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Leitura e Gramática – 7º ano – Caderno 4

Intertextualidade

A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou seja, é a influência e relação que


um estabelece sobre o outro. Assim, determina o fenômeno relacionado ao processo de
produção de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos existentes em
outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de ambos: forma e conteúdo.

Em linhas gerais, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de forma que essa relação pode
ser estabelecida entre as produções textuais que apresentem diversas linguagens (visual,
auditiva, escrita), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, dança,
cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, provérbios, charges, dentre outros.

Tipos de Intertextualidade

Há muitas maneiras de realizar a intertextualidade sendo que os tipos de intertextualidade


mais comuns são:

 Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmente, em forma de crítica


irônica de caráter humorístico. Do grego (parodès) a palavra “paródia” é formada pelos termos
“para” (semelhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante à outra”. Esse
recurso é muito utilizado pelos programas humorísticos.
 Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a mesma ideia contida no texto
original, entretanto, com a utilização de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego
(paraphrasis), significa a “repetição de uma sentença”.
 Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras, textos científicos, desde artigos,
resenhas, monografias, uma vez que consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que
tenha alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígrafhe” é
formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé” (escrita). Como exemplo
podemos citar um artigo sobre Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384
a.C.-322 a.C.): "A cultura é o melhor conforto para a velhice".
 Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção textual, de forma que
dialoga com ele; geralmente vem expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação
de outro autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem relacionar a
fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar.
 Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros textos. Do Latim, o
vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).

Exemplos

Segue abaixo alguns exemplos de intertextualidade na literatura e na música:

Intertextualidade na Literatura
Fenômeno recorrente nas produções literárias, segue alguns exemplos de intertextualidade.

O poema de Casimiro de Abreu (1839-1860), “Meus oito anos”, escrito no século XIX, é um
dos textos que gerou inúmeros exemplos de intertextualidade, como é o caso da paródia de
Oswald de Andrade “Meus oito anos”, escrito no século XX:

Texto Original

“Oh! que saudades que tenho Paródia


Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida “Oh que saudades que eu tenho
Que os anos não trazem mais! Da aurora de minha vida
Que amor, que sonhos, que flores, Das horas
Naquelas tardes fagueiras De minha infância
À sombra das bananeiras, Que os anos não trazem mais
Debaixo dos laranjais!” Naquele quintal de terra!
Da rua de Santo Antônio
(Casimiro de Abreu, “Meus oito anos”) Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais”

Intertextualidade na Música

Há muitos casos de intertextualidade nas produções musicais, veja alguns exemplos:

A música “Monte Castelo” da banda legião urbana cita os versículos bíblicos 1 e 4,


encontrados no livro de Coríntios, no capítulo 13: “Ainda que eu falasse as línguas dos
homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que
tine” e “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com
leviandade, não se ensoberbece”. Além disso, nessa mesma canção, ele cita os versos do
escritor português Luís Vaz de Camões (1524-1580), encontradas na obra “Sonetos” (soneto
11):

“Amor é um fogo que arde sem se ver;


É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”

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