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BRANQUEAMENTO E BRANQUITUDE

INTRODUÇÃO

Branquitude: Construção social da raça branca como superior a partir das ideias sobre
branqueamento; diz respeito a um lugar de vantagens simbólicas, subjetivas e materiais
disponíveis para as pessoas identificadas como brancas em uma sociedade onde o racismo é
estrutural.

1) BRANQUITUDE

-> Construção social da raça branca como superior a partir das ideias sobre branqueamento

-> Lugar de vantagens simbólicas, subjetivas e materiais disponíveis para as pessoas


identificadas como brancas em uma sociedade onde o racismo é estrutural.

Branqueamento: vinda dos imigrantes, miscigenação, apagamento dos negros. Ideologia aceita
no Brasil entre 1889 e 1914 baseada na premissa de que é necessário embranquecer o país;
tornar o país branco.

2) BRAQUEAMENTO -> Ideologia aceita no Brasil entre 1889 e 1914 -> premissa: é necessário
embranquecer o país (torná-lo branco) -> vinda dos imigrantes -> miscigenação ->
apagamento dos negros -> BRANQUEAMENTO

Ao longo do texto serão focalizados alguns aspectos referentes ao entrelaçamento dessa


dimensão subjetiva das relações raciais, com outras mais concretas e objetivas, uma vez que
ambas se reforçam mutuamente para funcionar como potencializadoras da reprodução do
racismo.

3) ENTRELAÇAMENTO DIMENSÕES SUBJETIVAS E OBJETIVAS DAS RELAÇÕES SOCIAIS -> SE


REFORÇAM E POTENCIALIZAM -> REPRODUÇÃO DO RACISMO

4) ASPECTOS IMPORTANTES DA BRANQUITUDE:

- Medo que alimenta a projeção do branco sobre o negro

- Pactos narcísicos entre os brancos (negação, EVITA-SE o problema com vistas a manutenção
de privilégios raciais)

- Conexões possíveis entre ascensão negra e branqueamento

No Brasil, o branqueamento é repetidamente avaliado como um problema do NEGRO que está


descontente e desconfortável com sua condição de negro e procura identificar-se como
branco, se misturar com ele para diluir suas características raciais.

5)

BRASIL – BRANQUEAMENTO – AVALIADO COMO PROBLEMA DO NEGRO (DESCONTENTE E


DESCONFORTÁVEL COM SUA CONDIÇAO DE NEGRO) – PROCURA IDENTIFICAR-SE COM O
BRANCO (BRANCO RISCADO COM UM X)

Nesse processo, o BRANCO pouco aparece, apenas como modelo universal de humanidade.
Vemos então, que o branqueamento é um processo inventado e mantido pela elite branca
brasileira e apontado por ela como um problema do negro brasileiro.

6)

BRANCO - modelo universal de humanidade

BRANQUEAMNETO – INVENTADO E MANTIDO PELA ELITE BRANCA, PROBLEMA DO NEGRO

O branco acaba por fazer uma apropriação simbólica do padrão de referência de toda uma
espécie que fortalece sua autoestima e o autoconceito em detrimento dos demais:

-> legitimando sua supremacia econômica, política e social

-> construindo um imaginário extremamente negativo sobre o negro, que danifica sua
identidade racial, sua autoestima, culpando-o pela discriminação que sofre e, por fim,
justificando as desigualdades raciais

7)

BRANCO – APROPRIAÇÃO SIMBÓLICA DE UM PADRÃO DE REFERÊNCIA DA ESPÉCIE

LEGITIMA SUA SUPREMACIA ECONÔMICA, POLÍTICA E SOCIAL

CONSTRÓI UM IMAGINÁRIO ALTAMENTE NEGATIVO DO NEGRO (DANIFICA SUA IDENTIDADE


RACIAL, SUA AUTOESTIMA, O CULPA PELA DISCRIMINAÇÃO QUE SOFRE, JUSTIFICA AS
DESIGUALDADES RACIAIS)

Fica muito explícito nos debates, nas pesquisas ou nas implementações de programas
institucionais de combate às desigualdades, o silêncio, a omissão ou a distorção que há em
torno do lugar que o branco ocupou e ocupa nas relações raciais brasileiras. O foco da
discussão é sempre o negro e há um silêncio sobre o branco.

A falta de reflexão sobre o papel do branco nas desigualdades raciais no Brasil é uma forma de
insistir que elas se constituem um problema unicamente do negro, pois só ele é estudado e
problematizado.

8)

NOS DEBATES, PESQUISAS OU PROGRAMAS DE COMBATE ÀS DESIGUALDADES -> O


SILÊNCIO, A OMISSÃO OU A DISTORÇÃO QUE HÁ EM TORNO DO LUGAR QUE O BRANCO
OCUPOU E OCUPA NAS RELAÇÕES RACIAIS BRASILEIRAS

FOCO -> NEGRO

FALTA DE REFLEXÃO SOBRE O PAPEL DO BRANCO NAS DESIGUALDADES-> FORMA DE


INSISTIR QUE É UM PROBLEMA DO NEGRO APENAS

O branco reconhece a desigualdade racial e carência negra, mas como consequência de ter
sido escravo; ele não se vê no passado, nem no processo. Eles não se reconhecem como parte
essencial na permanência das desigualdades raciais no Brasil, pois não associam as
desigualdades à discriminação racial (sintoma da branquitude).

9)
DESIGUALDADE RACIAL E CARÊNCIA NEGRA RECONHECIDAS PELO BRANCO COMO
CONSEQUÊNCIA DE TER SIDO ESCRAVO.

ELE NÃO SE VÊ NO PASSADO, NEM NO PROCESSO.

NÃO SE RECONHECEM COMO PARTE ESSENCIAL NA PERMANÊNCIA DAS DESIGUALDADES


RACIAIS NO BRASIL.

NÃO ASSOCIAM AS DESIGUALDADES À DISCRIMINAÇÃO RACIAL.

Evitar focar no branco é evitar discutir os vários aspectos do privilégio. Mesmo em situação de
pobreza, o branco tem o privilégio simbólico da brancura, o que não é pouca coisa.

A pobreza tem cor, mas não é conveniente considerá-la. O que se repete é que o problema se
limita à classe social, mas definitivamente não é só isso.

Na verdade, o legado da escravidão para o branco é um assunto que o país não quer discutir,
pois os brancos saíram da escravidão com uma herança simbólica e concreta extremamente
positiva, fruto da apropriação do trabalho de quatro séculos de outro grupo.

10)

EVITAR FALAR DO BRANCO É EVITAR DISCUTIR OS PRIVILÉGIOS, INCLUSIVE O PRIVILÉGIO


SIMBÓLICO DA BRANCURA, É EVITAR FALAR DA HERANÇA SIMBÓLICA E CONCRETA POSITIVA
RECEBIDA DA ESCRAVIDÃO, FRUTO DA APROPRIAÇÃO DO TRABALHO DE QUATRO SÉCULOS
DE OUTRO GRUPO

A POBREZA TEM COR, MAS O QUE SE REPETE É QUE O PROBLEMA SE LIMITA À CLASSE
SOCIAL.

Há benefícios concretos e simbólicos em se evitar caracterizar o lugar ocupado pelo branco na


história do Brasil. Este silêncio e cegueira permitem não prestar contas, não compensar, não
indenizar os negros: no final das contas, são interesses econômicos em jogo.

Por essa razão, políticas compensatórias ou de ação afirmativa são taxadas de protecionistas,
cuja meta é premiar a incompetência negra etc., etc. Como nos mostra Denise Jodelet (1989),
políticas públicas direcionadas àqueles que foram excluídos de nossos mercados materiais ou
simbólicos não são direitos, mas sim favores das elites dominantes.

Por outro lado, há benefícios simbólicos, pois qualquer grupo precisa de referenciais positivos
sobre si próprio para manter a sua autoestima, o seu autoconceito, valorizando suas
características e, dessa forma, fortalecendo o grupo.

11)

HÁ BENEFÍCIOS CONCRETOS E SIMBÓLICOS NO SILÊNCIO E NA CEGUEIRA EM RELAÇÃO AO


LUGAR OCUPADO PELO BRANCO NA HISTÓRIA DO BRASIL:

NÃO HÁ PRESTAÇÃO DE CONTAS, NEM COMPENSAÇÃO, NEM INDENIZAÇÃO DOS NEGROS

POLÍTICAS COMPENSATÓRIAS OU DE AÇÃO AFIRMATIVA SÃO FORMAS DE PREMIAR A


INCOMPETÊNCIA NEGRA E POLÍTICAS PÚBLICAS AOS EXCLUÍDOS SÃO FAVORES DAS ELITES
DOMINANTES E NÃO DIREITOS

MANTÉM A SUA AUTOESTIMA, O SEU AUTOCONCEITO, VALORIZAM SUAS CARACTERÍSTICAS,


FORTALECENDO O GRUPO
Então, é importante, tanto simbólica como concretamente, para os brancos, silenciar em tomo
do papel que ocuparam e ocupam na situação de desigualdades raciais no Brasil. Este silêncio
protege os interesses que estão em jogo.

12) ESSE SILÊNCIO DO BRANCO PROTEGE OS INTERESSES QUE ESTÃO EM JOGO!

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