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A pressão arterial é a pressão exercida pelo sangue contra a superfície interna das artérias. Mais importante
que a definição é considerada um sinal vital que nos dá uma medida das perfusão dos diferentes órgãos do
corpo cuja adequada oxigenação e nutrição estão dependentes.
Falamos em valores de pressão arterial sistólica e diastólica que correspondem aos diferentes momentos do
ciclo cardíaco (120/80 mmHg). A PA depende, pela fórmula, do débito cardíaco e da resistência vascular
periférica. Então, como o DC depende da FC e VE (dependente da pré/pós-cargas, inotropismo e da própria
FC), um aumento de qualquer um destes valores leva indiretamente a um aumento da PA.
Quando falamos em regulação da PA temos a considerar mecanismos que atuam a curto prazo (segundos a
minutos) e outros a longo prazo (horas a dias). Então, a curto prazo, existem os reflexos neuronais (atuam
sobre os vasos sanguíneos, no coração e a nível renal relacionando-se com o volume circulante efetivo) e, a longo prazo, regulação humoral.
Como em qualquer caso de regulação neuronal existem sensores (barorrecetores [mecanorrecetores] e quimiorecetores [são secundários e apenas têm
algum papel no doente crítico]) que por aferentes levam a informação que é processada e integrada (zonas cardioinibitória e vasomotora) e resulta numa
resposta transmitida pelos eferentes nos respetivos efetores (coração e vasos). No caso, encontramos um mecanismo de feedback negativo.
Barrorecetores: localizados em posições estratégicas de modo a detetar mudanças na PA, não são propriamente medidores de pressão mas sim
mecanorrecetores capazes de avaliar variações de estiramento dos vasos (maior estiramento corresponderá a um aumento da PA e vice-versa).
Barorecetores de Alta Pressão: mais importantes na hora, situam-se no seio carotídeo (no local da
bifurcação das carótidas em interna e externa com conexão com o nervo glossofaríngeo) e no arco
aórtico (na parede inferior da crossa aórtica com conexão com o nervo vago). Funcionam como
pequenas ramificações (‘’dedos’’) e que têm algumas particularidades, nomeadamente, a presença
de canais da família TRP (catiónicos, não seletivos) capazes de analisar a informação de
estiramento e transmitir essa informação a outros neurónios.
A despolarização que ocorre nestes é bifásica. Existe uma componente estática em que há medida
que os canais vão abrindo ocorre despolarização embora não ocorra de forma diretamente
proporcional. Não aumenta de forma linear, aumenta sim de forma sigmoide (existe um valor a partir
do qual a despolarização é muito maior, a transmissão de impulsos é facilitada).
Como respostas: noradrenalina atua nos recetores B1 causando taquicardia e aumento da contratilidade e recetores A causando vasoconstrição, acetilcolina
atua nos recetores M2 causando bradicardia e redução da contratilidade e adrenalina (da suprarrenal) sobre B2 o que causa vasodilatação. Este mecanismo
de resposta rápida em reduzir a PA é essencial no doente crítico (com, por ex., perda de volume sanguíneo) apesar do frio nas extremidades é capaz de manter
a pressão.
Barorrecetores de Baixa Pressão: mais importantes a longo prazo, fornecem informação de chegada ao coração para se ter a perceção do bom
preenchimento dos vasos. Localizam-se na artéria pulmonar, nas aurículas, no ventrículo direito e na junção das aurículas com as veias. A sua ativação
depende do retorno venoso e detetam o preenchimento da circulação. O único mecanismo de curto prazo que possuem baseia-se no facto de quando estes
sentem excesso de volume vão aumentar a FC, causando uma taquicardia, com o objetivo de eliminar volume (débito urinário) e chamamos de reflexo de
Bainbrigde. Contudo, a longo prazo a sua ativação leva também a vasodilatação renal, redução da secreção de ADH e aumentar o ANP (cardiomiócitos) que
culminam num aumento da diurese.
Quimiorrecetores são completamente secundários. No dia a dia, a regulação da PA não se faz pela ação destes recetores, o seu papel relaciona-se com as
funções respiratórias mas no doente crítico podem ter um papel importante. Em termos de localização é muito semelhante à dos baro de alta pressão. São
sensíveis a alterações de oxigénio, de dióxido de carbono e pH. Perante hipóxia/hipercapnia/acidemia (por isso o seu papel no crítico) ocorre estimulação
destes recetores que também levam a informação às áreas referidas acima. Contudo, a resposta originada vai ser distinta da ansa de feedback: ao invés de
estimular uma área e inibir a outra, estimula ambas originando uma resposta um pouco que contraditória com vasoconstrição e bradicardia. O twist é que esta
regulação ocorre desta forma apenas se for isolada, em laboratório, da ansa de feedback dado que a resposta verdadeira passa por vasoconstrição e
taquicardia. A resposta fisiológica á hipóxia é a taquicardia portanto apesar de este ser o efeito dos quimiorrecetores periféricos a informação passa também
pelos quimiorrecetores centrais que estimulam o centro respiratório a aumentar a ventilação e por consequência o estiramento pulmonar e redução da
saturação de CO2. Esta resposta central inibe o centro medular e sobrepõe o efeito dos periféricos. Assim, esta necessidade de então enviar o O2 aos tecidos
causa uma taquicardia reflexa.
A longo prazo temos então regulação humoral que se baseia em substâncias vasoativas
que modulam o tónus vasomotor e não-vasoativas que controlam o volume circulante
efetivo (uma das ações dos baro de baixa pressão). Quanto às vasoaminas, encontram-
se na tabela. Relativamente à regulação da PA cronicamente por substâncias não-
vasoativas temos o controlo renal do volume extracelular através da regulação da
excreção de sódio – sistema renina- angiotensina-aldosterona, SNA, ADH e ANP.
10) Óxido Nítrico (NO): sintetase de óxido nítrico produz NO de arginina no endotélio. Ativa guanil ciclase solúvel nas células causando vasodilatação.
Apesar de ser um potente vasodilatador não é claro o seu papel na regulação da PA.