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Sustentabilidade e Turismo

Profa. Maria Antonietta Castro Pivatto


Prof. Maicon Mohr

2011
1 Edição
a
Copyright © UNIASSELVI 2011

Elaboração:
Profa. Maria Antonietta Castro Pivatto
Prof. Maicon Mohr

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

338.4791
M699s Mohr, Maicon
Sustentabilidade e turismo / Maicon Mohr e Maria
Antonietta Castro Pivatto. Indaial : Uniasselvi, 2011.
262 p. : il.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-465-2

1. Turismo - Sustentabilidade
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci

Impresso por:
Apresentação
De acordo com a Divisão de População das Nações Unidas, no final
de 2011, o mundo terá 7 bilhões de habitantes (NATIONAL GEOGRAPHIC,
2011). A quantidade de energia e recursos naturais necessários para manter
uma população tão numerosa e crescente está acima da capacidade de
reposição do planeta Terra, nos levando a um futuro perigoso.

É neste cenário que o modelo tradicional de desenvolvimento é


repensado, e cada vez mais governo e sociedade civil buscam por alternativas
sustentáveis, na esperança de reverter este quadro. E o setor turístico não
poderia ficar de fora.

Segundo a Organização Mundial do Turismo, 935 milhões de


passageiros passaram por aeroportos do mundo em 2010, um crescimento
de 7% em relação ao ano anterior.
FONTE: <http://pt.wikinoticia.com/entretenimento/turismo/71932-o-numero-de-turistas-
no-mundo>. Acesso em: 8 ago. 2011.

Dados da EMBRATUR apontam que o Brasil recebeu 5,161 milhões


de turistas estrangeiros, um aumento de 7,5% em relação a 2009 (JÚNIOR,
2011).

Estes números só tendem a aumentar, seguindo a oscilação das


moedas internacionais e da estabilidade econômica. Mas por trás destas boas
notícias, esconde-se um fantasma assustador: a pressão por novos destinos,
roteiros e serviços. Dentro do modelo tradicional de negócios, esta estrutura
demanda pesquisa de mercado, planejamento, aplicação de recursos e
treinamento de mão de obra qualificada.

Mas quando levamos em conta as novas demandas da sociedade,


cada vez mais cobrando harmonia com a natureza, observamos que outros
fatores precisam fazer parte do projeto: avaliação de impactos ambientais,
preparação da comunidade local, cuidados específicos com saneamento,
fornecimento de água, reciclagem de lixo, arquitetura etc.

Acredita-se que o ecoturismo é uma das alternativas que pode


absorver estas demandas, porém toda a indústria do turismo necessita
buscar sustentabilidade, visto que no futuro teremos menos oferta de novos
destinos, sendo estes cada vez mais pressionados pelo excesso de visitação.
Assim, este curso tem a grande missão de trazer aos estudantes de turismo
uma nova perspectiva no seu caminho profissional, inserindo informações
sobre meio ambiente, educação ambiental e sustentabilidade.

III
Esperamos com isso motivar uma nova percepção sobre a relação
do homem com a natureza, tendo o turismo como ferramenta desta
transformação.

Bons estudos!

Profa. Maria Antonietta Castro Pivatto


Prof. Maicon Mohr

NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO.................... 1

TÓPICO 1 – NOÇÕES GERAIS DE BIOLOGIA.............................................................................. 3


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 3
2 BOTÂNICA........................................................................................................................................... 6
3 ZOOLOGIA ......................................................................................................................................... 19
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 26
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 28

TÓPICO 2 – CARACTERIZAÇÃO DE MEIO AMBIENTE............................................................ 31


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 31
2 MEIO AMBIENTE E ECOLOGIA.................................................................................................... 32
3 BIOMAS BRASILEIROS ................................................................................................................... 35
4 PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE NATURAL.......................................... 42
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 44
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 46
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 48

TÓPICO 3 – ECOTURISMO................................................................................................................. 51
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 51
2 DEFININDO O ECOTURISMO....................................................................................................... 51
3 PLANEJAMENTO E GESTÃO INTEGRADA DO ECOTURISMO.......................................... 54
4 ECOTURISMO NO BRASIL ............................................................................................................ 58
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 64
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 66

TÓPICO 4 – A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO TURISMO....................................... 69


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 69
2 PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL................................................... 72
3 MEIO AMBIENTE E REPRESENTAÇÃO SOCIAL...................................................................... 74
4 RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E TURISMO................................................... 77
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 82
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 84

UNIDADE 2 – SUSTENTABILIDADE............................................................................................... 87

TÓPICO 1 – AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE........................................................... 89


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 89
2 AS DIMENSÕES SOCIAL E CULTURAL...................................................................................... 91
3 AS DIMENSÕES ECOLÓGICA, AMBIENTAL E TERRITORIAL............................................ 95
4 A DIMENSÃO ECONÔMICA.......................................................................................................... 99
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 100
5 AS DIMENSÕES POLÍTICAS ......................................................................................................... 103
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 107
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 109
VII
TÓPICO 2 – A SOCIEDADE MODERNA E SEU PAPEL NA SUSTENTABILIDADE............ 111
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 111
2 CENÁRIO DEMOGRÁFICO DA SOCIEDADE MODERNA.................................................... 113
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 116
3 O CONSUMISMO E SEUS IMPACTOS ........................................................................................ 117
4 DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE ......................................................................................... 122
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 125
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 127
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 130

TÓPICO 3 – TURISMO E PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL.................................................... 133


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 133
2 PLANEJAMENTO E GESTÃO DO TURISMO............................................................................. 134
3 ATORES DO TURISMO SUSTENTÁVEL..................................................................................... 139
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 152
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 154

TÓPICO 4 – CAPACIDADE DE CARGA NO TURISMO.............................................................. 157


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 157
2 CONCEITUAÇÃO E UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA..................................... 158
3 DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA TURÍSTICA .......................................... 159
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 164
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 172
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 174

UNIDADE 3 – MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL................................ 177

TÓPICO 1 – ECOTURISMO E TURISMO DE AVENTURA......................................................... 179


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 179
2 ENVOLVIMENTO COM A NATUREZA........................................................................................ 182
3 TURISMO CONTEMPLATIVO........................................................................................................ 184
4 TURISMO DE AVENTURA............................................................................................................... 188
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 191
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 193
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 195

TÓPICO 2 – TURISMO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO.................................................. 197


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 197
2 SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO – SNUC................................. 200
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 203
3 OS EFEITOS DO TURISMO NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO................................... 206
4 SUSTENTABILIDADE EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ............................................... 209
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 213
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 216

TÓPICO 3 – TURISMO DE EXPERIÊNCIA...................................................................................... 219


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 219
2 LAZER E EXPERIÊNCIA.................................................................................................................... 220
3 ENVOLVIMENTO COM A COMUNIDADE LOCAL ................................................................ 226
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 226
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 230
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 233

VIII
TÓPICO 4 – O IMPACTO AMBIENTAL DA ATIVIDADE TURÍSTICA................................... 235
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 235
2 TURISMO DE MASSA ...................................................................................................................... 235
3 OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO TURISMO ............................................... 238
4 TURISMO DE BAIXO IMPACTO ................................................................................................... 243
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 246
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 248
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 250

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 253

IX
X
UNIDADE 1

FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E


DO ECOTURISMO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• fornecer informações básicas sobre biologia;

• promover a compreensão básica da botânica;

• promover a compreensão básica da zoologia;

• conhecer os conceitos de meio ambiente e ecologia;

• conhecer os principais biomas brasileiros;

• compreender preservação e conservação do ambiente natural;

• compreender o conceito de ecoturismo;

• conhecer planejamento e gestão integrada do ecoturismo;

• compreender a realidade do ecoturismo no Brasil;

• conhecer os princípios e objetivos da educação ambiental;

• conhecer o conceito de meio ambiente e representação social;

• compreender a relação entre educação ambiental e turismo.

PLANO DE ESTUDOS
Esta Unidade está organizada em quatro tópicos, sendo que, em cada
um deles, você encontrará atividades para uma maior compreensão das
informações apresentadas.

TÓPICO 1 – NOÇÕES GERAIS DE BIOLOGIA

TÓPICO 2 – CARACTERIZAÇÃO DE MEIO AMBIENTE

TÓPICO 3 – ECOTURISMO

TÓPICO 4 – A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO TURISMO


1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

NOÇÕES GERAIS DE BIOLOGIA

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Esta unidade tem como objetivo oferecer uma introdução
sobre os Fundamentos do Meio ambiente e do Ecoturismo. Para o estudo desta
disciplina, é de fundamental importância o conhecimento de alguns conceitos e
características da Biologia, e de duas áreas específicas que a integram, que são a
Botânica e a Zoologia.

Vamos iniciar nossos estudos conhecendo um pouco mais sobre a


Biologia. A palavra biologia significa “estudo da vida” (do grego bios “vida” e
logos “estudo”). É a ciência que estuda os seres vivos e suas manifestações vitais.
Procura entender o surgimento e a evolução da vida em nosso planeta, as relações
dos seres vivos com o meio ambiente, seus métodos de sobrevivência, além de
vários outros aspectos.

A Biologia é uma ciência muito ampla e antiga. Sabemos que o homem


primitivo já se preocupava em conhecer o funcionamento de seu corpo e do
mundo ao seu redor. Mas historicamente, foi Aristóteles (384 a.C - 322 a.C) o
primeiro a escrever sobre Biologia. Talvez você já o conheça por ser um grande
filósofo grego, mas você sabia que Aristóteles foi o primeiro grande biólogo da
Europa? A formulação do princípio de que todos os organismos estão totalmente
adaptados ao meio em que vivem e a afirmação de que a natureza não despende
energia desnecessariamente são dele.

Infelizmente, após a morte de Aristóteles, a biologia “adormeceu”, não


houve uma continuidade de seus estudos e suas pesquisas quase foram perdidas.
Somente no século XIV, no período da Renascença é que houve um recomeço
nesta área. Isso ocorreu através da pretensão de vários artistas, em especial
pintores e escultores, de entender perfeitamente a anatomia humana para poder
retratá-las com perfeição em suas obras.

3
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

FIGURA 1 – ARISTÓTELES – FILÓSOFO GREGO (384-322 A.C.)

FONTE: <http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%B3gica_aristot%C3%A9lica>. Acesso em: 31 jul. 2011.

Foi através das observações desses estudiosos e artistas, que tinham como
objetivo principal entender melhor todas as formas de vida na Terra e retratá-las
com maior realismo, que mais tarde chegou-se à conclusão de que os seres vivos
podiam ser estudados mais a fundo se estivessem separados por áreas de estudo
específicas.

NOTA

É possível que você tenha se surpreendido com a influência que o pensador


grego, Aristóteles, teve sobre a Biologia. Isto não se atribui somente a ele, mas a inúmeros
outros pensadores e artistas, que contribuíram para uma série de outras áreas. Por isso, é
importante que você busque ampliar seus conhecimentos sobre a filosofia.

Sem dúvida nenhuma, a Biologia é um ramo de conhecimento que cresce


em um ritmo bastante acelerado e o acúmulo de tanto conhecimento levou à
subdivisão da Biologia em diversos ramos. Observe o quadro a seguir e entenda
mais sobre os principais ramos de estudo da Biologia.

4
TÓPICO 1 | NOÇÕES GERAIS DE BIOLOGIA

QUADRO 1 – OS PRINCIPAIS RAMOS DA BIOLOGIA

PRINCIPAIS RAMOS DA BIOLOGIA


Subdivisão O que estuda
Citologia ou Biologia
Estuda o componente básico dos seres vivos, a célula.
Celular
Estuda a formação (origem), a morfologia (forma e estrutura) e o
funcionamento dos tecidos. O estudo de citologia e de histologia
Histologia
frequentemente é realizado com o auxílio de microscópios, uma vez que
a maioria das células não é visível a olho nu.
Estudo morfológico das estruturas corporais macroscópicas, isto é, visíveis
Anatomia
a olho nu.
Embriologia Estuda da formação e o desenvolvimento embriológico dos seres vivos.
Estuda plantas, algas (ficologia) e fungos (micologia) abrangendo o
Botânica
crescimento, o desenvolvimento, a fisiologia e a evolução destes organismos.
Zoologia É a área da Biologia que estuda os animais em todos os seus aspectos.
Estuda o funcionamento de células, tecidos, órgãos, sistemas e do indivíduo
Fisiologia
como um todo.
Estuda a hereditariedade, isto é, o modo como certas características são
Genética
transmitidas de uma geração a outra.
Estuda o surgimento de novas espécies a partir de espécies preexistentes.
Evolução Também investiga as modificações que os seres vivos apresentam durante
intervalos de tempo relativamente longos.
Estuda as relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem, além
Ecologia
da distribuição e abundância dos organismos no planeta.
Estuda a classificação dos seres vivos e as relações evolutivas que existem
Sistemática
entre eles.

FONTE: Adaptado de: Aguiar et al. (2010a)

Como pudemos perceber, o desenvolvimento da Biologia não está


unicamente relacionado aos novos conhecimentos e descobertas que surgem a
todo o momento, mas essencialmente à importância dos temas biológicos no dia a
dia das pessoas. Compreender os princípios biológicos nos ajuda a lidar de forma
mais consciente com temas relacionados ao meio ambiente, noções de nutrição e
higiene, desenvolvimento de hábitos saudáveis etc.

ATENCAO

Caro acadêmico! Este tópico não é um resumo completo de toda a Biologia, é


apenas um guia para que você possa ter as noções básicas. Portanto, é importante que você
pesquise mais em livros, revistas e/ou internet sobre esta importante área de estudo.

5
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

2 BOTÂNICA
Podemos conceituar Botânica como a parte da Biologia que estuda os
vegetais em todos os aspectos possíveis e, por tradição, as algas e fungos. De
acordo com Eichhorn et al. (2001), a palavra “botânica” provém do grego botané,
que significa planta, e deriva do verbo boskein, “alimentar”.

Vale lembrar que foi através de um grupo de algas clorófitas (algas verdes)
que as plantas tiveram sua origem. O passo seguinte foi a mudança destas algas
do ambiente aquático para o terrestre o que tornou possível o desenvolvimento
de muitos animais.

NOTA

O Reino Plantae é composto por aproximadamente 280.000 espécies e abriga


organismos capazes de produzir o seu próprio alimento. Contudo, eles possuem necessidades
específicas de determinados nutrientes presentes somente no solo, como por exemplo, os
sais minerais.

Assim como em outros ramos da Biologia, a Botânica estuda o seu


objeto principal, “as plantas”, através de uma grande variedade de níveis,
desde o molecular, genético e bioquímico através de organelas, células, tecidos
e a biodiversidade de plantas inteiras. No topo desta escala, plantas podem
ser estudadas em populações, comunidades e ecossistemas (como acontece no
ramo da Ecologia). Em cada um destes níveis um botânico pode se dedicar à
classificação (taxonomia), estrutura (anatomia) ou função (fisiologia) da vida
vegetal.
FONTE: Adaptado de: <http://biologia-completa.blogspot.com/2011_03_01_archive.html>.
Acesso em: 8 ago. 2011.

UNI

Caro acadêmico! Após esta etapa introdutória, vamos focalizar um pouco sobre
a História da Botânica. Os fatos expostos neste item têm como base as informações postadas
no seguinte site: <http://mundonanet.sites.uol.com.br/biologia9.html>.

6
TÓPICO 1 | NOÇÕES GERAIS DE BIOLOGIA

Entre os primeiros estudos botânicos, escritos por volta de 300 a.C., estão
dois grandes tratados de Teofrasto: “Sobre a História das Plantas” e “Sobre as
Causas das Plantas”. Juntos, estes livros constituem-se na contribuição mais
importante à ciência botânica durante a antiguidade e a Idade Média.
FONTE: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Botânica>. Acesso em: 8 ago. 2011.

Em 1665, usando um microscópio primitivo, Robert Hooke descobriu


células em cortiça; pouco tempo depois em tecidos vegetais vivos. O alemão
Leonhart Fuchs, o suíço Conrad Gessner, e os autores britânicos Nicholas
Culpeper e John Gerard, publicaram Herbais (livros sobre ervas) com
informações de usos das plantas.
FONTE: <http://mundonanet.sites.uol.com.br/biologia9.html>. Acesso em: 30 jul. 2011.

Mas só no século XVIII foram realizados estudos mais aprofundados,


como o do sueco Carl von Linné, que propôs uma nomenclatura para as
plantas em que elas teriam dois nomes em latim: o primeiro indicaria o gênero
e o segundo, a espécie, como por exemplo, a Laelia lobata, que popularmente
conhecemos pelo nome de orquídea.
FONTE: <http://mundonanet.sites.uol.com.br/biologia9.html>. Acesso em: 30 jul. 2011.

No Brasil, o estudo das plantas ganhou importância com a chegada


da corte portuguesa em 1808. Neste ano, D. João VI fundou o Jardim Botânico
do Rio de Janeiro, que se tornaria o centro da botânica nacional no século
20. Pode-se dizer que a análise da flora brasileira, a mais rica do mundo, se
iniciou com o alemão Carl Friedrich Philip von Martius que, entre 1817 e 1820,
percorreu o país colhendo os mais variados tipos de plantas, resultando na
obra Flora Brasiliensis, de 15 volumes. Esta obra começou a ser publicada em
1840 e só terminou em 1906, muitos anos após a sua morte.
FONTE: <http://mundonanet.sites.uol.com.br/biologia9.html>. Acesso em: 30 jul. 2011.

7
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

FIGURA 2 – CARL FRIEDRICH PHILIP VON MARTIUS – AUTOR DA OBRA “FLORA BRASILIENSIS”

FONTE: <http://florabrasiliensis.cria.org.br/info?history>. Acesso em: 29 jun. 2011.

DICAS

Para enriquecer seus estudos, você pode encontrar a versão on-line da obra
“Flora Brasiliensis”: <www.florabrasiliensis.cria.org.br>.

Por muitos séculos, todas as pessoas que estudavam a natureza eram


chamadas naturalistas. A profissão de botânico teve seu início somente em 3
de setembro de 1979, quando a faculdade de Biologia foi reconhecida.
FONTE: <http://mundonanet.sites.uol.com.br/biologia9.html>. Acesso em: 30 jul. 2011.

UNI

Agora que já estudamos o conceito de Botânica e vimos alguns aspectos da sua


história, vamos saber um pouco mais sobre o seu objeto de estudo: as plantas.

8
TÓPICO 1 | NOÇÕES GERAIS DE BIOLOGIA

Levando em consideração suas características gerais, sabemos que as


plantas são organismos eucariontes, pluricelulares e autótrofos e que apresentam
uma particularidade marcante e primordial para o desenvolvimento da vida
na terra, realizam a fotossíntese. No entanto, a fotossíntese também é realizada
por representantes de outros reinos, como o Monera e Protoctista. Existem
representantes desse reino em praticamente todos os ambientes de nosso planeta,
tanto terrestres quanto aquáticos.

NOTA

As plantas são seres fotossintéticos e utilizam o Sol, a forma básica de energia,


para produzir o próprio alimento. Por essa razão, são chamadas de autotróficas. As plantas
são responsáveis por manter a maioria dos ecossistemas e, por isso, são essenciais para a
vida na Terra.

A classificação das plantas baseia-se em diversos parâmetros importantes


como a anatomia, embriologia, ecologia, genética molecular e bioquímica, é
continuamente atualizada de acordo com as contribuições de pesquisas científicas.

Segundo Aguiar et al. (2010b, p. 6):

Ao longo do tempo, diversos sistemas de classificação foram


propostos. Em muitos desses sistemas, as algas multicelulares eram
incluídas no mesmo reino que as plantas, embora hoje seja consenso
colocá-las no reino Proctista, juntamente com as algas unicelulares e os
protozoários. Atualmente as plantas estão divididas em quatro grandes
grupos: briófitas, que incluem os musgos e as hepáticas; pteridófitas,
que incluem as samambaias; gimnospermas, que incluem os pinheiros
e angiospermas, que incluem as plantas com frutos. Dentro de cada
grupo, existem subgrupos com muitas divisões.

UNI

Veremos a seguir, de uma forma bastante resumida, as principais características


dos grupos de plantas citados anteriormente. Os fatos expostos neste item têm como base
as informações postadas no seguinte site:
<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/reino-plantae/reino-plantae-10.php>.

9
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

● BRIÓFITAS

Briófitas (grego: bryon “musgo”, phyton “planta”) são plantas


avasculares, ou seja, não possuem vasos condutores de seiva. O transporte
de substâncias se dá por difusão entre as células, e é um processo lento, o que
limita seu tamanho (as briófitas são plantas de pequeno porte). As briófitas
mais conhecidas são os musgos, as hepáticas e os antóceros.
FONTE: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/capas/biologia/biologia.php>. Acesso
em: 28 jun. 2011.

As briófitas são classificadas em três Filos:

→ Bryophytas – Os musgos, com gametófito organizado em rizoides, cauloide e


filoides.

FIGURA 3 – PARTES DAS BRIÓFITAS

Esporófito:
● diplóide
● fase passageira
● aclorofilado
filóide ● dependente

Gametófito
● haplóide
caulóide
● fase duradoura
● clorofilado
● sustentável

rizóide

FONTE: <http://trabalhos.hd1.com.br/briofitas.html>. Acesso em: 29 jun. 2011.

FIGURA 4 – MUSGO

FONTE: <http://trabalhos.hd1.com.br/briofitas.html>. Acesso em: 29 jun. 2011.

10
TÓPICO 1 | NOÇÕES GERAIS DE BIOLOGIA

→ Hepatophyta – As hepáticas, com gametófito prostrado, onde não ocorre a


diferenciação entre filoides e cauloides.

FIGURA 5 – HEPÁTICA

FONTE: <http://trabalhos.hd1.com.br/briofitas.html>. Acesso em: 29 jun. 2011.

FIGURA 6 – HEPÁTICA

FONTE: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/reino-plantae/briofitas-4.php>. Acesso em:


29 jun. 2011.

→ Anthocerophyta – Os antóceros (raros). O filo dos antóceros contém cerca de


100 espécies descritas, sendo o gênero Anthoceros o mais conhecido.

FIGURA 7 – TIPO DE ANTÓCERO

FONTE: <http://www.infoescola.com/biologia/antoceros-filo-anthocerophyta/>. Acesso em: 29


jun. 2011.
11
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

Importância das Briófitas

As briófitas são organismos pioneiros em uma sucessão ecológica,


podem se desenvolver em rochas, e os produtos resultantes de sua atividade
biológica modificam este substrato de forma a permitir que outras espécies
também possam se desenvolver nele. Dependendo do ambiente, a quantidade
de carbono que estas plantas absorvem pode influenciar grandemente o
ciclo biogeoquímico deste elemento. São também plantas bastante sensíveis
à poluição atmosférica, sendo assim podem ser indicadoras de áreas muito
poluídas, quando nestes locais a quantidade de briófitas é bastante reduzida.
FONTE: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/reino-plantae/reino-plantae-10.php>.
Acesso em: 31 jul. 2011.

• PTERIDÓFITAS

As pteridófitas, assim como as briófitas, são plantas criptógamas


(não possuem sementes, nem flores, nem frutos). Foram as primeiras plantas
VASCULARES, ou seja, a apresentarem vasos condutores de seiva (xilema
e floema), sendo que isto proporciona a elas reporem as perdas de água de
forma mais eficaz, e atingirem maiores comprimentos, inclusive podendo
apresentar porte arbóreo. Apresentam raízes, caules e folhas verdadeiros. As
pteridófitas mais comuns são as samambaias, avencas, cavalinhas e selaginelas.
O esporófito é autótrofo e possui esporângios, as estruturas produtoras de
esporos.
FONTE: Adaptado de: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/reino-plantae/reino-
plantae-10.php>. Acesso em: 31 jul. 2011.

As pteridófitas são classificadas em quatro Filos:

→ Pterophyta: samambaias e avencas.

FIGURA 8 – SAMAMBAIA AMERICANA (Nephrolepis exaltata)

FONTE: <http://www.spflores.com.br/show.asp>. Acesso em: 29 jun. 2011.

12
TÓPICO 1 | NOÇÕES GERAIS DE BIOLOGIA

FIGURA 9 – AVENCA (Adiantum capillus)

FONTE: <http://www.alienado.net/plantas-que-limpam-ambientes/>. Acesso em: 29 jun. 2011.

→ Psilotophyta: Psilotum.

FIGURA 10 – PLANTA DA ESPÉCIE (Psilotum nudum)

FONTE: <http://www.biologados.com.br/botanica/taxonomia_vegetal/divisao_psilotophyta_
pteridofita.htm>. Acesso em: 29 jun. 2011.

→ Lycophyta: licopódios e selaginelas.

FIGURA 11 – LICOPÓDIO

FONTE: <http://verdeemfolha.blogspot.com/2010_12_01_archive.html>. Acesso em: 29 jun.


2011.

13
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

FIGURA 12 – SELAGINELAS

FONTE: <http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/por-dentro-das-celulas/uma-historia-vitoriosa>.
Acesso em: 29 jun. 2011.

→ Sphenophyta: cavalinhas.

FIGURA 13 – CAVALINHA (Equisetum arvense)

FONTE: <http://liberherbarium.blogspot.com/2011/05/workshop-sobre-ervas-magicas-1906-em.
html>. Acesso em: 29 jun. 2011.

Importância das Pteridófitas

São amplamente utilizadas como plantas ornamentais, sendo que


inclusive, o caule da samambaiaçu serve para se fazer xaxim. Os atuais depósitos
de carvão mineral (hulha), um importante combustível, foram formados a
partir da fossilização de pteridófitas de porte arbóreo, de aproximadamente
375-290 milhões de anos atrás. Algumas podem ser utilizadas na fabricação de
alimentos e medicamentos.
FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/reino-plantae/reino-
plantae-10.php>. Acesso em: 31 jul. 2011.

14
TÓPICO 1 | NOÇÕES GERAIS DE BIOLOGIA

• GIMNOSPERMAS

As gimnospermas são plantas de porte arbóreo, climas temperados,


e vasculares (ou traqueófitas), pois apresentam vasos condutores de seiva.
Ao contrário das briófitas e pteridófitas (criptógamas), formam estróbilos ou
pinhas, as estruturas reprodutoras que abrigam os esporângios (as “flores” das
gimnospermas), sendo então classificadas como fanerógamas. Estas plantas
possuem sementes, todavia, não formam frutos. Na verdade, gimnosperma
significa semente nua (mas têm casca!). Dentre as gimnospermas mais
conhecidas estão os pinheiros, o pinheiro-do-paraná e as sequoias, que estão
dentre as maiores árvores conhecidas atualmente.
FONTE: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/reino-plantae/reino-plantae-10.php>.
Acesso em: 31 jul. 2011.

As gimnospermas são classificadas mais comumente em quatro Filos:

→ Coniferophyta: pinheiros, sequoia, araucária.

FIGURA 14 – PINHEIRO-DO-PARANÁ (Araucária Angustifolia)

FONTE: <http://terceiroanobiologia.blogspot.com/2010/07/gimnospermas-as-gimnospermas-do-
grego.html>. Acesso em: 29 jun. 2011.

15
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

→ Cycadophyta: cicas (ornamentais).

FIGURA 15 – CICA

FONTE: < https://pixabay.com/pt/photos/cicas-flor-sagu-palma-1541391/ >. Acesso em: 03 jun. 2019.

→ Gnetophyta: efedra – efedrina: estimulante do SNC e descongestionante nasal.

FIGURA 16 – EFEDRA

FONTE: <http://www.imagejuicy.com/images/plants/e/ephedra/10/>. Acesso em: 29 jun. 2011.

16
TÓPICO 1 | NOÇÕES GERAIS DE BIOLOGIA

→ Ginkgophyta: somente uma espécie, a Ginkgo biloba.

FIGURA 17 – GINKGO (Ginkgo biloba)

FONTE: <http://vidasimplesenatural.blogspot.com/2011/05/botanica.html>. Acesso em: 29 jun.


2011.

Importância das gimnospermas

Este grupo é importante para a indústria madeireira e da celulose,


inclusive, a araucária é uma espécie em risco de extinção devido à exploração
excessiva. Para a indústria alimentícia, pois se beneficia da semente da araucária.
A semente, conhecida como pinhão, é utilizada na alimentação humana e animal.

Da Gnetophyta efedra e da Ginkgo biloba extraem-se substâncias utilizadas


na indústria farmacêutica, que servem como estimulante do Sistema Nervoso
Central e como descongestionante nasal no tratamento de pessoas asmáticas e no
sentido de favorecer a irrigação cerebral e estimular a memória, respectivamente.

NOTA

Árvore viva mais velha! Um pinheiro bristlecone (Pinus longaeva), batizado


de “Matusalém”, foi descoberto pelo Dr. Edmund Schulman (EUA), nas montanhas brancas,
Califórnia, EUA, e datado em 1957 com a idade de 4,6 mil anos, embora cientistas aleguem
haver exemplares mais antigos. Sua localização é mantida em sigilo, a fim de protegê-lo de
vandalismo. Os anéis de crescimento de árvores como esta são ótimas fontes de dados sobre
as mudanças climáticas. (GUINNESS WORLD RECORDS, 2010).

17
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

● ANGIOSPERMAS

As angiospermas são as verdadeiras plantas superiores. É o grupo


vegetal atual mais representativo e com a maior diversidade morfológica,
variando de ervas a árvores, além de ser também o grupo com a maior
distribuição geográfica e de ambientes (existem algumas espécies marinhas).
São fanerógamas que além de produzirem flores, também produzem os frutos,
que conferem proteção às sementes além de auxiliarem na sua dispersão
(angios - urna, caixa). Antes de se entrar em detalhes sobre o ciclo de vida
destas plantas, deve-se inicialmente analisar a estrutura das flores e frutos.
FONTE: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/reino-plantae/reino-plantae-10.php>.
Acesso em: 31 jul. 2011.

As angiospermas são classificadas em apenas um Filo:

→ Magnoliophyta – todas das plantas com frutos.

FIGURA 18 – ÁRVORE COM FRUTOS

FONTE: <http://www.nistocremos.net/2011/03/arvore-e-frutos.html>. Acesso em: 31 jul. 2011.

Importância das Angiospermas

Como já visto anteriormente, elas são o grupo vegetal mais diverso e


representativo. Sendo assim, são muito importantes para o homem em diversos
aspectos, como a agricultura (são os principais componentes da dieta dos seres
humanos), medicina (plantas medicinais), economia (indústria madeireira e
de celulose) e ornamentação. Têm também papel fundamental na reciclagem
do O2 e CO2 atmosféricos e regulação climática (as grandes florestas seriam
grandes aparelhos de ar-condicionado).
FONTE: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/reino-plantae/reino-plantae-10.php>.
Acesso em: 31 jul. 2011.

18
TÓPICO 1 | NOÇÕES GERAIS DE BIOLOGIA

UNI

Caro acadêmico! Agora que você aprendeu mais sobre as plantas e suas
divisões, você já parou para pensar sobre a importância dos vegetais nas nossas vidas? Vamos
entender um pouco mais sobre a importância das plantas?

São as plantas que fornecem o oxigênio necessário para a nossa respiração


e absorvem o dióxido de carbono (importante gás do efeito estufa) através da
fotossíntese, permitem a produção de fibras para a confecção de tecidos, fornecem
matéria-prima para a produção de papel (livros, revistas, jornais etc), especiarias
para temperos, alimentos para o homem e para os animais, substâncias para o
desenvolvimento de perfumes e medicamentos, madeira para a construção de
casas e móveis, matéria-prima para combustíveis e uma série de outras utilidades
que contribuem para o desenvolvimento humano de uma forma geral.

ATENCAO

A Paleobotânica é uma área da Biologia que tem como principal objetivo o


estudo dos fósseis das plantas. Ao investigar os fósseis de plantas primitivas e extintas, os
paleobotânicos tentam utilizar características morfológicas para estabelecer relações de
parentesco entre os diversos grupos de plantas, em diferentes momentos geológicos. Além
disso, esse estudo também possibilita imaginar como seriam os ambientes onde essas
plantas provavelmente se desenvolveram milhões de anos atrás. No Brasil existem diversos
sítios paleobotânicos importantes nas regiões Nordeste e Sul.

FONTE: Aguiar et al. (2010b, p. 6).

3 ZOOLOGIA
A zoologia do grego, zoon “animal” é a área da Biologia que estuda os
animais (AGUIAR et al. 2010a). E com base nesta definição, tão ampla, algumas
perguntas podem surgir:

- Por que estudar os animais?


Assim como os animais, o homem também é resultado de um processo
evolutivo. Desta forma, adquirir conhecimentos diversos, através da zoologia,
é também compreender a natureza e a posição que ocupamos nela.

19
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

- Para que estudar os animais?


Primeiramente para conhecer suas estruturas, características e
funcionamento, buscando sempre compreender suas relações evolutivas. É
bom lembrar que grande parte dos conhecimentos adquiridos sobre os seres
humanos conseguiu-se estudando outros animais.

- Como estudar os animais?


Advindas do conhecimento popular, da observação direta, de
experimentos controlados e de pesquisas científicas, é que as informações sobre
os animais foram sendo organizadas. Em Biologia as disciplinas costumam
ser agrupadas em dois campos distintos. Um conhecido como o campo da
Biologia Geral e outro como o campo da Biologia Comparada. Na primeira
opção, os estudos têm como base os métodos experimentais, para estudar
os mecanismos e os processos que governam os seres vivos. Já na Biologia
Comparada estuda-se a biodiversidade usando a metodologia de comparação
para descobrir os fatores ocasionados pela presença de seres vivos ou suas
relações.
FONTE: Adaptado de: <http://www.achetudoeregiao.com.br/animais/o_que_e_zoologia.
htm>. Acesso em: 8 ago. 2011.

Portanto, podemos dizer que o conhecimento técnico-científico sobre


animais é adquirido pelos métodos comparativo e experimental. Cientistas são
aqueles que formulam hipóteses a partir de fatos concretos, testam suas teorias,
repetem seus experimentos e não temem em buscar a opinião de outros especialistas.
É através da divulgação das descobertas científicas que se torna possível expandir
um campo de investigação, seja relacionado aos animais, ou a outro tema.

Os animais sempre despertaram interesse e fascínio entre os homens.


Este fato atravessa a história, relembrando um passado remoto onde pinturas
destes, muitos hoje extintos, eram feitas no interior de cavernas. Apesar de todo
esse interesse, foi através do trabalho do filósofo grego Aristóteles, “História dos
animais”, que a zoologia passou a ser de fato ciência. Ele reuniu todos os fatos
zoológicos conhecidos até então, e lançou um sistema de classificação para todos
os animais.

Dentre importantes obras que surgiram após a publicação de Aristóteles,


podemos destacar a do naturalista sueco, Carl Von Linné (1707-1778), mais
conhecido como Lineu, que criou o sistema nominal adotando dois nomes em
latim (gênero e espécie) que é usado até os dias de hoje. Nascia assim a taxonomia
(do grego, táxis, classificação, e nomos, regra).

No sistema criado por Lineu, o nome da espécie é composto por duas


palavras. A primeira significando o gênero e a segunda, o epíteto (palavra que
qualifica o substantivo) específico. As espécies deverão ter seus nomes escritos,
usando o efeito tipográfico itálico, ou sublinhado, sendo que somente a primeira
letra do gênero deverá ser maiúscula.

20
TÓPICO 1 | NOÇÕES GERAIS DE BIOLOGIA

Exemplos:
Homo sapiens (Homo = humano, sapiens = sábio);
Canis familiaris (Canis = cão, familiaris = da família).

Em 1758, Lineu organizou os animais em: Reino – Filo – Classe – Ordem –


Família – Gênero e Espécie. E foi a partir de sua importante contribuição, que se
estabeleceu o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica, periodicamente
aprimorado por zoólogos de diversos países. O objetivo deste código é promover
a estabilidade e a universalidade dos nomes científicos dos animais, para que
qualquer zoólogo, independente de sua língua consiga divulgar suas pesquisas e
compreender outras publicações.

FIGURA 19 – CARL VON LINNÉ (LINEU)

FONTE: <http://maurenj.blogspot.com/2011/03/taxonomia-de-lineu.html>. Acesso em: 29 jun.


2011.

NOTA

Johann Friedrich Theodor Müller, mais conhecido como Fritz Müller, foi um
cientista alemão que viveu em Santa Catarina, principalmente na cidade de Blumenau, no
período de 1852 até o ano de sua morte em 1897. Foi responsável pelo desenvolvimento de
importantes trabalhos na área de Zoologia e Botânica, perpetuando-se entre os melhores
cientistas com trabalhos desenvolvidos no Brasil.

Seguindo com nosso estudo do Reino Animal, podemos perceber que


conforme a especialização aumenta, mais restritas se tornam as vertentes de
estudo. Vamos conhecer agora alguns ramos de estudo específicos dentro da
Zoologia:
21
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

• entomologia: estudo dos insetos;


• ornitologia: estudo das aves;
• mastozoologia: estudo dos mamíferos;
• ictiologia: estuda os peixes;
• herpetologia: estuda as serpentes;
• malacologia: estuda os moluscos;
• helmintologia: estuda os vermes;
• ficologia: estuda as algas;
• cinologia: estuda os cães e assim por diante.

UNI

Agora que você já viu como o conceito e algumas particularidades da Zoologia,


você precisa ter algumas noções sobre a distribuição dos animais nas diversas regiões e
ambientes do planeta Terra. É o que faremos na sequência.

A Terra inicialmente foi conquistada pelos vegetais, depois pelos


seres invertebrados e finalmente pelos seres vertebrados. Desde os animais
mais primitivos até os milhões de espécies conhecidos atualmente, muitas
mudanças evolutivas ocorreram.

Dentro da diversidade animal, vários aspectos importantes devem


ser analisados. Existem algumas diferenças aplicadas por grupos e outras
individualmente. Estas diferenças fazem parte de um universo amplo, sendo
assim, a seguir apresentaremos apenas algumas delas:

• Dimorfismo sexual – em que a diferença entre machos e fêmeas pode ser


claramente identificável. Ou não tão claras, pelo menos externamente, onde
fica impossível fazer a distinção do sexo a olho nu, precisando recorrer a
exames laboratoriais específicos.

• Dimorfismo juvenil – em que o formato jovem de um animal pode ser


completamente diferente do formato adulto da mesma espécie.

• Tamanho – característica em que a ordem de grandeza pode ser notada


entre baleias e animais microscópicos.

• Morfologia – as diferenças relacionadas com a organização, ou seja, com


o estudo da estrutura dos animais, são encontradas não apenas na forma
externa, mas também na forma interna.

22
TÓPICO 1 | NOÇÕES GERAIS DE BIOLOGIA

• Fisiologia – em consequência do estudo das diferenças na estrutura/


forma dos animais, uma exigência de atividades diferentes, por exemplo,
nos modos de locomoção e ingestão de alimentos surgiram. Entra então o
estudo do funcionamento dos organismos.

• Simetria – é a divisão imaginária do corpo de um ser em metades opostas,


que devem ser simétricas entre si; basicamente os elementos de simetria são
eixos e planos. Eixo é uma reta que atravessa o centro do corpo, de tal modo
que ao longo desta reta as partes do corpo se repetem. Plano é a superfície
que divide o corpo em partes de tal modo que uma é a imagem especular da
outra.

• Habitat – a diversidade animal também é expressa na variedade de


habitats que eles ocupam; geralmente acredita-se que os animais tenham se
originado nos oceanos arqueozoicos, bem antes do primeiro registro fóssil.
Cada ambiente diferente - floresta, deserto, oceano, lago, rio, contém sua
diversidade animal característica.

A distribuição dos animais é limitada pela existência de ambientes


adequados à sua sobrevivência e estando este ambiente sujeito às alterações
naturais ou artificiais, eles buscam novos locais para habitarem.

A disponibilidade de alimento é fator muito importante na distribuição


dos animais, assim como temperatura, água, competidores naturais,
predadores, entre outros.

Os próprios seres vivos servem de meio para outros organismos,


constituindo assim um tipo especial de ambiente, conhecido como meio
biológico. Muitos organismos vivem no interior ou na superfície de outros em
associações íntimas, conjuntamente chamadas de simbiose.
FONTE: Adaptado de: <http://www.achetudoeregiao.com.br/animais/o_que_e_zoologia.
htm>. Acesso em: 8 ago. 2011.

Além da diversidade e distribuição, é importante, estudarmos um pouco


mais detalhadamente as características e a classificação dos animais.

Os animais são organismos pluricelulares, eucarióticos, formados por


tecidos bastante diferenciados e órgãos com funções específicas. Seus sistemas
e órgãos desempenham diferentes funções permitindo a sobrevivência. Sem
dúvida uma das características mais importantes dos animais é o fato de serem
heterótrofos, ou seja, incapazes de sintetizar seu próprio alimento. (AGUIAR et
al., 2010a).

Segundo a sua classificação, os animais estão divididos em:

23
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

QUADRO 2 – CLASSIFICAÇÃO DOS ANIMAIS

PORÍFEROS: São os animais mais simples; sua inclusão entre os animais levou tempo para
ocorrer, principalmente por sua mobilidade. As esponjas são aquáticas, sendo a maioria
marinha. São muito diferentes dos demais animais, classificando-se em um sub-reino: Parazoa.
Os outros animais pertencem ao sub-reino Eumetazoa.

CNIDÁRIOS: Antigamente denominados celenterados, nesse grupo encontram-se animais


aquáticos, em sua maioria marinhos e com sistema radial. Alguns, como as medusas, deslocam-
se livremente; as anêmonas vivem fixadas a um substrato.

PLATELMINTOS: Reúne animais de corpo achatado, que vivem em ambientes úmidos, em


águas doces ou salgadas ou no interior de outros seres, parasitando-os. São exemplos a planária
e a tênia.

NEMATOIDES: Fazem parte desse grupo animais de corpo cilíndrico, com as pontas afiladas.
São encontrados em diversos ambientes e alguns são parasitas. Exemplo: a lombriga e o bicho
geográfico.

MOLUSCOS: É um grupo de animais com aparência bastante diversificada, mas algumas


características comuns. Incluem os bivalves (ostras e mariscos), os gastrópodes (lesmas, caracóis,
e caramujos) e os cefalópodes (polvos, sépias e lulas).

ANELÍDEOS: Reúne animais de corpo cilíndrico dividido em anéis. Vivem em água doce ou em
solo úmido. Como representantes desse grupo temos a minhoca, a sanguessuga e os poliquetos.

ARTRÓPODES: É o grupo de animais com maior número de espécies. Sua principal


característica é que seu corpo encontra-se coberto por um exoesqueleto resistente, mas leve,
capaz de protegê-lo e facilitar o movimento.

EQUINODERMOS: É o grupo do ouriço-do-mar e da estrela-do-mar. Os animais adultos


geralmente têm simetria radial, como os cnidários. Sua estrutura, no entanto, é complexa e eles
estão relacionados evolutivamente aos vertebrados.

CORDADOS: Alguns cordados, denominados vertebrados, têm um esqueleto interno com


coluna vertebral e crânio. Nesse grupo estão os peixes, os anfíbios, os répteis e os mamíferos.

FONTE: Enciclopédia do Estudante (2008).

DICAS

Caro acadêmico! Para aprofundar o conteúdo, sugerimos uma visita ao site: Só


Biologia: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biologia/>.

24
TÓPICO 1 | NOÇÕES GERAIS DE BIOLOGIA

DICAS

Acesse o site do Ministério do Meio Ambiente: <www.mma.gov.br> e pesquise


o conteúdo apresentado nos dois volumes do “LIVRO VERMELHO DAS ESPÉCIES DA FAUNA
BRASILEIRA AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO”. Lembre-se de que é importante conhecer para
preservar!

25
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico vimos que:

• Biologia é a ciência que estuda os seres vivos e suas manifestações vitais.

• A Botânica é a parte da Biologia que estuda os vegetais em todos os aspectos


possíveis e, por tradição, as algas e fungos.

• O Reino Plantae é composto por aproximadamente 280.000 espécies.

• Em 1665, usando um microscópio primitivo, Robert Hooke descobriu células


em cortiça; pouco tempo depois em tecidos vegetais vivos.

● As plantas são organismos eucariontes, pluricelulares e autótrofos e que


apresentam uma particularidade marcante e primordial para o desenvolvimento
da vida na terra, realizam a fotossíntese.

• Atualmente as plantas estão divididas em quatro grandes grupos: briófitas,


pteridófitas, gimnospermas e angiospermas. Dentro de cada grupo, existem
subgrupos com muitas divisões.

• Briófitas são plantas avasculares, ou seja, não possuem vasos condutores de


seiva.

• Pteridófitas são plantas criptógamas, foram as primeiras plantas a apresentar


vasos condutores de seiva e atingir maiores comprimentos. Apresentam raízes,
caules e folhas verdadeiros.

• As gimnospermas são plantas de porte arbóreo, apresentam vasos condutores


de seiva, possuem sementes, todavia, não formam frutos.

• As angiospermas são as verdadeiras plantas superiores. É o grupo vegetal


atual mais representativo e com a maior diversidade morfológica. Produzem
sementes, flores e frutos.

• As plantas fornecem o oxigênio necessário para a nossa respiração, absorvem


dióxido de carbono através da fotossíntese, permitem a produção de
matéria-prima para a produção de diversos materiais que contribuem para o
desenvolvimento humano de uma forma geral.

• Zoologia é o ramo da Biologia que estuda todos os aspectos da biologia animal,


inclusive as relações existentes entre estes seres e o ambiente em que vivem.

26
• Grande parte dos conhecimentos adquiridos sobre os seres humanos conseguiu-
se estudando outros animais.

• O naturalista sueco, Carl Von Linné, mais conhecido como Lineu, criou o
sistema binominal de classificação que é usado até os dias de hoje. Nascia
assim a taxonomia (do grego, táxis, classificação, e nomos, regra).

• A partir do trabalho de Lineu se estabeleceu o Código Internacional de


Nomenclatura Zoológica. O objetivo deste código é promover a estabilidade e
a universalidade dos nomes científicos dos animais.

• Fritz Müller foi um cientista alemão que viveu em Santa Catarina, principalmente
na cidade de Blumenau, no período de 1852 até o ano de sua morte em 1897.
Foi responsável pelo desenvolvimento de importantes trabalhos na área de
Zoologia e Botânica.

• Os animais são pluricelulares, eucarióticos, formados por tecidos diferenciados


e órgãos com funções específicas. Uma das características mais importantes
dos animais é o fato de serem heterótrofos, ou seja, incapazes de sintetizar seu
próprio alimento.

27
AUTOATIVIDADE

1 Qual é o objeto de estudo da Evolução?

a) Estuda a classificação dos seres vivos e as relações evolutivas que existem


entre eles.
b) Estuda o surgimento de novas espécies a partir de espécies preexistentes.
Também investiga as modificações que os seres vivos apresentam durante
intervalos de tempo relativamente longos.
c) Estuda a classificação dos seres vivos através das relações evolutivas que
existem entre eles.
d) Estuda o surgimento de novas espécies a partir de espécies já existentes,
além de investigar as semelhanças que os seres vivos apresentam durante
intervalos de tempo relativamente longos.

2 Levando em consideração suas características gerais, sabemos que as plantas


são organismos:

a) Eucariontes, pluricelulares e autótrofos e que apresentam uma particularidade


marcante e primordial para o desenvolvimento da vida na terra, realizam a
fotossíntese.
b) Monera e Protoctista.
c) Eucariontes, pluricelulares e autótrofos.
d) Monera e Protoctista e que apresentam uma particularidade marcante e
primordial para o desenvolvimento da vida na terra, realizam a fotossíntese.

3 Sobre os aspectos da diversidade animal, pode-se afirmar:

I- Dimorfismo sexual – em que o formato jovem de um animal pode ser


completamente diferente do formato adulto da mesma espécie.
II- Dimorfismo juvenil – em que a diferença entre machos e fêmeas pode ser
claramente identificável. Ou não tão claras, pelo menos externamente, onde
fica impossível fazer a distinção do sexo a olho nu, precisando recorrer a
exames laboratoriais específicos.
III- Tamanho – característica em que a ordem de grandeza pode ser notada
entre baleias e animais microscópicos.
IV- Morfologia – as diferenças relacionadas com a organização, ou seja, com
o estudo da estrutura dos animais, são encontradas não apenas na forma
externa, mas também na forma interna.
V- Fisiologia – é a divisão imaginária do corpo de um ser em metades opostas,
que devem ser simétricas entre si; basicamente os elementos de simetria são
eixos e planos. Eixo é uma reta que atravessa o centro do corpo, de tal modo
que ao longo desta reta as partes do corpo se repetem.

28
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) As sentenças I e II estão corretas.
b) As sentenças II e III estão corretas.
c) As sentenças I, II e V estão corretas.
d) As sentenças III e IV estão corretas.

4 Alguns cordados, denominados vertebrados, têm um esqueleto interno com


coluna vertebral e crânio. Assinale a alternativa que não corresponde a um
cordado:

a) Peixes.
b) Anfíbios.
c) Répteis.
d) Ostras.

5 Assinale a alternativa incorreta:

a) Biologia é a ciência que estuda os seres vivos e suas manifestações vitais.


b) A Botânica é a parte da Biologia que estuda os vegetais em todos os aspectos
possíveis e, por tradição, as algas e fungos.
c) Zoologia é o ramo da Biologia que estuda alguns dos aspectos da biologia
animal, inclusive as relações existentes entre estes seres e o ambiente em que
vivem.
d) Os animais são pluricelulares, eucarióticos, formados por tecidos
diferenciados e órgãos com funções específicas.

29
30
UNIDADE 1
TÓPICO 2

CARACTERIZAÇÃO DE MEIO AMBIENTE

1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior aprendemos sobre a importância da fauna e da flora para
o meio ambiente. Você já se deu conta de que o mundo como o conhecemos hoje
não existiria se não fosse a interação dos seres vivos? Essa interação é responsável
pelo mundo que conhecemos. E nossa existência é totalmente dependente dessa
verdade. Desde o ar que respiramos, produzido através da fotossíntese, até nossas
roupas, alimentos, combustíveis e tudo o mais que imaginar.

NOTA

Fotossíntese é um processo fisioquímico realizado por vegetais que possuem


clorofila através da sintetização de dióxido de carbono e água. Como resultado deste
processo, a planta obtém glicose, amido e celulose, eliminando oxigênio. Para isso usa a
energia luminosa vinda do sol. Para saber mais, acesse: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Fotoss%C3%ADntese>.

Além do suporte para nossa existência, existe um fator muito importante


que desenvolvemos ao longo da evolução: a Biofilia. A biofilia pode ser definida
como o amor ou atração por vida, uma tendência natural do ser humano de voltar
sua atenção às coisas vivas (WILSON, 2003). É o que explica nosso prazer em ter
animais de estimação por perto, flores e visitar ambientes naturais. É neste ponto
que o meio ambiente passa a ser foco de interesse do turismo, especialmente do
ecoturismo, como veremos no Tópico 3.

31
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

FIGURA 20 – A BIOFILIA EXPLICA O AMOR QUE OS SERES HUMANOS SENTEM POR SEUS ANIMAIS
DE ESTIMAÇÃO

FONTE: <http://www.imagensdahora.com.br/clipart/cliparts_path/124/cachorro_desenho_
com_dono/>. Acesso em: 19 jul. 2011.

2 MEIO AMBIENTE E ECOLOGIA


Em nossas vidas é comum ouvirmos falar em Meio Ambiente e Ecologia,
quase que diariamente. É muito importante que saibamos o real significado
destas expressões.

● Meio Ambiente

Para compreender o que é meio ambiente, tome você mesmo como


referência. Agora procure lembrar-se de tudo com o que você se relaciona, seja
vivo ou não. Muito bem, este é o seu meio ambiente.

Na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente celebrada


em Estocolmo, em 1972, definiu-se o meio ambiente da seguinte forma: “O
meio ambiente é o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e
sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou
longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas.”
FONTE: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Meio_ambiente>. Acesso em: 8 ago. 2011.

Então, o meio ambiente de um ser vivo é representado por tudo


aquilo que o rodeia e o influencia, sendo constituído por fatores bióticos e
abióticos. São fatores bióticos do seu meio ambiente aqueles seres vivos com
quem você compartilha este espaço, ou seja, com quem você interage, direta
ou indiretamente.
FONTE: <http://diariodoverde.com/definicao-de-meio-ambiente-e-ecologia/>. Acesso em: 8
ago. 2011.

32
TÓPICO 2 | CARACTERIZAÇÃO DE MEIO AMBIENTE

O Meio Ambiente Biótico inclui alimentos, plantas e animais, e suas


relações recíprocas e com o meio abiótico. A sobrevivência e o bem-estar
do homem dependem em grande parte dos alimentos que come, tais como
frutas, verduras e carne. Depende igualmente de suas associações com outros
seres vivos. Por exemplo, algumas bactérias do sistema digestivo do homem
ajudam-no a digerir certos alimentos.
FONTE: <http://www.achetudoeregiao.com.br/animais/meio_ambiente.htm>. Acesso em:
26 jul. 2011.

Os fatores abióticos por sua vez, são aqueles do ambiente físico que
influenciam o ser vivo, como por exemplo, a temperatura, a água, a luz, o relevo,
a pressão, o teor de oxigênio, entre outros.

O Meio Ambiente Abiótico é constituído por diversos objetos e forças que


se influenciam entre si e influenciam a comunidade de seres vivos que os cercam.
O Portal Educação cita como exemplo:

A corrente de um rio pode influir na forma das pedras que fazem ao


longo do fundo do rio. Mas a temperatura, limpidez da água e sua composição
química também podem influenciar toda sorte de plantas e animais e sua
maneira de viver. Um importante grupo de fatores ambientais abióticos
constitui o que se chama de tempo.
FONTE: <http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/8735/meio-ambiente>. Acesso
em: 26 jul. 2011.

Tanto o meio ambiente abiótico quanto o biótico atuam um sobre o


outro para formar o meio ambiente total dos seres vivos e dos ecossistemas.
FONTE: <http://www.achetudoeregiao.com.br/animais/meio_ambiente.htm>. Acesso em:
26 jul. 2011.

● Meio ambiente natural

O Meio Ambiente Natural é aquele que já existia antes do surgimento


do ser humano. Os recursos naturais, de uma forma geral, bióticos ou abióticos
são componentes estruturais do meio ambiente natural. A inter-relação entre os
elementos que compõem esta classe também é um fator de suma importância
para sua compreensão. Certamente que com o surgimento do ser humano, este,
como ser animal que é, acabou se tornando elemento do meio ambiente natural.

● Meio ambiente artificial

O Meio Ambiente Artificial é um contraponto ao Meio Ambiente Natural.


O próprio termo “artificial” já demonstra ser um bem que não se harmoniza
com a ideia implícita ao “natural”. Objetivamente, costuma-se vincular o meio

33
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

ambiente artificial aos bens ambientais que foram alterados pelos seres humanos.
Assim, a artificialidade seria uma característica do meio ambiente natural que foi
modificado pelo homem e que por isso não seria mais natural.

FIGURA 21 – A METRÓPOLE DE SÃO PAULO É UM EXEMPLO DE AMBIENTE ARTIFICIAL

FONTE: <http://www.imagensgratis.com.br/imagens/original/fotos-da-sao-paulo.jpg&imgrefurl>.
Acesso em: 19 jul. 2011.

● Meio ambiente cultural

O Meio Ambiente Cultural é uma associação entre o Meio Ambiente


Artificial com valores culturais, artísticos, históricos, ou paisagísticos. Outra
compreensão do Meio Ambiente Cultural é otimizada, de modo a que abrange
duas dimensões: a dimensão concreta, formada pelos bens artificiais de valores
culturais, artísticos, históricos, entre outros, e a dimensão abstrata, que trata
da cultura propriamente dita.
FONTE: <http://www.univen.edu.br/revista/universo_petroleo_01.pdf>. Acesso em: 26 jul.
2011.

Os recursos naturais são elementos da natureza, que possuem utilidade


para o homem. Eles podem ser renováveis, como a fauna, a flora, as águas, a
energia solar e do vento; ou ainda não renováveis, como o petróleo, o gás e os
minérios em geral.

Atualmente nossa sociedade vive de tal modo que precisa de quantidades


cada vez maiores de recursos naturais para produzir energia, seus bens de consumo
e obter alimentos. Deste modo, exploramos nossos recursos renováveis e não
renováveis, muitas vezes em um lugar do planeta onde ele não é completamente
consumido, ou seja, necessita de transporte para seus consumidores. Esta atividade
provoca efeitos negativos como, por exemplo, o gasto de energia para transporte
do bem e a impossibilidade de reciclagem dos resíduos no seu local de origem.
Outro ponto importante a ser considerado é que após o consumo humano, todo
o resíduo passa a compor o lixo das cidades. Como temos vivido um período de
superexploração, nossos ecossistemas têm sido severamente afetados, causando
degradação e perda de espécies.

34
TÓPICO 2 | CARACTERIZAÇÃO DE MEIO AMBIENTE

● Ecologia

Intuitivamente, sabemos que os seres vivos não podem viver isoladamente.


Eles precisam interagir, seja uma ave, uma árvore, um inseto, um fungo ou
mesmo o homem. As inter-relações entre estes organismos e seu ambiente físico
são chamadas de Ecologia.

Ecologia é uma palavra de origem grega. A tradução de “oikos” é casa, e


“logos” é estudo. Seu significado seria algo como o “estudo da casa”. A ecologia
é um ramo da Biologia, portanto uma ciência, que estuda os seres vivos e suas
interações com o meio ambiente.

A Ecologia também é responsável pelo estudo da abundância, distribuição


e inter-relações dos seres vivos no planeta, e seus estudos fornecem dados que
revelam se a fauna e os ecossistemas estão em perfeita harmonia.

A vida em nosso planeta ocorre em uma fina camada de 15 km de


espessura chamada biosfera. Ela é dividida em três regiões, a atmosfera, a
hidrosfera e a litosfera. A atmosfera é formada por diversos gases importantes
para a manutenção da vida na Terra. A hidrosfera é formada por toda a água que
circula entre a atmosfera e litosfera, como mares, rios, lagos, aquíferos. A litosfera
contém em si a crosta terrestre e a camada abaixo da crosta terrestre – chamada
de manto.

3 BIOMAS BRASILEIROS
Vamos agora estudar um pouco dos biomas que ocorrem no Brasil. Mas,
é comum ouvirmos falar em ecossistemas, então precisamos saber as diferenças
entre eles. Vejamos as definições que o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística nos dá:

“Ecossistema - Sistema integrado e autofuncionante que consiste em


interações dos elementos bióticos e abióticos e cujas dimensões podem variar
consideravelmente.”

“Bioma - Conjunto de vida (vegetal e animal) definida pelo


agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala
regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de
mudanças, resultando em uma diversidade biológica própria.”
FONTE: <http://panoramageografico.blogspot.com/2009_07_01_archive.html>. Acesso em:
26 jul. 2011.

35
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

O Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta. Foi ele o primeiro


signatário da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), e é considerado
megabiodiverso – país que reúne ao menos 70% das espécies vegetais e animais
do planeta.
FONTE: <http://www.ibama.gov.br/ecossistemas/home.htm>. Acesso em: 24 jun. 2011.

A biota terrestre do nosso país possui a flora mais rica do mundo, com
até 56.000 espécies de plantas superiores, já descritas; acima de 3.000 espécies
de peixes de água doce; 517 espécies de anfíbios; 1.832 espécies de aves; e 518
espécies de mamíferos; pode ter até 10 milhões de insetos.
FONTE: Adaptado de: <http://josecarlosmendes.blogspot.com/>. Acesso em: 24 jun. 2011.

Os grandes biomas brasileiros são: Mata Atlântica, Floresta Amazônica,


Cerrado, Caatinga, Campos Gerais e Pantanal.

FIGURA 22 – OS BIOMAS BRASILEIROS (IBAMA 2011)

FONTE: <https://www.todamateria.com.br/biomas-brasileiros/>. Acesso em: 03 jun. 2019.

UNI

Caro acadêmico! Após esta etapa introdutória sobre os biomas, vamos


aprofundar nossos estudos sobre os biomas brasileiros.

36
TÓPICO 2 | CARACTERIZAÇÃO DE MEIO AMBIENTE

● A Mata Atlântica

A Mata Atlântica originalmente foi a floresta com a maior extensão


latitudinal do planeta. Ela já cobriu 11% do território nacional, estendendo-se deste
o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Hoje, porém, a Mata Atlântica
possui no máximo 5% da cobertura original. A variabilidade climática ao longo
de sua distribuição é grande, indo desde clima tropical úmido e semiárido no
nordeste e temperados superúmidos no extremo sul. (AGUIAR et al. 2010).

O relevo acidentado da zona costeira adiciona ainda mais variabilidade a


este bioma. Nos vales, geralmente as árvores se desenvolvem muito, formando
uma floresta densa. Nas encostas, esta floresta é menos densa, devido à frequente
queda de árvores. Nos topos dos morros geralmente aparecem áreas de campos
rupestres. No extremo sul a Mata Atlântica gradualmente se mescla com a floresta
de Araucárias. (AGUIAR et al., 2010).

São espécies de árvores típicas da Mata Atlântica: araçazeiro, araucária,


goiabeira, jabuticabeira, palmeiras, pau-brasil, pitangueira, entre outras. Já entre
os animais presentes neste bioma, podemos citar: onças, macacos, e aves como
araponga, corocochó, jacutinga, e tucano-de-bico-verde. (AGUIAR et al., 2010).

A Mata Atlântica também possui áreas que podem ser consideradas


subdivisões da mesma. Duas delas são: restingas e mata de araucárias. As restingas
ocorrem na orla litorânea, desenvolvendo-se sobre o solo arenoso. Sua vegetação
é composta por arbustos e árvores de pequeno porte. Porém, em direção ao
interior, a vegetação fica mais densa e as árvores maiores. A Mata de araucárias
é considerada uma subdivisão da Mata Atlântica devido à composição de sua
vegetação e ocorrência geográfica. Ela é assim denominada devido à predominância
do pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia). Sua ocorrência principal se dá nos
estados do Paraná e Santa Catarina, mas também ocorrem pequena áreas nos
estados do Rio Grande do Sul e São Paulo. Sua ocorrência é mais evidente em
altitudes superiores a 500 metros. As florestas variam em densidade arbórea e
altura da vegetação. Devido ao seu alto valor econômico a Mata de Araucária vêm
sofrendo forte pressão de desmatamento. (AGUIAR et al., 2010).

FIGURA 23 – MATA ATLÂNTICA

FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/floresta-cachoeira-%C3%A1rvores-verde-969069/ >.


Acesso em: 03 jun. 2019.

37
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

● Floresta Amazônica

A Floresta Amazônica ocupa a Região Norte do Brasil e aproximadamente


47% fica em território nacional. É a maior formação florestal do planeta,
condicionada pelo clima equatorial úmido e ultrapassa o território nacional
brasileiro. Ela compreende além do Brasil, a Bolívia, Peru, Equador, Colômbia,
Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. (AGUIAR et al., 2010).

O clima na região amazônica é quente e úmido, o que favorece a


biodiversidade da região, que é reconhecida como uma das regiões de maior
biodiversidade do planeta. (AGUIAR et al., 2010).

A região possui uma grande variedade de fisionomias vegetais, desde as


florestas densas até os campos. Florestas densas são representadas pelas florestas
de terra firme, as florestas de várzea, periodicamente alagadas, e as florestas de
igapó, permanentemente inundadas e ocorrem por quase toda a Amazônia central.
Os campos de Roraima ocorrem sobre solos pobres no extremo setentrional da
bacia do Rio Branco. As campinaranas desenvolvem-se sobre solos arenosos,
espalhando-se em manchas ao longo da bacia do Rio Negro. (AGUIAR et al.,
2010).

FIGURA 24 – ENCONTRO DAS ÁGUAS, RIO NEGRO E SOLIMÕES, NA AMAZÔNIA

FONTE: <http://www.brasilescola.com/brasil/rio-amazonas.htm>. Acesso em: 31 jul. 2011.

● O Cerrado 

O Cerrado brasileiro ocupa a região do Planalto Central brasileiro, em


uma área de aproximadamente 25% do território nacional. O solo do cerrado
é predominantemente arenoso, ácido e pobre em material orgânico, além de
profundos e bem drenados de modo que não acumule água na superfície com
facilidade. (AGUIAR et al., 2010).

38
TÓPICO 2 | CARACTERIZAÇÃO DE MEIO AMBIENTE

Seu clima é particularmente marcante, apresentando duas estações bem


definidas. A vegetação deste bioma é caracterizada, principalmente, por plantas de
raízes superficiais e galhos retorcidos. A fauna do Cerrado pode ser representada
por espécies como tamanduás, cascavéis, seriemas, emas, entre outros. (AGUIAR
et al., 2010).

A grande quantidade de material seco que se acumula sobre o solo e a


longa estiagem no Cerrado favorecem a ocorrência de queimadas. Tal ocorrência é
considerada um fator importante na manutenção deste bioma. Porém, queimadas
muito frequentes impedem que a vegetação lenhosa se estabeleça. (AGUIAR et
al., 2010).

FIGURA 25 – PAISAGEM DE CERRADO EM TOCANTINS

FONTE: < http://twixar.me/bx7n >. Acesso em: 03 jun. 2019.

● Caatinga

O sertão nordestino é caracterizado pela ocorrência da vegetação mais


rala do Semiárido brasileiro, a Caatinga, abrangendo a maior parte dos estados
de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte,
Sergipe e norte de Minas Gerais. As áreas mais elevadas sujeitas a secas menos
intensas, localizadas mais próximas do litoral, são chamadas de Agreste. A área
de transição entre a Caatinga e a Amazônia é conhecida como Meio-norte ou
Zona dos cocais. (AGUIAR et al., 2010).

O clima é caracterizado pelas temperaturas médias anuais elevadas. As


chuvas são concentradas e a seca pode perdurar por até oito meses, ou mais.
A flora é caracterizada por juazeiros, umbus, coroas-de-frade, mandacarus e
uma abundante vegetação arbustiva. Grandes áreas do Sertão nordestino sofrem
alto risco de desertificação devido à degradação da cobertura vegetal e do solo.
(AGUIAR et al., 2010).

39
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

FIGURA 26 – PAISAGEM SECA DA CAATINGA

FONTE: <http://twixar.me/yx7n >. Acesso em: 03 jun. 2019.

● Campos Gerais

Os Campos gerais também são conhecidos como pampas ou campos do


sul, e estão localizados no estado do Rio Grande do Sul. Mas eles ultrapassam o
território nacional, abrangendo parte dos territórios uruguaios e argentinos. O clima
da região é o subtropical frio, com temperaturas médias anuais de 19o C. Os terrenos
planos das planícies e planaltos gaúchos e as coxilhas, de relevo suave-ondulado,
são ocupados por espécies pioneiras campestres que formam uma vegetação tipo
savana aberta. Estas extensas planícies favorecem os ventos fortes e gelados que são
conhecidos na região como “minuanos”. Há ainda áreas de florestas estacionais e
de campos de cobertura gramíneo-lenhosa. (AGUIAR et al., 2010).

O relevo plano, com a predominância de gramíneas e a presença bastante


esparsa de arbustos e árvores, torna os Campos Gerais uma região bastante
adequada à criação de gado e à agricultura. Mas o cultivo de pastagens e plantas
de interesses econômicos tem levado à destruição da vegetação original. A fauna é
composta especialmente por roedores, répteis e aves como o quero-quero (Vanellus
chilensis) – Ave-símbolo do estado do Rio Grande do Sul. (AGUIAR et al., 2010).

FIGURA 27 – CAMPOS GERAIS

FONTE: <http://www.camposgeraisemais.com.br/2009/04/09/comunidade-vai-decidir-
geoparque-dos-campos-gerais/>. Acesso em: 19 jul. 2011.

40
TÓPICO 2 | CARACTERIZAÇÃO DE MEIO AMBIENTE

● Pantanal

O Pantanal abrange parte dos estados do Mato Grosso e do Mato Grosso


do Sul, além de parte dos territórios paraguaio e boliviano, onde é chamado
de “chaco”. Como área transicional entre Cerrado e Amazônia, o Pantanal
é uma das regiões de maior biodiversidade e a maior planície de inundação
contínua do planeta, sendo coberta por vegetação predominantemente aberta.
Este ecossistema é formado por terrenos em grande parte arenosos, cobertos
de diferentes fisionomias devido à variedade de microrrelevos e regimes de
inundação. (AGUIAR et al., 2010).

O clima da região é definido como tropical úmido e as temperaturas


médias anuais variam entre 23o C e 25o C. Toda vida no pantanal está relacionada
ao regime das águas, que é dividido entre “vazante” – maio a julho, e “seca”-
agosto a outubro. (AGUIAR et al., 2010).

A flora do Pantanal é distinta nas áreas altas, onde não ocorrem as


inundações, e nas áreas baixas, que na “vazante” fica inundada. Nas áreas
mais altas encontramos vegetação com características de Mata ou de Cerrado,
e nas áreas mais baixas se desenvolvem grande variedade de plantas aquáticas.
(AGUIAR; ARGEL-DE-OLIVEIRA; SANTOS, 2010).

A fauna pantaneira é composta por uma variedade muito grande de


espécies. Dentre elas, podemos citar peixes como dourado (Salminus brasiliensis),
jaú (Paulicea luetkeni), pacu (Piaractus mesopotamicus), pintado (Pseudoplatystoma
corruscans), piraputanga (Brycon hilarii); répteis como calango (Ameiva ameiva),
jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), jiboia (Boa constrictor constrictor),
sucuri (Eunectes murinus); mamíferos como anta (Tapirus terrestris), capivara
(Hydrochoerus hydrochoeris), onça-pintada (Panthera onca), queixada (Tayassu pecari),
veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus); e aves como arara-azul (Anodorhynchus
hyacinthinus), biguá (Phalacrocorax brasilianus), cafezinho (Jacana jacana), ema (Rhea
americana), socó-boi (Tigrisoma lineatum), tuiuiú (Jabiru mycteria), udu-de-coroa-
azul (Momotus momota) – Ave-símbolo de Bonito/MS. (AGUIAR et al., 2010).

FIGURA 28 – VISTA AÉREA DO PANTANAL, MOSTRANDO CAMPOS, CORDILHEIRAS E BAÍAS

FONTE: <http://ppbio.inpa.gov.br/Port/inventarios/pantanalsul/copy_of_index_html/view>.
Acesso em: 19 jul. 2011.

41
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

4 PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE


NATURAL
O ser humano sempre esteve vinculado ao meio ambiente. No início de
sua história esse vínculo era muito forte, pois tudo o que precisava para viver
vinha diretamente da natureza, como alimentos, roupas e utensílios. Ainda hoje,
tudo o que usamos tem origem natural, ainda que distante como o plástico, cuja
matéria-prima é o petróleo.

No início essa relação era harmoniosa, com os hominídeos sobrevivendo


da coleta de frutos e raízes na floresta, depois com a caça e as primeiras ferramentas
fabricadas com madeira e pedra, que Sachs (2009) caracteriza como sendo de
alta dependência da biomassa. Aos poucos esse trabalho ficou mais elaborado,
precisando cada vez mais de recursos. O domínio dos minerais, a produção de
alimentos em maior quantidade, a domesticação de animais e a formação de
comunidades foram grandes transformadores da humanidade e nos levou à
civilização atual. (MANÇO; PIVATTO, 2002).

Como os recursos eram fartos, ninguém se preocupava com sua


conservação, pois se imaginava que nunca acabariam. A descoberta de novas
fontes de energia e novas formas de aproveitá-las nunca levou em conta a
degradação ambiental, sendo que a Revolução Industrial foi o início de uma era
de poluição, porém sem a percepção de que os recursos naturais poderiam ser
finitos.

A descoberta da penicilina, a adoção de práticas de saneamento básico e o


aumento da produção agrícola foram alguns dos fatores que mudaram a história
da humanidade ao promoverem um grande aumento da população, visto que a
partir desta época continuaram a nascer muitas pessoas que viveriam cada vez
mais, necessitando de mais alimentos e outras necessidades básicas de vida. Com
isso, a pressão sobre o meio ambiente aumentou, mas devido à ideia errada de
que os recursos eram infinitos, estes nunca foram poupados. Até que em 1962,
Rachel Carson lança o livro Primavera Silenciosa, denunciando os problemas
ambientais causados pelo uso do pesticida DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano).
O impacto deste livro foi tanto, que em 1972 aconteceu em Estocolmo a Primeira
Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (SACHS, 2009),
quando os rumos do desenvolvimento foram, pela primeira vez, questionados
sob a ótica ambiental.

Os primeiros acordos internacionais para diminuir os impactos


ambientais do crescimento econômico foram tratados a partir deste evento, sendo
revalidados novamente em diversos outros, destacando-se a realização em 1992
no Rio de Janeiro da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Eco 92), quando então chefes de estado do mundo todo se
reuniram para examinar a situação ambiental do globo terrestre e as mudanças
ocorridas após a reunião de Estocolmo. (DIAS, 2004).

42
TÓPICO 2 | CARACTERIZAÇÃO DE MEIO AMBIENTE

Embora novas conferências tenham sido realizadas após a Eco 92, talvez
esta tenha sido no Brasil, a mais marcante, por inserir no cotidiano brasileiro
questões até então pouco discutidas, como a conservação ambiental e a consciência
de responsabilidade pelo nosso futuro comum.

DICAS

Acesse o link <http://pt.wikipedia.org/wiki/Protocolo_de_Quioto> para saber de


outro importante evento que resultou no Protocolo de Kyoto, sobre o controle de emissão
de gases causadores do efeito estufa.

Estas grandes reuniões visam sempre à tomada de decisões políticas de


grande abrangência, mas não elimina a responsabilidade de todo cidadão em
tomar atitudes responsáveis para com o ambiente, como economia de energia e
água, redução do consumo, reciclagem e reutilização de materiais etc.

As atividades humanas sempre causam algum tipo de dano ambiental,


visto que cada vez mais utilizamos seus recursos. Ações parceiras do governo,
ONGs e cidadãos comuns podem diminuir o ritmo atual de degradação,
resultando em um ambiente em harmonia com o desenvolvimento econômico.
Palavras como sustentabilidade, conservação e preservação devem fazer parte do
nosso dia a dia.

UNI

Ao longo deste curso você vai entender a sustentabilidade sob diferentes


perspectivas.

43
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

LEITURA COMPLEMENTAR

VOCÊ SABIA QUE, APESAR DE SEREM UTILIZADOS AMPLAMENTE


COMO SINÔNIMOS, PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO SÃO
CONCEITOS DISTINTOS?

Mariana Araguaia

O preservacionismo e o conservacionismo são correntes ideológicas


que surgiram no fim do século XIX, nos Estados Unidos. Com posicionamento
contra o desenvolvimentismo - uma concepção que defende o crescimento
econômico a qualquer custo, desconsiderando os impactos ao ambiente natural
e ao esgotamento de recursos naturais – estas duas se contrapõem no que se diz
respeito à relação entre o meio ambiente e a nossa espécie. 

O primeiro, o preservacionismo, aborda a proteção da natureza


independentemente de seu valor econômico e/ou utilitário, apontando o homem
como o causador da quebra deste “equilíbrio”. De caráter explicitamente protetor,
propõe a criação de santuários, intocáveis, sem sofrer interferências relativas
aos avanços do progresso e sua consequente degradação. Em outras palavras,
“tocar”, “explorar”, “consumir” e, muitas vezes até “pesquisar”, torna-se, então,
uma atitude que fere tais princípios. De posição considerada mais radical, este
movimento foi responsável pela criação de parques nacionais, como o Parque
Nacional de Yellowstone, em 1872, nos Estados Unidos. 

Já a segunda corrente, a conservacionista, contempla o amor à natureza,


mas aliado ao seu uso racional e manejo criterioso pela nossa espécie, executando
um papel de gestor e parte integrante do processo. Podendo ser identificado como
o meio-termo entre o preservacionismo e o desenvolvimentismo, o pensamento
conservacionista caracteriza a maioria dos movimentos ambientalistas, e é alicerce
de políticas de desenvolvimento sustentável, que são aquelas que buscam um
modelo de desenvolvimento que garanta a qualidade de vida hoje, mas que não
destrua os recursos necessários às gerações futuras. Redução do uso de matérias-
primas, uso de energias renováveis, redução do crescimento populacional,
combate à fome, mudanças nos padrões de consumo, equidade social, respeito
à biodiversidade e inclusão de políticas ambientais no processo de tomada de
decisões econômicas são alguns de seus princípios. Inclusive, este propõe que se
destinem áreas de preservação, por exemplo, em ecossistemas frágeis, com um
grande número de espécies endêmicas e/ou em extinção, dentre outros. 

Tais discussões começaram a ter espaço em nosso país apenas em meados


da década de setenta, com a criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
– IBAMA, quase vinte anos depois. Em razão de a temática ambiental ter
sido incorporada em nosso dia a dia apenas nas últimas décadas, tais termos
relativamente novos acabam sendo empregados sem muitos critérios – mesmo
por profissionais como biólogos, pedagogos, jornalistas e políticos. Prova disso é
que a própria legislação brasileira, que nem sempre considera uso correto destes
44
TÓPICO 2 | CARACTERIZAÇÃO DE MEIO AMBIENTE

termos, atribui a proteção integral e “intocabilidade” à preservação; e conservação


dos recursos naturais, com a utilização racional, garantindo sua sustentabilidade
e existência para as futuras gerações, à conservação.

FONTE: <http://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/preservacao-ambiental.htm>. Acesso em:


20 ago. 2011.

E
IMPORTANT

Suas atitudes como cidadão são tão importantes quanto a dos órgãos oficiais na
conservação ambiental. Pratique atitudes em harmonia com a natureza e dissemine essas
práticas na sua casa, bairro, ambiente de estudo, trabalho e lazer. Por fim, cabe lembrar que
não podemos continuar a falar em ecoturismo e turismo sustentável sem ter em mente a
importância destas atitudes.

45
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico vimos que:

• A biofilia é o amor ou atração por vida, uma tendência natural do ser humano
de voltar sua atenção às coisas vivas.

• O interesse por ambientes naturais motiva o turismo ecológico, demandando


áreas conservadas para viabilizar esta atividade.

• O meio ambiente de um ser vivo é representado por tudo aquilo que o rodeia
e o influencia, sendo constituído por fatores bióticos e abióticos.

• O Meio Ambiente Biótico inclui alimentos, plantas e animais, e suas relações


recíprocas e com o meio abiótico.

• Os fatores abióticos são aqueles do ambiente físico que influenciam o ser vivo,
como por exemplo, a temperatura, a água, a luz, o relevo, a pressão, o teor de
oxigênio, entre outros.

• O Meio Ambiente Natural é aquele que já existia antes do surgimento do ser


humano.

• O Meio Ambiente Artificial é um contraponto ao Meio Ambiente Natural,


sendo a artificialidade uma característica do meio ambiente natural que foi
modificado pelo homem.

• O Meio Ambiente Cultural é uma associação entre o Meio Ambiente Artificial


com valores culturais, artísticos, históricos, ou paisagísticos.

• Os recursos naturais são elementos da natureza, que possuem utilidade para o


homem, podendo ser renováveis ou não.

• A Ecologia é um ramo da Biologia, portanto uma ciência, que estuda os seres


vivos e suas interações com o meio ambiente.

• Ecossistema é um sistema integrado e autofuncionante que consiste em


interações dos elementos bióticos e abióticos e cujas dimensões podem variar
consideravelmente.

• Bioma é um conjunto de vida (vegetal e animal) definida pelo agrupamento de


tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições
geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, resultando em
uma diversidade biológica própria.

46
• Os grandes biomas brasileiros são: Mata Atlântica, Floresta Amazônica,
Cerrado, Caatinga, Campos Gerais e Pantanal.

• O domínio dos minerais, a produção de alimentos em maior quantidade,


a domesticação de animais e a formação de comunidades foram grandes
transformadores da humanidade e nos levou à civilização atual, sem a
percepção de que estes recursos poderiam ser finitos.

• Em 1992 aconteceu no Rio de Janeiro da Conferência das Nações Unidas sobre


o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco 92), visando examinar a situação
ambiental do mundo.

• Ações parceiras do governo, ONGs e cidadãos comuns podem diminuir o


ritmo atual de degradação, resultando em um ambiente em harmonia com o
desenvolvimento econômico.

47
AUTOATIVIDADE

1 Em qual Bioma do Brasil você vive? Você poderia citar suas principais
características?

2 Quais são as atitudes em harmonia com o meio ambiente que você costuma
praticar no seu dia a dia? Estas poderiam melhorar ou serem ampliadas de
que forma?

3 O Meio Ambiente Biótico não inclui:

a) Alimentos.
b) Plantas.
c) Água.
d) Animais.

4 Não é considerado um fator abiótico:

a) Água.
b) Animais.
c) Luz.
d) Relevo.

5 Os grandes biomas brasileiros são: Mata Atlântica, Floresta Amazônica,


Cerrado, Caatinga, Campos Gerais e Pantanal. Qual dos biomas a seguir
ocupa a região do Planalto Central brasileiro?

a) Cerrado.
b) Caatinga.
c) Pantanal.
d) Campos Gerais.

6 A fauna pantaneira é composta por uma variedade muito grande de


espécies. Assinale a alternativa que apresenta uma espécie que não ocorre
no pantanal:

a) Dourado (Salminus brasiliensis), calango (Ameiva ameiva), anta (Tapirus


terrestris), queixada (Tayassu pecari), veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus);
arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), biguá (Phalacrocorax brasilianus).
b) Jaú (Paulicea luetkeni), jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), capivara
(Hydrochoerus hydrochoeris), veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus),
cafezinho (Jacana jacana), arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus)ema (Rhea
americana).

48
c) Pacu (Piaractus mesopotamicus), jiboia (Boa constrictor constrictor), onça-pintada
(Panthera onca), socó-boi (Tigrisoma lineatum), arara-azul (Anodorhynchus
hyacinthinus), tuiuiú (Jabiru mycteria).
d) Pintado (Pseudoplatystoma corruscans), sucuri (Eunectes murinus), pinheiro-
do-paraná (Araucaria angustifolia), arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus),
udu-de-coroa-azul (Momotus momota).

7 Qual o nome do evento em que os rumos do desenvolvimento foram pela


primeira vez questionados sob a ótica ambiental?

a) Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano.


b) Rio-92.
c) Congresso de Moscou.
d) Segunda Guerra Mundial.

49
50
UNIDADE 1
TÓPICO 3

ECOTURISMO

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Neste tópico, vamos conhecer e estudar sobre um
importante segmento do turismo, conhecido como “Ecoturismo”. Com certeza,
você já deve ter reparado que nos últimos anos o termo “Eco” está sendo utilizado
em demasia, com o intuito de apresentar ideias “ecologicamente corretas”. Pois
bem, essa “tendência verde” circunda nossa vida desde meados da década de
1980, surgindo neste período como uma grande oportunidade de mercado.

O Brasil possui uma grande potencialidade para o desenvolvimento do


ecoturismo, pois apresenta uma série de atrativos de cunho cultural e natural de
extremo interesse para o segmento. Sendo assim, não fica difícil compreender o
reconhecimento internacional adquirido através da combinação de tantos fatores
essenciais para a prática da atividade.

Mas afinal, o que é Ecoturismo? Como ocorre seu planejamento? Qual


é a realidade deste segmento turístico no Brasil? Neste tópico, vamos buscar o
entendimento de todos estes questionamentos.

2 DEFININDO O ECOTURISMO
A compreensão do conceito de Ecoturismo é fundamental para darmos
início a esse aprofundamento sobre o tema. Seguindo a tendência mundial de
valorização do meio ambiente, no final dos anos 1980, o termo Ecoturismo foi
introduzido no Brasil. Na mesma década, a EMBRATUR – Instituto Brasileiro
de Turismo iniciou o “Projeto Turismo Ecológico” e criou a Comissão Técnica
Nacional, esta, constituída em conjunto com o IBAMA – Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Historicamente, esta foi a
primeira iniciativa voltada a organizar o segmento.

E em 1994, através da publicação das Diretrizes para uma Política Nacional


de Ecoturismo pela EMBRATUR e Ministério do Meio Ambiente, o então “turismo
ecológico” passou a se denominar e foi conceituado da seguinte maneira:

51
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma


sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca
a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do
ambiente, promovendo o bem-estar das populações.
FONTE: <http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/regionalizacao_turismo/
estruturacao_segmentos/ecoturismo.html>. Acesso em: 8 ago. 2011.

Em meio a diversas interpretações e definições para o termo Ecoturismo,


esta conceituação, continua sendo referência no país.

Conforme Costa (2002a, p. 31):

Muitas pessoas ainda confundem e utilizam os termos ecoturismo


e turismo ecológico como sinônimos adequados ao segmento do
turismo. Apesar da semelhança, o uso da terminologia turismo
ecológico há muito foi descartado pelos órgãos oficiais, nacional
e internacionalmente. Tanto o Ibama quanto a Embratur, órgãos
responsáveis pelo setor, utilizam o termo ecoturismo no Brasil, como
fazem também a OMT - Organização Mundial do Turismo, sediada em
Madri, Espanha, e a Ecotourism Society - The International Ecotourism
Society – TIES, com sede nos Estados Unidos.

DICAS

Dada a variedade de interpretações referentes ao conceito de Ecoturismo é


importante que você conheça também outros conceitos. No link <http://www.eps.ufsc.br/
disserta99/patricia/cap4.htm>, você encontrará algumas definições em ordem cronológica
para um melhor entendimento da evolução deste conceito tão importante para o nosso
estudo.

Formuladas com base em um movimento preservacionista, as primeiras


definições de Ecoturismo ligavam a atividade diretamente e quase exclusivamente
ao papel de preservação de ambientes naturais. Porém, estes conceitos
passaram por reformulações a partir da evolução de outro conceito, que trata de
Sustentabilidade e do consequente envolvimento do ser humano neste processo.

52
TÓPICO 3 | ECOTURISMO

FIGURA 29 – O ECOTURISMO PRATICADO EM BONITO/MS É REFERÊNCIA EM TODO O BRASIL

FONTE: <http://www.bonitobrazil.com.br/>. Acesso em: 20 jul. 2011.

Percebemos claramente que o Ecoturismo é quem tem liderado a


entrada de práticas sustentáveis no setor turístico, mas precisamos ter em
mente a diferença básica que o diferencia do Turismo Sustentável. Sobre
isso, a Organização Mundial do Turismo – OMT e o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA referem-se ao Ecoturismo como um
segmento do turismo, enquanto os princípios que se almejam para o Turismo
Sustentável são aplicáveis e devem servir de premissa para todos os tipos de
turismo em quaisquer destinos.
FONTE: Adaptado de: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-
ecoturismo/meio-ambiente-ecoturismo.php>. Acesso em: 26 jul. 2011.

DICAS

Lembre-se de que a conceituação de Ecoturismo é bastante ampla e apresenta


uma série de particularidades. Então, para aprofundar os seus conhecimentos, sugerimos a
leitura do material: ECOTURISMO: Orientações Básicas. Disponível em:
<http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/
downloads_publicacoes/Livro_Ecoturismo.pdf>.

53
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

3 PLANEJAMENTO E GESTÃO INTEGRADA DO


ECOTURISMO
Segundo Magalhães (2002, p. 23):

o turismo é um fenômeno social e espacial que propicia o surgimento


de atividades econômicas, sendo uma atividade capitalista complexa,
difícil de ser analisada como um todo, pois envolve uma gama imensa
de ramificações”. Ainda segundo a autora, apesar da geração de
recursos, em função dos deslocamentos e permanência das pessoas nos
receptivos serem incontestáveis [...] isto não significa que sua prática
não traga resultados negativos e, muitas vezes, irreversíveis, numa
demonstração de que a geração de recursos é benéfica e prejudicial
ao mesmo tempo. A poluição provocada pela indústria turística é
nociva em diversos aspectos, tendo em vista a sua complexidade e
ramificações.

Para que o Ecoturismo possa ser desenvolvido e aplicado como uma


atividade sustentável, a fase de planejamento deve ser valorizada e bem construída.
Esta etapa é contínua e dinâmica e está presente em todo o desenvolvimento da
atividade turística.

Planejamento é uma atividade que envolve a intenção de estabelecer


condições favoráveis para alcançar objetivos propostos. E, tem
por objetivo o aprovisionamento de facilidades e serviços para que
uma comunidade atenda seus desejos e necessidades ou, então, o
desenvolvimento de estratégias que permitam a uma organização
comercial visualizar oportunidades de lucro em determinados
segmentos de mercado. (RUSCHMANN, 2002, p. 83).

Conforme Lindberg e Hawkins (1999, p. 26):

O ecoturismo, como componente essencial de um desenvolvimento


sustentável, requer uma abordagem multidisciplinar, um planejamento
cuidadoso (tanto físico como gerencial) e diretrizes e regulamentos
rígidos, que garantam um funcionamento estável. Somente através de
um sistema intersetorial, o ecoturismo poderá, de fato, alcançar seus
objetivos. Os governos, as empresas privadas, as comunidades locais e
as organizações não governamentais, todas têm um importante papel
a desempenhar.

A partir do que Fennell (2002) descreve no quadro Princípios do Turismo


Sustentável, fica mais evidente a importância de se ter o planejamento do
ecoturismo diretamente relacionado às práticas sustentáveis. No quadro a seguir,
você poderá fazer uma análise sobre os princípios do turismo sustentável e
compreender melhor a sua importância na fase de planejamento do Ecoturismo.

54
TÓPICO 3 | ECOTURISMO

QUADRO 3 – PRINCÍPIOS DO TURISMO SUSTENTÁVEL

PRINCÍPIOS DO TURISMO SUSTENTÁVEL

1- Usar os recursos de forma sustentável


A conservação e o uso sustentável dos recursos – naturais, sociais e culturais – é
crucial, e garante os negócios em longo prazo.

2- Reduzir o consumo exagerado e o desperdício


A redução do consumo exagerado e do desperdício evita o custo da recuperação
do meio ambiente, danificado ao longo do tempo, e contribui para a boa
qualidade do turismo.

3- Manter a diversidade
Manter e promover a diversidade natural, social e cultural é essencial para o
turismo sustentável de longo prazo, e cria uma base resiliente para a indústria
do turismo.

4- Integrar o turismo ao planejamento


O empreendimento turístico integrado num contexto de planejamento
estratégico, nacional e local, e submetido aos EIAs (Estudos de Impacto
Ambiental) aumenta a viabilidade a longo prazo do turismo.

5- Apoiar as economias locais


O turismo que apoia uma ampla série de atividades econômicas locais e que
leva em conta os custos/valores ambientais, protege essas economias e evita
danos ao meio ambiente.

6- Envolver as comunidades locais


O envolvimento total das comunidades locais no setor do turismo não só traz
benefícios a elas e ao meio ambiente em geral, mas também melhora a qualidade
da experiência do turismo.

7- Consultar os investidores e o público


As consultas a investidores, comunidades locais, organizações e instituições
são essenciais se todos quiserem trabalhar juntos e conciliar interesses
potencialmente conflitantes.

8- Treinar Equipes
O treinamento de equipes que integram o turismo sustentável, além do
recrutamento de pessoal local em todos os níveis melhora a qualidade do
produto do turismo.

9- Fazer o marketing
O marketing que fornece informações completas e responsáveis aumenta o
respeito dos turistas pelo meio ambiente natural, social e cultural das áreas de
destino, e aumenta a satisfação dos clientes.

55
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

10- Realizar pesquisas


A pesquisa contínua e o monitoramento pela indústria do turismo, coletando e analisando dados,
é essencial para a resolução de problemas, além de trazer benefícios às localidades de destino, à
indústria do turismo e a seus consumidores.

FONTE: Tourism Concern (1992 apud FENNELL, 2002)

Ruschmann, (2006, p. 127) relata que:

[...] o relacionamento do turismo com o meio ambiente tem se


caracterizado por alguns aspectos peculiares e que deverão ser
considerados nas ações de estratégias do planejamento da atividade.
Para que o desenvolvimento do turismo ocorra de uma maneira
equilibrada é necessário estabelecer critérios para a utilização
dos espaços, de acordo com suas características, a fragilidade dos
ecossistemas naturais e a originalidade cultural das populações
receptoras [...].

FIGURA 30 – MAMIRAUÁ, NA AMAZÔNIA, É REFERÊNCIA EM ECOTURISMO COMUNITÁRIO

FONTE: <http://360graus.terra.com.br/extremoss/default.asp?did=10542&action=galeria>.
Acesso em: 20 jul. 2011.

Considerando-se estas necessidades, Ruschmann (2006, p. 86) sugere que


o planejamento e desenvolvimento do turismo é necessário quando encontramos
as seguintes situações:

• Nos locais em que empresas turísticas estão se estabelecendo com sucesso, a


fim de assegurar um controle eficaz do desenvolvimento, no qual se incluem
as medidas de proteção do meio ambiente.
• Nos locais em que o crescimento acelerado da demanda, originado do
turismo de massa e nos “pacotes” organizados por operadores turísticos,
gerou modificações rápidas nas circunstâncias econômicas e sociais, visando
ao monitoramento contínuo do acesso de pessoas.

56
TÓPICO 3 | ECOTURISMO

• Nos locais onde o turismo não se desenvolveu satisfatoriamente, apesar de se


apresentarem recursos consideráveis. Nesses casos, os estudos determinarão:
a viabilidade de implementação de outros tipos de turismo e de incentivos
aos empresários na implantação dos equipamentos correspondentes; a
relação das vantagens entre o tipo de turismo do local e a concorrência de
outros setores econômicos (custo-benefício e custo-oportunidade).
• Nos locais onde o desenvolvimento do turismo concorre para a degradação
ou a erosão de sítios ou recursos únicos, apesar dos consideráveis benefícios
socioeconômicos auferidos pela população receptora. Nesse caso, a
decisão, além daquela resultante das considerações e recomendações dos
planejadores, deve ser tomada considerando-se critérios políticos.

Para o ecoturismo, a sustentabilidade é a principal condição, razão e


consequência de seu desenvolvimento. Assim, o planejamento de atividades
turísticas deve sempre levar em considerações estes princípios, de forma que o
empreendimento possa realmente ser enquadrado como ecoturístico e sustentável.
(COSTA, 2002).

ATENCAO

Lembre-se de que, no mercado atual, essas características podem ser usadas


inclusive como um diferencial da concorrência.

A Organização Mundial do Turismo considera que, para que a


sustentabilidade possa ser assegurada em atividades de ecoturismo, devem-se
seguir os seguintes princípios

1 O ecoturismo deve contribuir para a conservação das áreas naturais e para


o desenvolvimento sustentável das áreas adjacentes e das comunidades que
as habitam.
2 O ecoturismo precisa de estratégias, princípios e políticas específicas para
cada nação, região ou área.
3 O ecoturismo necessita de sistemas de coordenação práticos e eficientes
entre todos os atores envolvidos.
4 A planificação do ecoturismo deve contemplar critérios restritos de
ordenamento territorial – incluindo reservas naturais, áreas de baixo
impacto e áreas de impacto médio. Esses critérios devem ser respeitados
sem exceções, especialmente no que se refere a edificações e outras
infraestruturas turísticas.

57
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

5 O planejamento físico e o desenho das infraestruturas ecoturísticas devem


ser feitos de maneira a minimizar qualquer impacto negativo que podem
ter sobre o meio natural ou o meio cultural.
6 Os meios de transporte e comunicação utilizados em áreas ecoturísticas
devem ter baixo impacto ambiental. Os esportes que requeiram meios de
transporte altamente contaminantes ou ruidosos devem ser definitivamente
proibidos nestas áreas.
7 A prática do ecoturismo em parques nacionais e outras áreas protegidas
deve cumprir estritamente os planos e regras de gestão destas áreas.
8 Facilitar e tornar efetiva a participação ordenada das comunidades locais
nos processos de planejamento, desenvolvimento, gestão e regulação do
ecoturismo.
9 Estabelecer mecanismos (legais, fiscais e comerciais) que permitam que uma
porção importante dos ingressos provenientes da chegada de ecoturistas a
uma localidade seja canalizada para as comunidades locais.
10 Assegurar que o ecoturismo seja um bom negócio ou, em outras palavras,
que ele seja também sustentável do ponto de vista econômico.
11 Todos os atores envolvidos pelo ecoturismo devem estar bem informados
e conscientes dos custos de mitigar os possíveis efeitos negativos dessa
atividade.
12 O cumprimento das leis e normativas que regem o turismo deve ser
melhorado e mais estrito no caso do ecoturismo.
13 Deve-se considerar a possibilidade de implantação de um sistema de
certificação para estabelecimentos e operações ecoturísticas (pelo menos
em âmbito nacional).
14 A educação e a capacitação são prerrequisitos de toda atividade sustentável
de ecoturismo.
15 Os ecoturistas necessitam de informações detalhadas e especializadas
tanto antes como durante sua viagem.
16 Os catálogos, folhetos e quaisquer outros materiais gráficos de promoção
ecoturística devem conter informação substancial sobre a experiência que
oferecem aos potenciais ecoturistas.
17 Tanto os canais de comercialização como os meios promocionais relativos
ao ecoturismo devem ser confiáveis e consistentes, tanto em relação ao tipo
de turismo que se oferece ao consumidor quanto em relação à tipologia dos
ecoturistas.
FONTE: Adaptado de: OMT (2000).

4 ECOTURISMO NO BRASIL
Embora o Brasil tenha impressionante riqueza cultural, resultante da
mistura entre os colonizadores europeus, índios, negros e posteriormente
orientais, ainda assim não consegue estabelecer um equilíbrio quando comparado

58
TÓPICO 3 | ECOTURISMO

à milenar história do Velho Mundo. Portanto, parece óbvio que, em um país


com diversidade impressionante e incontáveis paisagens, o desenvolvimento de
atividades relacionadas à natureza seja o principal atrativo turístico.

A crescente demanda de turistas por viagens que oferece o contato direto


com a natureza coloca todas as regiões do país em posição de destaque como
destinos para a demanda do turismo ecológico e de aventura, tanto nacional quanto
internacional, devido aos seus recursos naturais variados. (RUSCHMANN, 2002).

As primeiras empresas de ecoturismo surgiram no Brasil no final da


década de 1980, mas foi apenas na década seguinte que esta atividade começou a
cair no gosto do público, motivado pela grande exposição na mídia de assuntos
relacionados à natureza, um resgate aos “paraísos ecológicos”. Esse movimento
teve influência também da Eco 92 (ver Tópico 2), sendo que nem todas as
empresas da época poderiam ser conceituadas como efetivamente promotoras
de ecoturismo.

FIGURA 31 – LOGOMARCA DA ECO 92

FONTE: <http://www.infoescola.com/ecologia/eco-92/>. Acesso em: 20 jul. 2011.

O mercado ecoturístico brasileiro é composto por mais de 250 operadoras e


agências especializadas, além das empresas de turismo convencional que também
possuem pacotes turísticos. Calcula em mais de 2.000 pousadas e mais de 1000
prestadoras de serviços especializados, fabricantes de equipamentos, consultorias
e outros. Houve um aumento do interesse por roteiros desenvolvidos em Parques
Nacionais e outras unidades de conservação como Reservas Particulares do
Patrimônio Natural – RPPN.

Anualmente, o ecoturismo e o turismo de natureza vêm se destacando


no cenário nacional. O amadurecimento dos empresários do ramo, a busca de
profissionalismo e de certificações de segurança tem transformado muitos
destinos em referências nacionais e internacionais dentro deste segmento. Diversos
destinos turísticos se desenvolveram focando este público e direcionando o
desenvolvimento da região, como pode ser observado na lista dos 65 Destinos
Indutores do Desenvolvimento Turístico Regional. O projeto 65 Destinos Indutores
tem como objetivo capacitar os atores locais para a gestão em turismo, ampliar os
conhecimentos sobre planejamento estratégico, fortalecer a governança e a inter-

59
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

relação dos destinos com as regiões em que estão inseridos. (IMB, 2011). Grande
parte destes destinos foca ou possui roteiros ligados ao ecoturismo, destacando-se
Mateiros/TO, Lençóis/MA, Maragogi/AL, Maraú/BA, Jijoca de Jericoacoara/CE,
Barreirinhas/MA, Fernando de Noronha/PE, São Raimundo Nonato/PI, Tibau do
Sul/RN, Alto Paraíso de Goiás/GO, Pirenópolis/GO, Bonito/MS, Corumbá/MS,
Ilhabela/SP, Foz do Iguaçu/PR e Paranaguá/PR.

DICAS

Para conhecer os 65 destinos indutores, acesse <http://www.65destinos.com>


e <http://www.marcabrasil.org.br/docs/mapa.pdf>. E para conhecer os resultados deste
Projeto, acesse: <http://gestaodedestinos.typepad.com/imb/2011/07/resultados-do-projeto-
65-destinos.html>.

Em 2001, o Instituto de Ecoturismo do Brasil (IEB), em parceria com


a EMBRATUR lançaram uma das primeiras compilações sobre destinos de
ecoturismo no país, conforme o quadro a seguir:

QUADRO 4 – POLOS DE ECOTURISMO DO BRASIL

ESTADO UNIDADES FORMADORAS


Acre Rio Branco, Xapuri, Plácido de Castro e Porto Acre.
Porto Grande, Itaubal, Serra do Navio, Pracuúba, Pedra Branca do Amapari,
Amapá
Tartarugalzinho, Cutias, Macapá, Ferreira Gomes e Santana.
Barcelos, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, Novo Airão, Manaus,
Amazonas Manacapuru, Iranduba, Careiro, Careiro da Várzea, Autazes, Itacoatiara e
Silves.
Santarém, Alter do Chão, Belterra, Aveiro, Itaituba, Oriximiná, Óbidos,
Pará
Alenquer e Monte Alegre.
Rondônia Porto Velho, Guajará-Mirim e Costa Marques.
Roraima Boa Vista, Normandia, Uiramutã, Pacaraima e Amajari.
Tocantins Caseara e Pium.
APA das Reentrâncias Maranhenses (Bacuri, Cururupu, Mirinzal, Cedral,
Guimarães e Pinheiro), São Luís, Alcântara, São José do Ribamar, Paço do
Lumiar, Primeira Cruz, Santo Amaro do Maranhão, Humberto de Campos,
Maranhão
Barreirinhas (Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses), Paulino Neves,
Tutoia e Araioses (Delta do Parnaíba), Imperatriz, Carolina, Riachão, Balsas,
Nova Iorque, Mirador, Barra do Corda e Grajaú.
São Raimundo Nonato, Coronel José Dias, João Costa, Canto do Buriti,
Piauí
Piracuruca, Piripiri, Esperantina, Parnaíba e Luís Correia.

60
TÓPICO 3 | ECOTURISMO

Quixadá, Quixeramobim, Palmácia, Pacoti, Guaramiranga, Mulungu, Aratuba,


Baturité, Redenção, Juazeiro do Norte, Crato, Nova Olinda, Santana do
Cariri, Araripe, Jardim, Barbalha, Missão Velha, Ibiapaba, Viçosa do Ceará,
Ceará
Tianguá, Ubajara, Ibiapina, São Benedito, Carnaubal, Guaraciaba do Norte,
Ipu, Barroquinha, Camocim, Jijoca de Jericoacara, Criz, Acaraú, Itarema,
Fortim, Aracati e Icapuí.
Baía Formosa, Tibaú do Sul, Arês, Nísia Floresta, Parnamirim, Natal, Extremoz,
Maxaraguape, Rio do Fogo, São Miguel dos Touros, São Bento do Norte,
Guamaré, Macaú, Serra de São Bento, Passa e Fica, São José do Campestre,
Rio Grande do
Tangará, Serra Caiada, Sítio Novo, Barcelona, Pedra Preta, Lajes, Itajá, São
Norte
Rafael, Jucurutu, Currais Novos, Acari, São José do Seridó, Cruzeta, Caicó,
Serra Negra do Norte, Jardim do Seridó, Parelhas, Carnaúba dos Dantas,
Martins, Patu, Apodi e Felipe Guerra.
João Pessoa, Bayeux, Conde, Cabedelo, Pitimbu, Lucena, Rio Tinto, Baía da
Traição, Marcação, Mataraca, Campina Grande, Ingá, Fagundes, Boqueirão,
Paraíba
Cabeceiras, Pocinhos, Areia, Bananeiras, Arauna, Pirpirituba, Serraria,
Guarabira, Sousa, Santa Luzi, São João do Rio do Peixe, Coremas e Matureia.
Arquipélago Fernando de Noronha, Goiana, Itamaracá, Itapissuma, Igarassu,
Paulista, Cabo de Santo Agostino, Ipojuca, Sirinhaém, Rio Formoso, Barreiros,
Pernambuco São José da Coroa Grande, Pesqueira, Venturosa, Buíque, Arcoverde, Bonito,
São Benedito do Sul, Afogados da Ingazeira, Serra Talhada, Triunfo, Belém
de São Francisco, Santa Maria da Boa Vista e Petrolina.
Maragogi, Japaraitinga, Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres, Ibateguara,
São José da Laje, União dos Palmares, Chã Preta, Quebrângulo, Delmiro
Alagoas
Gouveia, Olho d’Água do Casado, Piranhas, Pão de Açúcar, Penedo, Traipu
e Piaçabuçu.
Canindé de São Francisco, Poço Redondo, Brejo Grande, Ilha das Flores,
Sergipe Neópolis, Japoatã, Propriá, Pirambu, Laranjeiras, Areia Branca, Itabaiana, São
Cristóvão, Estância, Santa Luzia do Itanhy.
Lençóis, Andaraí, Mucugê, Rio das Contas, Iraquara, Piatã, Morro do Chapéu,
Ituaçu, Seabra, Itaeté, Parque Nacional Chapada Diamantina, APA Marimbus
de Iraquara, APA do Barbado, Lauro de Freitas, Jauá, Arembepe, Barra do
Jacuípe, Guarajuba, Itacimirim, Praia do Forte, Açu da Torre, Imbassaí, Santo
Antônio, Porto Sauípe, Massarandupió, Baixios, Subaúma, Sítio do Conde,
Barra do Itariri, Siribinha, Costa Azul, Mangue Seco, Itaparica, Ilha de Maré,
Madre de Deus, Ilha do Medo, Ilha dos Frades, Ilha Bimbarras, Ilha Cajaíba,
Bahia
Ilha de Saraíba, Ilha do Cal, Ilha das Vacas, Matarandiba, Ilha das Fontes,
Ponta dos Garcês, Parques de Salvador, Valença, Guaibim, Cairu, Morro de São
Paulo, Gamboa, Garapuá, Boipeba, Camamu, Maraú, Barra Grande, Ituberá,
Itacaré, Ilhéus, Olivença, Toromba, Una, Canavieiras, Belmonte, Santa Cruz
Cabrália, Porto Seguro, Arraial d’Ajuda, Trancoso, Caraíva, Monte Pascoal,
Ponta do Corumbau, Cumuruxatiba, Prado, Abrolhos, Alcobaça, Caravelas,
Nova Viçosa e Mucuri.
Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, São Domingos, Posse, Serra dos
Goiás Pirineus, Corumbá de Goiás, Cocalzinho de Goiás, Pirenópolis, Parque
Nacional das Emas, Mineiros e Serranópolis.
Estrada Transpantaneira, Poconé, Porto Jofre, Barão de Melgaço, Santo Antônio
Mato Grosso do Leverger, Cáceres, Parque Nacional Chapada dos Guimarães, Cuiabá e
Alta Floresta.
Mato Grosso do Estrada Parque do Pantanal, Miranda, Aquidauana, Corumbá, Bodoquena,
Sul Bonito, Jardim e Costa Rica.

61
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

Lagoa Santa, Confins, Pedro Leopoldo, Matozinhos, Prudente de Morais, Sete


Lagoas, Cordsburgo, Santana do Riacho, Congonhas do Norte, Presidente
Kibitschek, Gouveia, Datas, Diamantina, Couto Magalhães de Minas, Felício
dos Santos, Serra Azul de Minas, Santo Antônio do Itambé, Serro, Alvorada
de Minas, Dom Joaquim, Conceição do Mato Dentro, Morro do Pilar, Santo
Antônio do Rio Abaixo, São Sebastião do Rio Preto, Itambé do Mato Dentro,
Jaboticatubas, Ibertioga, Lima Duarte, Rio Preto, Juiz de Fora, Além Paraíba,
São João Nepomuceno, Leopoldina, Cataguases, Miraí, Ubá, Barbacena,
Viçosa, Araponga, Ponte Nova, Fervedouro, Espera Feliz, Muriaé, Tombos,
Minas Gerais
Belo Horizonte, Bom Jesus do Amparo, Santa Luzia, Sabará, Itabira, Barão
de Cocais, Santa Bárbara, Catas Altas, Mariana, Ouro Preto, Piranga, Ouro
Branco, Congonhas, Itabirito, Nova Lima, Raposos, Caeté, Alagoa, Itamonte,
Itanhandu, Passa Quatro, Virgínia, São Sebastião do Rio Verde, Pouso Alto,
São Lourenço, São Roque de Minas, Vargem Bonita, São João Batista do Glória,
Delfinópolis, Sacramento, Araxá, Sacramento, Conquista, Delta, Uberaba,
Conceição das Alagoas, Planura, Fronteira, Frutal, Campina Verde, Prata,
Uberlândia, Cachoeira Dourada, Araporã, Tupaciguara, Araguari, Estrela do
Sul, Romaria, Nova Ponte, Patrocínio, Pedrinópolis e Santa Juliana.
Itaúnas, Conceição da Barra, São Mateus, Pinheiros, Linhares, Sooretama,
Aracruz, Serra, Cariacica, Vitória, Vila Velha, Guarapari, Anchieta, Viana,
Domingos Martins, Marechal Floriano, Alfredo Chaves, Vargem Alta, Castelo,
Espírito Santo Conceição do Castelo, Venda Nova do Imigrante, Afonso Cláudio, Santa
Maria de Jetibá, Santa Teresa, São Roque do Canaã, Ibiraçu, Fundão, Santa
Leopoldina, São José do Calçado, Alegre, Guaçuí, Dores do Rio Preto, Divino
de São Lourenço, Ibitirama, Iúna, Irupi, Ibatiba e Muniz Freire.
Itacurussá, Angra dos Reis, Mangaratiba, Parati, Itatiaia, Penedo, Visconde
de Mauá, Engenheiro Passos, Rio de Janeiro, Niterói, Petrópolis, Teresópolis,
Rio de Janeiro Nova Friburgo, Araruama, Arraial do Cabo, Armação dos Búzios, Barra de
São João, Conservatória, Valença, Vassouras, Mendes, Miguel Pereira, Pati do
Alferes, Macaé, Quissamá, Campos e São João da Barra.
Itararé, Itapeva, Capão Bonito, Ribeirão Grande, Tapiraí, São Miguel Arcanjo,
Miracatu, Juquitiba, Embu, Itapecerica da Serra, Araçoiaba da Serra, Sorocaba,
São Roque, Pirapora do Bom Jesus, Santana de Parnaíba, Atibaia, Mairiporã,
Piracicaba, Botucatu, São Pedro, Brotas, São Carlos, Santa Rita do Passa
Quatro, Analândia, Rio Claro, Araras, Apiaí, Iporanga, Eldorado, Jacupiranga,
Registro, Iguape, Ilha Comprida, Cananeia, Pariquera-Açu, Caçapava,
São Paulo
Pindamonhangaba, Cruzeiro, Silveiras, São José do Barreiro, Bananal, Cunha,
São Luís do Paraitinga, Paraibuna, São José dos Campos, Monteiro Lobato, São
Francisco Xavier, São Bento do Sapucaí, Campos do Jordão, Santo Antônio do
Pinhal, Peruíbe, Itanhaém, Cubatão, Santos, Guarujá, Bertioga, São Sebastião,
Ilhabela, Caraguatatuba, Ubatuba, Salesópolis, São Bernardo do Campo, São
José do Rio Preto, Fernandópolis, Jales, Santa Fé do Sul, Mira Estrela e Cardoso.
Complexo Estuarino Lagunar de Paranaguá/Guaraqueçaba, Parque Estadual
Paraná do Marumbi, Parque Estadual de Vila Velha, Parque Estadual Guartelá, Represa
de Itaipu e entorno, Parque Nacional do Iguaçu e Itaipulândia.
Vértice do Vale do Itajaí, Florianópolis e entorno, Parque Estadual da Serra
do Tabuleiro, entre a Reserva Biológica do Arvoredo e APA Anhatomirim,
Santa Catarina
Região de Lages, Parque Nacional São Joaquim, Urubici, Bom Jardim da Serra
e São Joaquim.
Canela, Gramado, Parque Nacional Aparados da Serra, Parque Nacional Serra
Rio Grande do
Geral, Agudo, Camobi, Silveira Martins, Ivorá, Faxinal do Soturno, Itaara e
Sul
Santa Maria.

FONTE: Adaptado de: IEB (2001)

62
TÓPICO 3 | ECOTURISMO

DICAS

No site <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/ecoturismo/destinos.html>,
você vai encontrar uma relação completa dos principais destinos de ecoturismo no Brasil.

Em recente pesquisa da ABETA (2010), ficou evidente que o ecoturista


brasileiro busca nestes destinos participar de atividades que propiciem uma fuga
das rotinas do dia a dia, um resgate de momentos de lazer que remetem à vida
descompromissada dos tempos da infância. Assim, as viagens figuraram como
principal lazer de 40% dos entrevistados, sendo que atividades ligadas à água
foram citadas em 46% das respostas.

Dentre as principais atividades já praticadas por estes turistas, destacam-


se passeios de bugue (36%), cavalgadas (36%), caminhadas (31%), tirolesa (27%),
observação de vida selvagem (22%) e mergulho (21%). Quando questionados
sobre quais atividades gostariam de participar, 70% citaram bugue, seguido
de mergulho (70%), observação de vida selvagem (61%), 4x4 (61%), quadriciclo
(61%), flutuação (60%) e caminhadas (57%). (ABETA, 2010).

DICAS

Acesse <http://www.abeta.com.br/pesquisaperfil/> para obter a pesquisa


completa sobre o perfil do turista de aventura e do ecoturista realizada pela ABETA, e <http://
www.ecobrasil.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=12&sid=5> para ler um
interessante texto sobre o Destino Brasil (Instituto Eco Brasil).

63
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos que:

• O Brasil possui uma grande potencialidade para o desenvolvimento do


ecoturismo, pois apresenta uma série de atrativos de cunho cultural e natural
de extremo interesse para o segmento.

• Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma


sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca
a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do
ambiente, promovendo o bem-estar das populações.

• Para que uma atividade seja classificada como Ecoturismo, ela precisa cumprir
os princípios básicos da “Sustentabilidade”, ou seja, deve levar em consideração
os seguintes fatores: resultado econômico, mínimos impactos ambientais e
culturais, satisfação do ecoturista e da comunidade envolvida.

• Para que o Ecoturismo possa ser desenvolvido e aplicado como uma atividade
sustentável, a fase de planejamento deve ser valorizada e bem construída. Esta
etapa é contínua e dinâmica e está presente em todo o desenvolvimento da
atividade turística.

• O ecoturismo, como componente essencial de um desenvolvimento sustentável,


requer uma abordagem multidisciplinar, um planejamento cuidadoso, tanto
físico como gerencial e, diretrizes e regulamentos rígidos, que garantam um
funcionamento estável.

• Para que o desenvolvimento do turismo ocorra de uma maneira equilibrada é


necessário estabelecer critérios para a utilização dos espaços, de acordo com
suas características, a fragilidade dos ecossistemas naturais e a originalidade
cultural das populações receptoras.

• Para o ecoturismo, a sustentabilidade é a principal condição, razão e


consequência de seu desenvolvimento. Assim, o planejamento de atividades
turísticas deve sempre levar em considerações estes princípios, de forma
que o empreendimento possa realmente ser enquadrado como ecoturístico e
sustentável.

• No Brasil, com uma diversidade impressionante e incontáveis paisagens, o


desenvolvimento de atividades relacionadas à natureza é o principal atrativo
turístico.

64
• A demanda crescente dos turistas por viagens que proporcionam o contato
direto com a natureza coloca todas as regiões do Brasil em posição privilegiada
como destinações para a demanda do turismo ecológico e de aventura, tanto
nacional quanto internacional, em função de seus inúmeros recursos naturais.

• As primeiras empresas de ecoturismo surgiram no Brasil no final da década


de 1980, mas foi apenas da década seguinte que esta atividade começou a cair
no gosto do público, motivado pela grande exposição na mídia de assuntos
relacionados à natureza, um resgate aos “paraísos ecológicos”.

• O amadurecimento dos empresários do ramo, a busca de profissionalismo e de


certificações de segurança tem transformado muitos destinos em referências
nacionais e internacionais dentro deste segmento.

• O ecoturista brasileiro busca nestes destinos participar de atividades que


propiciem uma fuga das rotinas do dia a dia, um resgate de momentos de lazer
que remetem à vida descompromissada dos tempos da infância.

65
AUTOATIVIDADE

1 Quais os principais destinos de ecoturismo de sua região? Elas se enquadram


nos princípios do ecoturismo descritos neste tópico?

2 Caso você seja um empreendedor, que tal alinhar sua empresa com os
princípios do turismo sustentável?

3 Em 1994, através da publicação das Diretrizes para uma Política Nacional


de Ecoturismo pela EMBRATUR e Ministério do Meio Ambiente, o então
“turismo ecológico” passou a se denominar e foi conceituado da seguinte
maneira:

a) Ecoturismo é o segmento da atividade turística que utiliza o patrimônio


natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de
uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente,
promovendo o sustento das populações.
b) Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma
sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e
busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação
do ambiente, promovendo o bem-estar das populações.
c) Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma
sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e
busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação
do ambiente, promovendo o sustento das populações.
d) Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, o patrimônio
natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de
uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente,
promovendo o bem-estar das populações.

4 Assinale a alternativa que contenha um item que NÃO FAZ PARTE dos
princípios do turismo sustentável:

a) Usar os recursos de forma sustentável; integrar o turismo ao planejamento;


manter a diversidade.
b) Reduzir o consumo exagerado e o desperdício; consultar os investidores e o
público; incentivar a concentração de renda.
c) Consultar os investidores e o público; envolver as comunidades locais;
realizar pesquisas.
d) Apoiar as economias locais; fazer o marketing; treinar equipes.

66
5 Em recente pesquisa da ABETA (2010), ficou evidente que o ecoturista
brasileiro busca participar de atividades que propiciem uma fuga das
rotinas do dia a dia, um resgate de momentos de lazer que remetem à vida
descompromissada dos tempos da infância. Assinale a alternativa que
apresente apenas atividades já praticadas pelos turistas entrevistados:

a) Passeios de bugue, cavalgadas, caminhadas, tirolesa, observação de vida


selvagem e mergulho.
b) Passeios de bugue, cavalgadas, caminhadas, tirolesa, flutuação e mergulho.
c) Passeios de bugue, cavalgadas, caminhadas, quadriciclo, observação de
vida selvagem e mergulho.
d) Passeios de bugue, quadriciclo, caminhadas, flutuação, observação de vida
selvagem e mergulho.

6 Assinale a alternativa INCORRETA:

a) Para o ecoturismo, a sustentabilidade financeira é a principal condição,


razão e consequência de seu desenvolvimento. Assim, o planejamento de
atividades turísticas deve sempre levar em consideração estes princípios,
de forma que o empreendimento possa realmente ser enquadrado como
ecoturístico e sustentável.
b) A demanda crescente dos turistas por viagens que proporcionam o
contato direto com a natureza coloca todas as regiões do Brasil em posição
privilegiada como destinações para a demanda do turismo ecológico e de
aventura, tanto nacional quanto internacional, em função de seus inúmeros
recursos naturais.
c) As primeiras empresas de ecoturismo surgiram no Brasil no final da década
de 1980, mas foi apenas na década seguinte que esta atividade começou
a cair no gosto do público, motivado pela grande exposição na mídia de
assuntos relacionados à natureza, um resgate aos “paraísos ecológicos”.
d) O amadurecimento dos empresários do ramo, a busca de profissionalismo
e de certificações de segurança têm transformado muitos destinos em
referências nacionais e internacionais dentro deste segmento.

7 De acordo com a Organização Mundial do Turismo, para que a


sustentabilidade possa ser assegurada em atividades de ecoturismo,
devem-se seguir alguns princípios. Assinale a alternativa que NÃO
CORRESPONDE a um destes princípios.

a) O ecoturismo precisa de estratégias, princípios e políticas específicas para


cada nação, região ou área.
b) A prática do ecoturismo, em parques nacionais e outras áreas protegidas,
não deve cumprir os planos e regras de gestão destas áreas.
c) A educação e a capacitação são prerrequisitos de toda atividade sustentável
de ecoturismo.
d) Os ecoturistas necessitam de informações detalhadas e especializadas tanto
antes como durante sua viagem.

67
68
UNIDADE 1
TÓPICO 4

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO


TURISMO

1 INTRODUÇÃO
Neste Tópico, falaremos sobre a Educação Ambiental, uma ferramenta
transformadora da sociedade, e que há tempos vem sendo utilizada para diminuir
os problemas ambientais, especialmente aqueles vinculados à sociedade humana.
Dependendo da abordagem, o turismo pode ser um importante multiplicador
desta nova forma de se relacionar com o meio ambiente e a sociedade.

Como já foi citado no Tópico 2 desta Unidade, o crescimento populacional


e o desenvolvimento econômico acabaram pressionando de tal forma o equilíbrio
ambiental que chegamos ao limite do insustentável. Embora ainda existam
muitas opiniões controversas, é evidente que os problemas ambientais já estão
interferindo severamente no modo de vida da sociedade moderna, seja com
escassez de água onde isto nunca ocorria, antecipação ou atraso de estações
climáticas, afetando a reprodução de muitas espécies e os efeitos do clima sobre
todo o sistema.

FIGURA 32 – A DENSIDADE DEMOGRÁFICA FOGE DE CONTROLE

FONTE: <http://noseahistoria.wordpress.com/2011/04/18/a-explosao-populacional-do-seculo-xix/>.
Acesso em: 20 jul. 2011.

69
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

No Tópico 3 desta Unidade, já discutimos a importância de se praticar


o verdadeiro ecoturismo. Apenas em atender a estas premissas, você já estará
fazendo um importante papel como cidadão e ator da cadeia produtiva do
turismo. Agora vamos ampliar essa participação.

Assim, convidamos você a percorrer este tópico e entender o que


é Educação Ambiental e como ela pode contribuir na sua atividade como
profissional do turismo.

Primeiramente é importante entender o contexto em que as primeiras


ideias sobre educação ambiental começaram a aparecer. Já citamos o lançamento
do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson em 1962 e a grande repercussão
que causou. Entretanto, Cascino (2009) considera que o primeiro grande texto a
respeito das questões ambientais e dos limites para o desenvolvimento humano
publicado foi Os limites do crescimento, em 1968.

Neste momento em que ocorre a aproximação entre aquilo que se falava


nos movimentos sociais, estudantis, operários, minoritários-libertários e a
questão do desenvolvimento do planeta ou o caminhar do homem sobre a Terra,
principalmente por parte dos industriais e centros científicos do Primeiro Mundo.
(CASCINO, 2009).

Depois da Primeira Conferência Mundial sobre Meio Ambiente Humano e


Desenvolvimento, realizada em 1972, os movimentos e manifestações sociais que
reivindicavam proteção ao meio ambiente aos poucos foram se tornando mais
abrangentes, pois uma consciência da ausência dos limites dos efeitos poluentes
se espalhava entre os manifestantes. Cascino (2009) refere-se ao nascimento de
uma consciência/cidadania planetária.

A UNESCO promoveu, em Belgrado em 1975, um Encontro Internacional


sobre Educação Ambiental. O encontro culminou com a formulação de princípios
e orientações para um programa internacional de Educação Ambiental (EA),
segundo o qual esta deveria ser contínua, interdisciplinar, integrada às diferenças
regionais e voltada para os interesses nacionais. (SOUZA, 2003).

FIGURA 33 – LOGOTIPO DA UNESCO

FONTE: <http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/>. Acesso em: 20 jul. 2011.

70
TÓPICO 4 | A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO TURISMO

Em 1977, aconteceu o Primeiro Congresso Mundial de Educação Ambiental


em Tbilisi, ex-União Soviética, sendo que o Segundo Congresso Mundial de
Educação Ambiental também aconteceu lá, porém desta vez em Moscou. (DIAS,
2004). Foi um lento processo acontecendo em meio a importantes mudanças
políticas neste país, que culminou no entendimento da necessidade de associar a
preocupação ambiental com a educação. (CASCINO, 2009).

Em 1987, o Relatório Brundtland, com o título Nosso futuro comum,


analisa as principais questões sobre meio ambiente e desenvolvimento, lançando
a base do que seria discutido durante a Eco 92. A partir de então, a Educação
Ambiental entra nas principais discussões, porém sempre vinculada às questões
ambientais puramente. Confunde-se com ensino de ecologia. Até que em 1997, a
Unesco publica o documento Educating for a Sustainable Future, com o título “Uma
visão transdisciplinar para uma ação orquestrada”. Segundo Cascino (2009), o
documento “aponta o caminho da interdisciplinaridade como eixo central de
um novo modo de educar, uma plataforma para ações educativas fundadas em
preocupações ambientais”.

DICAS

Para saber mais sobre o Relatório Brundtland, acesse <http://pt.wikipedia.org/


wiki/Relat%C3%B3rio_Brundtland>.

Na Conferência de Tbilisi, a Educação Ambiental foi definida como “uma


dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução
dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares,
e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade”.
(TBILISI, 1977, apud DIAS, 2004, p. 98). É uma definição que vale até hoje.

Entretanto, Dias (2004, p. 99), baseado nos subsídios técnicos elaborados


pela Comissão Interministerial para a preparação da Rio-92, dá um enfoque mais
aprofundado quando observa que

A educação ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões


socioeconômicas, política, cultural e histórica, não podendo basear-se em pautas
rígidas e de aplicação universal, devendo considerar as condições e estágio (sic)
de cada país, região e comunidade, sob uma perspectiva holística. Assim sendo,
a educação ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do
meio ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que
conformam o ambiente, com vistas a utilizar racionalmente os recursos do meio
na satisfação material e espiritual (CA) da sociedade no presente e no futuro.

71
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

A Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos


e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem
conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornem
aptos a agir e resolver problemas ambientais presentes e futuros. (DIAS, 2004).

Em 1999, a Educação Ambiental foi transformada em lei no Brasil (Lei


nº 9.795 de 27 de abril de 1999). Em seu Art. 2° afirma: “A educação ambiental
é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não formal”. (BRASIL, 2011).

E
IMPORTANT

A educação ambiental deve sempre ser observada dentro de um ambiente total,


o que inclui valores éticos, políticos, sociais, econômicos, científicos, tecnológicos, culturais e
ecológicos, e não apenas sob a ótica deste último.

2 PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

FIGURA 34 – A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FONTE DE REFLEXÃO

FONTE: <http://palrp20092010-educaoambiental.blogspot.com/>. Acesso em: 20 jul. 2011.

Durante a Conferência de Tbilisi foram definidos os seguintes princípios


básicos para a Educação Ambiental (DIAS, 2004, p. 112-124):

• Considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos


naturais e criados pelo homem, tecnológicos e sociais (econômico, político,
técnico, histórico-cultural, moral e estético).

72
TÓPICO 4 | A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO TURISMO

• Constituir um processo contínuo e permanente, começando pelo pré-escolar,


e continuando através de todas as fases do ensino formal e não formal.
• Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico
de cada disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e
equilibrada.
• Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, regional,
nacional e internacional, de modo que os educandos se identifiquem com as
condições ambientais de outras regiões geográficas.
• Concentrar-se nas situações ambientais atuais, tendo em conta também a
perspectiva histórica.
• Insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e internacional
para prevenir e resolver os problemas ambientais.
• Considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de
desenvolvimento e de crescimento.
• Ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais.
• Destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em consequência, a
necessidade de desenvolver o censo crítico e as habilidades necessárias para
resolver os problemas.
• Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para
comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, acentuando
devidamente as atividades práticas e as experiências pessoais.

A criação destes princípios considerava que, a partir de um enfoque


crítico, “a Educação Ambiental poderá contribuir para a formação de cidadãos
conscientes, aptos para se decidirem a atuar na realidade socioambiental
de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da
sociedade local e global”.
FONTE: Dias (2004)

Neste mesmo relatório, foram definidas também as finalidades da


Educação Ambiental (DIAS, 2004, p. 109-110):

• Promover a compreensão da existência e da importância da interdependência


econômica, social, política e ecológica.
• Proporcionar a todas as pessoas a possibilidade de adquirir os conhecimentos
dos valores, o interesse ativo e as atitudes necessárias para proteger e
melhorar o meio ambiente.
• Induzir novas formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na
sociedade, em seu conjunto, a respeito do meio ambiente.

73
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

Por fim, foram definidas cinco categorias de objetivos da Educação


Ambiental (DIAS, 2004 p. 111):

• CONSCIÊNCIA – ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem


consciência do meio ambiente global e ajudar-lhes a sensibilizarem-se por
essas questões.
• CONHECIMENTO – Ajudar os grupos sociais e o indivíduo a adquirirem
diversidade de experiências e compreensão fundamental do meio ambiente
e dos problemas anexos.
• COMPORTAMENTO – ajudar os grupos sociais e os indivíduos a
comprometerem-se com uma série de valores e a sentirem interesse e
preocupação pelo meio ambiente, motivando-os de tal modo que possam
participar ativamente da melhoria e da proteção do meio ambiente.
• HABILIDADES – ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem as
habilidades necessárias para determinar e resolver os problemas ambientais.
• PARTICIPAÇÃO – proporcionar aos grupos sociais e aos indivíduos a
possibilidade de participarem ativamente das tarefas que têm por objetivo
resolver problemas ambientais.

ATENCAO

Todos esses princípios, finalidades e objetivos podem ser transpostos para as


realidades locais e regionais, fazendo parte de uma agenda de Educação Ambiental específica.

3 MEIO AMBIENTE E REPRESENTAÇÃO SOCIAL


De acordo com Barcelos (2008), a situação ecológica por que passa
atualmente o planeta e as distâncias entre países ricos e pobres acabam por
consumir cerca de dois terços de toda a energia gerada no planeta. Ainda segundo
o autor, o descontentamento e a não aceitação passiva do que está acontecendo no
mundo é que pode suscitar nossa criação imaginativa no sentido de se construírem
alternativas tanto de pensamento quanto de ações que, a partir do local, possam
interferir nas questões ecológicas globais.

Conforme Barcelos (2008, p. 20-21):

Inventar maneiras, criar possibilidades para vivermos todos juntos


e em paz, é uma das vontades que movem o movimento ecologista
desde suas origens no final da década de 1950 e início de 1960 do
século passado. A educação ambiental tem seu surgimento na esteira
desse movimento político e social sendo, portanto, assumido também
sua parcela de responsabilidade pela edificação de um mundo social e

74
TÓPICO 4 | A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO TURISMO

ecologicamente mais justo. Ao pensarmos na contribuição da educação


ambiental, para a edificação de um mundo social e ecologicamente
mais justo, nada mais oportuno e urgente que aceitarmos o desafio de
inventar novas metodologias que nos auxiliem a edificar espaços de
convivência a partir da solidariedade, da cooperação, da tolerância e
do amor, não só como os demais seres humanos, mas, sim, com todas
as demais formas de vida existentes no planeta-terra.

Nesse sentido, uma das primeiras reflexões ao se pensar em educação
ambiental, é repensar o próprio significado de meio ambiente. Tradicionalmente,
esse termo refere-se ao meio natural, biótico e abiótico, deixando a figura humana
e os ambientes artificiais de fora. Porém, segundo Jollivét e Pavé (1997 apud
DALMORA, 2007, p. 17), para que as metodologias de educação ambiental possam
ter bons resultados, é necessário observar outras definições, como as seguintes:

Meio ambiente é o conjunto de meios naturais (milieux naturel) ou


artificializados da ecosfera, onde o homem se instalou e que ele explora,
que ele administra, bem como o conjunto dos meios não submetidos à
ação antrópica e que são considerados necessários à sua sobrevivência.
Esses meios são caracterizados: por sua geometria, seus componentes
físicos, químicos, biológicos e humanos e pela distribuição espacial
desses componentes; pelos processos de transformação, de ação ou
de interação envolvendo esses componentes e condicionando sua
mudança no espaço e no tempo; por suas múltiplas dependências
em relação às ações humanas; por sua importância, tendo em vista o
desenvolvimento das sociedades humanas.

Meio ambiente é um lugar determinado ou percebido, onde os


elementos naturais e sociais estão em relações dinâmicas e em interação. Tais
relações implicam processos de criação cultural e tecnológica e processos
históricos e sociais de transformação do meio natural e construído.

Ao inserir a sociedade humana nesta interpretação sobre meio


ambiente, torna-se relevante conhecer a maneira como o público-alvo
interpreta este conceito, de forma a criar uma comunicação de resultados. Nas
representações sociais podemos encontrar os conceitos científicos da forma
que foram aprendidos e internalizados pelas pessoas.

Uma representação social é o senso comum que se tem sobre um


determinado tema, em que se incluem também os preconceitos, ideologias e
características específicas das atividades cotidianas (sociais e profissionais)
das pessoas.

As representações sociais estão relacionadas com as pessoas que atuam fora


da comunidade científica, embora possam também estar aí presentes. São modos
de pensar que orientam as condutas dos indivíduos na sociedade e equivalem
a “um conjunto de princípios construídos interativamente e compartilhados por
diferentes grupos que, através delas, compreendam e transformem a realidade.
FONTE: Adaptado de: Pereira Reigota (2010).

75
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

E
IMPORTANT

É fundamental, para se obter bons resultados em seus objetivos de educação


ambiental, conhecer o público-alvo, sua realidade, seus conceitos e sua forma de
comunicação, de forma a conseguir estabelecer uma comunicação eficiente que traga os
resultados esperados.

Reigota (2010, p. 68-69) ainda faz uma importante reflexão sobre


representações individuais:

As representações individuais não podem ser ampliadas para a


coletividade, mas, sim, o contrário. O indivíduo equivale à instância
simples a partir da qual o complexo (a coletividade) não pode ser
deduzido. Um estado patológico da civilização moderna seria o
principal responsável pela presença de um desequilíbrio nos homens
contemporâneos que, vulneráveis, porque isolados, se encontram
à mercê de tendências destruidoras, originadas socialmente. As
sociedades modernas, calcadas no individualismo, devem se integrar
por meio de crenças e pensamentos comuns (representações) que
produzem uma solidariedade orgânica, imprescindível para a
construção de uma estabilidade entre os indivíduos e sua coletividade.
Enquanto os conceitos científicos tendem à generalidade e ao rigor,
as representações coletivas se associam a um tipo de conhecimento
que, podendo eventualmente possuir um aspecto de cientificidade, se
pauta pela de um padrão inflexível de formulação do saber.

Portanto, além do coletivo, faz-se importante observar interpretações


individuais dos conceitos a serem trabalhados e também a forma como serão
absorvidos individualmente, dentro de cada realidade e história de vida, de forma
que o conjunto de indivíduos possa compreender, coletivamente, a mensagem
que se espera reflexão e compreensão. Isto garantirá que toda a comunidade
participe de forma integrada das propostas apresentadas.

No caso específico do turismo, existem dois focos de trabalho: a comunidade


local que sofrerá o impacto (positivo e negativo, ver Tópico 4 da Unidade 3) da
visitação turística e o turista, que deverá ser preparado adequadamente para
interagir com a comunidade local. O bom trabalho pré, durante e pós-visita com
estes dois atores garantirá os resultados positivos esperados, comprovando a
sustentabilidade da atividade.

76
TÓPICO 4 | A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO TURISMO

FIGURA 35 – ECOTURISMO COMUNITÁRIO NO PERU

FONTE: <http://www.movimientoecuador.co.uk/Turismo_Comunitario-t-101.html>. Acesso em:


20 jul. 2011.

DICAS

Para saber mais sobre o papel da representação social nas questões ambientais,
leia Reigota (2010).

4 RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E TURISMO


Você deve se perguntar o que estes temas tão ligados ao meio ambiente
tem a ver com turismo? Tem tudo a ver.

Não é só o ecoturista que depende de um ambiente saudável e equilibrado,


e nem é só o ecoturismo que precisa ser sustentável ambientalmente. Veja estes
exemplos:

• A poluição da água afasta mergulhadores e banhistas das praias, lagoas e


cachoeiras.
• O calor antecipado diminui a temporada dos esportes de inverno, pois há cada
vez menos neve para praticá-los.
• As queimadas e o desmatamento destroem regiões turísticas que poderiam
atrair os ecoturistas.
• A fumaça das queimadas pode cancelar voos e intoxicar moradores e visitantes.
• A mineração pode destruir cavernas e paisagens cênicas.
• O desaparecimento de espécies animais e vegetais torna muitos locais
desinteressantes para observadores de vida silvestre.
• Epidemias causadas por descontrole biológico ou falta de saneamento podem
afastar funcionários do serviço e ainda espantar turistas.

77
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

• A presença de caçadores pode tornar a região perigosa para os visitantes.


• Obras mal planejadas e sem licença ambiental podem prejudicar o abastecimento
de água e ainda causar erosão.

FIGURA 36 – O LIXO ESPANTA O TURISTA

FONTE: <http://juliafioriozampieri.webnode.com.br/polui%C3%A7%C3%A3o/>. Acesso em: 21


jul. 2011.

Envolver-se com questões ambientais é responsabilidade de todo cidadão,


mas é você, Caro acadêmico, futuro(a) profissional de turismo, que deve entender
o quanto sua escolha está vinculada à importância da natureza protegida. Como
pôde perceber, não apenas o ecoturismo, mas os outros segmentos também
são afetados pelas questões ambientais. Já imaginou a situação de um grande
resort que se vê sem abastecimento de água em plena temporada, causada pela
contaminação do rio que abastece a cidade, vinda de alguma indústria rio acima?
Ou o prejuízo causado pelo cancelamento de reservas devido a um surto de
diarreia causada pela falta de saneamento ou devido à impossibilidade de pousar
aviões em meio a uma grande nuvem de fumaça das queimadas da região?

Tomar consciência destes problemas e o quanto estão próximos de nós


é um passo importante na busca da sustentabilidade. Mas saber disso traz uma
segunda reflexão: como podemos contribuir para que parte destes problemas
deixe de existir? Qual minha responsabilidade sobre o ambiente que eu habito e
que uso em minhas atividades turísticas?

A educação ambiental é um importante processo que pode e deve ser


incorporado às atividades turísticas. Vejamos algumas maneiras:

78
TÓPICO 4 | A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO TURISMO

• Comunidade local

Quando se pretende instalar uma operação turística em uma localidade


onde esta atividade ainda não está incorporada, é fundamental conhecer a
comunidade e a receptividade desta para com o turismo. Muitos projetos acabam
conflitando com moradores por ignorarem esta etapa. Por outro lado, quando
inseridos no processo desde o início, compreendendo as possibilidades de
trabalho e desenvolvimento e tendo boa orientação sobre as transformações que
o local sofrerá, pode ser muito positivo. Nesta etapa, muitas vezes, a educação
ambiental é necessária, principalmente porque embora algumas comunidades
dependam da natureza, nem sempre essa relação é apropriada, podendo gerar
conflitos, especialmente no que se refere à caça, extrativismo descontrolado, lixo
etc.

DICAS

No link <http://pt.scribd.com/doc/6757006/Manual-de-Ecoturismo-de-Base-
Comunitaria> é possível baixar o livro “Manual de Ecoturismo de Base Comunitária”, da WWF,
com muita informação sobre este tema.

• O empreendimento

Se o projeto for pensado de maneira sustentável desde o início, ficará muito


mais fácil adotar estas medidas e também utilizar toda a filosofia como parte e
ferramentas da educação ambiental. Deve ser o principal motivador de práticas
diferenciadas, pois sua gestão é que será a motivadora das ações de continuidade.
Um bom exemplo é o projeto de sustentabilidade adotado pela Associação dos
Hotéis Roteiro de Charme.

DICAS

Acesse o link <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/ecoturismo/artigos/


turismo_sustentavel_no_brasil.html>. para conhecer o projeto de sustentabilidade adotado
pela Associação dos Hotéis Roteiro de Charme.

79
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DO MEIO AMBIENTE E DO ECOTURISMO

• Os parceiros

Se o empreendimento não estiver vinculado com parceiros também


comprometidos com a sustentabilidade será difícil manter determinadas ações.
Caso não existam boas alternativas de parcerias na região, uma alternativa é
convidar os parceiros para participarem do projeto, de forma a ampliar essas
práticas.

• Funcionários

Não adianta falar em sustentabilidade se toda a equipe não estiver


engajada. De que vale falar da importância da água se os funcionários continuam
desperdiçando durante lavagem de louça, lençóis etc.? Ou manter coletores de lixo
reciclável sem treinar os funcionários responsáveis pela limpeza? Eles devem ser
os primeiros a receberem educação ambiental, de tal forma que se transformem
em praticantes e multiplicadores destas ações.

• Guias locais

São eles os responsáveis pelas principais ações de educação ambiental


para o turista durante uma operação de turismo, pois tudo o que mostrarem,
falarem ou praticarem durante a atividade será absorvido pelo visitante. Assim, é
fundamental que os guias de turismo tenham boa orientação e treinamento antes
de serem responsáveis pela condução de roteiros cujo objetivo transformador é o
foco da atividade.

• O turista

Com exceção de poucos ecoturistas engajados, a maioria dos turistas


não tem qualquer informação ou comportamento compatível com um turismo
sustentável, sendo ele o foco da transformação. Nem sempre é o que ele deseja,
e muitas vezes uma experiência exageradamente educativa pode ter o efeito
contrário. Assim, é fundamental conhecer o turista e suas expectativas, para então
adequar a linguagem e as atividades, propiciando a reflexão pretendida.

FIGURA 37 – O TURISTA CONVENCIONAL

FONTE: <http://www.dignow.org/post/reflex%C3%B5es-sociol%C3%B3gicas-sobre-a-
hospitalidade-2341438-47022.html>. Acesso em: 21 jul. 2011.

80
TÓPICO 4 | A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO TURISMO

A experiência do turista é algo muito valorizado recentemente, basta ver


o sucesso do projeto Economia da Experiência, desenvolvido pelo Ministério do
Turismo e SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Portanto, ao conciliar o desejo do visitante em experenciar novas sensações com
uma prática sustentável através da educação ambiental, teremos grandes chances
de levá-lo à reflexão sobre sua relação com o meio ambiente, tanto no seu dia a
dia quanto da forma que pratica atividades turísticas. Espera-se que, em futuras
oportunidades, ele busque novos roteiros que também ofereçam esse tipo de
experiência e questione quando elas não forem apresentadas. Todos ganharão
com a formação desta corrente, em especial o meio ambiente.

DICAS

Para saber mais sobre Economia da Experiência, acesse o link <http://www.


turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/regionalizacao_turismo/economia_experiencia.
html>.

Outra forma muito utilizada é a prática do turismo científico ou ainda de


estudos do meio, onde estudantes são levados a visitar locais fora da sala de aula
para complementarem o currículo escolar. Quando bem preparados e conduzidos
com objetivos definidos, estas atividades também são ótimas ferramentas para a
educação ambiental de crianças e jovens.

DICAS

Para saber mais sobre turismo científico, acesse o link <http://cienciaeturismo.


blogspot.com/>.

81
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico vimos que:

• A Educação Ambiental é uma ferramenta transformadora da sociedade, e


que há tempos vem sendo utilizada para diminuir os problemas ambientais,
especialmente aqueles vinculados à sociedade humana.

• Na Conferência de Tbilisi, a Educação Ambiental foi definida como “uma


dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a
resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques
interdisciplinares, e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo
e da coletividade”.

• Em 1999, a Educação Ambiental foi transformada em lei no Brasil (Lei nº


9.795/27/04/99).

• Ao inserir a sociedade humana na interpretação sobre meio ambiente, torna-se


relevante conhecer a maneira como o público-alvo interpreta este conceito, de
forma a criar uma comunicação de resultados.

• As representações sociais são modos de pensar que orientam as condutas dos


indivíduos na sociedade e equivalem a um conjunto de princípios construídos
interativamente e compartilhados por diferentes grupos que, através delas,
compreendam e transformem a realidade.

• É fundamental, para se obter bons resultados em seus objetivos de educação


ambiental, conhecer o público-alvo, sua realidade, seus conceitos e sua forma
de comunicação, de forma a conseguir estabelecer uma comunicação eficiente
que traga os resultados esperados.

• Além do coletivo, faz-se importante observar interpretações individuais dos


conceitos a serem trabalhados e também a forma como serão absorvidos
individualmente, dentro de cada realidade e história de vida, de forma que o
conjunto de indivíduos possa compreender, coletivamente, a mensagem que se
espera reflexão e compreensão.

● Não é só o ecoturista que depende de um ambiente saudável e equilibrado, e


nem é só o ecoturismo que precisa ser sustentável ambientalmente, mas toda
cadeia produtiva do turismo.

• A educação ambiental se faz presente de várias formas quando falamos em


turismo, como comunidade local, empreendimento, funcionários, parceiros,
guias locais e turistas.

82
• Ao conciliar o desejo do visitante em experenciar novas sensações com uma
prática sustentável através da educação ambiental, teremos grandes chances
de levá-lo à reflexão sobre sua relação com o meio ambiente, tanto no seu dia a
dia quanto da forma que pratica atividades turísticas.

83
AUTOATIVIDADE

1 Como você percebeu, a educação ambiental é uma questão muito complexa


e que pode estar presente em vários momentos do turismo, sempre com
objetivos de causar reflexão e mudanças de comportamento em relação
ao meio ambiente. Porém, ela não é possível se não for demonstrada com
exemplos práticos do multiplicador. Sendo assim, convidamos você agora
a refletir sobre seu próprio comportamento e ações com relação ao meio
ambiente. Como está esta sua relação? Faça uma lista sobre as boas práticas
que segue, e outra com atitudes que poderia melhorar com relação ao meio
ambiente, em especial aquelas ligadas às atividades turísticas que exerce
incluindo quando você mesmo é o turista.

2 Durante a Conferência de Tbilisi foram definidos os princípios básicos para


a Educação Ambiental. Assinale a alternativa que NÃO CORRESPONDE a
um destes princípios:

a) Considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos


naturais e criados pelo homem, tecnológicos e sociais (econômico, político,
técnico, histórico-cultural, moral e estético).
b) Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, regional,
nacional e internacional, de modo que os educandos se identifiquem com as
condições ambientais de outras regiões geográficas.
c) Concentrar-se nas situações ambientais atuais, sem considerar também a
perspectiva histórica.
d) Constituir um processo contínuo e permanente, começando pelo pré-escolar,
e continuando através de todas as fases do ensino formal e não formal.

3 Ainda durante a Conferência de Tbilisi foram definidas as finalidades da


Educação Ambiental. Assinale a alternativa que NÃO CORRESPONDE a
uma destas finalidades:

a) Promover a compreensão da existência e da importância da interdependência


econômica, social, política e ecológica.
b) Proporcionar a todas as pessoas a possibilidade de adquirir os conhecimentos
dos valores, o interesse ativo e as atitudes necessárias para proteger e
melhorar o meio ambiente.
c) Induzir novas formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na
sociedade, em seu conjunto, a respeito do meio ambiente.
d) Proporcionar a possibilidade de adquirir os conhecimentos dos valores, o
interesse ativo e as atitudes necessárias para usufruir o meio ambiente.

84
4 Por fim, durante a Conferência de Tbilisi foram definidas cinco categorias
de objetivos da Educação Ambiental. Assinale a alternativa que NÃO
CORRESPONDE a uma destas categorias:
a) Consciência.
b) Conhecimento.
c) Valoração.
d) Habilidades.

5 As manifestações ambientais no cenário social tais como enchentes,


deslizamentos de encostas, destruição de cidades por terremotos e
maremotos estão garantindo reflexões sobre a relação entre sociedade e meio
ambiente. A educação ambiental é um dos resultados desta reflexão, que
convida a sociedade a ter uma postura consciente em relação ao usufruto
dos recursos naturais. Sendo assim, sobre a educação ambiental, assinale a
alternativa CORRETA:

a) A educação ambiental começou a ser percebida como estratégia de


minimização dos problemas ambientais a partir da publicação do Relatório
Brundtland realizada em 1987.
b) A educação ambiental é reconhecida como um movimento autoritário e
que prioriza a realização pontual de ações voltadas à preservação do meio
ambiente.
c) A educação ambiental visa apontar soluções para a habitação popular, por
meio da ocupação de encostas e margens de rios.
d) A educação ambiental está orientada para estimular a utilização de recursos
naturais, para evitar que produtos industrializados sejam reutilizados.

6 Em 1999, a Educação Ambiental foi transformada em lei no Brasil. Qual o


número desta lei?

a) Lei nº 7.795/27/04/89.
b) Lei nº 8.795/27/04/99.
c) Lei nº 9.795/27/04/99.
d) Lei nº 10.795/27/04/89.

85
86
UNIDADE 2

SUSTENTABILIDADE

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desta Unidade, você será capaz de:

• conhecer as dimensões da sustentabilidade e a sua importância;

• compreender a influência do cenário demográfico e do consumismo nos


problemas ambientais;

• compreender a importância do planejamento turístico para um desenvol-


vimento sustentável;

• compreender a necessidade dos estudos de capacidade de carga para um


bom planejamento turístico.

PLANO DE ESTUDOS
Esta Unidade está organizada em quatro tópicos, sendo que, em cada
um deles, você encontrará atividades para uma maior compreensão das
informações apresentadas.

TÓPICO 1 – AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

TÓPICO 2 – A SOCIEDADE MODERNA E SEU PAPEL NA


SUSTENTABILIDADE

TÓPICO 3 – TURISMO E PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL

TÓPICO 4 – CAPACIDADE DE CARGA NO TURISMO

87
88
UNIDADE 2
TÓPICO 1

AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

1 INTRODUÇÃO
No documento “Nosso Futuro Comum”, da Comissão Brundtland
(WCED, 1987, p. 15), surge uma das mais conhecidas metas para desenvolvimento
sustentável: “ele deve satisfazer as necessidades da geração presente sem
comprometer as necessidades das gerações futuras”. Apesar desta definição não
incluir todos os princípios básicos de sustentabilidade, ela se foca na questão do
longo prazo que trata dos interesses intragerações: o foco no futuro está ligado
ao tema, sendo que o aspecto central da definição do termo sustentabilidade é
o balanceamento da proteção ambiental com o desenvolvimento, implicando
assim que as considerações ambientais sejam incorporadas em todos os setores e
também na arena política. (SCHMIDT, 2007).

Uma forma de abordar estas questões é o conceito de Triple Bottom


Line, enfatizando duas questões consideradas fundamentais para uma atuação
orientada para a sustentabilidade: a integração dos três componentes do
desenvolvimento sustentável – crescimento econômico, equidade social e
proteção ao meio ambiente, e a integração entre os aspectos de curto e longo
prazo. (ELKINGTON apud PETROBRAS, 1999).

FIGURA 38 – CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE SEGUNDO A ABORDAGEM TRIPLE BOTTOM


LINE, EM SUAS TRÊS DIMENSÕES

Sustentabilidade econômica

Crescimento
econômico

Sustentabilidade
corporativa

Proteção Comunidade
ambiental e equidade

Sustentabilidade ambiental Sustentabilidade social

FONTE: <http://www.hotsitespetrobras.com.br/diretrizes/index.html>. Acesso em: 31 jul. 2011.

89
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

O conceito de sustentabilidade seria formado por cinco componentes: a


sustentabilidade social, que abrange a gritante desigualdade; a sustentabilidade
econômica, voltada para a discrepância na concentração de bens e riquezas em
poucos; a sustentabilidade ecológica, ligada à preservação da biodiversidade e
à qualidade ambiental; a sustentabilidade espacial, que se refere à distribuição
adequada dos assentamentos humanos e, consequentemente, a distribuição
territorial e, por fim, a sustentabilidade cultural, voltada para a necessidade de
se evitar conflitos culturais. A multiplicidade desses fatores se inter-relacionam
diversificadamente e se exprimem obedecendo a características locais e
regionais, porém, fatores como os aspectos normativos, administrativos,
institucionais, da estrutura de gestão e grau de participação social podem
acabar influenciando direta ou indiretamente as ações e decisões locais.
FONTE: Adaptado de: Pereira; Chiari; Accioly (2010)

FIGURA 39 – A INTER-RELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

Social Econômica
Sócio-econômica

Sustentável

Sócio- Econômico-
-ambiental -ambiental

Ambiental

FONTE: <http://turismocriativo.blogspot.com/2010/03/turismo-e-sustentabilidade-uma-visao.
html>. Acesso em: 31 jul. 2011.

Após esta breve introdução, vamos analisar separadamente cada uma


das dimensões da sustentabilidade, de forma a compreender sua importância no
contexto geral.

E
IMPORTANT

Tenha em mente que, para alcançar o desenvolvimento sustentável, é


imprescindível considerar conjuntamente as dimensões econômica, social, ecológica,
cultural e espacial.

90
TÓPICO 1 | AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

2 AS DIMENSÕES SOCIAL E CULTURAL


• SOCIAL

Também conhecida como capital humano, consiste no aspecto social


relacionado às qualidades dos seres humanos, como suas habilidades,
dedicação e experiências. [...] A sustentabilidade social está baseada num
processo de melhoria na qualidade de vida da sociedade, pela redução das
discrepâncias entre a opulência e a miséria, por meio de diversos mecanismos,
como nivelamento do padrão de renda, acesso à educação, moradia,
alimentação, entre outros.
FONTE: Schmidt (2007)

Esta dimensão realça o papel dos indivíduos e da sociedade, estando


intimamente ligada à noção de bem-estar. Os princípios da sustentabilidade
social clarificam o papel dos indivíduos e a organização da sociedade e, tendo
por objetivo a estabilidade social beneficiam também as gerações futuras.
Estes são:

• A garantia da autodeterminação e dos direitos humanos dos cidadãos.


• A garantia de segurança e justiça através de um sistema judicial fidedigno e
independente.
• A luta constante pela melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, que não
deve ser reduzida ao bem-estar material.
• A promoção da igualdade de oportunidades.
• A inclusão dos cidadãos nos processos de decisão social.
• A promoção da autonomia da solidariedade e da capacidade de autoajuda
dos cidadãos.
• A garantia de meios de proteção social fundamentais para os indivíduos
mais necessitados.
FONTE: <http://pt.scribd.com/doc/50391669/19/Dimensoes-da-Sustentabilidade>. Acesso
em: 8 ago. 2011.

DICAS

Para conhecer a Declaração Universal dos Direitos Humanos acesse <http://


portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm>.

91
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

FIGURA 40 – DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

FONTE: <http://pandora.jor.br/tag/onu/>. Acesso em: 31 jul. 2011.

Com essa visão voltada para a racionalidade social, no ano 2000, 189
países se comprometeram com a Declaração do Milênio (veja o quadro a seguir),
fato que demonstra a necessidade urgente de se alcançar a sustentabilidade
social, ou seja, democratizar o acesso à informação e ao conhecimento como
forma de promover a qualidade de vida dos indivíduos.
FONTE: Justino (2010)

QUADRO 5 – METAS DA DECLARAÇÃO DO MILÊNIO

1 – erradicar a extrema pobreza e fome;


2 – atingir o ensino básico universal;
3 – promover a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres;
4 – reduzir a mortalidade infantil;
5 – melhorar a saúde materna;
6 – combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças;
7 – garantir a sustentabilidade ambiental;
8 – estabelecer parceria mundial para o desenvolvimento.

FONTE: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABmyYAC/capitulo-2-principios-dimensoes-
sustentabilidade>. Acesso em: 31 jul. 2011.

E
IMPORTANT

Planejar o desenvolvimento social requer um olhar para os ecossistemas nos


quais se está inserido, levando sempre em consideração o manejo das atividades produtivas.

92
TÓPICO 1 | AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

Chamamos a atenção para a importância do planejamento, ou seja,


“conhecer a realidade de cada localidade para propor estratégias de atuação com
foco na resolução dos problemas.” (JUSTINO, 2010). Uma forma de avaliar a
qualidade de vida das comunidades é através do acompanhamento dos Índices
de Desenvolvimento Humano (IDH).

O conceito de Desenvolvimento Humano é a base do  Relatório de


Desenvolvimento Humano (RDH), publicado anualmente pelo PNUD, e
também do IDH. Ele parte do pressuposto de que para aferir o avanço de uma
população não se deve considerar apenas a dimensão econômica, mas também
outras características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade
da vida humana.
FONTE: PNUD (2011)

DICAS

Para saber mais sobre o RDH e o IDH, e também o ranking de países, estados e
municípios, acesse o link <http://www.pnud.org.br/idh/>.

• CULTURAL

Os aspectos culturais e educacionais desempenham um papel fundamental


para a sustentabilidade, pois incorporam os princípios básicos da sociedade e a sua
forma de vida. Num mundo onde cada vez mais culturas se cruzam e se aproximam,
muitas vezes, através de processos dolorosos, é fundamental encarar o desafio
da diversidade cultural como forma de enriquecimento coletivo, salvaguardando
especificidades culturais ao mesmo tempo em que se constroem sentimentos maiores
e mais abrangentes com que os indivíduos se possam identificar.
FONTE: Marchesin (2010)

Esse pressuposto sugere a adoção de estratégias de desenvolvimento


que priorizem os saberes tradicionais de manejo, ou seja, a valorização do
local em detrimento do global. Surge, assim, a necessidade de valorização das
identidades nacionais, por meio da afirmação de sua cultura e conhecimento
acumulado ao longo da evolução humana.
FONTE: Justino (2010)

93
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

Os princípios que regem a sustentabilidade cultural e educativa são a


criação de condições para o desenvolvimento da personalidade de adolescentes
e jovens através de:

• A garantia de condições mínimas como estruturas apropriadas, condições


de bem-estar, solidariedade, justiça e liberdade.
• A transmissão de valores fundamentais e do sentido de responsabilidade e
ordem social.
• A atenção dada pela sociedade à complexidade dos sistemas e à dinâmica
de mudanças criando competências para enfrentar os seus riscos e desafios.
• Facilitar a educação com objetivos profissionais e investir no desenvolvimento
de um sistema de educação sólido entre gerações.
FONTE: Marchesin (2010)

Cabe ainda considerar, nesse aspecto, a sabedoria de povos tradicionais,


como camponeses e indígenas, bem como o patrimônio cultural (material e
imaterial) constituído na formação dos povos, como, por exemplo, a arquitetura
e a gastronomia local, respectivamente.
FONTE: Justino (2010)

Uma das formas de manifestações da dimensão cultural é através


do conceito de Patrimônio Cultural Imaterial, definido pela UNESCO
como "as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas
- com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são
associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos
reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural." O Patrimônio
Imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado
pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação
com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e
continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversidade
cultural e à criatividade humana. (IPHAN, 2011).
FONTE: <http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.
do?id=10852&retorno=paginaIphan>. Acesso em: 8 ago. 2011.

94
TÓPICO 1 | AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

FIGURA 41 – A CAPOEIRA É UM EXEMPLO DE PATRIMÔNIO IMATERIAL

FONTE: <http://orapronobisdopio.blogspot.com/2010/10/patrimonio-cultural-imaterial.html>.
Acesso em: 31 jul. 2011.

DICAS

Para saber mais sobre Patrimônio Cultural Imaterial, acesse <http://www.iphan.


gov.br/montarPaginaSecao.do;jsessionid=05479952BF963E35809C62467072CAC2?id=10852
&retorno=paginaIphan>, no site do IPHAN, <http://www.brasil.gov.br/sobre/cultura/patrimoni
o/patrimonio-material-e-imaterial> no Portal Brasil e <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Patrim%C3%B4nio_cultural_imaterial no Wikipedia>.

3 AS DIMENSÕES ECOLÓGICA, AMBIENTAL E TERRITORIAL


• DIMENSÃO ECOLÓGICA E AMBIENTAL

Quando se pensa em sustentabilidade, normalmente a conservação


ambiental é a primeira palavra que vem à mente. As questões ambientais
estiveram sempre no cerne do conceito de sustentabilidade e também sempre
que se verificavam perigos iminentes para a sobrevivência da espécie humana,
já que, sendo o ambiente fundamental para a vida, é natural que estes aspectos
tenham dominado a discussão inicial em volta da  sustentabilidade. Até
porque é contemporânea das primeiras percepções de risco ambiental e ameaças
à vida no planeta. Os princípios fundamentais associados à sustentabilidade
ambiental são:
 
• A restrição ao uso de energias não renováveis (como o  petróleo) que só
devem ser usadas mediante compromisso de criação proporcional de fontes
de energia alternativas.
• O uso cuidadoso das energias renováveis que nunca devem ser consumidas
de forma a exceder a sua capacidade de regeneração. 

95
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

• A limitação de descarga de substâncias no meio ambiente que não deve


ultrapassar a capacidade de assimilação do mesmo.
• Os riscos e o perigo para a vida humana provocados pelo Homem devem
ser evitados.
FONTE: Marchesin (2010)

A dimensão ecológica pode ser dividida em três subdimensões: a


primeira foca-se na ciência ambiental e inclui ecologia, diversidade do habitat e
florestas. A segunda inclui qualidade do ar e da água (poluição), a proteção da
saúde humana por meio da redução de contaminação química e da poluição.
A terceira foca-se na conservação e na administração de recursos renováveis e
não renováveis. Pode ser chamada de sustentabilidade dos recursos. 
FONTE: Schmidt (2010)

NOTA

Falar em sustentabilidade significa pensar nela incluindo o ponto de vista


ecológico. Para tal, é fundamental perceber como se processa a vida sob todos os aspectos,
reconhecendo sua importância e o significado de cada ser, bem como nossa responsabilidade
para a manutenção da mesma. (JUSTINO, 2010).

O quadro a seguir mostra as alavancas que podem incrementar a dimensão


ecológica:

QUADRO 6 – ALAVANCAS DE INCREMENTAÇÃO DA DIMENSÃO ECOLÓGICA

• Aumento da capacidade de carga da Espaçonave Terra por meio da engenhosidade ou, em


outras palavras, intensificação do uso dos recursos potenciais dos vários ecossistemas - com
um mínimo de dano aos sistemas de sustentação da vida - para propósitos socialmente
válidos.
• Limitação do consumo de combustíveis fósseis e de outros recursos e produtos facilmente
esgotáveis ou ambientalmente prejudiciais, substituindo-os por recursos ou produtos
renováveis e/ou abundantes e ambientalmente inofensivos.
• Redução do volume de resíduos e de poluição, por meio da conservação e reciclagem de
energia e recursos.
• Autolimitação do consumo material pelos países ricos e pelas camadas sociais privilegiadas
em todo o mundo.
• Intensificação da pesquisa de tecnologias limpas e que utilizem de modo mais eficiente os
recursos para a promoção do desenvolvimento urbano, rural e industrial.

96
TÓPICO 1 | AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

• Definição das regras para uma adequada proteção ambiental, concepção da máquina
institucional, bem como a escolha do conjunto de instrumentos econômicos, legais e
administrativos necessários para assegurar o cumprimento das regras.

FONTE: <http://www.cidade.usp.br/projetos/dicionario/verb12/0012/>. Acesso em: 31 jul. 2011.

E
IMPORTANT

Devemos ressaltar que, embora o meio ambiente seja o principal motivador dos
conceitos de sustentabilidade, ele não é o único, dependendo de todas as ações vinculadas
nas outras dimensões.

FIGURA 42 – A DIMENSÃO ECOLÓGICA É A ORIENTADORA DAS AÇÕES SUSTENTÁVEIS

FONTE: <https://aobservadora.wordpress.com/2007/01/25/ue-e-poluicao-planos-
para-um-paradigma-perdido/>. Acesso em: 31 jul. 2011.

• DIMENSÃO TERRITORIAL OU ESPACIAL

De acordo com Justino (2010), falar em sustentabilidade espacial significa


elencar fatos como concentração populacional, densidade demográfica,
urbanização. Esta dimensão é voltada a uma configuração rural-urbana mais
equilibrada e a uma melhor distribuição territorial de assentamentos humanos
e atividades econômicas, com ênfase nas seguintes questões:
 
• Concentração excessiva nas áreas metropolitanas.
• Destruição de ecossistemas frágeis, mas vitalmente importantes, por
processos de colonização descontrolados.

97
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

• Promoção de projetos modernos de agricultura  regenerativa e


agroflorestamento, operados por pequenos produtores, proporcionando
para isso o acesso a pacotes técnicos adequados, ao crédito e aos mercados.
• Ênfase no potencial para  industrialização descentralizada, associada
a tecnologias de nova geração (especialização flexível), com especial atenção
às indústrias de transformação de biomassa e ao seu papel na criação de
empregos rurais não agrícolas.
• Estabelecimento de uma rede de reservas naturais e de biosfera para
proteger a biodiversidade.
FONTE: Marchesin (2010)

A concentração populacional em torno das grandes cidades tem


grande responsabilidade nos problemas ambientais. Problemas como poluição
atmosférica, contaminação do lençol freático, consumo excessivo de água,
geração de resíduos, precariedade dos assentamentos humanos, segregação
socioespacial, entre outros, são mais acentuados nos centros urbanos, assim
como a sobrecarga nos sistemas de abastecimento de água e energia e a
deficiência no esgotamento sanitário.
FONTE: Justino (2010)

NOTA

Tratar dessas questões significa considerar que o processo de urbanização traz


consigo a necessidade do planejamento para atender às demandas dos assentamentos
humanos, que se instalam nas metrópoles e em seu entorno. (JUSTINO, 2010).

Dessa forma, é imprescindível mitigar os efeitos desse aglomerado


populacional por meio de iniciativas que considerem aspectos como:
possibilidades de fixação das comunidades tradicionais em suas regiões de
origem, garantindo a elas condições de sobrevivência; democratização do
espaço para o assentamento humano, oferecendo condições necessárias de
educação, moradia, mobilidade, transporte, saúde e segurança; tratamento
adequado e técnico para abastecimento de água, energia, destinação dos
resíduos sólidos, qualidade do ar, distribuição racional dos equipamentos
públicos, acessibilidade e inúmeros outros, menos óbvios, porém não menos
importantes.
FONTE: Justino (2010)

98
TÓPICO 1 | AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

4 A DIMENSÃO ECONÔMICA
Também conhecida como capital artificial, inclui não só a economia
formal, como também as atividades informais que proveem serviços para os
indivíduos e grupos e aumentam, assim, a renda monetária e o padrão de
vida dos indivíduos. A sustentabilidade econômica pode ser alcançada pela
alocação eficiente dos recursos e pelas modificações dos atuais mecanismos de
orientação dos investimentos.
FONTE: Schmidt (2007)

FIGURA 43 – A NATUREZA PODE SER RENTÁVEL DENTRO DOS PADRÕES DE


SUSTENTABILIDADE

FONTE: <http://engecoambiental.wordpress.com/2010/07/01/credito-de-carbono/>. Acesso


em: 31 jul. 2011.

A sustentabilidade ecológica só pode ser alcançada por sociedades que


desenvolvam comportamentos economicamente sustentáveis, sendo que seus
princípios residem, sobretudo no(a):
• organização de estruturas econômicas de longo prazo que devem responder
às exigências de sistemas estáveis;
• preservação do capital real, como infraestruturas e edifícios;
• estabilização do valor monetário, prevenindo a inflação;
• fato de os custos dos benefícios e serviços deverem ser pagos pela geração
que deles se beneficia;
• restrição parcial ou total do endividamento, pois cada geração deve, pelo
menos, preservar o seu próprio capital recebido da geração dos seus pais
e passá-lo à geração seguinte;
• uso eficaz dos recursos;

99
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

• garantia de todos os serviços econômicos serem produzidos de forma


transparente e tendo em conta todas as despesas;
• fato de os impostos pagos por cidadãos e empresas serem orientados para a
sua capacidade de pagamento;
• negociação de pactos intergerações justos, que não coloquem em
desvantagem as gerações futuras.
FONTE: Marchesin (2010)

O modelo econômico atual aponta para o crescimento e não para o


desenvolvimento como premissa para o alcance da sustentabilidade. Segundo
a autora, é importante destacar que, para atingir a sustentabilidade econômica,
é imprescindível a igualdade na distribuição dos recursos, revendo a estrutura
econômica vigente, ou seja, uma sociedade onde todos os seus membros
estivessem em situação de igualdade.
FONTE: Justino (2010)

DICAS

Acesse o link <http://www.ufcg.edu.br/~edufcg/filestodownload/revistas/


E&DS_Ano_1_N_0_Junho_2007.pdf> para ter acesso à revista eletrônica Economia e
Desenvolvimento Sustentável.

LEITURA COMPLEMENTAR

PIB E BEM-ESTAR

Fernando de Aquino Fonseca Neto

A definição mais aceita de economia há muitas décadas seria de "ciência


do bem-estar", o que já estabelece o seu objetivo mais consensual. Ao mesmo
tempo, a estatística mais valorizada pelos economistas tem sido o Produto
Interno Bruto (PIB), não faltando quem defenda as suas propriedades enquanto
indicador de bem-estar. De fato, altos níveis de PIB per capita estão associados a
padrões de vida mais satisfatórios para a população em geral, embora, em vários
casos, como em grande parte dos países árabes, na Índia e no Brasil, os padrões
de vida da maioria da população não cheguem a acompanhar os níveis de PIB per
capita observados.

100
TÓPICO 1 | AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

Contudo, se em termos de níveis essa associação com o bem-estar é


deficiente, ela fica ainda maior quando se fala em termos de crescimento. O
crescimento do PIB é apropriado por parcelas maiores ou menores da população,
embora quanto maiores essas expansões, mais fácil para a política econômica
disseminar os ganhos.

Mesmo assim, é inegável que uma mesma taxa de crescimento agregado


possa gerar benefícios totalmente diferentes - pode se concentrar no aumento
dos lucros dos bancos, na produção de bens de luxo com limitada geração de
empregos, na produção de commodities intensivas em recursos naturais para
o entesouramento de divisas ou se concentrar em obras de infraestrutura,
na produção de bens de consumo popular com alta geração de empregos, na
expansão da agricultura familiar. Quanto ao argumento de que é melhor esperar
o bolo crescer, ou seja, sacrificar as gerações presentes em benefício das futuras,
várias experiências nessa linha sequer garantiram as próprias promessas.

Certamente, os casos de níveis ou elevações de bem-estar mais restritos


decorreriam de distribuições menos favoráveis da renda gerada. Sobre tal
questão, são impressionantes os resultados relatados por André Lara Resende,
em seu artigo “Desigualdade e Bem-Estar”, publicado neste jornal, no caderno Eu
& Fim de Semana, em 27.01.2011:

O ponto crucial do argumento é que, independentemente do nível de


renda, a pobreza relativa contribui para a perda de bem-estar. [...] A
evidência dos estudos feitos nas últimas décadas, em universidades
e institutos de pesquisa por toda parte no mundo, sugere que todos
os possíveis indicadores de bem-estar, sejam relativos tanto à saúde,
física e mental, quanto a questões sociais, como delinquência juvenil,
gravidez adolescente, desempenho escolar, criminalidade, entre
muitos outros, estão invariavelmente correlacionados com o nível de
desigualdade social.

O próprio autor reconhece que “não há como pretender declarar vitória


incontestável, com base exclusivamente na evidência empírica”. De qualquer
modo, não se podem desprezar essas evidências de que as desigualdades
importam, sobretudo nos níveis que persistem no Brasil, para quaisquer fluxos
absolutos de renda. Por outro lado, fatores como justiça, meritocracia e estímulos
à eficiência, que dependem, em grande medida, de resultados de escolhas,
habilidades e empenhos individuais, não podem ser negligenciados.

Assim, em função das dificuldades de se identificar um padrão de


distribuição de renda adequado, partiu-se para indicadores mais diretos de
bem-estar. Nessa linha despontou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),
elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),
contemplando as dimensões de renda, saúde e educação. Observe-se que o IDH,
ainda que mais abrangente que o PIB per capita como indicador de bem-estar, na
dimensão renda permanece sem considerar a sua distribuição, e na dimensão
educação não é sensível à sua qualidade, considerando apenas os anos de estudo.

101
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

A ênfase na distribuição de oportunidades, em detrimento da distribuição


de resultados, mantendo-se uma rede de proteção social mínima, vem obtendo
crescente aceitação no debate público. Nesse sentido, indicadores que revelem a
geração de oportunidades seriam bastante proveitosos.

Mesmo expressando também resultados, os candidatos mais adequados


no país hoje seriam os empregos formais, compilados pelo Ministério do Trabalho
e Emprego (MTE) em suas bases de dados da Rais e do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (Caged), recentemente harmonizadas. Tais bases
permitem a montagem de séries mensais de empregos regidos pela CLT, com
dados censitários, abrangência nacional e possibilidade de diversas aberturas,
geográficas, setoriais e outras.

Não se trata, contudo, de menosprezar a busca pelo crescimento do PIB,


que deve ser um objetivo prioritário, mas por meio da viabilização e estímulo
aos investimentos, tanto em capital físico quanto humano. Para tanto, seriam
condições necessárias mercados, instituições e disponibilidade de recursos, locais
ou importáveis, satisfatórios para iniciar o processo. Entretanto, importa ressaltar
que, mesmo tais condições não garantiriam fluxos vigorosos e duradouros de
investimentos. Fator crucial seria empreendedores dispostos a enfrentar as
incertezas dos retornos futuros, ainda maiores em um país com peculiaridades
que podem fazer a diferença, positiva ou negativamente. Vale ponderar, também,
que políticas públicas que visem apenas incrementar a agregação de valor em sua
geração, mesmo pretendendo redistribuí-lo por meio de políticas adicionais em um
segundo momento, correm o risco de não lograr essa pretendida disseminação de
bem-estar, o que levaria a um processo de "indianização" da economia brasileira.

Políticas macroeconômicas que resultem em crescimentos da demanda


agregada superiores à capacidade produtiva corrente favorecem a elevação e
descontrole da inflação, que é, ao mesmo tempo, um imposto regressivo e um
inibidor do crédito ao consumidor e dos investimentos. Portanto, se o objetivo final
é, de fato, a maximização do bem-estar, o mais sensato seria ajustar a demanda
agregada aos níveis de utilização adequados da capacidade produtiva, observada
ainda a redução das desigualdades, ao menos para o caso do Brasil, assim como a
sustentabilidade ambiental, procurando gerar o máximo de empregos de melhor
qualidade, como os formais, tanto imediatos quanto oriundos de desdobramentos
de cadeias produtivas com tal potencialidade.

FONTE: <http://www.cofecon.org.br/index.php?option=com_
content&task=view&id=2335&Itemid=99>. Acesso em: 8 ago. 2011.

102
TÓPICO 1 | AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

5 AS DIMENSÕES POLÍTICAS
No debate contemporâneo sobre a proteção da natureza devemos
resgatar a dimensão cultural e política que está submersa na ideia de
sustentabilidade, visto que a sustentabilidade ambiental está estreitamente
relacionada com a democracia e a justiça e sua realização irá exigir a construção
de uma cultura política que promova justamente tais valores, sob uma base
ecológica. O conceito de desenvolvimento sustentável não apenas pressupõe
a existência de necessidades fundamentais para o ser humano, como também
eleva essas necessidades à condição de princípio normativo para a sua visão de
justiça, ou seja, uma sociedade justa seria aquela que satisfaz as necessidades
humanas básicas. Portanto, um desafio fundamental para o século XXI é
a construção de novas relações entre pessoas comuns e as instituições –
especialmente as de governo – que influenciam diretamente as suas vidas.
FONTE: Lenzi (2010)

Ao analisar estes conceitos, Acselrad e Leroy (1999 apud SILVA; SHIMBO,


2004 p. 3) destacam as definições para o desenvolvimento sustentável dentro do
debate sobre as novas premissas da sustentabilidade democrática:

Sustentabilidade tende a ser entendida como o processo pelo qual as


sociedades administram as condições materiais de sua reprodução,
redefinindo os princípios éticos e sociopolíticos que orientam a
distribuição de seus recursos ambientais... Observam-se as dimensões
política e social, quando a sustentabilidade é construída através de
sujeitos políticos atuantes em seu ambiente socioeconômico-cultural,
recebendo do poder público possibilidades no controle de recursos
para decisões políticas.

As seguintes estratégias capazes de garantir uma sustentabilidade


comprometida com a justiça social, nos seus aspectos distributivos e espaciais:

• o resgate das funções sociais do Estado para garantir o direito à cidade


(atendimento aos direitos básicos, a construção da cidadania e combate à
especulação e privatização dos bens naturais e das ações públicas a partir da
construção de políticas públicas e de sua democratização);
• a defesa pelos atores em considerar o espaço como instância social onde
se possam construir novos modelos de desenvolvimento, baseados no
planejamento sociopolítico que favoreçam a distribuição de renda, justiça
social e mecanismos que garantam acesso menos desigual aos recursos
naturais e ambientais que integram a variedade de meios construídos do
espaço urbano brasileiro;
• a gestão democrática em todos os níveis da federação para possibilitar a
participação da população no planejamento, na operação e governo das
cidades, das metrópoles e no desenvolvimento da política urbana nacional.
FONTE: Grazia et al. (2004 apud SILVA; SHIMBO, 2004)

103
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

Durante a Rio 92 foi formalizado um ambicioso plano de ações e


implementação das estratégias do desenvolvimento sustentável, intitulado
Agenda 21. Este documento pode ser considerado um compromisso
internacional de alta cúpula governamental e não governamental que assumiu
o desafio de incorporar nos países participantes, em suas políticas públicas,
princípios, que desde já, os colocavam a caminho deste novo modelo de
desenvolvimento.
FONTE: Talon (2009)

FIGURA 44 – LOGOTIPO DA ONU PARA A AGENDA 21

FONTE: <http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/agenda21.htm> Acesso em: 31 jul. 2011.

Ao longo de sua negociação, a Agenda 21 global incorporou algumas


características que permitiram, depois de 1992, que fosse interpretada como
“um produto de processo participativo de planejamento das ações e políticas
para a transformação do padrão de desenvolvimento e governança dos
interesses e conflitos humanos, lastreado no diálogo e pactuação entre atores
sociais, com base no ideário da sustentabilidade. A Agenda 21 é a mais ampla
experiência de planejamento participativo desenvolvida no país no período
posterior à Constituição Federal de 1988.
 
Embora não se neguem os esforços realizados para tornar realidade
a criação de agendas 21, a sua visibilidade ficou parcialmente ofuscada pelos
acordos hard law (que criam obrigações jurídicas para as partes) – Convenção
sobre Mudanças Climáticas e Convenção sobre Biodiversidade – e também,
parcialmente, pelos outros dois produtos soft law da Rio 92 – Declaração do
Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e Declaração das Florestas. Em
1997, quando uma Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas
– conhecida como Rio+5 – foi realizada para revisar a implementação da
Agenda 21 uma série de lacunas foram identificadas, particularmente com
relação às dificuldades para alcançar equidade social e reduzir a pobreza. Com
isso, em dezembro de 2000, a Assembleia Geral das Nações Unidas resolveu
realizar, em 2002, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em

104
TÓPICO 1 | AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

Johanesburgo, na África do Sul. Na mesma oportunidade, a Resolução da


Assembleia Geral incumbiu a Comissão de Desenvolvimento Sustentável de
organizar a Cúpula e coordenar uma ampla revisão dos progressos alcançados
na implementação da Agenda 21, desde sua aprovação, em 1992. A Resolução
estipulava, ainda, que a revisão deveria focar-se nas realizações e nas áreas que
requerem esforços adicionais para implementar a Agenda 21. Tais medidas
parecem ter resultados, visto que após 2002, um grande número de novas
agendas está sendo formulado e/ou implementado.
FONTE: Adaptado de: Talon (2009)

DICAS

Para saber mais sobre a Agenda 21, acesse <http://www.mma.gov.br/sitio/index.


php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=18&idConteudo=597> e <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Agenda_21>.

A legislação brasileira atual, especificamente, o Estatuto da Cidade (Lei


nº 10.257 de julho de 2001) estabelece em suas Diretrizes Gerais, Capítulo I,
Artigo 2º. “a garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito
à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana,
ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer para as presentes
e futuras gerações”, sendo este o conceito legal central de sustentabilidade em
vigor no Brasil. A busca pela justiça social e equidade representa um ponto em
comum entre as políticas urbanas, sociais e ambientais, sendo o Estatuto da
Cidade um excelente exemplo de confluências desses fatores e que assumiu
uma articulação entre as preocupações urbanísticas e ambientais através de
instrumentos como o Estudo de Impacto de Vizinhança, além de reforçar
outros instrumentos de mensuração e avaliação de impacto já consolidados
pela área ambiental como o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório
de Impacto Ambiental (RIMA).
FONTE: Adaptado de: Pereira et al. (2010)

A sustentabilidade deve ser vista como um conceito normativo que


se interliga com a construção do futuro, indicando que os valores políticos
modernos precisam ser rearticulados a partir das exigências de uma época que
anseia por um novo olhar e uma nova política para o planeta. Sustentabilidade
ambiental é um conceito que prescreve como o futuro deveria ser e se projeta
como uma parte integrante e fundamental de qualquer utopia que se possa
acalentar nos dias de hoje.
FONTE: Adaptado de Lenzi (2010)

105
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

QUADRO 7 – OS TREZE PRINCÍPIOS DE UMA COMUNIDADE SUSTENTÁVEL

1. Não desperdiça recursos e produz pouco lixo.


2. Limita a poluição de forma que possa ser absorvida pelos sistemas naturais.
3. Valoriza e protege a natureza.
4. Atende às necessidades locais localmente, sempre que possível.
5. Provê casa, comida e água limpa para todos.
6. Dá oportunidades para que todos tenham um trabalho do qual gostem.
7. Valoriza o trabalho doméstico.
8. Protege a saúde de seus habitantes, enfatizando a higiene e a prevenção.
9. Provê meios de transporte acessíveis para todos.
10. Dá segurança para que todos vivam sem medo de crimes ou perseguições.
11. Dá a todos acesso igual às oportunidades.
12. Permite que todos tenham acesso ao processo de decisão.
13. Dá a todos oportunidades de cultura, lazer e recreação.

FONTE: <http://www.cidade.usp.br/projetos/dicionario/verb12/0012/>. Acesso em: 31 jul. 2011.

106
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, vimos que:

• O desenvolvimento sustentável deve satisfazer as necessidades da geração


presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras.

• O conceito de Triple Bottom Line enfatiza que a sustentabilidade provém da


integração dos três componentes do desenvolvimento sustentável – crescimento
econômico, equidade social e proteção ao meio ambiente e a integração entre
os aspectos de curto e longo prazo.

• A sustentabilidade social está baseada num processo de melhoria na qualidade


de vida da sociedade, pela redução das discrepâncias entre a opulência e a
miséria, por meio de diversos mecanismos, como nivelamento do padrão de
renda, acesso à educação, moradia, alimentação, entre outros.

• Planejar o desenvolvimento social requer um olhar para os ecossistemas nos


quais se está inserido, levando sempre em consideração o manejo das atividades
produtivas.

• Os aspectos culturais e educacionais desempenham um papel fundamental


para a sustentabilidade, pois incorporam os princípios básicos da sociedade e
a sua forma de vida.

• É fundamental encarar o desafio da diversidade cultural como forma de


enriquecimento coletivo, salvaguardando especificidades culturais ao mesmo
tempo em que se constroem sentimentos maiores e mais abrangentes com que
os indivíduos se possam identificar.

• Falar em sustentabilidade significa pensar nela incluindo o ponto de vista


ecológico, sendo fundamental perceber como se processa a vida sob todos os
aspectos, reconhecendo sua importância e o significado de cada ser, bem como
nossa responsabilidade para a manutenção da mesma.

• Embora o meio ambiente seja o principal motivador dos conceitos de


sustentabilidade, ele não é o único, dependendo de todas as ações vinculadas
nas outras dimensões.

• Sustentabilidade espacial é voltada a uma configuração rural-urbana mais


equilibrada e a uma melhor distribuição territorial de assentamentos humanos
e atividades econômicas.

107
• A concentração populacional em torno das grandes cidades tem grande
responsabilidade nos problemas ambientais, e tratar dessas questões significa
considerar que o processo de urbanização traz consigo a necessidade do
planejamento para atender às demandas dos assentamentos humanos, que se
instalam nas metrópoles e em seu entorno.

• A dimensão econômica inclui não só a economia formal, como também as


atividades informais que proveem serviços para os indivíduos e grupos e
aumentam, assim, a renda monetária e o padrão de vida dos indivíduos.

• Para atingir a sustentabilidade econômica, é imprescindível a igualdade na


distribuição dos recursos, revendo a estrutura econômica vigente, ou seja, uma
sociedade onde todos os seus membros estivessem em situação de igualdade.

• A sustentabilidade ambiental está estreitamente relacionada com a democracia


e a justiça e sua realização irá exigir a construção de uma cultura política que
promova justamente tais valores, sob uma base ecológica.

• O conceito de desenvolvimento sustentável não apenas pressupõe a existência


de necessidades fundamentais para o ser humano, como também eleva essas
necessidades à condição de princípio normativo para a sua visão de justiça, ou
seja, uma sociedade justa seria aquela que satisfaz as necessidades humanas
básicas.

• A Agenda 21 pode ser considerada um compromisso internacional de alta


cúpula governamental e não governamental que assumiu o desafio de
incorporar nos países participantes, em suas políticas públicas, princípios, que
desde já, os colocavam a caminho deste novo modelo de desenvolvimento.

• O Estatuto da Cidade estabelece a garantia do direito a cidades sustentáveis,


entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental,
à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao
lazer para as presentes e futuras gerações.

• A sustentabilidade ambiental é um conceito que prescreve como o futuro


deveria ser e se projeta como uma parte integrante e fundamental de qualquer
utopia que se possa acalentar nos dias de hoje.

108
AUTOATIVIDADE

1 Ao considerar todas as dimensões da sustentabilidade, percebemos a


complexidade deste assunto, e como a humanidade ainda está longe de
alcançar este modelo ideal de desenvolvimento. Porém atitudes locais
podem, aos poucos, fortalecer esta nova política, a começar pela sua empresa
ou pela sua comunidade. Pensando nisso, como você poderia inserir estas
dimensões dentro da sua realidade profissional ou em sua comunidade?

2 Segundo Sachs (1995), o conceito de sustentabilidade seria formado por


cinco componentes. Quais são eles?

a) A sustentabilidade social, a sustentabilidade econômica, a sustentabilidade


ecológica, a sustentabilidade espacial, e a sustentabilidade cultural.
b) A sustentabilidade social, a sustentabilidade astronômica, a sustentabilidade
ecológica, a sustentabilidade espacial, e a sustentabilidade cultural.
c) A sustentabilidade social, a sustentabilidade econômica, a sustentabilidade
ecológica, a sustentabilidade biológica, e a sustentabilidade cultural.
d) A sustentabilidade social, a sustentabilidade astronômica, a sustentabilidade
ecológica, a sustentabilidade biológica, e a sustentabilidade cultural.

3 Assinale a alternativa que não contenha uma “Alavanca de incrementação


da dimensão ecológica:

a) Aumento da capacidade de carga da Espaçonave Terra por meio da


engenhosidade ou, em outras palavras, intensificação do uso dos recursos
potenciais dos vários ecossistemas - com um mínimo de dano aos sistemas
de sustentação da vida - para propósitos socialmente válidos.
b) Redução do volume de resíduos e de poluição, por meio da conservação e
reciclagem de energia e recursos.
c) Intensificação da pesquisa de tecnologias limpas e que utilizem de modo
mais eficiente os recursos para a promoção do desenvolvimento urbano,
rural e industrial.
d) Limitação do consumo de combustíveis renováveis, substituindo-os por
combustíveis fósseis.

109
4 Segundo os princípios das dimensões da sustentabilidade, são metas da
Declaração do Milênio:

I– Erradicar a extrema pobreza e fome.


II– Atingir o ensino básico universal.
III– Promover a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres.
IV– Reduzir a mortalidade infantil.
V– Melhorar a saúde materna.
VI– Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças.
VII– Garantir a sustentabilidade ambiental.
VIII– Estabelecer parceria mundial para o desenvolvimento.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) As afirmativas I, II e III estão corretas.
b) Todas as afirmativas estão corretas.
c) As afirmativas I, II, IV, VI, VII e VIII estão corretas.
d) As afirmativas I, III, V, VI, VII e VIII estão corretas.

5 Assinale a alternativa que contenha um exemplo de patrimônio cultural


imaterial:

a) A mata nativa.
b) Os rios.
c) A capoeira.
d) As igrejas.

6 A sustentabilidade ecológica só pode ser alcançada por sociedades que


desenvolvam comportamentos  economicamente sustentáveis, sendo que
seus princípios residem, entre outros, no(a):

a) Uso eficaz dos recursos.


b) Garantia de todos os serviços econômicos serem produzidos de forma
transparente e tendo em conta algumas despesas.
c) Fato de os impostos pagos por cidadãos e empresas não serem orientados
para a sua capacidade de pagamento.
d) Negociação de pactos intergerações injustos, que coloquem em desvantagem
as gerações futuras.

110
UNIDADE 2 TÓPICO 2

A SOCIEDADE MODERNA E SEU PAPEL NA


SUSTENTABILIDADE

1 INTRODUÇÃO
Vivemos hoje em um mundo de modismos arraigados por conceitos
estereotipados de feio e belo, de divisão em seres com inteligência superior
e inferior e tantas outras subjetividades criadas para afirmar o poder do
capitalismo. Essas características tornaram-se mais evidentes com o advento da
globalização, impulsionada pelo desenvolvimento tecnológico, favorecendo a
igualdade de costumes, hábitos e atitudes, entre outras que, ao padronizar
estilos de vida, leva à desconsideração dos saberes e manifestações tradicionais
do conteúdo local por não atenderem à necessidade de produção massificada.
FONTE: Justino (2010)

Além da perda cultural que isto significa, tem-se uma celebração ao


consumismo, visto que todos querem ter ou ser como os modelos impostos pela
sociedade de consumo. Desvalorizam-se as tradições e direcionam o consumidor
para as novidades, o modismo, que tem como consequência o aumento da geração
de lixo. Num mundo que está prestes a atingir 7 bilhões de habitantes, isto gera
consequências danosas ao meio ambiente.

DICAS

Para uma interessante aula sobre as consequências do consumismo, assista


ao vídeo “A História das Coisas”, de Annie Leonard neste link: <http://video.google.com/
videoplay?docid=-7568664880564855303>.
Para ter acesso aos outros vídeos de temas semelhantes, acesse o link <http://www.
storyofstuff.com/> (em inglês).

111
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

FIGURA 45 – GERAÇÃO DE POLUENTES NO CICLO PRODUTIVO

Extração Produção Distribuição Consumo Descarte


FONTE: Adaptado de: <http://www.storyofstuff.com>. Acesso em: 2 ago. 2011.

O ser humano tem um imenso impacto na Terra. Há tantos de nós,


e cada indivíduo usa tanta energia e tantos recursos, que nossas atividades
influenciam virtualmente tudo na natureza. A maior parte da superfície
terrestre e, crescentemente, dos oceanos, tem passado ao controle direto da
humanidade.
FONTE: Ricklefs (2003)

Porém, este cenário não é novo, está se formando desde o início de nossa
história. A primeira responsável, especificamente no Brasil, pela degradação
ambiental foi a expansão colonial, criando aqui um espaço de exploração
ecológica e humana. Depois disto, seguiu-se uma série de ciclos econômicos que
se revezaram no uso inadequado dos recursos naturais, conforme o quadro a
seguir.

QUADRO 8 – CICLOS ECONÔMICOS BRASILEIROS

Ciclo Econômico: exploração do pau-brasil, com extração de uma única espécie,


com pouco desmatamento da cobertura vegetal. Quase levou à extinção desta
espécie.

Ciclo da Cana-de-açúcar: em SP (São Vicente) e em Pernambuco sob o comando


de Duarte Coelho, destruição da Mata Atlântica, além da queima da floresta
para as caldeiras.

Ciclo do Gado: ampliou a colonização do Brasil, penetrando inicialmente pelo


Rio São Francisco e depois se espalhando pelo país todo. Uso de pastagens
nativas e desmatamento de áreas florestadas para expansão das pastagens.

Ciclo do Ouro: final dos séculos XVII e Séc. XVIII. A economia colonial
brasileira esteve centrada na extração deste metal, nas minas descobertas pelos
bandeirantes paulistas nos sertões de Minas Gerais.

112
TÓPICO 2 | A SOCIEDADE MODERNA E SEU PAPEL NA SUSTENTABILIDADE

Ciclo do Café: final do século XIX. Foi plantado inicialmente na Amazônia,


mas se adaptou melhor no Sudeste. Usou-se a mesma lógica predatória de
eliminar florestas para se fazer a lavoura e, assim que a terra dava sinais de
esgotamento, eliminar mais florestas. A contribuição que o ciclo do café deu
ao país foi que, a partir de sua riqueza, se processou o acúmulo de capitais
necessários para o próximo ciclo: a industrialização.

Ciclo da Industrialização: Aberturas de novas estradas e consumo cada vez


maior dos recursos da natureza e início dos processos de poluição. Grande
consumo de madeira para abastecer as caldeiras das máquinas a vapor,
queimadas causadas pela passagem dos trens (perda de brasas pelo caminho).

Ciclo da Tecnologia: o rápido avanço tecnológico gera uma quantidade


gigantesca de lixo eletrônico, em uma velocidade condizente com modismos e
consumismo desenfreado.
FONTE: Adaptado de: Souza (2003)

Qual é o cenário atual do desenvolvimento humano e econômico, e quais


as suas consequências? É o que veremos nos itens a seguir.

2 CENÁRIO DEMOGRÁFICO DA SOCIEDADE MODERNA


Desde que a espécie humana começou a compreender o rápido
aumento em seus próprios números, o crescimento populacional humano
tem sido causa de grandes preocupações, o que levou ao desenvolvimento de
técnicas matemáticas para prever o crescimento de populações – a disciplina
da demografia, o estudo de populações.

A população humana ultrapassou a marca de 6 bilhões em 12 de


outubro de 1999. O crescimento da população humana durante os últimos dez
mil anos, desde o advento da agricultura, tem sido um dos desenvolvimentos
ecológicos mais significativos da história da Terra. Ele se compara como os
maciços deslocamentos causados pela glaciação durante o último milhão
de anos e com as extinções globais causadas pelo impacto de um cometa
há 65 milhões de anos. Um dos mais marcantes aspectos do crescimento
da população humana é que sua taxa continuou a crescer mesmo quando a
população se tornou amontoada. O crescimento da população foi muito lento
até o desenvolvimento da agricultura, quando então deveria ser de 3-5 milhões.
A abundância de alimentos produzidos pela agricultura removeu um fator
limitante, que então aumentou cem vezes até o início do século dezoito, mesmo
com eventuais quedas, como as causadas pela peste bubônica. A Revolução
Industrial, que começou por volta de 1700, proporcionou outro ímpeto para o
crescimento da população humana, particularmente com melhorias na saúde
pública e na medicina, e aumento no bem-estar material. Durante os 300

113
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

anos de industrialização, os humanos cresceram de talvez 300 milhões para 6


bilhões em 1999, aproximadamente um aumento de vinte vezes, ou uma taxa
de crescimento exponencial média de quase 100% por século (1% por ano).
Essa duplicação da população de 3 para 6 bilhões de pessoas levou apenas 40
anos e apenas 12 para alcançar 7 bilhões em 2011.
FONTE: Ricklefs (2003)

FIGURA 46 – TAXA DE CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL

FONTE: <http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/566517-o-impressionante-crescimento-da-
populacao-humana-atraves-da-historia.> Acesso em: 9 jun. 2019.

As mudanças populacionais variam muito, tanto em ritmo como em


direção. Em muitos países pobres, o número de habitantes aumenta mais
de 4% ao ano, enquanto em muitos países ricos ele cresce menos de 1%. A
população pode também diminuir, como acontece em regiões que enfrentam
graves crises de saúde pública como a África, por exemplo.
FONTE: Veiga e Zatz (2008)

FIGURA 47 – VARIAÇÃO DO CRESCIMENTO POPULACIONAL

FONTE: < https://www.ecodebate.com.br/2018/07/16/o-crescimento-populacional-dos-


continentes-1950-2100-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.> Acesso em: 9 jun. 2019.
114
TÓPICO 2 | A SOCIEDADE MODERNA E SEU PAPEL NA SUSTENTABILIDADE

Nos anos 1960, havia muito temor de que as populações dos países
pobres continuassem a se multiplicar com rapidez, porém logo se percebeu que
bastava uma população atingir níveis de vida razoáveis para que despencasse
o ritmo de novos nascimentos, especialmente com a adoção de métodos
eficientes de controle de natalidade.
FONTE: Veiga e Zatz (2008)

Entretanto, embora as taxas de crescimento da população estejam


começando a diminuir em algumas partes do mundo onde a economia está
melhorando, o crescimento global, ainda assim, continua aumentando. Isso se
deve ao tamanho bruto da população global neste momento, a fatores como
aumento na expectativa de vida e um acentuado declínio na incidência de
doenças anteriormente muito difundidas (ex.: sarampo e rubéola).
FONTE: Hutchison (2000)

A taxa atual de crescimento do tamanho da população mundial


é insustentável, pois em um espaço finito e com recursos finitos, nenhuma
população pode continuar crescendo para sempre, sendo importante saber
com que tamanho a população humana poderia ser sustentada sobre a Terra,
ou seja, qual é a sua capacidade de suporte global.
FONTE: Townsend et al. (2010)

É importante lembrar que os 7 bilhões de seres humanos de hoje


consomem recursos e geram lixo de forma bem desigual. Em média cada
cidadão dos principais polos econômicos mundiais – América do Norte,
Europa Ocidental e Japão – consome 32 vezes mais e gera 32 vezes mais lixo
do que a imensa maioria dos habitantes dos países pobres. É natural e justo
que as populações pobres de todos os países queiram também desfrutar dos
benefícios de um padrão de vida mais confortável, no entanto, se hoje se
considera que os seres humanos estão usando mais recursos do que a Terra
tem capacidade de repor, o problema tende a piorar em um planeta muito
mais populoso e com maior consumo. Mais gente requer mais comida, espaço,
água, energia e muitos outros recursos. Por isso, não se pode negar que um
crescimento vertiginoso da população aumente a pressão sobre a natureza.
FONTE: Adaptado de: Veiga e Zatz (2008)

115
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

DICAS

Para saber mais sobre crescimento populacional, acesse o link <http://


pt.wikipedia.org/wiki/Popula%C3%A7%C3%A3o_mundial>.

Outros fatores também têm impacto sobre a incapacidade do planeta


de suportar aumentos constantes na população humana. São eles:

• Degradação do solo e das terras cultiváveis.


• Escassez de água potável e própria para o uso na agricultura.
• Degradação das comunidades florestais e dos mananciais de água.
• Destruição da camada de ozônio.
• Escassez de recursos e extinção de espécies.
FONTE: Hutchison (2000)

São muitas as questões e variáveis que mostram a dificuldade de


se chegar a um acordo, quando se pergunta em que patamar a população
mundial tenderá a se estabilizar e quantos anos serão necessários para que
ele seja alcançado, pois tudo dependerá dos ritmos e direções das mudanças
populacionais, combinadas às inovações tecnológicas que possam reduzir os
impactos ambientais causados por cada indivíduo.
FONTE: Adaptado de: Veiga e Zatz (2008)

LEITURA COMPLEMENTAR

A CRISE AMBIENTAL – CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO

Segundo Miller (1985, apud BRAGA et al. 2007), nosso planeta pode ser
comparado a uma astronave, deslocando-se a cem mil quilômetros por hora pelo
espaço sideral, sem possibilidade de parada para reabastecimento, mas dispondo
de um eficiente sistema de aproveitamento de energia solar e de reciclagem
de matéria. Há, atualmente, na astronave, ar, água e comida suficientes para
manter seus passageiros. Tendo em vista o progressivo aumento do número de
passageiros, em forma exponencial, e a ausência de pontos para reabastecimento,
podem-se vislumbrar, em médio e longo prazos, problemas sérios para a
manutenção de sua população.

116
TÓPICO 2 | A SOCIEDADE MODERNA E SEU PAPEL NA SUSTENTABILIDADE

O equilíbrio entre população, recursos naturais e poluição influenciará no


nível de qualidade de vida no planeta.
POPULAÇÃO

RECURSOS NATURAIS POLUIÇÃO

A população mundial cresceu de 2,5 bilhões em 1950 para 6, 2 bilhões


no ano de 2002 e, atualmente, a taxa de crescimento se aproxima de 1,13% ao
ano. De acordo com a analogia da astronave, isso significa que, a cada ano, 74
milhões de passageiros embarcam, atingindo 7 bilhões de habitantes em outubro
de 2011. Esses passageiros estão divididos em 227 nações, nos cinco continentes,
poucas das quais pertencem aos chamados países desenvolvidos, com 19% da
população mundial. As demais são os chamados países em desenvolvimento
ou subdesenvolvidos, com os restantes 81% da população. Novamente usando
a analogia com a astronave, é como se os habitantes dos países desenvolvidos
fossem passageiros de primeira classe, enquanto os demais viajam no porão.
Em decorrência das altas taxas de crescimento populacional que hoje somente
ocorrem nos países menos desenvolvidos, essa situação de desequilíbrio tende
a se agravar ainda mais: em 1950, os países desenvolvidos tinham 31,5% da
população mundial; em 2002, apenas 19,3%; e, em 2050, terão 13,7%.

Dentro dessa perspectiva de crescimento, cabe questionar até quando os


recursos naturais serão suficientes para sustentar os passageiros da astronave
Terra.
FONTE: Braga et al. (2007)

3 O CONSUMISMO E SEUS IMPACTOS


O Capitalismo é um modo de produção pelo qual a economia se dá
em unidades chamadas empresas, que são de propriedade privada, embora
algumas possam ter o governo como proprietário. Em linhas gerais, esta é a
forma de organização das atividades produtivas (econômicas) da sociedade
baseada no princípio de que os indivíduos podem exercer domínio sobre
os recursos, com o intuito de transformá-los em bens e serviços, agregando
sempre um novo valor. Essa ação se perpetua por meio de uma cadeia, cujo
eixo norteador é o acúmulo privado de capital, justificado na máxima do
crescimento econômico.
FONTE: Adaptado de: Justino (2010)

117
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

FIGURA 48 – CONSUMO CONSCIENTE?

FONTE: <http://aprendizagemcompa2.pbworks.com/w/page/13491178/Adolescentes-X-
Consumismo:-An%C3%A1lises-de-Pesquisas>. Acesso em: 5 ago. 2011.

DICAS

Consulte o capítulo 12 de Braga et al. (2007) para um interessante texto sobre a


questão ambiental no âmbito da economia.

Porém, em meio a esta recente crise econômica, que tem preocupado


a população e os governos mundiais, as pessoas ainda não se deram conta
de que estão perdendo mais dinheiro com o desaparecimento das florestas
do que com a atual crise financeira global, segundo conclusões de um estudo
encomendado pela União Europeia, realizada por um economista do Deutsche
Bank, que calculou que os desperdícios anuais com o desmatamento variam
em uma faixa de US$ 2 trilhões a US$ 5 trilhões. A humanidade herdou um
acúmulo de 3,8 bilhões de anos de capital natural: mantendo-se os padrões
atuais de uso e degradação, muito pouco há de restar até o fim do século XXI.

Para se chegar a esses números, é necessário saber que os serviços de


armazenamento de água e da regulação do ciclo de carbono, entre outros,
realizados gratuitamente pela natureza, criam condição para um meio
ambiente saudável, oferecendo não só água e ar limpos, chuvas, produtividade
oceânica, solo fértil e elasticidade das bacias fluviais, como também certas
funções menos valorizadas, mas imprescindíveis para a manutenção da
sustentabilidade, tais como: a) o processamento de resíduos (naturais e
industriais); b) a proteção contra os extremos do clima; e c) a regeneração
atmosférica. Contudo, nas últimas três décadas se consumiu um terço dos

118
TÓPICO 2 | A SOCIEDADE MODERNA E SEU PAPEL NA SUSTENTABILIDADE

recursos da Terra, ou seja, de sua riqueza natural. É sabido que ecossistema


é um sistema aberto integrado por todos os organismos vivos, inclusive o
homem, e os elementos não viventes de um setor ambiental definido no tempo
e no espaço. Suas propriedades globais de funcionamento (fluxo de energia e
ciclagem da matéria) e autorregulação (controle) derivam das relações entre
todos os seus componentes, tanto pertencentes aos sistemas naturais, quanto
aos criados ou modificados pelo Homem.
FONTE: Souza e Silva (2008)

A destruição da natureza em decorrência do desenvolvimento


econômico vem ocorrendo de maneira cada vez mais intensa, principalmente
neste último século. As evidências deste processo encontram-se na escassez
dos recursos não renováveis, nos níveis de aquecimento planetário, nos
efeitos catastróficos dos dejetos industriais e poluentes diversos, na produção
incessante de mercadorias descartáveis, numa demonstração inconteste
de que o modo de produção capitalista não exerce um domínio adequado
e planejado da natureza, revelando uma contradição crescente entre as
necessidades de expansão da produção e as condições do planeta para prover
esse desenvolvimento.
FONTE: Silva (2010)

Esse comportamento “é resultado de uma estratégia usada pelo modelo


capitalista que criou o consumismo obsoletista, em que um produto já é
lançado tendo o seu sucessor mais moderno na prateleira para ser apresentado
em pouco mais de seis meses ou um ano”.

Uma verdade, que poucos se dão conta, é que nos dias atuais, de toda
a produção mundial, apenas 1% tem vida útil superior a seis meses e, em
nossa euforia de consumo, devido ao desconhecimento do ciclo de vida dos
produtos, não damos conta que é o meio ambiente que estará sendo afetado.
Não podemos esquecer que a primeira etapa da fabricação de um produto
se dá com a extração de recursos naturais, cuja exploração está se dando de
forma exagerada e desordenada, e o seu destino final também será em um
determinado local do ambiente.
FONTE: Souza; Silva (2008)

A humanidade tem sido seduzida pelos apelos midiáticos de consumo,


ao ponto de transformar os desejos em necessidades básicas à sobrevivência
humana. Isto porque ao longo de sua evolução, o ser humano passou a querer
suprir mais do que sua necessidade de sobrevivência, pois, à medida que foram

119
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

surgindo os avanços tecnológicos, outros objetivos passaram a ser perseguidos,


como, por exemplo, espiritualidade, longevidade, prazer, conforto, beleza e
convivência. E é aí que entra em pauta o modelo econômico vigente, ou seja, o
capitalismo, cujo crescimento está alicerçado nos pilares do consumo.
FONTE: Justino (2010)

DICAS

Acesse o link <http://dinheirama.com/blog/2010/03/11/impactos-sociais-e-


ambientais-do-consumo/> para ler um interessante artigo sobre Consumo Consciente, de
Costa (2010).

Ao subordinar a produção aos imperativos da acumulação, o capitalismo


não pode sustentar-se indefinidamente, sem que os avanços tecnológicos
e científicos por este obtidos resultem em crescente destruição, visto que o
incremento da produtividade do capital o faz senhor e voraz devorador dos
recursos humanos e materiais do planeta para, a seguir, retorná-los como
mercadorias de consumo de massa, cada vez mais descartáveis.
FONTE: Silva (2010)

Os reflexos, geralmente desastrosos, podem ser observados, por


exemplo, nas atividades agropecuárias e florestais, particularmente quando
praticadas de forma extensiva, causando profundas alterações na paisagem,
em nível mundial.
FONTE: Souza; Silva (2008)

DICAS

Acesse o link <http://www.environmentteam.com/2010/04/11/the-animals-


save-the-planet-watch-all-11-cartoons/> e assista aos vídeos criados pelo Animal Planet
sobre os impactos ambientais causados por atitudes não sustentáveis.

120
TÓPICO 2 | A SOCIEDADE MODERNA E SEU PAPEL NA SUSTENTABILIDADE

FIGURA 49 – OS VÍDEOS “THE ANIMALS SAVE THE PLANET”, DO CANAL ANIMAL PLANET, SÃO
EXCELENTES FERRAMENTAS PARA REFLEXÃO SOBRE OS PROBLEMAS AMBIENTAIS CAUSADOS
PELO CONSUMISMO

FONTE: <http://karinalthuon.wordpress.com/2008/12/04/the-animals-save-the-planet/>. Acesso


em: 5 ago. 2011.

Assim, é evidente a necessidade de encontrarmos um ponto de equilíbrio


entre o desenvolvimento econômico, uso de recursos naturais e a conservação
ambiental, visto que a sobrevivência de todos os seres vivos e a qualidade de vida
democrática depende disto.

Cabe lembrar que, de acordo com Sachs (2009), o conceito de recurso é


cultural e histórico, sendo o conhecimento, pela sociedade, do potencial do seu
meio ambiente. Segundo o autor, “o que hoje é recurso, ontem não o era, e alguns
dos recursos dos quais somos dependentes hoje, serão descartados amanhã; assim
caminha o progresso técnico, então deveríamos confiar o máximo possível no
fluxo de renovação dos recursos”. Entretanto, relembra o autor, a capacidade de
renovação dos recursos – significando este termo o suporte básico da vida, água,
solo e clima – requer uma gestão ecológica prudente, pois não se trata de um
atributo concedido de uma única vez, para sempre, ou seja, precisamos aprender
como fazer um aproveitamento sensato da natureza para construirmos uma boa
sociedade.

DICAS

Para ler uma interessante entrevista com Helio Mattar, do Instituto Akatu,
sobre consumo consciente, acesse o link <http://www.cntdespoluir.org.br/Lists/Contedos/
DispForm.aspx?ID=2425>.

121
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

4 DESENVOLVIMENTO INCLUDENTE
Ao relembrarmos o que aprendemos até agora, podemos considerar
que o crescimento da população humana causou dois grandes problemas:
impacto nos sistemas naturais, com interrupção de processos ecológicos e a
exterminação de espécies; e a constante deterioração do próprio ambiente da
espécie humana à medida que pressionamos os limites dos sistemas ecológicos
que podem nos sustentar.
FONTE: Ricklefs (2003)

ATENCAO

Lembre-se de que sem o uso responsável dos recursos naturais, não há como
manter uma sociedade sustentável por um longo período.

O que observamos como resultado destas duas observações é que, quando


feito de modo inadequado, essa exploração de recursos resulta na maioria das
vezes em pobreza para as comunidades locais, mesmo após um breve período
de progresso econômico. Isso é constatado em áreas de mineração ou exploração
florestal, por exemplo. Outra consequência deste tipo de exploração é a forma
socialmente desigual da distribuição das riquezas e da renda gerada. Essa retórica
faz com que se criem verdadeiros bolsões de pobreza, onde reina a fome e a miséria
absoluta de um lado e, do outro, acúmulo de riqueza gerando ostentação e luxo.
FONTE: Justino (2010)

FIGURA 50 – NA DÉCADA DE 1980 MILHARES DE MINERADORES INVADIRAM SERRA PELADA/


PA EM BUSCA DE OURO. A EXPLORAÇÃO INADEQUADA TROUXE APENAS POBREZA E
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

FONTE: <http://www.brasilescola.com/brasil/serra-pelada.htm>. Acesso em: 5 ago. 2011.

122
TÓPICO 2 | A SOCIEDADE MODERNA E SEU PAPEL NA SUSTENTABILIDADE

Existe uma pressão diferenciada exercida pelos consumidores sobre os


ecossistemas, ou seja, as populações dos países ricos são responsáveis pela
apropriação de 80% dos recursos naturais e de energia, sendo que representam
menos de 20% da população global.
FONTE: Souza; Silva (2008)

Os aspectos de homogeneização são marcantes para instauração do


quadro de desigualdades sociais vigentes no planeta, oriundas da concentração de
renda gerada pelo propósito da acumulação de capital, sendo fundamental, para
o desenvolvimento sustentável, considerar aspectos que permitam a formatação
de uma sociedade justa e igualitária.

O desenvolvimento sustentável é uma proposta alternativa ao modelo


de desenvolvimento com viés puramente econômico. O novo modelo de
desenvolvimento procura ultrapassar a perspectiva puramente econômica, e
considera outras questões como: sociais, políticas, institucionais, tecnológicas,
culturais e ambientais.

Combater a pobreza e proporcionar uma existência digna de vida


dos cidadãos passa a ser o objetivo principal de toda administração pública
comprometida com o bem-estar social. Adotar a perspectiva sustentável do
desenvolvimento é tentar superar a tradição de enfrentamento da pobreza através
de duas maneiras: somente pela via do crescimento econômico, sem considerar
a contento as questões sociais; ou pela via das políticas compensatórias, muitas
vezes assistencialistas, capazes até de aliviar os sofrimentos dos excluídos,
mas não de resolver os seus problemas definitivamente. O procedimento mais
adequado para o alcance dos objetivos da sustentabilidade é integrar também
as ações práticas, ou seja, proporcionar a interconexão entre áreas estratégicas,
tais como educação, saúde, assistência social, geração de emprego e renda,
infraestrutura urbana, habitação, conservação ambiental, esporte, cultura
e lazer. Tudo isso permeado por um planejamento apto a qualificar uma
intervenção eficiente e eficaz com a populações-alvo e a consolidar um padrão
de vida mais digno e humano para estas.
FONTE: Oliveira (2006)

É importante garantir que, efetivamente, a população local receba uma


fatia dos benefícios resultantes do aproveitamento de seus saberes e dos recursos
genéticos por ela coletados. Segundo o autor, o ecodesenvolvimento requer
o planejamento local e participativo, no nível micro, das autoridades locais,
comunidades e associações de cidadãos envolvidas. Por fim, o desenvolvimento
deve ser visto em seu sentido amplo, valorizando o crescimento com efetiva
distribuição de renda, com superação significativa dos problemas sociais e sem

123
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

comprometimento ambiental, o que só pode ocorrer com profundas mudanças


nas estruturas e processos econômicos, sociais, políticos e culturais de uma
determinada sociedade.
FONTE: Melo; Silva (2003)

UNI

Leia trechos da palestra “O tripé do desenvolvimento includente”, de Ignacy


Sachs (2007). A transcrição completa da palestra pode ser consultada no link <http://www.
wattpad.com/27893-o-tripe%CC%81-do-desenvolvimento-includente-por-ignacy?p=1>.

124
TÓPICO 2 | A SOCIEDADE MODERNA E SEU PAPEL NA SUSTENTABILIDADE

LEITURA COMPLEMENTAR

O desenvolvimento includente requer uma estratégia tridimensional: a


consolidação e expansão do núcleo modernizador, condição para o crescimento
sustentado, deve ser suplementada pela identificação de todas as oportunidades
de crescimento puxado pelo emprego e pela promoção de instrumentos de ação
direta sobre o bem-estar das populações, sob a forma de redes públicas de serviços
de base, educação, saúde, saneamento e habitação que, diga-se de passagem,
são geradoras de numerosos empregos. A sua importância deve-se ao fato de
que estes serviços permitem efetivação dos direitos humanos fundamentais. O
desenvolvimento, em última instância, consiste precisamente na universalização
destes direitos. O conceito de crescimento puxado pelo emprego abrange todos os
ramos da economia onde ainda é possível avançar com métodos intensivos em mão
de obra sem perder de vista que o aumento da produtividade é um objeto universal
que inclui também as atividades de baixa intensidade de capital. Mesmo aí, nós
temos que ter presente o objetivo de aumentar esta baixíssima produtividade. Mas
até certo ponto, a baixa produtividade que predomina no oceano constitui uma
oportunidade para avanços rápidos com tecnologias conhecidas. É o problema
da inovação e não da invenção de tecnologias novas. Queremos é maximizar o
emprego decente combinando atividades de diferentes níveis de produtividade,
em vez de buscar maior produtividade possível do trabalho às custas do emprego.
Ao lado do artesanato e das indústrias naturalmente intensivas em mão de obra,
as maiores margens de liberdade existem na produção de bens e serviços não
comerciáveis, os non-tradables não submetidos à concorrência estrangeira, ou seja,
à produção de serviços sociais, técnicos e pessoais, à construção civil e às obras
públicas. A estes podemos acrescentar os empregos relacionados com a redução
do desperdício no uso dos recursos naturais como a conservação de energia, a
conservação de água, a reciclagem, os empregos ligados a uma manutenção mais
cuidadosa do patrimônio já existente, de infraestruturas, equipamentos e parque
imobiliário, além de uma maneira de prorrogar a sua vida útil e reduzir desta
forma a demanda pelo capital de reposição. Essas duas atividades a que acabo de
me referir na conceituação da teoria do crescimento de Kalecki são as fontes de
crescimento que não exigem investimento. E, portanto, é uma área extremamente
importante, esta é para mim e para os planejadores do desenvolvimento a principal
mensagem do conceito do desenvolvimento ambientalmente sustentável.
Como melhorar a produtividade dos recursos e não somente a produtividade
do trabalho? Como aumentar a produtividade dos recursos e a vida útil do
patrimônio já existente através do trabalho? Eu acho que é por aí que engrenamos
o debate sobre o desenvolvimento ambientalmente sustentável e, ao mesmo
temo, socialmente includente. As obras públicas, em particular aquelas que não
têm o componente de importação e se caracterizam por uma maturação rápida,
merecem uma atenção especial. Segundo o último relatório da OIT, programas
infraestruturais baseados em métodos intensivos em mão de obra, realizados
em uma dezena de países, mostraram-se de 10% a 30% mais baratos em termos
financeiros, reduziram o conteúdo de importação em 50% a 60% e geraram de
3 a 5 vezes mais empregos do que teria sido o caso ao recorrer-se a métodos

125
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

mais intensivos em capital. [...] É hora de caminhar da civilização do petróleo


à civilização da biomassa, valorizando de maneira ecologicamente correta os
recursos renováveis, construindo um diversificado complexo bioindustrial e
transformando, assim, em vantagem permanente a condição de país tropical.

DICAS

O livro “Colapso, como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso”,


de Jared Diamond (Editora Record), faz um interessante relato de várias sociedades que
desapareceram ao longo da história por ter exaurido seus recursos naturais.

126
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, vimos que:

• A exaltação atual de conceitos estereotipados desvaloriza saberes e


manifestações tradicionais por não atenderem aos anseios massificados de
consumo.

• Os ciclos econômicos brasileiros se revezaram no uso inadequado dos recursos


naturais, sendo a causa de muitos dos problemas atuais.

• As preocupações com o crescimento populacional levou ao desenvolvimento


da disciplina da demografia.

• O crescimento da população foi muito lento até o desenvolvimento da


agricultura, quando então deveria ser de 3-5 milhões.

• A Revolução Industrial proporcionou outro ímpeto para o crescimento da


população humana e durante os 300 anos de industrialização, os humanos
cresceram de talvez 300 milhões para 6 bilhões em 1999.

• Essa duplicação da população de 3 para 6 bilhões de pessoas levou apenas 40


anos e apenas 12 para alcançar 7 bilhões em 2011.

• As mudanças populacionais variam muito, tanto em ritmo como em direção. A


população pode também diminuir, como acontece em regiões que enfrentam
graves crises de saúde pública.

• Quando uma população atingir níveis de vida razoáveis de desenvolvimento


cai o ritmo de novos nascimentos, com a adoção de métodos de controle de
natalidade.

• O crescimento global da população continua aumentando devido a fatores


como aumento na expectativa de vida e um acentuado declínio na incidência
de doenças.

• A taxa atual de crescimento do tamanho da população mundial é insustentável,


pois em um espaço finito e com recursos finitos, nenhuma população pode
continuar crescendo para sempre.

• É justo que as populações pobres queiram também desfrutar dos benefícios de


um padrão de vida mais confortável, no entanto, se hoje se considera que os
seres humanos estão usando mais recursos do que a Terra tem capacidade de
repor, o problema tende a piorar em um planeta muito mais populoso e com
maior consumo.

127
• Outros fatores que têm impacto sobre a incapacidade do planeta de suportar
aumentos constantes na população humana são a degradação do solo e das terras
cultiváveis, a escassez de água potável e própria para o uso na agricultura, a
degradação das comunidades florestais e dos mananciais de água, a destruição
da camada de ozônio e a escassez de recursos e extinção de espécies.

• Ainda há dúvidas sobre em que patamar a população mundial tenderá a se


estabilizar e quantos anos serão necessários para que ele seja alcançado.

• O Capitalismo é um modo de produção pelo qual a economia se dá em unidades


chamadas empresas, que são de propriedade privada, embora algumas possam
ter o governo como proprietário.

• O modelo capitalista criou o consumismo obsoletista, onde um produto já é


lançado tendo o seu sucessor mais moderno na prateleira para ser apresentado
em pouco mais de seis meses ou um ano.

• Ao longo de sua evolução, a humanidade passou a querer suprir mais do


que sua necessidade de sobrevivência, pois à medida que foram surgindo os
avanços tecnológicos, outros objetivos passaram a ser perseguidos.

• É evidente a necessidade de encontrarmos um ponto de equilíbrio entre


o desenvolvimento econômico, uso de recursos naturais e a conservação
ambiental, visto que a sobrevivência de todos os seres vivos e a qualidade de
vida democrática depende disto.

• A capacidade de renovação dos recursos requer uma gestão ecológica prudente,


pois precisamos aprender como fazer um aproveitamento sensato da natureza
para construirmos uma boa sociedade.

• Sem o uso responsável dos recursos naturais, não há como manter uma
sociedade sustentável por um longo período.

• Quando feito de modo inadequado, a exploração de recursos resulta em


pobreza para as comunidades locais, mesmo após um breve período de
progresso econômico.

• Os países ricos são responsáveis pela apropriação de 80% dos recursos naturais
e energia, sendo que representam menos de 20% da população global.

• O desenvolvimento sustentável tenta ir além da perspectiva puramente


econômica, considerando outros pilares que sustentam a vida humana, ou seja,
questões sociais, políticas, institucionais, tecnológicas, culturais e ambientais
também integram o alicerce que fundamenta o desenvolvimento sustentável.

• É importante garantir que a população local receba uma fatia dos benefícios
resultantes do aproveitamento de seus saberes e dos recursos genéticos por ela
coletados.
128
• O ecodesenvolvimento requer o planejamento local e participativo, no
nível micro, das autoridades locais, comunidades e associações de cidadãos
envolvidas.

129
AUTOATIVIDADE

1 O crescimento populacional, o consumismo inconsequente e a escassez de


recursos naturais estão afetando todas as esferas da economia. Observa-se
inclusive a proliferação de pacotes turísticos massificados que exploram
sempre os mesmos atrativos. Dentro deste universo, existem consumidores
que ainda valorizam as experiências personalizadas, buscando roteiros
alternativos. Assim, sugerimos uma pesquisa na oferta destes roteiros, pois
a maioria deles está atrelada a atividades com comunidades tradicionais
que buscam no turismo uma alternativa sustentável. Use este material para
futuras pesquisas de mercado.

2 Qual o número atual aproximado de seres humanos habitando nosso


planeta?

a) 700 milhões.
b) 7 bilhões.
c) 4,5 bilhões.
d) 70 bilhões.

3 Segundo Hutchison (2000), outros fatores também têm impacto sobre a


incapacidade do planeta de suportar aumentos constantes na população
humana. Assinale a alternativa que não contenha um destes fatores:

a) Degradação do solo e das terras cultiváveis.


b) Escassez de água potável e própria para o uso na agricultura.
c) Recuperação das comunidades florestais e dos mananciais de água.
d) Destruição da camada de ozônio.

4 O desenvolvimento sustentável tenta ir além da perspectiva puramente


econômica, considerando outros pilares que sustentam a vida humana.
Assinale a alternativa que não contém questões que integram o alicerce que
fundamenta o desenvolvimento sustentável:

a) Questões sociais.
b) Questões culturais.
c) Questões ambientais.
d) Questões burocráticas.

130
5 Os países ricos são responsáveis pela apropriação de um determinado
percentual dos recursos naturais e energia, sendo que representam menos de
outro percentual da população global. Assinale a alternativa que contenha
respectivamente os percentuais corretos:

a) 80% e 20%.
b) 30% e 70%.
c) 70% e 30%.
d) 20% e 80%.

6 As preocupações com o crescimento populacional levou ao desenvolvimento


de uma nova disciplina:

a) Geografia.
b) Demografia.
c) Biologia.
d) Zoologia.

131
132
UNIDADE 2 TÓPICO 3

TURISMO E PLANEJAMENTO
SUSTENTÁVEL

1 INTRODUÇÃO
Como vimos nos tópicos anteriores, a sustentabilidade tem dimensões
variadas, sendo influenciada pelo crescimento da população e pelo consumismo
desenfreado. Da mesma forma, o turismo sustentável tem dimensões políticas
e culturais, o que nos remete a uma preocupação com o presente e o futuro das
sociedades locais, com a produção e consumo dos serviços, a conservação e
preservação dos ecossistemas e com o resgate da sua cultura.

Um destino turístico pode ser criado num processo de geração


espontânea, gradual, não planejada, ou pode resultar de um processo
intencional, planejado, sendo imperativo que se faça um planejamento
de longo prazo e que beneficie principalmente a população local. Existem
diversos exemplos destas duas citações no Brasil e no mundo, com bons e
maus resultados.

O planejamento é importante para qualquer atividade econômica,


visto que orienta a destinação de recursos e investimentos. Entretanto, quando
falamos em turismo sustentável, é imprescindível que haja planejamento e
definição de metas e objetivos, pois sem isso, corre-se o risco de se perder a
sustentabilidade econômica, social e ambiental ao longo do tempo. Lembrando
que o equilíbrio entre o turismo e o meio ambiente, em que o segundo se
constitui a matéria-prima para o primeiro, precisa ser regulado e disciplinado
para que haja entre ambos um relacionamento harmonioso.
FONTE: Macedo (2010)

133
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

FIGURA 51 – O PLANEJAMENTO FAZ PARTE DE UM PROCESSO

Preparar

Planejar Acompanhar

Revisar

FONTE: <http://unirp.blogspot.com/2011/01/planejamento-estrategico-nosso-de-cada.html>.
Acesso em: 5 ago. 2011.

Assim, após compreender a importância da sustentabilidade ao longo dos


tópicos anteriores, convidamos você a conhecer sua aplicação dentro do segmento
turístico.

2 PLANEJAMENTO E GESTÃO DO TURISMO


No mundo contemporâneo, o turismo tem-se destacado como um
fenômeno social e como uma das atividades econômicas mais importantes,
recebendo a cada dia maior atenção e seriedade no tratamento científico
e técnico a ele dispensado. Entretanto, os bons resultados desta atividade
dependem do bom planejamento e gestão, em todos os níveis hierárquicos.
FONTE: Adaptado de: Magalhães (2002)

O planejamento da atividade turística é uma tarefa bastante complexa, já


que abrange aspectos relativos à ocupação territorial, à economia, à sociologia e
à cultura dos núcleos receptores, e ainda às características dos locais emissores
e à consequente heterogeneidade dos turistas. (RUSCHMANN, 2002). Ou, sob
outra perspectiva, Henry e Saink (1990, apud RUSCHMANN, 2006 p. 83) adotam
o seguinte conceito:

O planejamento é uma atividade que envolve a intenção de estabelecer


condições favoráveis para alcançar objetivos propostos. Ele tem
por objetivo o aprovisionamento de facilidades e serviços para que
uma comunidade atenda seus desejos e necessidades ou, então, o
desenvolvimento de estratégias que permitam a uma organização
comercial visualizar oportunidades de lucro em determinados
segmentos de mercado.

O planejamento pode ser classificado em vários tipos, obedecendo a


diferentes abordagens:

134
TÓPICO 3 | TURISMO E PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL

QUADRO 9 – ABORDAGENS DO PLANEJAMENTO TURÍSTICO

ASPECTOS CLASSIFICAÇÃO SUBCLASSIFICAÇÃO


Temporal Curto prazo
Médio prazo
Longo prazo
Geográfico Mundial, continental, Rural
nacional, estadual, Urbano
regional, multirregional,
microrregional, municipal (ou
local)
Econômico Macroeconômico
Microeconômico
Administrativo Público (normativo) Central
Privado (indicativo) Descentralizado
Intencional ou teleológico Estratégico
Tático
Agregativo Global
Setorial
Local

FONTE: Barreto (2001)

A escolha da abordagem adequada vai depender de quais objetivos


se deseja alcançar. Genericamente, os objetivos do planejamento conduzem
a mudanças estruturais de realidades existentes, visando, geralmente, ao
crescimento econômico acelerado.
FONTE: Ruschmann (2006)

Os objetivos básicos indicam “aonde” se quer chegar e são expressos


em termos qualitativos, sendo que, no planejamento econômico, e muitas
vezes no turístico, os planos sofrem grande influência política. Os objetivos
do planejamento turístico podem envolver localidades, regiões, países e até
continentes, e envolvem tanto órgãos públicos e empresas privadas desse
ramo de atividade, como também fatores influenciadores em todos os níveis.
FONTE: Bound-Bovi; Lawson (1977, apud RUSCHMANN, 2006).

O planejamento de turismo pode dividir-se em vários níveis,


obedecendo a um critério de complexidade crescente:

• Planejamento de primeiro nível – eventos, excursões, viagens.


• Planejamento de segundo nível – transformação de cidades em núcleos
turísticos, ativação de núcleos turísticos preexistentes, criação de complexos
ou cidades turísticas (construção de equipamentos turísticos).
• Planejamento de terceiro nível – políticas nacionais para incentivar a
atividade turística no país e organizá-la, abrangendo os outros dois níveis.
FONTE: Barreto (2001)
135
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

Após a decisão política de organizar turisticamente uma região, três


linhas de ação devem acompanhar o desenrolar das atividades implantadas
no local: das decisões, de planejamento e de recursos financeiros e técnicos.
FONTE: Adaptado de: Oliveira (2001)

Ruschmann (2002, p. 37), afirma que:

[...] o planejamento dos espaços como potencial turístico é tarefa


do Estado que, para desenvolvê-los, se vê diante de dois objetivos
conflitantes: o primeiro, que é o de prover a oportunidade e o
acesso a esses locais para o maior número de pessoas possível, se
contrapondo ao segundo, de proteger e evitar a descaracterização dos
locais privilegiados pela natureza e a cultura original da população
receptora.

NOTA

O planejamento se apresenta como fundamento para o desenvolvimento turístico


equilibrado e em harmonia com os recursos físicos, culturais e sociais das regiões receptoras,
evitando-se, assim, que o turismo destrua as bases que o fazem existir. (RUSCHMANN 2002).

O plano de desenvolvimento turístico é entendido como o conjunto


de medidas, tarefas e atividades por meio das quais se pretende atingir as
metas, o detalhamento e os requisitos necessários para o aproveitamento de
áreas com potencialidade turística. O processo de elaboração do plano deve
considerar as características e as singularidades regionais que exigem a adoção
de metodologia e de técnicas adequadas a cada caso. Basicamente, as etapas
para a elaboração de planos turísticos são as seguintes:

• Identificação clara do problema, definindo a meta final e os objetivos.


• Caracterização geral.
• Aspectos turísticos.
• Turismo receptivo.
• Análise e avaliação da oferta e da demanda, da imagem e da vocação turística
da destinação.
• Diagnóstico da situação atual da destinação turística.
• Prognóstico prevendo comportamento turístico esperado.
• Diretrizes básicas para o desenvolvimento ou recuperação do turismo.
• Prazos e prioridades para implantação.
• Responsabilidades de cada setor.
• Instrumentos necessários para viabilizar as diretrizes propostas.
FONTE: Ruschmann (2006)

136
TÓPICO 3 | TURISMO E PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL

Os estudos relativos ao planejamento turístico têm se concentrado tanto


no levantamento dos aspectos físicos quanto nas considerações econômicas
do fenômeno, mas sempre com enfoques parciais, destacando-se: enfoque
urbanístico, da política econômica, enfoque Pasolf (products, analysis, sequence
for outdoor or seisure planning), modelos de simulação, planejamento estratégico
visão integrada. Segundo a autora, para que o levantamento de dados, que
fundamenta um processo de planejamento turístico, possa ser realizado
adequadamente, é preciso que se tenha a visão mais abrangente possível e com
grande profundidade do fato e do fenômeno turístico. A utilização do Sistur
(planejamento integrado do desenvolvimento turístico) vem sendo proposto
por diversos autores, cujo modelo referencial proposto sugere a análise e o
estudo da integração dos seguintes conjuntos:

• Relações ambientais que envolvem os seguintes subtemas: ecológico, social,


econômico e cultural.
• Organização estrutural, que envolve a superestrutura e a infraestrutura.
• Ações operacionais que envolvem, no mercado, a oferta e a demanda
relacionadas com a produção e o consumo, respectivamente, do sistema de
distribuição.
FONTE: Ruschmann (2002)

DICAS

Para mais informações sobre o Sistur, acesse o link <http://turismofaibi2010.


blogspot.com/2010/05/sistema-de-turismo-sistur_16.html>.

Antes de se iniciar qualquer projeto turístico em uma localidade, o


planejador deve responder às seguintes questões:
1. O turismo é importante para impulsionar a economia da região?
2. Quais são as tendências do mercado, os estilos de vida, as necessidades e as
preferências dos turistas?
3. Quais estratégias e investimentos devem ser feitos para que a localidade
seja competitiva na indústria turística?
4. O que é preciso fazer para que um local estabeleça um nicho no setor de
turismo?
5. Quais são os riscos que o turismo produz?
6. Quais as formas de comunicação mais eficientes na tarefa de atrair e de
manter os turistas?

137
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

Após analisar as respostas obtidas e considerando que a localidade


possui potencial para o desenvolvimento turístico o planejamento seja feito
conforme o esquema metodológico apresentado no quadro a seguir.
FONTE: Oliveira (2001)

QUADRO 10 – ESQUEMA METODOLÓGICO PARA FORMULAÇÃO DE UM PLANO DE


ORGANIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE TURÍSTICA NUMA LOCALIDADE

1. Análise do território
Levantamento dos recursos turísticos naturais (análise física do espaço
territorial).
Levantamento dos recursos turísticos humanos (análise da atividade
humana).

2. Análise do mercado turístico


Análise da demanda.
Análise da oferta.

3. Formulação da imagem da oferta turística


Análise de sua repercussão no território.
Análise de sua repercussão na atividade turística.

4. Formulação da política de desenvolvimento


Determinação da oferta.
Determinação da demanda: nacional ou internacional.

5. Requisitos para a exploração da atividade turística


Básicos.
Complementares.

6. Cronograma de realização
Projetos.
FONTE: Oliveira (2001, p. 175)

Com um planejamento bem alinhado e definido, com prazos executáveis


e dentro de um universo viável de recursos, fica muito mais fácil alcançar um
desenvolvimento sustentável para uma região turística. O planejamento permite
projetar ações futuras com segurança, conquistando confiança e participação
da comunidade que, obviamente, deverá ser inserida neste contexto, conforme
veremos no item seguinte.

138
TÓPICO 3 | TURISMO E PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL

DICAS

Para um conhecimento mais profundo sobre planejamento e organização do


turismo, leia Barreto (2001), Oliveira (2001) e Ruschmann (2006).

Por fim, cabe destacar a reflexão de Melo e Silva (2003, p. 24) sobre um dos
resultados do planejamento: a territorialização turística:

A territorialização turística permitirá que os lugares e regiões


transformem suas vantagens comparativas, proporcionadas pelo seu
capital natural e cultural, em vantagens competitivas, assegurando
a continuidade do dinamismo e contribuindo para promover,
com uma determinada autonomia, um efetivo desenvolvimento
socioeconômico. Assim, a dinâmica do desenvolvimento dependerá
muito mais da capacidade de organização social e política dos
territórios, valorizando os laços de coesão e de solidariedade, do que
de outros aspectos externos, de pequena influência local e regional.

3 ATORES DO TURISMO SUSTENTÁVEL


Falar em desenvolvimento sustentável leva em conta não apenas a questão
ambiental, mas também a social. Afinal, como vimos até aqui, o ser humano
é o responsável por todas as ações positivas e negativas que recaem sobre o
meio ambiente. Com o turismo não poderia ser diferente, ainda mais quando
consideramos que o homem também é gerador de atrativos turísticos e culturais,
históricos, artísticos, arquitetônicos, técnico-científicos, religiosos etc.

Neste item, vamos conhecer os atores do turismo sustentável sob a


perspectiva de Swarbrooke (2000, p. vii-viii), que considera:

1. Que o turismo sustentável não é apenas proteção ao meio ambiente; ele


também está ligado à viabilidade econômica a longo prazo e à justiça social.
2. Iniciativas planejadas para alcançar o turismo sustentável trazem benefícios
a algumas pessoas e prejuízos a outras. É, portanto, um campo altamente
político, e não apenas tecnocrático.
3. O turismo sustentável não pode ser separado do debate mais amplo sobre
desenvolvimento sustentável em geral.

139
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

UNI

A abordagem sobre os atores do turismo sustentável apresentada neste item


é baseada em Swarbrooke (2000). Sugerimos a leitura desta obra para informações mais
detalhadas sobre o tema.

• O SETOR PÚBLICO

Setor público refere-se àqueles órgãos destinados a representar a


comunidade e o interesse público como um todo, e que supostamente agem
em nome da totalidade da população, gastando a renda obtida com impostos
para implementar políticas e projetos, em benefício de toda a população sobre
a qual a autoridade tem jurisdição.

O setor público deve desempenhar um papel de liderança na tentativa


de desenvolver formas de turismo mais sustentáveis porque, geralmente, tem
poder para representar toda a população, não apenas grupos ou indivíduos
interessados. É considerado imparcial, sem nenhuma ação comercial,
sem nenhum interesse a ser protegido e, por não estar limitado a objetivos
financeiros de curto prazo, é capaz de adotar uma visão de longo prazo.

Meios pelos quais o setor público influencia o turismo sustentável:

Legislação e regulamentação - Muitos governos nacionais têm


políticas relativas à sustentabilidade e ao turismo sustentável, porém poucos
deles produziram uma legislação que as tornem realidade, direcionando a
legislação para o controle e desenvolvimento da construção em geral e sobre
certas questões ambientais, como a poluição. Muitos órgãos públicos preferem
confiar na autorregulamentação da indústria do turismo, acreditando que seja
melhor educar o turista a comportar-se com maior responsabilidade.

Financiamento e incentivos fiscais - O setor público pode fornecer


concessões, empréstimos sem juros e outros incentivos fiscais para projetos
de turismo sustentável, arrecadar impostos incidentes sobre atividades
menos sustentáveis e introduzir impostos sobre o turismo que representem
uma quantia fixa a ser paga pelos turistas, como a taxa de visitação turística
praticada em várias localidades.

140
TÓPICO 3 | TURISMO E PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL

Planejamento de uso do solo - Em termos de turismo sustentável, a fase


de análise sobre o planejamento deve incluir uma avaliação do desenvolvimento
corrente, em termos de conflitos no uso do solo, da capacidade de infraestrutura
e transporte da área, das possíveis ameaças e oportunidades no futuro e dos
recursos da área e do setor público. A maior parte dos planos de uso do solo
baseia-se no conceito de zoneamento – em outras palavras, a alocação de áreas
específicas, com a finalidade de projetar usos separados que poderiam criar
conflito, caso existissem juntos numa mesma área.

Fornecimento de infraestrutura - Os órgãos do setor público são


os principais fornecedores e operadores da infraestrutura da indústria do
turismo, como as estradas, aeroportos e as estações de tratamento de esgoto.

Exemplo como ator atuante na indústria do turismo - O setor público


também pode dar um bom exemplo, valendo-se de seu papel de parte atuante
na indústria do turismo, em termos de atrações turísticas de propriedade
do Estado, como museus e edifícios históricos, linhas aéreas e ferrovias de
propriedade do Estado e o papel desempenhado pelos órgãos turísticos
nacionais e regionais. Pode desempenhar também um papel positivo,
designando áreas onde as paisagens e/ou comunidades sejam protegidas do
turismo e de outras ameaças potenciais, como unidades de conservação e áreas
de conservação de edifícios.

Padrões oficiais - Outro papel valioso do setor público é o estabelecimento


de padrões oficiais para sustentabilidade que permitam aos turistas identificar
os produtos mais propícios e sustentáveis do ponto de vista do meio ambiente.

Controle do governo sobre o número de turistas - Muitas localidades


gostariam de estar na posição de controlar a qualidade e a quantidade de
turistas que recebem, sendo que a maioria delas deseja um número moderado
de turistas com alto poder aquisitivo e uniformemente distribuído ao longo do
ano. No entanto, há poucas localidades em situação de controlar seu turismo
com esse alcance. De certa forma, isso pode aumentar o custo dos serviços,
favorecendo a exclusividade, elitismo e contrariando o conceito de igualdade
que deveria estar implícito no turismo sustentável.

O turismo tem poderosos interesses envolvidos, como as operadoras


de transporte e os hoteleiros, que tentam influenciar o processo político, que
podem se opor a medidas que tornem o turismo mais sustentável. Entretanto,
frequentemente as comunidades e os governos locais tomam decisões sobre
o turismo obedecendo a razões políticas ao invés de se basearem apenas nos
méritos da questão, sob o ponto de vista do turismo.
FONTE: Adaptado de: Swarbrooke (2000)

141
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

DICAS

Para saber mais sobre o papel do setor público no turismo sustentável, leia o
Capítulo 8 (Parte 3) de Swarbrooke (2000).

• A INDÚSTRIA DO TURISMO

O setor turístico deve ter um papel fundamental na tentativa de criar


formas mais sustentáveis para si. Frequentemente, a indústria turística é
criticada em relação ao turismo sustentável em termos de como ela desenvolve
os elementos físicos, tangíveis de seu produto, como novos hotéis e aeroportos
e como ela opera desde o consumo de energia até políticas, de padrões salariais
e condições de trabalho até exploração da vida selvagem.

Em termos gerais, a crítica focaliza as acusações de que a indústria


turística:

• está excessivamente interessada nos lucros a curto prazo e não na


sustentabilidade a longo prazo;
• está mais interessada em explorar o meio ambiente e as populações locais
que em conservá-las;
• é relativamente livre e demonstra pouco compromisso com determinadas
destinações;
• está cada vez mais controlada por grandes corporações transnacionais que
não se interessam por determinadas destinações;
• não está fazendo o suficiente para aumentar a percepção dos turistas em
prol da sustentabilidade;
• somente sobe no “palanque” do turismo sustentável, quando há perspectiva
de obter boa publicidade e de reduzir custos.

Porém já se observa em alguns setores turísticos algumas ações


voluntárias em direção ao turismo sustentável:

• No setor hoteleiro, a ação tendeu a focalizar o meio ambiente e as questões


operacionais que também podem ajudar a reduzir custos, como redução no
consumo de energia, reciclagem de lixo e controle do desperdício.
• As operadoras de viagens quanto às companhias aéreas em geral obedecem
a obrigações estatuárias de reduzir ao mínimo as poluições do ar e sonora, e
o desperdício de combustíveis.

142
TÓPICO 3 | TURISMO E PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL

O setor turístico tenta provar que pode regulamentar seu próprio


comportamento, através da autorregulamentação voluntária, sendo esta
preferível pelo setor à ação imposta. Algumas entidades levaram mais adiante
o conceito de autorregulamentação, projetando códigos de conduta voluntários
para a indústria como um todo, ou em setores específicos.

Outra questão interessante é o interesse do segmento turístico em


conscientizar os turistas sobre as questões ambientais e motivá-los a se
comportarem de modo mais sustentável nas suas férias. Porém, se ela for muito
crítica em relação aos impactos do turismo, poderá perder negócios, ou seja,
a meta agora é tentar diminuir os impactos negativos do comportamento dos
turistas, dando-lhes a oportunidade de sentir-se bem ao participarem destas
novas práticas.

Atitudes sustentáveis fazem sentido comercialmente por protegerem os


recursos ou ativos dos quais o turismo depende, não só hoje, como também no
futuro, e pode ajudar a melhorar o desempenho financeiro de uma organização
a curto prazo, reduzindo seus custos.

Ao mesmo tempo, observa Swarbrooke (2000, p. 57):

[...] existe uma visão, em algumas organizações, de que o turismo


sustentável possa realmente ajudá-las a conseguir uma vantagem
competitiva na praça ou fazê-las parecer mais éticas, simplesmente
por causa do maior preço que os turistas podem estar dispostos a
pagar por um produto mais sustentável.

Por fim, chama atenção o fato de que a globalização tem contribuído


para que os lugares estejam se tornando cada vez mais semelhantes devido a
este processo, e os turistas que querem visitar algo diferente poderão virar as
costas para os lugares onde esta tendência esteja mais acentuada. Portanto,
essas destinações poderão perder receitas e empregos, tornando-se menos
sustentáveis como comunidades.
FONTE: Adaptado de: Swarbrooke (2000)

DICAS

Para saber mais sobre o papel do segmento turístico no turismo sustentável, leia
o Capítulo 9 (Parte 3) de Swarbrooke, (2000).

143
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

• O SETOR VOLUNTÁRIO

No contexto turístico, o setor voluntário consiste em grupos de pressão


públicos, entidades profissionais, grupos de pressão e trustes voluntários -
grupos privados de cidadãos que se reúnem para atingir uma determinada
finalidade, sem que nenhum de seus indivíduos obtenha lucro de suas
atividades.

Os grupos de pressão, que operam independente da indústria do


turismo, podem ser classificados em:

• grupos especificamente enfocados em turismo, cujo alvo principal é o


turismo sustentável;
• grupos que focalizam o meio ambiente em geral, e que também se interessam
por turismo;
• grupos especialmente preocupados com os impactos sociais do turismo;
• organizações dedicadas a determinados países ou regiões do mundo,
interessados nas questões turísticas de cada país.

Os grupos de pressão ajudam o curso do turismo sustentável,


aumentando a conscientização sobre as questões e fazendo campanhas em
prol de mudanças. Geralmente são compostos por pessoas que moram fora da
destinação em questão e existem dúvidas acerca do direito destes de tentarem
influenciar o que acontece numa determinada área. Entretanto, o autor também
argumenta que, onde os povos locais têm pouco ou nenhum poder político,
essas influências externas podem ser muito importantes.

Além desses, existem ainda os grupos de pressão compostos por


representantes da indústria turística, como o World Travel and Tourism Council
(WTTC), que tem o apoio das principais companhias de turismo e exerce
pressão organizada em nome dos interesses da indústria do turismo.

Os trustes voluntários podem ter um papel positivo no desenvolvimento


de formas mais sustentáveis de turismo. Sua contribuição pode incluir:
• O fornecimento de mão de obra voluntária para ajudar em projetos de
conservação do meio ambiente.
• Conservação de locais valiosos de herança, desenvolvendo-os como atrações
para os turistas, utilizando a receita gerada para prosseguir seu trabalho de
conservação do meio ambiente local.
• Coleta de dinheiro para apoiar projetos locais de preservação ambiental.
FONTE: Adaptado de: Swarbrooke (2000)

144
TÓPICO 3 | TURISMO E PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL

DICAS

Para saber mais sobre o papel do setor voluntário no turismo sustentável, leia o
Capítulo 10 (Parte 3) de Swarbrooke (2000).

• A COMUNIDADE LOCAL

Uma das pedras fundamentais do turismo sustentável é a ideia de que


a comunidade local deve participar ativamente no planejamento do turismo e,
talvez, controlar a indústria do turismo local e suas atividades. No entanto, a
ideia de comunidade local é um conceito de difícil definição. Mais difícil ainda
é achar mecanismos efetivos para conseguir a participação da comunidade
como um todo, no processo de desenvolvimento do turismo, sugerindo que
a comunidade local seja composta de todas as pessoas que vivem numa
destinação turística.

Moralmente, a principal influência deva estar nas mãos daqueles que


nasceram e foram criados numa comunidade. Porém, em muitas comunidades,
geralmente, os críticos mais clamorosos do turismo podem estar entre aqueles
que se mudaram para a comunidade.

Há ainda pessoas que, embora não morem numa determinada área,


poderiam legitimamente afirmar que têm o direito de opinar sobre o que
acontece ali, como proprietários de áreas, donos de empresas locais, nativos
que moram em outras localidades.

Há uma ideia implícita no conceito de participação da comunidade de


que as populações locais tendam a ter um jogo de interesses compartilhados.
No entanto, dentro de qualquer comunidade, é provável que haja uma série
de grupos com interesses muito diferentes, que terão posições diversas sobre
a questão do turismo, como proprietários de empresas de turismo e outras,
empregados ou não da indústria turística etc.
FONTE: Adaptado de: Swarbrooke (2000)

DICAS

Em WWF Brasil (2003), você vai encontrar um manual para planejamento de


ecoturismo com base comunitária.

145
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

Nem sempre há um consenso de propósitos dentro de uma comunidade,


que geralmente pode estar dividida em:

• elites e o restante da população;


• residentes nativos e imigrantes;
• os que atuam na indústria do turismo e os que não atuam na mesma;
• proprietários e arrendadores de imóveis;
• pessoas mais jovens e pessoas mais idosas;
• empregadores e empregados ou os autônomos;
• os que possuem carros particulares e os que dependem do transporte
público;
• residentes que estão “bem de vida” e os menos prósperos;
• comunidades majoritárias e comunidades étnicas minoritárias.

Essas diferenças criam diferentes grupos de interesse e algumas delas


implicam um conflito interno, sendo que o consenso somente existirá como
um conceito imposto artificialmente, no qual há uma elite dominante que
pode impor sua vontade sobre os demais.
FONTE: Adaptado de: Swarbrooke (2000)

E
IMPORTANT

Os responsáveis pela elaboração dessas políticas precisam considerar


corretamente em que situações a comunidade pode envolver-se com turismo, e de que
forma isso se dará, de forma a evitar a geração de conflitos que descaracterizem a comunidade
local.

DICAS

Para saber mais sobre o papel da comunidade local no turismo sustentável, leia
o Capítulo 11 (Parte 3) de Swarbrooke (2000).

146
TÓPICO 3 | TURISMO E PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL

• A MÍDIA

A mídia tem um papel significativo tanto na formação do comportamento


dos turistas, quanto na criação de uma consciência sobre as questões relativas
ao turismo sustentável. A mídia relevante pode ser dividida em dois tipos:

• mídia de viagens, criada para influenciar ou aconselhar diretamente o


turista;
• mídia que não trata de viagens, mas que influencia ou aconselha
indiretamente o turista, pois esse não é seu propósito real.

A mídia de difusão de viagens pode prejudicar os princípios da


sustentabilidade quando criam no turista o desejo de visitar novos locais,
ampliando impactos negativos em novas localidades, promovendo destinações
com regimes políticos opressivos, e divulgando matérias pagas. Poucos
programas olham o turismo sob o ponto de vista da comunidade local e ainda
podem saturar um destino que tenha se tornado famoso por meio de guias de
viagens.

Por outro lado, a mídia que não trata especificamente de viagens pode
ter impactos negativos no turismo sustentável ao divulgar problemas políticos
e desastres naturais (que vão desmotivar viagens a estes destinos), programas
de vida selvagem que estimulem visitação a ecossistemas frágeis e estimular
turismo de massa em destinos divulgados em filmes ou livros de sucesso que
ainda não estão preparados para a atividade.

Desde o início da década de 1990, a mídia vem mostrando cada vez


mais interesse no conceito do turismo sustentável, porém a ênfase é colocada
no turista e no meio ambiente, não nas questões sociais e econômicas nem na
comunidade local.

Ao voltarmos nossa atenção aos guias turísticos tradicionais, podemos


observar que estes sempre apresentam a tendência de enfocar exclusivamente
as questões diretamente relacionadas com a própria experiência de férias do
turista, inclusive acomodação em hotéis, restaurantes e locais de interesse
cultural e paisagens naturais. Em todos os casos, invariavelmente, eles se
ocuparam das áreas que estavam tipicamente no “mapa do turista”.
FONTE: Adaptado de: Swarbrooke (2000)

147
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

FIGURA 52 – O GUIA 4 RODAS, DA EDITORA ABRIL, É O MAIS CONHECIDO E CONSULTADO


NO BRASIL

FONTE: <http://viajeaqui.abril.com.br/noticias/guia-quatro-rodas-brasil-2011-chega-bancas-
outubro-novidades-261454_comentarios.shtml?6978313> Acesso em: 10 ago. 2011.

É perceptível que nos últimos anos houve um crescimento de ‘guias


alternativos’, que diferem do guia tradicional especialmente por cobrirem a
maior parte de um país, não apenas os pontos turísticos estabelecidos estão
dispostos a elogiar e a criticar e chamam a atenção do turista para questões
éticas, como as políticas locais de preservação do meio ambiente ou os registros
de direitos humanos.

Outro aspecto interessante percebido é a influência exercida pelas locações


onde os filmes são rodados e onde são realizados programas populares de televisão,
atraindo o interesse das localidades em trazer empresas cinematográficas e de
televisão para a sua região. Isso pode levar a um aumento repentino de turistas,
sem tempo de preparação para oferecer os serviços que eles irão exigir.

Paralelo a isto, o sucesso dos programas de televisão sobre a vida


selvagem nos países desenvolvidos pode ter um papel importante no crescimento
do ecoturismo, sendo sugerido que esses programas, e quem os elabora, devem
reconhecer sua influência e responsabilidade ao divulgar ambientes frágeis.

Os turistas querem viagens de baixo custo, mas não aceitam os


problemas decorrentes dessas férias. Ele quer ficar isolado das realidades da
vida nessas destinações, o que é incompatível com a ideia de sustentabilidade.

Portanto, a mídia poderia desempenhar um papel fundamental


no desenvolvimento de formas mais sustentáveis de turismo, pois não há
dúvida de que a mídia de viagens, em especial, tem grande influência sobre o
comportamento dos turistas. É correto falar sobre a adoção, pela mídia, de uma
abordagem mais ética para sua cobertura das questões do turismo, ou seja, ela
deve desviar-se da indústria do turismo e do turista e mostrar mais interesse
pelos direitos da população local e na fragilidade dos ambientes visitados.
FONTE: Adaptado de: Swarbrooke (2000)

148
TÓPICO 3 | TURISMO E PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL

DICAS

Para saber mais sobre o papel da mídia no turismo sustentável, leia o Capítulo 12
(Parte 3) de Swarbrooke (2000).

• O TURISTA

Swarbrooke (2000, p. 89) observa que:

geralmente, a única menção ao turista na literatura do turismo


sustentável é a de ser a causa do “problema”, em termos de impactos
ambientais, econômicos e sociais de suas atividades, um intruso
indesejável e não um hóspede convidado que gasta o dinheiro de seu
trabalho para visitar uma localidade.

Para desenvolver formas mais sustentáveis de turismo, deve-se colocar


mais ênfase no papel do turista e adotar uma atitude mais imparcial em relação
a ele, oferecendo experiências que possibilitem uma sensação de “bem-estar”,
que reflitam as tendências dos valores sociais e preferências do consumidor
e que, ao mesmo tempo, aumentem os benefícios ao máximo e reduzam os
custos do turismo.
FONTE: Adaptado de: Swarbrooke (2000)

FIGURA 53 – O LIXO É UM DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS CAUSADOS PELO TURISMO MAL


PLANEJADO, IMPACTANDO O AMBIENTE E PRINCIPALMENTE A FAUNA LOCAL

FONTE: <http://www.essaseoutras.com.br/o-risco-que-o-lixo-no-mar-oferece-aos-animais-
poluicao-morte-fotos>. Acesso em: 10 ago. 2011.

149
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

As responsabilidades que os turistas poderiam ter podem ser divididas


em dois grupos:

• responsabilidades básicas, que devemos esperar de qualquer residente de


outro país, por mais temporário que seja;
• responsabilidades mais controversas, especificamente relativas ao turismo
sustentável.

Além das responsabilidades, dentro do conceito de sustentabilidade,


particularmente em relação à sua ideia implícita de equidade e justiça social,
entende-se que os turistas também devam ter um conjunto de direitos. Para o
autor, esses direitos implicam responsabilidades para com o turista, por parte
da comunidade local, dos órgãos do governo e da indústria turística.

Muitos turistas encaram suas férias como uma fuga das


responsabilidades do dia a dia, uma época de despreocupação, o que pode
transformá-las em uma antítese da ideia de turismo responsável.
FONTE: Adaptado de: Swarbrooke (2000)

DICAS

Em ABETA (2010), você vai encontrar informações interessantes sobre o desejo


do turista que busca ambientes naturais durante seus momentos de lazer.

Talvez tudo o que possamos fazer seja aumentarmos a conscientização


do turista sobre as questões ambientais, deixando que decidam por eles
mesmos o que devem fazer em relação ao turismo sustentável, em termos de
seu comportamento como turistas, e envolver-se com grupos de pressão e com
processos turísticos.
FONTE: Adaptado de: Swarbrooke (2000)

ATENCAO

Lembre-se de que, em um mercado relativamente livre, aberto, competitivo


como o do turismo, temos que satisfazer o turista porque, caso contrário, nenhuma empresa
sem destinação será sustentável.

150
TÓPICO 3 | TURISMO E PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL

Então, o desenvolvimento de formas mais sustentáveis de turismo


significa criar novos produtos e conhecimentos que intensifiquem a experiência
do turista e, ao mesmo tempo, cumpram os critérios de sustentabilidade.
FONTE: Adaptado de: Swarbrooke (2000)

DICAS

Para saber mais sobre o papel do turista no turismo sustentável, leia o Capítulo
13 (Parte 3) de Swarbrooke (2000).

151
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos que:

• O turismo sustentável tem dimensões políticas e culturais, remetendo a uma


preocupação com o presente e o futuro das sociedades locais.

• O planejamento é importante para qualquer atividade econômica, visto que


orienta a destinação de recursos e investimentos.

• O planejamento da atividade turística constitui uma tarefa bastante complexa,


pois envolve aspectos relativos à ocupação territorial, economia, sociologia e à
cultura dos núcleos receptores, bem como às características dos locais emissores
e à consequente heterogeneidade dos turistas.

• Os objetivos do planejamento turístico podem envolver localidades, regiões,


países e até continentes, e envolvem tanto órgãos públicos e empresas privadas
desse ramo de atividade, como também fatores influenciadores em todos os
níveis.

• Linhas de ação que devem acompanhar o desenrolar das atividades implantadas


no local: das decisões, de planejamento e de recursos financeiros e técnicos.

• O plano de desenvolvimento turístico é entendido como o conjunto de


medidas, tarefas e atividades por meio das quais se pretende atingir as metas,
o detalhamento e os requisitos necessários para o aproveitamento de áreas com
potencialidade turística.

• Para que o levantamento de dados, que fundamenta um processo de


planejamento turístico, possa ser realizado adequadamente, é preciso que se
tenha a visão mais abrangente possível e com grande profundidade do fato e
do fenômeno turístico.

• O planejamento permite projetar ações futuras com segurança, conquistando


confiança e participação da comunidade que, obviamente, deverá ser inserida
neste contexto, conforme veremos no item seguinte.

• O ser humano é o responsável por todas as ações positivas e negativas que


recaem sobre o meio ambiente.

• O setor público refere-se àqueles órgãos destinados a representar a comunidade


e o interesse público como um todo, e que supostamente agem em nome
da totalidade da população, gastando a renda obtida com impostos para
implementar políticas e projetos, em benefício de toda a população sobre a
qual a autoridade tem jurisdição.
152
• A indústria do turismo tem um papel fundamental na tentativa de criar formas
mais sustentáveis de turismo.

• Atitudes sustentáveis fazem sentido comercialmente por protegerem os


recursos ou ativos dos quais o turismo depende, não só hoje, como também no
futuro, e pode ajudar a melhorar o desempenho financeiro de uma organização
a curto prazo, reduzindo seus custos.

• O setor voluntário consiste em grupos de pressão públicos, entidades


profissionais, grupos de pressão e trustes voluntários - grupos privados de
cidadãos que se reúnem para atingir uma determinada finalidade, sem que
nenhum de seus indivíduos obtenha lucro de suas atividades.

• Uma das pedras fundamentais do turismo sustentável é a ideia de que a


comunidade local deve participar ativamente no planejamento do turismo e,
talvez, controlar a indústria do turismo local e suas atividades.

• O desafio é achar mecanismos efetivos para conseguir a participação da


comunidade como um todo, no processo de desenvolvimento do turismo,
sugerindo que a comunidade local seja composta de todas as pessoas que
vivem numa destinação turística.

• A mídia tem um papel significativo tanto na formação do comportamento dos


turistas, quanto na criação de uma consciência sobre as questões relativas ao
turismo sustentável devendo contribuir para o desenvolvimento de formas
mais sustentáveis de turismo.

• Geralmente, a única menção ao turista na literatura do turismo sustentável é a


de ser a causa do “problema”, em termos de impactos ambientais, econômicos e
sociais de suas atividades, um intruso indesejável e não um hóspede convidado
que gasta o dinheiro de seu trabalho para visitar uma localidade.

• Para desenvolver formas mais sustentáveis de turismo, deve-se colocar mais


ênfase no papel do turista e adotar uma atitude mais imparcial em relação a
ele, oferecendo experiências que possibilitem uma sensação de “bem-estar”,
que reflitam as tendências dos valores sociais e preferências do consumidor
e que, ao mesmo tempo, aumentem os benefícios ao máximo e reduzam os
custos do turismo.

153
AUTOATIVIDADE

1 Identifique os principais atores do turismo sustentável em sua comunidade


e tente imaginar como eles poderiam interagir em prol do desenvolvimento
turístico local.

2 Segundo Barreto (2001), o planejamento de turismo pode dividir-se em


vários níveis, obedecendo a um critério de complexidade crescente. Assinale
a alternativa que não contenha um nível correto:

a) Planejamento de primeiro nível – eventos, excursões, viagens.


b) Planejamento de segundo nível – transformação de cidades em núcleos
turísticos, ativação de núcleos turísticos preexistentes, criação de complexos
ou cidades turísticas (construção de equipamentos turísticos).
c) Planejamento de terceiro nível – políticas nacionais para incentivar a
atividade turística no país e organizá-la, abrangendo os outros dois níveis.
d) Planejamento de quarto nível – políticas internacionais para estabilizar a
atividade turística no mundo e organizá-la.

3 Assinale a alternativa que não contenha uma etapa para a elaboração de


planos turísticos:

a) Identificação clara do problema, definindo a meta final e os objetivos.


b) Análise e avaliação da oferta e da demanda, da imagem e da vocação
turística da destinação.
c) Diagnóstico da economia local.
d) Diretrizes básicas para o desenvolvimento ou recuperação do turismo.

4 Swarbrooke (2000), considera atores do turismo sustentável, exceto:

a) Que o turismo sustentável não é apenas proteção ao meio ambiente; ele


também está ligado à viabilidade econômica a longo prazo e à justiça social.
b) Iniciativas planejadas para alcançar o turismo sustentável trazem benefícios
a algumas pessoas e prejuízos a outras. É, portanto, um campo altamente
político, e não apenas tecnocrático.
c) O turismo sustentável não pode ser separado do debate mais amplo sobre
desenvolvimento sustentável em geral.
d) Turismo sustentável considera unicamente a sustentabilidade econômica.

154
5 Classifique as seguintes sentenças em V verdadeiras ou F falsas:

( ) Para desenvolver formas mais sustentáveis de turismo, deve-se colocar


mais ênfase no papel do turista e adotar uma atitude mais imparcial em
relação a ele, oferecendo experiências que possibilitem uma sensação de
bem-estar, que reflitam as tendências dos valores sociais e preferências do
consumidor e que, ao mesmo tempo, aumentem os benefícios ao máximo
e reduzam os custos do turismo.
( ) O setor voluntário consiste em grupos de pressão públicos, entidades
profissionais, grupos de pressão e trustes voluntários - grupos privados de
cidadãos que se reúnem para atingir uma determinada finalidade, sem que
nenhum de seus indivíduos obtenha lucro de suas atividades.
( ) Uma das pedras fundamentais do turismo sustentável é a ideia de que a
comunidade local deve participar ativamente no planejamento do turismo
e, talvez, controlar a indústria do turismo local e suas atividades.
( ) O desafio é achar mecanismos efetivos para conseguir a participação da
comunidade como um todo, no processo de desenvolvimento do turismo,
sugerindo que a comunidade local seja composta de todas as pessoas que
vivem numa destinação turística.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - V - V - V.
b) ( ) F - F - F - F.
c) ( ) V - F - V - F.
d) ( ) F - V - F - V.

6 Considerando o turismo sustentável, de que maneira a comunidade local


deve participar no planejamento do turismo?

a) Moderadamente.
b) Ativamente.
c) Participa apenas como mão de obra.
d) Não deve participar.

155
156
UNIDADE 2
TÓPICO 4

CAPACIDADE DE CARGA NO TURISMO

1 INTRODUÇÃO
Como vimos nos tópicos anteriores, o desenvolvimento econômico do
turismo pode ser viável em muitas localidades, sendo o objetivo da maioria dos
planos em níveis local, regional e nacional, no entanto, seus impactos ambientais e
sociais são virtualmente inevitáveis. Toda a atividade humana causa um impacto no
ambiente, e, portanto, é necessário adotar medidas capazes de atenuar tal impacto.

O desenvolvimento rápido e descontrolado do turismo em localidades


com recursos naturais de excepcional beleza, muitas vezes únicos, provoca
excesso de demanda e superdimensionamento da oferta, que descaracterizam
a paisagem e fazem a destinação perder as características que deram origem a
atratividades. (RUSCHMANN, 2006). Segundo Ruschmann (2006, p. 117):

Por isso, torna-se necessário empreender planos de desenvolvimento


do turismo que estabeleçam a capacidade de carga das destinações,
considerando o equilíbrio entre os efeitos econômicos, sociais e
culturais e o equilíbrio dos recursos naturais da atividade. Além disso,
é preciso considerar também a qualidade da experiência de férias dos
turistas, que geralmente depende da quantidade de outros turistas na
mesma localidade e dos equipamentos receptivos disponíveis.

Assim, quando pretendemos criar ou implantar novo um empreendimento


turístico, Ruschmann (2002, p. 113) considera que:

O planejamento das facilidades e equipamentos a serem implantados


nos espaços naturais requer não apenas estudos que avaliem todos os
aspectos da demanda atual e futura, como também o estabelecimento
de parâmetros de ocupação, baseados na determinação dos limites da
capacidade de utilização desses espaços e de seus recursos.

Estamos na era do conhecimento, e o avanço tecnológico tem


proporcionado a criação de mecanismos que contribuem para intervenções
menos impactantes no ambiente, que são, em alguns momentos, negligenciadas
em função dos custos de implantação ou manutenção, ou, até mesmo, por
falha do sistema, quando as agências reguladoras não realizam a fiscalização
necessária. Assim, o grau de intervenção e o impacto que estas ações vão causar
é questão de escolha dos empreendedores, muitas vezes pensada apenas sob
a perspectiva econômica.
FONTE: Justino (2010)

157
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

É importante que, em cada intervenção, se verifiquem os cuidados


necessários, bem como as formas de compensação para danos inevitáveis.
Também é preciso adotar o conceito de capacidade de carga para o planejamento
do turismo, considerando que se trata de uma noção que reconhece que tanto os
recursos naturais como os construídos pelo homem têm um limite para absorver
visitantes; esse limite, quando ultrapassado, provoca sua deterioração.

Assim, neste tópico vamos entender o que é Capacidade de Carga


Turística e como esta pode ser calculada para diminuir os impactos ambientais
nos ambientes visitados. Este é um fator fundamental quando pensamos em
sustentabilidade do turismo, visto que, ao descaracterizar ou mesmo destruirmos
definitivamente um atrativo, estaremos “matando a galinha dos ovos de ouro”.

2 CONCEITUAÇÃO E UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE DE


CARGA
A capacidade de suportar o crescimento populacional de uma região
sem deterioração ambiental é um método aceito para o estabelecimento dos
limites de visitação de uma área e identificação da utilização dos recursos
turísticos. Este estudo deve:

• Fornecer diretrizes para a implementação de estratégias de ecoturismo.


• Sugerir diretrizes que sejam aplicáveis em nível regional, de comunidade e
áreas.
• Influenciar a relação entre os limites dessa capacidade e as projeções de
mercado.
• Fornecer diretrizes para áreas não desenvolvidas, assim como aquelas áreas
que já recebem turistas.
FONTE: Moraes (2000)

Ruschmann (2006, p. 116) adota o seguinte conceito para Capacidade de


Carga Turística:

número máximo de visitantes (por dia/mês/ano) que uma área pode


suportar, antes que ocorram alterações nos meios físico e social. [...]
Essa capacidade, porém, depende do tipo e do tamanho da área,
do solo, da topografia, dos hábitos das pessoas e da vida selvagem
(animais), bem como do número e da qualidade dos equipamentos
instalados para atender aos turistas. Quanto maior o desenvolvimento
turístico das atrações, maior a probabilidade de elas ultrapassarem
sua capacidade de carga. Entretanto, não existe um limite claramente
definido para ela, uma vez que a capacidade de um atrativo, de uma
área ou de um local depende de elementos culturais e naturais, que
variam tanto espacial como temporalmente.

158
TÓPICO 4 | CAPACIDADE DE CARGA NO TURISMO

Van Houts (1991 apud RUSCHMANN, 2006, p. 117) chama atenção para
os diversos impactos negativos que a ultrapassagem da capacidade de carga
pode provocar no ambiente físico, nas atitudes psicológicas dos turistas, no nível
de aceitação social da comunidade receptora e na economia das localidades.

Os limites físicos envolvem: a capacidade máxima de pessoas em


determinada área e a deterioração que seu excesso provoca no meio
natural da destinação, assim como nos recursos turísticos construídos
pelo homem. A saturação psicológica se manifesta pelo desconforto
que os turistas passam a sentir com o excesso de outros visitantes na
mesma área ou no mesmo recurso. Quando esse limite é ultrapassado,
os turistas começam a procurar outros locais para suas férias ou
atividades recreativas. Trata-se do componente comportamental, que
reflete a qualidade da experiência turística.

Ruschmann (2006, p. 117) complementa observando que “a capacidade de


carga social da comunidade receptora estará ultrapassada quando os moradores
da localidade já não aceitarem os turistas e passarem a hostilizá-los”.

Considerando que a visão moderna do turismo ambiental não separa a


natureza do homem, mas tenta estimular sua integração harmoniosa a fim de
prover a experiência turística aos cidadãos, protegendo os recursos naturais,
as necessidades de espaço de que as pessoas necessitam mudam de acordo
com as atividades turísticas e recreacionais praticadas e o local onde ocorrem.

Assim, a determinação da capacidade de carga não pode ser utilizada


como um limite absoluto para o uso ou a visitação e áreas turísticas. Trata-
se, porém, de um instrumento indispensável para identificar situações críticas
que necessitam de cuidados e medidas especiais para saná-las, para prevenir
problemas a partir da aplicação de controles prévios e para promover o
desenvolvimento sustentável do turismo. Deste modo, vamos conhecer alguns
métodos para determinação da capacidade de carga no próximo capítulo.
FONTE: Adaptado de: Ruschmann (2006).

3 DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA TURÍSTICA


Operacionalizar a determinação da capacidade de carga das destinações
turísticas (e recreativas) é uma tarefa muito complexa, pois resulta de um grande
número de componentes que determinam a sua qualidade. Segundo Ruschmann
(2006, p. 118):

É preciso determinar a tipologia da frequência e as modalidades da


intervenção sobre o espaço (semanal, sazonal ou permanente) e do
tipo de lazeres praticados (passeios, turismo educativo, esportivo,
familiar, jovem etc.). Dependerá, também, do comportamento dos
indivíduos, muitas vezes irracional e condicionado, com maior ou
menor intensidade, ao seu ambiente cultural. Encontram-se também

159
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

dificuldades na determinação da quantidade ideal de turistas e na sua


distribuição no tempo e no espaço, dos meios disponíveis para conter os
excessos, e na escolha de modelos de desenvolvimento a implantar etc.

Como os impactos ambientais advindos da atividade turística são inevitáveis,


Justino (2011) atribui alguns parâmetros para valoração destes impactos (quadro a
seguir). Estes elementos são absolutamente necessários para definir medidas de
redução e de compensação dos impactos da intervenção humana.

QUADRO 11 – CONCEITUAÇÃO DOS ATRIBUTOS E DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE


VALORAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

Atributos Parâmetros de valoração


Caráter: expressa a alteração ou modificação gerada Benéfico: quando for positivo.
por uma ação. Adverso: quando for negativo.
Magnitude: extensão do impacto num dado componente Pequena, média, grande.
do fator ambiental afetado.
Importância: o quanto cada impacto é relevante na sua Não significativa, moderada,
relação de interferência com o meio ambiente ou quando significativa.
comparado com outros impactos.
Duração: tempo de permanência do impacto depois da Curta, média, longa.
ação que o gerou.
Ordem: relação entre a ação e o impacto. Direta, indireta.
Reversibilidade: delimita a possibilidade de retorno Reversível, irreversível.
ou não ao estado original com o fim de determinada
intervenção ambiental.
Temporalidade: interinidade da intervenção ambiental. Temporário, cíclico, permanente.
Escala: grandeza do impacto com relação à área de Local, regional.
abrangência.

FONTE: Justino (2011)

Cabe observar que a percepção do resultado destes impactos nem


sempre é compartilhada, em sua magnitude, pelos atores envolvidos no
processo. Por exemplo, enquanto os moradores de uma localidade acham
que o número de turistas é excessivo, os economistas preveem um número
muito maior de visitantes para viabilizar financeiramente os equipamentos e
a infraestrutura básica instalada. Assim, se conceitualmente se deve calcular
o número de turistas em determinada área, é recomendada a consideração
das seguintes variáveis, para que não haja desvios muito acentuados na
delimitação de sua capacidade de carga:

• Duração da estada dos visitantes.


• Dispersão ou distribuição dos turistas dentro da área.
• Características do local visitado.
• Características dos turistas.
• Época do ano em que ocorre a visita.
FONTE: Haywood (1991 apud RUSCHMANN, 2006)

160
TÓPICO 4 | CAPACIDADE DE CARGA NO TURISMO

Nesse sentido, as legislações municipais, estaduais e federais fornecem o


suporte legal para ações que impeçam a entrada ou o acesso de visitantes além
do número previamente determinado como suportável para a área ou localidade,
e também para a restrição da construção de equipamentos turísticos ou de casas
de veraneio.

Os estudos relacionados com a determinação da capacidade de carga


em espaços turísticos têm se concentrado mais nas áreas litorâneas, em virtude
do fluxo crescente de turistas nas praias e os consequentes impactos que sua
presença e os equipamentos construídos para atendê-los causam ao meio
ambiente.
FONTE: Ruschmann (2006)

Bound Bovy e Lawson (1977 apud RUSCHAMANN, 2006, p. 121)


determinam os padrões médios para a ocupação de praias, aplicáveis a seus
diversos tipos, e de equipamentos instalados:

Consideram a largura da praia como sendo de 50 metros, maior do


que a faixa de areia, pois inclui vegetação, áreas verdes, quiosques e
terraços utilizados pelos visitantes. Além do número ideal de pessoas
para os diversos tipos de praias, determinaram também a quantidade
de pessoas nas praias de resorts, definindo-os como os equipamentos
instalados para a estada de turistas, oferecendo-lhes facilidades
múltiplas: – alojamento, lazer, locação de iates e veleiros, esportes etc.
– supondo que, geralmente, de 40 a 70% dos hóspedes estão na praia
ao mesmo tempo.

DICAS

No link <http://revistas.univerciencia.org/turismo/index.php/rbtur/article/
viewFile/102/101> você vai encontrar um exemplo de estudo de capacidade de carga em
ambiente litorâneo.

161
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

Nos parques nacionais e nas diversas áreas florestais consideram-se


outros fatores que influenciam a sua visitação pelos turistas: o clima, a altitude
e sua localização nas diferentes latitudes do planeta, que podem dificultar seu
acesso no inverno, por causa da neve e de seus riscos, ou estimular a frequência
nos esportes típico da estação, que também devem ter controlado o número
de praticantes. Richez (1992 apud RUSCHMANN, 2006, p. 123) cita quatro
dimensões que devem ser consideradas para definir a capacidade de carga do
que chama de “espaços-parques”:

• A capacidade de carga ecológica – trata-se do limite biológico e físico de


qualquer espaço aberto às atividades recreativas. Sua determinação depende
dos elementos que constituem os diversos espaços e ou ecossistemas e
suas inter-relações e envolvem a utilização de conhecimentos de uma
série de disciplinas relacionadas com a geologia, climatologia, hidrologia,
geomorfologia, botânica, zoologia, ecologia etc.
• A capacidade de cargas social e psicológica – trata-se do nível de impacto
humano que, se ultrapassado, ocasiona a deterioração da qualidade da
experiência do repouso ao ar livre (RICHEZ, 2002 apud RUSCHMANN,
2006). Para sua determinação será preciso considerar que as pessoas que
visitam os parques nacionais e outras áreas florestais têm atividades,
expectativas e percepções diferentes de um mesmo ecossistema ou espaço
natural, e que estas dependem de seu nível cultural, de suas características
sociais, de suas motivações conscientes ou inconscientes, do número de
pessoas que participam da visita etc.
• Os equipamentos instalados na área – trata-se aqui de estabelecer o número
ideal e o tipo de equipamento adequado para atender às necessidades
e expectativas dos visitantes. Se a política do órgão responsável está
direcionada para proporcionar oportunidades de lazer diversificado aos
visitantes e para as comunidades vizinhas, os equipamentos deverão
obedecer a critérios, regulamentos e padrões arquitetônicos específicos, e
deverão ser submetidos a controles rigorosos e frequentes.
• A compatibilidade entre os diversos usos do espaço natural – a
diversificação das atividades que podem ser praticadas dentro dos parques
nacionais e das áreas florestais é muito ampla e, se algumas necessitam de
equipamentos simples que não agridem o meio natural, tais como mirantes
ou trilhas ecológicas, outras já provocam danos tanto à paisagem como aos
ecossistemas, como, por exemplo, os teleféricos, restaurantes “panorâmicos”
etc.
FONTE: Ruschmann (2006)

162
TÓPICO 4 | CAPACIDADE DE CARGA NO TURISMO

DICAS

No link <http://www.physis.org.br/ecouc/Artigos/Artigo4.pdf>, você vai


encontrar um exemplo de estudo de capacidade de carga em trilhas dentro de uma Unidade
de Conservação.

Talvez as unidades de conservação sejam os locais onde mais se


encontram trabalhos relativos a estudos de capacidade de carga, visto que esta é
uma condicionante dos Planos de Manejo exigido para tais áreas (ver Tópico 2 da
Unidade 3). Porém, muitas regiões turísticas já manejam seus atrativos de acordo
com estes estudos, como é o caso do município de Bonito/MS.

DICAS

Para ter acesso a outros estudos sobre capacidade de carga, consulte os


Anais dos Congressos de Unidades de Conservação no link <http://www.redeprouc.org.br/
produtos.asp>.

Cabe lembrar que os estudos de capacidade de carga não se aplicam


apenas a atrativos naturais. Regiões com atrativos histórico-culturais também
necessitam destes parâmetros, especialmente, quando se trata de patrimônio
frágil. Neste caso, os métodos utilizados são diferenciados.

DICAS

Para conhecer um estudo de capacidade de carga de atrativo histórico-


cultural, acesse o link <http://www.cet.unb.br/portal/attachments/1207_An%C3%A1lise%20
Econ%C3%B4mica.PDF>.

163
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

LEITURA COMPLEMENTAR

PRESERVAÇÃO DOS PONTOS DE ATRAÇÃO TURÍSTICA


ATRAVÉS DA METODOLOGIA DO CÁLCULO DE CARGA

João Eduardo Di Pietro Filho


João Eduardo Di Pietro

Resumo

Este trabalho tem como objetivo principal avaliar e melhorar a


distribuição dos turistas no tempo e no espaço, proporcionando estadas mais
longas, reduzindo o impacto ambiental e fazendo com que o visitante estimule o
orgulho e o sentimento de propriedade com as comunidades locais, enriquecendo
sua experiência. Com isso aumenta-se a possibilidade deste turista retornar,
promovendo uma maior consciência ecológica na população local e fazendo com
que o visitante compreenda a importância da preservação da natureza.

Palavras-chave: Capacidade de carga; desenvolvimento sustentável;


turismo.

1. Introdução

A determinação da Capacidade de Carga foi aplicada primeiramente na


pecuária, visando saber se as pastagens eram suficientes para que o gado tivesse
uma boa alimentação, e os pastos cresciam para alimentar o ciclo seguinte. Já nos
anos 50, nos EUA, verificou-se uma grande demanda por áreas de conservação.
Naquele momento, considerava-se apenas o visitante que o local poderia receber,
mas nas décadas seguintes a preocupação com o desenvolvimento exagerado do
turismo chegou a preocupar, e é até hoje amplamente divulgada pela mídia.

A revista National Geographic citava que Acapulco seria destruída pelo


próprio turismo. Nesse período, as praias do Mediterrâneo recebiam um enorme
número de turistas e, nessa mesma época, ocorreu o apogeu da caça predatória
na África.

Nos anos 80 e 90, houve uma revisão dos conceitos existentes, surgindo
assim metodologias de controle de visitantes.

O princípio de capacidade de carga turística, que se refere ao conjunto de


métodos e procedimentos criados para discutir as questões referentes à demanda
turística e sua inserção sobre os recursos turísticos tornou-se, assim, importante.

A metodologia Carrying Capacity (Capacidade de Carga) é apenas uma


das propostas no campo da avaliação, monitoramento e manejo de visitantes.

164
TÓPICO 4 | CAPACIDADE DE CARGA NO TURISMO

O manejo de visitantes, independentemente da metodologia empregada


pelo planejador, é um instrumento do turismo moderno e sustentável e que tem
como objetivos:

- Com relação ao turista:


Enriquecer a experiência.
Aumentar a possibilidade de retorno.
Estimular gastos mais elevados.
Promover e fazer o visitante compreender a importância da conservação
da natureza.

- Com relação ao local de destino:


Distribuir melhor os turistas no tempo e no espaço.
Estimular estadas mais longas.
Reduzir o impacto ambiental.
Estimular o orgulho e o sentimento de propriedade com a comunidade
local.

2. Capacidade de Carga

O conceito de Capacidade de Carga é entendido como o equilíbrio entre


as atividades econômicas em relação à área ou região e à ocupação humana ou
ao nível de exploração que os recursos naturais podem suportar, assegurando
a satisfação dos visitantes e o mínimo efeito sobre o meio ambiente. Estes são
conceitos que pressupõem a conservação e não a proteção. São estabelecidos
limites para o desenvolvimento de uma atividade turística equilibrada.
(LIMDBERG, 2001).

Ruchsmann (1997) entende a capacidade de carga de um recurso turístico


como o número máximo de visitantes que uma área pode suportar, antes que
ocorram alterações nos meios físico e social.

Cerro (1993) conceitua capacidade de carga pela saturação do equipamento


turístico, degradação do meio ambiente e pela diminuição da qualidade da
experiência turística.

Boullón (1994) define a Capacidade de Carga em: capacidade material,


capacidade psicológica e capacidade ecológica.

A capacidade material refere-se às condições da superfície da água ou da


terra; a capacidade psicológica refere-se ao número de visitantes simultâneos que
uma área pode acolher de modo satisfatório; a capacidade ecológica é medida
pela quantidade de dias por ano, pelo número de visitantes simultâneos e pela
rotatividade diária que uma área pode absorver, sem que se altere o seu equilíbrio
ecológico.

165
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

A medição da capacidade ecológica de uma área indicada para o


aproveitamento turístico requer estudo de profissionais especializados, a fim de
garantir a diluição de impactos ambientais decorrentes da exploração. Segundo
Boullón (1994), mesmo abandonando a defesa da ecologia, deve haver controle
no número máximo de pessoas que possam ocupar um espaço simultaneamente.

É necessário ter presente que as vertentes ecológica e social do ambiente


constituem os principais ativos do setor turístico regional, e que, se os limites
de sustentabilidade forem ignorados, as atividades turísticas poderão estar
comprometidas, e o próprio destino seriamente desvalorizado.

O conhecimento e respeito pelos limiares de utilização, em termos de


capacidade de carga dos recursos e das infraestruturas, é condição fundamental
para a manutenção das condições propícias às atividades turísticas. Nesta
perspectiva, o Plano de Ordenamento Turístico (POT) e os Planos de Ordenamento
da Orla Costeira (POOC), em elaboração, deverão constituir instrumentos
importantes para equacionar os problemas antevistos com o crescimento da
oferta turística na região e apontar soluções.

Assim, é fundamental implementar uma política de desenvolvimento


turístico que minimize o turismo de "massas" e a consequente degradação do
destino, definindo os destinos "das praias" e “as trilhas”, em conformidade com
as exigências de um desenvolvimento sustentável, melhorando a qualidade do
produto turístico regional e a sua competitividade.

Como já foi citado anteriormente, todo e qualquer espaço relacionado ao


desenvolvimento do turismo deve ser conciliado à proteção do meio ambiente,
pois a questão “natureza” é fonte principal do produto turístico. Por isso, o tema
altamente discutido nos meios acadêmicos é a sustentabilidade.

Esta discussão não condiz somente ao meio ambiente natural, mas a todos
aqueles fatores que de certa forma possam alterar seu estado natural, em primeira
instância; a sustentabilidade se relaciona muito com o respeito por aquilo que se
usufrui, e depende da preservação da viabilidade de seus recursos de base, e do
equilíbrio entre os interesses econômicos que o turismo estimula. Em suma, o
desenvolvimento sustentável deve ter alta prioridade no planejamento para que
gerações futuras possam aproveitar o mesmo recurso que o turismo proporcionou
tempos atrás.

O planejamento turístico deve também, ser conciliado a segmentos afins


do meio, e deve trabalhar de forma integrada com o poder público e população
autóctone, para que obtenha o resultado pretendido.

Segundo Beni (1987), esta integração também considera os conjuntos de


relações ambientais que envolvem os subsistemas ecológico, social, econômico
e cultural; a organização estrutural da comunidade e as ações operacionais que
envolvem o mercado, bem como a oferta e a demanda, optando sempre pelo
melhor modo de distribuição.
166
TÓPICO 4 | CAPACIDADE DE CARGA NO TURISMO

O planejamento turístico deve, da mesma forma, considerar as características


e singularidades regionais, a fim de adotar medidas apropriadas a cada caso. No
turismo, o plano de desenvolvimento constitui o instrumento fundamental na
determinação e seleção das prioridades para a evolução harmoniosa da atividade,
determinando suas dimensões ideais, para que, a partir daí, possa-se estimular,
regular ou restringir, sua evolução, levando em consideração também o ciclo de
vida da destinação em estudo e o perfil psicográfico do turista que se pretende
atingir.

No entanto, sua maior importância está relacionada à aceitação e


participação da comunidade, que deverá buscar o turismo não somente como
fonte de renda temporária, como acontece em muitas cidades litorâneas desse
nosso país, mas tornar a atividade um novo conceito de economia, cultura, lazer
e progresso. Deve ser bom e duradouro, trabalhar com ética e responsabilidade,
buscar profissionais capacitados, e inserir o planejamento em todos os setores da
atividade. “O turismo somente será bom para o município se antes for bom para
a comunidade”. (BENI, 2001).

3. Metodologia

A proposta mais difundida é a da Capacidade de Carga de Miguel


Cifuentes. Este procedimento foi aplicado em 1984, no Parque Nacional de
Galápagos, no Equador, como parte da revisão do Plano de Manejo do Parque.
Em 1990, o procedimento metodológico foi revisado na Reserva Biológica Carara,
na Costa Rica, e deu origem ao clássico manual “Determinación de La Capacidade
de Carga Turística em áreas protegidas”, de 1992, e é hoje a referência para a
aplicação da metodologia em atrativos naturais, podendo ser adaptada para
qualquer atrativo, seja ele protegido por lei ou não.

Este manual indica que a metodologia aplicada é a mais fácil, compreensível


e útil para a determinação da Capacidade de Carga Turística, considerando que os
atrativos mais belos do mundo estão localizados nos países em desenvolvimento,
e que nestes locais há falta de pessoal qualificado e falta de tecnologia para
estudos mais complexos.

O autor ressalta que a Capacidade de Carga Turística não tem um fim


em si mesma, e não é a solução dos problemas de visitação a uma unidade de
conservação. É uma ferramenta de planejamento que sustenta e requer decisões
de manejo.

Este cálculo deve se basear nos objetivos da unidade de conservação,


quando for o caso, e na legislação local em vigor, e cada um dos locais deve ter
sua própria Capacidade de Carga Turística calculada.

167
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

4. Cálculo de Capacidade de Carga Turística

No cálculo da Capacidade de Carga Turística, deve-se considerar, caso


existam, as “variáveis críticas”, isto é, que possam restringir significativamente
o potencial de uso da área. Escassez de água, inexistência de pontos de apoio,
precariedade do serviço de salvamento, falta de estacionamento e outras variáveis
semelhantes devem ser avaliadas.

A Capacidade de Carga em si é definida em três níveis:

- Capacidade de Carga Física (CCF) que é uma relação simples entre espaço e
necessidade de espaço por pessoa.
- Capacidade de Carga Real (CCR), em que a CCF é submetida a Fatores de
Correção (FC) particulares a cada local, de acordo com suas características.
- Capacidade de Carga Efetiva (CCE), que restringe a CCR em função da
capacidade de manejo da área.

A Capacidade de Carga Física (CCF), interpretada como o limite máximo


de visitas que pode acontecer em uma área em um tempo determinado, é expressa
pela fórmula:

CCF = ST . TT
SV TV

ST – Superfície total da área.


SV – Superfície ocupada por um visitante.
TT – Tempo total diário de abertura da área à visitação.
TV – Tempo requerido para uma visita.

A Capacidade de Carga Real é obtida através da multiplicação da CCF


pelos diferentes Fatores de Correção considerados, conforme a seguir:

CCR = CCF × FC1 × FC2 × ... × FCn

Os Fatores de Correção podem ser biofísicos, ambientais ou de manejo.


Quanto maior o número de FC considerados, maior a restrição imposta à
Capacidade de Carga. Por esse motivo, deve-se buscar selecionar apenas aqueles
fatores que realmente implicam uma redução da visitação. São considerados
entre quatro a sete FC. Os mais usados são:

F Fator de Correção Social (FCsoc).

Busca proporcionar uma experiência de qualidade ao visitante, oferecendo


não apenas o espaço efetivamente ocupado, mas também aquele que conduz a
um conforto desejado:

168
TÓPICO 4 | CAPACIDADE DE CARGA NO TURISMO

FCSOC = SV
SC

SV – Superfície ocupada por um visitante.


SC – Superfície que confere o conforto desejado ao visitante.

F Fator de Erosão (FCero).

Fator de Correção que funciona como indicador de fragilidade ambiental.


Considerar áreas sujeitas a este fenômeno:

FCero =1 – SE
ST

SE – Superfície erodida ou sujeita à erosão.


ST – Superfície total da área.

F Fator de Alagamento (FCala).

Outro fator que indica a fragilidade ambiental. Também são consideradas


as áreas com evidências de alagamento e/ou sujeitas a esse tipo de ocorrência:

FCala = 1 – SA
ST

SA – Superfície alagada ou sujeita ao alagamento.


ST – Superfície total da área.

F Fator de Acessibilidade (FCace).

Mede o grau de dificuldade que teriam os visitantes para se deslocarem


na área. É dado pela inclinação (acima de 20% são consideradas de difícil acesso
multiplicadas por 1,5, de 10% e 20% são consideradas medianas sendo assim
ponderadas por 1). As inclinações abaixo de 10% são desconsideradas:

FCace =1 – 1,5 SD + SM
ST

SD – Superfície de difícil acesso (inclinação superior a 20%).


SD – Superfície de dificuldade de acesso mediana (inclinação entre 10% e 20%).
ST – Superfície total da área.

F Fator de precipitação (FCpre).

É um fator que impede a visitação normal, pois a maioria das pessoas não
está disposta a visitar ambientes naturais sob chuva. Deve-se considerar a média
de horas de chuva diária nos meses em que a precipitação é significativa:

169
UNIDADE 2 | SUSTENTABILIDADE

FCpre = 1 – TP
TA
TP – Tempo total anual de precipitação nos períodos de visitação aberta.
TA – Tempo total anual de possível abertura da área à visitação.

F Fator de Insolação (FCins).

Em alguns locais, o brilho solar é demasiadamente forte em algumas horas


do dia, restringindo a visitação. Aplicado somente a superfícies descobertas:

FCins = 1 – TI . SS
TA ST
TI – Tempo total anual de insolação excessiva nos períodos de visitação aberta.
TA – Tempo total anual de possível abertura da área à visitação.
SS – Superfície exposta ao Sol.
ST – Superfície total da área.

F Fator de fechamento temporário (FCfec).

Fechamentos da visitação para manutenção da área por períodos de


reprodução de animais. Devem ser considerados como fatores de correção:

FCfec = 1 – TF
TA
TF – Tempo total anual de fechamentos temporários nas visitações.
TA – Tempo total anual de possível abertura da área à visitação.

F Fator de Capacidade de Manejo.

A Capacidade de Carga Efetiva é obtida através da multiplicação da CCR


pelo Fator de Capacidade de Manejo (FM).

CCE = CCR × FM

5. Conclusão

A proposta apresentada para determinação da Capacidade de Carga


Turística é hoje um referencial, em todo mundo, para se buscar a preservação,
tanto do patrimônio natural como do histórico.

Com esta metodologia aplicada, podem-se tomar medidas com relação à


proteção do patrimônio ambiental, começando com campanhas de conscientização
da população, abrangendo principalmente os municípios, a fim de se obter um
consenso nacional sobre a importância do patrimônio a ser protegido.

170
TÓPICO 4 | CAPACIDADE DE CARGA NO TURISMO

Sabe-se também que a Capacidade de Carga Turística não tem um fim


em si mesma, e não é a solução dos problemas de visitação a uma unidade de
conservação, mas, com ela, pode-se não somente atrair turistas aficionados, mas
também visitantes que não se caracterizam como turistas convencionais e que
não buscam as altas temporadas, mas sim o sossego das baixas temporadas, em
que o objetivo é somente estar em contato direto com a natureza, e não com os
problemas ocasionados pelos outros turistas.

Este cálculo deve se basear nos objetivos da unidade de conservação,


além de ser uma ferramenta de planejamento que sustenta e requer decisões de
manejo. Quando isso acontecer, a legislação local em vigor deverá ter sua própria
Capacidade de Carga Turística calculada.

É preciso despertar a consciência ecológica para que as futuras gerações


possam usufruir e preservar nossas belezas naturais.

FONTE: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2006_TR450301_6757.pdf>. Acesso em:


8 ago. 2011.

171
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, vimos que:

• Toda ação antrópica desencadeia um impacto no ambiente e, a partir desse


pressuposto, é necessário adotar medidas capazes de mitigá-lo.

• É necessário empreender planos de desenvolvimento do turismo que


estabeleçam a capacidade de carga das destinações, considerando o equilíbrio
entre os efeitos econômicos, sociais e culturais e o equilíbrio dos recursos
naturais da atividade.

• O planejamento das facilidades e equipamentos a serem implantados nos


espaços naturais requer o estabelecimento de parâmetros de ocupação,
baseados na determinação dos limites da capacidade de utilização desses
espaços e de seus recursos.

• É importante que, em cada intervenção, se verifiquem os cuidados necessários,


bem como as formas de compensação para danos inevitáveis.

• A capacidade de suportar o crescimento populacional de uma região sem


deterioração ambiental é um método aceito para o estabelecimento dos limites
de visitação de uma área e identificação da utilização dos recursos turísticos.

• Entende-se a capacidade de carga de um recurso turístico como o número


máximo de visitantes (por dia/mês/ano) que uma área pode suportar, antes
que ocorram alterações nos meios físico e social.

• A ultrapassagem da capacidade de carga pode provocar diversos impactos


negativos no ambiente físico, nas atitudes psicológicas dos turistas, no nível de
aceitação social da comunidade receptora e na economia das localidades.

• A capacidade de carga social da comunidade receptora estará ultrapassada


quando os moradores da localidade já não aceitarem os turistas e passarem a
hostilizá-los.

• A determinação da capacidade de carga é um instrumento indispensável para


identificar situações críticas que necessitam de cuidados e medidas especiais
para saná-las, para prevenir problemas a partir da aplicação de controles
prévios e para promover o desenvolvimento sustentável do turismo.

• Operacionalizar a determinação da capacidade de carga das destinações


turísticas (e recreativas) é uma tarefa muito complexa, pois resulta de um
grande número de componentes que determinam a sua qualidade.

172
• As legislações municipais, estaduais e federais fornecem o suporte legal
para ações que impeçam a entrada ou o acesso de visitantes além do número
previamente determinado como suportável para a área ou localidade, e
também para a restrição da construção de equipamentos turísticos ou de casas
de veraneio.

• Os estudos relacionados com a determinação da capacidade de carga em


espaços turísticos têm se concentrado mais nas áreas litorâneas, em virtude
do fluxo crescente de turistas nas praias e os consequentes impactos que sua
presença e os equipamentos construídos para atendê-los causam ao meio
ambiente.

• Nos parques nacionais e nas diversas áreas florestais consideram-se outros


fatores que influenciam a sua visitação pelos turistas: o clima, a altitude e sua
localização nas diferentes latitudes do planeta, que podem dificultar seu acesso
no inverno, por causa da neve e de seus riscos, ou estimular a frequência nos
esportes típico da estação, que também devem ter controlado o número de
praticantes.

173
AUTOATIVIDADE

1 Quantos atrativos turísticos em sua região possuem estudos de capacidade


de carga? Tente descobrir se estes estudos estão sendo aplicados na visitação
turística.

2 Segundo Moraes (2000), a capacidade de suportar o crescimento


populacional de uma região sem deterioração ambiental é um método aceito
para o estabelecimento dos limites de visitação de uma área e identificação
da utilização dos recursos turísticos. Este estudo deve obedecer alguns
critérios. Assinale a alternativa que não apresente um critério adequado:

a) Fornecer diretrizes para a implementação de estratégias de ecoturismo.


b) Sugerir diretrizes que sejam aplicáveis em nível regional, de comunidade e
áreas.
c) Não influenciar a relação entre os limites dessa capacidade e as projeções de
mercado.
d) Fornecer diretrizes para áreas não desenvolvidas, assim como aquelas áreas
que já recebem turistas.

3 Richez (1992 apud RUSCHMANN, 2006, p. 123) cita quatro dimensões que
devem ser consideradas para definir a capacidade de carga do que chama de
“espaços-parques”. Assinale a alternativa que não contenha uma dimensão
correta:

a) A capacidade de carga ecológica.


b) A capacidade de cargas social e psicológica.
c) Os equipamentos instalados na área.
d) A incompatibilidade entre os diversos usos do espaço natural.

4 O que é a capacidade de carga de um recurso turístico?

a) É o número máximo de visitantes (por dia/mês/ano) que uma área pode


suportar, antes que ocorram alterações nos meios físico e social.
b) É o número mínimo de visitantes (por dia/mês/ano) que uma área pode
suportar, antes que ocorram alterações nos meios físico e social.
c) É o número máximo de visitantes (por dia/mês/ano) que uma área pode
suportar, depois que ocorrem alterações nos meios físico e social.
d) É o número mínimo de visitantes (por dia/mês/ano) que uma área pode
suportar, depois que ocorrem alterações nos meios físico e social.

174
5 Classifique as seguintes sentenças em V verdadeiras ou F falsas:

( ) A determinação da capacidade de carga é um instrumento indispensável


para identificar situações críticas que necessitam de cuidados e medidas
especiais para saná-las, para prevenir problemas a partir da aplicação
de controles prévios e para promover o desenvolvimento sustentável do
turismo.
( ) Operacionalizar a determinação da capacidade de carga das destinações
turísticas (e recreativas) é uma tarefa muito complexa, pois resulta de um
grande número de componentes que determinam a sua qualidade.
( ) As legislações municipais, estaduais e federais fornecem o suporte legal
para ações que impeçam a entrada ou o acesso de visitantes além do número
previamente determinado como suportável para a área ou localidade, e
também para a restrição da construção de equipamentos turísticos ou de
casas de veraneio.
( ) Os estudos relacionados com a determinação da capacidade de carga em
espaços turísticos não têm se concentrado mais nas áreas litorâneas, em
virtude do fluxo crescente de turistas nas praias e os frequentes impactos
que sua presença e os equipamentos construídos para atendê-los causam
ao meio ambiente.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - V - V - V.
b) ( ) V - V - F - V.
c) ( ) V - V - V - F.
d) ( ) V - F - V - V.

6 Leia e complete a seguinte sentença:

A ultrapassagem da ____________ pode provocar diversos impactos


____________ no ambiente físico, nas atitudes ____________ dos turistas, no
nível de aceitação ____________ da comunidade receptora e na economia
das localidades.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:


a) capacidade de suporte - negativos - sociais - social.
b) capacidade de carga - positivos - sociais - psicológica.
c) capacidade de suporte - positivos - psicológicas - social.
d) capacidade de carga - negativos - psicológicas - social.

175
176
UNIDADE 3

MODALIDADES TURÍSTICAS NO
ESPAÇO NATURAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:

• conhecer as diferenças entre o ecoturismo e o turismo de aventura;

• compreender a relação e a importância do turismo de aventura no merca-


do turístico;

• entender a importância das Unidades de Conservação e seu potencial


como atrativo turístico;

• conhecer os potenciais impactos da atividade turística no ambiente natu-


ral e nas culturas tradicionais.

PLANO DE ESTUDOS
Esta Unidade está organizada em quatro tópicos, sendo que, em cada
um deles, você encontrará atividades para uma maior compreensão das
informações apresentadas.

TÓPICO 1 – ECOTURISMO E TURISMO DE AVENTURA

TÓPICO 2 – TURISMO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

TÓPICO 3 – TURISMO DE EXPERIÊNCIA

TÓPICO 4 – O IMPACTO AMBIENTAL DA ATIVIDADE TURÍSTICA

177
178
UNIDADE 3
TÓPICO 1

ECOTURISMO E TURISMO DE
AVENTURA

1 INTRODUÇÃO
Agora que já aprendemos sobre o meio ambiente e a sustentabilidade no
turismo, nesta unidade, vamos estudar um pouco das relações entre o turista
e o ambiente natural. Especificamente neste tópico, vamos abordar com mais
detalhes o turismo contemplativo e o de aventura.

Nem sempre é consenso entre os estudiosos do turismo a clara separação


entre o ecoturismo e o turismo de aventura, sendo que algumas atividades
praticadas em ambientes naturais e de baixo impacto ambiental são consideradas
por estes modalidades de ecoturismo.

Todas as atividades de lazer e recreação praticadas em áreas naturais


são de caráter altamente dinâmico, alternando-se principalmente de acordo
com a flutuação e a motivação da demanda turística, não sendo raro o
aparecimento de novas modalidades.
FONTE: WWF (2003)

Observe o quadro a seguir:

QUADRO 12 – ALGUMAS ATIVIDADES TURÍSTICAS EM AMBIENTES NATURAIS

ATIVIDADES /
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS NECESSIDADES ESPECIAIS
INTERESSES
Boia-cross Percorrer rios de corredeiras por meio Equipamentos como capacete e
(Acquaraid). de boias infláveis. salva-vidas, além de saber nadar
O equipamento pode ser uma câmara e conhecer o percurso.
de pneu de caminhão ou equipamentos
específicos, melhor elaborados e
resistentes.
Asa-delta, Práticas aéreas que permitem uma Treinamento especializado
paraquedismo, visualização das paisagens de forma e autorização de voo. Os
parapente, paraglyder, panorâmica e sem muitos impactos equipamentos são caros e quase
bolonismo. na fauna e flora. sempre importados. Necessita
também de apoio por terra.

179
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

Acampamento Forma mais econômica de hospedar-se As barracas estão mais leves


(Camping) próximo à natureza. e mais baratas hoje em dia.
Campings regularizados,
com um mínimo de estrutura,
evitando-se o camping
selvagem.
Cannyoning / Explorar e percorrer rios de vale, Bons equipamentos, equipes
Cachoeirismo driblando os acidentes naturais como treinadas, preparo e experiência.
(Cascading) cânions, gargantas e cachoeiras. A
variante “cascading” é conhecida
como rappel de cachoeira.
Canoagem (Canoeing, Passeios de canoas e caiaques Não necessita técnica
cayaking) e Rafting realizados em lagoas, lagos, rios com especializada, mas apenas
ou sem corredeiras, baías, mangues acompanhamento e saber nadar,
etc. Rafting é a descida de rios com além de coletes salva-vidas e
corredeiras e pequenas cachoeiras com capacete. Canoas e caiaques
botes infláveis de estrutura reforçada. não são baratos, mas produtos
nacionais são bons e acessíveis.
Ciclismo / Mountain Passeios de bicicleta adaptadas a E x i g e - s e p r e p a r o f í s i c o e
Biking terrenos irregulares por roteiros equipamentos de segurança
predeterminados. Podem-se alcançar como capacetes e joelheiras.
lugares mais distantes do que as
caminhadas e com menor esforço
físico.
Caminhadas e Caminhadas simples de até 3-4 km Pa r a a p r á t i c a d e l o n g a s
Travessias (Hikking / não exigem preparo físico, apenas a caminhadas e travessias não
Trekking) definição de paradas para descanso e basta disposição. Tem que ter
lazer. Trekking são caminhadas mais um roteiro bem definido e um
longas, de até um dia. Distâncias, entre mínimo de estrutura logística
duas regiões de interesse e podem (equipamento e vestuário), além
durar de 1 a 4 dias. de preparo físico.
Mergulho livre e O mergulho em áreas marinhas Saber nadar. Equipamentos de
autônomo (Diving) / costeiras e em águas interiores é mergulho livre e de flutuação
flutuação (Snorkelling) prática já bem desenvolvida no Brasil, são baratos. O de mergulho
porém pouco explorada pelo turismo. autônomo nem tanto e necessita
A flutuação é realizada em rios e mares de cursos especializados.
de águas cristalinas, equipado apenas
com máscara, snorkell e pé de pato.
Montanhismo Caminhadas em ambiente serranos Atividades com elevados graus
e montanhosos, que podem ou não de dificuldade podem exigir
incluir atividades de escalada simples treinamento, equipamento e
ou vertical. acompanhamento específicos.
Observação Observar e conhecer planetas, estrelas Pode ser realizada mesmo a
astronômica e constelações. Melhor realizado longe olho nu, porém binóculos e
de centros urbanos e em locais de telescópios amadores, assim
amplos horizontes. Cartas celestes como instrutores especializados,
auxiliam na observação e podem podem enriquecer a experiência.
ensinar as noções básicas de orientação
geográfica.

180
TÓPICO 1 | ECOTURISMO E TURISMO DE AVENTURA

Observação da Realizadas em todo e qualquer Especialmente para a fauna,


fauna/ flora / Safári passeio, seja de barco, cavalo ou a pé, pode-se precisar de roupas
fotográfico ou em equipamentos especializados, camufladas, técnicas de
como torres de observação. Exigem-se caminhadas, livros de
técnicas de interpretação ambiental identificação de animais e de
com guias naturalistas especializados pegadas e equipamentos como
ou guias mateiros treinados. binóculos, torres de observação
e canopy walkway.
Observação de aves Observar, identificar e estudar aves Necessita de equipamentos
(Birdwatching) em seu ambiente natural. Trilhas como binóculos e bons livros
específicas para esta atividade podem de identificação de avifauna.
ser implantadas. As aves podem ter Técnicas ousadas, guias
hábitos muito diferentes entre as treinados e equipamentos
diversas famílias e devem-se conhecer como torres de observação e
as melhores épocas e os horários passarelas suspensas (canopy
específicos pra observá-los. walk) permitem maiores chances
de observação.
Passeio equestre / Passeios em cavalos treinados para No caso do passeio equestre, não
Enduro equestre visitantes de "primeira cavalgada", há necessidade de experiência
de poucas horas ou de até um dia, prévia, apenas de orientações
formando típicas comitivas. O cavalo gerais do guia e de proteção do
é resistente a longas caminhadas e sol. O enduro equestre é para
proporciona uma maior interação visitantes mais experientes.
com a paisagem. Enduro equestre é o Neste caso é preciso também
deslocamento por roteiros mais longos equipamentos em conhecimento
e acidentados, exigindo animais mais do roteiro.
robustos e treinados.
Pescaria amadora / Muito popular em vários países, Utilizar anzóis sem farpas
Esportiva ganhando muitos adeptos no Brasil. machucam menos os peixes.
A prática da soltura do peixe após sua Obedeça a legislação local e
captura (pesque e solte) também está federal, e obtenha a licença
crescendo. Equipamentos simples e de pesca. Há restrições para a
baratos são suficientes para uma boa época de reprodução (novembro
pescaria. a março) e para o tamanho
máximo de captura de algumas
espécies. Devem-se evitar as
áreas de pesca de subsistência
das comunidades locais.
Visita em Cavernas / A visita em cavidades naturais O IBAMA exige plano
Espeleomergulho permite conhecer um ambiente único, de mane j o da v isitaç ão e
frágil e inóspito. Algumas cavernas acompanhamento especializado.
apresentam graus de dificuldade A fauna é extremamente
e só devem ser exploradas com sensível às alterações ambientais
acompanhamento por especialistas, provocadas pela visitação.
pois possuem abismos, travessias Os espeleotemas são frágeis.
de rios e lagos internos e até quedas Exigem-se certo esforço físico e
d'água. equipamentos, alguns não tão
baratos.

181
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

Atividades que proporcionam ao Estudos antropológicos e


visitante trocas de conhecimentos, socioambientais são necessários
vivências e experiências culturais. para se conhecer as fragilidades
Regionalismos e marcas de culturais de alguns povos,
miscigenação racial. Possuem grande principalmente indígenas e
Visitas às interesse turístico, tais como a quilombolas. Ações de resgate
comunidades locais / gastronomia, a arquitetura, a música, e valorização cultural podem
tradicionais o artesanato e as vestimentas. Modos ser necessárias se receber
de vida, tais como atividades de lida visitantes de diferentes culturas.
com o gado, de pesca, de fabricação de Planejamento participativo
medicamentos e cosméticos naturais contribui no preparo da
entre outros, agregam valor cultural comunidade e para ampliar os
ao roteiro ecológico. benefícios.
FONTE: WWF BRASIL (2003)

DICAS

Visite o site do Clube de Observadores de Aves do Vale Europeu – COAVE para


conhecer a atividade e seus potenciais: <www.coave.org.br>.

Independente do grau de adrenalina que uma atividade possa liberar,


temos que ter como foco todos os princípios do ecoturismo, já discutidos no
Tópico 3 da Unidade 1. A partir deste entendimento, vamos agora compreender
o que diferencia o ecoturismo contemplativo daquele que se caracteriza como
turismo de aventura.

2 ENVOLVIMENTO COM A NATUREZA


Como vimos na Unidade 1, o ser humano tem uma relação direta com
o meio ambiente desde o início de sua história, visto que nossa sobrevivência
depende dele. Desde o ar que respiramos, nossos alimentos e utensílios, tudo
vem de matérias-primas animal, vegetal ou mineral.

Por causa disso, inconscientemente temos uma ligação muito forte com a
natureza, que se manifesta de várias formas. Como já vimos antes, essa ligação
recebe o nome de biofilia, ou seja, um amor ou atração por vida, uma tendência
natural do ser humano de voltar sua atenção às coisas vivas.

Esse sentimento pode se expressar de várias formas. Pode ser na afinidade


com animais domésticos, manutenção de vasos de plantas ou jardins, prazer em
frequentar parques, praças, praias e clubes de campo. Também encontramos
exemplos na predileção por atividades em ambiente natural como pesca,
caminhadas em trilhas, fins de semana em sítios, fazendas e outras áreas, prática
de ecoturismo e turismo de aventura.
182
TÓPICO 1 | ECOTURISMO E TURISMO DE AVENTURA

Todos os seres humanos, em algum instante da vida, já sentiram


necessidade de procurar por ambientes selvagens, terras pouco maculadas
pela ocupação humana, mesmo que inconscientemente, em uma tentativa
de resgatar a natureza. O resultado desse encontro é um sentimento de paz
interior, geralmente perdida no cotidiano.
FONTE: Milena (2010)

De acordo com Milena (2010), a biofilia gera o que chamamos de Valor de


Amenidade:

Uma espécie tem valor de amenidade quando o simples fato de existir


proporciona alguma experiência não material na vida humana. Dentre
os exemplos dessa condição estão o ecoturismo, a pesca, observação
de aves ou fotografia de natureza – todas essas atividades trazem,
além de um valor de mercado, estímulos emocionais e estéticos.

DICAS

Para saber mais sobre Valor de Amenidade, acesse <http://www.advivo.com.br/


materia-artigo/visao-extra-economicista-ajuda-na-conservacao>.

Em atividades de turismo de natureza, observamos esse fenômeno com


frequência. Os turistas chegam todos os dias de suas cidades apenas para observar
aves, macacos e outros animais. Alegram-se ao sentir o cheiro da terra molhada
e do aroma das flores. Emocionam-se com o pôr do sol e com os sons da mata.
Querem extravasar o stress escalando paredões de pedra ou explorando cavernas.
Relaxar enquanto mergulham em águas cristalinas. Testar limites pendurando-se
em cordas ao lado de cachoeiras. Pagam para ter um contato com a natureza que
os centros urbanos já não permitem.

A procura por roteiros e destinos cujo foco principal é a natureza tem


crescido anualmente no Brasil, conforme já discutido na Unidade 1. Se de início
bastava um fim de semana no sítio ou na casa da praia, hoje o consumidor procura
por produtos cada vez mais elaborados e que possibilitem oportunidades de
contato com a natureza, privilegiando experiências diferenciadas conforme o
gosto e o interesse do turista. A experiência procurada pode ser desde um dia
de sol em frente ao mar até dias de caminhada por trilhas íngremes até o topo de
uma montanha. A emoção buscada pode ser a fotografia de uma espécie rara de
borboleta até o mergulho mais profundo em uma caverna inundada.

183
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

FIGURA 54 – O DESEJO DE ESTAR PRÓXIMO À FAUNA É UM DOS PRINCIPAIS MOTIVADORES


DO ECOTURISMO

FONTE: http://wroteiro.blogspot.com/2011/04/fazenda-san-francisco-pantanal.html>. Acesso


em: 18 ago. 2011.

O conjunto das incursões na natureza relacionado ao ecoturismo como


aventura esportiva resulta do cruzamento de duas tendências contemporâneas:
por um lado, a expansão dos esportes de aventura e, por outro, a valorização
do consumo de cenários naturais.
FONTE: Jesus (2003)

Portanto, não importa qual seja o grau de adrenalina que o turista procura,
o que importa é que ela seja alcançada em ambientes naturais. E aí cabe aos
operadores de turismo saberem identificar qual é a atividade que mais se adéqua
ao perfil do turista e recomendar os destinos que possam atender a este desejo.

DICAS

Para conhecer destinos de ecoturismo no Brasil, acesse o link <http://ambientes.


ambientebrasil.com.br/ecoturismo/destinos.html>.

3 TURISMO CONTEMPLATIVO
Embora alguns autores considerem que turismo contemplativo é sinônimo
de ecoturismo, Mamede e Alho (2005, p. 1) tratam como um ramo do ecoturismo:

que tem como um de seus instrumentos a interpretação ambiental,


envolvendo a satisfação, o interesse e compreensão do meio ambiente,
assim como a permissão humana de viver e sentir a essência da natureza,
usufruindo-se de seus recursos de forma harmônica e sustentável.

184
TÓPICO 1 | ECOTURISMO E TURISMO DE AVENTURA

Inúmeros atrativos podem ser elementos de contemplação na natureza,


tais como paisagens, sons, cores, formas, grupos vegetais e os mais diversos
grupos animais.
FONTE: Mamede; Alho (2005)

A contemplação da paisagem pode ser praticada nos mais diversos


locais, porém é clara a preferência do público por lugares altos, de visão ampla,
transmitindo sensação de liberdade. Neste quesito, o ápice da experiência se dá nos
pontos que permitam uma visão privilegiada da alvorada e do pôr do sol. Praias,
cume de montanhas, mirantes e paisagens abertas são os exemplos favoritos.

FIGURA 55 – NÃO IMPORTA O LUGAR, O PÔR DO SOL É SEMPRE VALORIZADO PELOS


TURISTAS

FONTE: <http://kew-sousa.blogspot.com/2011/03/por-do-sol.html>. Acesso em: 18 ago. 2011.

Outro ramo interessante que vem ganhando adeptos é a contemplação


da paisagem sonora, ou seja, o conjunto de sons característicos de uma área ou
região.

Em ambientes naturais, a paisagem sonora pode ser composta pelo


canto das aves, o som do vento nas folhas das árvores, o barulho da água caindo
da cachoeira, o bater das ondas na praia, o estrondo do trovão quando uma
tempestade se aproxima. Pode ser de silêncio também, como o mundo subaquático
ou totalmente silencioso, como o interior de uma caverna.

A paisagem sonora é parte inseparável de um ambiente. Quando


vemos notícias sobre desmatamento e extinção de espécies animais, geralmente
lamentamos que jamais será possível ver aquela paisagem ou observar aquele
bicho novamente. Mas poucos se dão conta que, neste aspecto, os sons naturais
também se vão, ou seja, a eliminação de um pedaço de mata ou campo leva
embora a paisagem sonora daquele local.

185
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

Por fim, talvez o turismo contemplativo que mais possui adeptos no mundo
é o turismo de observação de fauna. De acordo com Duffus e Dearden (1990, p.
215), as relações entre os seres humanos e os animais podem ser classificadas
como de alto, baixo ou sem consumo:

• Interação de alto consumo: atividades como caça e pesca.


• Interação de baixo consumo: visita a zoológicos, oceanários e outros
ambientes que mantêm os animais em cativeiro.
• Interação sem consumo: atividades que possibilitam a observação da vida
selvagem em seus ambientes naturais, como a observação de aves, de baleias
e os safáris.

Segundo esta classificação, o turismo contemplativo de fauna, ou


observação de vida silvestre, pode ser considerado como uma interação sem
consumo, ou seja, que não necessita consumir o animal como alimento ou troféu
(caça e pesca), retirar o animal de seu ambiente natural ou mantê-lo em cativeiro.
Nosso foco é a observação da vida livre, testemunhando as relações naturais
destes seres com o mínimo de interferência.

A observação de vida silvestre pode ser generalista, ou seja, quando todos


os animais são interessantes (mergulho, safári), ou específico, quando apenas
um grupo é foco do interesse. A observação de aves, de grandes mamíferos e
mergulho em bancos de corais certamente são os segmentos mais difundidos,
porém podemos encontrar no Brasil e no mundo muitas outras variações,
conforme Tapper (2006, p. 14):

• Borboletas. Ex.: migração das borboletas-monarcas no México, Estados


Unidos e Canadá.
• Vaga-lumes. Ex.: Austrália, Pantanal.
• Conchas e caramujos. Ex.: Migração do caramujo-vermelho no Oceano
Índico.
• Recife de corais. Ex.: Caribe, Costa Brasileira, Austrália.
• Tubarões. Ex.: Ilhas Caiman, Maldivas, África do Sul, Austrália.
• Arraias. Ex.: Ilhas Caiman, Maldivas, Austrália, Pantanal.
• Salamandras. Ex.: Estados Unidos.
• Dragão-de-Komodo. Ex.: Ilha de Komodo.
• Serpentes. Ex.: Pítons na Índia, sucuris no Pantanal.
• Jacarés e crocodilos. Ex.: Jamaica, Austrália, Estados Unidos, Pantanal,
Amazônia, África.
• Tartarugas, cágados, jabutis. Ex.: Litoral brasileiro, México, Sri Lanka,
Indonésia, Galápagos.
• Aves. Ex.: Inglaterra, Espanha, Costa Rica, Patagônia, Estados Unidos,
Brasil, Índia, África.
• Pinguins. Ex.: Antártida, Patagônia, Austrália.
• Grandes mamíferos. Ex.: África, Índia.
• Tigres. Ex.: Nepal, Índia.

186
TÓPICO 1 | ECOTURISMO E TURISMO DE AVENTURA

• Gorilas e orangotangos. Ex.: África e Borneo.


• Ursos polares. Ex.: Canadá e Groelândia.
• Morcegos. Ex.: Texas, Austrália.
• Peixe-boi. Ex.: Caribe, Amazônia, Nordeste brasileiro.
• Golfinhos e botos. Ex.: Egito, Austrália, Fernando de Noronha, Santa
Catarina, Amazônia.
• Baleias. Ex.: Patagônia, Nova Zelândia, México, África, Ilhas Canárias,
Brasil.
• Migrações de grandes mamíferos. Ex.: África, América do Norte.
• Mamíferos marinhos. Ex.: Patagônia, Estados Unidos, Galápagos, África.

DICAS

Para saber mais sobre segmentos da observação de vida silvestre, acesse <http://
www.cms.int/publications/pdf/CMS_WildlifeWatching.pdf>.

De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de


Ecoturismo e Turismo de Aventura - ABETA, a observação de vida selvagem é
a quinta atividade mais praticada pelos ecoturistas (22%). Entretanto, segundo
dados desta mesma pesquisa, 61% dos ecoturistas desejam observar fauna,
sendo a terceira atividade mais desejada entre as 24 citadas. Estes dados
permitem confirmar, portanto, que dentre as diferentes possibilidades de
turismo contemplativo, a observação de vida silvestre é a mais atrativa para
os ecoturistas.
FONTE: Adaptado de: ABETA (2010)

ATENCAO

Observe que atualmente temos dois públicos interessados em turismo


contemplativo: o turista que busca relaxamento e prazer com belas paisagens e observação
de fauna, e aquele que busca as mesmas sensações, porém com foco na produção de
filmagens e fotografias. Isto significa que o operador deve estar atento às necessidades
específicas de cada grupo.

187
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

4 TURISMO DE AVENTURA
A Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de
Aventura – ABETA (2010, p. 13), considera a seguinte definição para o segmento
de Turismo de Aventura:

Turismo de Aventura compreende os movimentos turísticos


decorrentes da prática de atividades de aventura de caráter recreativo
e não competitivo. [...] Os movimentos turísticos são entendidos
como “os deslocamentos e estadas que pressupõem a efetivação de
atividades consideradas turísticas”. As “práticas de aventura de caráter
recreativo e não competitivo” pressupõem “determinado esforço
e riscos controláveis, e que podem variar de intensidade conforme
a exigência de cada atividade e a capacidade física e psicológica do
turista”.

ABETA (2010, p. 13) cita também a definição da Associação Brasileira de


Normas Técnicas - ABNT, engajada no processo de normalização do turismo de
aventura no Brasil:

Atividades oferecidas comercialmente, usualmente adaptadas das


atividades de Turismo de Aventura, que tenham ao mesmo tempo
o caráter recreativo e envolvam riscos avaliados, controlados e
assumidos. Assim, fica evidenciado que o turista de aventura deve ser
um comprador de atividades comercialmente oferecidas.

Entretanto, não se pode ignorar o fato de que muitos praticantes destas


atividades não buscam operadoras de turismo, praticando de forma autônoma e
independente.

As atividades de aventura abrangem hoje um incontável conjunto de


vivências realizadas em cenário natural, possibilitadas pelo avanço tecnológico
e impulsionadas pela ideologia de consumo da natureza.
FONTE: Jesus (2003)

Jesus (2003, p. 78) considera ainda que a busca contemporânea de aventura


e contato com a natureza, aliada às novas possibilidades tecnológicas, promoveu
o surgimento de novas práticas esportivas, muitas resultantes de adaptações de
modalidades tradicionais:

O snowboarding deriva do esqui, o mountain bike do ciclismo, o rafting da


canoagem (todos claros exemplos do uso de novos materiais e busca
de novos cenários/desafios); e do surfe derivam diversas inovações
(body board, body surf etc.). Outras modalidades surgem beneficiadas
pelas mesmas condições de avanço tecnológico e busca da aventura na
natureza sem, entretanto, derivar diretamente de esportes tradicionais:
o parapente (ou paragliding) e a asa-delta, por exemplo, ou ainda o
boia-cross. E há também aquelas práticas resultantes de técnicas de
trabalho de campo: do avento de equipamentos mais seguros para as
investigações espeleológicas (aliado à já comentada valorização das
sensações de risco) derivaram o rapel, o canyoning e o caving.

188
TÓPICO 1 | ECOTURISMO E TURISMO DE AVENTURA

A ABETA (2010, p. 72) considera que o total de modalidades de aventura


é superior a 25 possibilidades, citando como principais:

QUADRO 13 – PRINCIPAIS MODALIDADES DE TURISMO DE AVENTURA, SEGUNDO ABETA

Aqua Ride Espeleoturismo


Arvorismo Flutuação
Asa Delta Kitesurf
Bugue Mergulho
Caminhada Montanhismo
Caminhada de longo curso Observação da vida selvagem
Canionismo e Cachoeirismo Parapente
Canoagem Rafting
Cavalgada Rapel e Tirolesa
Cicloturismo Turismo fora de estrada
Escalada Windsu

FONTE: <http://www.abeta.com.br/pt-br/atividades-turismo-de-aventura.asp>. Acesso em: 18


ago. 2011.

NOTA

Note que observação de vida selvagem é citada pela ABETA como turismo
de aventura. No entanto, para muitos autores, esta atividade se enquadra como turismo
contemplativo, conforme foi adotado nesta disciplina.

O turismo de aventura tende, por definição, a buscar áreas praticamente


intocadas: picos elevados, vertentes íngremes, cavernas, ambientes submarinos,
vales em garganta, corredeiras e cachoeiras. O território brasileiro, neste
aspecto, oferece múltiplas possibilidades devido à diversidade de paisagens e
o clima ameno (o que facilita a aventura em ambientes aquáticos, por exemplo).
FONTE: Adaptado de: Jesus (2003)

Segundo Jesus (2003, p. 79), devido a estas características, as atividades


de aventura tendem a buscar novas localidades, de preferência inédita e longe de
roteiros turísticos tradicionais, sendo que, inicialmente:

Tendem a apresentar uma territorialidade provisória, leviana,


completamente diferente daquela realizada pelas modalidades
tradicionais, as que se materializam em grandes e duráveis instalações
fixas na paisagem. Podemos sugerir que esportes de aventura
rascunham uma nova “geografia” do efêmero uso dos lugares, pois
aqui é fundamental o desconhecimento do espaço aonde vai se realizar
a prática, fato gerador de motivação para superar os desafios previstos.

189
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

Essa busca por novos destinos tem como tendência pequenas


localidades, geralmente em áreas de relevo acidentado e próximas às grandes
metrópoles. Um exemplo claro desta observação é o município de Brotas/SP.
FONTE: Jesus (2003)

FIGURA 56 – BROTAS/SP É UMA DAS PRINCIPAIS REFERÊNCIAS EM TURISMO DE AVENTURA


NO BRASIL

FONTE: <http://www.espacoturismo.com/blog/wp-content/gallery/brotas/rafting-em-brotas-1.
jpg>. Acesso em: 18 ago. 2011.

Outro fator importante a se observar em turismo de aventura é a mudança


do perfil dos empresários responsáveis por este segmento turístico. Se no início
o perfil dos gestores era informal e amador, atualmente observa-se uma clara
profissionalização da atividade, com organização e capacitação técnica. Esta
mudança de perfil pode ser observada na adoção quase generalizada de normas
técnicas, padronização rigorosa de procedimentos e certificação. Um dos
principais resultados foi a redução do número de acidentes fatais associados
a estas atividades, que antigamente era notícia comum entre os praticantes do
turismo de aventura.

DICAS

Visite o site <www.abeta.com.br> e <www.aventurasegura.com.br> para


conhecer um pouco mais sobre certificação de segurança no turismo de aventura e no
ecoturismo.

190
TÓPICO 1 | ECOTURISMO E TURISMO DE AVENTURA

LEITURA COMPLEMENTAR

A acessibilidade no turismo, de forma geral, vem se tornando cada vez


mais inserida no planejamento e organização de roteiros, especialmente em
atividades ecoturísticas. O texto a seguir comenta o Manual de Boas Práticas de
Acessibilidade em Ecoturismo e Turismo de Aventura, elaborado pela ABETA.

A Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de


Aventura – ABETA, elaborou o 11º Manual de Boas Práticas – Acessibilidade em
Ecoturismo e Turismo de Aventura, disponibilizado em versão digital e também
em impresso.

Finalizado em dezembro de 2010, o manual tem como objetivo apresentar


aos empresários e profissionais do Ecoturismo e do Turismo de Aventura
informações e perspectivas sobre a acessibilidade nesses segmentos, oferecendo-
lhes condições para tomar decisões sobre como preparar suas empresas e seus
produtos para acessar esse mercado.

A acessibilidade é um tema que está cada vez mais em evidência no Brasil.


São notáveis os avanços da legislação específica sobre os direitos das pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida na última década e têm crescido os esforços
para garantir o acesso dessas pessoas a todos os bens e serviços com segurança e
autonomia, em todos os aspectos da vida social. Embora haja ainda muito a ser
feito para que a legislação vigente seja de fato implementada, essas mudanças
indicam um amadurecimento da sociedade brasileira sobre o tema, além – é claro
– de ser o resultado da luta das pessoas com deficiência por seus direitos.

Devemos lembrar que pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida


devem ser respeitadas em suas particularidades e compreender que algumas de
suas necessidades podem – e frequentemente são – diferentes das necessidades
de pessoas que não estão nessas condições. É por isso que dizemos que se não
promovemos a acessibilidade, estamos perpetuando a discriminação.

Os segmentos de Turismo de Aventura e Ecoturismo devem estar abertos


aos avanços da legislação e a essa demanda crescente, incorporando em suas
atividades as questões relativas à acessibilidade. E existem duas fortes razões
para investir nesse tipo de negócio: a possibilidade de acessar um mercado de
grande potencial e ainda pouco explorado e o cumprimento de uma importante
função social, promovendo a dignidade da pessoa humana, disseminando a não
discriminação e incentivando o respeito à diversidade.

Mas para isso é necessário se informar sobre o tema, adequar produtos


e ambientes, assegurar as condições adequadas de segurança, promover a
qualificação profissional de funcionários e colaboradores e aprender a atender a
esse público específico.

191
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

Este manual foi desenvolvido com o intuito de apresentar aos empresários


e profissionais do Ecoturismo e do Turismo de Aventura informações e
perspectivas sobre a acessibilidade nesses segmentos, oferecendo-lhes condições
para tomar decisões sobre como preparar suas empresas e seus produtos para
acessar esse mercado.

Acreditamos que em Turismo de Aventura e Ecoturismo as pessoas com


deficiência ou mobilidade reduzida também podem ser importantes clientes
e merecem ter voz e vez. Queremos destacar seu potencial de consumo dos
produtos nesses segmentos e oferecer algumas ideias de como este público pode
ser acessado e como proporcionar a essas pessoas serviços de qualidade, com
respeito e, principalmente, segurança.

FONTE: SHIMOSAKAI (2011)

DICAS

Acesse o link <http://turismoadaptado.files.wordpress.com/2011/05/manual-


de-boas-prc3a1ticas-acessibilidade-em-ecoturismo-e-turismo-de-aventura.pdf> para ter
acesso ao Manual de Boas Práticas – Acessibilidade em Ecoturismo e Turismo de Aventura.

192
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, vimos que:

• O ser humano tem uma ligação muito forte com a natureza (biofilia), que se
manifesta de várias formas, como a predileção por atividades em ambiente
natural.

• Uma espécie tem valor de amenidade quando o simples fato de existir


proporciona alguma experiência não material na vida humana.

• A procura por roteiros e destinos cujo foco principal é a natureza tem crescido
anualmente no Brasil.

• Não importa qual seja o grau de adrenalina que o turista procura, o que importa
é que ela seja alcançada em ambientes naturais.

• Turismo contemplativo é um ramo do ecoturismo que tem como um de seus


instrumentos a interpretação ambiental, envolvendo a satisfação, o interesse
e compreensão do meio ambiente, assim como a permissão humana de viver
e sentir a essência da natureza, usufruindo-se de seus recursos de forma
harmônica e sustentável.

• Inúmeros atrativos podem ser elementos de contemplação na natureza, tais


como paisagens, sons, cores, formas, grupos vegetais e os mais diversos grupos
animais.

• A contemplação da paisagem pode ser praticada nos mais diversos locais,


porém é clara a preferência do público por lugares altos, de visão ampla,
transmitindo sensação de liberdade.

• A paisagem sonora é o conjunto de sons característicos de uma área ou região.

• O turismo de observação de vida silvestre tem como foco a observação da


vida livre, testemunhando as relações naturais destes seres com o mínimo de
interferência.

• A observação de vida silvestre pode ser generalista, ou seja, quando todos os


animais são interessantes (mergulho, safári), ou específico, quando apenas um
grupo é foco do interesse.

193
• Turismo de Aventura compreende os movimentos turísticos decorrentes da
prática de atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo, sendo
oferecidas comercialmente, usualmente adaptadas das atividades de Turismo
de Aventura, que tenham ao mesmo tempo o caráter recreativo e envolvam
riscos avaliados, controlados e assumidos.

• A busca contemporânea de aventura e contato com a natureza, aliada às


novas possibilidades tecnológicas, promoveu o surgimento de novas práticas
esportivas, muitas resultantes de adaptações de modalidades tradicionais.

• O turismo de aventura tende a buscar áreas praticamente intocadas: picos


elevados, vertentes íngremes, cavernas, ambientes submarinos, vales em
garganta, corredeiras e cachoeiras.

• A busca por novos destinos tem como tendência pequenas localidades,


geralmente em áreas de relevo acidentado e próximas às grandes metrópoles.

• A mudança do perfil dos empresários responsáveis pelo turismo de aventura


resultou na profissionalização do segmento e na redução do número de
acidentes fatais associados a estas atividades.

• A acessibilidade no turismo, de forma geral, vem se tornando cada vez


mais inserida no planejamento e organização de roteiros, especialmente em
atividades ecoturísticas.

194
AUTOATIVIDADE

1 Quais as atividades de turismo contemplativo e de aventura são realizados


em sua localidade? Quais poderiam ser introduzidos?

2 Pode ser considerada atividade turística em ambientes naturais:

a) Rafting: descida de rios com corredeiras e pequenas cachoeiras com botes


infláveis de estrutura reforçada.
b) Observação de aves: observar, identificar e estudar aves em seu ambiente
natural.
c) Montanhismo: caminhada em ambiente serranos e montanhosos, que
podem ou não incluir atividades de escalada simples ou vertical.
d) Todas as alternativas anteriores.

3 Qual a definição de Turismo de Aventura, segundo a Associação Brasileira


das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura – ABETA?

a) Movimentos turísticos decorrentes da prática de atividades de aventura de


caráter recreativo e não competitivo.
b) Atividades oferecidas comercialmente, usualmente adaptadas das
atividades de Turismo de Aventura, que tenham ao mesmo tempo o caráter
recreativo e envolvam riscos avaliados, controlados e assumidos.
c) Todas as alternativas anteriores.
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

4 Classifique as seguintes sentenças em V verdadeiras ou F falsas:

( ) Turismo contemplativo é um ramo do ecoturismo que tem como um de


seus instrumentos a interpretação ambiental, envolvendo a satisfação,
o interesse e compreensão do meio ambiente, assim como a permissão
humana de viver e sentir a essência da natureza, usufruindo-se de seus
recursos de forma harmônica e sustentável.
( ) Inúmeros atrativos podem ser elementos de contemplação na natureza,
tais como paisagens, sons, cores, formas, grupos vegetais e os mais diversos
grupos animais.
( ) A contemplação da paisagem pode ser praticada nos mais diversos locais,
porém é clara a preferência do público por lugares altos, de visão ampla,
transmitindo sensação de liberdade.
( ) A paisagem sonora é o conjunto de sons característicos de uma área ou
região.

195
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - V - V - V.
b) ( ) F - F - F - F.
c) ( ) V - F - V - F.
d) ( ) F - V - F - V.

5 Leia e complete a seguinte sentença:

Turismo de Aventura compreende os movimentos ____________ decorrentes


da prática de atividades de ____________ de caráter recreativo e não
____________, sendo oferecidas comercialmente, usualmente adaptadas das
atividades de Turismo de Aventura, que tenham ao mesmo tempo o caráter
____________ e envolvam riscos avaliados, controlados e ____________.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:


a) turísticos - turismo - recreativo - educativo - não controlados.
b) de massa - aventura - recreativo - recreativo - não controlados.
c) turísticos - aventura - competitivo - recreativo - assumidos.
d) de massa - turismo - competitivo - educativo - assumidos.

6 Classifique as seguintes sentenças em V verdadeiras ou F falsas:

( ) O turismo de aventura tende a buscar áreas praticamente intocadas: picos


elevados, vertentes íngremes, cavernas, ambientes submarinos, vales em
garganta, corredeiras e cachoeiras.
( ) A busca por novos destinos tem como tendência pequenas localidades,
geralmente em áreas de relevo acidentado e próximas às grandes
metrópoles.
( ) A mudança do perfil dos empresários responsáveis pelo turismo de
aventura resultou na profissionalização do segmento e na redução do
número de acidentes fatais associados a estas atividades.
( ) A acessibilidade no turismo, de forma geral, vem se tornando cada vez
mais inserida no planejamento e organização de roteiros, especialmente
em atividades ecoturísticas.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - V - V - V.
b) ( ) F - F - F - F.
c) ( ) V - F - V - F.
d) ( ) F - V - F - V.

196
UNIDADE 3
TÓPICO 2

TURISMO EM UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Embora algumas iniciativas para conservação de áreas naturais já
tenham ocorrido antes desta data, o dia 1º de março de 1872 é considerado
um marco na história das unidades de conservação, visto ser esta a data em
que o Congresso Nacional Americano decretou a criação do primeiro Parque
Nacional do mundo, o Yellowstone National Park.

FONTE: Costa (2002b)

FIGURA 57 – O PARQUE NACIONAL DE YELLOWSTONE É CONSIDERADO A MAIS ANTIGA


UNIDADE DE CONSERVAÇÃO OFICIAL DO MUNDO

FONTE: <http://www.destination360.com/north-america/us/wyoming/yellowstone-national-park/old-
faithful>. Acesso em: 18 ago. 2011.

Mas afinal, o que é uma Unidade de Conservação? De acordo com a


União Internacional para Conservação da Natureza - IUCN (1980 apud Costa
2002b, p. 12), uma área natural protegida, é uma “Superfície de terra ou mar
consagrada à proteção e manutenção da diversidade biológica, assim como dos
recursos naturais e dos recursos culturais associados, e manejada por meio de
meios jurídicos e outros eficazes.”

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº


9.985/2000, Cap. 1 Art. 2º), uma Unidade de Conservação:

197
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

É o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas


jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente
instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção.

Resumidamente, as unidades de conservação são áreas nas quais se


aplicam medidas restritivas de uso do solo, com a função de proteger certa
feição natural ou histórica presente no local. Elas surgiram com a criação
dos primeiros parques nacionais, com objetivo de uso público, através
especialmente de lazer e turismo. Contudo, desde o início, a intenção de alguns
países na instituição dessas áreas era usá-las como mecanismo de conservação
dos recursos naturais, meta que acabou por predominar no mundo todo.
FONTE: Morsello (2001)

Após a criação do Parque Nacional de Yellowstone, outros países também


adotaram esta prática. Veja o quadro a seguir.

QUADRO 14 – PRIMEIROS PARQUES NACIONAIS DO MUNDO

País Parque Nacional Ano de Criação


Estados Unidos Parque Nacional de Yellowstone 1872
Austrália Parque Nacional Royal 1879
Canadá Parque Nacional Banff 1885
Nova Zelândia Parque Nacional Egmont 1894
África do Sul Parque Nacional Kruger 1898
México Parque Nacional 1899
Argentina Parque Nacional Nahuel Huapi 1903
Chile Parque Nacional 1926
Equador Parque Nacional Galápagos 1934
Venezuela Parque Nacional 1937
Brasil Parque Nacional Itatiaia 1937
FONTE: Costa (2002b)

Embora a criação da primeira unidade de conservação no Brasil tenha


se dado apenas em 1937 com o Parque Nacional de Itatiaia, observamos que
desde a época da colonização já haviam sido decretadas áreas de preservação,
como hortos e jardins botânicos, criados a partir da instalação da família real
portuguesa no país. Porém, apenas a partir da década de 1930 a legislação
brasileira começou a avançar nos cuidados com o ambiente natural, sendo que
nas décadas seguintes foram criados diversos parques nacionais.
FONTE: Costa (2002b)

198
TÓPICO 2 | TURISMO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

FIGURA 58 – O PARQUE NACIONAL DE ITATIAIA/RJ É O MAIS ANTIGO PARQUE BRASILEIRO

FONTE: <http://etrilhas.com/roteiros/parques-nacionais-e-estaduais/parque-nacional-do-
itatiaia/>. Acesso em: 18 ago. 2011.

Com a oficialização do Código Florestal Brasileiro (Lei nº 4.771/1965),


houve uma separação das áreas que permitiam exploração dos recursos
naturais (Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais) das que proibiam
qualquer forma de exploração dos recursos naturais (Parques Nacionais,
Estaduais, Municipais e Reservas Biológicas) e, em 1967, é criado o Instituto
Brasileiro de Desenvolvimento Florestal/IBDF, que foi por muito tempo o
mentor das unidades de conservação no país.
FONTE: Costa (2002b)

O IBDF foi posteriormente extinto, dando lugar ao Instituto Brasileiro do


Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis /IBAMA em 1989 que, em
2007, deu origem ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/
ICMBio, que atualmente é o órgão responsável pela gestão das unidades de
conservação brasileiras.

Atualmente, as Unidades de Conservação brasileiras são geridas pelo


Sistema Nacional de Unidades de Conservação/SNUC (BRASIL, 2000), tema de
nosso próximo item.

DICAS

Para conhecer o cadastro nacional das unidades de conservação brasileiras, acesse


o link <http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=119>.

199
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

2 SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO –


SNUC
A Constituição Brasileira de 1988 declara que todos têm direito a um
meio ambiente ecologicamente equilibrado, cabendo ao Poder Público o dever
de defendê-lo, preservá-lo e de criar áreas para garantir a conservação do meio
ambiente.

A partir dessa base constitucional, o país concebeu um Sistema Nacional


de Unidades de Conservação (SNUC), num processo de elaboração e negociação
durou mais de dez anos e significou um avanço importante na construção de
um sistema efetivo de áreas protegidas no país. (ISA, 2011). Segundo este autor,
uma das dificuldades era definir as categorias de manejo, excluindo figuras
equivalentes e criando novos tipos de unidades onde foram identificadas
lacunas. O anteprojeto foi aprovado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) e em maio de 1992, já na qualidade de Projeto de Lei foi encaminhado
ao Congresso Nacional. Em 1994 e 1995 o Projeto de Lei do SNUC recebeu
substitutivos com alterações polêmicas e, apenas em 2000 seu texto foi aprovado
pelo Congresso Nacional. (ISA 2011).

De acordo com o SNUC, os objetivos desta lei são (BRASIL, 2000):

• contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos


no território nacional e nas águas jurisdicionais;
• proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;
• contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas
naturais;
• promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
• promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no
processo de desenvolvimento;
• proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
• proteger as características de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica,
paleontológica e cultural;
• proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
• recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
• proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos
e monitoramento ambiental;
• valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
• favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a
recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;
• proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações
tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e
promovendo-as social e economicamente.

200
TÓPICO 2 | TURISMO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

DICAS

Para conhecer o texto integral do SNUC e sua regulamentação, acesse o link


<http://www.rbma.org.br/rbma/pdf/Caderno_18_2ed.pdf>.

As unidades de conservação são divididas em duas categorias: Unidades


de Conservação Integral e Unidades de Uso Sustentável. Veja o quadro a seguir
(BRASIL, 2000):

QUADRO 15 – CATEGORIAS DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO BRASILEIRAS, SEGUNDO O SNUC

Unidades de Conservação Integral


Têm como objetivo básico a preservação da natureza, sendo admitido o uso indireto dos seus
recursos naturais, com exceção dos casos previstos na Lei do SNUC.
Estação Ecológica Tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de
pesquisas científicas. É proibida a visitação pública, exceto com objetivo
educacional e a pesquisa científica depende de autorização prévia do
órgão responsável.
Reserva Biológica Tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos
naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta
ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação
de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para
recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os
processos ecológicos.
Parque Nacional Tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de
grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização
de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação
e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de
turismo ecológico.
Monumento Natural Tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou
de grande beleza cênica.
Refúgio de Vida Tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram
Silvestre condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades
da flora local e da fauna residente ou migratória.
Unidades de uso sustentável
As unidades de uso sustentável têm como objetivo básico compatibilizar a conservação da natureza
com o uso direto de parcela dos seus recursos naturais, ou seja, é aquele que permite a exploração
do ambiente, porém mantendo a biodiversidade do local e os seus recursos renováveis.
Área de Proteção É uma área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada
Ambiental de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações
humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica,
disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso
dos recursos naturais.

201
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

Área de Relevante É uma área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma
Interesse Ecológico ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que
abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter
os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso
admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de
conservação da natureza.
Floresta Nacional É uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente
nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos
florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração
sustentável de florestas NATIVAS.
Reserva Extrativista É uma área utilizada por populações locais, cuja subsistência baseia-se
no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência
e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos
proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o
uso sustentável dos recursos naturais da unidade.
Reserva de Fauna É uma área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres
ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-
científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos.
Reserva de Conforme definição do SNUC, é uma área natural que abriga populações
Desenvolvimento tradicionais, cuja existência se baseia em sistemas sustentáveis de
Sustentável exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e
adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel
fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade
biológica.
Reserva Particular do É uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de
Patrimônio Natural - conservar a diversidade biológica.
RPPN

FONTE: BRASIL (2000)

As Reservas Indígenas não fazem parte do SNUC, sendo que seu manejo
é feito por meio de outras bases.

DICAS

Para saber mais sobre Reservas Indígenas, acesse o link <http://pt.wikipedia.org/


wiki/Reserva_ind%C3%ADgena>.

Algumas categorias de unidades de conservação, como a Estação


Ecológica, não permitem visitação turística, porém aquelas que permitem, como
Parques Nacionais, Monumentos Naturais e RPPNs, podem se tornar importantes
atrativos turísticos para uma região, sendo inclusive responsáveis pelo seu
desenvolvimento econômico. Entretanto, essa visitação deve estar subordinada às
orientações e regras contidas no Plano de Manejo da unidade, para evitar impactos
negativos advindos desta atividade, conforme veremos no capítulo seguinte.

202
TÓPICO 2 | TURISMO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Para saber o que é um plano de manejo, leia o texto a seguir:

LEITURA COMPLEMENTAR

PLANO DE MANEJO

O manejo e gestão adequados de uma Unidade de Conservação devem


estar embasados não só no conhecimento dos elementos que conformam o espaço
em questão, mas também numa interpretação da interação destes elementos.

Para tanto, é essencial conhecer os ecossistemas, os processos naturais


e as interferências antrópicas positivas ou negativas que os influenciam ou os
definem, considerando os usos que o homem faz do território, analisando os
aspectos pretéritos e os impactos atuais ou futuros de forma a elaborar meios
para conciliar o uso dos espaços com os objetivos de criação da Unidade de
Conservação.

Desta forma, o manejo de uma Unidade de Conservação implica elaborar


e compreender o conjunto de ações necessárias para a gestão e uso sustentável
dos recursos naturais em qualquer atividade no interior e em áreas do entorno
dela de modo a conciliar, de maneira adequada e em espaços apropriados, os
diferentes tipos de usos com a conservação da biodiversidade.

A  Lei nº 9.985/2000  que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de


Conservação define o Plano de Manejo como um documento técnico mediante o
qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se
estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o
manejo dos recursos naturais.

Todas as unidades de conservação devem dispor de um Plano de Manejo,


que deve abranger a área da Unidade de Conservação, sua zona de amortecimento
e os corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua
integração à vida econômica social das comunidades vizinhas (Art. 27, §1º).

O Plano de Manejo visa levar a Unidade de Conservação a cumprir com


os objetivos estabelecidos na sua criação; definir objetivos específicos de manejo,
orientando a gestão da Unidade de Conservação; promover o manejo da Unidade
de Conservação, orientado pelo conhecimento disponível e/ou gerado.

Ele estabelece a diferenciação e intensidade de uso mediante zoneamento,


visando à proteção de seus recursos naturais e culturais; destaca a representatividade
da Unidade de Conservação no SNUC frente aos atributos de valorização dos
seus recursos como: biomas, convenções e certificações internacionais; estabelece
normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da Unidade

203
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

de Conservação, zona de amortecimento e dos corredores ecológicos; reconhece


a valorização e o respeito à diversidade socioambiental e cultural das populações
tradicionais e seus sistemas de organização e de representação social.

A elaboração de Planos de Manejo, não se resume apenas à produção do


documento técnico. O processo de planejamento e o produto Plano de Manejo
são ferramentas fundamentais, reconhecidas internacionalmente para a gestão da
Unidade de Conservação.

O processo de elaboração de Planos de Manejo é um ciclo contínuo de


consulta e tomada de decisão com base no entendimento das questões ambientais,
socioeconômicas, históricas e culturais que caracterizam uma Unidade de
Conservação e a região onde esta se insere.

O Plano de Manejo é elaborado sob um enfoque multidisciplinar, com


características particulares diante de cada objeto específico de estudo. Ele deve
refletir um processo lógico de diagnóstico e planejamento. Ao longo do processo
devem ser analisadas informações de diferentes naturezas, tais como dados
bióticos e abióticos, socioeconômicos, históricos e culturais de interesse sobre a
Unidade de Conservação e como estes se relacionam.

A interpretação do diagnóstico se relacionará com a definição de objetivos


específicos de manejo, definições de zonas para as diferentes modalidades de usos,
normas gerais e programas de manejo. Nesse contexto, o Instituto dispõe de uma
coordenação responsável pelo processo de elaboração, revisão e monitoramento
de Planos de Manejo, cuja equipe vem trabalhando ativamente na organização e
reestruturação do processo de planejamento.

Cabe aos técnicos o papel de supervisionar e orientar as equipes de


planejamento das Unidades de Conservação, além de, muitas das vezes, coordenar
ativamente todo o processo de planejamento.

FONTE: <http://www.icmbio.gov.br/biodiversidade/unidades-de-conservacao/planos-de-
manejo>. Acesso em: 8 ago. 2011.

NOTA

Algumas categorias de manejo permitem criação de unidades estaduais e


municipais, como parque, monumento natural, área de proteção ambiental, floresta e RPPN,
entre outras.

204
TÓPICO 2 | TURISMO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

O objetivo principal de uma unidade de conservação está explícito em seu


próprio nome: conservar, proteger a biodiversidade da área em questão. Quanto
maior o grau de fragilidade, maiores as restrições de uso do local.

Portanto, quando se fala em ecoturismo em unidades de conservação,


essa questão precisa estar muito bem alinhada com as atividades que se
pretendem para a área, bem como demais detalhes que deverão estar presentes
no plano de manejo, conforme já exposto anteriormente. Nem todas as unidades
permitem visitação turística e, quando esta é permitida, deve estar subordinada
a condicionantes específicas, conforme pode ser observado no quadro a seguir:

QUADRO 16 – USO TURÍSTICO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO BRASILEIRAS, SEGUNDO O SNUC

Categoria Domínio Uso Turístico


Estação Ecológica Público É proibida a visitação pública, exceto quando com
objetivo educacional, de acordo com o que dispuser
o Plano de Manejo da unidade ou regulamento
específico.
Reserva Biológica Público É proibida a visitação pública, exceto aquela com
objetivo educacional, de acordo com regulamento
específico.
Parque Nacional Público A visitação pública está sujeita às normas e restrições
estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às
normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua
administração, e àquelas previstas em regulamento.
Monumento Público-Privado A visitação pública está sujeita às condições e
Natural restrições estabelecidas no Plano de Manejo da
unidade, às normas estabelecidas pelo órgão
responsável por sua administração e àquelas
previstas em regulamento.
Refúgio de Vida Público-Privado A visitação pública está sujeita às normas e restrições
Silvestre estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às
normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua
administração, e àquelas previstas em regulamento.
Área de Proteção Público-Privado Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao
Ambiental proprietário estabelecer as condições para pesquisa
e visitação pelo público, observadas as exigências e
restrições legais.
Área de Relevante Público-Privado Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao
Interesse Ecológico proprietário estabelecer as condições para pesquisa
e visitação pelo público, observadas as exigências e
restrições legais.
Floresta Nacional Público A visitação pública é permitida, condicionada às
normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo
órgão responsável por sua administração.
Reserva Extrativista Público, com A visitação pública é permitida, desde que compatível
uso concedido com os interesses locais e de acordo com o disposto
às populações no Plano de Manejo da área.
extrativistas

205
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

Reserva de Fauna Público A visitação pública pode ser permitida, desde que
compatível com o manejo da unidade e de acordo
com as normas estabelecidas pelo órgão responsável
por sua administração.
Reserva de Público, com uso É permitida e incentivada a visitação pública, desde
Desenvolvimento das populações que compatível com os interesses locais e de acordo
Sustentável tradicionais com o disposto no Plano de Manejo da área.
Reserva Particular Privada Visitação com objetivos turísticos, recreativos e
do Patrimônio educacionais.
Natural - RPPN

FONTE: BRASIL (2000)

As Reservas Particulares do Patrimônio Natural/RPPN e as Áreas de


Proteção Ambiental/APA são – com os Parques – as categorias de Unidade de
Conservação mais importantes para o incremento do turismo, em seu segmento
ecoturismo, porém é importante notar que as RPPNs são particulares, o que
requer e depende de interesses privados para o desenvolvimento turístico
nessas áreas.
FONTE: Costa (2002b)

Estas restrições visam à conservação, mas também podem ser importantes


para ordenar o uso turístico. Como já foi discutido anteriormente durante esta
disciplina, o turismo pode ser causador de impactos negativos quando não são
observadas práticas sustentáveis de visitação. Estes impactos podem ser muito
danosos quando ocorrem em áreas destinadas à conservação ambiental, como é
o caso das unidades de conservação. Vamos falar sobre isto no próximo capítulo.

3 OS EFEITOS DO TURISMO NAS UNIDADES DE


CONSERVAÇÃO
Como já vimos anteriormente, o crescente interesse por atividades
ligadas à natureza, especialmente a partir da década de 80, fez com que o
ecoturismo se tornasse um representativo segmento turístico. No entanto, nem
sempre a atividade tendo como base o meio natural gera benefícios para este,
sendo que muitas vezes os prejuízos suplantam os poucos benefícios gerados
pela atividade.
FONTE: Soares (2002)

A associação das unidades de conservação com a atividade turística, em


especial o ecoturismo, possibilitou a difusão desta atividade em áreas protegidas,
tornando diversas unidades de conservação no mundo importantes destinos
ecoturísticos, como por exemplo, as Ilhas Galápagos, as reservas e parques
nacionais do Quênia e da Tanzânia, entre outras destinações.

206
TÓPICO 2 | TURISMO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

DICAS

Acesse o link <http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2011/06/08/70932-


unidades-de-conservacao-podem-render-cerca-de-r-6-bilhoes-por-ano.html> para ter
informações sobre o uso econômico de Unidades de Conservação.

Sendo o Brasil um dos países mais ricos em biodiversidade, naturalmente


algumas de suas unidades de conservação também se tornaram importantes
destinos turísticos, sendo que esta atividade está contemplada no SNUC,
conforme vimos anteriormente.

FIGURA 59 – O PARQUE NACIONAL SERRA DA CANASTRA/MG, ALÉM DE SER MUITO


PROCURADO PELOS TURISTAS, PROTEGE O PATO-MERGULHÃO, UMA DAS ESPÉCIES MAIS
AMEAÇADAS DO MUNDO

FONTE: <http://twixar.me/0XNn >. Acesso em: 03 jun. 2019.

Apesar de as unidades de conservação serem locais destinados à


conservação ambiental, exercício da educação ambiental, pesquisa científica e
contemplação da natureza em seu estado original ou mais próximo deste, a prática
da atividade turística muitas vezes não atende a esses princípios. (SOARES, 2002).
Segundo Furlan (1999, apud SOARES 2002, p. 3), isso é ocasionado pelo fato de:

o turismo ter se tornado uma importante fonte de captação de renda


para as unidades de conservação, que geralmente contam com recursos
exíguos para suas atividades, especialmente no Brasil e nos países
em desenvolvimento, portanto desencadeando a mercantilização do
ecoturismo.

Para Soares (2002, p. 3), “esse fato faz com que os planos de manejo
de muitas unidades de conservação sejam feitos simplesmente para atender à
demanda turística e consequentemente podem comprometer a manutenção

207
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

dos ambientes naturais contemplados por estas unidades”, gerando impactos


negativos muitas vezes irreversíveis. Conforme Serrano (2001 apud SOARES,
2002), “mesmo que a exploração turística das unidades de conservação se faça
de acordo com os critérios previstos nos seus planos de manejo, ela dificilmente
deixará de provocar impactos negativos”. Soares (2002, p. 3) apresenta os
impactos mais comuns ocasionados pelo turismo em unidades de conservação,
citados a seguir:

• mudanças no comportamento dos animais ocasionados pelo número


excessivo de visitantes em uma determinada área;
• erosão, distúrbios no comportamento dos animais, perda de hábitat da
fauna e comprometimento da qualidade visual da paisagem em função da
construção de infraestrutura, de áreas para descanso e da abertura de trilhas
e acessos;
• alterações no comportamento dos animais e empobrecimento de sua dieta,
ocasionados pelo hábito dos visitantes de alimentar os animais;
• interferência no ambiente sonoro, visual e olfativo típico da área, resultantes
do barulho, excesso de cores e odores estranhos dos visitantes;
• poluição do solo, dos cursos d’água e interferência na alimentação dos
animais, ocasionados pela deposição inadequada do lixo;
• destruição da vegetação, morte de animais e empobrecimento do solo,
ocasionados pelos incêndios;
• remoção de atrativos naturais (pedras, vegetais, pequenos animais) para
servirem de souvenirs para os visitantes.

Por outro lado, Serrano (2001 apud SOARES, 2002, p. 4), se bem planejado, o
ecoturismo pode ser positivo e trazer benefícios para as unidades de conservação,
para a comunidade local e os visitantes:

• difusão de informação ambiental por meio de programas de educação


ambiental;
• integração das UCs com as comunidades locais e com a sociedade;
• geração de recursos, oriundos das taxas de visitação, que podem ser
importantes na manutenção e no financiamento de programas dentro das
UCs;
• aumento da oferta de espaços de recreação e lazer em ambientes naturais.

Soares (2002, p. 4) lembra que “existem inúmeros casos em que o


ecoturismo foi o grande responsável ou contribuiu de forma considerável para
a manutenção de uma determinada área natural, como no Quênia e nas Ilhas
Galápagos”. Assim, Soares (2002, p. 6) considera que:

a partir do momento em que a atividade ecoturística for planejada


e praticada seguindo os princípios básicos de educação ambiental,
conservação da natureza, valorização das manifestações culturais
locais e envolvimento das comunidades locais, os impactos negativos
gerados por essa atividade provavelmente serão mínimos ou até
mesmo eliminados e seus impactos positivos serão potencializados.

208
TÓPICO 2 | TURISMO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Portanto, fica evidente que, para garantir que os impactos sejam


sempre positivos em Unidades de Conservação, devemos basear a visitação
turística no planejamento adequado da atividade, dentro das recomendações
do Plano de Manejo. A oferta de infraestrutura mínima é condição essencial
para o atendimento a necessidades da demanda turística. A satisfação desse
item engloba também a necessidade de um planejamento com mínimo impacto
ambiental e total integração entre os grupos sociais envolvidos.
FONTE: Costa (2002a)

DICAS

Acesse o link <http://www.sbe.com.br/ptpc/ptpc_v1_n1.pdf#page=69> para


conhecer um trabalho sobre a percepção de impactos socioambientais sob a ótica dos
ecoturistas.

4 SUSTENTABILIDADE EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


Como já citamos anteriormente, o Brasil é um dos países mais ricos
em biodiversidade no mundo, despertando interesse de pesquisadores,
estudantes, aventureiros e ecoturistas que, a cada ano aumentam a demanda
por atividades em áreas naturais. Porém, faltam em diversas Unidades de
Conservação, estudos limitantes de áreas e das possibilidades de exploração
turística, principalmente porque a maioria dos Parques – federais, estaduais
e municipais – não possuem plano de manejo, o que pode comprometer a
qualidade no atendimento ao visitante de tais áreas e a consequente dificuldade
de gestão do turismo.
FONTE: Costa (2002b)

Para muitos países ricos em biodiversidade, o ecoturismo representa


importante fator de rentabilidade econômica, principalmente quando praticado
em parques. No Brasil, com exceção dos Parques Nacionais do Iguaçu/PR, Itatiaia
e Tijuca/RJ, as unidades de conservação ainda não apresentam uma rentabilidade
derivada da prática turística, demandando recursos do governo para sua
manutenção.

O crescimento do interesse turístico nas unidades de conservação nem


sempre acompanha os investimentos para conservação e manutenção destas
áreas. Costa (2002a, p. 65) chama atenção para a pressão já existente nestas áreas,

209
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

especialmente nas estaduais e municipais, que tem como causas claras a falta
de planejamento nas áreas de seu entorno, os fatores políticos e a ausência de
aplicação dos princípios de sustentabilidade. Conforme a autora:

O desenvolvimento sustentável é norteado tanto por necessidades


essenciais, presentes e futuras, como pela noção de limitação, posto
que, sem a imposição de limites, dificilmente a sustentabilidade
ocorreria. O uso turístico dos recursos naturais, dentro dos princípios
expostos, deve enfatizar sob um prisma diferenciado o ser humano,
separando em lados diversos a população e o turista. Essa ótica se
faz necessária para que os diferentes aspectos, tanto de planejamento
como de gestão – no caso das unidades de conservação – atendam
adequadamente à proposta de desenvolvimento sustentável, em que
todos saem lucrando: ambiente natural, população local e turista.

O Plano de Manejo, como já foi exposto anteriormente, é a principal


ferramenta para gestão e uso sustentável de uma unidade de conservação. Além
do conhecimento sobre os aspectos socioambientais da área e seu entorno, que
balizam sua administração e gestão dos recursos, outro fator importante é o
conhecimento de sua capacidade de suporte para visitação turística.

Além da Capacidade de Carga, muitos outros métodos foram


desenvolvidos, especialmente para os parques norte-americanos, com objetivo
de monitorar os impactos advindos de visitação turística.

DICAS

Visite o site <http://leopold.wilderness.net/> para ter acesso a vários trabalhos


sobre o uso turístico em unidades de conservação nos Estados Unidos.

Todos os estudos sobre capacidade de carga turística em unidades de


conservação acabam por levar em conta os fatores a seguir:

• Tamanho da área e espaço utilizável pelo turista.


• Fragilidade do ecossistema a ser visitado.
• Recursos naturais: número, diversidade e distribuição das espécies vegetais
e animais.
• Topografia, relevo e hidrografia.
• Sensibilidade e mudanças de comportamento de espécies animais diante
dos visitantes.
• Percepção ambiental dos turistas.
• Disponibilidade de infraestrutura e facilidades.
• Oportunidades existentes para que os visitantes desfrutem dos recursos.
FONTE: Costa (2002a)

210
TÓPICO 2 | TURISMO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Dois importantes métodos para o controle do uso turístico em Unidades


de Conservação são Limite Aceitável de Câmbio (LAC) e o Monitoramento de
Impactos dos Visitantes (VIM).

A partir do conceito de capacidade de carga, o LAC observa


essencialmente as condições desejáveis para uma área receber visitantes, com
base em quatro etapas:

1. Especificação das condições aceitáveis e realizáveis para os recursos e


aspectos sociais.
2. Análise entre as relações existentes e as mudanças aceitáveis.
3. Identificação das ações de manejo necessárias.
4. Criação e execução de um programa de monitoramento e evolução do
manejo.

Tanto a metodologia VIM quanto a LAC não tem por objetivo estabelecer
uma capacidade de carga ou suporte, apesar de fornecerem subsídios para o
cálculo de um número ideal de visitantes.
FONTE: Costa (2002a)

DICAS

Em Lobo e Simões (2010), você vai encontrar um excelente manual de


monitoramento de impactos em Unidades de Conservação, e em Takahashi (1997) vai poder
conhecer com detalhes a metodologia LAC.

Costa (2002a, p. 72) observa ainda que:

o controle da demanda e a limitação do uso turístico auxiliam não


só na manutenção das características ambientais das unidades de
conservação, mas também no ganho social advindo do melhor
aproveitamento do tempo de estada do visitante na área natural
protegida. [...] Para um estudo pormenorizado, visando a estabelecer
um patamar ótimo de uso da UC, deverão ser utilizadas as metodologias
citadas, o que facilitará em muito a proposição de soluções para os
efeitos do turismo detectados. Porém, deve-se ter claro em mente que
essas fórmulas são extremamente úteis como instrumentos geradores
de dados, mas que necessitam ser avaliados, também, levando em
conta os diferenciais existentes em cada caso estudado.

211
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

O Zoneamento Ambiental de Unidades de Conservação é a definição


de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo
e normas específicos e com propósito de oferecer condições para que todos
os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz.
Ela gera a divisão da área natural protegida em sete zonas com uso e funções
definidos para cada uma delas:

1. Zona Intangível: primitividade natural intacta. Dedicada à proteção integral.


2. Zona Primitiva: pequena ou mínima intervenção humana.
3. Zona de Uso Extensivo: área natural, podendo apresentar alguma alteração.
4. Zona de Uso Intensivo: área natural ou alterada pelo homem.
5. Zona Histórico-Cultural: visa a proteger sítios históricos.
6. Zona de Recuperação: áreas naturais consideravelmente alteradas pelo
homem.
7. Zona de Uso Especial: é a que contém as áreas necessárias à administração.
FONTE: Costa (2002b)

NOTA

Algumas categoa É importante lembrar que, para garantir a sustentabilidade do


uso turístico de uma unidade de conservação, o planejamento ambiental requer sempre a
utilização de diversos instrumentos de manejo, como o estabelecimento de zonas, a criação
de planos de ação e a constante avaliação das atividades ocorrentes em cada área. rias de
manejo permitem criação de unidades estaduais e municipais, como parque, monumento
natural, área de proteção ambiental, floresta e RPPN, entre outras.

Assim, concluímos que existem diversas ferramentas, tanto sociais como


ambientais, que buscam utilizar Unidades de Conservação de maneira sustentável.
Cabe ao poder público a utilização das mesmas e também à sociedade cobrar o
correto manejo destas áreas de importância na conservação da biodiversidade e
na economia.

212
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, vimos que:

• Uma Unidade de Conservação é o espaço territorial e seus recursos ambientais,


incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e
limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção.

• Com a oficialização do Código Florestal Brasileiro houve uma separação


das áreas que permitiam exploração dos recursos naturais das que proibiam
qualquer forma de exploração dos recursos naturais.

• O IBDF, criado em 1967, deu lugar ao IBAMA em 1989 que, em 2007, deu origem
ao ICMBio, que atualmente é o órgão responsável pela gestão das Unidades de
Conservação Brasileiras.

• Atualmente, as Unidades de Conservação Brasileiras são geridas pelo Sistema


Nacional de Unidades de Conservação/SNUC.

• A Constituição Brasileira de 1988 declara que todos têm direito a um meio


ambiente ecologicamente equilibrado, cabendo ao Poder Público o dever de
defendê-lo, preservá-lo e de criar áreas para garantir a conservação do meio
ambiente.

• As unidades de conservação são divididas em duas categorias: Unidades de


Conservação Integral e Unidades de Uso Sustentável.

• As Reservas Indígenas não fazem parte do SNUC, sendo que seu manejo é feito
por meio de outras bases.

• Algumas categorias de unidades de conservação, como a Estação Ecológica,


não permitem visitação turística, porém aquelas que permitem, como Parques
Nacionais, Monumentos Naturais e RPPNs, podem se tornar importantes
atrativos turísticos para uma região, sendo inclusive responsáveis pelo
desenvolvimento econômico da região.

• A visitação turística em Unidades de Conservação deve estar subordinada


às orientações e regras contidas no Plano de Manejo da unidade, para evitar
impactos negativos advindos desta atividade, conforme veremos no capítulo
seguinte.

213
• As Reservas Particulares do Patrimônio Natural/RPPN e as Áreas de Proteção
Ambiental/APA são – com os Parques – as categorias de Unidade de Conservação
mais importantes para o incremento do turismo.

• A associação das unidades de conservação com a atividade turística, em especial


o ecoturismo, possibilitou a difusão desta atividade em áreas protegidas,
tornando diversas unidades de conservação no mundo importantes destinos
ecoturísticos.

• O turismo se tornou uma importante fonte de captação de renda para as


unidades de conservação, que geralmente contam com recursos exíguos para
suas atividades, especialmente no Brasil e nos países em desenvolvimento.

• Mesmo que a exploração turística das unidades de conservação se faça de


acordo com os critérios previstos nos seus planos de manejo, ela dificilmente
deixará de provocar impactos negativos.

• Se bem planejado, o ecoturismo pode ser positivo e trazer benefícios para as


unidades de conservação, para a comunidade local e os visitantes, conforme
Serrano (2001).

• A partir do momento em que a atividade ecoturística for planejada e praticada,


seguindo os princípios básicos de educação ambiental, conservação da
natureza, valorização das manifestações culturais locais e envolvimento
das comunidades locais, os impactos negativos gerados por essa atividade
provavelmente serão mínimos ou até mesmo eliminados e seus impactos
positivos serão potencializados.

• A oferta de infraestrutura mínima é condição essencial para o atendimento a


necessidades da demanda turística.

• O crescimento do interesse turístico nas unidades de conservação nem sempre


acompanha os investimentos para conservação e manutenção destas áreas,
aumentando a pressão já existente nestas áreas.

• O desenvolvimento sustentável é norteado tanto por necessidades essenciais,


presentes e futuras, como pela noção de limitação, posto que, sem a imposição
de limites, dificilmente a sustentabilidade ocorreria.

• Além do conhecimento sobre os aspectos socioambientais da área e seu entorno,


que balizam sua administração e gestão dos recursos, outro fator importante é
o conhecimento de sua capacidade de suporte para visitação turística.

• Dois importantes métodos para o controle do uso turístico em Unidades de


Conservação são Limite Aceitável de Câmbio (LAC) e o Monitoramento de
Impactos dos Visitantes (VIM).

214
• O controle da demanda e a limitação do uso turístico auxiliam não só na
manutenção das características ambientais das unidades de conservação, mas
também no ganho social advindo do melhor aproveitamento do tempo de
estada do visitante na área natural protegida.

• O Zoneamento Ambiental de Unidades de Conservação é a definição de setores


ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas
específicos e com propósito de oferecer condições para que todos os objetivos
da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz.

215
AUTOATIVIDADE

1 Existem unidades de conservação em sua região? Quantas possuem


visitação turística? Destas, quais são orientadas por um plano de manejo?

2 Assinale a alternativa que descreve o objetivo de um Parque Nacional:

a) Tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas


científicas. É proibida a visitação pública, exceto com objetivo educacional
e a pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável.
b) Tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos
naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou
modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de
seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar
e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos
ecológicos.
c) Tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de
grande beleza cênica.
d) Tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande
relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas
científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação
ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

3 Qual foi o primeiro Parque Nacional do mundo?

a) Parque Nacional Banff – Canadá.


b) Parque Nacional Royal – Austrália.
c) Parque Nacional de Yellowstone - Estados Unidos.
d) Parque Nacional Egmont – Nova Zelândia

4 Qual foi o primeiro Parque Nacional do Brasil?

a) Parque Nacional de Ubajara.


b) Parque Nacional do Itatiaia.
c) Parque Nacional do Iguaçu.
d) Parque Nacional da Serra dos Órgãos.

5 De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei nº


9.985/2000, Cap. 1, Art. 2º), o que é uma Unidade de Conservação?

a) É o espaço territorial e seus recursos econômicos, incluindo as águas


jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído
pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas
de proteção.

216
b) É o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído
pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas
de proteção.
c) É o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características econômicas relevantes, legalmente
instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias
adequadas de proteção.
d) É o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído
pela iniciativa privada, com objetivos de conservação e limites definidos, sob
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas
de proteção.

6 O Projeto de Lei do SNUC recebeu substitutivos com alterações polêmicas e,


apenas em 2000 seu texto foi aprovado pelo Congresso Nacional. De acordo
com o SNUC, os objetivos desta lei são:

• contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos


genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;
• proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;
• contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas
naturais;
• promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
• promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza
no processo de desenvolvimento;
• proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
• proteger as características de natureza geológica, geomorfológica,
espeleológica, paleontológica e cultural;
• proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
• recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
• proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica,
estudos e monitoramento ambiental;
• valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
• favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a
recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;
• proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações
tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e
promovendo-as social e economicamente.

Considerando os objetivos apontados, assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Todos os objetivos estão incorretos.
b) ( ) Todos os objetivos estão corretos.
c) ( ) Apenas o primeiro objetivo está correto.
d) ( ) Apenas o último objetivo está correto.

217
218
UNIDADE 3
TÓPICO 3

TURISMO DE EXPERIÊNCIA

1 INTRODUÇÃO
O stress da vida moderna e o distanciamento das antigas tradições e da
natureza, que antigamente eram mais próximas ao cotidiano das pessoas, têm
despertado no viajante o desejo de reviver antigas memórias ou, na maioria dos
casos, conhecer realidades diferentes do seu dia a dia. O turista não quer mais ser
um sujeito meramente contemplativo, mas sim o ator de sua própria experiência
e, portanto, o protagonista de seus sonhos no destino que escolheu para sonhar.
Esta é a base para o desenvolvimento do Programa Economia da Experiência,
uma parceria entre o Ministério do Turismo, o Instituto Marca Brasil e o SEBRAE.

DICAS

Para conhecer o Programa Economia da Experiência, acesse o link <http://www.


tourdaexperiencia.com/>.

De acordo com as informações disponíveis no site do Programa, este


trabalho foi desenvolvido e implementado de forma pioneira no Brasil a partir de
2006, em 8 municípios da Região Uva e Vinho - RS, como apoio local do Sindicato
dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares – SHRBS Região Uva e Vinho.

O projeto tem como principal objetivo auxiliar os profissionais do turismo


a adaptarem suas empresas para o novo conceito. Com as orientações do projeto,
os estabelecimentos e serviços ganharam importantes diferenciais e passam a
oferecer experiências memoráveis a seus visitantes através da valorização da
singularidade de cada destino. Os resultados obtidos neste piloto estimularam
o Ministério do Turismo, SEBRAE Nacional e Instituto Marca Brasil a ampliar a
abrangência geográfica expandindo a implantação do projeto para outros quatro
destinos brasileiros em 2008: Costa do Descobrimento-BA, Petrópolis-RJ, Bonito-
MS e Belém-PA.

Segundo informações do programa, durante o desenvolvimento desta


segunda etapa e envolvendo os cinco destinos, foi elaborada pelos parceiros uma
marca comercial que carrega o conceito da experimentação, que começa com a
219
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

busca na história, tradição, cultura, através das vivências. Essa experimentação


está diretamente ligada com o momento presente, sentindo a respiração, a batida
do coração, o movimento e a sinergia, que traduz em sentimentos: emoção, prazer,
inspiração e satisfação. A esta marca deu-se o nome de “Tour da Experiência” e foi
desenvolvida tendo por objetivo valorizar e promover aqueles empreendimentos
que apresentam produtos diferenciados alinhados com os conceitos concebidos
pelo projeto.

FIGURA 60 – LOGOMARCA DO TOUR DA EXPERIÊNCIA

FONTE: <http://www.tourdaexperiencia.com/noticia/tour-da-experiencia-ganha-identidade-
visual>. Acesso em: 18 ago. 2011.

Mas afinal, o que é turismo de experiência? Vamos entender este conceito


nos próximos itens deste tópico.

2 LAZER E EXPERIÊNCIA
Para começar a falar sobre este tema, é importante termos uma definição
adequada sobre o que é uma experiência. Para Soares (2009, p. 18-20):

Experiência é todo contato do ser humano com informações/objetos


que se apresentam no meio, contato esse que é transmitido através
da percepção dos cinco sentidos. [...] Toda e qualquer experiência
possui caráter único e individual, sendo que a mesma vivência de um
grupo de indivíduos provocará diferentes experiências em cada um
e ainda podem ocasionar diferentes sensações em épocas diversas de
uma vida. Isso se explica pelo fato de a experiência ser traduzida por
processos mentais e, manifestada por sentimentos e sensações, que
por vezes, estão relacionados à memória, à inteligência emocional, ao
estado de espírito e à história de cada indivíduo.

Antigamente, os produtos manufaturados, especialmente aqueles de


fabricação mais elaborada, eram os que possuíam maior valor na sociedade, cujo
conceito de riqueza ou status baseava-se no acúmulo destes produtos. Com o
avanço tecnológico, a democratização do poder de compra e o acesso a estes bens
de consumo, a prestação de serviços tomou o papel de destaque e, além da boa
qualidade destes serviços, também a inovação passou a ser o diferencial entre as
empresas.

220
TÓPICO 3 | TURISMO DE EXPERIÊNCIA

Assim, observamos que, dentre os diversos recursos utilizados para


seduzir o consumidor, a questão emocional tem sido extremamente explorada
para estimular o consumo, associando prazer à aquisição de determinados
produtos. Isso é muito utilizado pela publicidade e na criação de novidades que
estimulem essas sensações.

De acordo com Soares (2009), “a Economia de Experiência cria bases para


a definição de seus valores, relacionando aspectos emocionais, individualidade
das experiências, percepção dos cinco sentidos e memórias, com a busca de novos
valores pela sociedade”. Para Guzmán et al. (2011), a Economia de Experiência
substituirá gradativamente a Economia de Serviços, pois nessa progressão, o
valor econômico estará centrado nas experiências e nas histórias, por meio de
um conjunto de eventos memoráveis que alguém encena para cativar, entreter ou
fascinar o cliente. No turismo, a promessa de experiências novas e inesquecíveis
tem sido o carro-chefe de muitos roteiros turísticos lançados nos últimos anos no
mercado.

Segundo Pine II e Gilmore (1998, p. 97), “experiências são ofertas


econômicas distintas, diferentes de serviços assim como estes o são de
produtos”, sendo uma oferta tão real quanto um produto ou commoditie. Esse
novo Valor Econômico (a Experiência) só foi possível ser definido devido às
diversas mudanças que estão ocorrendo na sociedade, e que levam à ocorrência
de sensíveis alterações no comportamento do consumidor. O indivíduo
hoje busca por valores mais “emocionais”, “simbólicos”, enfim, busca por
experiências.
FONTE: Adaptado de: Soares (2009)

NOTA

Uma mesma experiência vivida pode ser percebida diferentemente de acordo


com a personalidade, história ou “estado de espírito” de cada indivíduo/consumidor.

Existem duas maneiras de se entender a experiência: A primeira dimensão


seria com relação à participação do sujeito e a segunda, com relação à sua conexão
com o ambiente do evento (PINE II; GILMORE, 1998). Veja a figura a seguir:

221
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

FIGURA 61 – ESFERA DA EXPERIÊNCIA

Absorção

Entretenimento Educativa
Participação Participação
Passiva Ativa
Estética de Evasão

Imersão

FONTE: Adaptado de: Pine II; Gilmore (1998); Soares (2009).

Segundo Pine II e Gilmore (1998, p. 101), a linha horizontal do diagrama


demonstra a primeira dimensão, dividida em Participação Passiva e Participação
Ativa, dispostas nos dois extremos:

• Participação Passiva: o indivíduo não afeta o evento, sendo apenas observador


ou ouvinte. Como exemplo, uma pessoa que preside uma apresentação de
orquestra.
• Participação Ativa: o indivíduo segue regras na criação de um evento que
produz a experiência, como é o caso de esquiadores, ciclistas ou excursionistas.

Continuando a explicação de Pine II e Gilmore (1998, p. 102), a linha


vertical já demonstra a segunda dimensão, que é dividida em Absorção e Imersão:

• Absorção: o indivíduo se concentra e se entusiasma com o evento decorrente a


fim de assimilá-lo, mas sem participar da execução do mesmo.
• Imersão: o indivíduo “se transpõe” para dentro do evento, a fim de participar
de suas regras de execução.

Das quatro divisões resultantes, foram propostos por Pine II e Gilmore


(1998, p. 102): O Entretenimento, o Educativo, o de Evasão e o Estético:

• Entretenimento: experiências do tipo, assistir a um show transmitido por


televisão são entendidas como entretenimento, em que o indivíduo absorve/
assimila o evento de uma forma passiva.
• Educativas: estas experiências tendem a envolver uma participação mais ativa,
mas ainda, sem enredar o indivíduo no processo do evento, como é o caso de
palestras por exemplo.

222
TÓPICO 3 | TURISMO DE EXPERIÊNCIA

• Experiências de Evasão: esse tipo de experiência envolve totalmente o indivíduo


no decorrer do evento, podendo se enquadrar tão bem como experiências
educacionais quanto como experiências de entretenimento. Indivíduos em
uma plateia que são convidados a participar da peça encenada são um bom
exemplo.
• Estética: experiência onde a participação do indivíduo é reduzida à mera
contemplação, mas ainda sim ele se encontra imerso no evento ou ambiente. É
o caso de turistas que realizam os chamados city tours, ou visitantes de galerias
de arte por exemplo.

Ao analisar as quatro faces do diagrama, Soares (2009, p. 27) conclui que


para criar e desenvolver a experiência de uma forma genuína, as organizações
devem usufruir das quatro características apresentadas na composição da oferta,
destacando a importância de se relacionar os cinco sentidos:

Quanto mais uma empresa ou organização utiliza dos sentidos para


encenar uma experiência, mais ela será memorável. Como foi relatado
anteriormente, os sentidos possuem papel fundamental na apreensão
da Experiência, sendo que a utilização de estratégias para enfatizar
e aprimorar a vivência pelos cinco sentidos vem com o intuito de
aumentar os processos cognitivos referentes ao evento encenado,
enredando ainda mais o indivíduo no contexto da Experiência.

É possível resumir os fatores que tornam uma experiência memorável


em três características: entretenimento, estética e evasão. No entretenimento
as empresas de serviços irão produzir lembranças e não mais bens materiais,
quanto à estética a experiência vai buscar encantar por meio do campo visual e
na evasão, o cliente perderá a noção do tempo, absorvendo assim a experiência
por meio da emoção, dos sentidos e do sonho.
FONTE: Pine II; Gilmore (1999 apud GUZMÁN et al., 2001)

Uma das referências mais importantes que deram origem ao conceito


de Economia da Experiência é a obra “A Sociedade dos Sonhos”, de Jensen
(1998). Segundo o autor, a sociedade atual anseia por valores éticos, sociais,
emocionais e espirituais e, portanto, qualquer tipo de organização que continuar
a se apoiar em valores como racionalidade e cientificismo para fins apenas de
lucro material será relegado a segundo plano e vista como pouco confiável:

Segundo Jensen (1998, apud Soares 2009):

[...] a atenção de empresas e organizações irá se voltar


principalmente para o ‘Contador de Histórias’, uma das principais
figuras desse novo modelo. O valor dos produtos irá depender
primordialmente da história que eles contam, da simbologia e das
emoções causadas em cada indivíduo. A criatividade e imaginação
serão habilidades mais requisitadas no mercado de trabalho.

FONTE: Adaptado de: Soares (2009)

223
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

NOTA

O Turismo de Experiência é a resposta para o desejo da sociedade pós-moderna


por experiências únicas. Não basta apenas contemplar belas paisagens e receber informações
superficiais, ele quer vivenciar o novo, diferente, interagir, se emocionar e experimentar
sensações inesquecíveis. E estes anseios têm sido decisivos na escolha de novos roteiros de
viagem.

Soares (2009) define seis critérios básicos, mais a inclusão, para determinar
o Turismo de Experiência:

• Surpresa – eventos, serviços ou produtos que saem da “rotina” e do


“previsível” e superam as expectativas do indivíduo.
• Emoções Únicas – experiências que ofereçam emoções dificilmente
vivenciadas no dia a dia, que se tornam memoráveis, como voar de balão,
pular de paraquedas etc.
• Exclusividade – A sensação de experimentar sensações únicas, sob medida
para cada indivíduo, pois experiências serão sempre individuais.
• Uso dos cinco sentidos – ampliar as sensações por meio de todos os sentidos
humanos proporciona melhor interação entre indivíduo, evento e meio.
• Interação – eventos, serviços e produtos que procuram maior interação
abrem portas para sensações e emoções diferenciadas.
• Despertar de sonhos e sentimentos – trabalhar os valores mentais, emocionais
e imateriais em primeiro plano.
• Inclusão – critério base para a formatação e o desenvolvimento de quaisquer
produtos/ serviços/ eventos que garantam autonomia e independência de
todos os indivíduos.

Na contemporaneidade, as empresas que desejarem liderar o mercado


de turismo, constatarão que a competitividade estará centrada no planejamento
e na organização das experiências, trazendo o foco para o turista, e não para
o pacote tradicional e padronizado, com a criação de marcas emocionais.
Deverão estar atentas às mudanças comportamentais e sociais que influenciem
nos desejos como consumidores de experiências inéditas e exclusivas.
FONTE: Beni (2003 apud GUZMÁN et al., 2011)

Tais cuidados em relação às marcas emocionais poderão estabelecer


o contato mais próximo com os seus consumidores, permitindo assim uma
ligação através de apelo emocional, alcançando a diferenciação e inovação
frente às concorrentes, além de se destacar na preferência do consumidor.
FONTE: Gobé; Zyman (2001 apud GUZMÁN et al., 2011)

224
TÓPICO 3 | TURISMO DE EXPERIÊNCIA

Guzmán et al. (2011, p. 104-105) destacam a importância da marca da


destinação, pois é um nome ou símbolo que visa identificar o ambiente e diferenciar
de outros destinos competitivos e atribuir a este o conceito de experiência na gestão
do turismo, transmitindo assim, a promessa de uma inesquecível experiência de
viagem, servindo para consolidar e reforçar a lembrança das memórias agradáveis
dessa experiência da destinação. Os autores afirmam que:

O turismo norteará por novos caminhos partindo para a ideia da


personificação ou a sensação de exclusividade, deixando assim de
ser uma atividade de interesses gerais para algo de interesse especial
[...] o Turismo de Experiência baseia-se na necessidade das pessoas
sentirem e terem certeza de que estão vivas e de que estão conhecendo
coisas novas, além da aprendizagem baseada pela experiência, já que o
contato e a interação são importantes para evidenciar toda a proposta
idealizada pela teoria. Aliás, esses turistas embarcarão nessas viagens
como tivessem iniciado uma jornada, com direito a emoções e sensações
inesquecíveis, pois buscam correr riscos e retornar diferentes, com
mais conhecimentos, pois esse novo turista é um personagem que
decide encarar o desafio.

A economia baseada nas experiências dos indivíduos é um processo real


e presumível de ser posto em prática, já que gradativamente, os consumidores
turistas já estarão envolvidos pelas emoções e sensações que determinadas
experiências poderão transmitir.
FONTE: Adaptado de: Guzmán (2011)

Por fim, no Turismo de Experiência, muitas vezes, a realidade e a fantasia


adquirem o mesmo nível de importância, quando ainda podem se mesclar de
acordo com a vivência proporcionada. Exemplos de parques temáticos como
os da Disney enredam os visitantes (denominados guests) em um mundo de
conto de fadas, onde diversas sensações e emoções são provocadas a fim de
abarcar o visitante em uma história mágica, num mundo à parte do real.
FONTE: Soares (2009)

DICAS

Para conhecer os trabalhos já implantados do Programa Economia da Experiência


no Brasil, acesse o link <http://tourdaexperiencia.blogspot.com/>.

225
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

3 ENVOLVIMENTO COM A COMUNIDADE LOCAL


Além das emoções despertadas pela beleza da paisagem, observação
de vida silvestre e de outros prazeres do turismo contemplativo, ou ainda as
emoções das atividades de aventura, o Turismo de Experiência envolve o turista
em outras questões importantes e inseparáveis da região visitada, como sua
cultura, seus valores e tradições. Portanto, permitir que o visitante participe
destas manifestações faz parte da proposta experiencial deste programa.

Porém, toda essa estrutura só poderá funcionar com o envolvimento


da comunidade local, em vários níveis, conforme já discutido no Tópico 3 da
Unidade 2. Aqui incluímos o guia ou condutor de turismo que conhece as
histórias, lendas, lugares e personagens da comunidade, a operadora local que
viabiliza oportunidades de roteiros experenciais, pousadas e restaurantes que
introduzem estes conceitos na recepção do turista.

Como já citado anteriormente, o Programa Economia da Experiência


levou com sucesso esse conceito para alguns destinos brasileiros, aumentando a
oferta de roteiros onde estas emoções podem ser trabalhadas de forma a propiciar
uma experiência diferenciada ao turista. Um resumo deste trabalho pode ser lido
no texto a seguir:

DICAS

Para ter acesso ao texto completo, acesse o link <http://www.turismo.gov.br/


export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Estudo_de_
Caso_Tour_Experiencia.pdf>.

LEITURA COMPLEMENTAR

PROGRAMA ECONOMIA DA EXPERIÊNCIA

A. Souza
M. Saad

O Projeto teve como meta suprema a aplicação do conceito Economia


da Experiência com uma série de empreendimentos turísticos brasileiros (de
micro e pequeno portes), auxiliando-os, assim, na inovação de seus atrativos, no
intuito de agregar à suas ofertas toda a potencialidade emotiva que as vivências
relacionadas às culturas regionais são capazes de proporcionar ao turista.

226
TÓPICO 3 | TURISMO DE EXPERIÊNCIA

Desenvolvido entre os anos de 2006 e 2007, na Região Uva e Vinho, no Rio


Grande do Sul, o projeto-piloto do Programa Economia da Experiência obteve
resultados bastante perceptíveis, proporcionando – por meio de uma identidade
única para os seus produtos – o desenvolvimento efetivo e a sustentabilidade
econômica dos empreendimentos envolvidos.

Logo, essa experiência serviu de referência para a consolidação da


metodologia de implantação do Projeto entre 2008 e 2009, ocasião em que foi
aplicada a quatro novos destinos brasileiros: Belém (PA), Bonito (MS), Costa do
Descobrimento (BA) e Petrópolis (RJ).

O objetivo da implementação dessa metodologia, portanto, foi o de


justamente auxiliar os profissionais da área de turismo a se tornarem “mestres
na arte de vender experiências”, visando não apenas atender e satisfazer as novas
demandas detectadas, mas, sobretudo, superar as expectativas dos turistas.

Para isso, foi necessário, de um lado, promover a integração do mercado


através da consolidação de uma rede de cooperação, e de outro, estimular
profundamente a criatividade dos empreendedores, de modo que fossem capazes
– através da valorização de suas peculiaridades culturais – de estabelecer um
processo constante de inovação para suas ofertas.

No entanto, como sabemos, não são as iniciativas isoladas que garantem a


satisfação plena dos visitantes – assim como o desenvolvimento efetivo de um destino
– mas, sobretudo a articulação harmônica de um conjunto complexo de elementos,
de modo a formar um “cardápio de emoções” a ser vivenciado e ofertado. Dessa
forma, quanto mais sincrônicas e coordenadas forem as relações entre as entidades
locais, tanto mais numerosos serão os benefícios tangíveis para todos.

Por isso, através de uma parceria entre o Ministério do Turismo, SEBRAE


Nacional e sob a gestão do Instituto Marca Brasil e SEBRAE, quatro novos
destinos brasileiros foram contemplados pelo Projeto, resultando na concepção
de uma metodologia de trabalho única, porém adequável às realidades locais,
respeitando suas características e peculiaridades. Afinal, numa época em que
vivenciamos a transição da “economia de serviços”, apenas as ações voltadas
para o fortalecimento dos arranjos produtivos entre os pequenos negócios são
capazes de promover o estímulo à identificação de características inovadoras
que incrementem o valor das ofertas. Por isso, “inovação” foi mesmo a palavra
de ordem do Projeto Economia da Experiência durante toda a sua vigência:
“inovar para atender a novas necessidades e valores de mercado”; “inovar para
transformar o habitual e a mesmice em algo único e memorável”.

O Projeto Economia da Experiência garantiu um espaço definitivo no


coração e na veia empreendedora de todos os envolvidos, na busca pelo sonho
de oferecer experiências inéditas. O conceito foi internalizado por mais de 200
pessoas, e envolveu profundamente a equipe, os empreendedores e as lideranças
que tiveram contato direto com uma metodologia inovadora, responsável por
inserir quase 100 novas experiências no mercado.
227
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

Essas ações singulares têm como essência as histórias e as culturas não


valorizadas ou adormecidas dos destinos envolvidos. Um dos maiores desafios,
portanto, foi propor que os empresários passassem a se sentir parte da história de
sua região e, acima de tudo, que se sentissem valorizados e motivados a aumentar
sua competitividade, pois determinadas peculiaridades regionais só podem ser
vivenciadas ali, no seu destino, tornando-os personagens de um espetáculo único,
no qual o cliente deve ser o protagonista.

Os empreendedores – atores principais dessa grande iniciativa –


acompanhados pela equipe técnica, merecem destaque pela dedicação e
perseverança, pois apostaram em acompanhar um novo comportamento de
consumo, depositando confiança nos parceiros deste belíssimo projeto, que
mostraram através de dados que o turista busca ser emocionado e surpreendido.

Envolvidos por um ambiente embasado na confiança, se aproximaram


das lideranças e governanças locais, passaram a perceber o outro como parceiro
e não mais como concorrente, o que incentivou a formação da rede e mostrou o
interesse de permanecerem unidos por um só objetivo. Diante disso, o aumento
da rentabilidade dos artesãos na Costa do Descobrimento, a realização de eventos
temáticos na Rua Herny Hugo Dreher, na Região Uva e Vinho, a divulgação do
outro através da exposição dos fôlderes coletivos nos empreendimentos parceiros,
assim como a participação conjunta em eventos, são talvez as maiores provas do
vínculo local e nacional que vem se consolidando.

Também, como grandes resultados alcançados, estão a divulgação e o


incentivo à comercialização desses novos produtos – através da criação do site
<www.tourdaexperiencia.com>, dos planos de inteligência de mercado em cada
destino, e a realização de famtours e fampress. Este último, de fato, demonstrou a
grande aprovação do mercado de operadoras e agências, quando 63% das que
conheceram o Tour da Experiência em Bonito e Petrópolis julgaram encantadores
os novos produtos e serviços, e a sua totalidade julgou ótima a oportunidade de
fazer negócios e parcerias.

Provas concretas de todos os resultados citados anteriormente e do


sucesso do projeto são demonstradas através do resultado da avaliação final dos
empreendedores participantes, onde:

• 65% disseram que o impacto do projeto foi alto com relação à capacidade de
encantar os clientes;
• 91% estão muito mais motivados com relação ao seu negócio;
• 71% citaram como médio ou alto o impacto no aumento da satisfação do cliente
após o projeto;
• 74% constataram uma grande melhoria no atendimento prestado pela sua
empresa;
• 100% se sentiram satisfeitos ou muito satisfeitos com o projeto de maneira
geral;

228
TÓPICO 3 | TURISMO DE EXPERIÊNCIA

• 97% se disseram satisfeitos ou muito satisfeitos com o atendimento e a


disponibilidade da equipe;
• 50% estão muito satisfeitos com os consultores, e 53% muito satisfeitos com as
palestras, as oficinas e os workshops.

Diante disso, torna-se essencial o alcance da sustentabilidade do Tour da


Experiência e dos resultados obtidos. Este importante passo depende muito da
consolidação das redes locais e nacional, que têm se efetivado através da formação
e do fortalecimento dos comitês gestores – os quais se baseiam em ferramentas
desenvolvidas durante o projeto, como o Manual completo, que contempla
subsídios para norteá-los a dar continuidade às ações desenvolvidas.

Baseando-se no que foi apresentado, podemos constatar que informações,


oportunidades e experiências foram oferecidas aos envolvidos, e neste momento
um ciclo se encerra com grandes sonhos realizados: tanto por parte dos parceiros
(MTur, SERAE, IMB e SHRBS da Região Uva e Vinho), que hoje se deparam
com ótimos resultados, quanto dos empreendedores, que puderam transformar
alguns pensamentos e desejos distantes em realidade.

Apesar de ainda existir um longo caminho pela frente, o projeto concretizou


a diversificação da oferta nos territórios envolvidos, o resgate da cultura, o
aumento da competitividade dos destinos e empreendimentos contemplados, a
inclusão social, e, acima de tudo, promoveu a união de 141 empreendimentos
em cinco destinos, lideranças e governanças locais, possibilitando o crescimento
compartilhado.

FONTE: Souza; Saad (2010)

229
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, vimos que:

• Experiência é todo contato do ser humano com informações/objetos que se


apresentam no meio, contato esse que é transmitido através da percepção dos
cinco sentidos.

• Toda e qualquer experiência possui caráter único e individual, sendo que a


mesma vivência de um grupo de indivíduos provocará diferentes experiências
em cada um e ainda pode ocasionar diferentes sensações em épocas diversas
de uma vida. Isso se explica pelo fato de a experiência ser traduzida por
processos mentais e, manifestada por sentimentos e sensações, que por vezes,
estão relacionados à memória, à inteligência emocional, ao estado de espírito e
à história de cada indivíduo.

• A Economia de Experiência cria bases para a definição de seus valores,


relacionando aspectos emocionais, individualidade das experiências, percepção
dos cinco sentidos e memórias, na busca de novos valores pela sociedade.

• Uma mesma experiência vivida pode ser percebida diferentemente de acordo


com a personalidade, história ou “estado de espírito” de cada individuo/
consumidor.

• Existem duas maneiras de se entender a Experiência: a primeira dimensão seria


com relação à participação do sujeito e a segunda, com relação à sua conexão
com o ambiente do evento, podendo ser passiva ou ativa.

• Participação Passiva: o indivíduo não afeta o evento, sendo apenas observador


ou ouvinte. Como exemplo, uma pessoa que preside uma apresentação de
orquestra.

• Participação Ativa: o indivíduo segue regras na criação de um evento que


produz a experiência, como é o caso de esquiadores, ciclistas ou excursionistas.

• Absorção: o indivíduo se concentra e se entusiasma com o evento decorrente a


fim de assimilá-lo, mas sem participar de sua execução.

• Imersão: o individuo “se transpõe” para dentro do evento, a fim de participar


de suas regras de execução.

• Entretenimento: experiências do tipo, assistir a um show transmitido pela


televisão são entendidas como entretenimento, em que o indivíduo absorve/
assimila o evento de uma forma passiva.

230
• Educativas: estas experiências tendem a envolver uma participação mais ativa,
mas ainda, sem enredar o indivíduo no processo do evento, como palestras por
exemplo.

• Experiências de Evasão: esse tipo de experiência envolve totalmente o indivíduo


no decorrer do evento, podendo se enquadrar tão bem como experiências
educacionais quanto como experiências de entretenimento. Indivíduos em
uma plateia que são convidados a participar da peça encenada são um bom
exemplo.

• Estética: experiência onde a participação do indivíduo é reduzida à mera


contemplação, mas ainda sim ele se encontra imerso no evento ou ambiente. É
o caso de turistas que realizam os chamados city tours, ou visitantes de galerias
de arte por exemplo.

• Os sentidos possuem papel fundamental na apreensão da Experiência, sendo


que a utilização de estratégias para enfatizar e aprimorar a vivência pelos
cincos sentidos vem com o intuito de aumentar os processos cognitivos
referentes ao evento encenado, enredando ainda mais o indivíduo no contexto
da Experiência.

• A sociedade atual anseia por valores éticos, sociais, emocionais e espirituais e,


portanto, qualquer tipo de organização que continuar a se apoiar em valores
como racionalidade e cientificismo para fins apenas de lucro material será
relegado a segundo plano e vista como pouco confiável.

• Não basta apenas contemplar belas paisagens e receber informações


superficiais, o turista quer vivenciar o novo, diferente, interagir, se emocionar
e experimentar sensações inesquecíveis. E estes anseios têm sido decisivos na
escolha de novos roteiros de viagem.

• São critérios básicos para determinar o Turismo de Experiência: surpresa,


emoções únicas, exclusividade, uso dos cinco sentidos, interação, despertar de
sonhos e sentimentos e inclusão.

• As empresas que desejarem liderar o mercado de turismo, constatarão que


a competitividade estará centrada no planejamento e na organização das
experiências, trazendo o foco para o turista, e não para o pacote tradicional e
padronizado, com a criação de marcas emocionais.

• O Turismo de Experiência baseia-se na necessidade de as pessoas sentirem e


terem certeza de que estão vivas e de que estão conhecendo coisas novas, além
da aprendizagem baseada pela experiência, já que o contato e a interação são
importantes para evidenciar toda a proposta idealizada pela teoria.

231
• O Turismo de Experiência envolve o turista em outras questões importantes
e inseparáveis da região visitada, como sua cultura, seus valores e tradições.
Portanto, permitir que o visitante participe destas manifestações faz parte da
proposta experiencial deste programa.

• Porém, toda essa estrutura só poderá funcionar com o envolvimento da


comunidade local, em vários níveis: o guia ou condutor de turismo, a operadora
local, pousadas e restaurantes.

• O Programa Economia da Experiência levou com sucesso esse conceito para


alguns destinos brasileiros, aumentando a oferta de roteiros onde estas emoções
podem ser trabalhadas de forma a propiciar uma experiência diferenciada ao
turista.

232
AUTOATIVIDADE

1 Como incorporar o conceito de Turismo de Experiência no seu trabalho?

2 Classifique as seguintes sentenças em V verdadeiras ou F falsas:

( ) Experiência é todo contato do ser humano com informações/objetos que se


apresentam no meio, contato esse que é transmitido através da percepção
dos cinco sentidos.
( ) Toda e qualquer experiência possui caráter único e individual, sendo
que a mesma vivência de um grupo de indivíduos provocará diferentes
experiências em cada um e ainda podem ocasionar diferentes sensações
em épocas diversas de uma vida. Isso se explica pelo fato de a experiência
ser traduzida por processos mentais e, manifestada por sentimentos e
sensações, que por vezes, estão relacionados à memória, à inteligência
emocional, ao estado de espírito e à história de cada indivíduo.
( ) A Economia de Experiência cria bases para a definição de seus valores,
relacionando aspectos emocionais, individualidade das experiências,
percepção dos cinco sentidos e memórias, com a busca de novos valores
pela sociedade.
( ) Uma mesma experiência vivida pode ser percebida diferentemente de
acordo com a personalidade, história ou “estado de espírito” de cada
indivíduo/consumidor.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - V - V - V.
b) ( ) V - V - F - V.
c) ( ) V - V - V - F.
d) ( ) V - F - V - V.

3 Existem duas maneiras de se entender a Experiência: a primeira dimensão


seria com relação à participação do sujeito e a segunda, com relação à sua
conexão com o ambiente do evento, podendo ser passiva ou ativa. Assinale
a alternativa que descreve a participação ativa:

a) O indivíduo segue regras na criação de um evento que produz a experiência,


como é o caso de esquiadores, ciclistas ou excursionistas.
b) O indivíduo não afeta o evento, sendo apenas observador ou ouvinte. Como
exemplo, uma pessoa que preside uma apresentação de orquestra.
c) Todas as alternativas descrevem essa participação.
d) Nenhuma das alternativas descreve a participação.

233
4 Classifique as seguintes sentenças em V verdadeiras ou F falsas:

( ) Absorção: o indivíduo se concentra e se entusiasma com o evento decorrente


a fim de assimilá-lo, mas sem participar da execução do mesmo.
( ) Imersão: o indivíduo “se transpõe” para dentro do evento, a fim de
participar de suas regras de execução.
( ) Entretenimento: experiências do tipo, assistir a um show transmitido
pela televisão são entendidas como entretenimento, em que o indivíduo
absorve/assimila o evento de uma forma passiva.
( ) Educativas: estas experiências tendem a envolver uma participação mais
ativa, mas ainda, sem enredar o indivíduo no processo do evento, como
palestras por exemplo.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - V - V - V.
b) ( ) V - V - F - V.
c) ( ) V - V - V - F.
d) ( ) V - F - V - V.

5 Leia e complete a seguinte sentença:

Experiências de Evasão: esse tipo de experiência envolve ____________


o indivíduo no decorrer do evento, podendo se enquadrar tão bem como
experiências ____________ quanto como experiências de ____________.
Indivíduos em uma plateia que são convidados a participar da peça encenada
são um bom exemplo.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:


a) parcialmente - educacionais - aventura.
b) totalmente - recreativas - entretenimento.
c) parcialmente - recreativas - aventura.
d) totalmente - educacionais - entretenimento.

6 Assinale a alternativa que apresenta os critérios básicos para determinar o


Turismo de Experiência:

a) Aventura, emoções únicas, exclusividade, uso dos cinco sentidos, interação,


despertar de sonhos e sentimentos e inclusão.
b) Aventura, emoções individualizadas, exclusividade, uso dos cinco sentidos,
interação, despertar de sonhos e sentimentos e exclusão.
c) Surpresa, emoções únicas, exclusividade, uso dos cinco sentidos, interação,
despertar de sonhos e sentimentos e inclusão.
d) Surpresa, emoções individualizadas, exclusividade, uso dos cinco sentidos,
interação, despertar de sonhos e sentimentos e inclusão.

234
UNIDADE 3
TÓPICO 4

O IMPACTO AMBIENTAL DA ATIVIDADE


TURÍSTICA

1 INTRODUÇÃO
Como vimos ao longo desta disciplina, o turismo, quando bem planejado,
pode trazer muitos benefícios para a comunidade, introduzindo novas alternativas
econômicas e ajudando no desenvolvimento social.

Porém, se não for bem planejado, o turismo pode trazer muitos efeitos
negativos para o ambiente, sociedade e economia. A atividade turística, quando
praticada em ambientes naturais, deve ser muito bem planejada, pelo fato de que
os efeitos sobre os ambientes naturais, em especial sobre a fauna, são muitas vezes
irreversíveis.

Todos esses problemas poderão ser evitados se o turismo for planejado


com seriedade, profissionalismo e adequado à localidade, pois assim ele
exercerá seu papel de fator de desenvolvimento, principalmente se for
considerado como atividade comercial, e não política, em que o poder público
e o privado trabalhem em parceria para implementar as ações necessárias.
FONTE: Oliveira (2000).

Para tanto, é importante conhecer os principais impactos negativos que o


turismo pode acarretar, antecipando-se aos problemas e minimizando seus efeitos
na comunidade e no meio ambiente. Sem estes cuidados, jamais alcançaremos a
sustentabilidade no turismo. Este é o tema que trataremos neste último tópico da
disciplina.

2 TURISMO DE MASSA
O turismo de massa é aquele realizado por pessoas de pouco poder
aquisitivo, geralmente pertencentes à classe média. Tem como característica
viagens em grandes grupos, a baixo custo e com curta permanência nos lugares
visitados. Por abarcar a maioria da população, muitas vezes envolve roteiros mais
simples e com pouco conforto, priorizando lugares com capacidade para atender
a baixo custo um grande número de pessoas ao mesmo tempo, obtendo lucro pelo
volume de turistas.

235
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

É o turismo que costuma ascender nos países em desenvolvimento devido


ao aumento de renda da parcela pobre da sociedade que alcança a classe média.
Teve origem após o final da Segunda Guerra Mundial, quando foi visto como
uma alternativa econômica para os países em crise, sendo incentivado sem
planejamento ou preocupações com os possíveis impactos sociais e ambientais.

FIGURA 62 – A PRAIA É O DESTINO FAVORITO DO TURISMO DE MASSA

FONTE: <https://pixabay.com/pt/photos/praia-costa-oceano-%C3%A1gua-mar-
ver%C3%A3o-3584246/>. Acesso em: 03 jun. 2019.

Algumas características que diferenciam o turismo de massa dos demais


são apresentadas no quadro a seguir:

QUADRO 17 – CARACTERÍSTICAS DO TURISMO DE MASSA

Variável Turismo de Massa Convencional Turismo Alternativo


Alojamentos
Padrões espaciais Costeiros, alta densidade Dispersos, baixa densidade
Escala Grande dimensão, integrados Pequena escala, estilo familiar
Propriedade Estrangeira, multinacional Local, pequenas e médias empresas
Mercado
Volume Elevado Baixo
Origem Um mercado dominante Sem mercado dominante
Segmento Psicocêntrico Alocêntrico
Atividades Água/Praia/Vida noturna Natureza/Cultura
Sazonalidade Verão – estação alta Sem estação dominante

236
TÓPICO 4 | O IMPACTO AMBIENTAL DA ATIVIDADE TURÍSTICA

Economia
Estatuto Setor dominante Setor suplementar
Setor muito dependente de
Setor não dependente de importações/
Impacto importações/lucros não ficam no
lucros retidos no local
local

FONTE: Adaptado de: <http://twixar.me/lRNn>. Acesso em: 18 ago. 2011.

Quando o turismo de massa surgiu, os observadores otimistas


acreditavam que os recursos turísticos eram inesgotáveis e, por isso,
estabeleciam poucas restrições ao seu uso ou visitação, porém o tempo, o
número excessivo de turistas em locais específicos e a ausência da preocupação
com a preservação dos locais visitados, demonstraram que o turismo agride
as características e a originalidade das atrações. Assim, o turismo de massa
apresenta-se atualmente como o que mais agride o meio ambiente, por
concentrar um número excessivo de turistas em localidades restritas. O
turismo de massa tem contribuído acentuadamente para a destruição, às vezes
irreversível, do meio ambiente turístico.

FONTE: Ruschmann (2006)

NOTA

Ruschmann (2002) observa que a concentração do grande público em


localidades específicas também pode ser positiva, uma vez que limita o uso de outras áreas
mais sensíveis, protegendo-as do turismo de massa.

A constatação de que os recursos turísticos são finitos e de que seu


uso deve ser monitorado levou os especialistas e os responsáveis pelo
desenvolvimento da atividade a considerar a necessidade do planejamento
para regiões com potencialidade turística. Essa limitação do número de
visitantes poderá gerar uma demanda reprimida que, na falta de alternativas
disponíveis, obrigará a viabilização de novos destinos turísticos, desde que
planejados com foco na sustentabilidade.

Alguns problemas associados ao turismo de massa:

• Pressão sobre os equipamentos turísticos e infraestrutura.


• Pressão e destruição dos naturais.

237
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

• Aumento de ruído em lugares antigamente silenciosos.


• Degradação dos monumentos e centros históricos.
• Aglomeração excessiva de pessoas nos mesmos locais.
FONTE: Adaptado de: Ruschmann (2006)

Cabe lembrar que, se bem organizado e preparado, o turismo de massa


pode ser positivo por permitir a um número maior de pessoas visitarem os
lugares mais procurados a baixo custo. Além disso, existe um perfil de público
que aprecia esse tipo de atividade, porém, é importante que todos possam
usufruir suas escolhas sem que isso cause problemas ambientais ou sociais e, para
tanto, mais uma vez enfatiza-se a necessidade de planejamento com vistas na
sustentabilidade.

Discutiremos mais sobre os impactos ambientais do turismo e alternativas


nos capítulos seguintes.

DICAS

Acesse o link <http://engema.up.edu.br/arquivos/engema/pdf/PAP0048.pdf>


para ler um artigo sobre os efeitos do turismo de massa na Amazônia.

3 OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO TURISMO


Irving e Azevedo (2002) apontam:

A proteção, enriquecimento e melhoria de diversos comportamentos


do ambiente humano estão entre as condições fundamentais para
o desenvolvimento harmonioso do turismo. Da mesma maneira,
o gerenciamento racional do turismo pode contribuir de forma
significativa para a proteção e o desenvolvimento do ambiente físico e
do patrimônio cultural como também a melhoria da qualidade de vida
[...] turismo aproxima as pessoas e cria consciência sobre as diversas
formas de vida, tradições e aspirações.

O turismo afeta um grande número de setores que tem alguma


relação com esta atividade, como instituições públicas e privadas, políticas
locais, estaduais ou nacionais, economia, tradições, cultura local, geografia
regional, meio ambiente, indústria e comércio, tributação, propriedade
pública ou privada. É um número considerável de áreas que, afetadas
positiva ou negativamente, influencia a vida da comunidade, aumentando ou

238
TÓPICO 4 | O IMPACTO AMBIENTAL DA ATIVIDADE TURÍSTICA

diminuindo suas expectativas e as de outras populações relacionadas direta


ou indiretamente. Ou seja, a curto, médio e longo prazo, ocorrem alterações
nas estruturas sociais desta comunidade, como podemos observar no Quadro
18:
FONTE: Adaptado de: Delgado (2000)

QUADRO 18 – INFLUÊNCIA DO TURISMO EM SETORES RELACIONADOS COM A ATIVIDADE

ELEMENTO SETOR CONSEQUÊNCIAS


Produto Turístico Geografia local, regional e nacional Valorização
Visão da comunidade Depreciação
Planificação geral Mercado imobiliário
Estudos de viabilidade Mudanças de visão
Mobilização popular
Organização em nível oficial
Investimentos Empresários Capitalização
Comerciantes Concentração
Instituições bancárias Estratificação social
Políticas financeiras Emprego
Infraestrutura física Diversificação econômica
Capacitação Lobbies
Serviços públicos Incentivos fiscais
Incremento dos serviços
População
Divulgação/Marketing Publicitários População flutuante
Indústria gráfica Emprego
Empresários Autoestima
Agências de viagens Organização comunitária
Meios de comunicação Superoferta de serviços
Escolas/Comunidades Influência social e cultural
Administração/Gestão Indústria da construção Impactos ambientais
da Oferta Centros de capacitação Aumento de resíduos
Produção agrícola Superoferta
Tecnologia Aumento populacional
Comércio e prestação de serviços Impactos culturais
Serviços públicos Aumento de serviços
Planejamento urbano Níveis de emprego
Aspectos culturais Aumento da renda local
Impactos regionais
Avaliação e Todos os setores Reformulação de objetivos,
replanejamento produtos, metas e
redirecionamento de atividades

FONTE: Adaptado de Delgado (2000).

Como vimos ao longo desta disciplina, o turismo pode trazer muitos


benefícios para uma comunidade se for embasado em um planejamento que
considere as características naturais, a cultura e a inserção da comunidade
local em todos os processos, optando por um direcionamento a caminho da

239
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

sustentabilidade. Infelizmente, a realidade mostra que a maior parte dos destinos


turísticos não levou em conta estes princípios, resultando em degradação
ambiental e social, com consequente diminuição da oferta turística regional.

FIGURA 63 – CAMPANHA CONTRA O TURISMO SEXUAL NO ESPÍRITO SANTO, UMA DAS FACES
MAIS NEGATIVAS DO TURISMO MAL GERIDO PELOS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS

FONTE: <http://www.sindbares.com.br/2010/noticias.php?id_noticia=403>. Acesso em: 18 ago.


2011.

A introdução do turismo em uma determinada localidade pode


promover um crescimento desordenado pelo excesso de oferta de
acomodações, criar forte concentração demográfica, aumentar os preços dos
produtos e dos serviços locais, destruir o patrimônio natural, criar altíssima
temporada em contraste com baixa temporada nos demais meses do ano, criar
uma mentalidade mais oportunista do que empresarial. O turismo pode ainda
criar uma reação negativa na população que não vive dele (falta de cultura
turística generalizada) e promover o abandono gradual de outras atividades
econômicas se a organização do turismo local for pouco versátil.
FONTE: Delgado (2000)

O quadro a seguir sintetiza os efeitos positivos e negativos que a atividade


turística pode gerar em uma comunidade:

QUADRO 19 – EFEITOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA INTRODUÇÃO


DO TURISMO EM UMA COMUNIDADE

EFEITOS POSITIVOS EFEITOS NEGATIVOS


ECONÔMICOS
Equilíbrio na balança de pagamentos Dependência e vulnerabilidade econômica
Geração de empregos Sazonalidade
Aumento no nível de renda da população Migração de ocupações tradicionais
Diversificação da atividade econômica Inflação e aumento de custos
regional Especulação imobiliária
Fixação da população no local de origem Propensão à importação
Desenvolvimento de infraestrutura local

240
TÓPICO 4 | O IMPACTO AMBIENTAL DA ATIVIDADE TURÍSTICA

SOCIOCULTURAIS
Fortalecimento de vínculos familiares e Desaparecimento e mutação da cultura
comunitários tradicional
Valorização do patrimônio natural e cultural Dominação cultural e degradação do
Conscientização dos valores culturais e patrimônio histórico
históricos Problemas sociais como droga, alcoolismo,
Aumento da percepção intercultural prostituição e jogo
Diminuição de preconceitos Excesso de turistas
Efeito imitação / descaracterização da vida
social local
Segregação dos residentes locais
AMBIENTAIS
Conservação facilitada Desmatamento e vandalismo
Diminuição no ritmo de degradação Diminuição do valor estético
Conservação da biodiversidade Eliminação do hábitat natural
Conscientização da população local e dos Problemas como incêndios, coleta de lixo,
turistas esgotos etc.
Fiscalização pelos moradores, turistas e órgãos Erosão do solo, poluição sonora e visual
afins Alteração na qualidade da água
Aumento na extensão das áreas de
conservação

FONTE: Bastos; Kawamoto (2007)

NOTA

Muitos destes efeitos acontecem simultaneamente, então, como impactos


negativos são sempre inevitáveis, o desafio deixa de ser eliminá-los para tentar minimizá-los.

Os problemas sociais decorrentes da má gestão turística podem afetar


de tal forma uma comunidade que esta poderá ficar marcada indefinidamente,
influindo inclusive na qualidade do atendimento turístico e na queda do interesse
do turista, visto que o destino passa a não mais oferecer as experiências prometidas.
O comprometimento da segurança e o desgaste do equipamento também podem
influenciar no tipo de público que passa a frequentar a região, que por fim entra
em decadência, afetando toda a estrutura econômica e por fim o ambiente local.

DICAS

Acesse o link <http://www.turismo-responsable.org/documents/comic.pdf>


para conhecer um interessante material sobre impactos sociais do turismo.

241
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

De acordo com Anderson e Keith (1980 apud SOARES, 2002), o crescente


interesse do homem em observar animais em seu hábitat natural está provocando
um grande prejuízo ambiental, já que o desenvolvimento de atividades turísticas
ou educacionais em épocas ou locais inadequados está provocando alterações no
comportamento de algumas espécies animais, comprometendo inclusive o ciclo
reprodutivo de algumas espécies em famosas destinações turísticas. Segundo
esses autores, a perda de biodiversidade de uma destinação compromete não só
o ambiente natural, como também pode resultar em terríveis impactos estéticos e
morais para a localidade.

Mathieson e Wall (1982 apud BASTOS; KAWAMOTO, 2007) enumeram


uma série de impactos diretos e indiretos sobre a vida selvagem em unidades de
conservação:

• interferência direta nos processos de alimentação e procriação dos animais;


• matança acidental de animais;
• interferência nas relações predador-presa e na cadeia alimentar;
• introdução de espécies intrusivas;
• interrupção de movimentos migratórios naturais;
• superpopulação e extinção de espécies na região analisada.

DICAS

Acesse o link <http://www.ao.com.br/download/AO127_07.pdf> para conhecer


um artigo com recomendações para minimizar o impacto do turismo de observação de aves.

O passar do tempo pode causar sensíveis mudanças em todas essas


condições, permitindo afirmar que, neste caso, estudos sobre a capacidade de
carga serão eficientes desde que sejam definidos e respeitados limites espaciais
e temporais.
FONTE: Adaptado de: Bastos; Kawamoto (2007).

Abrir mão da qualidade em favor da lucratividade dos equipamentos


e recursos turísticos caracteriza a visão empresarial imediatista que, a longo
prazo, mostrará seu potencial autodestrutivo.
FONTE: Ruschmann (2002).

242
TÓPICO 4 | O IMPACTO AMBIENTAL DA ATIVIDADE TURÍSTICA

4 TURISMO DE BAIXO IMPACTO


Após este longo debate sobre a sustentabilidade do turismo, cabe
questionar o quanto é possível fazer com que esta seja a alternativa escolhida para
direcionar o desenvolvimento econômico e social nos destinos turísticos.

As consequências negativas do turismo mal planejado mostram o cuidado


que devemos ter ao decidir estabelecer uma atividade tão influente como esta,
exigindo uma profunda reflexão de como conduzir o processo. Segundo Delgado
(2000, p. 3):

Não se trata de escolher o turismo como salvador dos problemas de


uma comunidade ou ainda escolher a modalidade menos impactante.
Trata-se de aproveitar a transversalidade que o turismo permite para
colocar a casa em ordem e fazer dele um meio para alcançar crescimento
e desenvolvimento, e não ter esta atividade como um fim, a qual
certamente deixará lacunas difíceis de corrigir quando o processo estiver
em andamento. Devemos nos conscientizar do poder que tem o turismo
como ferramenta de desenvolvimento, para que em seu nome se possa
organizar comunidades, preparar suas cidades e criar o equilíbrio
necessário para poder resistir aos impactos que ela irremediavelmente
traz.

A experiência tem demonstrado que os que vivem do turismo não


aceitam adequar-se ou sujeitar-se voluntariamente aos interesses específicos
das comunidades e da proteção do meio como um todo, o que faz necessário,
em todas as localidades, de uma intervenção no desenvolvimento do turismo
e, quanto mais severa for a legislação e mais rigoroso o seu cumprimento,
maiores serão as possibilidades de proteger o ambiente e de proporcionar a
sua utilização turística de forma racional e gratificante, tanto para a população
receptora quanto para os turistas.

Como medidas para diminuir os impactos ambientais do turismo,


Ruschmann (2002) recomenda:

• identificar e minimizar os problemas ambientais originários da operação


dos equipamentos, concentrando as atenções em novos projetos;
• cuidar dos impactos ambientais resultantes da arquitetura, construção e
operação dos equipamentos turísticos;
• zelar pela preservação ambiental de áreas protegidas ou ameaçadas, de
espécies da fauna e flora e das paisagens;
• praticar a economia no consumo de energia;
• reduzir e reciclar o lixo;
• controlar o consumo de água fresca e o tratamento da que é servida;
• controlar, reduzir ou eliminar os produtos nocivos ao meio ambiente
natural, tais como inseticidas, pesticidas, corrosivos tóxicos ou materiais
inflamáveis;
• respeitar e proteger objetos e sítios históricos (civis/religiosos);

243
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

• respeitar os interesses da população local, incluindo suas tradições, sua


cultura e seu desenvolvimento futuro;
• considerar os aspectos ambientais como fatores fundamentais na capacidade
de desenvolvimento das destinações turísticas.
FONTE: Adaptado de: Ruschmann (2002).

Por fim, Delgado (2000, p. 7) sugere uma série de critérios e orientações


para endossar a responsabilidade do turismo, ao ser escolhido como a alternativa
econômica principal de uma comunidade, de viabilizar o desenvolvimento sem
perder o foco da integração entre o homem, sua cultura, suas raízes e a conservação
ambiental. São elas:

1. Se o turismo busca oferecer o melhor ao turista, é coerente oferecer


primeiro o melhor a quem vive na comunidade. Uma sociedade
deve estar em paz consigo para oferecer paz ao visitante.
2. O turismo deve gerar benefícios a muitos sem prejudicar ninguém,
se possível. Os projetos implantados devem valorizar o homem,
ressaltando a justiça, equidade e o respeito à vida e às leis.
3. As sociedades ou comunidades devem ser preparadas para resistir
às influências do turismo que possam ser danosas. As tradições se a
cultura local, quando substituídas, não deverão criar desequilíbrios
irreversíveis e involuntários nessas comunidades.
4. A natureza não precisa ter valor econômico para ser apreciada. Ela
tem valor em si mesma e não deve ser usada por alguns poucos em
detrimento do interesse de muitos ou para destruir as qualidades
que a fazem atrativa.
5. Todas as atividades humanas, quando executadas em harmonia com
seu entorno e valorizam as culturas locais, são passíveis de atrair
turistas e visitantes. Qualquer atração ou curiosidade pela miséria
humana é apenas uma deturpação do sistema econômico e não é
turismo.
6. Toda atividade turística pode e deve trabalhar em ciclos fechados,
salientando a eficiência energética, verticalizando o uso dos
recursos locais, reciclando resíduos e considerando as necessidades
humanas mais nobres e simples.
7. O turismo não deve ser utilizado para debilitar, desmembrar,
substituir ou neutralizar atividades do setor primário,
especialmente quando este setor é fundamental para o próprio
turismo e a manutenção dos valores locais.
8. O turismo, em todos os níveis, deve ser uma atividade integradora,
através da qual as demais atividades e estratégias de uso dos
recursos naturais possam integrar-se sem prejudicar seus objetivos
também integradores. O turismo, nesse caso, poderá atuar sempre
como um agregador de valores e um catalisador de benefícios e de
políticas pluralistas.
9. No caso de áreas protegidas, o turismo deve entender que é uma
atividade secundária, que deve submeter-se aos objetivos de
manejo de cada categoria e nunca ao contrário, ainda que estas
áreas sejam as principais atrações turísticas em uma localidade ou
região.

244
TÓPICO 4 | O IMPACTO AMBIENTAL DA ATIVIDADE TURÍSTICA

10. O turismo como atividade econômica deve transformar-se em


uma ferramenta eficaz para o planejamento das atividades
humanas, a valorização da diversidade cultural, da conservação
dos recursos naturais e do estabelecimento de políticas de justiça
social, uniformidade econômica, descentralizadora de decisões e
de serviços públicos, dentro das mais estritas regras democráticas.

DICAS

Visite o link <http://sare.unianhanguera.edu.br/index.php/rensc/article/viewFile/


727/556> para conhecer uma proposta para turismo de mínimo impacto em Bonito/MS

Com isso, fica demonstrado que o turismo sustentável depende muito mais
das escolhas e atitudes de quem tem a responsabilidade de gestão e condução do
processo do que em dificuldades técnicas. Saber escolher as melhores estratégias,
envolver a comunidade e planejar responsavelmente são as ferramentas que
podem levar um destino ao equilíbrio da sustentabilidade turística.

245
UNIDADE 3 | MODALIDADES TURÍSTICAS NO ESPAÇO NATURAL

LEITURA COMPLEMENTAR

SOLUÇÕES COMPORTAMENTAIS PARA A


PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

D. Ruschmann

As soluções comportamentais para a proteção ambiental buscam identificar


as condições sob as quais os agentes individuais de desenvolvimento restringem
voluntariamente o uso de bens públicos, sem coações ou obrigações externas,
controlando seus ímpetos desenvolvimentistas. Essas soluções envolvem valores
sociais tais como altruísmo, a confiança, a consciência, as normas coletivas, a
responsabilidade social, a informação e a comunicação. (WIENER e DOESCHER
1991 apud RUSCHMANN 2002).

A chave para a mudança comportamental dos agentes é a disseminação


de novos conhecimentos e ideias por meio da educação. Esta, porém, apresenta
dificuldades decorrentes do fato de o turismo englobar uma série de diferentes
empresas, organizações e indivíduos, todos oferecendo uma gama de produtos
tangíveis e intangíveis ao mercado. Os agentes de seu desenvolvimento e
os investidores também são numerosos, diversificados e dispersos, e essa
heterogeneidade dificulta a disseminação de conhecimentos e a cooperação
individual mútua em ações voluntárias que visem à proteção do meio ambiente.

As maiores barreiras para a contenção ou restrição voluntária da


implantação de equipamentos e atividades turísticas que provocam danos ao
meio ambiente se situam no tempo dos empresários de parecerem todos diante
de seus pares, nos interesses individuais e na desconfiança das boas intenções dos
concorrentes ou do governo. Apesar disso, tais medidas são necessárias e devem
ser tentadas em todos os níveis empresariais e estatais.

A demonstração dos efeitos econômicos favoráveis que as medidas


ambientalmente saudáveis estimulam com uma imagem progressista e consciente
do empresário perante seus clientes (“marketing verde”), tem-se apresentado
como uma forma convincente de estimular sua participação.

Porém, mesmo considerando positiva a evolução da sensibilidade


para com a natureza, a situação atual ainda está longe de ser ideal. Por muitos
anos ainda será preciso administrar as heranças problemáticas do passado nas
localidades turísticas, principalmente naquelas visualmente degradadas ou que
envelhecem mal, isto é, onde a clientela inicial foi substituída por turistas de baixo
poder aquisitivo e onde o vandalismo deixou marcas irreversíveis nas paisagens,
devido à ausência de planejamento que propiciou seu crescimento descontrolado.

Atualmente, o planejamento da evolução do turismo, pelo enfoque de


desenvolvimento sustentável da atividade, apresenta-se como a forma preventiva
ideal para a proteção dos meios visitados, conservando a natureza, oferecendo

246
TÓPICO 4 | O IMPACTO AMBIENTAL DA ATIVIDADE TURÍSTICA

conforto e satisfação ao turista, sem agredir a originalidade das comunidades


receptoras. Porém, o estabelecimento de um modelo “universal” que direcione e
oriente o desenvolvimento dos equipamentos e dos fluxos turísticos nos espaços
naturais é praticamente impossível. A variedade de fatores intervenientes é muito
ampla, de modo que cada caso terá de ser estudado isoladamente e, de acordo
com suas características e o grau de agressão já existente, deverão ser adotadas
medidas preventivas ou corretivas.

Para tanto, será preciso adotar um planejamento integrado, sistemático


e adequado à complexidade dos ambientes designados para o desenvolvimento
turístico e para as tendências, tanto do mercado produtora do turismo quanto dos
consumidores: os turistas.

FONTE: Ruschmann (2002, p. 110-112)

UNI

Esperamos que você, ao chegar à última unidade desta disciplina, esteja


refletindo sobre todas as dificuldades em se conciliar o turismo economicamente viável
com o respeito e a conservação da nossa biodiversidade. Não é tarefa fácil. Durante toda
a disciplina você aprendeu sobre o meio ambiente e suas peculiaridades, descobriu que o
ecoturismo pode ser uma ferramenta para a educação ambiental e que esta tem o poder de
gerar reflexão no turista. Também fomos colocados frente a frente com os grandes problemas
da sociedade moderna e como eles refletem no turismo, demandando a necessidade urgente
de alternativas sustentáveis de desenvolvimento econômico, sendo que a atividade turística
pode ser parceira ou vilã destes processos. Finalmente, ao definir o turismo como uma boa
ferramenta de desenvolvimento, precisamos estar cientes de que esta atividade também traz
problemas, que podem ser tão danosos ao meio ambiente e à sociedade quanto qualquer
outra atividade econômica.
Assim, ao terminar esta leitura, desejamos que você, como profissional do turismo, adote os
conceitos aqui apresentados, desenvolva-os em suas atividades e multiplique ações voltadas
à sustentabilidade ambiental, pois dela depende todo o sistema que conhecemos hoje. Sem
um ambiente saudável, nada poderá perpetuar-se. É nossa responsabilidade permitir que o
turista do futuro tenha as mesmas oportunidades de lazer e experiências que o turista do
presente tem quando viaja para destinos turísticos em busca de natureza e cultura local.

247
RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, vimos que:

• O turismo de massa é aquele realizado por pessoas de pouco poder aquisitivo,


geralmente, pertencentes à classe média. Tem como característica viagens em
grandes grupos, a baixo custo e com curta permanência nos lugares visitados.

• O turismo de massa apresenta-se atualmente como o que mais agride o meio


ambiente, por concentrar um número excessivo de turistas em localidades
restritas.

• A concentração do grande público em localidades específicas também pode ser


positiva, uma vez que limita o uso de outras áreas mais sensíveis, protegendo-
as do turismo de massa.

• Se bem organizado e preparado, o turismo de massa pode ser positivo por


permitir a um número maior de pessoas visitarem os lugares mais procurados
a baixo custo.

• O turismo afeta um grande número de setores que, afetados positiva


ou negativamente, influenciam a vida da comunidade, aumentando ou
diminuindo suas expectativas e as de outras populações relacionadas direta ou
indiretamente.

• A introdução do turismo em uma determinada localidade pode promover um


crescimento desordenado pelo excesso de oferta de acomodações, criar forte
concentração demográfica, aumentar os preços dos produtos e dos serviços
locais, destruir o patrimônio natural, criar altíssima temporada em contraste
com baixa temporada nos demais meses do ano, criar uma mentalidade mais
oportunista do que empresarial.

• O turismo pode ainda criar uma reação negativa na população que não vive
dele (falta de cultura turística generalizada) e promover o abandono gradual
de outras atividades econômicas se a organização do turismo local for pouco
versátil.

• Muitos destes efeitos acontecem simultaneamente, então, como impactos


negativos são sempre inevitáveis, o desafio deixa de ser eliminá-los para tentar
minimizá-los.

248
• O crescente interesse do homem em observar animais em seu hábitat natural
está provocando um grande prejuízo ambiental, já que o desenvolvimento
de atividades turísticas ou educacionais em épocas ou locais inadequados
está provocando alterações no comportamento de algumas espécies animais,
comprometendo inclusive o ciclo reprodutivo de algumas espécies em famosas
destinações turísticas.

• Abrir mão da qualidade em favor da lucratividade dos equipamentos e


recursos turísticos caracteriza a visão empresarial imediatista que, a longo
prazo, mostrará seu potencial autodestrutivo.

• As consequências negativas do turismo mal planejado mostram o cuidado


que devemos ter ao decidir estabelecer uma atividade tão influente como esta,
exigindo uma profunda reflexão de como conduzir o processo.

• A experiência tem demonstrado que os que vivem do turismo não aceitam


adequar-se ou sujeitar-se voluntariamente aos interesses específicos das
comunidades e da proteção do meio como um todo, o que faz necessário, em
todas as localidades, de uma intervenção no desenvolvimento do turismo.

• O turismo sustentável depende muito mais das escolhas e atitudes de quem tem
a responsabilidade de gestão e condução do processo do que em dificuldades
técnicas.

249
AUTOATIVIDADE

1 A sua região tem algum atrativo focado no turismo de massa? Você


considera que a gestão dessa atividade é (ou pode ser) sustentável?

2 Assinale a alternativa que descreve os efeitos ambientais positivos da


introdução do turismo em uma comunidade:

a) Conservação facilitada, diminuição no ritmo de degradação, conservação


da biodiversidade, conscientização da população local e dos turistas,
fiscalização pelos moradores, turistas e órgãos afins, aumento na extensão
das áreas de conservação.
b) Fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, valorização do
patrimônio natural e cultural, conscientização dos valores culturais e
históricos, aumento da percepção intercultural, diminuição de preconceitos.
c) Equilíbrio na balança de pagamentos, geração de empregos, aumento
no nível de renda da população, diversificação da atividade econômica
regional, fixação da população no local de origem, desenvolvimento de
infraestrutura local.
d) Desmatamento e vandalismo, diminuição do valor estético, eliminação do
hábitat natural, problemas como incêndios, coleta de lixo, esgotos, erosão
do solo, poluição sonora e visual, alteração na qualidade da água.

3 Assinale a alternativa que não apresente um dos problemas associados ao


turismo de massa:

a) Pressão sobre os equipamentos turísticos e infraestrutura.


b) Preservação dos ambientes naturais.
c) Aumento de ruído em lugares antigamente silenciosos.
d) Degradação dos monumentos e centros históricos.

4 Considerando as medidas para diminuir os impactos ambientais do turismo


recomendadas por Ruschmann (2002), classifique as seguintes sentenças
em V verdadeiras ou F falsas:

( ) Identificar e minimizar os problemas ambientais originários da operação


dos equipamentos, concentrando as atenções em novos projetos.
( ) Cuidar dos impactos ambientais resultantes da arquitetura, construção e
operação dos equipamentos turísticos.
( ) Zelar pela preservação ambiental de áreas protegidas ou ameaçadas, de
espécies da fauna e flora e das paisagens.
( ) Praticar a economia no consumo de energia.
( ) Reduzir e reciclar o lixo.

250
( ) Controlar o consumo de água fresca e o tratamento da que é servida.
( ) Controlar, reduzir ou eliminar os produtos nocivos ao meio ambiente
natural, tais como inseticidas, pesticidas, corrosivos tóxicos ou materiais
inflamáveis.
( ) Respeitar e proteger objetos e sítios históricos (civis/religiosos).
( ) Respeitar os interesses da população local, incluindo suas tradições, sua
cultura e seu desenvolvimento futuro.
( ) Considerar os aspectos sociais como fatores fundamentais na capacidade
de desenvolvimento das destinações turísticas.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F - V - V - V - V - V - V - V - V - V.
b) ( ) F - V - V - V - V - V - V - V - V - F.
c) ( ) V - V - V - V - V - V - V - V - V - V.
d) ( ) V - V - V - V - V - V - V - V - V - F.

5 Classifique as seguintes sentenças em V verdadeiras ou F falsas:

( ) O turismo de massa é aquele realizado por pessoas de pouco poder


aquisitivo, geralmente pertencentes à classe média. Tem como característica
viagens em grandes grupos, a baixo custo e com curta permanência nos
lugares visitados.
( ) O turismo de massa apresenta-se atualmente como o que mais agride
o meio ambiente, por concentrar um número excessivo de turistas em
localidades restritas.
( ) A concentração do grande público em localidades específicas também
pode ser positiva, uma vez que limita o uso de outras áreas mais sensíveis,
protegendo-as do turismo de massa.
( ) Se bem organizado e preparado, o turismo de massa pode ser positivo
por permitir a um número maior de pessoas visitarem os lugares mais
procurados a baixo custo.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) V - V - V - V.
b) ( ) V - V - F - V.
c) ( ) V - V - V - F.
d) ( ) V - F - V - V.

6 Classifique as seguintes sentenças em V verdadeiras ou F falsas:

( ) Abrir mão da qualidade em favor da lucratividade dos equipamentos e


recursos turísticos caracteriza a visão empresarial imediatista que, a longo
prazo, mostrará seu potencial autodestrutivo.
( ) As consequências negativas do turismo mal planejado mostram o cuidado
que devemos ter ao decidir estabelecer uma atividade tão influente como
esta, exigindo uma profunda reflexão de como conduzir o processo.

251
( ) A experiência tem demonstrado que os que vivem do turismo não aceitam
adequar-se ou sujeitar-se voluntariamente aos interesses específicos das
comunidades e da proteção do meio como um todo, o que faz necessário,
em todas as localidades, de uma intervenção no desenvolvimento do
turismo.
( ) O turismo sustentável depende muito mais das escolhas e atitudes de
quem tem a responsabilidade de gestão e condução do processo do que
em dificuldades técnicas.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F - F - F - F.
b) ( ) V - V - F - V.
c) ( ) V - V - V - F.
d) ( ) V - V - V - V.

252
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