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Assim como os portugueses, os espanhóis buscaram ampliar seu mercado consumidor e aumentar
o acúmulo de riquezas por meio da expansão marítima. Eles chegaram à América em 12 de outubro
de 1492 e, inicialmente, procuraram estabelecer alianças com os povos indígenas que habitavam a
região do Caribe. No entanto, pouco tempo depois, iniciaram o processo de dominação da região,
promovendo diversas formas de trabalho compulsório e entrando em conflito com povos indígenas.
A princípio, a colonização foi empreendida por indivíduos com recursos próprios. Em troca da
cobrança de impostos, a coroa concedia a eles benefícios como títulos de nobreza e ganhos sobre
a exploração da terra. Embora a maioria das tentativas iniciais tenha fracassado, os colonizadores
que tiveram êxito conseguiram altíssimos lucros, títulos e fama, além de se tornarem os primeiros
governantes das novas terras, chamados adelantados.
Temendo a concentração de poderes pelos adelantados, a Espanha instaurou na América o cargo
de vice-rei, função que era ocupada por um nobre de confiança da coroa. O vice-rei administrava a
colônia e respondia diretamente ao monarca espanhol, ocupando o cargo por quatro anos. Ao longo
do período colonial, foram fundados quatro vice-reinos espanhóis na América: o de Nova Espanha e
Parcela o do Peru, no século XVI, e o de Nova Granada e o do Rio da Prata, no século XVIII. Além deles, foram
considerável de
prata também criadas quatro capitanias-gerais: a do Chile, a de Cuba, a de Guatemala e a da Venezuela, localiza-
circulou das em pontos estratégicos do território colonial. As regiões mais importantes contavam, ainda,
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Para mais
O sistema de castas informações sobre
os estatutos de
Ao cruzar o Atlântico, os europeus trouxeram à América as tradicionais desigualdades sociais de limpeza de sangue
seu continente, às quais foram acrescentadas outras divisões sociais e étnicas. Desde a Idade Média, na Península Ibérica,
consulte: ACHA,
havia, na Península Ibérica, os chamados estatutos de limpeza de sangue, que impunham uma série Jaime de Salazar.
La limpieza de
de restrições aos descendentes de judeus e muçulmanos. Portugueses e espanhóis que almejassem sangre. Revista de
cargos públicos, militares ou religiosos deveriam primeiro provar que não eram descendentes de la Inquisicián, n. 1.
Madri: Editorial
muçulmanos ou judeus até a sexta ou sétima geração. Na América, a limpeza de sangue passou a Universidad
significar não apresentar ascendência indígena, negra ou oriental, e o conceito foi utilizado como Complutense,
1991. p. 289-308.
base para um sistema de castas que vigorou a partir do século XVII. Disponível em:
<https://dialnet.
Nesse sistema, o topo da hierarquia social era ocupado pelos chapetones ou peninsulares (espa- unirioja.es/descarga/
articulo/157763.
nhóis nascidos na Europa). Logo depois, vinham os criollos, descendentes de espanhóis, nascidos pdf>. Acesso em:
na América. Esses grupos compunham a elite local. No entanto, por terem nascido em solo colonial, 2 jul. 2020.
os criollos não podiam ocupar os principais cargos administrativos. O restante da população era for-
mado majoritariamente por indígenas, seguidos de mestiços (como eram chamados os filhos de
espanhóis com as nativas) e africanos escravizados, todos excluídos de posições de poder e prestí-
Os dados referentes
gio. Os mestiços, em geral, trabalhavam em pequenos comércios, no campo e em serviços domés- ao número de
escravizados no
ticos. Os indígenas atuavam na agricultura, nas minas e na construção. Os africanos escravizados, Peru e na Nova
por sua vez, estiveram mais presentes nas ilhas do Caribe e no Vice-Reino de Nova Granada, traba- Espanha foram
extraídos de: GATES
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
lhando principalmente nas plantações de cana-de-açúcar e em serviços domésticos. Ainda assim, JUNIOR, Henry
Louis. Os negros na
até o século XIX, Peru e Nova Espanha receberam cerca de 700 mil africanos escravizados. América Latina. São
Paulo: Companhia
Com o tempo, a miscigenação deu origem a outros grupos, como o dos chamados mulatos (filhos das Letras, 2014.
de espanhóis com africanos) e zambos (filhos de indígenas e africanos), ampliando o sistema de p. 92-93.
castas e as desigualdades na população.
SUN_SHINE/SHUTTERSTOCK
coloniais de Portugal quanto as da Espanha alegavam
que, ao serem catequizados, os indígenas se tornariam
melhores vassalos e trabalhadores. Assim, religiosos
foram enviados às colônias com o objetivo de conver-
tê-los ao cristianismo. Na maioria das vezes, impunha-
-se aos indígenas costumes e modos de vida que eles
não compreendiam ou não aceitavam. Para resistir
a essa imposição, os indígenas buscaram maneiras
de continuar praticando seus cultos, associando-os
ao cerimonial católico, ou reagiram com violência,
assassinando religiosos e destruindo igrejas.
Essa relação, contudo, nem sempre foi conflituosa.
Em diversas ocasiões, os religiosos atuaram em defe-
sa dos indígenas contra os colonos. O bispo domini-
cano Bartolomé de las Casas, por exemplo, conseguiu
a proibição da escravidão indígena, bem como da
encomienda, sistema que vigorou na América es-
panhola e que permitia a exploração do trabalho
indígena em troca de sua catequização.
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Conexão com Linguagens (EM13LGG202)
Analisando
Pinturas de castas
No século XVIII, diversos artistas abordaram a divisão social que vigorava na
América espanhola, produzindo séries de imagens que registravam as possíveis
combinações entre os diferentes grupos, expressando o imaginário preconceituo-
so da época, de acordo com o qual, quanto mais branca fosse a sociedade, mais
ordenada ela seria.
Essas imagens ficaram conhecidas como pinturas de castas. O conjunto mais
comum dessas pinturas continha dezesseis combinações com pai, mãe e filho.
Observe, a seguir, duas pinturas de castas, produzidas pelos artistas Miguel Ca-
brera e José de Alcíbar, ambos nascidos no Vice-Reino da Nova Espanha.
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