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Universidade Federal de Santa Maria

Pró-Reitoria de Graduação
Centro de Educação
Curso de Graduação a Distância de Educação Especial

EDUCAÇÃO E
MOVIMENTO
HUMANO
5º Semestre

1ªEdição, 2005
Elaboração do Conteúdo Direitos Autorais
Profª. Luciana Erina Palma (Direitos Autorais | Núcleo de Inovação e de
Profª. Marcia Gonzalez Feijó Almeida Transferência Técnológica | UFSM)
Professores Pesquisadores (Conteúdistas)
Projeto de Ilustração
Daniela Ana Agnolin (Curso de Desenho Industrial | Programação Visual)
Acadêmica Colaboradora
Prof. André Krusser Dalmazzo
Desenvolvimento Coordenação
das Normas de Redação Vinícius de Sá Menezes
Profa. Ana Cláudia Pavão Siluk Técnico
Profa. Luciana Pellin Mielniczuk
(Curso de Comunicação Social | Jornalismo) Fotografias da Capa e Miolo
Coordenação (Curso de Desenho Industrial | Programação Visual)
Profa. Maria Medianeira Padoin Prof. Paulo Eugenio Kuhlmann
Professora Pesquisadora Colaboradora Coordenação
Danúbia Matos
Iuri Lammel Marques Projeto Gráfico, Diagramação
Acadêmicos Colaboradores e Produção Gráfica
(Curso de Desenho Industrial | Programação Visual)
Revisão Pedagógica e de Estilo Prof. Volnei Antonio Matté
Profa. Ana Cláudia Pavão Siluk Coordenação
Profa. Eunice Maria Mussoi
Profa. Eliana da Costa Pereira de Menezes Clarissa Felkl Prevedello
Profa. Cleidi Lovatto Pires Técnica
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Profa. Maria Medianeira Padoin
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Comissão
Acadêmicos Colaboradores
Revisão Textual Impressão
(Curso de Letras | Português)
Gráfica e Editora Pallotti
Profa. Ceres Helena Ziegler Bevilaqua
Coordenação
Marta Azzolin
Acadêmicas Colaboradoras

* o texto produzido é de inteira responsabilidade do(s) autor(es).

P171e Palma, Luciana Erina


Educação e movimento humano : 5º semestre /[elaboração do conteúdo:
coordenação profa. Luciana Erina Palma, profa. Márcia Gonzalez Feijó Almeida,
acadêmica Daniela Ana Agnolin ; revisão pedagógica profa. Ana Cláudia Pavão Siluk... [et
al.]].- 1. ed. - Santa Maria, Universidade Federal de Santa Maria, Pró-Reitoria de
Graduação, Centro de Educação, Curso de Graduação a Distância em Educação Especial,
2005.
48 p. : il. ; 30 cm.
1. Educação física 2. Educação infantil 3. Ensino fundamental 4.
Movimento humano 5. Educação psicomotora 6. Imagem corporal 7. Formação de
professores I. Almeida, Márcia Gonzalez Feijó II. Agnolin, Daniela Ana III. Siluk, Ana
Cláudia Pavão IV. Universidade Federal de Santa Maria. Pró-Reitoria de Graduação.
Centro de Educação. Curso de Graduação a Distância de Educação Especial. IV. Título.
CDU: 796/797.012

Ficha catalográfica elaborada por


Maristela Eckhardt CRB-10/737
Biblioteca Central - UFSM
Presidente da República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva

Ministério da Educação
Fernando Haddad
Ministro da Educação

Prof. Ronaldo Mota


Secretário de Educação a Distância

Profa. Cláudia Pereira Dutra


Secretária de Educação Especial

Universidade Federal de Santa Maria

Prof. Paulo Jorge Sarkis Coordenação da Graduação


Reitor a Distância em Educação Especial

Prof. Clóvis Silva Lima Prof. José Luiz Padilha Damilano


Vice-Reitor Coordenador Geral

Prof. Roberto da Luz Júnior Profa. Vera Lúcia Marostega


Pró-Reitor de Planejamento Coordenadora Pedagógica e de Oferta

Prof. Hugo Tubal Schmitz Braibante Profa. Andréa Tonini


Pró-Reitor de Graduação Coordenadora dos Pólos e Tutoria

Profa. Maria Medianeira Padoin Profa. Vera Lúcia Marostega


Coordenadora de Planejamento Acadêmico Coordenadora da Produção do Material do Curso
e de Educação a Distância

Prof. Alberi Vargas Coordenação Acadêmica do Projeto de


Pró-Reitor de Administração Produção do Material Didático - Edital MEC/
SEED 001/2004
Sr. Sérgio Limberger
Diretor do CPD Profa. Maria Medianeira Padoin
Coordenadora
Profa. Maria Alcione Munhoz
Diretora do Centro de Educação Odone Denardin
Coordenador/Gestor Financeiro do Projeto
Prof. João Manoel Espinã Rossés
Diretor do Centro de Ciências Sociais e Humanas Lígia Motta Reis
Assessora Técnica
Prof. Edemur Casanova
Diretor do Centro de Artes e Letras Genivaldo Gonçalves Pinto
Apoio Técnico

Prof. Luiz Antônio dos Santos Neto


Coordenador da Equipe Multidisciplinar de Apoio
Sumário
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 05

UNIDADE A
MOVIMENTO HUMANO 07
1. Conceituações 09
2. Movimento humano e desenvolvimento humano 10
3. O movimento na educação psicomotora 11

UNIDADE B
FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 13
1. Percepção corporal 15
2. Tônus e descontração muscular 16
3. Equilíbrio e postura 17
4. Lateralização 18
5. Coordenação motora 20
6. Orientação espaço-temporal 22

UNIDADE C
ESQUEMA E IMAGEM CORPORAL E SUAS CONOTAÇÕES 25
1. Desenvolvimento do esquema e da imagem corporal 27
2. Déficit do esquema e da imagem corporal 30
3. Implicações educacionais 33

UNIDADE D
ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA E APLICAÇÕES PRÁTICAS DE ATITUDES
NA EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 35
1. Levantamento da realidade 36
2. Elaboração e organização de atividades 37
3. Educação pelos movimentos corporais em diferentes atividades 38

REFERÊNCIAS
Referências Bibliográficas 40
Sugestões de Leituras Complementares 40
Sugestões de Filmes 41

4
Apresentação
da Disciplina

EDUCAÇÃO E
MOVIMENTO
HUMANO
5º Semestre

Neste semestre, trabalharemos com a disciplina de


Educação e Movimento Humano com carga horária de
60 horas/aula. As unidades serão organizadas através de
leituras e atividades teórico-práticas.
A avaliação dessas atividades será contínua e, para essa,
seguiremos estes critérios: participação e contribuições
qualitativas nos bate-papos, leituras, fóruns de
discussão, assim como no final de cada unidade serão
elaboradas, pelos alunos, as sínteses de cada unidade,
as quais deverão ser enviadas via ambiente virtual ou
diário de bordo aos professores.
Essa disciplina tem, como objetivo geral, conhecer
e compreender os aspectos do movimento humano, seu
desenvolvimento, importância e implicações na
educação.

Esta disciplina será desenvolvida com uma carga horária


de sessenta (60) horas/aula.
5
6
UNIDADE

MOVIMENTO
HUMANO

Objetivo da Unidade
Reconhecer as concepções e conceituações do
movimento sob a perspectiva do desenvolvimento
humano, como também sua importância na ação
humana.

7
CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL | UFSM

Introdução
A primeira infância (idade pré-escolar) é O ser humano nasce com deficiências. Para
considerada por muitos estudiosos a fase mais conseguir sobreviver, necessita de cuidados por
importante na formação do ser humano. Isso, um período de tempo muito maior que os
porque a instituição infantil é um espaço onde animais. Ele necessita ser educado (FREIRE,
se dão as relações éticas e morais que 1983).
permeiam a sociedade. E esta inserção não se
dá apenas por capacidades cognitivas, mas
também pela corporeidade vivenciada. "Há lugares onde habitam os pensamentos?
No corpo estão introjetados a representação Se houver... serão lugares em que nosso
do "ser" no mundo, seus valores, suas normas corpo entenda de muitas relações. Penso
de vida. "Olhar" o corpo no decorrer da unidade nas relações que tecem fios entre pessoas,
"corpo" será entender esse como sentido objetos e símbolos; relações de sentidos.
humano, ou seja, um corpo que senti, pensa e Sim. Através de nossos corpos compreen-
age no mundo, e aprende com este dedores a gente vai se ver, possuídos pelas
(GONÇALVES, 1994). palavras, pelos objetos e pelos símbolos"
(TAVEIRA apud MORAIS, 1986 p. 51).

8
UNIDADE A

1 Conceituações
A visão dicotomizada e fragmentada de corpo/ são resultado de uma totalidade de seu corpo.
mente que tem se visto no cotidiano da vida e, Seu corpo não pode ser secundarizado em
principalmente, na escola, tem levado a beneficio da mente. Corpo e movimento
conseqüências negativas no âmbito do humano não podem ficar cerceados somente
conhecimento do educando e na nossa pela mera repetições de exercícios cognitivos,
sociedade. Com isso, queremos dizer que os motores ou um mero momento de
alunos não podem ser considerados como divertimento.
mentes que vão à escola, esquecendo que eles

9
CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL | UFSM

2 Movimento humano e
desenvolvimento humano
Na teoria de Buytendijk (apud TREBELS, 1992), se, com isso, sua relação com o mundo. Sentido,
o movimento humano deve observar os nesse caso, seria a intenção que se dá a uma
seguintes pontos de referência: movimento é ação e significado estaria ligado a função desta
uma ação de um sujeito (ator); movimento é intenção.
uma ação vinculada a uma determinada situação "O movimento humano é um diálogo entre
concreta e movimento é uma ação relacionada homem e mundo" (TREBELS, 1992), sendo
a um sentido/significado. Este autor afirma, assim, o movimento humano é visto de forma
Se-movimenta: Deve também, que o ser humano que "se-movimenta relacional, onde o movimento se constitui nas
ser entendido como o
homem sendo sujeito adquire uma forma de compreensão do mundo relações entre o sujeito e o mundo, onde fatores
de seu movimento,
capaz de sentir, pela ação". Devendo ser visto como um "diálogo internos e externos interagem determinando as
construir e determinar entre homem e o mundo". possibilidades e os limites da ação de
suas ações através da
sua compreensão de Dessa forma, devemos ver o homem que movimento, constituindo uma totalidade que
mundo conforme as
relações que nelas vão se-movimenta como um ser no mundo, rico só pode resultar deste processo dialógico
ocorrendo.
em intencionalidade, intencionalidade que dá estabelecido.
sentido/significado às ações humanas, dando-

Ler mais sobre este


assunto, em:
Complexidade,
corporeidade e
educação física. O
texto estará disponível
na biblioteca virtual.

10
UNIDADE A

3 O movimento na
educação psicomotora
Segundo Fonseca (1996), a educação Assim, o corpo é psicosomático, psicocognitivo,
psicomotora visa privilegiar a qualidade da psiquiátrico, somato-analítico, psico neurológico
relação afetiva, a mediatização, a e psicoterapêutico.
disponibilidade tônica, a segurança gravitacional Podemos considerar, então, que as crianças,
e o controle postural, à noção do corpo, sua através das funções psicomotoras, mediam com
lateralização e direcionalidade, e a planificação o seu corpo o mundo em que vivem de forma
práxica, enquanto componentes essenciais e harmônica. Portanto, confirmamos a
globais da aprendizagem e do seu ato mental importância do desenvolvimento psicomotor no
concomitante. O corpo e a motricidade são contexto escolar.
abordados como unidade e totalidade do ser.

11
CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL | UFSM

Após rever os conteúdos trabalhados ao


longo da unidade (Movimento Humano),
elabore uma síntese individual que ressalte
os pontos relevantes sobre a importância
do Movimento Humano no desenvolvi-
mento do Ser Humano. Essa síntese deverá
ser postada no ambiente virtual, para o
professor responsável pela disciplina,
através do endereço que será informado
oportunamente.

12
UNIDADE

DESENVOLVIMENTO
DE HABILIDADES
MOTORAS E
IMPLICAÇÕES
EDUCACIONAIS

Objetivo da Unidade
Conhecer as diferentes funções psicomotomoras e
relacioná-las as práticas educativas durante o
desenvolvimento das habilidades no contexto
escolar.

13
CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL | UFSM

Introdução
Segundo Negrine (2002), as funções motrizes) e a relacional, de ordem subjetiva
psicomotoras têm enfoques funcionais e (afetividade, sociabilidade, entre outros),
relacionais. No caso funcional, se estabeleceria culminando num cunho educativo.
como o aspecto biológico (competências

aprende, e não que aprende porque


Negrine, A. O corpo na Educação Infantil.
amadurece, embora do ponto de vista
Ed. EDUCS. Coleção Educação Física. Caxias científico seja impossível investigar essas
do Sul/RS, 2002. duas variáveis isolando-as uma da outra.
O educador infantil deve formar convicções
Segundo Negrine (2002, p. 10), sobre o processo de desenvolvimento
humano, para definir as estratégias de ação
Pensar o desenvolvimento da motricidade que pretende adotar no ato pedagógico.
de forma fragmentada, desgarrada da Trato da aquisição do vocabulário psicomo-
influência direta do meio, do contexto triz como sendo uma construção perma-
cultural é, no mínimo, entender o processo nente, decorrente da inter-relação de
de forma reducionista. Por outro lado, fatores internos e externos, sendo que os
estudar a motricidade a partir da mecânica últimos marcam de forma significativa o
do movimento, do exercício estereotipado, processo de evolução da motricidade
é não querer enxergar que a criança humana. Logo, a partir dessa ótica, a
quando chega a escola, independente- evolução da motricidade humana e vista
mente da idade que tem, traz consigo um como decorrente da inter-relação de
vocabulário psicomotriz considerável que fatores sociobiológicos. Não é determinada
foi adquirido sem a influência direta de simplesmente pelo processo de matura-
nenhum professor. Como o desenvolvi- ção (mutações internas), mas decorrente
mento humano é produto de dois proces- também das experimentações e
sos - maturação e aprendizagem -, a teoria oportunidades de exteriorização corporal
de Vygotski aponta uma hipótese muito com as quais o indivíduo desde a tenra
provável, isto é, que o ser humano amadu- idade se depara.
rece do ponto de vista biológico, porque

Assim distinguimos que, quando falamos em processo de construção/evolução do esquema


habilidades motoras, temos como referência as corporal e, conseqüentemente, de uma imagem
funções psicomotoras que são pré-requisitos corporal bem definida. São elas:
para que estas sejam desenvolvidas durante o

14
UNIDADE B

1 Percepção corporal
Entende-se pela consciência do próprio corpo, seja em estado de repouso, seja em estado de
de suas partes, das suas posturas e atitudes, movimento.

Figura B.1: Tomar consciência do corpo passando por todas as partes (cabeça, pés, braços...).

15
CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL | UFSM

2 Tônus e
descontração muscular
Tônus é uma tensão ligeira e permanente do o esquema corporal. É um ato motor voluntário
músculo esquelético em repouso. Está intima- que implica em controle do tônus muscular e
mente relacionada às flutuações emocionais, tendo sua base nas primeiras experiências
constituindo um indicador da personalidade. É sensório-motoras.
um dos elementos fundamentais que compõe

Figura B.2: Tensões e relaxamentos


16
UNIDADE B

3 Equilíbrio e postura
É a capacidade para assumir e sustentar estímulos. Ex.: como me sinto me movendo
qualquer posição do corpo contra a lei da (contração, relaxamento, sensação de prazer ou
gravidade. dor, outros).
- Impressões labirínticas (controle
Fatores que influenciam no labiríntico): perda do controle do labirinto.
equilíbrio:
- Impressões táteis (tato): exercícios de Tipos de equilíbrio:
toque corporal "em objetos, no corpo do -Dinâmico (durante o movimento).
colega". -Estático (em determinada postura).
- Impressões sinestésicas (sensações do -Recuperado (pára uma determinada
corpo): os sentidos do corpo com diferentes postura, depois de uma ação).

Figura B.3: Equilibrar-se em diferentes partes do corpo, com e sem objeto.

As atividades que favorecem o equilíbrio sobre si mesmo, bem como a coordenação das
corporal são, paralelamente, uma educação do ações num controle postural que não se pode
esquema corporal e uma investigação diante desenvolver, organizar e estruturar-se senão
dos objetos. Essas atividades ampliam reflexões através da ação vivida.
17
CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL | UFSM

4 Lateralização
Lateralidade: é a predominância de um dos vai determinar se o indivíduo será destro ou
hemisférios cerebrais sobre o outro (ao nível sinistro. Se o hemisfério esquerdo é o
de força e precisão) que, através do cruzamento predominante, o indivíduo é destro e vice-versa.
dos feixes neuromotores em nível do bulbo, A lateralidade se diferencia da direcionalidade.

Figura B.4: Chutar a bola com uma das pernas.

Direcionalidade: é o conhecimento "esquer- dominância cerebral em relação a tudo que


da-direita". É a generalização da percepção do cerca a criança.
eixo corporal decorrente da noção da
18
UNIDADE B

Figura B.5: Comandar a elevação dos braços esquerdo e direito ou os dois simultaneamente.
19
CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL | UFSM

5 Coordenação motora
A coordenação motora é mais ou menos A coordenação dinâmica global envolve
instintiva e ligada ao desenvolvimento físico. movimentos amplos (cabeça, braços, pernas,
Entendida como a união harmoniosa de pés, tornozelos, quadris, etc.) e, desse modo,
movimentos, a coordenação supõe integridade coloca grupos musculares diferentes em ação
do sistema nervoso. simultânea, com vistas à execução de
A coordenação pode ser dividida em: movimentos voluntários mais ou menos
a) Coordenação global ou geral complexos.

Figura B.6: Saltar sobre o primeiro e segundo elástico, depois gire trocando o lado, saltando novamente.

b) Visomanual ou fina dedos, mãos e pulsos. Refere-se a movimentos


A coordenação visomanual engloba com os olhos nas mais variadas direções. Por
movimentos dos pequenos músculos em isso, podemos destacar as importantes divisões
harmonia na execução de atividades, utilizando desta:

20
UNIDADE B

Coordenação olho-mão: é a habilidade de coordenando esta percepção visual com o


distinguir um objeto do meio que o rodeia, movimento manipulativo.

Figura B.7: Lançar argola para o alto e tentar acertar a mão entre a argola.

Coordenação olho-pé: é a habilidade de coordenando esta percepção visual com o


distinguir um objeto do meio que o cerca, movimento dos membros inferiores.

Figura B.8: Domínio com membros inferiores.


21
CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL | UFSM

6 Orientação
espaço-temporal
Faz parte da orientação adquirida a partir da ou em movimento. Exercícios de organização e
elaboração de percepção de espaço estrutural estruturação espacial: deslocando um objeto no
do mundo exterior, primeiramente em espaço, a criança coloca um objeto ora de
referência a si mesmo (eu referencial), depois frente, ora de atrás, ora a direita, e depois à
a outros objetos ou pessoas, em posição estática esquerda, conforme o comando do professor.

Figura B.9: Passar por baixo e por cima de objetos.

O ritmo é uma distribuição de movimentos, língua correntes agrupados em métrica musicais


sons, objetos, em um tempo da- do em uma ou encaixados dentro de um período oratório.
série de intervalos regulares. Ex.: ritmos Portanto, ritmo abrange a noção de ordem, de
marcados por som, principalmente, dentro de sucessão, de duração e de alternância.
uma frase musical, em uma dança, em no Através da ritmização de movimentos a
cotidiano da vida, bem como nas palavras da criança pode desenvolver a percepção do
22
UNIDADE B

tempo, do espaço, do seu corpo e, portanto, alfabetização das crianças.


de si mesmo. Com a movimentação no ritmo a Exercício de tempo: Reproduzir ritmos com
criança adquire experiências, pois o movimento as mãos. O professor determina o ritmo, por
é a base da vida humana. exemplo, bater palmas, depois reproduz o ritmo
Essa orientação trabalha com noções e os alunos executam reproduzindo o tempo
importantes para o aprendizado da escrita e rítmico. Variar o ritmo, por exemplo, lento,
particularmente da leitura, favorecem o normal, e rápido. Fazer primeiro de olhos
desenvolvimento da memória. A estruturação fechados e depois com os olhos abertos.
temporal fornecerá as possibilidades para a

Figura B.10: Bater palmas em ritmos diferenciados.

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CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL | UFSM

Pesquisar nas bibliotecas, sites, diferentes


tipos de habilidades referentes às funções
psicomotoras e listar diferentes tipos (no
mínimo 3 exemplos) de exercícios que
desenvolvam cada uma das funções citadas
na unidade B. Essa atividade deverá ser
postada no ambiente virtual, para o
professor responsável pela disciplina,
através do endereço que será informado
oportunamente.

24
UNIDADE

ESQUEMA E
IMAGEM
CORPORAL E SUAS
CONOTAÇÕES

Objetivo da Unidade
Conceituar e compreender a relação esquema e
imagem corporal.

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CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL | UFSM

Introdução

Figura C.1: Cérebro - Hemisfério esquerdo e Hemisfério direito.

Muitas vezes, as pessoas pensam ou


do corpo irão falecendo aos poucos, conforme
confundem que quem comanda a vida é o
os estímulos do cérebro não cheguem mais a
coração, mas na verdade o grande responsável
estes.
por nos mantermos vivos e conscientes é o
O cérebro é alimentado pelos sentidos que
cérebro. O cérebro é composto por dois
são codificados pelos hemisférios, sendo
hemisférios: hemisfério esquerdo e hemisfério
Ler mais sobre este importante ressaltar que o hemisfério esquerdo
assunto, em: Um ou direito, locais onde se dão os processamentos
comanda o lado direito e o hemisfério direito
dois cérebros? O texto
das informações, sejam elas funcionais, sejam
estará disponível na comanda o lado esquerdo do corpo humano.
biblioteca virtual. file:// relacionais, como estudado na unidade A. Por
C:\WINDOWS\Desktop\ Portanto, os comandos são cruzados. Por
PROFI\uifra\psicomotricidade exemplo: Quando acontece uma morte cerebral,
\hemisf\A%20arte%20e%...
exemplo: Se estivermos escrevendo com a mão
isto quer dizer que existe somente uma vida
direita, o hemisfério que esta comandando a
vegetativa e que, por sua vez, os outros órgãos
ação é o esquerdo.
26
UNIDADE C

1 Desenvolvimento do
esquema e da imagem corporal
O esquema corporal é uma aquisição lenta e movimento humano na vida de um ser humano.
continua. Começa desde antes do nascimento Uma criança dos 3 aos 7 anos vai
e se desenvolve de forma notável até o terceiro progressivamente adquirindo consciência de si
ano de vida. Depois disso, continua em per- mesmo. É a fase onde termina de afinar sua
manente evolução pelo resto da existência do lateralidade. Já dos 7 aos 11 anos a criança deve
ser humano. Se estrutura sobre a base dos com- ser capaz de representar mentalmente o corpo
ponentes neurológicos em desenvolvimento e em movimento.
maturação onde se ligam fundamentalmente, Segundo Maturana (2004),
as percepções exteroceptivas, proprioceptivas Percepções
A imagem corporal é a figuração do próprio proprioceptivas: vem
e interoceptivas que permitem estabelecer, em dos músculos, tendões,
corpo formada e estruturada na mente do
articulações, informan-
um momento inicial a consciência sobre mesmo indivíduo, ou seja, a maneira pela do os estados de con-
qual o corpo se apresenta para si próprio. É tração e relaxamento.
localização espacial e a capacidade de imaginar
o conjunto de sensações sinestésicas
uma parte do corpo, em uma determinada ação construídas pelos sentidos (audição, visão, Percepções
interoceptivas:
(FONSECA,1996). tato, paladar), oriundos de experiências
apontam estado visceral.
vivenciadas pelo individuo, onde o referido
O esquema do corpo se processa através cria um referencial do seu corpo, para o seu Percepções
de experiências corporais de onde são obtidas corpo e para o outro, sobre o objeto exteroceptivas: atuam
elaborado. sobre a superfície
e percebidas, sentidos que informam a unidade corporal (tato,
cinestesia) informando
do corpo, ou seja, o que podemos chamar de sobre objetos externos.
esquema de nosso corpo. Podemos dizer que A imagem corporal pode ser definida como
a imagem se dá de maneira tridimensional, que a visão do nosso corpo que produzimos em
todo sujeito tem do seu próprio corpo, ou seja, nossa mente (SCHILDER, 1999). A imagem A Imagem Corporal se
desenvolve desde o
o movimento tridimensional (para cima e para corporal é definida como a representação nascimento até a morte,
dentro de uma estrutura
baixo, para frente e para trás, para os lados mental do próprio corpo. complexa e subjetiva,
esquerdos e direitos). Durante os anos pré-escolares a criança sofrendo modificações
que implicam na
Existem três grandes períodos de evolução desenvolve de forma acentuada o seu conceito construção contínua e
reconstrução incessante,
do esquema e imagem corporal: a respeito da imagem corporal. Com um resultante do
processamento de
Um bebê desde o nascimento até os três pensamento e uma linguagem mais abrangente, estímulos.
anos não diferencia o seu corpo do mundo, começa a reconhecer que a aparência das
seu esquema corporal se desenvolve a partir pessoas pode ser mais ou menos desejável e
do contato com outros corpos (mãe).Sua as diferenças de cor ou raça. Ela conhece o
percepção se desenvolve a partir da sua significado das palavras "bonito" e "feio" e
capacidade de locomoção e movimentação reflete sobre a opinião que os outros têm a
diferenciada. Vê-se, portanto, a importância do respeito de sua aparência.
27
CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL | UFSM

A criança percebe seu próprio corpo por Quanto maior forem os estímulos e as
meio de todos os sentidos, estando o seu corpo possibilidades de novas experiências do recém
ocupando um espaço no ambiente em função nascido durante toda sua trajetória de vida, mais
do tempo, captando, assim, imagens, completa será a sua formação do esquema
recebendo sons, sentindo cheiros e sabores, dor corporal, principalmente, sob o ponto de vista
e calor, movimentando-se. O corpo é o seu psicomotor. As experiências corporais que
centro, o seu referencial, para si mesma, para determinam a imagem corporal corroboram para
o espaço que ocupa e na relação com o outro. a modelação de um esquema que refletirá na
O esquema corporal se constrói e se elabora adolescência e na vida adulta. Sua forma
no decorrer da evolução da criança, não tem poderá ser lapidada, porém, terá os elementos
nada a ver com a tomada de consciência da construção inicial preservados, apesar das
sucessiva de elementos distintos, os quais, como transformações ocorridas ao longo da vida.
num quebra-cabeça, iriam pouco a pouco se Estas noções que se desenvolvem priori-
encaixar uns aos outros para compor um corpo tariamente durante os primeiros meses de vida
completo a partir de um corpo desmembrado. extra-uterina, mas que se inicia durante a vida
O esquema corporal revela-se gradativamente intra-uterina, vão ocorrendo cada vez mais fáceis
à criança da mesma forma que uma fotografia e inconscientes pela repetição contínua e eficaz
revelada na câmara escura mostra-se pouco a de cada ato em questão, até chegar a automati-
pouco para o observador, tomando contorno, zação da resposta frente ao estímulo específico.
forma e coloração cada vez mais nítidos. A Liga-se sem associações ao estabelecimento
elaboração e o estabelecimento deste esquema dos reflexos em que as percepções sensoriais,
parecem ocorrer relativamente cedo, uma vez sensitivas e proprioceptivas se conjugam para
que a evolução está praticamente terminada gerar a excitação neuronal que, em nível central
por volta dos quatro ou cinco anos. Isto é, ao ou em nível da medula espinal, desencadeiam
lado da construção de um corpo 'objetivo', a motricidade requerida como resposta ao
estruturado e representado como um objeto estímulo percebido ou a uma ação gerada
físico, cujos limites podem ser traçados a conscientemente.
qualquer momento, existe uma experiência Ainda que pareça evidente, é necessário
precoce, global e inconsciente do esquema esclarecer que o esquema corporal se implanta
corporal, que vai pesar muito no e evolui, especial e especificamente, sobre a
desenvolvimento interior da imagem e da maturação do conjunto neuromúsculo-
representação de si mesmo. esquelético o qual se liga ao processo de ereção
A imagem corporal é continua e que leva o neonato através das etapas de
representativa do esquema postural e rastejar, engatinhar e dar os primeiros passos,
acompanha o indivíduo desde o seu nascimento até ao total domínio da marcha e orientação,
até o último suspiro, sofrendo adaptações e as quais é suportado pelo eixo axial que está
transformações globais de acordo com o localizado na coluna vertebral.
momento vivido. A imagem corporal do bebê amadurece aos
28
UNIDADE C

poucos na medida em que ele experimenta o Ela passa então da "imagem do corpo fragmen-
toque, a exploração do espaço, a manipulação tado à compreensão da unidade de seu corpo
e contato com os objetos. A idéia de separação como um todo organizado" (MATARUNA, 2004;
de seu corpo de outros corpos e objetos se dá AJURIAGUERRA, 1987; LE BOULCH, 1992).
gradativamente (LE BOULCH, 1982). Krueger (1990) ressalva a importância da
Krueger (1968) e Piaget (1945) concordam imagem corporal não ser limitada a imagens
que a percepção da existência do corpo próprio, visuais, mas como fruto da absorção de
individual, se dá por volta dos 18 meses. Le experiências vividas. A imagem corporal nunca
Boulch (1982) aponta que Lacan, após Wallon, é estática. Ela muda de ação para ação
enfatiza a grande importância da "fase do (FELDENKRAIS, 1977; SCHILDER, 1999). "De
espelho", quando a criança vê sua imagem início, quando a imagem está sendo estabe-
projetada no espelho, olha por trás do mesmo lecida, sua taxa de mudança é alta; novas formas
[...]. Até então, a imagem de seu corpo de ação que, apenas um dia antes, estavam
encontra-se incompleta, fragmentada. A imagem além da capacidade da criança, são rapidamente
do todo acontece quando ela se vê no espelho. conseguidas" (FELDENKRAIS, 1977, p. 28).

29
CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL | UFSM

2 Déficit do esquema
e da imagem corporal
Baseados na unidade B, distinguiremos os e atraso da organização motora (AJURIAGUERRA,
transtornos ocasionados por déficit de imagens 1980).
do corpo durante o desenvolvimento do Exemplos:
esquema corporal. Falta de coordenação, dificuldades em
movimentos utilitários, como vestir, lavar, comer.
Conceituações Afeta a história da criança e pode, por isso,
Praxia - movimento para um fim em andamen- acarretar o isolamento, sentimentos de rejeição,
to, uma seqüência espaço-temporal organizada. provocando uma menor participação de
A elaboração das praxias compreende uma atividades em grupo, dificuldades de comunica-
evolução paralela a do desenvolvimento motor, se e de socializar-se.entre outras.
intelectual e afetivo. A desorganização do movimento é um
As dificuldades escolares dependem da sintoma evidente da falta de sintonia entre as
hierarquia da experiência em que os verdadeiros estruturas sensoriais e perceptivas e as
alicerces estão na organização da lateralidade estruturas simbólicas e conceituais.
e organização das praxias. A dispraxia, a desorganização da imagem do
Apraxia - incapacidade de organizar e corpo, as alterações da lateralização da imagem
planificar um movimento intencional. do corpo e as alterações da lateralidade são os
Dispraxia - relacionada a problemas de primeiros sinais indicativos de uma futura
eficiência motora e perturbação da organização dificuldade escolar.
cerebral. Depende não só dos aspectos Dispraxias de construção - lateralização
neurológicos (esquema corporal, lateralidade, mal definida.
ritmo, grafia, orientação e representação Estabelece:
espacial) como também da própria escola - Dificuldades de cópia de figuras geomé-
(metodologias, relação professor-aluno, etc...). tricas ou de estruturas espaço-temporais.
A dispraxia reflete uma insuficiência do - Dificuldades na imitação de gestos.
desenvolvimento do pensamento espacial, bem - Desorganização conjunta do esquema cor-
como, inclui também uma desorganização global poral e do espaço operativo.
do comportamento, associada à dificuldade de Dispraxias espaciais - desorganização do
utilização e conservação da informação. gesto, do esquema corporal e das relações com
o espaço.
Aspectos clínicos da dispraxia Exemplo:
Dispraxia das realizações motoras - - Perturbação na seqüência elementar dos
problemas do esquema corporal com "déficit" movimentos e na ordenação dos movimentos
30
UNIDADE C

mais complexos, como seguir orientações ou Uma má laterização pode provocar inversões
instruções. e omissões ou confusões que impedem de uma
- Dificuldades de utilização de alto e baixo criança chegar a um nível de leitura desejável.
e de esquerda e direita. Ex.: Troca de letras.
- Dificuldades de se vestir ou em calçar os Disgrafia - É um transtorno específico da
sapatos. escrita: a criança apresenta um nível de escrita
- Não há relação entre partes do corpo e significante inferior ao esperado para sua idade
sua nomeação verbal e o desenho do corpo e curso escolar, e isto influencia negativamente
tornam-se difícil de executar. nas aprendizagens escolares.
Os problemas mais freqüentes que se pode
Transtornos específicos do observar são: inversão de sílabas; omissão de
desenvolvimento letras; escrever letras em espelho; escrita com
Dislexia - Nas crianças com dislexias há uma separações incorretas. Este problema esta A Motricidade Humana
deve dirigir um ensino
grande dificuldade para distinguir as letras ou intimamente ligado à leitura. para crianças reais e
grupo de letras, assim como sua ordem e ritmo Atraso psicomotor - Neste caso destacam- não ideais, que
sentem, que correm,
dentro de uma palavra e/ ou uma frase. se: que fazem barulho,
que são bondosas e
As crianças mostram grande dificuldade para - Dificuldades em todas as áreas psico- amorosas, com
disfunções ou
realizar com sucesso a aprendizagem da leitura, motoras;
"normais". Que
apresentando um nível de leitura - Conseqüências negativas no resultado das pedagogia se dirige a
essas crianças?
significativamente inferior ao esperado para a aprendizagens escolares.
idade ou o curso escolar.
A dislexia afeta o resto de aprendizagens. O Transtornos da
comportamento da criança disléxica será afetado aprendizagem escolar
pelo seu problema de comunicação. Realizar Déficit de atenção com hiperatividade - Este
qualquer tarefa lhe supõe um desperdício de é um transtorno dos mais examinados e
energia. Move-se com insegurança, acha difícil sondados. É mais freqüente em meninos que
de pegar um lápis, ser localizado na frente de em meninas, na maioria dos casos. Aparece
um papel em branco... antes dos 4 anos, freqüentemente só se chega
Causas - Basicamente, giram ao redor dos a detectar quando a criança inicia a fase escolar.
itens listados abaixo: Esse transtorno leva a criança ao fracasso
- Má lateralização. escolar, gerado por transtorno de compor-
- Desorientação espaço-temporal. tamento, que podem ser:
- Problemas de percepção. - Inquietude. Ex.: movimentação de mãos e
- Alterações em sua psicomotricidade pés incessantemente.
(esquema corporal, equilíbrio,...). - Distração, que dificulta a capacidade de
- Transtornos do tipo afetivo. concentração.
Obs.: E não se deve a nenhum defeito - Responde a estímulos antes mesmo que
visual, auditivo ou neurológico. este seja acabado.
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- Interrompe atividades dos outros colegas. muitas vezes, não assimilou os objetivos desta
- Tem dificuldade de centrar a atenção na etapa, isto cria problemas futuros de aprendiza-
informação que está sendo proposta, isto "não gem ainda mais complexos. Ex.: Já tinha
quer dizer que não entenda". dificuldade e recebe uma informação mais
- Muda com freqüência as tarefas, deixando- complexa, não conseguindo assim acompanhar
as inacabadas. o raciocínio sob diferentes áreas do conheci-
- Descuida-se dos materiais e trabalhos mento.
O Transtorno escolares, pois age de forma impulsiva e A depressão infantil, caso de deficiência
Depressivo Infantil é desorganizada. orgânica, podem também atrasar a aprendiza-
um transtorno do
humor capaz de As causas que podem acarretar esse gem. Podemos ter o exemplo de uma criança
comprometer o
desenvolvimento da transtorno, geralmente são associadas a fatores que sempre teve um bom rendimento escolar,
criança ou do
adolescente e interferir
que predispõem, como família desestruturada, e de uma hora para outra se mostra apática,
com seu processo de acontecimentos psicológicos marcados por mal triste, inibida. Estes são sintomas que o
maturidade psicológica
e social. São diferentes estar e que trazem sentimentos negativos a sua professor deve estar sempre atento ao
as manifestações da
depressão infantil e formação. comportamento do aluno. Nestes casos o
dos adultos,
Quando realmente é detectado este professor deve avisar aos responsáveis que
possivelmente devido
ao processo de transtorno, o médico pediatra, se necessário, deverão encaminhar a um especialista em
desenvolvimento que
existem na infância e orienta para um tratamento farmacológico. É psicologia infantil, para que seja tratada de onde
adolescência. http://
gballone.sites.uol.com.br/
bom lembrar que medicação sem terapia acaba provém esse sintoma. Os problemas de
infantil/depinfantil.html ajudando somente por um período de tempo aprendizagem se tornam, então, não o centro
e os sintomas reaparecem. A terapia e a da deficiência, mas sim sintomas de transtorno
farmacologia devem ser utilizadas paralelamen- orgânico muito mais preocupante.
te, informando os pais e professores sobre a
criança e as maneiras de trabalhar em conjunto Repercussões dos déficits
para que haja bons resultados. Geralmente, aparecem como problemas de
atitudes e de rendimento.São eles: atenção;
Transtornos Psicopedagógicos memória, raciocínio verbal, raciocínio abstrato,
Às vezes, as crianças, conseguem terminar o raciocínio numérico. Estes problemas devem-
nível escolar ao qual está submetida, mas, se a falta de atenção e de concentração.

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UNIDADE C

3 Implicações educacionais
Segundo Papalia (2000), as crianças são familiar. Essas experiências se unem a um
afetadas pelas suas experiências na escola em universo maior, mais amplo a cultura da vida, e Ver mais em:
Influência do
todos os seus aspectos, sejam eles, cognitivos, este conjunto de experiências influenciam o
desempenho escolar.
físicos, emocionais e afetivos, assim como as desempenho escolar. Papalia (2000, p. 268 a
272)
características de vida que trazem de seu âmbito

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Assista ao filme: O Jardim Secreto.


Estabeleça uma relação do filme com o
referencial estudado até a unidade C.
Depois, elabore uma síntese individual
onde deve constar o assunto tratado nessa
unidade. Essa síntese deverá ser postada
no ambiente virtual, para o professor
responsável pela disciplina, através do
endereço que será informado
oportunamente.

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UNIDADE

ORGANIZAÇÃO
PEDAGÓGICA E
APLICAÇÕES PRÁTICAS DE
ATITUDES NA EDUCAÇÃO
INFANTIL E ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
Objetivo da Unidade
Após o estudo das unidades anteriores, podemos,
agora, possibilitar e concretizar vivências práticas
através do conteúdo trabalhado nesta disciplina.
Para isso, descreveremos alguns passos, exemplos e
procedimentos que ajudaram a construir práticas
educativas para além do aspecto motriz.

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1 Levantamento
da realidade
Investigar e refletir as possibilidades afetivas, - Freqüência dos alunos;
sociais dos alunos, assim como os materiais que - Nível de reprovação;
a escola dispõe para a realização de atividades - Verificar o número alunos especiais na sala;
de movimentos (jogos, brincadeiras, entre - Verificar o histórico da turma;
outros). - Verificar a faixa etária.
2º) Instrumentos de pesquisa:
Identificando a classe - Entrevistas;
1º) Levantamento do rendimento das - Diários de campo;
turmas: - Observações das aulas.

36
UNIDADE D

2 Elaboração e
organização das atividades
As sessões da aula podem ser desenvolvidas Definir uma temática - contextualizar a
através de jogos, treinamentos adaptados e atividade através de jogos ou brincadeiras. Leia mais sobre o
assunto em: Educação
atividades isoladas (SOLER, 2005). Conteúdo a ser trabalhado - conhecimen-
Física Inclusiva na
Jogos recreativos usando diferentes to a ser explorado durante o tempo de aula. Escola: em busca de
uma escola plural.
atividades de movimento são formas de educar Seleção de atividades de movimento - que Reinaldo Soler. Sprint,
2005. O livro se
a criança sobre o aspecto moral. É de suma colaborem a fim de atingir os objetivos do encontra disponível no
importância para o entrosamento das crianças, conteúdo vivenciado. acervo do pólo.

desenvolvendo criatividade, destreza e Avaliação - Segundo Soler (2005), avaliar


socialibilidade. significa estabelecer critérios, tomar decisões
Objetivo da aula - competências que e definir objetivos, e tudo implica juízo de valor
devem ser atingidos ao final do tempo de aula. (bom senso). A avaliação não pode estar ligada
a punição.

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3 Educação pelos
movimentos corporais
em diferentes atividades
Várias atividades escolares têm como base uma 6. Correr em cima de formas geométricas.
adequada aquisição do esquema corporal, e por 7. Em dupla passar entre as pernas do
conseqüência, uma boa evolução na aquisição companheiro.
da imagem corporal. 8. Quadrupediar.
As atividades devem ser sempre escolhidas 9. Sair do aro e entrar com o corpo dentro
de acordo com o objetivo das habilidades a do aro.
serem vivenciadas. 10. Dance comigo - Está descrita abaixo.
Material: aparelho de som, um boné ou
Diferentes atividades chapéu.
1. Fechar os olhos e imaginar o próprio Disposição: Todos em círculos, dançando ao
corpo, logo após executar um movimento visua- som da música com um boné na mão.
lizando esta imagem. Pensar no que esta atrás, Desenvolvimento: Quando o facilitador
à frente, à direita, à esquerda.Pensar em todo colocar o boné na cabeça de alguém, este sai
o conjunto que rodeia o seu corpo (individual). dançando de um jeito especial para o centro
2. Saltar e transpor obstáculos. do círculo e todos os participantes imitam.
3. Girar no ar para diferentes direções. Passado algum tempo, ele tira o boné de suas
4. Caminhar sobre cordas. cabeças e escolhe outro para prosseguir o jogo.
5. Saltitar entre círculos desenhados no O jogo termina quando todos vivenciarem a
chão. atividade.

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UNIDADE D

A partir do referencial utilizado na unidade


C e D, observe e acompanhe o mesmo
grupo de crianças por 10 horas/aula,
durante o período de aula. Após, descreva
situações que indiquem possíveis
transtornos que interferem na aprendi-
zagem destas crianças. Essa atividade
deverá ser postada via ambiente virtual,
para o professor responsável pela disciplina,
através do endereço que será informado
oportunamente.

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Referências
Referências Bibliográficas FREIRE, Paulo. Educação como prática da

liberdade. 16ª ed. Paz e Terra,1985.


FONSECA, Vitor da. Programa de Estimulação
Precoce. Uma introdução às Idéias de Feuerstein. GONÇALVES. Maria Augusta Salin. Sentir, pensar e

2 EDIÇÃO. Artmed, Porto Alegre.1995. agir. Corporeidade e Educação. Campinas: Papirus,


1994.
KERBS; COPETTI; BELTRAME & USTRA. Perspectivas

para o desenvolvimento Humano. SIEC, Santa LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor:


Maria, RS, BRASIL. 1999. do nascimento aos 6 anos. Trad. Por Ana Guardiola.
Porto Alegre, Artes Médicas, 1982.

NEGRINE, A. O corpo na Educação Infantil. Ed.


EDUCS. Coleção Educação Física. Caxias do Sul/RS, MATARUNA, Leonardo. Imagem Corporal: noções e
2002. definições. Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N°

71 - Abril de 2004, disponível on line em: http//


FONSECA, Vítor da. Psicomotricidade: Filogênese, www.efdeportes.com/
Ontogênese, e Retrogênese. São Paulo: Martins
Fontes. 1996. MORAIS, Regis. A Sala de aula: que espaço é esse?

Campinas, São Paulo: Papirus,1986.


PAPALIA, Diane E.; OLDS Sally Wendkos.
Desenvolvimento Humano; Trad. Daniel Bueno.- 7 MORIN,E. Os Sete Saberes necessários à educação

ed. -Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. do futuro. São Paulo: Cortez ; Brasília: UNESCO,2001.

SOLER, Reinaldo. Educação Física inclusiva: em NEGRINI, A. Aprendizagem e desenvolvimento

busca de uma escola plural - Rio Janeiro: Sprint, 2005. infantil. Porto Alegre: Prodil,1994.

SOLER, R. Brincando e Aprendendo na Educação


Sugestões de Leituras Especial: planos de aula. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
Complementares
SCHILDER, P. A Imagem do Corpo: As Energias

AJURIAGUERRA, J. Manual de psiquiatria infantil. Construtivas da Psique. São Paulo: Martins Fontes,
Brasil: Masson,198O. 1999.

FELDENKRAIS, M. Consciência pelo movimento.


São Paulo: Summus,1977.

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REFERÊNCIAS

TREBELS, A. H. Plaidoyer para um Diálogo entre Sugestões de Filmes


Teorias do Movimento Humano e Teorias do O Jardim Secreto - um filme de Agneska

Movimento no Esporte. Aprendizagem Motora, Holland,WARNER BROS - 102min

Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Vol. 13-

Número 13- Jun. 1992 (338-334).

Sites

www.sobama.org.br
http://www.efdeportes.com/

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