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FICHA 8 - QG

EQUILÍBRIO IÓNICO

O equilíbrio iónico é um caso particular do equilíbrio químico e estuda o comportamento dos


iões em solução.

Uma solução é classificada como electrólito forte pela grande quantidade de espécies iónicas
liberadas em solução. Já um electrólito fraco tem o número de iões reduzido.

O equilíbrio é medido pela constante de equilíbrio e pelo grau de equilíbrio. Para que ele ocorra,
é necessário que a temperatura seja constante e o sistema não tenha trocas com o ambiente.

Equilíbrio iónico de ácidos e bases


Os exemplos mais comuns de equilíbrios iónicos são os que envolvem ácidos e bases em solução
aquosa.

Ionização do ácido
Ácido é um composto covalente que ioniza em água e liberta H + em solução, formando iões
hidrónio H3O+.

O deslocamento do equilíbrio está relacionado com a força do ácido: quanto mais forte o ácido, o
equilíbrio será deslocado para direita, no sentido de formação das espécies iónicas.

Dissociação da base
Base é um composto iónico que se dissocia em água e liberta iões OH-.

O deslocamento do equilíbrio está relacionado com a força da base: quanto mais forte a base, o
equilíbrio será deslocado para direita, no sentido de libertação das hidroxilas em solução.
Constante de equilíbrio para ácidos e bases
A constante de equilíbrio é uma grandeza que caracteriza o equilíbrio, levando em consideração
os aspectos cinéticos das reacções químicas.

Constante de ionização
Para os ácidos, utiliza-se a constante de ionização, que é definida a partir de Kc.

Considerando que a água é um líquido puro, a concentração dessa substância não participa do
cálculo da constante e é substituída pelo número 1.

Constante de dissociação
Para as bases, utiliza-se a constante de dissociação, que é definida a partir de Kc.

Quanto aos valores das constantes é importante lembrar que:

 Quanto maior o valor de Ka, mais forte é o ácido.


 Quanto maior o valor de Kb, mais forte é a base.
 O valor da constante varia conforme a temperatura.

Lei da diluição de Ostwald


O químico alemão Wilhelm Ostwald (1853-1932), de acordo com suas observações sobre os
equilíbrios iónicos, formulou a seguinte lei:

Um electrólito (ácido, base ou sal) cuja concentração em mols diminui no volume da


solução, a uma dada temperatura, tem seu grau de ionização ou dissociação elevado.
A lei de diluição de Ostwald relaciona:

 Constante de ionização (K);


 Grau de dissociação (α);
 Concentração em mol/L (M).

Essas expressões são úteis para prever o comportamento dos ácidos e bases fracas quando ocorre
uma diluição.
Consequentemente, o grau de dissociação aumenta para que o valor de K permaneça constante,
já que ele só modifica com a temperatura.

Deslocamento de equilíbrios iónicos


Três factores podem alterar o equilíbrio químico: pressão, temperatura e concentração.

Os equilíbrios em fase gasosa são mais sensíveis às variações de pressão. Já as mudanças de


temperatura, alteram o valor da constante de equilíbrio e favorecem reacções que absorvem
calor.

Considerando a temperatura constante, temos que o factor que altera o equilíbrio iónico em fase
aquosa é a concentração.

Produto iónico da água

O produto iónico da água é dado pela multiplicação entre os produtos de sua autoionização, isto
é, os iões hidrónio e hidroxilo.
O cientista Friedrich Kohlrausch (1840-1910) foi o primeiro a propor que a água pura conduz
electricidade, ainda que em pequena escala. Isso ocorre porque a água se comporta de modo
anfótero; isto é, em determinadas ocasiões ela age como ácido, doando protões (H +); e em outras
se comporta como base, recebendo protões.
Isso significa que a água realiza a sua própria ionização, conforme a equação química
representada a seguir:

Esse processo é denominado autoionizaao da água e ocorre em escala muito pequena, ou seja, a
água é um electrólito muito fraco, com valores baixos de grau de ionização e de constante de
ionização no equilíbrio. É exactamente por isso que a água possui condutibilidade tão baixa.

As concentrações dos iões hidróxido e hidrónio produzidos na autoionização da água pura são
iguais a 1 . 10-7 mol . L-1.

A constante do equilíbrio iónico da água é denominada constante de dissociação da água,


constante de autoprotólise ou produto iónico da água.

Essa constante é representada por Kw porque o w se refere à palavra water, que em inglês


significa água.

Seu cálculo é feito da mesma forma que as outras constantes de equilíbrio (K c e Kp). Somente os
produtos irão aparecer na expressão, porque a água no estado líquido tem actividade igual a 1.

Kw = [H3O+] . [OH-]

Kw = (1 . 10-7) . (1 . 10-7)


Kw = 10-14

Assim como as outras constantes de equilíbrio,  o Kw só se altera com a mudança de


temperatura.  À medida que a temperatura da água aumenta, a sua ionização também cresce, o
que significa que a autoionização da água é um processo endotérmico, isto é, que absorve calor.

pH e pOH

A sigla pH significa potencial hidrogeniónico e foi criada pelo bioquímico dinamarquês Soren


Sorensen, em 1909, para facilitar o trabalho com as concentrações hidrogeniónicas [H+], que
normalmente são expressas em números decimais.

Esse tipo de notação indica o teor de iões H+ presentes na solução e é definido pela expressão
matemática:

De maneira semelhante, podemos definir o pOH ou potencial hidroxiliónico, que nos diz o teor
de iões OH- presentes na solução. Sua expressão matemática é:

Em uma solução aquosa sempre haverá iões H+ e OH-  (devido à ionização sofrida pela água) que
serão utilizados para caracterizar uma solução em ácida ou básica.  

Caso haja um equilíbrio na quantidade desses iões, a solução será classificada como neutra.
Escala de pH
A escala de pH é apresentada com valores que variam de 0 a 14 (valores medidos a 25°C). Veja a
escala de pH na imagem abaixo:

Quanto menor o pH da solução,  maior é a sua acidez,  e quanto mais próximo do final da
escala, ou seja, mais próximo de 14, maior será seu carácter básico.

Como calcular pH e pOH


Conhecendo a concentração dos iões, podemos calcular os valores de pH e pOH das soluções,
e, sabendo os valores dos potenciais, calculamos a concentração dos iões nas soluções. Para
tanto, utiliza-se as seguintes expressões:

Exemplo 1
Se queremos saber o pH de uma solução com [H +] = 0,001 mol/L, basta usarmos a fórmula
anteriormente apresentada:

Exemplo 2
Agora, para saber qual a concentração de OH- de uma solução com
pOH = 5, basta substituir o valor na seguinte fórmula:
Se aplicarmos a mesma escala dos potenciais para o equilíbrio iónico da água, teremos:

Como foi dito que a 25°C, Kw = 10-14. Portanto:

Com isso, podemos calcular o pOH de uma solução com base no seu pH. Se temos uma solução
com pH igual a 3, então seu pOH será 11.

Exercícios

1. O grau de dissociação iónica do hidróxido de amónio, NH 4OH, em solução 2 mol/L é


0,283% na temperatura de 20 °C. A constante de ionização da base, nessa temperatura, é
igual a:

a) 1,6 ∙ 10–5
b) 1,0 ∙ 10–3
c) 4,0 ∙ 10–3
d) 4,0 ∙ 10–2
e) 1,6 ∙ 10–1

2. A concentração de íons OH–(aq) em determinada solução de hidróxido de amónio, a 25 ºC,


é igual a 1.10–3 mol/L. O pOH dessa solução é:
a) 0
b) 1
c) 3
d) 11
e) 13

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