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-Século XX (Segunda metade): Internação com leitos em saúde mental dentro dos hospitais

gerais( Durante a segunda guerra mundial tiveram algumas experiências de enfermarias


psiquiátricas nos hospitais militares) influenciada pelos movimentos dos direitos civis do
doente mental, pelo desenvolvimento de tratamentos biológicos eficazes para os
transtornos mentais e pelo reconhecimento da importância do ensino na psiquiatria na
prática médica e da possibilidade de diminuir os custos da assistência psiquiátrica.
-No Brasil: Os primeiros serviços foram criados a partir da segunda metade da década de
1950, principalmente em serviços universitários (Desenvolveu-se de modo lento, em ritmo
inferior ao fechamento dos leitos em hospitais psiquiátricos, o lento crescimento tem sido
explicado pela redução dos investimentos em saúde mental no período, em razão da crença
de que os serviços comunitários reduziam automaticamente a necessidade de internações
hospitalares).
-Proposta de abordagem terapêutica: Deve-se levar em consideração o tempo da
permanência (Em uma internação de curta permanência o período para as abordagens,
tanto com o paciente quanto com seus familiares, será curto e pontual, sendo pequeno o
tempo disponível para intervenções (10 a 15 dias em média) e o contato com o psicólogo
hospitalar deve adequar-se a essa proposta de internação.)
Nesse momento, seu papel é avaliar, observar e diagnosticar os motivos de uma primeira
ou nova internação, (os fatores psicológicos associados ao adoecer tanto do paciente
quanto de sua família.
Para alcançar os objetivos clinicos devem se organizar internamente, favorecendo o
trabalho em equipes multiprofissionais em que ocorra o trânsito de saberes de modo
articulado, na construção dos projetos terapêuticos, potencializando as ações desenvolvidas
que, ao final, propiciarão a redução do tempo da internação e a transferência dos cuidados
para a rede comunitária de saúde.

Propostas de abordagens a pacientes psicóticos internados

Esquizofrenia Descrição

Psicoeducação (orientação Administração de informações para


familiar): maior esclarecimento a paciente e
familiar( sobre vários aspectos da
doença e do tratamento, visando à
compreensão e modificação de
comportamentos)

Terapia cognitivo- Teoria Cognitiva e a Teoria


comportamental: Comportamental da Psicologia para
promover a modificação de padrões
de comportamento(disfuncionais,
com marcante responsabilização do
paciente no processo terapêutico)

Treino de habilidades trabalha o desenvolvimento de


sociais: habilidades de interação com outras
pessoas, modificando modelos de
comportamento social(Compreende
Esquizofrenia Descrição

o entendimento das dificuldades


sociais de cada indivíduo buscando
estabelecer relações mais
satisfatórias)

Terapia ocupacional e treino de funções executivas e


habilidades de autocontrole: desempenho ocupacional
(individuais e grupais)
Emprego protegido possibilidade de atividade remunerada (
por meio de medidas que beneficiam pessoas com
deficiência física e psíquica
Tratamento comunitário assertivo: conjunto de estratégias para a assistência do paciente
com os recursos da comunidade(evitando o modelo hospitalocêntrico de cuidado)
Reabilitação cognitiva: técnicas voltadas para a reabilitação de problemas decorrentes de
transtornos neurológicos e psiquiátricos para a melhora das funções cognitivas(memória,
linguagem e planejamento executivo).
Tratamento de comorbidades: cuidados aos transtornos que podem estar presentes com o
quadro psicótico, como doenças clínicas (p. ex., hipertensão e diabetes melito) ou
psiquiátricas (p. ex., transtornos da personalidade)
-Nem todas as atividades descritas podem ser realizadas em uma internação breve.
-Intervenções familiares: Nos períodos de remissão e também durante as crises, os
familiares podem apresentar sentimentos variados em relação ao paciente e a outros
membros da família( Por ex negação da gravidade do quadro, hostilidade, culpa e derrota.
Durante a intervenção é importante investigar e diagnosticar esses sentimentos e a
dinâmica dos membros da família com o paciente e entre eles).
-Sobrecarga familiar: Dificuldade em lidar com o paciente e com o adoecimento podendo
ser definida como o peso sobre o familiar causado pela convivência com o doente (em
aspectos emocionais, financeiros ou práticos do dia a dia, que acaba levando tanto a uma
maior demanda de apoio por parte de profissionais de saúde quanto a gastos econômicos e
adoecimento psíquico nos cuidadores).
-Possíveis atuações do psicólogo:
Realização de grupos de família (nos quais devem ser explorados sentimentos de
espelhamento, apoio mútuo e compartilhamento de experiências)
Reuniões nucleares (paciente e seus familiares) (usando o momento da internação e do
grupo para explorar pensamentos, atitudes e sentimentos entre os familiares)
-Sempre atentando para a manutenção da integridade e do fortalecimento das relações (
evitando movimentos de ataque e a expressão de emoções destrutivas, que costumam
aparecer durante a internação)
-A família deve ser considerada um fator essencial na crise e na remissão da doença,
assim como na estabilização no período pós-alta.
-Emoção expressa: (Conceito que mais parece ter importância para os quadros
psiquiátricos graves segundo pesquisas e testes relacionados com intervenções
psicossociais com as famílias) Pesquisas desenvolvidas para testar o nível de estresse nas
famílias de pacientes acometidos pela primeira crise psicótica demonstram que, já nas
primeiras crises, a dinâmica familiar costuma estar abalada e algumas famílias apresentam
alto nível de emoção expressa.
-A Emoção expressa pode ser definida como: Comentários críticos,
Hostilidade,Superenvolvimento emocional, caracterizado como excessiva preocupação em
relação ao paciente,
- Altos níveis de EE costumam estar associados a maior risco de recaída após alta
hospitalar em pacientes com diagnóstico de esquizofrenia.(para explicar a relação entre a
EE e o número de recaídas seria o aparecimento ou aumento de sintomas nos pacientes,
desencadeando sentimentos de angústia, frustração e raiva nos familiares, associados a
sobrecarga nos cuidados com o paciente. Atitudes hostis, críticas ou superenvolvimento
poderiam, então, aparecer como resposta a esse aumento nos sintomas, que acabariam por
levar a uma piora na gravidade do quadro)
-A intervenção familiar tem como propostas:
Promover aliança com familiares que cuidam dos pacientes;
Reduzir a diversidade do ambiente familiar;(diminuir o clima de sobrecarga emocional
mediante a redução do estresse e do sentimento de opressão dos familiares)
-Aumentar a capacidade resolutiva de problemas dos familiares
-Estabelecer limites apropriados entre o paciente e seus familiares
Psicoterapia
-As evidências da eficácia da psicoterapia com pacientes psicóticos ainda são controversas,
em razão da falta de estudos mais elaborados e problemas metodológicos
-As terapias mais indicadas, no caso de pacientes regredidos, são a terapia cognitivo-
comportamental e a terapia de apoio.
-Terapia de apoio: Estimula-se a expressão verbal de eventos, sentimentos e angústias
atuais, sem haver a necessidade de mudanças estruturais ou investimento na transferência
ou interpretações (interessante para o trabalho em internações de curta permanência em
decorrência das dificuldades e dos prejuízos que os pacientes em crise podem apresentar,
sobretudo aqueles com distúrbios psicóticos).
-A psicoterapia , precisa ser voltada para as necessidades e as angústias atuais do
paciente, ser versátil e firme, sem ser rígido ou ameaçador.(objetivo é um enfoque
terapêutico mais direto, menos interpretativo, voltado para o aqui e agora, resgatando o
passado apenas para fortalecer defesas atuais, e não para buscar interpretações que
podem, até mesmo, ser ansiogênicas nesse momento.)
-É um instante de organização e estruturação de sentimentos e comportamentos. Uma
possibilidade envolveria encontros diários ou pelo menos 3 vezes/semana, curtos (20 a 30
min), a fim de promover um espaço de escuta e acolhimento sem, entretanto, prolongar a
sessão de modo excessivo)
Oficinas terapêuticas: Oficina de culinária, Oficina de cinema, autocuidado,
-Em relação ao pouco tempo para abordagem das práticas psicoterapêuticas, também o
trabalho nas oficinas deve focar ações que terão um número reduzido de sessões, (em
geral por 2 a 4 semanas, com a oferta de atendimentos no mínimo 1 vez/dia).
-Nesse período, o objetivo do trabalho expressivo verbal e não verbal é acessar o paciente
em crise recuperando a rotina perdida com a internação( promover o contato com outras
pessoas (equipe e pacientes) por meio dos grupos e das atividades que, além de
proporcionar a convivência, possibilitam o resgate da autonomia e independência)

A proposta de abordagens terapêuticas em uma internação de curta permanência deve


levar em conta que o período para as abordagens, tanto com o paciente quanto com seus
familiares, será curto e pontual, sendo pequeno o tempo disponível para intervenções (10 a
15 dias em média) e o contato com o psicólogo hospitalar deve adequar-se a essa proposta
de internação. Nesse momento, seu papel é avaliar, observar e diagnosticar os motivos de
uma primeira ou nova internação, e os fatores psicológicos associados ao adoecer tanto do
paciente quanto de sua família.
Para alcançar os objetivos clínicos, as UPHG devem se organizar internamente,
favorecendo o trabalho em equipes multiprofissionais em que ocorra o trânsito de saberes
de modo articulado, na construção dos projetos terapêuticos, potencializando as ações
desenvolvidas que, ao final, propiciarão a redução do tempo da internação e a transferência
dos cuidados para a rede comunitária de saúde

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