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A GINÁSTICA LABORAL E SEUS BENEFÍCIOS

NO AMBIENTE DE TRABALHO DE MILITARES


DA MARINHA COM SEDE NA CIDADE DE
LADÁRIO-MS
Wagner Marques de Souza ¹
Tiago Maboni Derlan ²

RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo investigar os benefícios da Ginástica Laboral no
ambiente de trabalho de militares da Marinha com sede na Cidade de Ladário-MS. Os impactos
negativos que podem surgir de um ambiente de trabalho hostil podem atingir diversos tipos de
indivíduos em diversas áreas, dependendo da sua exigência muscular e postural, além dos
problemas relacionados ao estresse do dia a dia principalmente por se tratar de um ambiente
militar que possui peculiares específicas relacionadas a cada função. Desta forma, a Ginástica
Laboral, que é uma área da educação física criada com o objetivo de resolver, através da
prática de exercícios físicos os problemas de saúde relacionados aos mais diferentes tipos de
trabalho, trará uma gama de benefícios para seus praticantes, e é justamente isso que torna
esta atividade uma ferramenta extremamente eficaz tanto para os indivíduos quanto para as
instituições, que evitaram a evasão de sua força de trabalho em virtude de problemas de saúde
mais graves, além disso, esta atividade tornará possível uma melhora no ambiente de trabalho e
um significativo aumento da produtividade.

Palavras-chave: Ginástica Laboral; Educação Física; Ambiente de trabalho; benefícios;

1. INTRODUÇÃO

A cada dia a modernidade nos apresenta novas inovações tecnológicas, as empresas


buscam mais e mais profissionais qualificados para exercerem funções administrativas
interligadas ao mundo digital. Na contramão dessas inovações está o trabalhador que acaba
tendo sua carga horária de trabalho aumentada e muitas vezes não encontra tempo para cuidados
básicos com sua saúde física e mental prejudicando assim, o seu desempenho funcional. Desta
forma, visando amenizar estes problemas que afetam seus funcionários, muitas empresas tem
investido em um programa de Ginástica Laboral, que é uma atividade física orientada, praticada
durante o horário do expediente, visando benefícios pessoais no trabalho, além disso, esta
atividade busca minimizar os impactos negativos provenientes da rotina do trabalhador e traz
Acadêmico do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI-Educação Física (LEF113-Corumbá/MS) –
grandes
Prática benefíciosTópicos
Interdisciplinar: aos empregadores, motivo pelo qual é estimulada por diversas empresas no
Especiais – 29/11/2021
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Tutor
mundo do Centro
inteiro.Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI-Educação Física (LEF113-Corumbá/MS)
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Nas instituições da Marinha do Brasil situadas no Complexo Naval de Ladário, podemos


verificar uma a existência de um Programa de Ginástica Laboral, que se denomina Treinamento
Físico Militar (TFM), realizado pelo menos 3 vezes por semana no horário de 08 às 09h da
manhã e acompanhado por um profissional de educação física que realiza atividades funcionais,
corridas e natação, além de exercícios de alongamento e ginástica localizada. Essa atividade tem
por objetivo diminuir a carga de trabalho desta função tão desgastante, para evitar a incidência de
doenças ocupacionais e desta forma permitir uma utilização efetiva de toda mão de obra a
serviço das atividades fins desempenhadas por cada instituição militar componente do Complexo
Naval de Ladário, que são principalmente o patrulhamento das fronteiras com os países da
América do Sul. Desta forma manutenção de um programa de Ginástica Laboral segundo Lima
(2019) “visa promover o aprimoramento físico dos militares e proporcionar maior disposição
para o trabalho, melhorando seu estado geral”, e ainda destaca que:

[...] a promoção da saúde é a transformação dos comportamentos dos


indivíduos, com foco no estilo de vida e na modificação de sua maneira de
pensar e agir, as atividades e programas de promoção da saúde necessitam
concentrar-se em componentes educativos, primariamente relacionados com
os riscos comportamentais passíveis de mudanças. (LIMA, 2019, p. 22).

A atividade militar por se tratar de uma atividade com altos níveis de atenção, acaba por
proporcionar um maior nível de estresse, desta forma, conforme citado acima, se faz necessário
uma manutenção diária da promoção da saúde a fim de se manter os comportamentos em
padrões aceitáveis para o cumprimento da tarefa militar.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As primeiras informações encontradas sobre a Ginástica Laboral fazem menção a um


pequeno livreto editado na Polônia datado de 1925, em que há referências da chamada Ginástica
de Pausa. Seu objetivo focava em uma atividade voltada para os operários. Ela também foi
identificada em estudos feitos na Noruega, em que era realizada através do Serviço Social dos
Marinheiros, que faziam atividades físicas, a bordo dos próprios barcos ou nos portos durante as
escalas. Após seu início na Polônia, a Ginástica Laboral foi difundida pelo mundo, e foi no
Japão em 1928 que ela teve seu grande desenvolvimento sendo utilizada para atividades dos
funcionários dos Correios. Logo após o fim da II Guerra Mundial, foi se espalhando por todo o
país, e atualmente dois terços dos trabalhadores japoneses a realizam diariamente, obtendo
resultados na redução de acidentes, melhoria do bem-estar dos trabalhadores e principalmente no
aumento da produtividade.
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Nos Estados Unidos, a Ginástica Laboral é utilizada por muitas empresas não somente
para melhorar e manter o condicionamento físico dos funcionários, mas também para promover
o bem-estar psicológico e a produtividade, reduzindo desta forma o absenteísmo e o estresse, sua
implantação se deu através de um médico:

“Foi também por volta de 30 anos atrás que um jovem médico americano
tentava fazer entender a classe médica que corridas radicais previnem os males
da vida sedentária (problemas cardíacos, obesidade, entre outros). Keneth
Cooper entende ter trazido para a medicina o conceito de exercício que dá
saúde e alegria às pessoas.” (MARCHESINI, 2002, p. 35).

Em se tratando do Brasil, o surgimento ocorreu em 1973, na Federação de


Estabelecimentos de Ensino Superior em Novo Hamburgo (FEEVALE) com um projeto de
Educação Física Compensatória e Recreação no qual a escola era estabelecida pela escola, uma
proposta de exercícios baseados em análises biomecânicas.

A ginástica laboral, desde o seu surgimento, vem suprindo, uma necessidade de quebra
de ritmo na extensa carga horária de alguns trabalhadores que tem atacado maciçamente a vida
mental dos indivíduos devido a todo o esforço para manter-se sob controle nas diversas
atividades exercidas. Desta forma, ao começarem a participar da ginástica, os trabalhadores
descobrem que é um momento, talvez o único do dia em que podem realizar uma higiene mental
expandindo o corpo, a mente e o espírito de uma forma integrada, tornando possível então,
relaxar e abrir mão do autocontrole, livres de risco de acidentes, erros e tensão decorrente,
aliviando também o estresse. A ginástica laboral preenche também uma lacuna no que diz
respeito à atenção e valorização dos funcionários, o que se torna um diferencial para as empresas
por se tratar de uma questão de humanização do ambiente laborativo.

Pagliari (2002) trata do assunto afirmando que atualmente, não se mantém competitiva no
mercado a empresa que não valoriza a qualidade de vida de seus funcionários, considerando que
a produtividade é diretamente proporcional à saúde dos mesmos.

Diversos estudos epidemiológicos mostram associação entre aumento dos níveis


de atividade física e redução da mortalidade geral e por doenças
cardiovasculares em indivíduos adultos e idosos. Embora ainda não estejam
totalmente compreendidos, os mecanismos que ligam a atividade física à
prevenção e ao tratamento de doenças e incapacidade funcional envolvem
principalmente a redução da adiposidade corporal, a queda da pressão arterial, a
melhora do perfil lipídico e da sensibilidade à insulina, o aumento do gasto
energético, da massa e força muscular, da capacidade cardiorrespiratória, da
flexibilidade e do equilíbrio. (COELHO E BURINI, 2009, p. 937).
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No entanto, ainda segundo Coelho e Burini (2009), a qualidade e a quantidade das


atividades físicas para a diminuição de riscos à saúde provavelmente se diferenciam daquelas
voltadas para melhorar o condicionamento físico, as convenções para a realização de exercícios
terapêuticos ou preventivos englobam atividades resistidas e aeróbias, aliadas às atividades
físicas rotineiras. Em se tratando de idosos ou adultos, com limitações ou comorbidades que
impeçam a realização de exercícios físicos, há um consenso, de que realizem ainda atividades
para o desenvolvimento da flexibilidade e do equilíbrio.

Lima (2009) afirma que a Ginástica Laboral é praticada, na maioria das empresas, em
sessões que variam de cinco a dez minutos, diariamente, com o objetivo de proporcionar ao
empregado uma melhor capacidade funcional obtida através da prática de exercícios de força,
alongamento e dinâmicas de recreação com o objetivo de resgatar a humanidade no ambiente de
trabalho. Lima (2009) afirma ainda que “o tempo de permanência em cada exercício é
importante para manter os participantes conscientes no posicionamento corporal, fluxo da
respiração, amplitude de movimento e correção do movimento e do alinhamento postural se for
necessário”.

O Profissional de Educação Física deve orientar as empresas para dividirem o


grupo de trabalhadores e/ou setores, de forma que as sessões tenham no
máximo 30 participantes, sendo o ideal entre 15 e 25 por sessão; caso seja um
setor ou uma linha de produção que todos os funcionários necessitam parar
juntos, aumentar o número de profissionais. (LIMA, 2009, p. 94)

Reis, Moro e Contijo (2003) em seus estudos sobre alguns males relacionados à má
postura, observaram uma diminuição dos atestados médicos, que tratavam principalmente sobre
lombalgias, após a implementação do programa de ginástica laboral.  Endossando a informação
acima:
A categoria da indústria têxtil, tem sido alvo de preocupações, principalmente
no setor de costura, por apresentarem uma organização de trabalho que
oferece risco a sua saúde, onde a lombalgia, representa 57% das dores
dos trabalhadores, que realizam suas atividades sentados. (REIS, MORO E
CONTIJO, 2003, p. 1)
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3. MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia utilizada neste estudo foi a pesquisa bibliográfica, desenvolvida a partir da


consulta de materiais publicados em livros, artigos, dissertações e teses que nos ofereceram
meios que auxiliaram na definição e resolução dos problemas já conhecidos, como também nos
permitiu explorar novas áreas.
Conforme Andrade (1997) uma pesquisa bibliográfica pode ser desenvolvida de maneiras
diferenciadas, como um trabalho em si mesmo ou constituir-se numa etapa de elaboração de
monografias, dissertações, etc. De acordo com a autora, não existem determinadas regras para a
execução de pesquisas bibliográficas, mas algumas tarefas que a experiência demonstra serem
importantes. Dessa forma, seguiu-se o seguinte roteiro de trabalho:
A- Exploração das fontes bibliográficas: livros, revistas científicas, teses, relatórios de pesquisa
entre outros, que contêm não só informação sobre determinados temas, mas indicações de outras
fontes de pesquisa;
B- Leitura do material: conduzida de forma seletiva, retendo as partes essenciais para o
desenvolvimento do estudo;
C- Elaboração de fichas: contém resumos de partes relevantes do material consultado;
D- Ordenação e análise das fichas: organizadas e ordenadas de acordo com o seu conteúdo,
conferindo sua confiabilidade;
E- Conclusões: obtidas a partir da análise dos dados. O cuidado aqui observado diz respeito ao
posicionamento neutro em relação ao problema pesquisado.
Através da pesquisa bibliográfica, torna-se possível o exame da problemática do papel do
Orientador Educacional nos estágios da formação de professores sob uma nova abordagem.
Finalmente, através deste método viabiliza-se agrupar em uma única base de dados todas as
informações coletadas, cujas fontes encontram-se em bibliotecas, órgãos públicos, coleções
particulares de professores e amigos, publicações, entre outros. Assim sendo, consegue-se obter
um panorama mais completo sobre a atuação do Orientador Educacional nos estágios da
formação de professores, capaz de fornecer uma análise mais consistente da realidade.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A cada dia a modernidade vem modificando o dia-a-dia dos indivíduos, aumentando as


horas de trabalho e diminuindo o tempo de lazer e atividades físicas, fazendo com que muitas
vezes, esse excesso de trabalho, contribua para aquisição de doenças físicas ou mentais. Essas
alterações no modo de vida do ser humano tem ocasionado uma elevação no surgimento de
doenças ocupacionais, como distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) ou
pela lesão por esforço repetitivo (LER), e ainda ocasionam doenças de origem psicológica, frutos
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da rotina estressante dos trabalhadores. Com intuito de diminuir ou prevenir as doenças


ocupacionais, podemos perceber um maior investimento por parte das empresas na prática de
exercícios físicos no próprio local de trabalho durante o expediente, desta forma surge o
Programa de Ginástica Laboral (PGL), com o objetivo de promover a saúde do trabalhador
através da prática de exercícios físicos, visando compensar os grupamentos musculares mais
exigidos durante as atividades laborais, a fim de se evitar desgaste físico-motores e prevenir
possíveis lesões. Além disso, o programa pode ampliar seus objetivos, para além da prática de
atividade física, como a promoção da autoestima, do autoconhecimento, e possíveis melhorias do
convívio social na empresa.
Os benefícios relacionados à implantação do Programa de Ginástica Laboral pelas
empresas são inúmeros tais como a diminuição da incidência das doenças ocupacionais, o
aumento da produtividade além da diminuição com despesas médicas. Para os trabalhadores os
benefícios são: a melhora na autoestima, a melhora no relacionamento interpessoal, a redução de
stress, a redução de dores, diminuição da fadiga e melhora na saúde física, metal e emocional.
Em relação à prática da Ginástica Laboral na Marinha em Ladário, existe um horário destinado à
esta prática orientada por um profissional de educação física e que tem apresentado bons
resultados na diminuição de afastamentos temporários para tratamento de doenças ocupacionais.

5. CONCLUSÃO

A profunda mudança que ocorre em todos os segmentos da sociedade passou a exigir dos
indivíduos, uma grande capacidade de adaptação, tanto física, como mental e ainda
comportamental. Em muitos casos, a grande demanda de exigência que ocorrem devido às
mudanças da vida e, consequentemente, a necessidade de se ajustar a tais mudanças, acaba
expondo as pessoas a uma frequente situação de conflito, ansiedade, angústia e instabilidade
emocional, desta forma, acabam sendo atingidas pelo estresse que é uma resposta neuroendócrina
do organismo, a estímulos que ameaçam romper o seu equilíbrio dinâmico principalmente, pelos
esforços que são realizados com intuito de se adaptar a uma determinada situação existencial.
Estresse, ansiedade e esgotamento são termos bastante usuais no cotidiano da “vida
moderna”, o que nos predestina a ser mais competitivos e cada vez melhores, para sobreviver num
mercado cada vez mais exigente. Desta forma o estresse já é considerado uma epidemia do século
XXI gerando diversos efeitos são negativos, tanto para as pessoas, quanto para as empresas e por
isso, o tema saúde mental e trabalho vem sendo estudado por vários profissionais e pesquisadores.
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Concluímos então a importância da realização do Programa de Ginástica Laboral é uma
ferramenta extremamente eficaz tanto para os indivíduos quanto para as instituições, que evitariam
assim a evasão de sua força de trabalho em virtude de problemas de saúde mais graves. Além
disso, esta atividade tornaria possível uma melhora no ambiente de trabalho e um significativo
aumento da produtividade. Portanto dever incluída na vida útil de uma empresa que sem dúvidas
gozará dos benefícios oriundos desta prática.

REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023. Informação e documentação –


Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

COELHO C F, Burini R C. Atividade física para prevenção e tratamento das doenças crônicas
não transmissíveis e da incapacidade funcional. Rev Nutr (Campinas).2009; 22(6):937-946.
Disponível em http: www.scielo.br/j/rn/a/3CfMRjMyHsMGzBxKRM6jtWQ/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em 27/11/21.

LIMA, Valquíria de. Ginástica Laboral e saúde do trabalhador. São Paulo: CREF/4, 2019.

MÜLLER, Antônio José (Org.). et al. Metodologia científica. Indaial: Uniasselvi, 2013.

MARCHESINI, Carlos Eduardo. REVISTA MACKENZIE (jan. 2002). São Paulo, v. 2, n. 1, p.


33-46.

PAGLIARI, Paulo. REVISTA CONSCIÊNCIA (jul./dez. 2002). Palmas, Pr, v. 16, n. 2, p. 19-30.

REIS, P. F.; MORO, A. R. P.; CONTIJO, L. A. A importância da manutenção de bons níveis de


flexibilidade nos trabalhadores que executam suas atividades laborais sentados. Revista
Produção Online, [S. l.], v. 3, n. 3, 2003. DOI: 10.14488/1676-1901.v3i3.563. Disponível em:
https://producaoonline.org.br/rpo/article/view/563. Acesso em: 27 nov. 2021.

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