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I – Objetivo

Determinar o centro de gravidade de um veículo Baja utilizado em competições


Baja SAE.

II – Introdução teórica

O centro de massa de um veículo é de extrema importância para os projetos de


freios, acelerador, suspensão e transmissão, sendo que em cada um desses projetos o
centro de massa terá uma influência diferente.
Nesse experimento, será usado como referência o livro The Automotive
Chassis: Engineering Principles, para que possa ser obtido o posicionamento do centro
de massa do veículo.
É válido dizer que um veículo possui diversos centros de massa que são
considerados na literatura supracitada. Porém o nosso interesse é de saber o centro de
massa do conjunto inteiro, considerando que o veículo é um corpo rígido.
Inicialmente é necessário descobrir o posicionamento do centro de massa do
veículo no eixo horizontal (eixo x). Para isso precisamos apenas saber a massa total do
veículo, e a partir de uma somatória de momentos em um dos pontos de contato do
carro com o solo, determina-se essa coordenada. Veja isso mais detalhadamente a
seguir.

Figura 1: Forças em Z e distâncias em X em relação ao centro de massa

Fazendo a somatória de momentos no ponto de contado do pneu da dianteira


com o solo, temos:
(1)

Onde:
= distância em X do centro de massa ao eixo dianteiro;
= entre eixos do veículo;
= força Peso do carro;
= força normal no eixo traseiro.

Com isso, conseguimos determinar o posicionamento do centro de massa em


relação ao eixo horizontal (eixo X).
Em relação ao eixo vertical (eixo Z), usaremos o equacionamento proposto na
referência.

Figura 2: Representação carro inclinado

Note:

Note também que:


Eliminando :

, onde

Portanto:

E:

Finalmente:
(2)

A determinação do termo , é feita através de um gráfico de ,


como mostrado na figura 3.

Figura 3: Exemplo de gráfico


Com a inclinação da reta desse gráfico, é possível determinar a altura ,
determinando assim, as coordenadas do centro de massa.

III – Procedimento Experimental

III – I – Materiais necessários

 Balança;
 Talha;

III – II – Metodologia

Deve-se inicialmente calcular o centro de massa em relação a horizontal. Para


isso basta nivelar a altura do carro, para que ele fique em um plano.
Medindo o valor em um dos eixos e conhecendo a massa do carro já basta para
fazer os cálculos. Caso não se conheça a massa do carro deve-se pesar os dois eixos.
É importante que o piloto esteja no carro para que sejam feitas as medições.
Isso feito basta fazer os cálculos utilizando o equacionamento mostrado na
introdução teórica e dar sequência a segunda parte do experimento.
Engatando a talha do reboque da dianteira do veículo eleva-se a frente do carro
e mede-se essa elevação. Utilizando a balança, mede-se a massa que esta
“concentrada” na traseira para cada elevação e calcula-se a diferença dela em relação
a medida quando o veículo estava no plano.
Deve-se dessa forma anotar os pontos em uma tabela semelhando a abaixo
ilustrada.

Tabela 1: Exemplo de tabela para se anotar os dados


Ponto m Δm Elevação tan α
1
2
3
4
5
6

Em seguida constrói-se o gráfico de , e determina-se a inclinação


da reta média do gráfico.
A partir desses dados então, é possível determinar a segunda coordenada do
centro de massa do veículo.
IV – Resultados e Discussão

Utilizando o método já descrito no procedimento experimental fez-se primeiro


a determinação da coordenada do centro de massa em relação ao eixo horizontal. A
medida da concentração de massa no eixo traseiro, a massa total do veículo, a
distância frontal do centro de massa ao centro da roda traseira (calculado com a
equação 1), e a distância do centro de massa ao cetro da roda traseira, são mostrados
na tabela 2, que também pode ser vista da planilha “Centro de massa – Gráfico de
Frenagem”.

Tabela 2: Coordenada eixo X Centro de massa


Coordenada CG - X

Massa Traseira (Kg) 140,1


Massa Total (Kg) 263
Entre Eixos (mm) 1600

Distancia Frontal (mm) 852,3193916


Distância Traseira (mm) 747,6806084

Em seguida, fez-se o experimento para calcular a distância do centro de massa


ao solo, seguindo o procedimento já descrito anteriormente.
As medidas das alturas, massas e o cálculo das tangentes dos ângulos, são
mostrados na tabela 3:

Tabela 3: Medidas do experimento para o plano inclinado


Ponto m Δm Elevação (mm) tan α
1 144,1 4 100 0,062622429
2 145 4,9 143 0,089734112
3 149,1 9 251 0,158841704
4 150,5 10,4 302 0,192204849
5 154 13,9 402 0,259576641

Com esses resultados, fez-se o gráfico de e a partir de uma


regressão linear (feita usando o software), encontrou-se a inclinação da reta média, e
com esse valor, e utilizando a equação 2 da introdução teórica, calculou-se a posição
do centro de massa em relação ao solo. O gráfico obtido e a distância calculada são
mostrados a seguir, também podem ser vistos na planilha “Centro de massa – Gráfico
de Frenagem”.

Tabela 4: Coordenada do centro de massa em relação ao solo


Coordenada Z (solo) 598,843 mm
16
y = 54,596x
14

12

10
Δm

0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3
tan α

Figura 4: Gráfico para a determinação da posição do centro de massa em relação ao solo

Como pode ser visto na figura 4, os pontos não ficaram dispersos em relação a
reta, o que garante que o experimento foi realizado de maneira correta e que o ponto
do centro de massa é confiável.

V – Conclusão

A determinação do centro de massa em relação a horizontal, é muito tranquila,


e o experimento é de fácil realização, além de ser confiável.
Já a parte da determinação da altura do centro de massa é algo mais
complicado e que merece um pouco mais de cuidado durante a sua realização. Todos
os detalhes devem ser devidamente observados para que a o experimento seja
realizado de forma correta.
Uma segunda alternativa para a obtenção do centro de massa em relação ao
solo é utilizar o método de massas distribuídas. Neste são considerados os centros de
massa individuais de cada componente do veículo, e através de uma série de cálculos é
determinada a posição do centro de massa em relação ao eixo vertical.
Um detalhe não citado nesse relatório é a posição do centro de massa em
relação a o eixo q entra no plano da folha. Este foi desconsiderado, porém verificou-se
durante o experimento que o carro está muito desbalanceado o que pode ser um
problema. O fato de o carro estar desbalanceado, ou seja, o centro de massa no eixo
entrando na folha não estar centrado, pode contribuir para favorecer o carro em
determinadas curvas e prejudicar em outras.
Por fim, o experimento pode ser considerado satisfatório e de confiança
suficiente para utilização em projetos de novos protótipos.
Fica como sugestão o uso de balanças em todas as rodas do veículo, para a
análise na horizontal, e nas rodas traseira para a determinação da coordenada vertical.
Referências Bibliográficas

[1] REIMPELL J.; STOLL H.;BETZLER J. W. The Automotive Chassis: Engineering


Principles. 2. ed. Oxford: Butterworth-Heinemann, 2001. 444p.

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