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CENTRO UNIVERSITÁRIO PLANALTO DO DISTRITO FEDERAL-UNIPLAN


CURSO SUPERIOR EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: AUDITORIA E GESTÃO DA QUALIDADE EM INSTITUIÇÃO
DE SAÚDE.
DOCENTE: Prof. JAMILLY MIRANDA
DISCENTE: LAUDICEIA DA LUZ BORGES - UI 19102477

AUDITORIA EM SAÚDE E SUAS CONFIGURAÇÕES -


RESUMO.

BRAGANÇA- PA
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2022
INTRODUÇÃO

A auditoria hospitalar é um processo que avalia se os serviços,


procedimentos e atendimentos realizados nas instituições de saúde estão de
acordo com as normas regulatórias, protocolos assistenciais e boas práticas
hospitalares a fim de garantir a qualidade do atendimento prestado e
a segurança do paciente. É uma prática realizada comumente pelas
operadoras de planos de saúde que auditam hospitais, clínicas, consultórios
e outras empresas prestadoras do sistema de saúde.

Apenas em 2019, segundo a Agência Nacional de Saúde


Suplementar (ANS), foram  gastos mais de 174 bilhões de reais em despesas
assistenciais apenas no setor privado e esse número vem crescendo ano
após ano. Diante do cenário de altos custos assistenciais na área da saúde, a
auditoria se torna uma importante ferramenta não só para a gestão hospitalar
mas para as instituições de saúde. Isso porque, através dela, é possível
fiscalizar se os atendimentos estão sendo realizados e cobrados de forma
correta. Isso também abrange as novas coberturas para planos de
saúde anunciadas pela ANS e tornam a auditoria hospitalar de grande
relevância para o acompanhamento do uso dos recursos em saúde.

Dessa forma, as operadoras de planos de saúde (convênios)


estão cada vez mais adotando este processo, uma vez que, os custos de
internação vem se tornando um gargalo para essas instituições. Ainda,
muitos hospitais também realizam a auditoria visando ações preventivas às
glosas hospitalares.
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1 AUDITORIA EM SAÚDE E SUAS CONFIGURAÇÕES

Encalado (apud SCARPARO, 2007, pp. 20-21) define auditoria


como:
Atividade realizada por pessoa qualificada e independente que
consiste em analisar, mediante a utilização de técnicas de revisão e
verificação idôneas, a informação econômico-financeira deduzida de
documentos contábeis, tendo por objetivo a emissão de relatórios
dirigidos manifestando opiniões responsáveis sobre a viabilidade da
informação com a intenção de que essa informação possa ser
conhecida e valorizada por terceiros.
Segundo Crepaldi (apud SCARPARO, 2007, p. 21):
A auditoria é o levantamento, estudo e avaliação sistemática das
transações, procedimentos, operações, rotinas e as demonstrações
financeiras de uma entidade. Para esse mesmo autor, a filosofia da
auditoria consiste em avaliar a política da empresa, em termos de
adequação, comunicação, aceitação, aplicação e controle, seus
objetivos, a utilização dos recursos, seja de natureza financeira,
econômica e humana.

Podemos identificar tipos de auditoria relacionadas à área contábil


tais como demonstrações contábeis (dados contábeis), compliance
(obediência política e regulamentos) e operacional (dados operacionais e
desempenho) (SCARPARO, 2007).

Primeiramente, na Saúde, a auditoria aparece no trabalho do


médico George Gray Ward nos Estados Unidos em 1918 com a finalidade de
verificar a qualidade assistencial prestada ao paciente (KURCGANT, 1976).

A ideia de qualidade tem como característica o estabelecimento


de um juízo, atribuição de um valor que, quando positivo, significa ter
qualidade, na acepção atual do termo (NOVAES, 2000).

Portanto, a partir do conceito de qualidade e de sua avaliação,


surgiu a necessidade de associar os serviços prestados a uma visão
econômico/contábil, sendo os profissionais de saúde os principais atores
responsáveis por essa atividade. Desta maneira, pode-se inserir o trabalho
da auditoria incorporando-se as atividades das instituições de saúde,
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objetivando a análise parametrizada dos serviços a custos relativos às


atividades prestadas.

1.1 Auditoria em saúde e suas configurações: auditoria contábil

Segundo Munhós (2007), contabilidade é um instrumento de


reconhecida importância para a gestão de uma organização que: capta;
identifica; registra; acumula; resume.

Surgimento e desenvolvimento da Contabilidade: manifesta-se a


partir do momento em que o homem se apodera da concepção de acúmulo
de riquezas; estava associada à necessidade de negociantes e investidores
mensurarem as modificações em suas riquezas, produtos das práticas de
negociação;

Finalidade: auxiliar na gestão eficaz e eficiente das organizações;


a gestão das empresas é composta por três etapas: planejamento: definir
hoje o que fazer no futuro. Uso de custos e orçamentos; execução: registrar
as transações realizadas de acordo com conceitos e regras definidos;
comparar se o que foi realizado está de acordo com o planejado.

A contabilidade, portanto, é um instrumento de controle que


permite o acompanhamento interno e externo das ações executadas pelas
entidades de Saúde. A prestação de contas é feita por estratégias de
auditamento que são necessárias para a mensuração e fiscalização da
qualidade prestada aos usuários.

A auditoria das demonstrações contábeis tem por definição e


objetivo ser caracterizada por um conjunto de procedimentos executados por
profissional contábil habilitado, de acordo com normas e legislação
específicas, que envolve aspectos (ibidem): contábeis; técnicos; tecnólogos;
de negócios; de informática.
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O auditor é um profissional que executa um trabalho técnico,


baseado em regras específicas e altamente regulamentado; ele não pode ser
influenciado ou sofrer pressões de pessoas da empresa que está sendo
auditada; o resultado de seu trabalho (parecer, carta de recomendação para
melhoria dos controles internos) pode ser utilizado por diversos usuários ou
partes interessadas.

Segundo a concepção de auditoria contábil, podemos classificá-la


em auditoria interna e externa. Para tanto, podemos compará-las para melhor
entendimento destas funções. Podemos analisar que essa atividade deverá
ser exercida por profissionais preparados e contextualizados na dinâmica do
trabalho, nas regulamentações e nos propósitos a que se destina essa
prática profissional e também na necessidade de entendimento do panorama
e cenário da saúde contemporânea.

Os procedimentos de auditoria contábil estão relacionados a obter


evidências ou provas adequadas para fundamentar sua opinião sobre as
demonstrações contábeis que compreendem (ibidem): testes de observância,
cujo objetivo é obter razoável segurança de que os procedimentos de
controle interno estão em funcionamento; e testes substantivos, que
permitem obter evidências quanto à suficiência, exatidão e validade dos
dados registrados na contabilidade e estão divididos em: testes de
transações e saldos; procedimentos de revisão analítica.

1.2 Auditoria em saúde e suas configurações: gestão da auditoria

A gestão em auditoria exige uma atividade contínua e


permanente, que se desenvolve de modo ordenado e racional,
sistematizando um processo de tomada de decisões e definindo ações no
sentido de um futuro desejado para a instituição, levando em conta as
mudanças do ambiente futuro (PARENZI, 2006).

Auditoria em saúde é a análise à luz das boas práticas de


assistência à saúde e do contato que esta gera ao paciente, médico, hospital,
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aferindo sua execução e conferindo seus valores de custos (LOVERDOS,


1999).

É a relação entre a prestação de serviço e a análise do serviço


prestado. Segundo a Associação dos Serviços Assistenciais de Saúde
Próprios de Empresas (Asaspe), o foco da auditoria em saúde não é
exclusivamente a perícia contábil, mas a auditoria dos processos e dos
resultados.

Auditoria em saúde é caracterizada como uma atividade em


constante reestruturação, envolvendo nova visão e novos princípios
operacionais com o objetivo principal de um atendimento de qualidade com
custos compatíveis. É a análise crítica e sistemática da assistência prestada,
comparando-a com padrões de excelência (LOVERDOS, 1999).

Custos crescentes e recursos limitados nos levam a associar os


resultados finais da assistência com os custos envolvidos e, estes,
consequentemente, com a adequação da utilização dos recursos. As
ferramentas usuais para a gestão da auditoria estão associadas a conceitos
administrativos que expressam a análise dos processos envolvidos na
prestação de serviços.

1.2.1 Auditoria em saúde e suas configurações: auditoria operacional

A auditoria operacional está vinculada a modalidades que


compreendem fases de observação e acompanhamento a fim de coletar
dados e facilitar os processos de orientação. Pode ser dividida em três fases,
de acordo com Parenzi (2006), como podemos ver a seguir.

 I – Pré-auditoria ou auditoria prospectiva.

 II – Avaliação de procedimentos na área de saúde antes de sua


realização.

 III – Auditoria concorrente ou proativa ou supervisão.


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 IV – Análise pericial que coexiste com o evento em que o cliente está


envolvido.

 V – Auditoria de contas hospitalares ou retrospectiva ou revisão de


contas.

 VI – Análise pericial dos procedimentos realizados, com a análise ou não


do prontuário.

1.2.1.1 Auditoria prospectiva (LOVERDOS, 1999)

É caracterizada pela autorização de um procedimento ou


tratamento por uma operadora,excetuando-se os procedimentos que não
necessitem de autorização (consultas). É o marco inicial da utilização do
sistema de saúde pelo cliente. Nela há a emissão de parecer técnico sobre a
solicitação do tratamento para a operadora, recomendando ou não a
autorização. O auditor prospectivo é um componente da estrutura de
atendimento ao cliente de uma operadora.

São Pré-requisitos para a função: conhecimento dos contratos da


operadora de saúde com seus clientes e da legislação dos planos de saúde;
treinamento nas regras da operadora; ser especialista para a realização de
perícias.

Tem como objetivos: reduzir a utilização indevida; garantir direito


contratual sob a visão do cliente; racionalizar custos sob a visão da
operadora; facilitador entre prestadores, clientes e operadoras.

1.2.1.2 II – Auditoria concorrente

A auditoria enfoca todos os aspectos da utilização de recursos


para um paciente hospitalizado. O auditor é peça fundamental, cabe a ele:
averiguar necessidade do processo de internação; duração da internação;
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necessidade médica dos tratamentos prescritos; órteses, próteses, materiais


e medicamentos utilizados; plano de tratamento; racionalidade do uso de
recursos.

São Objetivos: Acompanhar o processo de atendimento ao cliente


concomitantemente à sua realização pela rede credenciada; Servir de
orientador para o prestador de serviço; Evitar revisões, estornos, glosas,
analisando junto ao prestador os procedimentos e gastos necessários e
possíveis do ponto de vista contratual; Avaliação constante da qualidade da
atuação do prestador e da operadora no atendimento ao seu cliente; O
acompanhamento do cliente no leito não é exclusividade do médico, os
demais profissionais auditores devem fazê-lo.

A auditoria concorrente avalia sistematicamente a natureza


documental dos serviços prestados ao paciente, tendo como premissas as
ações médicas e de toda a equipe de saúde envolvida na prestação de
serviço. Podemos elencar alguns fatores importantes quando relacionamos o
documento na forma do prontuário médico. Este pode ser apresentado na
forma tradicional ou em meio eletrônico.

1.2.1.3 III - Auditoria retrospectiva

Historicamente, é a forma primária da auditoria. Iniciada em 1965,


nos EUA. Assegura o pagamento dos serviços mediante revisão efetiva da
fatura, com ou sem análise de documento comprobatório. Proporciona um
perfil de informações sobre: nosologia; procedimentos; clientes; prestadores;
padrão de cobranças.

Auditoria retrospectiva “interna”: Realizada na sede da operadora (saúde


suplementar); Baseada em contratos, regras, acordos e normas.

Auditoria retrospectiva “externa”: Realizada no prestador; Análise do


prontuário; Maior possibilidade de resolução de dúvidas.
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Auditoria retrospectiva: pré–análise de contas: Faturamento hospitalar em


conjunto com a análise de contas; Redução de glosas; Redução de conflitos:
glosas discutidas e tratadas no ato; Participação de médico e enfermeiro
auditores é fundamental para rápida resolução de dúvidas; Verificação
rotineira do prontuário completo.

Auditorias de contas hospitalares: Avalia honorários; Diárias; Taxas de


internação; Materiais utilizados na prestação de serviços; Exames
complementares; Gasoterapia; Prontuário como: Registro de admissão;
Evolução clínica; Descrição de operações; Boletim anestésico; Registros de
consumo de materiais e medicamentos cirúrgicos; Prescrições médicas;
Evolução de enfermagem; Exames complementares.

Honorários médicos: consistência entre diagnóstico, procedimento


proposto e realizado; compatibilidade entre diagnóstico e hospitalização;
confirmação do diagnóstico; vias de acesso em procedimentos cirúrgicos;
código de cobrança utilizado; autorizado x realizado; pareceres e
acompanhamentos.

Despesas hospitalares: compatibilidade do diagnóstico com


permanência; acomodações cobradas; cobrança de oxigênio; diárias
autorizadas x cobradas; cobranças de material médico; notas
fiscais;compatibilidade entre exames solicitados e diagnósticos; resultados
dos exames; as contas devem ser analisadas completas; verificar se a
evolução clínica justifica o diagnóstico, o tratamento, os exames
complementares, as terapias e a permanência; verificar a consistência de
informações médicas e de enfermagem.

Portanto, podemos classificar a auditoria quanto ao tipo,


apresentando a auditoria retrospectiva que tem o intuito de avaliar fatos
passados. A auditoria concorrente é realizada de uma forma concomitante à
prestação de serviços, por meio de ferramentas documentais tais como
prontuário e entrevista com paciente. Quanto à forma, a auditoria pode ser
interna, quando realizada por profissionais que pertencem ao quadro
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funcional da empresa, e externa, quando aqueles representam uma


operadora de saúde (SCARPARO, 2007).

Podemos classificar a auditoria em relação ao tempo. Ela pode


ser contínua, quando se avalia integralmente ao longo do tempo a prestação
de serviço, e periódica, quando a avaliação ocorre em períodos definidos.
Quanto à natureza, pode ser normal, quando se avalia com o preceito de
comprovação regular, ou específica, mediante o atendimento de uma
necessidade. Em relação ao limite, classifica-se como total, ao abranger
todos os setores da instituição de saúde, ou parcial, quando limitada a alguns
serviços.

1.2.2 Auditoria em saúde e suas configurações: auditoria de controle

O conceito de saúde pode ser discutido a partir de diversos


pontos: 1. a saúde como bem de consumo, fruto de uma sociedade
capitalista; 2. variabilidade de condutas, diversidade de tratamentos, meios
diagnósticos, oferta de serviços; 3. análise econômica, o custo gerado pela
globalização e evolução tecnológica; 4. qualidade de vida sob a perspectiva
do usuário; 5. satisfação do cliente; 6. satisfação do usuário x resultado
clínico.

A saúde enfrenta diversos problemas de decisão, a escolha da


melhor tecnologia diante de um panorama diverso. Esse dilema requer
decisões cruciais que envolvem a necessidade de praticar uma gestão em
saúde baseada em evidências e que economicamente seja viável para sua
sobrevivência.

A auditoria de controle está baseada em três fatores: a análise


prévia, a concorrente e a retrospectiva (já discutida anteriormente). A
auditoria prévia, preliminar ou prospectiva é a análise que tem por finalidade
a realização de uma perícia prévia do “caso” do paciente, tendo por princípios
a autorização de procedimentos e a liberação de senhas para realização de
exames, internações, cirurgias etc. A auditoria concorrente ou concomitante é
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realizada in loco, no lugar em que será feita a análise do paciente internado


com a finalidade de fechamento de faturas contábeis e análise de processos.
A auditoria retrospectiva é a análise de auditoria de contas, sendo feita a
perícia pós-procedimento realizado.

1.2.3 Auditoria baseada em evidências científicas

É uma das ferramentas que devem ser utilizadas para a avaliação


da incorporação de novas tecnologias pelas operadoras de planos de saúde
e para a avaliação da utilização dos recursos pelos prestadores de serviços
credenciados e contratos (PARENZI, 2006).

A auditoria baseada em evidências científicas tem por premissas


a definição dos problemas e o levantamento das questões relacionadas à
inclusão de tecnologias em saúde, levando-se em conta a seleção eficiente
das melhores evidências clínicas apresentadas. Para isso, necessita-se de
(ibidem): avaliar criticamente a evidência quanto à sua validade interna e
externa; integrar esses dados/informação com a experiência clínica individual
e aplicar os resultados na prática clínica; utilização prática da informação na
avaliação da incorporação de novas tecnologias; avaliar o desempenho das
ações tomadas.

1.2.4 Auditoria em saúde e suas configurações: auditoria de avaliação

A evolução histórica da saúde contribuiu para a mudança de


paradigmas em relação à prestação de serviços de saúde. Os prestadores de
serviços de saúde devem ter um compromisso com a saúde da comunidade
como um todo e com seus membros individualmente, envolvendo-se nos
programas antes mesmo de adoecerem.

Os caminhos a percorrer devem estar aliados à transformação da


estrutura dos serviços de saúde condicionada pela evolução social geral, pelo
progresso da tecnologia médica, odontológica e farmacológica e pela
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composição de interesses políticos e econômicos que se fazem presentes no


setor (ibidem).

Quando relacionamos a auditoria de avaliação, podemos levar em


consideração o contrato de gestão. Configura-se como um contrato de
prestação de serviços no qual, na ausência de mapeamento de população,
mix de capacidade produtiva, utilização e serviços prestados, paga-se um
valor fixo. Exemplo: um hospital reserva uma unidade para a prestação de
uma especialidade e cobra um valor fixo ao plano ou operadora de saúde
independentemente de sua utilização per capita.

Outra forma de avaliação é o sistema de pagamento fee for


service: a análise da conta é feita item a item, paga-se cada exame realizado,
cada prestação de serviço.

Segundo o Sistema Nacional de Auditoria Médica (SNA), o


controle, avaliação e auditoria podem ser classificados em gerais e
específicos, sendo descritos:

Geral: aferir a qualidade dos serviços prestados e contribuir para


melhor recuperação do paciente, verificando a conformidade da aplicação
dos recursos.

Específicos: aferir de modo contínuo a eficácia, adequação,


eficiência e os resultados dos serviços de saúde; identificar distorções,
promover correções e buscar o aperfeiçoamento do atendimento médico-
hospitalar, procurando obter melhor relação custo/benefício na política de
atendimento das necessidades do paciente; promover processo educativo
com vistas à melhoria da qualidade do atendimento na busca da satisfação
do usuário.

1.3 Auditoria em saúde e suas configurações: auditoria em home care


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Segundo a Consulta Pública n. 81, de 10 de outubro de 2003, da


Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa: para efeito desse
Regulamento Técnico, são adotadas as seguintes definições:

Assistência Domiciliar: termo genérico que representa diversas


modalidades de atenção à saúde desenvolvidas no domicílio, entre elas o
atendimento e a Internação Domiciliar;

Atenção Domiciliar: termo que envolve ações de promoção à


saúde, prevenção de doenças e complicações, abrangendo a assistência e a
reabilitação desenvolvidas no domicílio.

Assistência Domiciliar (Portaria Federal n. 2416, de 23 de março de


1998)

São condições prioritárias para a internação domiciliar (SUS):


pacientes com idade superior a 65 anos com pelo menos três internações
pela mesma causa/ procedimento em um ano; pacientes portadores de
condições crônicas tais como: insuficiência cardíaca, doença pulmonar
obstrutiva crônica, doença vascular cerebral e diabetes; pacientes
acometidos por trauma com fratura ou afecção osteoarticular em
recuperação: pacientes portadores de neoplasias malignas.

Tipos de assistência domiciliar – Nível: Primária (consultas,


curativo, medicação, coleta de exames etc.); Secundária (internação clínica,
terapias especiais, parto etc.); Terciária (cuidados intensivos); Reabilitação
(fisioterapias, fonoaudioterapias).

Dificuldades encontradas no processo de internação domiciliar:


aspectos culturais: família e paciente; hospital e médico assistente; indicação:
tipo de paciente elegível ao tratamento; Custos assistenciais.

Fatores que justificam a adoção do sistema home care (BRAZ, 2007):


Envelhecimento da população: mudança demográfica do século XX; Aumento
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da população idosa e, consequentemente, um aumento de doenças


relacionadas com a senilidade. O envelhecimento da população Brasileira:
nos anos de 1970 – 5% > 60 anos; nos anos de 1990 – 11% > 60 anos; na
primeira década do século XXI, mais de 15% da população brasileira terá
mais de 65 anos.

Fenômeno da agudização das doenças crônicas: nos idosos, as


doenças crônicas prevalecem e são de longa duração, o que demanda
suportes tecnológicos, trabalho em equipe de saúde multiprofissional
qualificada, bem como métodos de exames sofisticados e de alto custo; as
doenças crônicas são responsáveis por 60% dos gastos com despesas de
saúde em todo o mundo e isso representa uma ameaça a todos os países em
termos de economia e saúde. Elas serão a primeira causa de incapacidade
em todo o mundo até 2020; o aumento da incidência de doenças crônicas e a
incapacitação funcional não podem ser ignorados, pois os custos de
gerenciamento dessas condições são altíssimos e prometem ter um aumento
significativo.

Dificuldades das instituições hospitalares

A instituição hospitalar também está diante de muitas dificuldades


em relação aos pacientes de permanência prolongada. Ela necessita ter
maior rotatividade de leitos a fim de atender aos pacientes agudos; manter os
pacientes clinicamente instáveis; fomentar os procedimentos cirúrgicos; elas
sofrem pressão para “desospitalizar”.

Necessidade de gerenciamento de custo e risco pelos Planos de Saúde

O aumento geral do custo da medicina no país tem sido crescente


e de difícil controle. A busca de uma metodologia eficaz de gerenciamento de
custo tem incentivado as fontes pagadoras a monitorarem todos os
parâmetros e meios empregados no fornecimento de serviços aos seus
usuários.
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A necessária adaptação da sociedade diante de um novo perfil de


doenças

O crescimento do número das doenças incapacitantes tem


afetado intensamente as famílias, pois estas se deparam com um problema
social de difícil solução e que está diretamente envolvido com questões
socioeconômicas.

Quem e como se cuida de um idoso doente e/ou de um paciente


dependente? A mulher deixa de ser a “cuidadora direta” de toda a família; o
salário da mulher passa a ser extremamente importante no orçamento e
sustento da casa, por isso ela tem de trabalhar; as famílias cada vez mais
fazem a opção de ter poucos filhos.

Daí a importância da mudança de visão de quem financia esse


sistema. O sistema de saúde do país, tanto público quanto privado, está
organizado para financiar preferencialmente o tratamento de enfermidades,
ao invés de investir em prevenção ou manutenção da saúde. A prioridade
atual se volta para a necessidade de investir em programas de prevenção,
monitoramento e programas de educação e orientação às famílias, focando a
prevenção e o tratamento precoces de várias patologias e suas sequelas
(BRAZ, 2007).

Estamos diante de mudanças sociais impactantes, diante de um


segmento em crise de financiamento desfocado da relação de custo x
efetividade.

1.4 Atribuições do auditor hospitalar

As atribuições do auditor hospitalar são: subsidiar a pré-auditoria


nas autorizações de internações e nas prorrogações, acompanhando média
de permanência; observar qualidade do atendimento; abordagem da equipe
médica assistente; contato e esclarecimento do cliente e familiares sobre
aspectos da operadora; documentar irregularidades e elaborar relatórios
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conclusivos; proceder à pré-análise ou revisão de contas com prontuário


obedecendo às regras acordadas entre prestador e operadora, autorizações
e consistência das cobranças; proceder à revisão de glosas; interface com a
equipe de auditoria interna do prestador.

1.4.1 Auditoria de enfermagem

1955 – Primeiros trabalhos de auditoria de enfermagem foram


publicados. Método de avaliação da qualidade do cuidado de enfermagem,
mediante o exame dos registros de enfermagem, após a alta do paciente.
Exame oficial dos registros de enfermagem com o objetivo de avaliar,
verificar e melhorar a assistência de enfermagem.

Objetivo: melhoria contínua da assistência que o serviço de


enfermagem se propõe a oferecer buscando alcançar os padrões ideais
desse atendimento.

Mensura e avalia a qualidade da assistência ao paciente.


Anotações em prontuário, referentes à assistência de enfermagem,
observando a técnica de registro.

Visita diagnóstica do hospital: rotina de enfermagem; rotinas de


CTI e bloco cirúrgico; equipamentos; materiais; rotina de CCIH e EMTN.

Elaboração de relatórios referenciais, validados junto ao hospital,


para suporte de revisão de contas.

Auditoria de materiais, medicamentos, taxas e serviços


hospitalares: auditoria retrospectiva.

Participação na auditoria concorrente como visitadora e/ou


suporte para as visitas médicas.

A tendência em todos os planos de saúde é agregar dentro das


equipes de auditoria a presença da enfermeira auditora, considerando que
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essa profissional é quem tem maior conhecimento sobre materiais de uso


hospitalar, composição de taxas e diárias hospitalares, bem como sobre os
procedimentos relacionados à sua área específica.

Atua junto com o médico na elaboração de pacotes de


procedimentos cirúrgicos e de exames com materiais de alto custo.

Aferir inadequações no processo do trabalho assistencial que


podem expressar queda de sua qualidade, gerando custos e retrabalho.

Regulamentado pelo Conselho Federal de Enfermagem, de 5 de


outubro de 2001, resolução 266.O Enfermeiro deve conhecer e dominar
todos os processos que envolvem o atendimento do paciente durante sua
internação até a sua alta. O enfermeiro deve interagir com o contrato firmado
entre contratante e contratado, objetivando uma assistência de qualidade
com um custo real e vencer a concorrência. Deve estabelecer padrões de
assistência. Prezar pela padronização dos processos da assistência de
enfermagem. Estabelecer instrumentos de controle. Coletar dados de
prontuário, entrevistas com usuários, funcionários, observações, protocolos.
Relacionar indicadores de controle.

1.4.2 Auditoria farmacêutica: Confecção e atualização de lista referencial


de materiais e medicamentos; Cotação de materiais especiais, órteses e
próteses junto aos fabricantes e distribuidores; Suporte em auditoria de
medicamentos: apresentações, diluições, estabilidade e conservação; Análise
técnica e suporte para autorização de materiais e medicamentos especiais,
órteses e próteses; Auditoria nas farmácias hospitalares; Confrontar o que é
cobrado e o que foi prescrito.

1.4.3 Auditoria odontológica: Exame clínico ou documental, realizado por


cirurgião dentista experiente, instruído por manual de procedimentos para
verificar a proposta, o andamento e/ou a situação final do tratamento indicado
pelo cirurgião; Monitoramento dos processos de atendimento odontológico;
Participação na elaboração e revisão de contratos com terceiros; Regulação:
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avaliação da qualidade; auditoria dos processos; auditoria das perícias;


avaliação dos encaminhamentos; mesmos processos de auditoria médica.

1.4.4 Auditoria em fisioterapia: Avaliação dos tratamentos fisioterápicos


prescritos e de sua efetividade; Avaliação da qualidade dos serviços de
fisioterapia hospitalar; Vistoria.

1.4.5 Auditoria em fonoaudiologia: Avaliação da indicação e do número de


sessões dos tratamentos prescritos e de sua efetividade; Avaliação da
qualidade dos serviços de fonoaudiologia hospitalares e ambulatoriais;
Vistoria e classificação dos serviços de fonoaudiologia ambulatorial.

1.5 Relatórios de auditoria

Os relatórios de auditoria consistem em um meio de comunicação


formal (documento) capaz de fornecer dados e informações capazes de
motivar tomadas de decisões, direcionar ações de auditoria e identificar erros
padronizados e repetitivos.

Os relatórios de auditoria permitem a avaliação de prestadores e


servem principalmente como base para definição de políticas de saúde que
direcionem estratégias de “desospitalização”, dimensionamento de rede,
promoção de saúde e análise estruturada de custos.

CONCLUSÃO

Pudemos evidenciar as mudanças no cenário da Saúde Pública


pelas quais o indivíduo passou a ser o ator central, tornando-se a saúde um
direito de todos e um dever do Estado, com o estabelecimento das
plataformas políticas, das comissões políticas sociais e ações de saúde
descentralizadas que o SUS determinou.

A promoção de saúde é uma ferramenta importante que deverá


ser idealizada como medida gerencial contemporânea para que as empresas
e entidades possam sobreviver às mudanças e necessidades da população
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impostas por uma sociedade capitalista e sujeitas a mudanças sociais e


ambientais relacionadas aos hábitos de vida.

A presença de profissionais auditores nasceu da necessidade de


controle e avaliação da assistência prestada, a fim de promover
fidedignamente o serviço oferecido, alinhado a um problema evidente que é a
otimização de recursos financeiros.

A gestão da auditoria exige uma atividade contínua e permanente


que se desenvolve de modo ordenado em busca de boas práticas de
execução do trabalho e análise de serviço. Para a auditoria, a função do
controle é imprescindível, em que o planejar, executar, checar e avaliar são
fatores que avaliam os resultados prestados. Para avaliar, é necessário
estabelecer padrões, a fim de servirem de parâmetros básicos.

A auditoria pode ser desenvolvida de forma operacional


analisando-se as fases de pré-auditoria, auditoria concorrente e a auditoria
de contas hospitalares.

A saúde enfrenta diversas mudanças no perfil da demanda da


população, bem como hábitos de vida e fatores socioeconômicos mundiais. O
controle, o uso de indicadores de desempenho e o acompanhamento de
evidências clínicas que permitam uma melhor assistência são fatores
contemporâneos. Avaliar o serviço e utilizar estratégias de sistemas de
gestão são atributos inerentes ao auditor.

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