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GESTÃO DE RECURSOS E PROCESSOS

Fernanda Almeida

A gestão dos recursos humanos é tão importante quanto a gestão dos materiais dentro de
um hospital, pois é através deste que o outro acontece, e que, em conjunto com os recursos
financeiros, formam a base de sustentação do hospital. A existência de um bom sistema de
indicadores de desempenho em uma organização permite uma análise muito mais profunda e
abrangente sobre a efetividade da gestão e de seus resultados do que a simples constatação de que
está indo bem porque seu faturamento ou o número de clientes está crescendo. Além disso, a
medição sistemática, estruturada e balanceada dos resultados por meio de indicadores de
desempenho permite às organizações fazerem as intervenções necessárias com base em
informações pertinentes e confiáveis, à medida que ocorrem as variações entre o planejado e o
realizado.
A necessidade de medir o desempenho por meio de indicadores é crescente em todos os
tipos de organizações. Vários fatores contribuem para isso, como:
• grau de exigência das partes interessadas, os stakeholders, o que aumenta a necessidade
de um processo de medição objetivo, sistemático e transparente, o qual não seja restrito a
indicadores econômico-financeiros;
• a prática de remuneração variável com base em um sistema estruturado de indicadores
organizacionais está cada vez mais disseminada, gerando a necessidade de critérios corporativos
únicos de medição;
• aumento da velocidade e da qualidade na tomada de decisões e, consequentemente, em
relação aos seus efeitos.
O processo de medição auxilia o acompanhamento e apoio ao crescimento das
organizações, só atente-se ao fato de que nada adianta medições apenas para cumprir as normas,
se os valores não indicarem algo significante à empresa, que ajude a melhorá-la e alcançar seus
objetivos estratégicos. O foco principal desse processo é fornecer informações nas quais a gerência
possa se apoiar para tomar decisões relacionadas aos projetos e processos da empresa. Tem como
objetivo, também, fornecer dados que facilitam acompanhar se os objetivos estratégicos estão sendo
alcançados. A necessidade de se medir pode ser resumida em uma frase de Tom de Marco: “Não se
pode controlar o que não se pode medir”. Esse processo tem a intenção de livrar os gestores do tal
“achismo”, tomando como base análises históricas que permitem a identificação de tendências,
proporcionando uma tomada de decisão mais rápida e precisa. Uma atividade importante desse
processo é a reunião de análise crítica, que deve ser realizada durante um determinado período de
tempo, com a intenção de se discutir com a alta direção, os resultados das medições, visando
assegurar a contínua adequação do sistema de gestão da qualidade. Deve incluir a avaliação de
oportunidades para melhoria e necessidade de mudanças no sistema de gestão.
Os indicadores de desempenho, também chamados de KPI(do inglês:Key Performance
Indicator) são métricas que quantificam a performance de processos da empresa de acordo com
seus objetivos organizacionais. Nas organizações, a mensuração do desempenho encontra aplicação
na detecção da capacidade da empresa em gerenciar as variáveis críticas e em proporcionar uma
visão das condições projetadas para o futuro.
O modelo de reposição contínua funciona da seguinte maneira: se ao retirar uma quantidade
de um determinado item do estoque, a quantidade restante for menor que uma predeterminada,
chamada de ponto de ressuprimento, então é disparado um novo pedido de compras de um lote de
ressuprimento. As vantagens desse sistema são:
i) a disponibilidade do material no estoque, pois o material é comprado sempre que o nível de
estoque atinge o ponto de ressuprimento;
ii) o estoque de segurança será menor, pois, atende apenas o tempo de ressuprimento; e
iii) permite utilizar o lote econômico. E a desvantagem é que não permite compras em grupos
devido à variação das datas para aquisição.
Considerando que os custos são os valores necessários de investimento para finalizar
determinado serviço hospitalar, sua identificação é o primeiro passo para fazer uma gestão com
qualidade. A partir disso, é possível classificá-los em diretos e indiretos. Os custos diretos são
aqueles envolvidos diretamente em determinado produto ou serviço, podendo ser identificados em
relação à quantidade consumida. Exemplos desse tipo de custo são os medicamentos administrados
e o período dos profissionais de saúde. Já os custos indiretos correspondem àqueles que não podem
ser diretamente relacionados ao serviço hospitalar prestado. Por exemplo, a energia elétrica
requerida para um centro cirúrgico durante determinadas horas ou a mão de obra de serviços
auxiliares. A soma dos custos indiretos e diretos possibilita, então, que a produção médica seja
agregada às despesas operacionais (financeiras, tributárias e administrativas), sendo os serviços
médicos entregues ao mercado de acordo com os devidos custos dos processos envolvidos.
Outro parâmetro de igual importância em ATS é o custo da tecnologia. O aumento dos custos
nos serviços de saúde é resultado de diversos fatores, mas as tecnologias têm importante papel, seja
por meio das novas, mais caras e mais complexas tecnologias ou pela variação observada no padrão
de utilização de uma tecnologia. Panerai e Peña-Mohr (1989) afirmam que, apesar de terem
percorrido caminhos diferentes, países ricos e pobres agora se encontram na mesma encruzilhada,
na qual os recursos em saúde necessitam ser avaliados detalhadamente e alocados racionalmente.
Os efeitos das tecnologias em saúde não se limitam à cura ou ao conforto dos pacientes; eles vão
muito além, atingindo aspectos da vida humana e suas relações com a família, o trabalho e a
sociedade. É interessante notar que, apesar das preocupações iniciais da ATS com as questões
sociais e éticas que cercam o desenvolvimento e a difusão da tecnologia em 30 saúde, só mais
recentemente é que está de fato surgindo um movimento no sentido de considerar estes impactos.
Este movimento recebeu o nome de Avaliação do Impacto em Saúde (AIS, do inglês Health Impact
Assessment) e vem recebendo destaque na comunidade européia. Scott-Samuel e Barnes (apud
WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001) descrevem a AIS como: […] uma ferramenta de suporte à
decisão sobre a formulação de uma política baseada em evidência sobre o potencial impacto em
saúde, ao mesmo tempo contribui para ampliar a conscientização do agente de decisão sobre os
impactos em saúde em todos os níveis de formulação de políticas públicas. Assim a AIS parece
resgatar os objetivos iniciais da ATS, que foram de certa maneira relegados a um segundo plano,
dado o pragmatismo imposto pelas análises econômicas que se limitaram à busca da eficiência da
tecnologia, tendo por base a relação custo-resultado em saúde

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