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CDU 577.27
Figura A.5 A cromatografia de afinidade usa a ligação antígeno-anticorpo ticorpo específico; as outras moléculas são lavadas. O antígeno de interesse será,
para purificar antígenos ou anticorpos. Para purificar um determinado antíge- então, eluído por alteração do pH, que, em geral, rompe as ligações anticorpo-
no dentro de uma mistura complexa de moléculas, usa-se um anticorpo monoclo- -antígeno. Os anticorpos podem ser purificados da mesma forma, com antígenos
nal ligado a uma matriz insolúvel, como as esferas de cromatografia. A mistura ligados a esferas (não mostrado).
será, então, passada pela matriz, para que o antígeno de interesse se ligue ao an-
O anticorpo marcado pode ligar-se ao antígeno não marcado, sob condições nas
Adicionar anticorpo anti-A
covalentemente conjugado à enzima quais a adsorção inespecífica é bloqueada; todos os anticorpos não ligados e ou-
tras proteínas são retirados por lavagens. A ligação do anticorpo, no RIA, é medida
diretamente pela quantidade de radioatividade retida nos poços, ao passo que no
ELISA a ligação é medida por uma reação que converte um substrato incolor em um
produto colorido (Fig. A.6). A mudança de cor pode ser lida diretamente na placa
na qual ocorreu, facilitando a coleta de dados. O ELISA também evita os perigos do
uso da radiação, o que o torna o método preferido da maioria dos ensaios de liga-
Amostra 1 Amostra 2 ção direta. A marcação de anticorpos anti-imunoglobulinas (ver Seção A.10) pode
(antígeno A) (antígeno B)
também ser utilizada no RIA ou no ELISA para detectar a ligação de um anticorpo
não marcado a antígenos não marcados ligados a placas. Nesse caso, o anticorpo
Lavar o anticorpo não ligado
anti-imunoglobulina marcado é utilizado em uma “segunda camada”. O uso dessa
segunda camada amplifica o sinal, pois pelo menos duas moléculas de anticorpo
anti-imunoglobulina são capazes de se ligarem a cada anticorpo não marcado. O
RIA e o ELISA também podem ser desenvolvidos com anticorpos não marcados li-
gados à placa, e o antígeno marcado é adicionado.
Uma modificação do ELISA conhecida como técnica de ELISA sanduíche ou de
captura (ou, geralmente, ensaio de captura do antígeno) pode ser empregada para
detectar produtos secretados, como citocinas. Em vez de ligar o antígeno direta-
A enzima torna corado o mente à placa, são ligados anticorpos específicos para o antígeno. Eles são capa-
substrato incolor
zes de ligar o antígeno com alta afinidade, e de concentrá-lo na superfície da placa,
mesmo com antígenos que se encontram em baixíssimas concentrações na mistura
inicial. Um anticorpo distinto marcado que reconhece um epítopo diferente do an-
teriormente mobilizado na placa é utilizado para detectar o antígeno ligado.
Esses ensaios ilustram dois aspectos cruciais de todos os ensaios sorológicos. Pri-
meiro, pelo menos um dos reagentes deve estar disponível em forma pura e detectá-
vel, permitindo a obtenção de informações quantitativas. Segundo, deve haver uma
maneira de separar a fração ligada do reagente marcado da fração não ligada (livre),
Medir a absorção da luz de forma que a porcentagem de ligação específica possa ser determinada. Normal-
pelo produto corado
mente essa separação é obtida pela fixação do componente não marcado ligado ao
suporte sólido. As moléculas marcadas que não se ligam podem ser, então, lavadas,
Figura A.6 Princípio do ensaio imunoenzi-
deixando apenas o componente marcado que se ligou. Na Figura A.6, o antígeno
mático (ELISA). Para identificar o antígeno A, o
anticorpo específico purificado para o antígeno A não marcado é fixado ao poço, e o anticorpo marcado é capturado ao ligar-se a ele.
é ligado quimicamente a uma enzima. As amostras A separação do componente ligado do componente livre é uma etapa essencial de
a serem testadas são colocadas sobre a superfí- todos os ensaios que usam anticorpos.
cie de poços plásticos, aos quais se ligam ines-
pecificamente; locais de adesividade residual são
O RIA e o ELISA não permitem que a quantidade de antígeno ou anticorpo em uma
bloqueados pela adição de proteínas irrelevantes amostra de composição desconhecida seja medida diretamente, pois ambos depen-
(não mostrado). O anticorpo marcado é, então, adi- dem da ligação de um antígeno ou anticorpo puro e marcado. Existem diversas ma-
cionado aos reservatórios sob condições nas quais neiras de contornar esse problema, e uma delas é o uso de um ensaio de inibição
se evita a ligação inespecífica, de modo que ape- competitiva, conforme mostrado na Figura A.7. Nesse tipo de ensaio, a presença
nas o antígeno A retém o anticorpo na superfície. e a quantidade de um antígeno em uma amostra desconhecida são determinadas
O anticorpo marcado não ligado é removido dos pela sua habilidade de competir com um antígeno marcado pela ligação a um an-
reservatórios por lavagem, enquanto o anticorpo
ticorpo fixado à placa. Uma curva-padrão é inicialmente construída pela adição de
ligado é detectado por uma reação de troca de co-
loração enzima-dependente. Esse ensaio permite quantidades variáveis de uma preparação-padrão conhecida e não marcada. O en-
que séries de poços, conhecidas como placas de saio pode, então, medir a quantidade do antígeno em amostras desconhecidas por
microtitulação, sejam lidas em espectrofotômetros comparação à curva-padrão. O ensaio de inibição competitiva também pode ser uti-
multicanais de fibras ópticas, o que aumenta mui- lizado para medir anticorpos em uma amostra de composição desconhecida pela
to a rapidez do teste. Modificações desse ensaio fixação do antígeno apropriado ao poço e pela medição da habilidade da amostra
básico possibilitam que anticorpos ou antígenos em teste de inibir a ligação de um anticorpo específico marcado.
sejam medidos em amostras desconhecidas, como
mostrado nas Figuras A.7 e A.30 (ver também Se-
ção A.10). A.7 Hemaglutinação e tipagem sanguínea
A maioria dos ensaios sorológicos quantitativos utiliza a medição direta da ligação
do anticorpo ao antígeno. Entretanto, alguns ensaios importantes baseiam-se na ca-
pacidade de a ligação do anticorpo alterar o estado físico do antígeno ao qual se liga.
Essas interações secundárias podem ser detectadas de diversas formas. Por exem-
plo, quando um antígeno é exposto na superfície de uma grande partícula, como
AB
Ausência de Ausência de Ausência de Ausência de Ausência de
anticorpos aglutinação aglutinação aglutinação aglutinação
contra A ou B
lência, tanto de anticorpo como de antígeno, deve ser maior do que dois antes que
Figura A.9 O anticorpo pode precipitar antígenos solúveis. A análise do precipitado pode ser utilizada para
criar uma curva de precipitação. Diferentes quantidades de antígeno são adicionadas a uma quantidade fixa de
anticorpo, formando precipitados devido à interação das moléculas dos dois reagentes. O precipitado é recupe-
rado e quantitativamente avaliado quanto ao anticorpo, e o sobrenadante é testado para antígenos ou anticorpos
residuais. Isso define zonas de excesso de anticorpo, de equivalência e de excesso de antígeno. Na zona de
equivalência, formam-se os maiores complexos antígeno:anticorpo. Na zona de excesso de antígeno, alguns dos
Quantidade de antígeno acrescentado complexos formados são muito pequenos para precipitarem. Esses complexos imunes solúveis podem causar
danos aos pequenos vasos sanguíneos quando se formam in vivo (ver Cap. 15).