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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

CAMPUS-SEDE
LICENCIATURA EM HISTÓRIA

SAMUEL CRISPIM VALERIANO DE LIMA

RECIFE
2022
Em primeiro plano, é de suma importância analisar as questões que
circundaram a história e o trabalho do historiador ao longo do tempo, bem como a
sua consolidação como ciência, haja vista que a história passeou por diversas
concepções para poder alcançar o caráter científico que conhecemos atualmente. 

É fato que a origem da história está diretamente relacionada com a civilização


grega, tendo como principais protagonistas Heródoto e Tucídides, que constituíram a
base e a inspiração para gerações futuras de historiadores. No entanto, evocaremos
alguns séculos após as concepções históricas da Grécia antiga, mais
especificamente o século XVIII, conhecido também como século das luzes, pois
significou uma mudança de ótica nos campos sociais, políticos, econômicos e
científicos através da disseminação das ideias iluministas da época. No campo das
ciências, esse foco racionalista serviu como uma espécie de motivação para o
aprofundamento de pesquisas e conhecimentos científicos, colaborando assim para
a adoção de novas metodologias em várias áreas do saber. Vale ressaltar que a
importância do iluminismo vai mais além, dado que foi capaz de influenciar diversas
concepções que surgiram anos mais tarde.

Não se pode falar de concepções históricas sem voltar os olhares para o


Positivismo e o Historicismo, que são considerados como os dois maiores
paradigmas da história, como define o autor José D’ Assunção Barros:

“Positivismo e Historicismo são dois paradigmas que se contrapõem


como dois modelos antagônicos, e praticamente espelham-se
(invertem-se) no que tange à questão da objetividade / subjetividade
em História.” (Barros, 2020, p. 10)

Dessa forma, retornaremos ao século XIX para analisar a nascente do Positivismo,


além de vislumbrar a sua contribuição para a historiografia. Logo, é valido destacar
que o positivismo é uma corrente de pensamento que atribui valorização a ciência,
se preocupando com questões da realidade, contrariando as concepções filosóficas
antes atribuídas aos mais variados campos da sociedade. Ao analisarmos as
influências do pensamento positivo na historiografia da época, nota-se que o
principal objetivo era a de adicionar um caráter objetivo ao ato de escrever a história,
além de buscar e afirmar que o historiador deveria manter uma postura de
neutralidade, pois segundo o viés positivista a imparcialidade manteria distancia da
subjetividade, possibilitando assim uma escrita objetiva da história. É importante
salientar que a França não foi a única que presenciou essa crescente dos ideais
positivistas, a Alemanha contava com um forte representante da escola metódica e
que merece lugar de destaque nesta análise. Na obra “A história entre a filosofia e a
ciência” de José Carlos Reis, um forte nome destacado é o do historiador Leopold
Von Ranke, visto que era um forte defensor do método cientifico, contendo em seus
escritos traços marcantes de objetividade. Vale ressaltar que Ranke e os
historiadores que trabalhavam sob essa ótica positivista, acreditavam em uma
historiografia capaz de conhecer os fatos passados tal qual eram, e por
consequência dessa aversão a subjetividade, essas análises sobre o passado não
deveriam conter traços de criticidade a realidade da época. Para eles esse era o
conhecimento real. No entanto, Reis diz que, mesmo Ranke sendo um defensor dos
princípios positivos, sua maneira de pensar a historiografia está ainda que
indiretamente ligada a filosofia da história, haja vista que como Rousseau explica, o
homem é produto do meio em que vive, logo Ranke foi influenciado pelas ideias
hegelianas de sua época.

Por outro lado, surge em contraposição ao positivismo, uma nova abordagem da


história, o chamado historicismo que ao contrário do positivismo tinha uma recusa
clara em aproximar a historiografia dessa objetividade na qual as ciências naturais
estavam condicionadas, além claro, de se contrapor a filosofia da história. Essa
outra perspectiva tem a principal proposta de pensar na maneira com que o
conhecimento histórico é elaborado. Um grande representante desse ideal
historicista é o historiador Dilthey que defendia fortemente a parcialidade da
historiografia, bem como as várias concepções de mundo, diferindo da visão
positivista de uma filosofia progressista. Vale destacar que, para o historicismo a
ligação que realmente importava se fazia entre o presente e o passado, havendo
uma aversão ao futuro.
Por fim, segue abaixo um quadro comparativo que organizará separadamente as
principais características de cada movimento, bem como explicitará esse
antagonismo entre positivismo e historicismo.
Referências Bibliográficas:

REIS, José Carlos. A história entre a filosofia e ciência. São Paulo: Ática, 1996.
BARROS, José D’ Assunção. Será a história uma ciência: um panorama de posições
historiográficas. Inter-Legere, vol. 3, N° 27,2020.
RENNÓ, Pedro. Entendendo a historiografia positivista. Youtube, 2019. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=YBQoWF-uh7Q&t=457s. Acesso em 05 de
Mar. 2022

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