural; no direito consuetudinário
Angune, o herdeiro era Mawewe.
Muzila, homem com experiência, governava para seu pai o Norte de Save. Mestiço de um
angune e de uma Tsonga, parecia mais próximo da maioria submetida que Mawewe, educado na
arrogância e na pureza racial, que fora preservado na Suazilândia. Deste modo, foi Mawewe
escolhido pelo clã em 1858. Mawewe hostilizou e perseguiu naturalmente Muzila e seus
partidários, reinos vizinhos e comerciantes que estavam interessados no comércio do marfim.
Muzila refugiou-se com numeroso Tsongas, junto de João Albasini, já então cônsul de Portugal
noTransvaal.
Os reinos vizinhos e comerciantes, por sua vez, dirigidos por Muzila e contanto com alguns
membros da aristocracia Nguni, de comerciantes de Lourenço Marques e do Governo de
Lourenço Marques, organizam uma coligação que venceu Mawewe entre 1861-1864.
Muzila, empossado como novo Inkosi, procura novos aliados, estabelecendo relações com o
Natal e a Grã-Bretanha. Em 1862, a capital do Estado de Gaza é transferida no decurso destes
conflitos para Mussorize (Manica). De 1864-1884, Muzila, chefe do Estado de Gaza, durante o
seu governo importantes transformações económicas ocorreram: Os elefantes começaram a
rarear, a principal força de trabalho começa a procurar emprego na África do sul e o Estado de
Gaza integra-se na economia monetária.
Muzila morre em 1884 onde o seu filho Mundungawe, que adopta o nome de Gungunhana o
“invecível”, herda o trono do pai, tornando-se último chefe do Estado de Gaza.
Em 1889, a capital do Estado de Gaza é novamente transferida para Mandlacaze, isto porque:
• O vale do Limpopo e as zonas vizinhas possuíam todos os recursos que começavam a
escassear em Mussorize;
• Evitar pressões de Manica onde britânicos e portugueses desejavam começar com a
mineração do ouro.

4.3. Organização Político-Administrativa


A conquista e a administração de um território tão vasto como este foram possibilitadas por uma
política de assimilação praticada pelos Nguni através da qual alguns elementos das populações
conquistadas eram integradas em regimentos Nguni e mais tarde serviam como funcionários no
exército e na administração territorial.
O processo de assimilação aos Angunes por meio da incorporação de certos
guerreiros locais nos regimentos e no serviço do Estado era seguido de modo
desigual. Acabou, tal como em outros Estados saídos da expansão zulo (Mfecane),
por constituir angunizados, que foram conhecidos em Gaza pelo nome de
Shangane (ou Changane). O processo de angunização parcial estava mais
avançado a sul de Save (nos Tsongas) que a norte (nos Chonas) (PÉLISSIER
1994:191).

4.4. Funcionamento do Estado


A capital onde residia o monarca “Inkosi”, acumulava funções políticas, militares, judiciais,
económicas e religiosas. Além da capital suprema onde vivia o Inkosi, tinham também
importância administrativa e sobretudo ritual, as capitais sagradas onde viviam as rainhas viúvas
ligadas ao culto nacional dos falecidos monarcas.
O império subdividia-se em reinos, á frente dos quais estava o Hossana, responsável pela
cobrança tributos, distribuição de terras, resolução de litígios, mobilização de regimentos, etc.; os
reinos subdividiam-se em províncias, dirigidas por Induna, as províncias por seu turno,
subdividiam-se em povoações, dirigidas por Mununusana.
A administração territorial do Estado de Gaza fazia-se através do “sistema de casa” como eram
chamadas as áreas tributárias em que foi dividido o Estado.

4.5. Organização Sócio-Económica


Várias camadas são identificáveis neste Estado: no topo da hierarquia social, estava a Alta
Aristocracia (rei e seus familiares); logo a seguir a Média Aristocracia (outros Nguni que não
fossem da linhagem real) – Estes constituem a classe dominante, aliada aos assimilados
(elementos da população dominada já integrados na estrutura social Nguni); Por baixo, estavam
as populações dominadas que, independentemente do seu grupo etnolinguístico eram designadas
por Tonga.
Existiam também cativos que trabalhavam nas comunidades domésticas nguni. Mulheres cativas
podiam ser tomadas por esposas de homens nguni sem necessidade de lobolo. Em todos os casos,
estes cativos gradualmente eram emancipados. Mas, como existiam guerras constantes, sempre
existiam cativos.

4.6. Actividades Económicas


As principais actividades produtivas do Estado de Gaza eram a agricultura (cultivo de mapira,
mexoeira, naxemim, milho grosso), caça e pesca que eram realizadas pelas classes dominadas
tanto para o seu sustento como para pagamento de tributo à classe dominante, bem como
praticavam a criação do gado bovino (actividades internas) e o comércio (exportando marfim e
escravos, importando tecidos, artigos de ferro e cobre – actividades externas).

4.7. Fontes Económicas do Poder dos Chefes


Para além do pagamento de tributos em género agrícolas, as populações dominadas entregavam
aos Nguni outros produtos em marfim e em dinheiro (Libras ganhas na África do Sul com o
início do trabalho migratório para aquela região). Os cativos constituíam outras fontes de riqueza
para os Nguni: trabalhavam nas unidades domésticas destes. Soldados e mensageiros Nguni eram
alimentados pelas populações.

4.8. Ideologia
Os cultos e outros rituais eram oficiados pelo rei, pois entre os Nguni o exercício do poder real
não estava dissociado do exercício das cerimónias mágico-religiosas. Existiam cultos agrários
(Nkwaya); os destinados a dar força aos homens que partiam para a guerra (Mbengululu), os de
evocação de chuva, entre outros. O Nkwaya funcionava como uma válvula de escape das
tensões sociais e era o garante da unidade e da prosperidade do Estado de Gaza.

4.9. Decadência
A necessidade de “ocupação efectiva no território”, determinada pela Conferência de Berlim,
como o único facto que, a partir daí, legitimaria a posse de territórios em África, levou Portugal a
iniciar com “campanhas de pacificação” no sul de Moçambique a partir de 1895, tendo como
alvo principal o Estado de Gaza.
5. Considerações Finais
Terminando o trabalho, conclui se que, Soshangane rei do estado de Gaza, após a sua morte „e
substituído pelo seu filho Mawewe que decidiu, em 1859, atacar os seus irmãos para ganhar mais
poder. Apenas um irmão, Mzila (ou Muzila) conseguiu fugir para o Transvaal, onde organizou
um exército para atacar o seu irmão. A guerra durou até 1864 e, entretanto, a capital do reino
mudou-se do vale do rio Limpopo para Mossurize, a norte do rio Save, na actual província de
Manica. E é lá onde o Ngungunhane sobe ao poder, mais tarde transferindo a capital para
Mussorize em 1889.
6. Referências bibliográficas
PÉLISSIER, René. História de Moçambique: Formação e Oposição 1854-1918, Lisboa,
Editorial Estampa, Vol. I, 1994.

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