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SUMÁRIO
1. Introdução...................................................................... 3
2. Estratificação de Risco Cardiovascular.............. 5
3. Teste Ergométrico ...................................................... 8
4. Ecocardiograma .......................................................17
5. Cintilografia Miocárdica..........................................23
6. Cateterismo Cardíaco..............................................29
Referências Bibliográficas..........................................35
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO CARDÍACA 3
1. INTRODUÇÃO
SE LIGA! Algumas características do
A abordagem de um paciente com desconforto torácico diminuem a possi-
suspeita de doença cardiovascular bilidade de ser de origem cardíaca, como
(DCV), ou já conhecida, deve se ini- dor aguda pleurítica perfurante, posicio-
nal e que se reproduz com a palpação.
ciar com a história clínica e exame
físico direcionado. Na história, a ên-
fase deve ser nos sinais e sintomas O exame físico cardiovascular é de
cardiovasculares, como desconforto grande importância na prática clínica
torácico, dispneia, edema, palpitações e se inicia com a avaliação do estado
e síncope. Coletar informações sobre geral do paciente. Deve incluir dados
as características específicas de cada vitais, aferição da pressão arterial,
sinal e sintoma, principalmente quan- inspeção do precórdio, palpação e
to à dor precordial (qualidade, locali- ausculta das bulhas cardíacas, além
zação, irradiação, fatores desencade- de palpação dos pulsos periféricos e
antes e de melhora, modo de início, observação da coloração da pele.
duração e sintomas associados); per-
Após a avaliação clínica, podem ser
guntar sobre mudanças do sintoma
necessários alguns exames, inva-
ao longo do tempo, além da história
sivos ou não, que possam traçar a
familiar de doenças cardiovasculares.
estrutura e função cardíaca, como o
teste ergométrico, o ecocardiograma,
a cintilografia miocárdica e o catete-
rismo cardíaco.
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO CARDÍACA 4
TESTE ERGOMÉTRICO
ECOCARDIOGRAMA
CINTILOGRAFIA
MIOCÁRDICA
CATETERISMO CARDÍACO
EXAMES COMPLEMENTARES
SUSPEITA OU
CONFIRMAÇÃO
DE DCV
ESTADO GERAL,
SINAIS E SINTOMAS
SINAIS VITAIS
INSPEÇÃO, PALPAÇÃO E
HISTÓRIA FAMILIAR
AUSCULTA DO PRECÓRDIO
EXAME CARDIOVASCULAR
PERIFÉRICO
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO CARDÍACA 5
PAS
COLES- PAS
IDADE (NÃO
PONTOS HDL-C TEROL (TRATA- FUMO DIABETES
(ANOS) TRATA-
TOTAL DA)
DA)
-3 < 120
-2 60+
PAS
COLES- PAS
IDADE (NÃO
PONTOS HDL-C TEROL (TRATA- FUMO DIABETES
(ANOS) TRATA-
TOTAL DA)
DA)
6 150-159
7 50-54 160+
8 55-59
9 60-64
10 65-69
11 70-74
12 75+
≤ -2 <1 13 10,0
-1 1,0 14 11,7
0 1,2 15 13,7
1 1,5 16 15,9
2 1,7 17 18,5
3 2,0 18 21,6
4 2,4 19 24,8
5 2,8 20 28,5
7 3,9
8 4,5
9 5,3
10 6,3
11 7,3
12 8,6
Tabela 2. Risco global em 10 anos, para mulheres. Fonte: Atualização da Diretriz de Prevenção CV, SBC, 2019.
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO CARDÍACA 7
RISCO
RISCO BAIXO RISCO ALTO RISCO MUITO ALTO
INTERMEDIÁRIO
ATEROSCLEROSE
ERG >20%
SIGNIFICATIVA (>50%
(HOMENS) OU
ERG <20% DE OBSTRUÇÃO)
>10% (MULHERES);
ERG < 5% EM (HOMENS) OU COM OU SEM
ATEROSCLEROSE
HOMENS OU <10% (MULHERES); SINTOMAS CLÍNICOS:
SUBCLÍNICA;
MULHERES DIABÉTICOS SEM CORONÁRIA,
ANEURISMA DE
DASC OU ER CEREBROVASCULAR
AORTA ABD.; DRC;
E VASCULAR
LDL ELEVADO
PERIFÉRICA
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO CARDÍACA 8
SAIBA MAIS!
Devido à movimentação excessiva dos membros durante o exercício, durante o teste ergo-
métrico os eletrodos periféricos no ECG são colocados em posições mais proximais, ou seja,
nos ombros e tórax inferior
Figura 1. Padrões de desvio do ST Fonte: Exercise Standards for Testing and Training, Volume 128, Issue 8, Pages 873-934.
Elevação de ST >1,0mm em derivações sem ondas Q por causa de IAM prévio (outras que não
aVR, aVL ou V1)
Queda da PA sistólica >10mmHg apesar de um aumento da carga de trabalho, quando acompa-
nhada por qualquer outra evidência de isquemia
Angina moderada a grave
ABSOLUTAS Sintomas do SNC (ex: ataxia, tontura ou ameaça de síncope)
Sinais de má perfusão (cianose ou palidez)
Taquicardia ventricular sustentada ou outra arritmia que interfira com a manutenção normal do
débito durante o exercício
Dificuldades técnicas em monitorizar o ECG ou a PA sistólica
Pedido do paciente para parar
Deslocamento acentuado de ST >2mm horizontal ou inclinado para baixo em um paciente com
suspeita de isquemia
Queda da PA sistólica >10mmHg, apesar de aumento da carga de trabalho, na ausência de outra
evidência de isquemia
Dor torácica aumentando
RELATIVAS
Fadiga, falta de ar, chieira, cãibras nas pernas ou claudicação
Outras arritmias que não TV sustentada, incluindo ectopia multifocal, TSV, BAV ou bradiarritmias
Resposta hipertensiva exagerada (PA sistólica > 250mmHg e/ou PA diastólica > 115mmHg)
Desenvolvimento de um bloqueio de ramo que não pode ser distinguido de uma taquicardia
ventricular.
Tabela 3. Indicações para terminar um teste ergométrico
SAIBA MAIS!
O teste ergométrico pode ainda propor uma avaliação prognóstica ao paciente, através do
Escore de Duke. Este escore leva em consideração o tempo de exercício, o desnível de ST
(tanto para mais, como para menos), além do nível de angina. Dessa forma, quanto maior o
tempo de exercício, menor o desvio de ST e menor o nível de angina, menor será o risco de
morrer por IAM.
INFRA HORIZONTAL,
DESCENDENTE E
SUPRA DE ST
SENSIBILIDADE: 68%
ESPECIFICIDADE: 77%
DESVIO DE ST
1. ECG DE REPOUSO
PRESSÃO ARTERIAL
PADRÕES DE
RESPOSTA TESTE
TÉCNICA
SUGESTIVOS DE ERGOMÉTRICO
FREQUÊNCIA ISQUEMIA
CARDÍACA
2. EXERCÍCIO
CAPACIDADE
FUNCIONAL
ESCORE DE DUKE:
PROGNÓSTICO MAIOR DEMANDA
PROTOCOLO BRUCE DE OXIGÊNIO ->
METs -> OU ELLESTAD RESERVA DE FLUXO
PROTOCOLO BRUCE CORONARIANO
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO CARDÍACA 17
HORA DA REVISÃO!
O ultrassom é gerado por um transdutor, que emite uma vibração através da corrente elé-
trica recebida. O pulso emitido para as estruturas é posteriormente recebido através da
reflexão da onda nos tecidos. A diferença de consistência dos tecidos garante a diferença
na imagem observada, o que é chamado de impedância acústica. Os tecidos fluidos ficam
com uma cor preta; os tecidos moles, cinza; tecidos fibrosos aparecem com tonalidades
mais brancas; e os sólidos (como os ossos) terão uma superfície bem branca, seguidas
posteriormente da sombra acústica posterior.
Figura 5. Fluxo ao doppler pulsátil do VE para a aorta (esquerda) e doppler colorido (direita).
Supraesternal
Paraesternal
Apical
Subcostal
Figura 6. Janelas ecocardiográficas. Fonte: https://bit.ly/3ek1aRU
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> 0,42
≤ 0,42
TRANSTORÁCICO OU
TRANSESOFÁGICO
AVALIAÇÃO
ECOCARDIOGRAMA TÉCNICA
ESTRUTURAL
REMODELAMENTO MODO M
CONCÊNTRICO (UNIDIMENSIONAL)
HIPERTROFIA JANELAS
EXCÊNTRICA ECOCARDIOGRÁFICAS
HIPERTROFIA
CONCÊNTRICA SUPRAESTERNAL,
PARAESTERNAL,
APICAL E SUBCOSTAL
AUMENTO DO
ÍNDICE DE MASSA
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO CARDÍACA 23
Hipocaptação Hipocaptação
Normal
Transitória Persistente
PADRÕES DE CINTILOGRAFIA
TÉCNICA
RESPOSTA MIOCÁRDICA
VASODILATADOR
(DIPIRIDAMOL E
ADENOSINA)
3. RADIOFÁRMACOS
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO CARDÍACA 29
HORA DA REVISÃO!
Para entendermos o cateterismo cardíaco, precisamos relembrar a anatomia coronaria-
na. O coração é irrigado por 3 artérias principais: do lado direito, há a artéria coronária
direita (CD); do lado esquerdo há o tronco da coronária esquerda, que dá origem à artéria
descendente anterior - DA (parede anterior) e a artéria circunflexa - CX (região lateral).
Cada uma dessas 3 artérias principais dá origem, ainda, a diversos ramos secundários. A
artéria dominante dá origem ao ramo descendente posterior; a CD é a artéria dominante
em 80% dos casos.
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO CARDÍACA 30
Circunflexa (CX)
Figura 12. Coronariografia normal: A – coronária esquerda (vista posteroanterior cranial); B – coronária esquerda (vista
oblíqua anterior direita caudal); e C – coronária direita (vista oblíqua anterior esquerda cranial). Fonte: USP Clínica Mé-
dica, volume 2, 2016.
não no epicárdio, sua localização ha- de alto risco (angina recorrente, ins-
bitual). Devido a isso, a imagem pode tabilidade hemodinâmica, troponi-
parecer como uma pequena obstru- na elevada e presença de arritmias);
ção do fluxo ao exame e pode gerar DAC estável se FEVE < 50%, angi-
angina no paciente, mas geralmente na refratária ao tratamento clínico ou
não leva à infarto. presença de alto risco em testes não
Depois da coronariografia, realiza-se invasivos.
a ventriculografia, na qual o cateter No geral, a conduta sobre a revas-
é trocado e inserido dentro do ventrí- cularização ou não depende do grau
culo esquerdo. Após a pressão ven- de obstrução das coronárias: lesões
tricular esquerda (VE) ser medida, > 70% em geral seguem para angio-
os meios de contraste radiográficos plastia; lesões < 50% tendem a seguir
(aproximadamente 35 a 45 mL) são com tratamento clínico; já diante de
injetados sob alta pressão (1.000 psi) lesões entre 50 e 70%, pode-se reali-
para avaliar o movimento da parede zar métodos invasivos para ajudar na
do VE, o tamanho das câmaras, a pre- decisão. Trata-se da reserva de fluxo
sença de insuficiência da válvula mi- fracionada (FFR) e da razão livre de
tral e a forma da raiz aórtica. A fração ondas instantânea (iFR)· Esses mé-
de ejeção do VE (a normal é de 50 a todos se baseiam na transdução da
70%), uma medida da função cardía- pressão coronária antes e depois de
ca, é calculada como a porcentagem uma lesão obstrutiva e podem deter-
do volume diastólico ejetado. minar a importância da hemodinâmi-
Depois de os angiogramas diagnós- ca de uma lesão e, portanto, a neces-
ticos serem completados, a necessi- sidade de tratamento.
dade de revascularização coronária A angioplastia com balão tem a fun-
é avaliada. Se as obstruções arteriais ção de abrir o lúmen na área esteno-
coronárias sintomáticas estiverem sada, deslocando a placa ateroscleró-
presentes, uma intervenção corona- tica as margens do vaso. Com isso,
riana percutânea (ICP) pode ser rea- reestabelece-se o fluxo sanguíneo,
lizada ao mesmo tempo, se discutida porém há altas chances de reesteno-
e consentida com antecedência. Em se em pouco tempo. Por isso, o ideal é
contraposição, o paciente pode ser a utilização de stent metálico após a
encaminhado também para a cirurgia dilatação com balão, impedindo a re-
com enxerto do bypass arterial coro- tração elástica do vaso. O stent pode
nário (EBAC). ser convencional ou farmacológico,
A angioplastia (revascularização) que se diferenciam apenas pela libe-
tem algumas indicações, como: SCA ração de substâncias que impedem a
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO CARDÍACA 33
FLUXOGRAMA – CATETERISMO
CATETERISMO
CARDÍACO
PREFERÊNCIA: RADIAL
ACESSO VASCULAR TÉCNICA DE SELDINGER
(MENOR SANGRAMENTO)
CORONARIOGRAFIA:
ANÁLISE DE COMPRIMENTO, CAUSAM ANGINA, MAS
PONTES MIOCÁRDICAS
MORFOLOGIA, OBSTRUÇÃO E NÃO LEVA À INFARTO
PRESENÇA DE TROMBOS
VENTRICULOGRAFIA:
FRAÇÃO DE EJEÇÃO
AVALIAÇÃO ESTRATIFICAÇÃO
DA FUNÇÃO DO RISCO
CARDÍACA CARDIOVASCULAR
CINTILOGRAFIA
TESTE ERGOMÉTRICO ECOCARDIOGRAMA CATETERISMO
MIOCÁRDICA
ANALISAR: DESVIO
AVALIAÇÃO
DE ST, FC, PA E ESTRESSE DINÂMICO ACESSO VASCULAR
ESTRUTURAL
CAPACIDADE OU FARMACOLÓGICO RADIAL
(ÍNDICE DE MASSA)
FUNCIONAL
HIPOCAPTAÇÃO
PROGNÓSTICO: FRAÇÃO DE EJEÇÃO CORONARIOGRAFIA +
TRANSITÓRIA OU
ESCORE DE DUKE DO VE (FEVE) VENTRICULOGRAFIA
PERSISTENTE
ANALISAR
OPÇÃO PARA POSSIBILIDADE
PROBABILIDADE
CONTRAINDICAÇÕES TERAPÊUTICA:
PRÉ-TESTE CONFORME ECO TT OU ECO TE
AO TESTE ANGIOPLASTIA COM
POPULAÇÃO
ERGOMÉTRICO BALÃO/ STENT
ESTUDADA
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019.
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