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Estratégia e Gestão

de Pessoas
1. Auditoria Interna e Gestão Hospitalar 4

2. Ética na Saúde 14

3. Noções Básicas de Liderança e Equipe Organizacional


25

4. Administração de Conflitos no Trabalho 31

5. Sistema de Qualidade e Acreditação Hospitalar 40

6. Referências Bibliográficas 45

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03
ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

1. Auditoria Interna e Gestão Hospitalar

Fonte: ASIB1

A administração hospitalar, as-


sim como qualquer outra forma
de administração, geralmente visa
(2018), a superioridade do desem-
penho empresarial ou o seu mau
funcionamento dependem da quali-
coordenar e padronizar o ambiente dade da realização das funções de
de trabalho e institucional. Porém, gestão, que determinam a natureza e
quando se leva em conta que uma a extensão do esforço despendido
instituição de saúde abrange os mais em cada área operacional. A busca
diversos setores, com os mais diver- por melhorias de vida torna-se cada
sos profissionais e os mais diversos vez mais intensa nas diversas áreas
serviços, deve-se notar que tal admi- da saúde e em particular na assistên-
nistração se apresenta como incom- cia hospitalar, que costuma desen-
parável entre as demais (OLIVEIRA volver constantemente novas técni-
e ROMCY, 2019). cas para manter a longevidade dos
De acordo com Malagón-Lon- pacientes. Essa busca por melhorias
doño, Laverde e Reynales Londoño impacta particularmente os custos e

1 Retirado em https://www.asib.pt

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métodos de controle de qualidade no resultados, com o objetivo de ofere-


atendimento. cer produtos e serviços de alta quali-
Para os autores Malik e Vecina dade que precisam ser investidos em
Neto (2016), o gestor de uma orga- tecnologia, em conhecimentos em
nização tem diversas funções dife- todos os campos da administração:
rentes associadas ao planejamento, economia, finanças, teorias organi-
controle e liderança das atividades zacionais e relações humanas, técni-
de terceiros, mas antes do planeja- cas de apuração de custos, controle
mento, eles devem obter os dados e financeiro, auditoria, dentre outros.
informações e tomar as decisões que Não há diferença para a administra-
precisam para gerenciar. Leva tem- ção hospitalar, por ser com fins lu-
po e a ajuda de ferramentas para fa- crativos, o hospital possui metas,
zer um planejamento excelente, a objetivos e resultados que exigem
auditoria hospitalar, que tem ganha- também a aplicação de técnicas de
do destaque como uma ferramenta gestão para sua existência e sobrevi-
de gestão e fiscalização mais satisfa- vência em um mercado plenamente
tória às necessidades de gestão da competitivo.
informação no ambiente hospitalar, Em consonância com o autor
é uma área da empresa que fornece Salu (2018), é correto afirmar que, a
ao processo de tomada de decisão, gestão hospitalar é o conjunto nor-
fonte de informação e veracidade mativo de princípios e funções que
para possibilitar a todos a ação e objetivam o controle, ordenação e
precisão para direcionar com aten- avaliação dos fatores expressivos de
ção em um mercado altamente com- qualidade e excelência nos proces-
petitivo. A auditoria, portanto, apoia sos, e nos resultados da atuação do
o administrador na necessidade de pessoal hospitalar, com base na or-
identificar erros onerosos, promove denação dos fatores de produção
um serviço de alta qualidade verifi- e/ou serviços prestados. No ambien-
cando, observando e analisando co- te hospitalar, os gestores geram re-
mo podem ser gerados recursos que dução e manutenção de gastos, en-
favoreçam o desenvolvimento de ob- fermeiros atuam diretamente no
jetivos dentro de uma proposta, que atendimento ao paciente e no con-
relacione custo/benefício e quali- trole das técnicas envolvidas nos
dade do atendimento em hospitais. procedimentos, médicos demandam
Segundo Morais e Burmester mais tecnologia, consequentemente
(2014), as organizações empresari- mais investimento em diagnósticos
ais, em geral, visam o alcance de clínicos e materiais para realização

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de diversos procedimentos, e os lí- apenas cuidar da doença, mas tam-


deres da comunidade tentam man- bém avaliar os serviços adicionais
ter e expandir o patrimônio implan- que a empresa oferece. Um serviço é
tado. Em uma equipe com visão tão um ato, conquista ou ação essencial-
diversificada, a autonomia da admi- mente intocável e não envolve ne-
nistração diminui e a complexidade cessariamente a propriedade de na-
da gestão aumenta, pois há muitos da. Sua criação pode ou não estar li-
tomadores de decisão com objetivos gada a um produto material (SALU,
diferentes, e a consistência de opini- 2018).
ões é praticamente impossível. De acordo com Oliveira e
Conforme Oliveira e Romcy Romcy (2019), as empresas hospita-
(2019), saber se comportar é crucial lares, sejam de pequeno, médio ou
para conseguir o comprometimento grande porte, enfrentam o dilema de
de todos, para atingir os objetivos da buscar constantemente mecanismos
organização, para desenvolver uma de avaliação e correção para aprimo-
série de competências, já que traba- rar os serviços oferecidos com lin-
lha diretamente com um grande nú- guagem universal, eficiência e resul-
mero de profissionais de nível supe- tados financeiros positivos. Muitas
rior, existe a necessidade de ser rá- empresas possuem potencial huma-
pidos e eficazes na tomada de deci- no e estrutura física de boa quali-
sões em um ambiente complexo com dade, mas a ausência de um sistema
uma grande velocidade de transfor- operacional linear causa dificulda-
mação. Apesar da autoridade for- des e prejuízos ao patrimônio da em-
mal, um tipo de poder com base no presa.
reconhecimento da legitimidade ou Para os autores Malagón-
legalidade da tentativa de exercer in- Londoño, Laverde e Reynales Lon-
fluência, o administrador deve saber doño (2018), a gama de serviços
usar a autoridade informal, um tipo oferecidos pelos hospitais, com tra-
de poder baseado no conhecimento tamentos clínicos de alta tecnolo-
próprio, experiência e habilidades gia e cirurgias complexas, de conta-
de liderança). bilidade complexa a serviços básicos
O principal objetivo de um de hospitalidade, torna sua gestão
hospital é fornecer serviços relacio- complexa e cara, e seu monitora-
nados com a saúde, mas também mento e controle extremamente tra-
produtos sob a forma de medica- balhosos. Garantir o controle sobre
mentos. Por isso, vale a pena enten- essas entidades complexas requer
der que o cliente/paciente não quer conhecimento profundo e amplo

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para compreender e integrar efetiva- gerenciam atendendo aqueles que


mente todos os componentes de um controlam ou financiam os negócios
hospital, enquanto que o monitora- do hospital, por se tratar de uma em-
mento do desempenho e o uso de re- presa de alta complexidade, ela en-
cursos requer informações confiá- frenta muitos problemas e outras
veis e atualizadas, o que pode ser di- atividades econômicas, por isso é
fícil de ocorrer nos países em desen- necessário um planejamento e uma
volvimento. gestão eficientes.
Segundo Malik e Vecina Neto Conforme Salu (2018), plane-
(2016), as organizações devem pri- jar é tomar decisões com antecedên-
meiro definir sua atuação, e depois cia, não é prever decisões que preci-
enfrentar os desafios da sua área, sarão ser feitas no futuro, mas sim
para buscar recursos e profissionali- tomar decisões que terão efeitos e
zação, pois sem um planejamento consequências futuras. O gestor de
efetivo não há uma gestão efetiva, uma empresa realiza uma série de
dependente de informações, com ce- funções diferentes, associadas ao
nários, alternativas e possibilidades planejamento, controle e liderança
diferentes. Por outro lado, as empre- das atividades de terceiros. Mas an-
sas que ouvem os seus clientes e ofe- tes do planejamento, ele deve reunir
recem serviços sob medida para as dados, e informações e tomar deci-
suas expectativas e necessidades, sões que deve gerenciar. O planeja-
competem com mais eficácia e ga- mento é a primeira etapa do proces-
rantem uma maior cota no mercado. so de gestão, é pensar antes de agir
Daí a necessidade de planejar servi- ou preparar as ações mais adequa-
ços com base neste padrão: os dese- das para a ação, este ato inclui sen-
jos e necessidades dos clientes exis- sibilidade ao mercado e à missão da
tentes e potenciais. organização, bem como diversos
Em consonância com os auto- métodos e técnicas que a tornam
res Morais e Burmester (2014), é verdadeiramente eficaz, deixando
correto afirmar que, os gestores po- de agir de uma forma puramente in-
dem e devem utilizar as diversas fer- tuitiva para uma atuação profissio-
ramentas de gestão disponíveis no nal e focada, de forma a facilitar o
mercado para melhor colaboração seu desenvolvimento e sustentabili-
na administração de seus negócios, dade.
sendo também necessário lidar com As organizações hospitalares,
a competência e responsabilidade particularmente, precisam urgente-
dos gestores. Os administradores mente do poder da imaginação, cria-

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tividade e inovação para superar vestidas e, sobretudo, através do


obstáculos e barreiras cada vez mais surgimento de grandes empresas ge-
difíceis na qualidade da prestação de ograficamente dispersas, concomi-
serviços, os pacientes possuem mais tantemente ao desenvolvimento
acesso às informações e por isso são econômico, que possibilitou a parti-
mais exigentes, pois são os o usuário cipação acionária na formação do
ou a comunidade que precisa desse capital de muitas empresas. A ori-
serviço para seu bem-estar e/ou sua gem da palavra auditor em portu-
comodidade. O gestor neste novo guês, mesmo que representada com
conceito organizacional tem que se perfeição pela origem latina (aquele
adaptar ao novo cenário, pois a ges- que ouve, o ouvinte), na verdade
tão tem que ser profissional, flexível vem da palavra inglesa to audit, que
e ágil, e buscar alternativas com cri- significa verificar, ajustar, corrigir,
atividade e flexibilidade que utili- certificar).
zem os recursos disponíveis para a Segundo Malagón-Londoño,
satisfação da equipe e dos pacientes Laverde e Reynales Londoño (2018),
(MORAIS e BURMESTER, 2014). a atividade de auditoria teve origem
De acordo com Salu (2018), o na Inglaterra, que, tendo dominado
maior desafio que os administrado- os mares e o comércio no passado,
res hospitalares enfrentam é a eficá- teria iniciado a difusão de investi-
cia prática de seus conhecimentos e mentos em vários lugares e países
o alcance dos objetivos organizacio- e, consequentemente, a análise dos
nais, ou seja, em sua capacidade de investimentos nesses lugares. Exis-
movimentar a organização e alinhá- tem diferentes conceitos de audito-
la com a adaptabilidade que esse ria, que variam de acordo com o au-
processo requer e, como qualquer tor e o propósito. Auditoria consiste
gestão, presumir um dinamismo na avaliação sistemática e formal de
permanente de planejamento, exe- uma atividade por uma pessoa que
cução, monitoramento, avaliação, não está diretamente envolvida em
adaptações e reajustes. sua execução, para determinar se
Para as autoras Oliveira e essa atividade está sendo realizada
Romcy (2019), o surgimento da au- de acordo com seus objetivos. O au-
ditoria está estruturado na necessi- ditor está atento à exatidão, inte-
dade de confirmação da realidade gridade e autenticidade de tais de-
econômica e financeira, por parte clarações, registros e documentos.
dos investidores e proprietários, re- A auditoria é um sistema de revisão
fletida nos capitais das empresas in-

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ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

de controle para informar a admi- decisões com suporte técnico e cien-


nistração sobre a eficiência e eficácia tífico, honestidade e responsabilida-
dos programas em desenvolvimen- de. Como profissional da área de au-
to, e sua função não é apenas apon- ditoria deve aderir a alguns princí-
tar problemas e erros, mas também pios éticos, como: independência,
dar sugestões e soluções, assumindo integridade, eficiência e confidenci-
assim, um caráter educativo. alidade. A função de auditoria deve
Em consonância com os auto- ser conduzida com base no entendi-
res Malik e Vecina Neto (2016), é mento de que o trabalho realizado
correto afirmar que, a auditoria é tem e merece toda a credibilidade
uma atividade profissional que res- possível, e não pode ter qualquer
peita a autonomia profissional e os tipo de dúvidas sobre a honestidade
princípios éticos que determinam as e os padrões morais do auditor.
ações e relações humanas e sociais. O auditor avalia e analisa os
Os exames de auditoria cumprem as procedimentos de controle interno,
normas de auditoria e incluem pro- fazendo a revisão dos mesmos. Na
cedimentos de confirmação dos da- execução dos procedimentos de au-
dos examinados, caracterizados por ditoria, o auditor realiza testes de
uma atitude de reflexão competente avaliação com o objetivo de coletar
e independente. Um auditor deve ter evidências, ou seja, os fatos ocorri-
conhecimento técnico e jurídico da dos, e com base nisso elabora um re-
organização que ele presta serviço. A latório com as deficiências e suges-
sua existência, necessidades e obje- tões de melhorias no setor (MALIK e
tivos são totalmente reconhecidos VECINA NETO, 2016).
pela Legislação e pelos Códigos de De acordo com Morais e Bur-
Ética da área de saúde, pelas Nor- mester (2014), na gestão hospita-
mas Administrativas das Institui- lar, é preciso a instalação de um ór-
ções de Saúde. A equipe de auditoria gão de auditoria, que tem a função
deve, portanto, estar atenta aos seus de assessorar a gestão da organiza-
limites, os quais estão claramente ção e deve ser composto por uma
definidos nos respetivos Códigos de equipe multidisciplinar. Basica-
Ética, tanto na área médica como de mente, estas devem ser as ativida-
enfermagem, e se baseiam em Nor- des mais relevantes na instituição
mas Técnicas próprias e em Parece- (atendimento médico se for um
res de Sociedades Científicas. hospital, odontologia se for uma
Conforme Morais e Burmester
clínica odontológica).
(2014), o auditor deve sempre tomar

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ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

Para o autor Salu (2018), a au- durante e depois de todas as ações


ditoria de saúde é realizada por: de gestão. E a auditoria externa que
 Avaliação dos controles inter- ocorre nas instituições (hospitais e
nos; clínicas) pelo SUS e prestadora. A
 Contábil e financeira; auditoria externa é realizada por um
 Sistemas de informação; profissional ou equipe de profissio-
 Sistema orçamentário; nais que não fazem parte do quadro
 Operacional dos processos de de colaboradores da empresa. O au-
saúde;
ditor externo é responsável por revi-
 Em unidades assistenciais;
sar a adequação da base financeira e
 Qualidade de serviços;
 Relatórios de auditoria em sa- patrimonial das demonstrações con-
úde. tábeis e se estas foram preparadas
de acordo com os Princípios Funda-
Segundo Oliveira e Romcy mentais de Contabilidade.
(2019), os custos hospitalares au- Conforme Malik e Vecina Neto
mentaram em todo o mundo, com (2016), as auditorias internas e ex-
alguns exigindo a realização de estu- ternas são importantes para a em-
dos que visam simplificá-los e contê- presa hospitalar, a primeira é uma
los. Existem dois tipos de auditoria: forma de prevenção constante, que
interna e externa, ambas com o ob- se realiza no dia a dia, e a segunda é
jetivo de avaliar o cumprimento das uma forma de prevenção periódica,
normas estabelecidas e proceder à uma vez que é realizada quando a
coleta de dados que permitam co- empresa precisa ou por isso a lei de-
nhecer a qualidade, quantidade, termina. Sendo assim, a atividade de
custo e despesa com cuidados de sa- auditoria hospitalar surge como
úde. uma ferramenta de gestão e fiscali-
Em consonância com os auto- zação mais apropriada às necessida-
res Malagón-Londoño, Laverde e des de gestão das informações no
Reynales Londoño (2018), é correto ambiente hospitalar, com a veraci-
afirmar que, auditoria interna é dade que exige de todos a ação e pre-
aquela que é realizada na empresa cisão na gestão com foco em um
pela equipe da empresa ou nas de- mercado competitivo acirrado. A au-
pendências das operadoras de pla- ditoria funciona como um instru-
nos de saúde, a vantagem da audito- mento de gestão, pois através de um
ria interna é que existe um departa- longo e meticuloso processo revela
mento dentro da organização que irregularidades no prontuário mé-
exerce controle permanente, antes, dico, bem como na contabilidade e

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ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

na qualidade do serviço, baseado em uma equipe multidisciplinar e trei-


documentos ou processos. nada. No entanto, isso não diminui
Para considerar a auditoria seu papel no sistema, já que ele é o
eficiente e eficaz, é importante que responsável final pelas atividades da
ela se transforme em um sistema de organização que lidera, incluindo a
educação e melhoria contínua, que qualidade do atendimento e a efici-
se preocupa com a qualidade, segu- ência da alocação de recursos. A au-
rança e humanidade dos serviços de ditoria em seus vários níveis de ser-
saúde, e busca por meio de um pro- viço deve ter em consideração a ele-
cesso de ensino e aprendizagem e vação dos padrões técnicos e a me-
participação alcançar motivação e lhoria das condições hospitalares. O
participação de todas as pessoas que auditor em qualquer especialidade
cuidam de pacientes. Deve também colabora para a empresa pública ou
representar uma instância de medi- privada, na promoção e manutenção
ação, conciliação e resolução de con- da saúde do usuário.
flitos, que podem ocorrer nas rela- Segundo Salu (2018), afim de
ções entre profissionais, pacientes, poder realizar uma auditoria efici-
familiares, instituições, além de ser ente, o auditor procura conhecer de-
um sistema de caráter preventivo talhadamente a filosofia da institui-
dos erros profissionais e sua corre- ção, conhecer os contratos de aten-
ção sem ordem penal (MALAGÓN- dimento aos clientes e o modelo de
LONDOÑO, LAVERDE e REYNA- atendimento, cumprir a hierarquia
LES LONDOÑO, 2018). administrativa, e manter a ética e
De acordo com Malik e Vecina confidencialidade exigido para to-
Neto (2016), a auditoria hospitalar dos os trabalhos que analisa docu-
possui um papel relevante para as mentos e elabora um parecer téc-
instituições hospitalares, principal- nico. Usando dados e informações, a
mente no setor financeiro, avaliando empresa pode criar medidas ou indi-
o consumo e as taxas cobradas pela cadores para monitorar e melhorar
instituição. A rotina em alguns hos- seu desempenho em tudo o que for
pitais geralmente é a cobrança ina- essencial: produtividade, custos,
dequada de serviços que não foram data limite, satisfação do cliente,
feitos, erros médicos e outros servi- participação no mercado, desperdí-
ços realizados incorretamente. cios e qualidade total.
Para os autores Morais e Bur- Em consonância com as auto-
mester (2014), o administrador ne- ras Oliveira e Romcy (2019), é cor-
cessita do apoio e trabalho de toda reto afirmar que, de acordo com as

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ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

informações dos relatórios, a audito-


ria como ferramenta de gestão tem
um valor fundamental para as em-
presas hospitalares, que ganha auto-
ridade através da documentação dos
processos, da promoção da partici-
pação, incentivando a criatividade,
mensurando desempenho, além da
análise das causas e efeitos dos ser-
viços prestados. As ferramentas por
si só não vão melhorar a organiza-
ção, se não houver liderança e com-
promisso com a qualidade, se os ges-
tores não assegurarem às equipes o
tempo e os recursos necessários, se
não houver mudança na cultura or-
ganizacional e se as pessoas não fo-
rem capacitadas por meio da educa-
ção.
Conforme Malagón-Londoño,
Laverde e Reynales Londoño (2018),
uma auditoria de saúde bem-suce-
dida, em conjunto com a gestão hos-
pitalar, requer o comprometimento
de todos os profissionais envolvidos,
pois não tem como objetivo avaliar o
desempenho de um indivíduo ou
grupo, mas sim melhorar o atendi-
mento ao paciente e corrigir erros
cometidos pela equipe de saúde.

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ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

2. Ética na Saúde

Fonte: segurança do paciente 2

E mbora sua relevância seja con-


troversa, os efeitos colaterais
secundários da assistência à saúde
De acordo com Santos, Melo,
Maia e Furtado (2016), na Espanha
e na América Latina, os principais
são causa de elevada morbimortali- estudos de segurança sanitária mos-
dade em todos os sistemas de saúde tram que a incidência de eventos ad-
desenvolvidos, conforme demons- versos está aumentando a cada ano.
trado por diversos estudos epidemi- A possibilidade de evitar efeitos co-
ológicos em nível internacional. Al- laterais está relacionada à sua gravi-
gumas pesquisas indicam que os dade, de maneira que os efeitos ad-
problemas de segurança da saúde po- versos leves são mais fáceis de evitar
dem ser a terceira principal causa de do que efeitos moderados e graves.
morte nos Estados Unidos (FAIN-
TUCH, 2021).

2 Retirado em https://www.segurancadopaciente.com.br

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ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

Para os autores Cohen e Oli- saúde ideais e comparáveis ao co-


veira (2019), afim de evitar ou dimi- nhecimento atual dos profissionais.
nuir significativamente os danos Também, existe um consenso de que
causados pela assistência à saúde e a a qualidade do atendimento é a
crescente insatisfação com a assis- soma dos cuidados de saúde que são
tência médica, os sistemas de saúde oferecidos, conforme o conhecimen-
dos países industrializados têm se to científico e médico atual, oferecer
interessado pelos cidadãos desde os atendimento adequado às necessi-
primeiros anos do século XXI. O ob- dades dos pacientes, e prestar o
jetivo básico de todas as estratégias atendimento médico que é capaz de
de desenvolvimento e modernização realizar de forma adequada.
será melhorar a qualidade dos servi- Em consonância com o autor
ços de atendimento. Pois, um com- França (2019), é correto afirmar
que, as dimensões que compõem a
ponente essencial da qualidade é a
qualidade do atendimento seriam as
confiança e a segurança dos pacien- seguintes:
tes.  Competência profissional ou
qualidade técnico-científica do
Segundo Sá e Naves (2021), a
atendimento;
qualidade pode ser entendida de  Eficácia;
maneiras diferentes dependendo da  Eficiência;
estrutura disciplinar, com termos,  Acessibilidade;
 Satisfação;
classificações e modelos diferentes.
 Adequação;
Embora não exista concordância no
 Equidade;
setor de saúde sobre como definir a  Segurança do paciente.
qualidade do atendimento, o IOM
Conforme Faintuch (2021), a
define a qualidade dos serviços de
Organização Mundial da Saúde
saúde como o grau em que os servi- (OMS) define a segurança do paci-
ços de saúde oferecidos aos indiví- ente como a ausência ou redução do
duos e a população aumenta a possi- risco de danos desnecessários no
contexto da saúde a um mínimo
bilidade de alcançar resultados de

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ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

aceitável. Nesta definição, é impor- da qualidade dos serviços de saúde. A


tante notar que o termo “o nível mí- segurança é a estrutura sobre a qual
nimo aceitável” está se referindo ao as demais dimensões da qualidade
nível atual de conhecimento, aos re- são construídas. Sua ausência im-
cursos disponíveis e ao contexto de pactaria de forma negativa as de-
cuidado em relação ao risco de não mais dimensões, e seu aprimora-
receber tratamento ou outra alterna- mento é uma das linhas estratégicas
tiva de tratamento. Atualmente de atuação no setor saúde (FRANÇA,
pode-se considerar o termo “quali- 2019).
dade” como sinônimo de “excelên- De acordo com Faintuch
cia” e, portanto, é possível afirmar (2021), no final do século XX, o psi-
que o profissional é excelente (de- cólogo cognitivo James Reason citou
senvolve seu trabalho com quali- o erro humano como a execução
dade) se trabalhar sob três dimen- inadvertida de um plano errado para
sões: técnica, humana e sustentável. atingir um objetivo ou a execução ina-
Em outras palavras, o médico do sé- dequada de uma ação planejada. Isso
culo XXI deve ser um bom cientista, significa que o plano pode ser ade-
um bom filósofo e um bom econo- quado, mas as ações relacionadas a
mista. ele não acontecem conforme planeja-
A segurança do paciente foi do, mas o plano não é suficiente para
desenvolvida em diversos países, in- atingir o resultado desejado. Para
cluindo Reino Unido, Suíça, Canadá, compreender como os erros aconte-
Austrália, Espanha. Em nível global, cem e como eles afetam a segurança
a Assembleia da OMS aprovou uma do paciente, Reason sugere a investi-
resolução em 2002 solicitando aos gação de erros humanos usando
países membros que prestassem duas abordagens:
atenção especial à segurança do pa-  Centrada nas pessoas, ou mo-
delo pessoal.
ciente. Em outubro de 2004, foi fun-
 Centrada nos sistemas, ou
dada a Aliança Mundial para a Segu-
modelo sistêmico.
rança do Paciente, sob o lema “first
do no harm” (primeiro não danifi- Para os autores Santos, Melo,
que, ou seja, a máxima hipocrática Maia e Furtado (2016), a abordagem
Primum non nocere), a fim de redu- centrada nas pessoas, que assume que
zir acidentes e o risco de erros nos a causa dos erros são as pessoas, tem
sistemas de saúde. Atualmente, a se- sido tradicionalmente aceita e en-
gurança do paciente é um componen- tende que o erro é a causa dos efeitos
te combinado das várias dimensões

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ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

adversos. Em síntese, o erro é abso- isso não significa que os indivíduos


lutamente individual. Os erros são possam ser esquecidos. Também se
considerados como atos inseguros, espera que sejam mais vigilantes e
principalmente devido a processos responsáveis por suas próprias
mentais incorretos, como falta de ações. Embora a condição humana
memória, falta de atenção, desmoti- não possa ser alterada, as condições
vação, negligência, abandono e im- em que as pessoas trabalham po-
prudência. O procedimento de ação dem.
para prevenir e lidar com os erros de Em consonância com os auto-
uma abordagem centrada nas pes- res Sá e Naves (2021), é correto afir-
soas é a culpa e a punição: identifi- mar que, admitir a possibilidade de
car, localizar, treinar ou retreinar os cometer erros é inaceitável social-
culpados e tomar medidas discipli- mente, e em uma profissão com va-
nares. Seguidores dessa abordagem lores de perfeição, os erros são pra-
tendem a tratar os erros como pro- ticamente proibidos. Embora seja
blemas morais, presumindo que coi- evidente que os eventos adversos
sas ruins acontecem a pessoas ruins. graves tem seu pior lado no sofri-
Segundo Cohen e Oliveira mento dos pacientes e de seus fami-
(2019), em contraste com a visão an- liares e amigos (primeira vítima),
terior, a abordagem centrada nos não é somente eles que sofrem e são
sistemas tem como princípio básico afetados. As vítimas, ainda que em
que as pessoas falham e os erros são segundo plano, também são os pro-
esperados ou previsíveis mesmo nas fissionais que estão direta ou indire-
melhores organizações. O erro, por- tamente envolvidos no evento ad-
tanto, diz respeito ao coletivo, ao sis- verso e que sofrem emocionalmente
tema. Os erros são apresentados com seu resultado.
como consequência e não como Conforme França (2019), o
causa, que não tem origem na per- termo segunda vítima surgiu pela
versidade da natureza humana, mas primeira vez em um editorial no Bri-
em falhas iminentes no ambiente da tish Medical Journal em 2000, so-
saúde e são uma consequência dos bre o impacto dos erros envolvendo
processos e procedimentos utiliza- profissionais. O termo segunda víti-
dos. Com a abordagem sistêmica, as ma foi inserido por Albert Wu, para
ações não visam buscar a culpa entre se referir ao profissional envolvido
os envolvidos, mas sim evitar erros, em um evento adverso inevitável,
minimizar riscos e criar medidas de traumatizado pela experiência ou in-
segurança no sistema. Nessa visão, capaz de processar emocionalmente

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ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

a situação. A definição de segunda  Suportar a inquisição de ou-


vítima pode ser expandida para in- tros;
cluir qualquer profissional de saúde  Obter ajuda, “primeiros socor-
envolvido em um evento adverso, ros” emocionais;
erro médico ou lesão inesperada re-  Sobreviver ou avançar.
lacionada ao paciente, que se torna
vítima no sentido de que está trau- Para o autor Faintuch (2021),
matizado pelo evento. Esses impac- diante dessa situação, foi proposto
tos emocionais, que afetam signifi- os 5 direitos mais relevantes de uma
cativamente a vida privada da se- segunda vítima, nomeado com a si-
gunda vítima, além de influenciar o gla “TRUST” (“confiança”):
ambiente de trabalho, com perda de  Tratamento justo - não se pode
reputação profissional, desconfi- e não se deve presumir negli-
ança, diminuição da benevolência gência ou atribuir 100% de
para com os pacientes e sua separa- responsabilidade aos profissi-
ção, tendem a se expandir e se tornar onais contra falhas em siste-
crônicos quando a estratégia institu- mas que possam predispor a
cional se baseia no erros em uma erros humanos.
abordagem centrada nas pessoas e  Respeito - todos os membros
não no modelo sistêmico. A maior da equipe de saúde são susce-
parte das segundas vítimas relata tíveis e vulneráveis a erros e
que o apoio mais significativo é o de suas consequências. Eles de-
seus colegas de trabalho, mas, con- vem ser tratados com o mesmo
traditoriamente, é que menos acon- respeito que esperamos deles.
tece.
 Compreensão e compaixão - o
De acordo com França (2019),
profissional precisa de tempo
existe uma trajetória de seis etapas
e ajuda para ser capaz de pas-
na recuperação geral das segundas
sar pelo processo, devemos
vítimas:
entender a fisiopatologia da
 O caos e a resposta do aci- emergência psicológica que
dente; ocorre quando se causa dano a
 Reflexões não relevantes; um paciente involuntaria-
 Restauração da integridade mente.
pessoal buscando apoio para  Apoio - os profissionais têm
contar sua experiência ou en- direito a serviços psicológicos
tender o impacto; e serviços de apoio. Uma abor-

18
ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

dagem sistemática deve ser Segundo Santos, Melo, Maia e


adotada para fornecer esse Furtado (2016), o médico, sob a in-
tipo de cuidado de forma pro- fluência da medicina defensiva, de-
fissional e organizada, como senvolve uma série de comporta-
seria no tratamento de qual- mentos coerentes em procedimen-
quer outro paciente. tos diagnósticos e terapêuticos ex-
 Transparência e oportunidade tremos, embora estes possuam efi-
de melhora - é a base da gestão cácia limitada ou desnecessária, le-
de riscos, a prevenção de erros vando com que esse excesso de cui-
está ligada à aprendizagem de- dados exponha os pacientes a con-
les. Aprender com os erros só é trariedades sem necessidade e riscos
possível quando eles são co- evitáveis.
municados. Em vez de uma Em consonância com os auto-
simples declaração dos fatos e res Cohen e Oliveira (2019), é cor-
uma abordagem unilateral, é reto afirmar que, historicamente, a
necessário compartilhar e fa- medicina defensiva nos Estados
lar a respeito. Caso contrário, é Unidos tornou-se relevante na déca-
fácil abandonar o profissional. da de 1970, à medida que os avanços
e a especialização na medicina, asso-
A medicina é tradicionalmente ciada com a modernização contínua
entendida como um ato de grande da tecnologia aplicada, levaram a
confiança entre paciente e médico. uma mudança irreal na expectativa
Se essa confiança desaparecer, cor- de vida do paciente e nas chances de
re-se o risco de se estabelecer a me- recuperação e, como esperado, uma
dicina defensiva, que continua a ser espiral crescente de demandas aos
uma prática da medicina com base médicos por expectativas não aten-
na falta de confiança. Por medicina didas.
defensiva entende-se a substituição Conforme Sá e Naves (2021),
de uma avaliação médica pelo cuida- diante dessa situação, que está mu-
do praticado, ao avaliar exames ou dando a prática médica, é preciso
tratamentos que devem ser utiliza- questionar se a medicina defensiva é
dos em um determinado processo ética. Além de piorar a relação mé-
clínico, enfoca mais sobre o risco do dico-paciente, promove a perda de
que o profissional seja objeto de re- confiança entre eles e, em caso de re-
clamação do paciente ou sua família, clamação ou preocupação, leva o
que a evidência científica ou utilida- médico a perder a confiança em si
de terapêutica (SÁ e NAVES, 2021). mesmo e, com isso, o fortalecimento

19
ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

das medidas defensivas. A medicina De acordo com Sá e Naves


defensiva contradiz o princípio da (2021), na prática cotidiana, a rela-
justiça ou da distribuição equitativa ção clínica deve se mover dentro de
de recursos por causa de seu grande uma justa distribuição de recursos,
impacto sobre os custos e o uso de entre o respeito às preferências da
recursos. Além disso, aumenta des- pessoa e o dever de não abandonar o
necessariamente o risco de o pacien- paciente, o que causa, entre outras
te se submeter a tratamentos não in- coisas, que o profissional de saúde
dicados, podendo colocar em risco a seja o principal responsável pela de-
sua segurança, ou seja, é um com- finição das prescrições (preventivas,
portamento que também contradiz o diagnósticas e terapêuticas), tendo
princípio da isenção de danos. Ao em conta todos os princípios éticos
assumir que a medicina defensiva possíveis e a decisão entre estas di-
leva o médico a se comportar com ferentes indicações é responsabili-
base em uma atitude de autoprote- dade da pessoa.
ção e não no interesse do paciente ou Para o autor França (2019), na
na busca do seu bem, pode-se con- perspectiva dos princípios da bioé-
cluir que os princípios da autonomia tica, toda ação na área da saúde deve
e da benevolência estão sendo viola- ter como objetivo fazer o bem às pes-
dos. soas, não apenas desejá-lo (princí-
A medicina defensiva não só pio da Benevolência), mas promover
não previne erros e conflitos entre a livre escolha entre as várias indica-
médico e paciente, mas também os ções por meio de consentimento in-
promove, aumenta os custos da sa- formado. Isso significa levar em con-
úde e viola a ética, portando é neces- sideração os valores e preferências
sário criar propostas com o objetivo da pessoa (princípio da Autonomia).
de evitar a medicina defensiva, evi- E tudo isso para não prejudicar nin-
tar erros médicos, tanto quanto for guém, ou seja, para evitar o que é
possível. Nesse sentido, deve ser contraindicado (princípio da Não-
proposta uma cultura de segurança maleficência), e tratar a todos com a
que proporciona e promova medidas mesma consideração e respeito, em
eficazes de segurança do paciente, busca de uma justa distribuição de
que reduzam os erros médicos e ao bens e serviços conforme a as neces-
mesmo tempo mantenham a neces- sidades, para lutar contra a lei do
sária relação de confiança entre mé- tratamento desigual e prevenção da
dico e paciente (COHEN e OLI- discriminação (princípio da justiça).
VEIRA, 2019).

20
ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

Segundo Faintuch (2021), recursos adicionais com elevados


muitos autores levam em conta que custos econômicos e sociais.
a máxima hipocrática primum non Conforme Cohen e Oliveira
nocere, antes de tudo não prejudi- (2019), não se pode esquecer que, do
car, como um reflexo do princípio ponto de vista do princípio da Bene-
ético universal da Não-maleficência, ficência, a pessoa tem o direito a
como a premissa mais importante ajuda, mas sempre tendo a sua auto-
para a necessária promoção da segu- nomia respeitada. Em caso de lesão
rança do paciente nas unidades de como resultado da ação assistencial,
saúde do ponto de vista ético. Por- a pessoa tem o direito de repará-la
tanto, o fundamento ético da segu- tanto quanto possível e de ser infor-
rança do paciente não se baseia ape- mada do ocorrido. A obrigação de
nas no princípio da Não-maleficên- evitar erros decorre das obrigações
cia, mas inclui também os princípios dos profissionais e das organizações
da benevolência, autonomia e jus- de saúde decorrentes dos dois prin-
tiça. cípios que definem o nível jurídico
Em consonância com os auto- universal (não-maleficência e jus-
res Santos, Melo, Maia e Furtado tiça), a chamada ética mínima, que
(2016), é correto afirmar que, na antecede o estabelecimento da rela-
perspectiva da segurança do paci- ção clínica, e na maioria das vezes
ente, o princípio do Beneficência tomada por regulamentos legais e
equivale à obrigação positiva de eli- obrigatória. Assim que ocorre um
minar ou minimizar o prejuízo cau- erro e tendo causado um dano, o
sado e prevenir que haja outro, en- foco está nos princípios da Autono-
quanto o princípio da Não-malefi- mia e Beneficência, o paciente tem o
cência diz respeito à obrigação nega- direito, por um lado, de ser infor-
tiva de não causar dano. Desse mado sobre que ocorreu e, por outro
modo, a Beneficência condiz com a lado, de exigir e receber apoio, ajuda
obrigação de evitar não a omissão de e reparação dos danos causados.
atos indicados, enquanto a Não-Ma- Portanto, as obrigações éticas
leficência é definida com a obrigação de evitar erros médicos e promover
de evitar que atos contraindicados a segurança do paciente são molda-
sejam praticados. As obrigações com das pelos quatro princípios da bioé-
a segurança do paciente decorrem tica. Além disso, essas obrigações
também do princípio da Justiça, não são apenas obrigações pessoais
uma vez que os erros e a falta de se- de cada profissional, mas também
gurança obrigam o investimento de das instituições de saúde como um

21
ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

todo. Assim, eles criam um esquema cultura de segurança na organiza-


para analisar a ética organizacional ção que permita evitar ao máximo
responsável e suas obrigações em re- o aparecimento de erros. Quando
lação à segurança das pessoas que as medidas preventivas falham e o
servem (SANTOS, MELO, MAIA e erro ocorre, é necessário questionar
FURTADO, 2016). o que falhou do ponto de vista indi-
De acordo com Cohen e Oli- vidual, coletivo e institucional, a fim
veira (2019), diretores de saúde, de evitar o risco de diluição das res-
equipes de gestão de organizações, ponsabilidades dos profissionais.
comitês de qualidade ou comitês de Segundo França (2019), um
ética são os órgãos apropriados para dos desafios éticos mais impor-
realizar as considerações morais so- tantes é que para melhorar a segu-
bre a segurança do paciente, cada
rança das pessoas, requer o com-
um em sua área de responsabili-
prometimento individual por parte
dade. Esta ponderação no contexto
das instituições. As obrigações ori-
da dita ética da responsabilidade,
ginadas dos quatro princípios da
deve incluir a análise preliminar e
obrigatória da aplicação baseada nos bioética afetam tanto os profissio-
quatro princípios da bioética, que nais em nível individual quanto as
constituem o referencial para ter em organizações a que pertencem.
conta os argumentos de ordem eco- Em consonância com o autor
nômica, jurídica ou de políticas pú- Faintuch (2021), é correto afirmar
blica da Segurança do Paciente, que que, o princípio da responsabilidade
dependendo das circunstâncias de- ética sugere que o trabalho em
terminariam o mais apropriado den- equipe é um motivo para fortalecer a
tro dos limites eticamente corretos. responsabilidade de cada um dos
Além disso, os princípios éticos de membros e da instituição como um
responsabilidade, transparência, re- todo, e não uma desculpa para con-
levância e proteção universal, den- fundi-los. A primeira reação a um
tro da cultura de respeito à segu- erro deve ser de calma, analisar os
rança do paciente, podem contribuir fatos, apoiar os profissionais, corri-
com normas de comportamento em gir o erro da melhor maneira possí-
nível pessoal para cada um dos pro- vel, descobrir quem tem mais res-
fissionais envolvidos e também em ponsabilidade e comprometimento
nível institucional. institucional, e consertar o dano se
Para os autores Sá e Naves necessário, simultaneamente, to-
(2021), o desafio é fomentar uma mando medidas organizacionais

22
ESTRATÉGIA E GESTÃO DE PESSOAS

para fazer com que o problema não


ocorra novamente.
Conforme Santos, Melo, Maia
e Furtado (2016), é fato que os riscos
não podem ser erradicados, mas po-
dem e devem ser reduzidos, apren-
der com eles e melhorar a maneira
como são gerenciados e tratados,
afim de fortalecer a relação de confi-
ança com as pessoas que são cuida-
das nas instituições de saúde.

23
24
NOÇÕES BÁSICAS DE LIDERANÇA E EQUIPE ORGANIZACIONAL

3. Noções Básicas de Liderança e Equipe Organizacio-


nal

Fonte: ht3tps://www.scopi.com.br

S egundo Oliveira, Sobrinho e


Carneiro (2019), com o passar
dos anos, o conceito de liderança foi
capaz de influenciar os outros, de-
vido as suas habilidades e aptidões,
através do diálogo, dos exemplos e
se transformando devido às mudan- das atitudes, para atingir metas pre-
ças frequentes e à disseminação de definidas, e formar equipes com
novas ideias aplicáveis à organiza- base em seus conceitos. Liderança é
ção. O que era sinônimo de chefe ou o processo de se adaptar às mudan-
gestor, transformou-se na busca do ças, fazendo com que os liderados
desenvolvimento organizacional e se também se adaptem a elas, desco-
dividiu em diversos conceitos di- brindo suas motivações, incentivan-
frentes. A liderança é uma técnica do-as e as transformando de forma
criativa, comunicativa e flexível.

3 Retirado em: www.scopi.com.br

25
NOÇÕES BÁSICAS DE LIDERANÇA E EQUIPE ORGANIZACIONAL

Em consonância com os auto- aos objetivos pessoais dos liderados.


res Zanelli, Borges-Andrade e Bas- Porém, ao lidar com diferentes esti-
tos (2014), é correto afirmar que, o los de liderança adotados pelos líde-
líder pode atuar com diferentes ati- res, é preciso ter cautela, pois tam-
tudes na organização e de diferentes bém podem ter um impacto negativo
formas de acordo com as suas carac- nos liderados. Os estilos de lide-
terísticas, da empresa e de sua rança estão positivamente correlaci-
equipe. Portanto, o papel do líder é onados com a regulação emocional e
fundamental, quando é colocado em o esgotamento dos funcionários. Os
prática de forma eficiente e eficaz estilos de liderança também trazem
para atingir com sucesso os objeti- novos métodos para as organiza-
vos traçados. O líder é vital na dinâ- ções, incluindo o coaching, cujo ob-
mica organizacional, pois é uma fer- jetivo é desenvolver as habilidades e
ramenta de monitoramento das mu- competências dos colaboradores
danças sociais, para atuar intra e in- para melhorar em meio ao ambiente
ter organizacionalmente. Para isso, de trabalho e atingir determinado
os líderes devem ter carisma, ter co- objetivo.
nhecimento sobre gestão de equipes, Outro fator interessante rela-
analisar os estilos de liderança, ser cionado à liderança é a ética, sendo
motivador, estar preparado para a que a postura da liderança pode ser
mudanças, ser estratégicos e versá- um aspecto que influencia a repre-
teis. sentação dos liderados, e é direta-
Conforme Gramms e Lotz mente proporcional ao senso de jus-
(2017), o comportamento do líder tiça e ao comportamento ético do co-
influencia no comportamento de laborador. No ambiente corpora-
seus liderados, o que sucessiva- tivo, não são poucos os que acham
mente afetará os resultados espera- que sabem o que é liderança, mas
dos de forma positiva ou negativa, não agem como líderes, o que conse-
uma vez que a liderança está direta- quentemente, acaba interferindo di-
mente relacionada a motivação dos retamente na produtividade dos co-
colaboradores e à satisfação das ex- laboradores. É por isso que equipes
pectativas da organização. Nenhum com grande potencial muitas vezes
estilo de liderança deve ser igno- não conseguem produzir os resulta-
rado, pois é necessário se adaptar a dos que a empresa espera e, eventu-
diferentes situações e ambientes, almente, tornam-se desmotivadas.
não apenas para atender aos objeti- Liderança é a capacidade de uma
vos organizacionais, mas também pessoa liderar um grupo de pessoas,

26
NOÇÕES BÁSICAS DE LIDERANÇA E EQUIPE ORGANIZACIONAL

transformando-as em uma equipe Segundo Bergamini (2012), os


capaz de produzir os resultados de- principais tipos de liderança, são:
sejados pela empresa (SIQUEIRA,  Liderança autocrática - consis-
2013). te em uma figura de comando
De acordo com França (2012), autoritário, que costuma cen-
um líder é uma pessoa que pode ins- tralizar as tarefas e tomada de
decisão sem envolver a equipe.
pirar e motivar os liderados, com-
É um líder que impõe regras e
portando-se de maneira ética e posi- ordens, sem exercitar o diá-
tiva, para que eles sejam voluntários logo. Nesse estilo, há destaque
e contribuam com entusiasmo para para a falta de autonomia dos
alcançar os objetivos da equipe e da subordinados, que se compor-
organização, sempre explorando de tam como cumpridores de or-
cada membro da equipe os seus pon- dens. Agindo dessa forma, o lí-
der conduz o time à sua ma-
tos fortes. Porém, a liderança pode neira e acredita que os resulta-
ser complexa, pois além das habili- dos virão se for compreendido
dades técnicas, bons líderes também naquilo que quer.
devem ter inteligência emocional  Liderança democrática - como
para gerenciar funcionários e equi- o nome sugere, compreende as
pes, e serem capazes de desenvolver ideias e as decisões da equipe.
seus liderados, considerando expec- Nesse caso, o líder exerce pa-
pel de orientador e facilitador,
tativas pessoais e profissionais, e
enquanto a equipe é estimu-
tudo isso sempre ajustado com os in- lada a assumir mais responsa-
teresses das organizações. bilidades. Esse modelo per-
Para o autor Campos (2017), a mite a valorização dos profis-
liderança não é exercida apenas de sionais e foca no aumento da
uma só forma. São muitos os estilos produtividade. O reforço no
desempenho é esperado com o
que marcam os líderes com as mais
maior engajamento e motiva-
diversas características. Obvia- ção dos colaboradores.
mente, a influência que cada um  Liderança liberal - o líder par-
gera sobre os liderados no ambiente ticipa pouco e concede muita
da empresa também muda. Os líde- autonomia para os liderados.
res precisam apresentar clareza es- Os subordinados, então, nem
tratégica, estrutura organizacional, podem ser assim chamados, já
valores e princípios, compromisso que assumem um papel de
protagonismo, com grandes
na adoção de práticas de reconheci- responsabilidades. Eles costu-
mento, de remuneração e de salubri- mam agir e decidir sem o con-
dade do clima organizacional. sentimento do líder. É algo

27
NOÇÕES BÁSICAS DE LIDERANÇA E EQUIPE ORGANIZACIONAL

que pode tanto ter efeito posi- a capacidade de se colocar no


tivo, como um desempenho lugar do liderado para com-
acelerado pela satisfação pro- preender verdadeiramente as
fissional, quanto também ne- necessidades e desejos dele.
gativo. Acontece, por exemplo, Nesse caso, a habilidade que
quando a falta de orientações mais se destaca é a empatia.
leva o time a perder o foco nas
metas e objetivos da empresa. Em consonância com os auto-
 Leader coach - 0 líder aplica as res Oliveira, Sobrinho e Carneiro
técnicas e ferramentas de coa- (2019), é correto afirmar que, as
ching para proporcionar o de-
principais características presentes
senvolvimento da sua equipe,
tendo sempre no autoconheci- em um bom líder são:
mento o ponto de partida. A  Excelente comunicação - saber
ideia é que cada vez mais os li- se expressar de forma clara e
derados entendam as suas po- coerente é fundamental para
tencialidades e aprendam a que a equipe compreenda as
aprimorar as habilidades com- informações que são transmi-
portamentais deficientes ou tidas e consiga agir em conso-
inexistentes. Assim, encon- nância com o que foi solici-
trando a melhor versão de tado. Esse recurso também é
cada um, eles se tornam mais importante para apresenta-
completos e preparados para ções e reuniões.
atingir seu potencial máximo.  Bom relacionamento interpes-
 Liderança situacional - os líde- soal - um bom líder deve ter
res que adotam esse estilo es- uma relação amigável com to-
tão mais presentes em organi- dos no ambiente de trabalho.
zações que se transformam o A cordialidade e o respeito de-
tempo todo. Isso porque são vem fazer parte das conexões e
profissionais que têm habili- contatos. E a manutenção dos
dade em lidar com situações relacionamentos também con-
diversas, propondo ações e es- tribui para a melhora do clima
tratégias de acordo com os organizacional.
acontecimentos. A flexibilida-  Conhecer bem os integrantes
de, portanto, é uma das carac- da equipe - para liderar com
terísticas marcantes desse es- eficiência, é preciso identificar
tilo de liderança. as características e comporta-
 Liderança servidora - conta mentos de cada um. Assim, o
com um profissional que atua líder pode explorar os poten-
para atender aos objetivos e às ciais individuais e contribuir
expectativas da equipe. Dessa com o aprimoramento de pon-
forma, o líder servidor deve ter tos fracos do time.

28
NOÇÕES BÁSICAS DE LIDERANÇA E EQUIPE ORGANIZACIONAL

 Ter visão do futuro para se an-


tecipar a problemas e propor
soluções - ser visionário é uma
competência fundamental
para um bom líder. Assim, ele
pode tomar decisões impor-
tantes diante de situações de-
safiadoras que influenciam di-
retamente nos resultados.
 Buscar atualização e desenvol-
vimento constante - todo pro-
fissional deve ter essa preocu-
pação. Contudo, o líder precisa
ser ainda mais comprometido
com o crescimento e evolução.
Afinal, como orientador, ele
também serve de inspiração
para os liderados. Todos os lí-
deres devem ser como um es-
pelho e refletir aos seus cola-
boradores o comportamento
que gostaria que cada um ti-
vesse.

29
30
ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS NO TRABALHO

4. Administração de Conflitos no Trabalho

Fonte: https://lh3.googleusercontent.com4

S egundo Magaldi e Salibi Neto


(2018), em todos os ambientes,
seja em uma organização ou não,
que, a palavra conflito vem da pala-
vra latina conflictus, que significa
choque entre duas coisas, embate de
existem conflitos, pois sempre que pessoas, ou grupos opostos que lu-
um grupo de pessoas coexistir, ine- tam entre si, ou seja, é um conflito
vitavelmente haverá diferenças en- entre duas forças opostas. Na reali-
tre ideias, objetivos e outros fatores. dade, o conflito é o estado oposto de
Os gestores costumam ver o conflito pensamentos, pessoas ou interesses,
como sinônimo de problemas, mas não passando, basicamente, apenas
as divergências podem trazer bene- de visões e situações divergentes ou
fícios às atividades empresariais, incompatíveis. O conflito, atualmen-
pois, se gerenciadas de maneira ade- te, é inevitável e evidente. Sendo as-
quada, as situações de conflito pro- sim, compreendê-lo, e saber lidar
porcionam oportunidades de cresci- com ele, é fundamental para o su-
mento e mudanças. cesso pessoal e profissional.
Em consonância com a autora Conforme França (2012), os
Siqueira (2013), é correto afirmar conflitos são naturais e em muitos

4 Retirado em: lh3.googleusercontent.com

31
ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS NO TRABALHO

casos necessários, eles são o motor mais partes ao mesmo tempo. Saber
que move as mudanças. No entanto, as formas e tipos de ocorrência de
muitos conflitos são desnecessários conflitos, é essencial para que o ges-
e podem comprometer valores, cau- tor possa identificar e buscar a me-
sando danos à empresa e às pessoas lhor forma de resolução, ao se depa-
que nela trabalham. O principal de- rar com uma situação de atrito. Exis-
safio enfrentado pelos gestores é en- tem três tipos de conflitos:
contrar e gerenciar conflitos produ-  Conflito pessoal - é como a
tivos e contra produtivos. pessoa lida com si mesma, são
Os conflitos são causados pe- inquietações, dissonâncias
las diferenças de objetivos e interes- pessoais do indivíduo, e reflete
num abismo entre o que se diz
ses pessoais e são parte inevitável da
e faz, ou contraste entre o que
natureza humana, constitui o lado se pensa e como age. Esse tipo
oposto da cooperação e colaboração, de conflito pode levar a deter-
a palavra conflito está associada a minados estados de estresse e
desacordo e discórdia. Para que atrito.
ocorra um conflito, além das dife-  Conflito interpessoal - é aquele
renças entre estes fatores, deve ha- que ocorre entre indivíduos,
quando duas ou mais pessoas
ver também a intervenção delibera- encaram uma situação de ma-
da de uma das partes, ou seja, quan- neira diferente. Embora boa
do qualquer uma das partes, seja um parte dos conflitos sejam causa-
indivíduo ou um grupo, tenta alcan- dos por processos organizacio-
çar seus próprios objetivos interliga- nais, a maioria dos atritos e de-
savenças são, no entanto, de
dos com alguma outra parte, a qual origem interpessoal, o que
interfere na sua busca de atingir os torna-as mais difíceis de se li-
objetivos. Desta forma, o conflito dar. Podem existir ainda dentro
não é apenas um simples acordo ou dos conflitos interpessoais, o
desacordo, ele constitui uma inter- intragrupal (divergência numa
mesma área, setor, etc.), e in-
venção ativa ou passiva, que delibe- tergrupal (dissensão entre
radamente impõe obstáculos nos es- áreas, setores diferentes).
forços da outra parte para atingir  Conflito organizacional - esse
seus objetivos (SPECTOR, 2012). tipo de conflito não é funda-
De acordo com Lanzer (2017), mentado em sistema de prin-
os conflitos podem ocorrer na rela- cípios e valores pessoais, e
ção entre duas ou mais partes, e po- sim do resultado das dinâmi-
dem ocorrer entre pessoas, grupos cas organizacionais em cons-
tante mudança, muitas delas
ou organizações, ou entre duas ou
externas à empresa.

32
ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS NO TRABALHO

Para a autora Edmondson conflito velado, pois não é ma-


(2012), os conflitos também podem nifestado externamente com
ser classificados em: clareza.
 Conflito manifestado - é quan-
 Conflito interno - é o que pode
do o conflito é expresso por
ocorrer entre departamentos
meio de comportamento de in-
ou unidades de negócios, mas
terferência ativa ou passiva,
sempre tem como raiz o con-
por pelo menos uma das par-
flito entre pessoas. Esse tipo é
tes. É chamado conflito aber-
de certa forma o mais comple-
to.
xo, pois as partes conflitantes
estão supostamente do mesmo  Em consonância com os auto-
lado da mesa e a maior parte res Magaldi e Salibi Neto
dos custos é oculta. (2018), é correto afirmar que,
os conflitos são inevitáveis, e
 Conflito externo - em geral é
os administradores precisam
mais facilmente identificado, e
entender suas possíveis solu-
tem o custo mais fácil de ser
ções ou resoluções. Resolver
medido. Nesse caso o conflito
conflitos quase sempre envol-
pode ocorrer com outra em-
ve verificar as condições que o
presa, com o governo, outra
causaram. Conhecendo a na-
organização ou até com um in-
tureza e o tipo de conflito, os
divíduo. Em todos os casos
gestores serão capazes de agir
onde há conflito há pessoas,
de forma mais decisiva, au-
onde há pessoas há emoções.
mentando assim as oportuni-
dades de tomar uma decisão,
Segundo Gri e Moorhead
que garanta o bem estar entre
(2019), o conflito pode ocorrer em as pessoas ou grupos sem con-
vários níveis de gravidade: luio e injustiça.
 Conflito percebido - é quando
as partes percebem e compre- Conforme Siqueira (2013),
endem que o conflito existe, existem ambientes e situações que
pois sentem que seus objetivos
potencializam a ocorrência do con-
são diferentes dos objetivos
dos outros e que existem opor- flito. As principais causas de conflito
tunidades de interferência ou organizacional, são:
bloqueio. É chamado de con-  Mudanças - as mudanças
flito latente. ocorrem principalmente por
 Conflito experienciado - é pressão do mercado, forçando
quando o conflito provoca sen- a organização a adaptar-se às
timentos de hostilidade, raiva, novas realidades. Essas altera-
medo, descrédito entre uma ções são geralmente de caráter
parte e outra. É chamado de tecnológico, estrutural ou

33
ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS NO TRABALHO

comportamental, buscando emergenciais e isoladas de se-


com isso melhorar a eficácia tores distintos, sem dedicar-se
na busca por resultados, au- a integração de objetivos e me-
mentar ou manter lucros, en- tas da organização como um
xugar custos, atualizar a orga- todo.
nizações em todos os aspectos,
crescer ou manter-se no mer- De acordo com Spector (2012),
cado. Mudanças organizacio- certas condições inerentes às orga-
nais podem trazer demissões, nizações tendem a estabelecer con-
reestruturações e espalhar
ceitos entre pessoas e grupos, o que
medo e resistência, por isso re-
presentam uma fértil fonte de tende a criar ambientes conflitantes.
conflitos. Esse cenário constitui as condições
 Recursos limitados - a escas- antecedentes dos conflitos, que divi-
sez de recursos, devido a enxu- dem-se em quatro tipos, conforme a
gamentos promovidos pelas seguir:
organizações para tornarem-  Ambiguidade de papel - quan-
se competitivas, são motivo de do as expectativas são pouco
muitos atritos, pois podem li- claras e confusas, além de ou-
mitar o desempenho de cola- tras incertezas, aumentando a
boradores e departamentos. probabilidade de fazer com
As limitações vão desde di- que as pessoas sintam que es-
nheiro até às pessoas, o que tão trabalhando para propósi-
gera muitas vezes grandes jor- tos incompatíveis;
nadas de trabalho objetivando  Objetivos concorrentes - com
o alcance de metas em detri- o crescimento da organização
mento à interação entre gesto- os grupos e setores se especia-
res e subordinados, podendo lizam cada vez mais na busca
ocasionar cansaço, estresse e por seus objetivos. Desta for-
descontentamento geral. ma cada grupo realiza tarefas
 Choque entre metas e objeti- diferentes, focando objetivos
vos - impasses entre departa- diferentes, relaciona-se com
mentos ou diretorias são co- partes distintas do ambiente,
muns atualmente nas organi- ou seja, surge a diferenciação,
zações, em função principal- objetivos e interesses desi-
mente das metas e objetivos guais dos demais grupos da or-
que se chocam, por falta de co- ganização;
municação e sintonia entre as  Recursos compartilhados - os
áreas. A causa desse fator é ge- recursos organizacionais são
ralmente o planejamento defi- limitados e escassos, e a quan-
ciente, que compartimentado, tidade disponível precisa ser
prioriza muitas vezes ações distribuída e alocada entre os

34
ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS NO TRABALHO

grupos da empresa, de forma responsáveis por boa parte dos


que, se um grupo aumentar conflitos desnecessários;
sua quantidade de recursos,  Origem externa - onde muitos
outro grupo perderá ou terá de conflitos que vem do mundo
abrir mão de uma parcela dos externo são necessários e fa-
seus. Isso provoca a percepção zem parte do negócio, como
de objetivos e interesses dife- tensões de mercado, e aspec-
rentes e incongruentes; tos de entidades públicas e go-
 Interdependência de ativida- verno.
des - as pessoas e grupos de
uma organização precisam Existem muitos motivos para
uns dos outros para desenvol- um conflito, mas é essencial que o
ver suas atividades e alcançar
gestor realize um diagnóstico do in-
os objetivos. Isso ocorre quan-
do um grupo não pode realizar cidente para entender sua causa e,
a sua tarefa e alcançar seu ob- em seguida, resolvê-lo da maneira
jetivo a não ser que outro gru- mais adequada. O evento de disparo
po realize a sua ou alcance o conflitante nem sempre pode ser eli-
seu. Quando os grupos são al- minado, mas o administrador deve
tamente interdependentes fazer todo o possível para minimizar
existem oportunidades de que
os impactos negativos. Uma vez que
um grupo auxilie ou prejudi-
que o trabalho dos demais, o os conflitos são conhecidos e deter-
que é um potencial conflito. minados, eles precisam ser adminis-
trados e tratados, a fim de resolvê-
Para o autor Lanzer (2017), a los da forma mais eficaz. Quando se
natureza de um conflito pode ser estiver administrando um conflito, é
vista em três categorias: de extrema importância que antes
 Origem do comportamento que qualquer decisão seja tomada,
humano - é a parte mais com- todos os fatos sejam investigados,
plexa e integral de todo o tipo assim como as pessoas envolvidas,
de conflito, pois cada um tem seu comportamento, desempenho,
seu universo particular com-
etc. Tudo para eliminar a injustiça, e
posto de uma matriz de senti-
mentos, reações e pensamen- o conflito tenha um final satisfatório
tos; para todos (JOHANN, 2013).
 Origem estrutural - se refere a Segundo Edmondson (2012),
normas, políticas e procedi- uma qualidade importante no admi-
mentos, e particularmente flu- nistrador é sua qualidade de admi-
xos de informações da própria nistrar conflitos. Para isso, o gestor
empresa, podem ser em parte
tem à sua disposição três aborda-

35
ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS NO TRABALHO

gens para administrar conflitos, regulamentos que delimitem a


sendo elas: ação das pessoas. Já a criação
 Abordagem estrutural - o con- de papéis integradores con-
flito se forma das percepções siste em criar terceiras partes
criadas pelas condições de di- dentro da organização, de
ferenciação, recursos limita- forma que elas estejam sempre
dos e escassos e de interdepen- disponíveis para auxiliar na
dência. Se o gestor agir sobre busca de soluções favoráveis
algum desses elementos gera- dos conflitos que possam sur-
dores, a situação conflitante gir.
poderá ser controlada mais fa-
cilmente. Segundo Edmondson (2012),
 Abordagem de processo - essa existem várias maneiras de abordar
abordagem procura reduzir e administrar conflitos, porém uma
conflitos por meio da modifi- das mais eficazes é denominada de
cação de processos, podendo “Estilos de administração de Confli-
ser realizada por uma parte do
tos”, método criado por Kenneth
conflito, por pessoas de fora ou
uma terceira parte, e pode ser Thomas e Ralph Kilmann, que pro-
conduzida de três formas: a põem cinco formas de administrar
desativação do conflito, onde conflitos, conforme a seguir:
uma das partes opta pela coo-  Competição - é uma atitude as-
peração promovendo o acor- sertiva e não cooperativa, onde
do; reunião de confrontação prevalece o uso do poder. Ao
entre as partes, em que são competir o indivíduo procura
abertos os motivos do conflito atingir seus próprios interes-
de maneira mais direta entre ses em detrimento dos da ou-
os envolvidos; ou colaboração, tra pessoa, é um estilo agres-
que ocorre após passadas as sivo onde o indivíduo faz uso
etapas anteriores, com as duas do poder para vencer.
partes buscando uma resolu-  Acomodação - é uma atitude
ção vantajosa para todos. inassertiva, cooperativa e au-
 Abordagem mista - envolve tos sacrificante, o oposto da
tanto os aspectos estruturais competição, onde ao acomo-
como os de processo, e pode dar-se a pessoa renuncia aos
ser feita por meio da adoção de seus próprios interesses para
regras para resolução de con- satisfazer os interesses de ou-
flitos, ou criação de papéis in- tra parte. É identificada como
tegradores. A adoção de regras um comportamento generoso,
se utiliza de meios estruturais altruísta, e dócil.
para influenciar no processo  Afastamento - é uma atitude
de conflito, criando regras e inassertiva e não cooperativa,

36
ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS NO TRABALHO

pois ao afastar-se a pessoa não forma, portanto, os gestores preci-


se empenha em satisfazer os sam saber como e quando utilizar as
seus interesses e nem tam- diversas ferramentas à sua disposi-
pouco coopera com a outra
ção, tais como: negociação, poder, li-
pessoa. O indivíduo se coloca à
margem do conflito, adiando- tígio, arbitragem, ouvidoria, concili-
o ou recuando perante situa- ação, e várias outras ferramentas
ções de ameaça. disponíveis. Sendo assim, o desafio é
 Acordo - é uma posição inter- saber o que aplicar em cada situa-
mediária entre a assertividade ção, e tentar escolher e aplicar essas
e cooperação, onde o indiví- técnicas de forma inteligente.
duo procura soluções mutua- Conforme Magaldi e Salibi
mente aceitáveis, que satisfa-
çam parcialmente os dois la- Neto (2018), os conflitos podem ter
dos. O acordo significa trocar resultados positivos ou negativos, e
concessões, ou então procurar esse resultado depende de uma vari
por uma rápida solução de edade de fatores, desde a causa do
meio termo. conflito até a forma como ele é resol-
 Colaboração - é uma atitude vido. Os conflitos podem ter:
tanto assertiva quanto coope-
 Efeitos positivos - o conflito
rativa, onde ao colaborar o in-
desperta sentimentos e ener-
divíduo procura trabalhar com
gia no grupo, fazendo com que
a outra pessoa tendo em vista
muitas vezes busquem meios
encontrar uma solução que sa-
mais eficazes de realizar tare-
tisfaça plenamente os interes-
fas e soluções criativas e inova-
ses das duas partes.
doras. Também é estimulada a
coesão intragrupal, e por vezes
Em consonância com os auto- é chamada atenção para pro-
res Gri e Moorhead (2019), é correto blemas existentes, que sendo
afirmar que, não existe uma forma tratados de forma eficaz evi-
certa ou errada de lidar com os con- tam problemas maiores no fu-
flitos, cada maneira pode ser ade- turo.
quada e eficaz de acordo com a situ-  Efeitos negativos - o conflito
pode provocar consequências
ação, o problema a ser resolvido e as
indesejáveis para o bom funci-
personagens envolvidas. É impor- onamento da organização,
tante conhecer e usar várias opções como sentimentos de frusta-
para gerenciar conflitos e aprender a ção, hostilidade e tensão nas
utilizar suas habilidades, pois nem pessoas, que prejudica tanto o
todo conflito é igual e nem todo con- desempenho das tarefas como
flito deve ser resolvido da mesma o bem-estar das pessoas.

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ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS NO TRABALHO

 Geralmente é desperdiçada
muita energia na resolução de
conflitos, o que poderia ser di-
recionado para o trabalho, e
podem surgir comportamen-
tos que prejudiquem a coope-
ração e relacionamentos entre
as pessoas do grupo.

Os conflitos ajudam as organi-


zações nos processos de mudanças e
no desenvolvimento, mas em com-
pensação, embora o custo do con-
flito não seja percebido, ele afeta o
funcionamento da empresa, como
alto índice de rotatividade, absente-
ísmo, desmotivação, baixa produti-
vidade, dentre outros. O que deter-
minará se o conflito é construtivo ou
negativo será a motivação do pessoal
que está envolvido, sendo que, em
qualquer organização, a responsabili-
dade de facilitar a gestão desse con-
flito é de responsabilidade do gestor
(BORGES e MOURÃO, 2013).
Para o autor Spector (2012),
obviamente, que o conflito interfere
no funcionamento da organização,
portanto, ainda é necessário deter-
minar se tal interferência é benéfica
para as atividades, estimulando as
situações onde as discordâncias ge-
ram novas ideias e soluções diferen-
ciadas, e acalmando as situações em
que as consequências limita-se aos
custos e perdas, seja na produtivi-
dade ou na qualidade das relações
entre as pessoas.

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39
SISTEMA DE QUALIDADE E ACREDITAÇÃO HOSPITALAR

5. Sistema de Qualidade e Acreditação Hospitalar

Fonte: https://blog.radcare.com.br5

A acreditação hospitalar foi ins-


tituída como um método de
avaliação de recursos institucionais,
sultantes da prestação de assistência
e segurança presentes em institui-
ções, que geralmente são caracteri-
voluntário, periódico, reservado e zadas por excesso de trabalho, mui-
confidencial, com o objetivo de ga- tas vezes em conexão com pessoal
rantir a qualidade da assistência inadequado e treinamento insufici-
dentro de padrões mínimos especifi- ente de seus colaboradores (EL-
cados. No setor da saúde, há riscos WARRACK, CARÂP, RODRIGUES e
no fluxo de trabalho e há um alto ín- REZENDE, 2016).
dice de danos ao paciente, podendo De acordo com Marques
levar a lesões permanentes ou até (2015), a acreditação hospitalar per-
morte durante a internação hospita- mite que a empresa de saúde faça
lar. Os danos à saúde do paciente re-

5 Retirado em: https://blog.radcare.com.br

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SISTEMA DE QUALIDADE E ACREDITAÇÃO HOSPITALAR

um diagnóstico objetivo do desem- e divulgados, com o envolvimento


penho de seus processos, incluindo da alta direção do hospital até os
o atendimento direto ao paciente e mais simples dos funcionários. Os
as atividades administrativas. Após estabelecimentos de saúde caracte-
diagnosticar e desenvolver a equipe, rizam-se como organizações com-
a instituição implementa um mo- plexas em que existe um cenário que
delo de gestão voltado para a segu- favorece o desenvolvimento de rela-
rança do paciente, qualidade do ções conflituosas. A vasta gama de
atendimento e melhoria contínua de profissionais envolvidos e cada vez
seus processos. Ou seja, por meio da mais especializados, como médicos,
acreditação é possível ter um atendi- enfermeiros e técnicos, aliada a uma
mento de qualidade e segurança do extensa rede de serviços interliga-
paciente. dos, composta por lavandaria, assis-
Para a autora Possolli (2017), a tência médica, hotelaria, limpeza,
implementação da acreditação hos- vigilância, restaurante, recursos hu-
pitalar requer o envolvimento de vá- manos, relacionamento com o con-
rios grupos profissionais (alta dire- sumidor, entre outros, dificultam a
ção, médicos, equipe de enferma- gestão da saúde, pois os parâmetros
gem e executivos). A acreditação é de qualidade são essenciais (POS-
influenciada pela motivação dos co- SOLLI, 2017).
laboradores, e simultaneamente in- De acordo com El-Warrack,
fluencia o ambiente de trabalho des- Carâp, Rodrigues e Rezende (2016),
ses profissionais. os baixos padrões de qualidade na
O atendimento de boa quali- atenção à saúde têm sérias conse-
dade é aquele que gera os melhores quências para esse sistema e para a
resultados de saúde (entre benefício população, uma vez que serviços
e dano) para toda a população, de ineficazes acarretam custos elevados
acordo com um determinado vo- e levam a longas filas de espera para
lume de recursos. Por outro lado, o acesso ao atendimento, o que gera
um serviço ou produto é de quali- grande insatisfação entre todos os
dade se servir ao propósito para que atores sociais envolvidos. Nos con-
foi criado. Qualidade pode ser defi- ceitos mais atuais, melhoria contí-
nida como um processo contínuo, nua da qualidade refere-se à melho-
dinâmico, ininterrupto e abrangente ria constante, que se baseia em pa-
de identificação de erros em rotinas drões cada vez mais estabelecidos
e procedimentos, que precisam ser para redução de erros. Qualidade em
regularmente revisados, atualizados saúde pode ser definida como uma

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SISTEMA DE QUALIDADE E ACREDITAÇÃO HOSPITALAR

gestão que visa sistematizar proces- Para os autores El-Warrack,


sos, para trazer conforto e bem-estar Carâp, Rodrigues e Rezende (2016),
ao paciente, amparada por ideais um plano de segurança e qualidade
éticos e técnicos. na saúde resulta na implantação de
Para a autora Marques (2015), uma série de ações com o objetivo de
a segurança do paciente é uma prio- assegurar a ausência de eventos ad-
ridade da qualidade nos sistemas de versos, erros e incidentes, ou mini-
saúde em todo o mundo. Isso se deve mizar ao máximo as suas ocorrên-
à contribuição de estudos que mos- cias, como por exemplo:
tram os impactos indesejáveis à sa-  Identificação do paciente - a
úde causados pela má qualidade. As identificação correta do paci-
notícias de erros, negligência e even- ente é o primeiro passo para
tos adversos de cuidados de saúde evitar erros e riscos para a se-
gurança do paciente. Para as-
inadequados geraram e estão ge-
segurar que o paciente seja
rando grande preocupação social. corretamente identificado, to-
A segurança do paciente é de- dos os profissionais devem
finida pela Organização Mundial da participar ativamente desse
Saúde, como a redução ao mínimo processo, além da admissão,
do risco de danos desnecessários re- da transferência ou recebi-
lacionados à assistência à saúde, mento de pacientes de outra
unidade ou instituição, antes
sendo o dano entendido como o do início dos cuidados, de
comprometimento da estrutura ou qualquer tratamento ou proce-
função do corpo e/ou qualquer dimento, da administração de
efeito dele resultante, incluindo do- medicamentos e soluções.
ença, lesão, sofrimento, morte, inva-  Melhora da comunicação en-
lidez ou disfunção, que pode ser de tre profissionais - é de grande
natureza física, social ou psicológica importância o fluxo de infor-
mações trocadas entre pacien-
(MARQUES, 2015).
tes e profissionais, para que se
De acordo com Possolli (2017), alcance resultados positivos. O
entende-se, portanto, que a segu- paciente recebe diversos cui-
rança do paciente está vinculada à dados prestados por uma equi-
prevenção e redução de ações inse- pe multidisciplinar e em dife-
guras nos processos assistenciais, a rentes locais, o que torna
fim de alcançar os melhores resulta- indispensável a comunicação
eficaz entre os envolvidos nes-
dos possíveis para a segurança e sa- te processo. Melhorar a quali-
úde do paciente. dade da comunicação irá redu-

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SISTEMA DE QUALIDADE E ACREDITAÇÃO HOSPITALAR

zir custos para os gestores e


trará mais confiança ao paci-
ente.
 Manutenção da cultura de se-
gurança - gestores precisam
oferecer a sua equipe multidis-
ciplinar treinamentos repetiti-
vos e contínuos como princí-
pio fundamental a meta de
melhoria da segurança, a fim
de reduzir e/ou anular a por-
centagem de erros.

43
4
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SISTEMA DE QUALIDADE E ACREDITAÇÃO HOSPITALAR

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