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A LINGÜÍSTICA D E S C R I T I V A
P a u l o A. F r o e h l i c h
I) CONCEITUAÇÀO
O único p a s s o p r e l i m i n a r q u e é e s s e n c i a l a e s t a ciên-
c i a é a restrição d a distribuição c o m o d e t e r m i n a n t e d a
relevância d a p e s q u i s a . O s métodos p a r t i c u l a r e s d e s c r i -
tos n e s t e l i v r o não s ã o e s s e n c i a i s . E l e s são o f e r e c i d o s
c o m o p r o c e d i m e n t o s g e r a i s de análise d i s t r i b u c i o n a l a p l i -
cável a m a t e r i a i s lingüísticos... A e s c o l h a de específicos
procedimentos aqui selecionados p a r a tratamento deta-
l h a d o e, e n t r e t a n t o , e m p a r t e d e t e r m i n a d a p e l a s p r ó -
p r i a s línguas d a s q u a i s o s e x e m p l o s são extraídos. A aná-
l i s e de o u t r a s línguas p o d e r i a c o n d u z i r à discussão e e l a -
b o r a ç ã o de o u t r a s técnicas... I s t o seria verdadeiro desde
q u e a s n o v a s operações t r a t a s s e m e s s e n c i a l m e n t e d a d i s -
tribuição d o s traços fônicos r e l a t i v a m e n t e a o u t r o s t r a -
ços n a s enunciações, e d e s d e q u e f o s s e m e x e c u t a d o s expli-
c i t a m e n t e e c o m r i g o r científico".
I I ) DEFINIÇÃO D E P R I N C I P A I S T E R M O S F U N D A M E N T A I S
d . Distribuição. É a s o m a de ocorrências de u m o u m a i s
traços fônicos e m relação a outros n a s enunciações de u m a
d e t e r m i n a d a língua. É a descrição d e t a l h a d a de todas as posi-
ções onde u m dado elemento pode ocorrer. Corolário m u i t o
i m p o r t a n t e é a r e l a t i v i d a d e d a distribuição de u m dado ele-
mento n u m a língua. S o b o ponto de v i s t a p u r a m e n t e d e s c r i -
tivo não podemos f a l a r , p. ex., dos fonemas hipotéticos indo-
europeus * p , * t , * k , quando se o b s e r v a que c a d a língua e d i a -
leto ( m e s m o dentro do m e s m o grupo o u sub-grupo lingüístico,
h i s t o r i c a m e n t e f a l a n d o ) , c o n s t i t u e m u m a e s t r u t u r a fonética
toda p a r t i c u l a r e única n a s padronizações. C o n c o m i t a n t e -
mente, somente podemos dizer que u m elemento x é d e s c r i t i -
v a m e n t e equivalente a u m elemento y quando d i s t r i b u t i v a -
m e n t e se c o r r e s p o n d e m e m todos os seus pontos, i.e., q u a nd o
o c o r r e m e m contextos equivalentes e podem, p o r t a n t o , s e r
substituídos u m pelo outro, indiferentemente. A s s i m , pode-
m o s dizer que n a língua inglesa os elementos fônicos p, t, k,
e m início de p a l a v r a , são d e s c r i t i v a m e n t e equivalentes, como
podemos v e r pelo s e g u i n t e :
6. [ t k a k h a w á k z h i ] — a p i o i 18. [ s k a h n é h t a t ] — u m pi-
comida nheiro
19. [ t h i s k a : t é l — diferente
7. [tzhá:kat] — o mesmo
20. [snimúhe] — voce com-
8. [wáhzheke] — você o pra.
comeu
21. [washisnistake?] — você
comeu milho
[z] — sonora branda
[ n g ú n ] — está s u b i n d o f n d ü n ] — está d o e n d o
A d e m a i s , n o t a m o s que o elemento fônico [ n g ] está de u m
certo m o d o ligado ao sentido de " p r e s e n t e contínuo" dessas
formas verbais.
F i n a l m e n t e , n a língua m a c h i p u o b s e r v a m o s que o elemen-
tos fônico [ n g ] somente o c o r r e e m posição silábico-inicial, e m
contexto c o m qualquer vogal, não sendo o b s e r v a d a ocorrência
e m n e n h u m a o u t r a posição. P . e x . :
[ n g o n g o l — pó, t e r r a [thawínga] — jacaré
[ p o t o c h ] — n o m e de p l a n t a [nahath] — comprido
1. t r a g a s u l w ' ] — m e n i n a 10. [ a v r i l : l ] — a b r i l
4. l a l h - m i n ó m m ' ] — m e u n o m e 13. [ l i ] — e l a
6. [ a l h - m i d i a : t ' ] — i m e d i a t a m e n t e 15. [ l u : s l — l u z
8. i a l - i u r a c h ' ] — a o r e l h a 17. [ l e i — é
1. [ b a s h i m l — m i n h a cabeça 9. [ d i s h i m ] — m e u d e n t e
3. [ k l z l m ] — m i n h a m e n i n a 11. [ e l i m ] — m i n h a m ã o
4. I b a ü k l m ] — m e u p e i x e 12. [ z i l i m ] — m e u s i n o
5. [ k o l u m ] — m e u b r a ç o 13. t g ü l ü m ] — m i n h a r o s a
6. [ k u s h u m ] — m e u p á s s a r o 14. [ g õ z ü m ] — m e u olho
7. T d o s t u m ] — m e u amigo 15. [ s ü t ü m ] — m e u leite
f o r [ o ] o u [ u ] o c o r r e - u m ; se f o r [ õ ] o u [ ü ] ocorre-üm. E s t e
fato é geralmente denominado a r m o n i a vocálica t u r c a . Pelo
que f i c o u exposto a c i m a podemos a q u i l a t a r a grande i m p o r -
tância do contexto, i.e., do r e l a c i o n a m e n t o exercido p o r u m
elemento sobre o u t r o quando e m contiguidade, o u m e s m o e m
o u t r a s posições. Resta-nos f i n a l m e n t e dizer que este fato l i n -
güístico não deve s e r entendido como u m a influência " n a t u -
r a l " e x e r c i d a p o r u m elemento sobre o u t r o , p. e x . p o r u m [ i ]
sobre u m [ s ] precedente, tornando-o p a l a t i l i z a d o , devido à
articulação n o r m a l m e n t e p a l a t a l do elemento fônico [ i ] . I s t o
pode acontecer às vezes, m a s não é condição a b s o l u t a . O que
parece " n a t u r a l " n u m a língua pode não o ser e m o u t r a , e vice-
v e r s a ; o u tome-se o m e s m o e x e m p l o do dialeto bolonhês, já
citado, onde não há u m a explicação " n a t u r a l " articulatória
p a r a a ocorrência d a v a r i a n t e [ l h ] diante de contexto fônico
L m ] . O fato i m p o r t a n t e é o r e l a c i o n a m e n t o mútuo, e a r e s t r i -
ção d a distribuição de u m elemento dado n u m a língua o u dia-
leto.
f. F o n e m a . É u m dos conceitos m a i s i m p o r t a n t e s d a
m o d e r n a lingüística d e s c r i t i v a . U m dos p r i m e i r o s passos p a r a
a c l a r a compreensão do fato é entender o f o n e m a c o m o a mí-
n i m a u n i d a d e de c o n t r a s t e . A s enunciações m i n i m a m e n t e dife-
rentes ( p a r e s mínimos), d i f e r e m e m apenas u m de seus ele-
mentos ( s e g m e n t o s mínimos). E s t a s enunciações são segmen-
tadas em u n i d a d e s e s t r u t u r a l m e n t e idênticas (porém não ne-
c e s s a r i a m e n t e idênticas sob o ponto de v i s t a do " t e m p o " foné-
t i c o ) . A s s i m , t e m o s n a língua inglesa os seguintes itens léxi-
cos : Só é fonema se tiver prova que contrasta;
Fonologia - fonema (língua: quais são os sons que um sistema de comunicação {língua} produz?);
1. segmentos mínimos ( c o n t r a s t e s )
2. identidade de " t e m p o " condicionado pelo padrão fo-
nético.
3. distribuição c o m p l e m e n t a r ( v a r i a n t e s p o s i c i o n a i s ) .
1. E r w i r d d a s B u c h a u f m a c h e n Êle v a i a b r i r o l i v r o
2. E r w i r d d a s B u c h auflachen Êle v a i r i r o l i v r o
6. E r m i s s t d a s P u l t Êle s e n t e f a l t a d a m e s a .
3. n i m a y a n a — eu estou c o m 8. t i c h o k a — você c h o r a
fome
9. n i c h o k a y a — eu tenho estado
4. n i m a y a n a ? — eu estava com c o m fome
fome
10. n i c h o k a s — eu chorarei
5. n i m a y a n a y a — e u t e n h o e s t a -
do c o m f o m e
11. n i t e h k a w i — e u subo
6. t i m a y a n a — você está com
fome 12. n i t e h k a w i ? — você s u b i u .
1. a t a n i p e n d a — êle gostará d e m i m
2. a t a k u p e n d a — êle gostará d e você
3. a t a m p e n d a — êle gostará dele
4. a t a t u p e n d a — êle gostará d e nós
5. a t a w a p e n d a — êle gostará d e l e s
6. n i t a k u p e n d a — e u g o s t a r e i d e você
7. n i t a m p e n d a — e u g o s t a r e i dele
8. n i t a w a p e n d a — e u gostarei deles
9. u t a n i p e n d a — você gostará d e m i m
10. u t a m p e n d a — você gostará dele
11. t u t a m p e n d a — nós g o s t a r e m o s dele
12. w a t a m p e n d a — e l e s gostarão dele
13. a t a n i p i g a — êle m e baterá
14. a n a n i p i g a — êle está m e b a t e n d o
15. a m e n i p i g a — êle t e m m e b a t i d o
16. a l i n i p i g a — êle m e b a t e u
17. n i n a p i g a — eu estou batendo
18. n i t a p i g a — eu baterei
19. n i l i p i g a —• e u b a t i
20. n i m e p i g a — eu tenho batido
R e s u m i n d o as conclusões baseadas n a s confrontações dos
v i n t e itens a c i m a , i d e n t i f i c a m o s os seguintes segmentos p e r t i -
nentes : n l p r i m e i r a pessoa do s i n g u l a r , sujeito e o b j e t o ; u
segunda pessoa do s i n g u l a r , s u j e i t o ; k u segunda pessoa do s i n -
gular, o b j e t o ; a t e r c e i r a pessoa do s i n g u l a r , s u j e i t o ; m tercei-
r a pessoa do s i n g u l a r , o b j e t o ; tu p r i m e i r a pessoa do p l u r a l ,
sujeito e o b j e t o ; w a t e r c e i r a pessoa do p l u r a l , s u j e i t o e o b j e t o ;
penda sentido de " g os t a r " ; piga sentido de " b a t e r " . E s t e s vá-
r i o s segmentos pertinentes ( o u s i g n i f i c a t i v o s ) o c u p a m posi-
ções f i x a s o u sucedem-se n u m a seqüência o r d e n a d a e m a n -
;
1. a d a m — h o m e m 31. gülünüz — v o s s a s r o s a s
2. a d a m l a r — h o m e n s 32. k a d i n l a r — m u l h e r e s
3. b a s h — cabeça 33. k i t a p — l i v r o
4. b a s h l a r — cabeças 34. k i t a p i m — m e u l i v r o
5. b a s h l m — m i n h a cabeça 35. k i t a a i m i z — n o s s o l v r o
6. b a s h l a r i m i z — n o s s a s cabeça 36. k i t a p i m — s e u l i v r o
7. b a l i k i m — m e u p e i x e 37. k i z l a r i m — m i n h a s m e n i n a s
8. b a l i k l a r — m e u s p e i x e s 38. k i z i m — m i n h a m e n i n a
9. b a l i k l a r l m — m e u s p e i x e s 39. k o l l a r l m i z — n o s s o s braços
10. chõller — d e s e r t o s 40. k o l u m — m e u b r a ç o
11. d i s h i m — m e u d e n t e 41. k u s h l a r — pássaros
12. d i s h l e r — d e n t e s 42. k u s h l a r i m — m e u s pássaros
13. d o s t l a r — a m i g o s 43 k u s h u m — m e u pássaro
14. d o s t u m u z — n o s s o a m i g o 44. p u l u m — m e u s e l o ( d e C o r -
15. e l — m ã o reio)
16. e l i m — m i n h a m ã o 45. p u l l a r l m — m e u s s e l o s
17. e l l e r — mãos 46. s e s i m — m i n h a v o z
18. e l l e r i m — m i n h a s mãos 47. s e s l e r i n i z — v o s s a s v o z e s
19. e l l e r i m i z — n o s s a s mãos 48. süt — leite
20. e l l e r i n i z — v o s s a s mãos 49. sütüm — m e u leite
21. e v i m — m i n h a c a s a 50. siitünüz — v o s s o leite
22. gõnüllerimiz — n o s s o s co- 51. y a s h —> i d a d e
rações 52. y a s h l n — s u a i d a d e
23. gõnülüm — m e u coração 53. y a s h i m — m i n h a i d a d e
24. gõzlerim — m e u s o l h o s 54. y ü z ü m — m e u r o s t o
25. gõzleriniz — v o s s o s o l h o s 55. yüzün — s e u r o s t o
26. gõzüm — m e u olho 56. y u z l e r i m i z — n o s s o s r o s t o s
27. g u r u r u n u z — v o s s o o r g u l h o 57. z i l i m — m e u s i n o
28. günler — d i a s 58. z i l i n — s e u s i n o
29. güller — r o s a s 59. z i l l e r — s i n o s
30. gülüm — m i n h a r o s a 60. z i l l e r i n — s e u s s i n o s
C o m base no c o r p u s a c i m a , v e m o s que n e s s a língua u m a
das características f u n d a m e n t a i s d a m o r f o l o g i a é a ocorrência
de seqüências regulares de específicas classes de segmentos
significativos ( o u m o r f e m a s ) . O b s e r v a m o s , através dos exem-
plos a c i m a a ocorrência de três posições que c h a m a r e m o s de
posições a-b-c, posições essas que somente poderão ser pre-
enchidas p o r segmentos das r e s p e c t i v a s classes " a " , " b " , " c " ;
sendo que a classe " c " pode i n d i c a r c + c , o u s i m p l e s m e n t e
1 2
ev-im gonül-üm
dis-im gõz-üm
el-im gül-üm
ses-im gül-ün-üz
zil-im süt-ün-üz
zil-in yüz-üm
2 . Q u a n d o a última v o g a l dos segmentos d a classe "a"
fôr p o s t e r i o r ( i , a, o, u ) , a s vogais dos segmentos d a classe
" c " também serão posteriores, sendo que se a vogal fôr a r r e -
d o n d a d a no segmento d a classe "a" também serão a r r e d o n d a -
das nos segmentos d a classe "c". P. e x . .
balik-im kol-um
bash-:im pul-um
kis-ím kus-um
kitap-im gurur-un-uz
yash-in dost-um-uz
dis-ler adam-lar
el-ler balik-lar
gün-ler koLlar-ím-íz
göz-ler-im dost-lar
zil-ler pul-lar-im
el-ler-im-iz bash-lar-im-iz
göz-ler-in-iz kol-Iar-im-iz
ses-Ier-in-iz kus-lar-im
zil-ler-in kíz-lar-im
yüz-ler-im-iz puljar-im
Pelo que f o i já exposto, vemos c l a r a m e n t e que a c a u s a
dessas alternâncias morfêmicas d a língua t u r c a está e m con-
textos fonêmicos. O u e m o u t r a s p a l a v r a s : a s variações morfê-
m i c a s são fonêmicamente condicionadas e também obedecem
ao princípio da distribuição c o m p l e m e n t a r ; onde u m a v a r i a n t e
ocorre, os o u t r o s não o c o r r e m , e vice-versa. U m a vez estabe-
lecidos os elementos e os contextos condicionantes, as v a r i a -
ções poderão s e r p r e v i s t a s p o r meio de r e g r a s que e x p r e s s a m
essas r e g u l a r i d a d e s . E s t e tipo de variação é geralmente des-
c r i t a c o m o variação morfo-fonêmica, e geralmente c o r r e s p o n -
de às c h a m a d a s r e g u l a r i d a d e s ( c o m o é o caso dos verbos r e -
gulares, p l u r a i s regulares, das línguas européias) das alter-
nâncias morfêmicas.
Há, porém, u m outro tipo de variação morfêmica. C o n s i -
deremos p a r a análise o seguinte corpus d a língua s u a h i l i :
17. k a m b a
h
— corda k amba
h
— cordas
18. t ^ e m b o — elefante t embo —
h
elefantes
19. p e m b e
h
— chifre p e m b e — chifres
h
43. u v u m b i — u m p o u c o de p o e i -
ra vumbi — muita poeira
m — toto wa — toto
m — tu wa — tu
ki — kapu vi — kapu
ki — pini vi — pini
w — a vu n — avu
w — imbo fi — imbo
T e n t a n d o d e s c o b r i r u m c o n d i c i o n a m e n t o p a r a as a l t e r a -
ções observadas, p o r m a i s que p r o c u r e m o s c a u s a s fonêmicas
p a r a as várias alterações, não há o m e n o r indício de r e g u l a r i -
dade nessas alterações. O único fato que podemos estabele-
c e r é, como já foi dito, ( d e acordo c o m os procedimentos pro-
postos à página 180) c l a s s i f i c a r os itens e m várias classes
condicionados pelo m e s m o procedimento de alternância.
T e m o s , portanto, os seguintes g r u p o s :
m — toto wa — toto
m — pishi w a — pishi
m — tu wa — tu
m — shale mi — shale
m — ti mi — ti
m — zigo mi — zigo
ki — kapu vi — kapu
ki — su vi — su
ki — ti v i — ti
Classe I V — itens c o m segmentos d a classe " b " c o m as
f o r m a s u - * w - no s i n g u l a r e c o m as f o r m a s m - n - ã ^ no p l u -
r a l . P . ex. :
b — a b — a
u — bao m — bao
u — bawa m — bawa
u — devu n — devu
u — gwe n — gwe
w — akati fi — akati
w — imbo n — imbo
b — a
b — a
u — vumbi 0 — vumbi
u — siku 0 — siku
u — shanga 0 — shanga
b — a b — a
0 — gari ma — gari
0 — soka ma — soka
0 — jembe ma — jembe
0 — ngoma o — ngoma
0 — t embo
h
o — t embo
h
0 — numba 0 — fiumba
F a t o análogo o c o r r e no l a t i m . A o lado de f o r m a s v e r b a i s
regulares ( c h a m a d a s de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª conjugações, identifica-
das pelas f o r m a s t e r m i n a d a s e m -are, -ere, -ere, - i r e ) , e que
a p r e s e n t a m o m e s m o t e m a tanto p a r a o c h a m a d o radical do
presente c o m o p a r a o radical do perfeito, temos também algu-
m a s f o r m a s v e r b a i s que fogem à esta regularidade. P. e x . .
R A D I C A L DO PRESENTE R A D I C A L DO PERFEITO
V e r b o capio, i s , e r e , c e p i , c a p t u m
V e r b o f a c i o , i s , ere, feci, f a c t u m
F a t o s f u n d a m e n t a i s sobre os m o r f e m a s :
1. segmentos significativos
2. c o n d i c i o n a m e n t o e alternância : morfo-fonêmica o o u
morfêmica
1. /náytrèyt/ 4. /náyt—rèyt/
2. /blêk+bírd/ 5. /blék—bird/
3. /lôn+áylind/ 6. /lòn—áylind/
a. L i n e a r i d a d e . E l a se b a s e i a n o caráter l i n e a r o u seg-
m e n t a i das línguas. T o d a s as línguas se i d e n t i f i c a m neste pon-
to que pode s e r d e s c r i t o como o fator de l i n e a r i d a d e o u seg-
m e n t a l i d a d e de seus elementos, desde os menores até os m a i o -
res, pois sabemos que n e m m e s m o dois elementos dados po-
d e m s e r p r o n u n c i a d o s ao m e s m o tempo, de u m a só vez. Os
elementos básicos das línguas se sucedem u n s aos o u t r o s e m
cadeia, ligados p o r vários tipos de transição ( j u n t u r a s ) e i n t e r -
r o m p i d o s p o r silêncios. É semelhante a u m rolo de f i l m e que
v a i pouco a pouco se desenrolando e t r a n s m i t i n d o mensagens
comunicativas.
e. E l e m e n t o s D i s t i n t o s . A língua, o u f a l a , é constituída
o u f o r m a d a de p a r t e s d i s t i n t a s que m u t u a m e n t e se r e l a c i o n a m .
E s p e c i a l m e n t e p a r a a lingüística d e s c r i t i v a , tanto os elementos
m a i s s i m p l e s como os m a i s complexos são constituídos de
sons v o c a i s , i.e., são elementos fônicos c o m certas característi-
c a s acústicas p e c u l i a r e s . E s t e s elementos últimos das línguas
são de número r e l a t i v a m e n t e reduzido quando considerados
sob o ponto de v i s t a de u m a língua p a r t i c u l a r , m a s b a s t a n t e
n u m e r o s o s se fôssemos fazer u m inventário completo p a r a re-
p r e s e n t a r todas a s possíveis minúcias dos elementos fônicos
existentes e m todas a s línguas.
h. V a r i a b i l i d a d e dos E l e m e n t o s . C o m o já f i c o u demons-
trado no capítulo I I , os elementos lingüísticos não têm f o r m a s
a b s o l u t a s ; a p r e s e n t a m variações o u alternações de acordo
c o m certos condicionamentos. Os elementos lingüísticos não
e x i s t e m isoladamente a não s e r sob u m ponto de v i s t a de iden-
tificação e não n a expressão r e a l d a f a l a . R e t i r a r a v a r i a b i l i -
dade dos elementos é c o m o s e p a r a r a s cores vermeího-amare-
lo-verde das luzes do tráfego, que a s s i m p e r m a n e c e r i a m inú-
teis e s e m sentido. A v a r i a b i l i d a d e , l i g a d a ao r e l a c i o n a m e n t o
dos elementos entre s i , é fato f u n d a m e n t a l das línguas.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
1. L . B L O O M F I E L D , Language.
2. A . C A R T e o u t r o s , Grammalre Latine.
5. Z. S . H A R R I S , Structural Linguistics.
6. J . Mattoso C â m a r a J r . , Princípios de Lingüística Geral.
7. E . A . N I D A , Morphology.
Prof. M A T T O S O CAMARA J R .
3) — Q u a l é a língua q u e o s e n h o r c h a m a de m a c h i p u ?
R . ) — 0 n o m e m a c h i p u foi a r e s p o s t a q u e u m a i n f o r m a n t e
d e u à p e r g u n t a — C o m o s e c h a m a a s u a língua? D e d u z - s e ,
e n t r e t a n t o , q u e está língua é u m a f o r m a d a língua C u i c u r u .
Prof. N E L S O N ROSSI