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1ª AULA
1 – Plano de curso
1.1 – Direito Político ou Direito Constitucional – a questão terminológica.
1.2 – O Direito Constitucional como Direito Público e instância legitimadora de todo o
Direito. Referência a Kelsen e à pirâmide normativa (Teoria Pura do Direito).
1.3 - A importância da Constituição como lei fundamental do Estado, na definição dos
direitos e deveres dos cidadãos e na regulação do exercício do poder.
1.4 – O advento do constitucionalismo e a experiência constitucional portuguesa a
partir dos séculos XVIII e XIX. As revoluções francesa e norte-americana.
1.5 – O estudo comparado de outros sistemas constitucionais (Reino Unido, EUA,
França e URSS/Rússia).
1.6 – A Constituição de 1976. Sua sistemática. Análise geral das suas quatro partes.
Referência às revisões constitucionais.
2ª AULA
1 – O conceito de Constituição
1.1 – Estado e Constituição.
1.2 – Constituição e direitos humanos. Direitos humanos de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª geração.
1.3 – Espécies de Constituições. Escritas e consuetudinárias. Rígidas, semirrígidas e
flexíveis.
1.4 – Constitucionalismo e Estado de Direito. A “Rule of Law” anglo-saxónica.
1.5 – Constituição formal e Constituição material. Exemplos: princípios da culpa (artigo
1º da CRP) e da confiança (artgo 2º da CRP).
1.6 – Normas e princípios constitucionais. A estrutura das normas e a vinculação aos
princípios.
2.5 – Formas primitivas de organização social (família patriarcal, gens, clã, fratria
grega, gentilidade ibérica, senhorio feudal).
2.6 – Sociedades básicas (esquimós, bosquímanes, pigmeus).
2.7 – Sociedades infra-estaduais (regiões autónomas, Estados federados).
2.8 – Sociedades supra-estaduais (ONU, UE, CPLP). Os compromissos internacionais
e a receção do Direito Internacional e o Direito Comunitário (artigos 7º e 8º da
CRP).
3 - O advento do Estado
3.3 – Formação por via legal ou revolucionária; pacífica ou violenta. O caso português.
3.4 – Conquistas, migrações, agrupamentos, evolução social na origem do Estado. Por
que não se considera o Daesh um Estado.
5 – Tipos de Estado
5.3 – Quanto ao modo e relações de produção de bens (análise marxista) – despótico,
esclavagista, feudal, capitalista e socialista; o materialismo dialético e a luta de
classes.
5.4 – Classificação tradicional (Jorge Miranda) – oriental, grego, romano, medieval e
moderno.
5.5 – O Estado Oriental – teocracia, monarquia, ordem social inigualitária, grande
extensão territorial (médio oriente, com exceção de Israel).
5.6 – O Estado Grego – prevalência do fator pessoal sobre o fator territorial, as
Cidades Estados, o fundamento religioso da comunidade, a inexistência de
liberdade fora da Cidade (o processo de Sócrates), a Democracia Ateniense.
5.7 – O Estado Romano – Desenvolvimento do conceito de poder político e do Direito,
separação entre poder público e privado, distinção entre direitos políticos e direitos
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3ª AULA
1 – O conceito de Estado
1.1 – A polis grega
1.2 – A civitas e a res publica romana
1.3 – O regnum medieval
1.4 – O Estado renascentista (status de Maquiavel, “O Príncipe”; o contributo desta
obra para a moderna Ciência Política).
4ª AULA
1 – Generalidades
1. 1 – É o mais antigo sistema constitucional, tendo sido formado paulatinamente a
partir de 1215 (Magna Carta);
1.2 – A Inglaterra não teve uma monarquia absoluta, tendo passado do Estado
estamental para o Estado constitucional representativo;
1.3 – O modelo originário inspirou a doutrina da separação de poderes de
Montesquieu, sobretudo a partir da obra de John Locke;
1.4 – O Parlamento teve a sua origem no sistema inglês;
1.5 – Não comporta uma Constituição escrita, mas sim uma Constituição mista
composta por leis escritas e normas consuetudinárias;
1.6 – A sua influência estendeu-se aos países que pertenceram ao Império Britânico
(atual Commonwealth);
1.7 – A forma de governo é monárquica e o sistema de governo é parlamentar. O
poder repousa no Parlamento e o Rei tem poderes simbólicos, preside honorariamente
à Commonwealth e abstém-se de intervir na vida política.
3.2 – A 2ª fase é caraterizada por lutas políticas e religiosas; houve duas revoluções
(1648 e 1688), uma República (a ditadura de Cromwell, que foi percursora do
regime bonapartista), foi aprovado, em 1653, o único ensaio de Constituição
escrita que a Inglaterra conheceu (Instrument of Government); a revolução de
1689 é essencialmente diferente da Revolução francesa de 1789, assim como o
Bill of Rights de 1689 é muito diferente da Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão de 1789;
3.3 – A 3ª fase é marcada pela democratização; até 1832 (Reform Act) o sistema
britânico era liberal mas muito pouco democrático; entre 1832 e 1929, foi
consagrado progressivamente o sufrágio universal para adultos de ambos os
sexos; assistiu-se ainda ao apagamento da Câmara dos Lordes, com membros
hereditários e vitalícios, pela Câmara dos Comuns, com membros eleitos e
mandatos renováveis, assim como ao surgimento dos partidos políticos
(Conservador e Trabalhista).
4 – Instituições
4.1 – Rei, Câmara dos Lordes (760 membros) e Câmara dos Comuns (650 membros).
As duas formam o Parlamento;
4.2 – Até ao século XVII prevalece o poder real (período monárquico); entre o século
XVII e meados do século XIX prevaleceu a Câmara dos Lordes (período
aristocrático); desde então, o poder assenta na Câmara dos Comuns (período
democrático).
5 – Constituição
5.1 – Consuetudinária e flexível;
5.2 – Não é escrita mas comporta leis escritas (para além das referidas, por exemplo,
a lei do habeas corpus, de 1679);
5.3 – Prevalência da common law sobre a statute law
6 – Direito
6.1 – Há um conjunto de princípios, instituições e processos que garantem os direitos
dos indivíduos perante o Estado
6.2 – Os principais marcos da consagração da Rule of Law foram a Magna Carta, a
Petition of Rights e o Bill of Rights.
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7 – Sistema de Governo
7.1 – O sistema é parlamentar e o Governo é emanação da Câmara dos Comuns e
responde perante ela; os membros do governo são obrigatoriamente deputados e
deixam o executivo quando perdem eleições.
7.2 – O sistema eleitoral é maioritário e não proporcional, como o português;
7.3 – O PM dirige o Gabinete e os ministros dependem dele;
7.4 – A oposição está institucionalizada e há um “Gabinete sombra”;
7.5 – A legislatura dura 5 anos no máximo;
7.6 – Os membros do Governo têm de provir do Parlamento;
7.7 – A Câmara dos Comuns pode ser dissolvida por iniciativa do PM;
7.8 – O Governo tem a iniciativa legislativa relativamente ao Parlamento;
7.9 – Há alternância partidária, normalmente de uma em uma ou de duas em duas
legislaturas;
7.10 – Os principais partidos são o conservador (tories) e trabalhistas (labour)
8 – Commonwealth
8.1 – É composta por 52 Estados
8.2 – Chefe – Rei (Reino Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul,
Paquistão e Ceilão).
5ª AULA
O constitucionalismo norte-americano
composto por 100 membros, à razão de 2 por cada Estado federado, eleitos para
um mandato de 2 anos em eleições parcelares que elegem um terço dos
senadores de dois em dois anos.
6ª AULA
O constitucionalismo francês
1 – Antecedentes.
1. 1 – O pensamento filosófico de Montesquieu (separação de poderes), Rousseau
(contrato social)e Voltaire. O iluminismo, a separação de poderes, o contrato social e
os enciclopedistas (Diderot e D’ Alembert).
1.2 – A origem revolucionária. A Revolução de 1789 (Tomada da Bastilha).
1.3 – A vocação universalista. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
(1789). O Código Napoleão – 1804.
3 – Constituições Revolucionárias
3.1 – Constituição de 1791 – Monarquia constitucional – Poder legislativo (Assembleia)
e Poder executivo (Rei).
3.2 - Constituição de 1793 ou do Ano 1 – abandono da divisão de poderes – órgão
político único, o corpo legislativo, que elegia o Conselho Executivo dele
dependente.
3.3 – Constituição de 1795 ou do Ano 3 – Duas câmaras e um órgão colegial, o
Diretório, encarregado do poder executivo.
4 – Constituições Napoleónicas
4.1 – Constituição de 1797 ou do Ano 8 – Consulado (três cônsules), quatro
assembleias (Senado, Conselho de Estado, Tribunado e Corpo Legislativo).
Sistema Eleitoral das “Listas de Confiança”.
4.2 - Constituição de 1802 ou do Ano 10 – Napoleão passa a Cônsul vitalício.
4.3 - Constituição de 1804 ou do Ano 12 – instaura o Império.
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9 – Regimes Políticos
9.1 – 1789 a 1871 – Monarquia constitucional, regime jacobino, regime cesarista e
regime ditatorial.
9.2 – 1871 até hoje – Sistema parlamentar, substituído em 1958 por um sistema
semipresidencial de governo.
10 – Caraterização geral
10.1 – A evolução faz-se por oposição entre o princípio liberal (Montesquieu) e o
Princípio democrático (Rousseau).
10.2 – A Constituição é escrita e rígida com exclusão do costume
10.3 – Os tribunais judiciais não fiscalizam a constitucionalidade das leis (a Revisão
de 1958 criou o Conselho Constitucional, que se transformou num tribunal
constitucional).
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11 – V República
11.1 – O “presidencialismo” e o General Charles de Gaulle (o seu papel na II Guerra
Mundial)
11.2 A Constituição de 1958 e o Presidente árbitro e a Revisão de 1962 (eleição
presidencial). Presidente eleito por 7 anos e pode ser reeleito.
11.3 – Bicameralismo – Assembleia Nacional (4 anos) e Senado, a Câmara Alta (6
anos).
11.4 – Sistema eleitoral – maioritário, em duas voltas.
11.5 – Sistema de governo semipresidencial, mas com um Presidente que tem mais
poderes que o português e pode demitir o governo por falta de confiança política.
7ª AULA
1. – Antecedentes.
1. 1 – Karl Marx e Friedrich Engels (século XIX) – influências – Filosofia alemã
(dialética de Hegel e materialismo de Feuerbach; Economia clássica inglesa – Adam
Smith e David Ricardo; Socialismo utópico – Proudhon. O Manifesto Comunista e o
Capital.
1.2 – A Revolução Industrial (Inglaterra – 1760 – 1830); A Comuna de Paris (Governo
Operário – 1871 – 72 dias).
1.3 – Situação na Rússia czarista – Guerra com o Japão – 1904-5; Revolta no
Couraçado Potemkine (o filme de Eisenstein…); Revolução de 1905; Criação da Duma
e instituição de partidos políticos (Czar Nicolau II); I Guerra Mundial (derrota contra a
Alemanha – 1914 – 1917, Paz de Brest Litovsk – 1918 – cedência da Finlândia, Países
Bálticos, Polónia, Bielorrússia e Ucrânia)
1.4 – Revolução de fevereiro de 1917 – Abdicação de Nicolau II, instauração de um
regime republicano e democrático; subida ao poder de Kerensky.
1.5 - Revolução de Outubro; O POSDR – mencheviques e bolcheviques; Vladimir
Ilitch Ulianov (Lenine) e Leon Trotzky; Sovietes (John Reed – Dez dias que abalaram o
Mundo).
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3. – Constituições
3.1 – Declaração de Direitos do Povo Trabalhador e Explorado – 1918.
3.2 – Constituição de 1918 - Limitação do sufrágio (ditadura do proletariado);
Organização piramidal do poder – soviete local, Congresso pan-russo dos
Sovietes, Junta Central Executiva dos Sovietes e Conselho do Comissários do
Povo.
3.3 – Constituição de 1924 (1922 – instituição da URSS) – Sistema bicameral –
Conselho da União e Conselho das Nacionalidades.
3.4 - Constituição de 1933 – Fim da exploração do homem pelo homem e sufrágio
“universal”.
3.5 – 1977 – Estado de todo o povo; aprofundamento da democracia socialista.
4. – Caraterísticas gerais
4.1 – Partido único; centralismo democrático; controlo das organizações sociais.
4.2 – Papel da classe operária e ditadura do proletariado;
4.3 – Legalidade socialista e direitos fundamentais;
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5. – Organização política
5.1 – Soviete Supremo – órgão superior com duas câmaras - Conselho da União e
Conselho das Nacionalidades e um Praesidium.
5.2 – Conselho de Ministros – órgão executivo.
5.3 – O Secretário-Geral, o Comité central e o Congresso do PCUS.
8ª AULA
1 - Generalidades
1. 1 – Seis Constituições portuguesas – 1822, 1826, 1838, 1911, 1933, 1976.
1.2 – À exceção da Carta Constitucional de 1826 (escrita no Brasil por D. Pedro IV),
todas tiveram origem em revoluções ou golpes de Estado, o que contraria um pouco a
ideia de “país de brandos costumes”.
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2 – Épocas
2. 1 – Liberal – 1820 – 1926 (quatro Constituições – 1822, 1826, 1838 e 1911).
Instauração do liberalismo – 1820 a 1851; Regeneração e pacificação do poder – 1851
a 1891; Crise da monarquia – 1891 a 1910; I República – 1910 a 1926).
2.2 – Corporativa e autoritária ou ditatorial – 1921 a 1974 (Constituição de 1933).
Ditadura nacional; Regime corporativista; “Primavera Marcelista”.
2.3 – Democrática – 1974 até hoje (Constituição de 1976). PREC; Pacto
MFA/Partidos; I Revisão Constitucional.
5 – Constituição de 1822
5.2 – As invasões napoleónicas (1807). A fuga da Corte para o Brasil – D. João VI e
Príncipe D. Pedro (1808).
5.3 – Portugal como protetorado britânico e a conspiração de Lisboa de 1817. O
enforcamento dos doze conjurados (Campo dos Mártires da Pátria) e a execução
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7 – Constituição de 1838
7.2 – A proclamação de D. Miguel como Rei pelas Cortes (1828). Eclode a guerra
entre liberais e absolutistas (1828-1838).
7.3 – Derrota de D. Miguel. Tratado “quadripartido” de Londres, entre Reino Unido,
França, Espanha e D. Pedro IV, que leva à expulsão de D. Miguel de Portugal e de
D. Carlos de Bourbón de Espanha (1834).
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8 – Constituição de 1911
8. 1 – Antecedentes. A expedição africana de Serpa Pinto, o “mapa cor-de-rosa”, o
ultimato britânico de 1890 e a cedência de D. Carlos (referência a Finis Patriae Guerra
Junqueiro e a “A Portuguesa” como hino antibretão: “contra os bretões, marchar,
marchar”, dizia o original…). A revolta republicana sufocada, de 31 de janeiro de 1891,
no Porto. O sistema vicioso de alternância entre o Partido Progressista e o Partido
Regenerador. A ditadura de João Franco. O regicídio de 1908 do Rei D. Carlos I e do
Príncipe Luís Filipe (Alfredo Costa e Manuel Buíça; o papel de Aquilino Ribeiro e a
Carbonária). O Partido Republicano e a revolução republicana. A proclamação da
República a 5 de outubro de 1919 nos Paços do Concelho, atual Câmara Municipal,
em Lisboa (José Relvas). Formação do Governo Provisório chefiado por Teófilo Braga.
O Primeiro Presidente da República e teve como fontes as Constiuições suíça e
brasileira (de 1891).foi Manuel de Arriaga (1911).
8.2 – A Constituição de 1911 foi elaborada num curto período (menos de três meses).
O sistema de governo era parlamentar, com um Congresso que tinha duas secções: o
Conselho Nacional, eleito por sufrágio direto (mas não universal, porque as mulheres,
designadamente, não tinham direito de voto por não serem chefes de família; o papel
de Leonor Cabete na luta pelo direito de voto das mulheres), o Conselho dos
Municípios, eleito pelos vereadores das Câmaras Municipais. O poder executivo ra
exercido pelo Presidente da República e pelos Ministros. O Presidente não tinha uma
legitimidade própria porque era eleito para um mandato de quatro anos (e não podia
ser reeleito nos quatro anos seguintes) pelo Congresso - e não diretamente pelos
cidadãos. O Presidente podia se destituído por decisão fundamentada do Congresso,
aprovada por maioria de dois terços. Não podia dissolver o congresso nem tinha
direito de veto.
8.3 – A Constituição de 1911 foi revista várias vezes. A alteração mais marcante foi a
de 1918, durante a ditadura de Sidónio, que transformava o sistema de governo em
presidencial. Porém, a alteração não sobreviveu ao assassínio de Sidónio, ainda em
1918.
8.4 – Não prevendo a existência de um tribunal constitucional, a Constituição de 1911
reconhecia aos tribunais em geral competência para apreciar a constitucionalidade das
leis (fiscalização difusa da constitucionalidade), de acordo com o modelo dos EUA.
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9 - Constituição -1933.
9.1 – Antecedentes do golpe. A turbulência económica, social e política da I República:
a instabilidade política (23 os governos entre 1920 e 1926), a insegurança, com
atentados bombistas, a crise financeira e a oposição da Igreja devido à
natureza anticlerical do regime (separação entre Estado e Religião). A
intervenção desastrosa na I Guerra Mundial (Flandres). A sublevação militar
fracassada de 19 de outubro de 1921. A revolta militar dominada de 18 de abril
de 1925. O golpe militar de 28 de maio de 1926 (Gomes da Costa marchou
triunfalmente de Braga até Lisboa e Mendes Cabeçadas viria a ser designado o
primeiro Presidente). A Implantação da ditadura militar, depois convertida em
ditadura nacional.
9.2 - Entre o golpe de 28 de maio de 1926 e a entrada em vigor da Constituição de
1933, houve um vazio legislativo preenchido pela continuação em vigor apenas
parcial da Constituição de 1911 (por exemplo, os partidos políticos foram
proibidos).
9.3 – A Constituição de 1933 foi influenciada pela Constituição de Weimar; o Estado é
classificado como corporativo, ou seja, pretensamente fundamentado nas
corporações, que representavam o povo, mas não nos partidos, que o dividiam o
corporativismo; havia uma Assembleia Nacional, com um número reduzido de
deputados (de 100 em certa altura, mas com flutuações de número pouco
significativas), e Câmara Corporativa, mas um sistema unicameral, porque a
Câmara Corporativa não era órgão de poder.
9.4 – Havia partido único (União Nacional, transformada em Ação Nacional Popular no
tempo de Marcelo Caetano); não havia voto universal (tal como na I República, em
que o direito de voto só era reconhecido a chefes de família letrados, excluindo as
mulheres) nem partidos políticos.
9ª AULA
1 – Antecedentes.
A Guerra de África (1961-1974) em três frentes (Angola, Moçambique e Guiné) e o
isolamento internacional do Estado português (ONU, CEE). O atraso do país
(predominantemente rural, com elevada taxa de analfabetismo e sem “classe média”).
Os níveis de consumo baixos, com 80 Km de autoestradas (hoje mais de 3 000) e
cerca de 500 000 automóveis (atualmente mais de cinco milhões). O atraso económico
e a emigração massiva. A ausência de instituições democráticas e de direitos políticos.
A oposição interna ao regime. A eclosão de atentados em território nacional - ARA,
Acção Revolucionária Armada (Jaime Serra, Raimundo Narciso) ; a LUAR, Liga de
Unidade e Ação Revolucionária (Palma Inácio, Camilo Mortágua); as PRP, Partido
Revolucionário do Proletariado (Isabel do Carmo, Carlos Antunes). O
descontentamento nas Forças Armadas. A formação e as reivindicações do
Movimento das Forças Armadas (“Movimento dos Capitães”). O livro “Portugal e o
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2 – Origens.
No dia 25 de abril eclodiu um golpe de Estado dirigido pelo MFA, cujo comandante
operacional foi Otelo Saraiva de Carvalho (escreveu o livro de relato “Alvorada em
Abril”). Os revoltosos dominaram rapidamente a situação. Sitiado no Carmo por uma
força comandada por Salgueiro Maia, Marcelo Caetano rendeu-se ao Genaral Spínola,
sendo levado para a Madeira, juntamente com o Chefe de Estado (Almirante Thomaz),
para a Madeira, de onde partiu para o exílio no Brasil. A adesão da população ao
golpe foi generalizada, desencadeando um movimento revolucionário que teve como
ponto alto o 1º de maio, com uma grande manifestação popular em Lisboa. Foi
constituída uma Junta de Salvação Nacional presidida pelo General Spínola.
Regressaram os políticos no exílio (Mário Soares, Álvaro Cunhal) e saíram da prisão
os presos políticos. Foi abolida a censura e extinta a PIDE-DGS, cujos elementos
mataram seis pessoas a tiro no dia 25 de abril, junto à sua sede, em Lisboa (Rua
António Maria Cardoso). O MFA apontou como objetivo descolonizar, democratizar e
desenvolver. Portugal entrou em negociações com os movimentos de libertação das
colónias, transferindo para eles a respetiva soberania num processo conturbado que
levaria à repatriação para o continente de centenas-de-milhar de portugueses. No
continente desenvolveu-se um processo revolucionário (“em curso” – PREC) que teve
como momentos de confronto, entre forças mais moderadas e mais revolucionárias, o
28 de setembro (Spínola demite-se e cede a presidência a Costa Gomes e o Primeiro-
Ministro Palma Carlos é substituído pelo então Coronel Vasco Gonçalves), o 11 de
Março (em que o país esteve à beira da guerra civil e que culminou com uma
assembleia do MFA que instituiu um Conselho da Revolução e decretou um vasto
conjunto de nacionalizações e o 25 de novembro (em que as força revolucionárias
mais radicais foram dominadas, por militares dirigidos por Ramalho Eanes e
comandados no terreno por Jaime Neves). Antes do 25 de novembro, chegara a haver
atentados bombistas contra os partidos mais à esquerda, levados a cabo por
organizações como o ELP-MDLP – Exército de Libertação de Portugal – Movimento
Democrático de Libertação de Portugal, onde teve papel preponderante Alpoim Calvão
e que chegou a ser apoiado por Spínola - e os CODECO – Comandos Operacionais
de Defesa da Civilização Ocidental. Nas ilhas, organizações a FLA (Frente de
Libertação dos Açores) e a FLAMA (Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira)
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3 – A Assembleia Constituinte.
Cumprindo a promessa feita pelos militares, foi eleita uma Assembleia Constituinte em
25 de abril de 1975. Foi a primeira eleição em que participaram, sem restrições, todos
os eleitores com mais de dezoito anos (a maioridade, antes fixada nos vinte e um anos
tinha baixado para os dezoito). A eleição seguiu o sistema proporcional e o método de
Hondt, que viriam a ser consagrados no texto constitucional. Registou-se um afluxo
massivo de mais de 90 % dos eleitores e os resultados favoreceram as forças mais
moderadas (PS 38 %, PPD 26%, PCP 12 % e CDS 7 %9, levando à substituição de
Vasco Gonçalves por Pinheiro de Azevedo na chefia do (Sexto) Governo Provisório.
Antes da designação do primeiro primeiro-ministro constitucional, tiveram essa
responsabilidade Adelino da Palma Carlos (professor da Faculdade de Direito de
Lisboa, Vasco Gonçalves e Pinheiro de Azevedo (General e Almirante, no termo das
respetivas carreiras militares). Os deputados deram por concluído o seu trabalho em 2
de abril de 1976, tendo votado contra o texto constitucional apenas os representantes
do CDS. A Constituição entrou em vigor no dia 25 de abril de 1976.
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4 – Caraterização geral.
A Constituição de 1976 foi influenciada pelo processo revolucionário e até certo ponto
condicionada pelo Pacto MFA-Partidos. Consagrou um órgão de soberania político-
militar, o Conselho da Revolução, e a irreversibilidade das nacionalizações. Todavia,
no essencial, a Constituição de 1976 instituiu um Estado de Direito democrático, liberal
e social, como resulta, desde logo, do seu artigo 2º. Assim, consagrou uma
democracia representativa (com aprofundamento da democracia participativa), a
separação e interdependência de poderes, a forma de governo republicana e o
sistema de governo semipresidencial, o sistema eleitoral proporcional e o método de
Hondt, um Estado unitário (com regiões autónomas político-administrativas nos Açores
e na Madeira e um programa de criação de regiões administrativas no continente), um
amplo conjunto de direitos fundamentais (incluindo direitos, liberdades e garantias,
mas também direitos económicos, sociais e culturais), a coexistência de três setores
de propriedade (pública, privada e social, incluindo a cooperativa), a fiscalização da
constitucionalidade (designadamente através do Tribunal Constitucional, mas, de
forma difusa, por todos os tribunais) e a revisão constitucional, num quadro de
Constituição semirrígida.
5 - Sistemática. Preâmbulo. Direitos e deveres fundamentais. Organização política.
Organização económica. Revisão e garantia da Constituição.
10ª AULA
1 – A sistemática constitucional
1.1 – Iluminismo, liberalismo, jusracionalismo, movimento codificador e sistemática
das constituições. O caráter casuístico, discriminatório e assistemático do
Direito antigo – Ordenações do Reino – Afonsinas, Manuelinas e Filipinas –
cinco Livros de cada – disponíveis em edição da Gulbenkian).
1.2 - A Constituição como carta de direitos e deveres e instrumento de regulação
dos poderes do Estado.
1.3 – A sistemática da Constituição de 1976: Preâmbulo; Princípios fundamentais;
Parte I - Direitos e deveres fundamentais; Parte I” – Organização económica;
Parte III – Organização do poder político; Parte IV – Garantia e revisão da
Constituição; Disposições finais e transitórias.
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2 – Preâmbulo
2.1 – A linguagem e carga ideológica – as referências ao fascismo e ao socialismo.
2.2 – A ausência de força normativa do preâmbulo e a desnecessidade e ausência
de sentido da sua eventual revisão.
3 – Princípios fundamentais
3.1 – A dignidade da pessoa humana. Fundamento “ontoantropológico”. Os
humanismos. O pensamento kantiano – artigo 1º.
3.2 – O Estado de direito democrático. O programa político da Constituição -
democracia representativa e pluralista com aprofundamento da democracia
participativa, separação e interdependência de poderes com consagração do
princípio da legalidade e da independência dos tribunais, forma de governo
republicana, sistema de governo semipresidencial, parlamento unicameral
sistema eleitoral proporcional e o método de Hondt, Estado unitário – artigo 2º.
3.3 – Soberania, cidadania, Estado unitário com Regiões Autónomas e Regiões
Administrativas, relações internacionais, missões do Estado, direito de sufrágio
e símbolos da República – artigos 3º a 11º.
4.5 – Valor interpretativo da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1949 (II
Guerra Mundial e origem da Declaração; referência ao papel de Eleonor
Roosevelt) – artigo 16º.
4.6 – Estado de sítio e estado de emergência. Competência e processo de declaração.
Direitos insuscetíveis de suspensão. A subordinação ao princípio da
proporcionalidade. O prazo de quinze dias e a renovação. A questão dos estados
de exceção não constitucionais (referência a Bacelar Gouveia – tese de
doutoramento) – artigo 19º.
7 – Deveres fundamentais
7.1 – A aparente menor expressão dos deveres fundamentais em confronto com os
direitos fundamentais
7.2 – A existência de um dever universal de respeito (omissivo) dos direitos
fundamentais alheios.
7.3 - A previsão expressa de deveres. Exemplos: o dever de respeitar o domicílio
alheio (artigo 34º, nº 3); o dever de defender a Pátria (artigo 276º, nº 1, da Constituição
– fora da Parte I).
7.4 – A pressuposição implícita. Exemplos: o dever de respeitar o direito à vida,
decorrente da sua inviolabilidade e da proibição absoluta de pena de morte (artigo
24º); o dever de pagar impostos, decorrente, a contrario sensu, do direito de não pagar
impostos inconstitucionais, ilegais ou retroativos (artigo 103º, nº 3).
11ª AULA
I - Organização económica
2 – Incumbências do Estado
2.1 – A Promoção do bem-estar e da justiça social (artigo 81º).
2.2 – A otimização de recursos (artigo 81º).
2.3 – O planeamento democrático (artigo 80º).
2.4 – O Conselho Económico-social (artigo 92º).
2.5 - A promoção da coesão económica e social (artigo 81º).
2.6 - A defesa do ambiente (artigo 81º).
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2 – Presidente da República
2.1 – Definição constitucional, capacidade eleitoral passiva (35 anos e
nacionalidade portuguesa de origem), candidatura ( 7 550 assinaturas),
reelegibilidade (por um só mandato consecutivo e por outros, sem limite,
interpolados), sistema eleitoral (eleição em uma ou duas voltas) (artigos
120º a 128º).
2.2 – Destituição. O Presidente pode ser demitido e impedido de se
recandidatar por crimes cometidos no exercício de funções (por outros
crimes é julgado quando cessar o mandato, como qualquer outro cidadão).
A competência para o destituir é da Assembleia da República (iniciativa de
um quinto dos deputados e aprovação por dois terços) e do Supremo
Tribunal de Justiça (julgamento perante o pleno das secções criminais –
tal como o Presidente da Assembleia da República e o Primeiro- Ministro)
(artigo130º).
2.3 – Substituição interina – o Presidente da Assembleia da República como
segundo alto dignitário do Estado (artigo 132º).
2.4 Competências presidenciais. Dissolução da Assembleia da República
(prazos) e demissão do Governo (por irregular funcionamento das
instituições). É Comandante Supremo das Forças Armadas e preside ao
Conselho superior de defesa Nacional. Declaração da paz e da guerra e
do estado de sítio e do estado de emergência (ouvido o Governo e
autorizado pela Assembleia da República). Preside ao Conselho de
Estado, órgão de aconselhamento que é formado por altos dignitários do
Estado, pelos Ex-Presidentes da República, por cinco membros
designados pela Assembleia da República e por outros cinco de
nomeação presidencial. Promulgação, veto (no caso das leis da a
Assembleia da República, esta pode voltar a aprová-las por maioria
absoluta) ou pedido de fiscalização da constitucionalidade de leis e
decretos-leis. Ratificação de tratados. Indulta e comuta penas, ouvido o
Governo. É grão-mestre das ordens honoríficas e confere condecorações.
Tem, em geral, o poder moderador que já era atribuído ao Chefe de
Estado (então ao Rei) pela Carta Constitucional de 1826 (artigos 133º a
140º).
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3 – Assembleia da República
3.1 – É eleita por círculos eleitorais, segundo o sistema proporcional e de
acordo com o método de Hondt (artigo 149º).
3.2 – Representa todos os cidadãos portugueses, tem o primado do poder
legislativo e, em geral, fiscaliza o Governo (artigos 161º e 162º). O
primado do poder legislativo é ilustrado, desde logo, pelo poder de
apreciar os decretos-leis do Governo, alterando-os ou fazendo cessar a
sua vigência, no prazo de 30 dias após a publicação, mediante
requerimento de dez deputados (artigo 169º).
3.3 – Tem um mínimo de 180 e um máximo de 230 deputados (no início foram
250). O número, dentro destes limites é fixado pela lei, sendo,
presentemente, de 230. Os deputados estão sujeitos a um regime de
incompatibilidades e beneficiam de imunidades para melhor exercerem o
mandato: enquanto tais, não podem ser responsabilizados pelos votos e
opiniões e só podem ser detidos em flagrante delito por crimes dolosos
puníveis com pena de prisão superior a três anos (este último regime é
extensivo aos membros do Governo) (artigos 148º, 155º e 157º).
3.4 – Às eleições para a Assembleia da República apenas podem concorrer
partidos políticos, sozinhos ou coligados. Os independentes apenas
podem concorrer nas listas dos partidos políticos (ao contrário do que
sucede nas eleições para a Presidência da República ou para as
autarquias) (artigo 151º).
3.5 A Assembleia da República tem competência reservada absoluta para
legislar em várias matérias, incluindo Orçamento de Estado, Segredo de
Estado, Regime do Estado de Sitio e de Emergência, Regime do Sistema
de Informações e Forças de Segurança. Se o Governo aprovar decretos –
leis sobre essas matérias, eles serão formal e organicamente
inconstitucionais. A Assembleia da República tem também uma
competência reservada relativa noutras matérias, como, por exemplo,
direitos liberdades e garantias, direito penal e direito processual penal e
sistema fiscal. Nestes casos, para além de poder legislar por si mesma, a
Assembleia da República pode autorizar o Governo a fazê-lo. As leis de
autorização legislativas têm de ser precisas, sob pena de
inconstitucionalidade. Nesta situação, os decretos-leis autorizados têm de
se subordinar às leis da Assembleia da República (tal como sucede
quanto aos decretos-leis que desenvolvem leis de bases gerais). a regra
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6 – Ministério Público
6.1 - Distinta dos tribunais é a magistratura do Ministério Público. É autónoma (do
poder político, que não pode dar ordens sobre os processos),
hierarquizada e dirigida pelo Procurador-Geral da República (nomeado
para um mandato de seis anos, que pode ser renovado mais do que uma
vez, pelo Presidente da República sob proposta do Governo, podendo ser
demitido a qualquer momento pelo mesmo processo) (artigos 219º a 220º).
6.2 – Esta magistratura é composta por Procuradores-Gerais-Adjuntos (topo da
carreira), que beneficiam de autonomia técnica e por Procuradores (base
da carreira), cuja carreira estão equiparadas à de juiz. Os magistrados do
Ministério Público podem recusar-se a cumprir ordens superiores,
apresentando a “objeção de consciência jurídica”, caso (raro) em que são
substituídos, no processo em causa, por um colega.
6.3 - O Ministério Público representa o Estado, defende certos interesses
(designadamente de trabalhadores e de crianças) e exerce a ação penal.
Neste último âmbito tem uma ação decisiva: instaura o processo-crime,
dirige o inquérito (coadjuvado pelos órgãos de polícia criminal e fiscalizado
pelo juiz de instrução e deduz as a acusação para levar a julgamento o
arguido (artigo 219º).
6.4 – O Ministério Público também tem um órgão de autogoverno, o Conselho
Superior do Ministério Público, presidido pelo Procurador- Geral da
República e composto pelos Procuradores-Gerais Distritais, por outros
magistrados eleitos pelos pares e por personalidades eleitas pela
Assembleia da República e designadas pelo Ministro da Justiça.
6.5 – Outro órgão importante é o Conselho Consultivo do Ministério Público,
presidido pelo Procurador-Geral da República e composto por
Procuradores-Gerais-Adjuntos, que elabora pareceres a pedido do próprio
Procurador-Geral da República ou de membros do Governo (exemplo
recente foi o da greve dos enfermeiros). Se esses pareceres forem
homologados por quem os solicitou, são publicados em Diário da
República e têm força vinculativa para os respetivos serviços (embora não
tenham força de lei, ou seja, não obriguem os tribunais) (artigo 220º).
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7 – Restantes normas
7.1 – A Constituição agrupa ainda na Parte III normas sobre as Regiões
Autónomas dos Açores e da Madeira. Têm órgãos de governo próprios – a
Assembleia Legislativa Regional (que aprova decretos-legislativos
regionais em matérias de interesse específico das Regiões) e o Governo
Regional (executivo formado por Secretários e dirigido pelo Presidente do
Governo Regional- o mais longevo foi Alberto João Jardim, na Madeira).
Há um Representante da República (que se chamava originariamente
Ministro da República) que representa o Estado Central e pode pedir a
fiscalização da constitucionalidade dos decretos-legislativos regionais pelo
Tribunal Constitucional) (artigos 225º a 234º).
7.2 – Distintas das Regiões Autónomas (político-administrativas) são as Regiões
Administrativas (uma espécie de “superautarquias”), previstas para o
continente mas nunca criadas. É uma matéria “fraturante”, que já foi objeto
de um referendo (pouco participado), em que a maioria votou contra. Para
a criação destas regiões é necessário um referendo vinculativo em que
participe mais de metade do eleitorado. Por outro lado, tais regiões têm de
ser criadas em simultâneo em todo o território nacional, segundo um mapa
e com competências pré-definidos (artigos 255º a 262º).
7.3 – As autarquias existentes são os Municípios e as Freguesias, cujo mapa foi
recentemente alterado. São governadas por um executivo (Câmaras e
Juntas, respetivamente, dirigidas por um Presidente) e comportam um
órgão colegial (Assembleia Municipal e Assembleia de Freguesia). A
tendência para a descentralização tem implicado a transferência de
competências do Estado para as autarquias (por exemplo, em matéria de
educação) (artigos 244º a 254º).
7.4 – A Constituição comporta ainda, na Parte III, normas sobre organizações de
moradores, hoje de escassa importância, mas que assumiram um papel
ativo durante o processo revolucionário, sobre a Administração Pública
(estrutura, regime, responsabilidade, Polícia) e sobre a Defesa Nacional,
as Forças Armadas e o serviço militar, que a Constituição não prevê hoje
como obrigatório (artigos 163º a 276º).
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12ª AULA
I – Garantia da Constituição
Revisão constitucional
2 – Uma Constituição semirrígida
2.1 – A Constituição de 1976 pode ser revista, mas o modo de revisão não é o de uma
lei normal. Há limites temporais, circunstanciais e materiais à revisão constitucional.
2.2 – Os limites temporais resultam de só se admitir uma revisão ordinária depois
de decorridos cinco anos após a revisão anterior (a última revisão foi em 2005,
pelo que se admitiria hoje uma revisão constitucional ordinária). Porém, antes de
decorrido os cinco anos é possível levar a cabo uma revisão extraordinária, se
quatro quintos dos deputados em efetividade de funções, ou seja, dos 230 que
compõem presentemente a Assembleia concordarem em desencadear o processo.
No entanto, a aprovação da revisão depende sempre apenas de uma maioria de
dois terços dos deputados em efetividade de funções, quer a revisão seja ordinária
quer seja extraordinária.
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referendos sobre tratados). Todavia, acabou por não se aprovar uma Constituição
Europeia, tendo sido apenas celebrado o Tratado de Lisboa, e não se realizou
referendo algum.