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HABILIDADES SOCIAIS

EDUCATIVAS PARA PROFESSORES

CARTILHA Natália Pascon Cognetti


INFORMATIVA Alessandra Turini Bolsoni-Silva
HABILIDADES SOCIAIS
EDUCATIVAS PARA PROFESSORES

Natália Pascon Cognetti


Alessandra Turini Bolsoni-Silva

Suprema Gráfica e Editora Eireli - Epp


São Carlos/SP.
2019
Impressão e Acabamentos
Suprema Gráfica e Editora Eireli - Epp
(16) 3368-3329
suprema@supremagrafica.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Cognetti, Natália Pascon


Habilidades sociais educativas para professores /
Natália Pascon Cognetti, Alessandra Turini Bolsoni-Silva.
São Carlos, SP : Suprema Gráfica e Editora Eireli - Epp, 2019.

ISBN 978-85-5510-043-7

1. Aprendizagem 2. Comportamento 3. Educação


4. Habilidades sociais 5. Prática de ensino
6. Relações sociais 7. Sala de aula I. Bolsoni-Silva,
Alessandra Turini. II. Tí�tulo.

19-25796 CDD-371.1023

Índices para catálogo sistemático:

1. Habilidades sociais educativas : Professores :


Educação 371.1023
Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427
HABILIDADES SOCIAIS
EDUCATIVAS PARA PROFESSORES
Sumário

1. Apresentação...............................................................................................................................................................................................................................07

2. Habilidades sociais educativas.............................................................................................................................................................................................08

Como utilizar práticas educativas positivas e aprimorar a interação entre professor-aluno........................................................................09

1° TEMA “Comunicação: iniciar e manter conversação”................................................................................................................................................10

Aprimorando a comunicação em sala de aula....................................................................................................................................................................11

2° TEMA “Expressão de sentimentos positivos”................................................................................................................................................................14

3° TEMA “Direitos humanos básicos”.....................................................................................................................................................................................17

4° TEMA “Expressar e ouvir opiniões”...................................................................................................................................................................................19

5° TEMA “Comportamento habilidoso e não habilidoso”...............................................................................................................................................21

6° TEMA “Expressão de sentimentos negativos”...............................................................................................................................................................24

Algumas orientações.....................................................................................................................................................................................................................25

7° TEMA “Estabelecimento de regras e limites”................................................................................................................................................................26

8° TEMA “Algumas questões importantes”..........................................................................................................................................................................28

3. Conclusão final - Compreendendo o contexto de intervenção...............................................................................................................................32

4. Materiais consultados..............................................................................................................................................................................................................33
1. Apresentação

Olá Professor! A presente cartilha trata de informações A cartilha é então direcionada aos profissionais da
relacionadas a prática docente, bem como de comportamentos educação e demais leitores interessados nas contribuições das
que podem auxiliá-lo no processo de ensino e de relacionamento Habilidades Sociais Educativas (HSE). Esperamos que o material
com o aluno. Diante dos desafios observados no cenário educativo, opere como suporte à promoção de interações sociais habilidosas
pensamos num material que pudesse compendiar alguns dos entre professores e alunos, estimulando as práticas educativas
princí�pios desenvolvidos pela área teórico-prática das habilidades que contribuam positivamente à transmissão cultural e ao
sociais, mais especificamente, as direcionadas as práticas desenvolvimento pessoal e profissional da nossa sociedade.
educativas positivas de professores.
Nossa intenção com a cartilha não é a de padronizar a Boa leitura!
atuação docente, nem mesmo a de esgotar as possibilidades
de treinamento em habilidades sociais, mas atuar como um
disparador para a procura de métodos de ensino mais efetivos
ante os objetivos propostos com a educação1.

1
Consideramos aqui os objetivos apresentados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
LDBEN (2013).

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2. Habilidades Sociais Educativas
do aluno em seguir regras, excessos comportamentais que
As Habilidades Sociais Educativas constituem-se em conduzam ao temperamento exaltado, fugas, desobediência,
comportamentos que facilitam os processos de ensino e e outros comportamentos que se apresentem como fatores de
aprendizagem e contribuem para melhores interações entre risco ao desenvolvimento social e fí�sico da criança/adolescente,
professores e alunos (Bolsoni Silva & Mariano, 2014; Del como atitudes autolesivas, agressividade e roubos).
Prette & Del Prette, 1999). As HSE podem colaborar para o
desenvolvimento e a utilização de práticas educativas positivas Internalizantes: ligados aos comportamentos privados (os
pelo professor (como a apresentação de afeto ao aluno, apoio, quais não são diretamente observáveis nas interações), expressos
transmissão de valores importantes ao relacionamento social, etc.) predominantemente em relação ao próprio sujeito (como exemplo,
a fim de que estas contribuam à promoção de comportamento temos a dificuldade de socialização, introspecção, medo, entre
prósocial ou habilidoso nas crianças. outros). Por não apresentarem-se visí�veis, os comportamentos
Ao utilizar de HSE no dia a dia com as crianças, o professor internalizantes acabam, muitas vezes, desconsiderados no
poderá diminuir a utilização de práticas negativas, como gritar, processo de ensino, ainda que impliquem diretamente na
castigar, etc. (Caballo, 1996). Quando práticas negativas são aprendizagem do aluno.
utilizadas com baixa frequência, evita-se o surgimento ou a
manutenção de problemas de comportamento na criança, os quais Compreender tais aspectos nos auxilia na utilização de
podem ser caracterizados em externalizantes ou internalizantes2. métodos de ensino e aprendizagem que favoreçam a participação
e o desenvolvimento do aluno em sala de aula. Quando as práticas
Sabemos que os problemas de comportamento infantil educativas são incoerentes a realidade do educando, torna-se
compreendem o excesso ou a ausência de atitudes presentes complexo estabelecer condições que sejam prazerosas ao
nas interações sociais estabelecidas pelo indiví�duo. Assim, aprender. Assim, se o professor estabelecer limites adequados,
mantiver a calma, for atencioso e demonstrar afeto a todos os
Externalizantes: relacionados aos comportamentos alunos, é provável que o ambiente de ensino contribua para
diretamente observáveis e predominantes na relação do sujeito o engajamento e a aprendizagem das crianças (Bolsoni-Silva
com outras pessoas (podemos citar como exemplos a dificuldade & Mariano, 2014).

Para a discussão dos problemas de comportamento, consideramos as classificações


2

de Achenbach e Rescorla (2001).

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COMO UTILIZAR PRÁTICAS EDUCATIVAS POSITIVAS
E APRIMORAR A INTERAÇÃO ENTRE PROFESSOR-ALUNO3

COMUNICAÇÃO: EXPRESSÃO DIREITOS


INICIAR E MANTER SENTIMENTOS HUMANOS
CONVERSAÇÃO POSITIVOS BÁSICOS

EXPRESSÃO
EXPRESSAR E OUVIR COMPORTAMENTO
SENTIMENTOS
OPINIÕES HABILIDOSO
NEGATIVOS

ESTABELECIMENTO DE REGRAS E LIMITES

3
Para a elaboração e discussão dos temas, consultamos a Cartilha Informativa para pais,
de Bolsoni-Silva, Marturano & Loureiro (2006); Del Prette & Del Prette (2001; 2013).

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1° TEMA  “Comunicação: iniciar e manter
conversação”

Quando falamos em comunicação, é preciso considerar alguns Quando dizemos aos alunos que depois faremos e/ou
comportamentos importantes ao aprimorarmos tal habilidade, conversaremos, é imprescindí�vel lembrarmo-nos deste “combinado”;
entre estes: fazer e responder perguntas; iniciar, manter e encerrar caso contrário, corremos o “risco” de o aluno avaliar nossa conduta
conversação; gratificar e elogiar. como não consistente. Neste caso, além da possí�vel
A atuação docente requer que a comunicação seja clara e dificuldade para estabelecermos novos limites ante a avaliação
eficaz, a fim de que possamos atingir os objetivos propostos pela da nossa conduta pelo aluno, também fornecerí�amos a este um
educação. Todavia, é comum a ocorrência de comportamentos modelo de comportamento não favorável as suas interações sociais
que, quando não observados, podem prejudicar a comunicação positivas e à aprendizagem.
estabelecida com o aluno e, desta forma, interferir no interesse e
qualidade da sua aprendizagem. Como exemplo, temos a situação Reflita:
em que o aluno requer a atenção do professor e/ou realiza algum Como está a sua comunicação em sala de aula?
pedido durante a sua aula. Muitas vezes não respondemos ao Como e com qual frequência tem conversado com os
pedido ou solicitamos que o aluno espere, esquecendo-nos, seus alunos?
mais tarde, de atender/responder ao que fora solicitado. Consegue identificar problemas de comportamento infantis
Neste sentido, é preciso sinalizar aos nossos alunos as gerados por falhas em sua comunicação?
atividades que desenvolvemos que nos impossibilitam, em
determinadas situações, atendê-los e/ou conversar com estes. A
apresentação de um comportamento mais adequado, que também
forneça modelo de comportamento a criança/adolescente, é
extremamente relevante ao seu desenvolvimento.

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Abaixo, apresentamos alguns exemplos de comportamentos e situações que, quando aplicadas, podem colaborar a nossa
comunicação em sala de aula!

APRIMORANDO A COMUNICAÇÃO EM SALA DE AULA


O que fazer? Como e Por Que fazer? De que forma fazer?
Procure investigar temas que sejam
do interesse do aluno e que não “Como foi o seu final de semana?”
estejam diretamente relacionados
aos conteúdos teóricos estudados em “Soube que está passando um filme
sala, como jogos, filmes, desenhos sobre super-heróis no cinema,
Converse sobre temas variados animados, etc. Questione-o sobre o seu vocês gostam?”
com o seu aluno! final de semana, atividades realizadas
com a famí�lia, amigos, entre outras. Faça “Esta semana assistiremos um filme
isto do seu jeito para que a situação não que vocês escolherão! Qual filme
seja ‘forçada‛ e procure estimular assuntos vocês querem assistir?”
que sejam compreensí�veis para o outro!

O ensino torna-se muito mais efetivo quando “Como é o lugar em que vive? O que
o educando estabelece relações claras entre você mais gosta de fazer lá?”
aquilo que aprende e o que vivencia em sua
realidade! Logo, investigar o contexto social, “Conte-me sobre o seu bairro!”
Procure estabelecer relações econômico e cultural dos nossos alunos, nos
“O que te deixa mais feliz em seu
entre o conteúdo aprendido aproxima da sua realidade e facilita o nosso
dia a dia?”
e a realidade do educando! planejamento! Nesta investigação, procure
utilizar perguntas abertas, uma vez que elas “Como é esta questão em seu bairro?”
auxiliarão na coleta de maiores informações com
o aluno (perguntas fechadas, como: “você gosta “Vamos pesquisar sobre isto
disso?” limitam as respostas a “sim” ou “não”). em nossas casas?”

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Muitas vezes temos a impressão de que “Estou preocupada com o tempo que
compartilhar nossos sentimentos pode nos temos para terminar a atividade!
expor negativamente diante dos alunos; Vamos estabelecer alguns combinados
todavia, é preciso retomar a importância deste para concluirmos?”
modelo de comportamento, uma vez que,
ao não se expressar, o aluno tem o seu “Gostei muito da atividade que você
Compartilhe os seus sentimentos! fez hoje! Deixou-me muito satisfeita!”
processo de aprendizagem prejudicado! Seja
sincero na expressão dos seus sentimentos, “Fico triste quando percebo que vocês
e procure expô-los de forma adequada aos não querem fazer a atividade.
alunos. Lembre-se: você é um modelo de Vocês podem me contar o motivo
comportamento a ser seguido em sala! em não fazê-la?”

“Ah, sim!”
Demonstrar atenção ao que o outro fala ou faz
produz resultados positivos e estimuladores “Sim, estou entendendo...”.
Demonstre uma escuta ativa, faça para a sua expressão! Logo, apresentar (Acene com a cabeça, a expressão corporal
perguntas sobre aquilo que está comportamentos que revelam a nossa escuta, é uma ótima aliada na comunicação).
sendo relatado a você! auxilia na comunicação com o aluno! Seja
curioso e revele interesse ao que é relatado “Também me sinto triste quando você
a você! me conta isto, mas vamos chegar a
uma solução juntos!”

“Hoje estou em dúvida sobre qual


Na comunicação devemos privilegiar a dupla
atividade realizaremos! O que
perspectiva, ou seja, não apenas o que eu
Pergunte a opinião da criança/ vocês acham?”
sinto e falo, mas também a forma como o outro
adolescente sobre a situação; se sente! Incentive o seu aluno a expressar “O que vocês acham de lermos a
peça ajuda e/ou opinião! as suas opiniões, especialmente em momentos história juntos?”
que perceba este mais livre para a conversação!
“Como você se sente nesta situação?”

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Ao realizarmos uma pergunta ao aluno, devemos demonstrar
atenção e interesse ao seu comportamento de responder e Você poderia
Você poderia
fornecermos feedback sobre a sua fala. Lembre-se que tão aguardar
me ajudar a
importante quanto conversar com o aluno diante das situações enquanto
PEDIDO entregar as
problemas, é adequar a sua fala as necessidades e à realidade da termino a
provas?
criança e/ou adolescente. atividade?
Uma boa maneira de avaliarmos a qualidade da nossa
comunicação é observarmos como os alunos reagem diante de
solicitações e/ou sugestões. Abaixo, segue um esquema sobre
pedidos, sugestões e/ou ordem, e suas diferentes funções, bem Porque você
como modelos de comportamentos diante destes. SUGESTÃO não ajuda o
colega nesta
atividade?

Você poderia
ORDEM
terminar sua
atividade como
combinamos?

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2° TEMA  “Expressão de Sentimentos Positivos”

Já conversamos sobre as contribuições de práticas educativas Quanto mais afeto apresentarmos no processo de ensino,
positivas para o engajamento e interesse do aluno em sala de aula. mais modelos de interações sociais saudáveis serão fornecidos
Tais práticas estão intimamente ligadas a nossa habilidade em aos nossos alunos. Portanto, devemos estar preparados para
expressar sentimentos positivos, solidariedade, fazer amizades e receber elogios e também expressá-los aos nossos educandos,
cultivar o amor. Tais habilidades são extremamente importantes, ainda que os comportamentos adequados que esperamos destes
pois é por meio delas que construí�mos relações saudáveis, baseadas estejam apenas no iní�cio do seu desenvolvimento.
em honestidade e confiança.
Muitas vezes, os desafios da atividade docente (salas de Vamos refletir juntos!
aulas cheias, alunos com problemas de comportamento, etc.) Imagine a situação em que o professor solicita a um aluno
dificultam expressarmos que sentimos amor ou agrado pelo que este se comporte e concentre-se na aula. Diante da ordem,
educando; nestas situações, acabamos nos acostumando a o aluno passa a fazer os exercí�cios recomendados, mas,
expressar apenas sentimentos negativos e coercitivos, como pede auxí�lio ao professor a todo o momento. Estressado
desagrado, raiva, tristeza, rancor, etc. Como exemplo, podemos com as dificuldades em sala, o professor chama à atenção
citar a situação em que um aluno desafia e/ou ofende o professor. da criança, alegando que esta não consegue manter-se fo
Neste momento, quais sentimentos são gerados no professor? cada nas atividades, tumultuando a aula. A partir do que
E� compreensí�vel que diante de situações como esta, sintamos discutimos como você avaliaria a conduta do professor?
raiva do aluno e nos distanciamos de relações de afeto com Tal postura irá contribuir para que o aluno apresente
este. Entretanto, tal postura irá colaborar para a mudança no comportamentos vantajosos a sua aprendizagem? E�
comportamento do aluno? provável que não!

14 HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES


Nesta situação, é relevante ponderarmos que mesmo que acaba dificultando a expressão de carinhos e sentimentos
o aluno não apresentando os comportamentos solicitados, da positivos ao outro. Neste sentido, devemos estar atentos ao
forma como esperamos, este tentou realizar as atividades, ou comportamento que elogiamos e, tão importantes quanto,
pelo menos, buscou comportar-se de acordo com o que lhe foi descrevermos as consequências positivas deste para as relações
pedido. Portanto, esta é uma oportunidade de oferecer feedback interpessoais do aluno.
sobre o comportamento, elogiando o fato do aluno atentar-se
aos exercí�cios. ALGUMAS ORIENTAÇÕES:
Tanto o elogio quanto a devolutiva construtiva (e, assim, não Seja sincero ao expressar um elogio! A habilidade de expressar
punitiva), colaboram para que o aluno esteja mais sensibilizado sentimentos positivos envolve a relação de confiança
à relação positiva estabelecida com este em sala de aula (vamos e honestidade!
sempre lembrar que punição, além de não ser eficaz, pode colaborar Identifique quem você deseja elogiar, qual comportamento
para a desmotivação e indisciplinaridade!). será alvo, como e quando o fará. Quando falamos em elogio
e/ou expressão de carinho, precisamos considerar a forma
IMPORTANTE: a ideia de que podemos “estragar” os como o outro responderá a este, a fim de não sermos invasivos
alunos manifestando elogios a estes é apenas uma crença cultural e, assim, tornarmos a situação aversiva ao aluno.

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Dar feedback envolve discriminar ao aluno aquilo que
ele fez e/ou faz e quais as consequências disto para as
outras pessoas. Quanto mais imediata à expressão do Fico muito feliz quando Você está ótimo
comportamento (e adequada!) for a nossa devolutiva, o vejo completar as suas hoje, este óculos
mais eficaz ela se tornará! atividades! Isso irá lhe caiu muito bem!
ajuda-lo a se desenvolver
cada vez mais!

LEMBRE-SE:
Expressar elogios colabora ao desenvolvimento
da autoestima e da autoconfiança do outro!
Estes podem ser expressos diante de situações Senti a sua falta na
diretamente ligadas a aprendizagem (como aula de ontem!
a realização de atividades, presença em aula, Que bom que está
etc.), mas também diante de contextos gerais! presente hoje!

VALORIZE O SEU ALUNO!

Parabéns! Você guardou


o seu material e jogou
a sujeira no lixo!
É assim que deixaremos
Muito obrigado
o ambiente melhor!
por me ajudar
com a lousa hoje!

16 HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES


3° TEMA  “Direitos Humanos Básicos”

O que sentimos quando nossas opiniões são desconsideradas O direito de ser ouvido e levar a sério.
ou desvalorizadas? E� possí�vel que tais condições nos tragam O direito de estar só quando desejar.
sofrimento e, muitas vezes, sentimentos como raiva e revolta. Ouvir O direito de fazer qualquer coisa desde que não viole os
e respeitar opiniões, ainda que difiram da minha, é habilidade direitos de alguma outra pessoa.
fundamental ao bom conví�vio social, além de oportunizar ao O direito de defender aquele que teve o próprio direito
outro exercer os seus direitos enquanto cidadão. violado.
Deste modo, consideramos que os direitos humanos básicos O direito de respeitar e defender a vida e a natureza.
são indispensáveis na relação estabelecida entre professor e aluno;
estes envolvem comportamentos que interferem diretamente na Vamos refletir: devemos punir o comportamento indisciplinar
qualidade das relações interpessoais. Da mesma forma que os ou opositor da criança/adolescente, sem que esta possa manifestar
seus motivos e sem explicarmos qual o comportamento inadequado
professores possuem direitos que devem ser respeitados, as
e as possí�veis consequências negativas deste para a sua aprendizagem?
crianças e adolescentes também os possuem e, portanto, precisam
ser considerados na prática educativa. São eles:
Ao emitirmos um comportamento objetivamos algo, ou
seja, todo comportamento apresentado possui uma função ao
O direito de ser tratado com respeito e dignidade. indiví�duo: fazer “birra” pode, por exemplo, funcionar como
O direito de recusar pedidos (abusivos ou não) quando maneira do aluno se esquivar das tarefas/atividades da aula e/
achar conveniente. ou, em outros momentos, como forma de receber à atenção do
O direito de mudar de opinião. professor. Em ambas as situações, a maneira de o aluno expressar
O direito de pedir informações. os seus interesses é inadequada, no entanto, punir ou ignorar
O direito de cometer erros por ignorância e buscar tais comportamentos pode não ser efetivo para diminuir a sua
reparar as faltas cometidas. frequência. Nestas situações, devemos considerar que é direito
O direito de ter suas próprias necessidades e considerá-las da criança ou adolescente manifestar os seus interesses e opiniões;
tão importantes quanto às necessidades dos demais. devemos ouvir e compreendê-los para que possamos estimular
O direito de ter opiniões e expressá-las. interações pessoais mais positivas.

HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES 17


Expressar opiniões, sejam estas favoráveis ou contrárias todos os envolvidos. Além de fornecer modelo de negociação
ao contexto, é uma habilidade efetiva quando discutimos os saudável as crianças ou adolescentes, você estimulará habilidades
direitos humanos. sociais como a comunicação e expressão de opiniões, e promoverá
Muitas vezes, avaliamos como desobediência ou desrespeito condições adequadas ao fortalecimento do ví�nculo e confiança
à apresentação, pelos alunos, de opiniões contrárias as nossas; entre você e seus educandos!
logo, punimos o comportamento sem nos atentarmos ao quão
habilidoso para o desenvolvimento social da criança ou adolescente Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade
este poderá ser. e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir
Professor, que tal discutir com os alunos os direitos e em relação uns aos outros com espírito de fraternidade
deveres humanos básicos? Esta é uma boa forma de estabelecer (DUDH, 2009, p. 4).
regras e limites que considerem a realidade e necessidade de

18 HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES


4° TEMA  “Expressar e Ouvir Opiniões”

Ao discutirmos o tema “Expressar e Ouvir Opiniões”, Algumas questões para reflexão:


precisamos retomar as habilidades de Comunicação e Expressão
de sentimentos positivos, uma vez que estas são importantes Diante de um comentário discordante da
complementos na expressão e atenção as opiniões dos outros criança/adolescente, como você se comporta?
(neste caso, nossos alunos) com assertividade.
Talvez fique mais clara a relevância desta habilidade ao
ponderarmos a nossa dificuldade, muitas vezes, em expressar Os alunos sentem-se a vontade
discordância à outra pessoa; logo, se este comportamento é difí�cil para se expressarem em suas aulas?
para o adulto, imaginemos então o quão complexo poderá ser
para as crianças ou adolescentes. Neste sentido, é importante
lembrarmos que quando discordamos de alguns valores, crenças Com qual frequência você tem expressado
ou visões de mundo, devemos deixar claro o que é que se está falando a sua opinião?
e do que discordamos (neste caso, da opinião e não do indiví�duo).
Também necessitamos sinalizar aos alunos que não existe verdade
Como você se comporta quando discorda
absoluta e, assim, não há problemas em mudar de opinião! Nossas
da opinião ou avaliação do outro?
verdades são relativas!
Considerando o contexto de sala de aula, é essencial a
reflexão sobre como estimulamos e possibilitamos a expressão Tais questões, quando refletidas, auxiliam no autoconhe-
de opiniões dos nossos educandos, sejam estas concordantes ou cimento e estabelecimento de práticas condizentes a uma
discordantes das nossas. educação assertiva.

HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES 19


Como fazer para expressar e ouvir opiniões? IMPORTANTE: expressar e ouvir opiniões são habilidades
Vejamos! necessárias a qualquer relação social, independemente do contexto
no qual esta acontece!
OUVIR A OPINIÃO DO OUTRO
Logo, além de empregarmos tais habilidades para estabelecer
limites em sala de aula, também devemos utilizá-las ante as nossas
ATENTAR PARA O CONTEÚDO relações sociais (famí�lia, amigos), para fornecermos modelo de
DA FALA comportamento, dentre outras situações!
O QUE
FAZER? Quanto mais as praticarmos, mais compreenderemos os
O que pensamos O que pensamos benefí�cios destas para o nosso relacionamento interpessoal!
diferente? semelhante?
Voltando aos nossos alunos, lembrem-se que discordar
ou fornecer feedback negativo não significa desqualificar o outro,
EXPRESSAR A MINHA OPINIÃO
mas apresentar o nosso posicionamento, dando-o a oportunidade
de fazer o mesmo!

SE SE
DISCORDANTE: SEMELHANTE:
Validar a opinião Validar a opinião
do aluno, e do aluno e
explicar o porquê reforçar o que
de não concordar pensam de
com esta. maneira
concordante.

20 HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES


5° TEMA  “Comportamento Habilidoso E� provável que alguns professores se comportem deixando
e não habilidoso” os alunos ou toda a sala de castigo; outros tentarão não dar
importância à situação a fim de que esta termine. Em ambas
Já conversamos sobre algumas habilidades como a as resoluções, observamos comportamentos não habilidosos
comunicação, expressão de sentimentos, respeito aos direitos diante do que almejamos: estabelecer limites adequados e que
humanos e estabelecimento de limites. Juntas, estas habilidades colaborem aos processos de ensino e aprendizagem!
colaboram para a conceituação do que consideramos um Ao deixarmos a sala de castigo utilizamos de práticas
comportamento habilidoso! Logo, comportar-se habilidosamente, educativas negativas que acabam, muitas vezes, produzindo
envolve: comportamentos opostos ao que desejamos, como: indiscipli-
naridade, birra, etc. (Mariano & Bolsoni-Silva, 2015; Gomide
Expressar nossos sentimentos e pensamentos et al, 2005). Além de tais problemas de comportamento, ao
generalizarmos as consequências negativas para todos os alunos,
não apenas damos atenção ao comportamento inadequado,
Ouvir o outro e manifestar a nossa opinião como também não valorizamos o comportamento dos alunos
que estão focados na aula.
Da mesma forma, não dar atenção ao comportamento
Não utilizar palavras ofensivas e/ou alterar o tom de voz problema não colabora a descrição daquilo que nos incomoda e
nem mesmo a habilidade em nos expressarmos com assertividade!
Todavia, em muitas situações, deixamos de nos comportar Assim, além de nos comportarmos de forma negligente ante
assim, omitindo as nossas opiniões e sentimentos, ou expressando-os o nosso papel de educador, deixamos de estabelecer com os
agressivamente. Nestas situações, denominamos o fato de nos alunos novas possibilidades de conduta em sala de aula, não
omitir e agir passivamente como: comportar-se de forma não fornecendo modelo positivo de negociação.
habilidosa passiva; e expressar-se agredindo e/ou ofendendo o
outro como comportar-se de forma não habilidosa ativa.
Para exemplificar a nossa discussão, imaginemos a ENTÃO, O QUE
situação em que dois alunos brincam de jogar bolinhas de papel
um no outro durante a aula; alguns colegas ao lado dão risadas,
FAZER NESTA
enquanto outros demonstram incomodarem-se com o barulho. SITUAÇÃO?
Diante deste cenário, como podemos nos comportar?

HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES 21


Ao solicitarmos mudança de comportamento, é importante: Não há como comunicarmo-nos bem, expressarmos
sentimentos positivos, respeitarmos os direitos de cada um,
Descrever o comportamento que nos incomoda; ouvir as opiniões que possam ser diferentes, sem que sejamos
O professor aproxima-se dos dois alunos e explica habilidosos. A assertividade no contexto educativo merece papel de
as consequências negativas de tal comportamento destaque! A partir desta, as interações estabelecidas entre professor-
para a aprendizagem e qualidade da aula... aluno tornam-se respeitáveis e saudáveis. Por assertividade,
compreendemos a expressão adequada de opiniões, não sendo
esta agressiva e nem deixando de manifestá-las.
Solicitar mudança de comportamento;
Ao sermos agressivos ou passivos, fornecemos um modelo
Negocia com estes comportamentos que de comportamento inadequado e prejudicial às relações interpessoais.
possam ser mais adequados para o momento...
Quando habilidosos, conseguimos resolver mais facilmente
nossos problemas, evitar complicações futuras, além de estabelecermos
Dar modelo sobre o que fazer; bons relacionamentos sociais com os outros.

Sugere comportamentos que possam


ser mais adequados para o momento... IMPORTANTE:
O fato de ser assertivo,
Apresentar as consequências para se comportar e não sempre deixará
se comportar conforme o combinado! o outro com quem
me comunico feliz?
Estabelece as consequências para o
comportamento dos alunos quando modificado,
e caso o comportamento-problema se mantenha...

22 HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES


Quando assertivos, aumentamos a probabilidade de produzir
bem estar às nossas relações interpessoais, mas, nem sempre
isto promoverá assertividade no indiví�duo com o qual nos
comunicamos. Assim, devemos avaliar a nossa assertividade
com perguntas, como:

EXPRESSEI A MINHA OPINIÃO? SE NÃO... Não omiti a minha


opinião!

SE SIM...
Consegui respeitar
Fui agressiva
a opinião do outro
e/ou impositiva
e, ainda assim,
com o outro? COMPORTEI-ME DE FORMA NÃO
manifestar a minha? HABILIDOSA PASSIVA!

Contextualizei a minha Não permiti ao outro


opinião (dei devolutiva; manifestar-se e não COMPORTEI-ME DE FORMA NÃO
informei sobre as dei explicações sobre HABILIDOSA ATIVA!
condições/situações)? a minha opinião?

Permiti negociação QUE BOM! COMPORTEI-ME DE


com o outro? FORMA HABILIDOSA!

HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES 23


6° TEMA  “Expressão de sentimentos negativos”

Já conversamos sobre a importância em expressarmos, PASSO 3. Especificar, de forma concreta, qual comporta-
sempre que possí�vel, nossos sentimentos positivos. Mas, o que mento desejamos que o aluno mude. E� interessante sugerirmos
fazer diante dos sentimentos negativos? “Quando um aluno um ou dois comportamentos que não sejam muito difí�ceis. Além
atrapalha a minha aula, como agir nesta situação, considerando disso, devemos perguntar ao aluno se este concorda com a
que estou chateada e/ou com raiva deste?” Vamos lá! nossa opinião, a fim de estimularmos e fornecermos modelo de
uma negociação saudável (lembrando, neste ponto, dos direitos
PASSO 1. Descrever o comportamento que nos desagradou, humanos básicos que devem ser respeitados).
dizendo o que o aluno fez ou disse, o momento e lugar em que
isso aconteceu e a frequência com que esse comportamento PASSO 4. Descrever as consequências positivas que
tem ocorrido. ocorrerão caso o aluno realmente mude de comportamento. No
caso de ser necessário (e apenas nesse caso!), podemos dizer a
PASSO 2. Expressar os sentimentos ou pensamentos ele quais consequências negativas ocorrerão se o comportamento
negativos que o comportamento inadequado nos gerou. não for alterado.
Precisamos também nos lembrar de que, em situações de
fazer e/ou recusar pedidos, devemos ser objetivos, não insistentes
nem ameaçadores, mas assertivos com as respostas.

24 HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES


ALGUMAS ORIENTAÇÕES:

Utilize palavras de fácil compreensão ao aluno e evite Passo 01: Quando você se levanta
termos que possam ofender ou denegrir a sua imagem: em sala e não realiza o exercício...
lembre-se que estamos nos referindo ao comportamento,
e não a pessoa de forma geral!
Passo 02: Fico triste e preocupada
Seja objetivo e expresse os sentimentos negativos que o em como você aprenderá se não realiza a
comportamento lhe causou lembrando-se da comunicação atividade e ainda atrapalha a aprendizagem
habilidosa e não ativa (agressiva)! dos seus colegas com o barulho...

Dê oportunidade para que a criança avalie o que pode ser


mudado em seu comportamento; caso esta não consiga Passo 03: Eu gostaria que você pensasse
expor a sua reflexão, sugira, concretamente, o comportamento o que podemos fazer diante desta situação;
que considera adequado e valorize a opinião desta sobre ele. se você precisa de ajuda ou quer se levantar,
pode me chamar em sua carteira para
Especifique claramente as consequências para as conversarmos antes, o que acha?
situações de alteração e não (quando necessário) alteração
do comportamento alvo! E� sempre apropriado dizer a
verdade, a fim de que o aluno observe consistência em
Passo 04: Assim, você consegue falar sobre
nosso comportamento. o que lhe incomoda e eu posso ajuda-lo na
atividade! Não atrapalharmos os colegas nas
tarefas, e você também concluirá a sua
a tempo de ir para o intervalo!

HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES 25


7° TEMA  “Estabelecimento de Regras e Limites” solicitar ao coordenador pedagógico que chame à atenção
da criança sobre aquilo que ela fez e nos magoou).
Estabelecer regras e limites envolvem comportamentos Referirmo-nos ao comportamento e não à pessoa em si.
como: identificar e estabelecer consequências para os compor- Controlarmos a emoção excessiva, evitando o tom de desabafo
tamentos socialmente habilidosos e não habilidosos, fornecer (precisamos nos lembrar da relevância da assertividade!).
feedbacks positivos e negativos; fazer e recusar pedidos; expressar Adequarmo-nos à situação e às condições de quem nos ouve
sentimentos positivos e negativos; solicitar mudança de compor- (ao conversarmos com uma criança, devemos ponderar
tamento; ser consistente, agradecer e elogiar (Bolsoni-Silva, não apenas a utilização de palavras que sejam de fácil
Loureiro & Marturano, 2016). Ou seja, muitas das caracterí�sticas compreensão, mas também a nossa postura diante dela; apontar
que conversamos acima. o “dedo”, nos portar de forma autoritária e impositiva, não
Podemos estabelecer limites por meio de comportamentos irá colaborar ao ensino de habilidades educativas).
habilidosos ou comportamentos autoritários e punitivos. Todavia, A habilidade de realizar crí�ticas, e mesmo a de recebê-las,
conversamos que práticas negativas, além de negligentes, podem depende de alguns fatores, como a veracidade (trata-se de um
contribuir ao desenvolvimento e manutenção de problemas de fato ou da nossa percepção sobre um fato?); forma (a crí�tica foi
comportamento infantis. feita de maneira apropriada?); ocasião (o momento foi o melhor?)
Diante de uma situação desafiadora (como a indisciplina e objetivo (trata-se de um desabafo ou de uma tentativa de
do aluno), devemos expor a este que o que nos desagrada não produzir mudança?).
é a pessoa dele, mas sim o comportamento de forma especí�fica. Também é possí�vel, e recomendável, estabelecermos limites
E devemos nos expressar por meio de gritos e xingamentos, ou e regras juntamente aos alunos como forma de prevenirmos
a partir de conversa e negociação? Ao estabelecermos regras e comportamentos inadequados. Assim, não é preciso esperar
limites, é importante: que o problema de comportamento ocorra para que então seja
Dirigirmo-nos ao aluno, excluindo aqueles que não estão realizada a negociação com a criança ou adolescente; podemos
diretamente envolvidos com a situação (por exemplo, começar com esta prática já no contato inicial com a turma.

26 HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES


Atividades simples como estimular a turma a falar sobre atuam como MODELOS a estes, estimulando os comportamentos
práticas que colaboram para um bom relacionamento social, ou adequados. Logo, muitos comportamentos (como os relacionados
então regras que ajudem os alunos a organizarem-se em aula, é a punição) podem incentivar, inadvertidamente, a expressão de
uma boa maneira de fornecermos modelo de comportamentos comportamentos indesejáveis pelos alunos. O ESTABELECIMENTO
socialmente habilidosos a estes. Após a discussão, poderá ser DE LIMITES, embasado nas discussões sobre comportamento
confeccionado com a turma um cartaz que contenha as regras habilidoso, seria uma forma de mostrar aos alunos quais
estabelecidas, e também “combinados” lúdicos que motivem os comportamentos são considerados ADEQUADOS e quais são
alunos no cumprimento dos comportamentos. considerados INADEQUADOS no contexto de análise.
I M P O R T A N T E: Uma das formas de estabelecer limites inclui VAMOS REFLETIR!
a consistência em como interagimos com o aluno. Os professores

A criança pode deixar de apresentar


A obediência trata-se de um 1 o comportamento apenas diante de
comportamento ensinado, portanto,
não nascemos com este! Aprendemos a ser quem o castigou; ou então, voltar a
obedientes por meio das consequências apresentá-lo mais tarde sendo necessários
cada vez mais castigos para
que nos são colocadas!
que ela não o faça!
3
MAS, O ALUNO NÃO
TEM A OBRIGAÇÃO
DE OBEDECER?

Neste caso, podemos até concluir


4
Dar atenção a bons
que castigar, ofender e/ou brigar com o aluno comportamentos colabora para que a
diante de um comportamento problema possa criança aprenda a se comportar visto
até funcionar! Mas será que ele nunca mais as consequências “boas” que recebe
emitirá este comportamento? (como atenção, afeto, elogio, etc.).
2

HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES 27


8° TEMA  “Algumas questões importantes”
AGRADECER E DAR FEEDBACK
Conversamos sobre comportamentos / habilidades que,
quando aplicados ao cenário educacional, podem contribuir para Agradecer envolve descrever o comportamento apresentado
a efetividade das práticas educativas utilizadas pelos professores. pelo outro que colaborou com a situação avaliada; tal
A fim de reforçarmos a reflexão de algumas práticas, elencamos descrição torna-se ainda mais relevante quando nos
abaixo outros comportamentos que, da mesma forma que os comunicamos com crianças! Portanto, especifique a criança
expostos nos temas acima discutidos, colaboram ao sucesso dos o seu comportamento adequado e expresse as consequências
processos de ensino e aprendizagem! positivas deste tanto para ela quanto para você e os outros!
Sempre que possí�vel, forneça feedback positivo ante os
comportamentos dos alunos que colaborem a sua
DAR ATENÇÃO E EXPRESSAR AFETO
aprendizagem: lembre-se que, ainda que o comportamento
não tenha sido apresentado da forma como consideramos
Lembre-se de estimular seus alunos por meio da demonstração correto, o fato do aluno tentar já deve ser valorizado!
de afeto, carinho e elogios aos comportamentos adequados Quando necessário, forneça feedback negativo diante dos
emitidos por estes! comportamentos problemas observados no aluno; reforce
A expressão de afeto, quando sincera, seja por meio de que trata-se do comportamento e não da criança em si!
ações ou palavras, fortalece o ví�nculo interpessoal entre Negocie novas possibilidades com o aluno e estabeleça
professor e aluno e colabora para o desenvolvimento da as consequências positivas caso o comportamento mude!
autoestima e da inserção social da criança!
MUITO OBRIGADO PELA FORMA COMO ME AJUDOU
A ORGANIZAR A SALA!
PARABE� NS! VOCE� CONSEGUIU REALIZAR A ATIVIDADE!

QUANDO VOCE� SE COMPORTA ASSIM... EU FICO TRISTE.


PODERI�AMOS PENSAR EM COMO MUDAR
VOCE� E� MUITO IMPORTANTE PARA MIM! ESTE COMPORTAMENTO...

28 HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES


ADMITIR ERROS E PEDIR DESCULPAS

Umas das grandes virtudes humanas é o reconhecimento do


LEMBRE-SE:
erro e o pedido de desculpas! Todavia, não nascemos com
este tipo de aprendizagem, cabe a nossa cultura nos ensinar Os professores são modelos de comportamento
a praticá-la! Muitas vezes entendemos que pedir desculpas e podem ensinar as crianças que admitir erros
e/ou reconhecer um erro envolve fracassar-se diante do e pedir desculpas são comportamentos esperados
outro, quando na verdade tais comportamentos fazem por todos!
parte de uma classe habilidosa de expressão emocional!
Ao pedir desculpas, diminuí�m os ressentimentos e
favorecemos a reconciliação e o término das divergências!
Lembre-se que pedir desculpas envolve admitir nossas falhas,
e não as justificar a partir do comportamento do outro!
NEGOCIAR OU IGNORAR O COMPORTAMENTO?
PEÇO-LHE DESCULPAS PELA FORMA
COMO GRITEI COM VOCE� ! Em muitas situações, ainda que façamos a sinalização
do comportamento que nos aborrece e que gostarí�amos que às
crianças e/ou adolescentes mudassem, a frequência deste – ou
ESPERO QUE VOCE� ME DESCULPE POR TER FALADO seja – o comportamento que consideramos inadequado, não
DESTA FORMA! TENTAREI FALAR DIFERENTE diminui. Nestes momentos, é importante a análise sobre qual
NA PRO� XIMA VEZ... o objetivo de a criança comportar-se desta maneira; entre as
possibilidades a serem consideradas, está a de receber a nossa
atenção, mesmo que esta seja apresentada por meio de gritos,
castigo e/ou chateação ou de dificuldade de regular emoções.

HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES 29


Negociar, fornecer feedback negativo e solicitar mudança MAS, CUIDADO! E� importante estarmos atentos aos
de comportamento são habilidades relevantes para lidar com comportamentos adequados das crianças/adolescente para, ao
comportamentos indesejados; todavia, comportar-se desta forma mesmo tempo ignorarmos as ações problemas, também darmos
exige do professor atenção constante na criança, o que, nem sempre, atenção àquilo que é bom para a criança e/ou adolescente.
é possí�vel. Assim, alguns comportamentos inadequados, mas Em alguns momentos (especialmente quando percebemos
que são menos relevantes para o bem-estar social da criança, que o comportamento problema é mantido em função
podem ser ignorados. Isto significa que, em algumas situações do ganho de atenção e/ou situações positivas para o
aluno) também é preciso fazer com que a criança e/ou o
podemos apenas ignorar o comportamento apresentado pelo
adolescente não tenha acesso a situações e/ou coisas que
aluno, evitando gritar, chamar a sua atenção e/ou outras ações
possam ser prazerosas à ele, para que entenda as
que poderiam ser entendidas como “atenção” pela criança.
consequências de suas ações (Everett et al, 2007).

Vamos pensar no recreio (intervalo entre as aulas)


como algo que seja prazeroso ao aluno! Diante de um
MAS, COMO comportamento inadequado de maior impacto para o seu
IGNORAR ALGO desenvolvimento, pode ser eficaz explicar que, mesmo
QUE NOS após a solicitação de mudança, o comportamento continua
PERTURBA? acontecendo; diante deste, ele não poderá participar do intervalo
(ou seja, perderá algo bom para ele). A ideia é contribuir
para que a criança perceba que, atitudes inadequadas,
Sempre que possí�vel, devemos utilizar da estratégia de trazem consequências negativas para o seu desenvolvimento!
expressão de sentimentos negativos, feedback e pedir mudança
de comportamento diante de comportamentos problemas. Todavia, SE, EM UM NOVO MOMENTO, A CRIANÇA
para não passarmos muitas vezes no dia solicitando estas questões COMPORTAR-SE DE FORMA MAIS ADEQUADA,
aos alunos, alguns comportamentos podem ser ignorados! Isto O COMPORTAMENTO DEVERÁ SER SEGUIDO DE
significa tentar, ao máximo, não valorizar (mesmo que negativamente) SITUAÇÕES EXTREMAMENTE POSITIVAS PARA ESTA!
o comportamento apresentado pela criança.

30 HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES


Atentar-se aos comportamentos adequados, mesmo
quando o aluno os apresenta em menor frequência, é considerado
Que tal construirmos com a criança um quadro com
como discutimos, prática educativa positiva e efetiva para o seu
os comportamentos que esperamos que aconteçam e,
desenvolvimento. Além de expressar sentimento positivo diante
na presença destes, estabelecermos pontos/fichas a
da mudança adequada, também podemos iniciar o processo de
serem trocadas por materiais escolares, brinquedos,
mudança fornecendo bonificações diante de cada ação apresentada
brincadeiras no final do dia, semana e/ou mês? Além de
pela criança. Para isto, precisamos entender o que pode ser
divertido, as bonificações estimulam a participação
adequadamente reforçador para o aluno e, utilizar,
da criança e a compreensão sobre as consequências
preferencialmente, estratégias que tenham ligação com os
do seu comportamento.
processos de ensino e aprendizagem (por exemplo, elogio,
demonstração de aceitação, acesso a brinquedos, brincadeiras).

Quando a criança participa da construção


de estratégias para aprendizagem, a
escola “ganha” mais sentido e o processo
de ensino fica mais interessante!

HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES 31


3. Conclusão Final

Compreendendo o contexto de intervenção por si só, satisfatória (Skinner, 2003). Isto quer dizer que a
aprendizagem, além de condizente à realidade do aluno, deve
Professor, ao atuarmos em sala de aula é importante o ser prazerosa e vantajosa ao sujeito. Deste modo, a utilização de
conhecimento sobre os diferentes ritmos de aprendizagem, eventos metodologias ativas de ensino pode favorecer o interesse ao
e ações que possam ser reforçadoras à nossa turma. Compreendemos conteúdo ensinado e colaborar para que a aprendizagem aconteça,
que conhecer o perfil individual de cada aluno é desafiador quando contribuindo a compreensão dos benefí�cios desta aos nossos alunos.
trabalhamos com uma sala numerosa, no entanto, a compreensão Muitas vezes pensamos que as “broncas” em sala de aula atuam
sobre como alguns grupos trabalham é relevante ao estabele- como inibidoras daqueles comportamentos que consideramos
cermos ações que possam trazer sentido ao comportamento inadequados. Todavia, as broncas ou castigos podem atuar como
de aprender. Neste ponto, damos atenção a dois aspectos: o forma de ter / receber atenção para a criança e/ou adolescente
autoconhecimento e a utilização de metodologias que possam que não a possuem em seu ambiente social. Ou seja, ser o foco
auxiliar na aprendizagem. da sala enquanto cobramos por disciplina, ao invés de atuar
Ao aprimorarmos o nosso autoconhecimento, identificamos como algo ruim ao aluno, poderá ser fonte de atenção e, assim,
as habilidades que podem ser melhoradas em nosso perfil, e ter a probabilidade de ocorrência deste mesmo comportamento
também àquelas que estão deficitárias. Além disso, estamos mais (indisciplinar), aumentada.
bem preparados para atentarmos a situações que nos sejam
estressantes e refletirmos sobre a melhor forma de resolvê-las. Reflita: quais comportamentos temos reforçado (dado atenção)
E� importante compreendermos que o conteúdo ensinado precisa em nossa sala de aula? De que forma reforçamos estes: com
ser, de alguma forma, vantajoso ao nosso aluno em sua prática broncas e castigos ou de forma habilidosa? Lembre-se: sempre é
social, a fim de que a aprendizagem possa ter sentido e ser, mais vantajoso trabalharmos com práticas educativas positivas!

32 HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES


4. Materiais Consultados

Achenbach, T. M. & Rescorla, L. A. (2001). Manual for the ASEBA Del Prette, A., & Del Prette, Z. A. P. (2013). Psicologia das Habilidades
School-Age Forms & Profiles. Burlington, VT: University of Sociais na Infância: Teoria e Prática. Petrópolis, RJ: Vozes.
Vermont, Research Center for Children, Youth, & Families.
DUDH, Declaração Universal dos Direitos Humanos (2009).
Bolsoni-Silva, A. T. Marturano, E. M. & Silveira, F. F. (2006). ONUBR, UNIC/Rio. [versão online]
Cartilha Informativa: orientação para pais e mães. SP: Suprema.
Everett, G. E., Olmi, D. O., Edwards, R. P., Tigstrom, D. H., Sterling-
Bolsoni-Silva, A. T. & Mariano, M. L. (2014). Turner, H. E., & Christ, T. J. (2007). Na Empirical Investigation of
Práticas educativas de professores e comportamentos infantis, Time-Out with and Without Escape Extinction to Treat Escape-
na transição ao primeiro ano do Ensino Fundamental. Estudos e Maintained Noncompliance. Behavior Modification, 31(4), 412-178.
Pesquisas em Psicologia, 14(3), 814-833.
Gomide, P. I. C., Salvo, C. G. de., Pinheiro, D. P. N. & Sabbag, G. M.
Bolsoni-Silva, A. T., Loureiro, S. R. & Marturano, E. M. (2016). (2005). Correlação entre práticas educativas, depressão, estresse
Roteiro de entrevista de habilidades sociais educativas parentais e habilidades sociais. Psico-USF, 10(2), 169-178.
(RE-HSE-P). Manual Técnico. São Paulo, SP: Hogrefe/CETEPP.
Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. (1996). Estabelece
Caballo, V. E. (1996). O Treinamento de Habilidades Sociais. as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial
In: V. E. Caballo (Org.). Manual de Técnicas de Terapia e Modificação da União.
de Comportamento. (p. 361-398). São Paulo: Santos.
Mariano, M. & Bolsoni-Silva, A. T. (2015). Práticas Educativas de
Caldarella, P. & Merrel, K. Common dimensions of social skills Professores, Habilidades Sociais e Problemas de Comportamento:
of children and adolescents: a taxonomy of positive behaviors. um estudo comparativo, correlacional e preditivo. Dissertação
School Psychology Review, 1997, 26, 264-278. de Mestrado em Psicologia, Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, Bauru, SP.
Del Prette, Z. A. P. & Del Prette, A. (1999). Psicologia das habilidades
sociais: terapia e educação. Petrópolis, RJ: Vozes. Skinner, B. F. (2003). Ciência e Comportamento Humano. São Paulo:
Martins Fontes. [Trad. de João Carlos Todorov & Rodolfo Azzi].
Del Prette, A. & Del Prette, Z. A. P. (2001). Psicologia das relações
interpessoais: Vivências para o trabalho em grupo. Petrópolis,
RJ: Vozes.

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34 HABILIDADES SOCIAIS EDUCATIVAS PARA PROFESSORES
Apoio
ISBN 978-85-5510-043-7

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