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ESTRATÉGIA E

LOGÍSTICA
EMPRESARIAL

Charlene Bitencourt Soster Luz


Armazenagem
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Analisar os processos de armazenagem logística.


 Empregar técnicas de armazenagem com vistas a incrementar o
desempenho logístico empresarial.
 Reconhecer a importância da logística de armazenagem no contexto
empresarial.

Introdução
Neste capítulo, você vai compreender o papel da armazenagem nas
operações logísticas ao longo da cadeia de suprimentos. A armazenagem
tem como função primordial manter a integridade física do produto antes,
durante e após a produção, o que a torna estratégica.
Negligenciá-la pode gerar custos com produtos danificados.
Assim, neste capítulo, você vai estudar os processos logísticos e técni-
cos de armazenagem utilizados para incrementar o desempenho logístico
empresarial. Por fim, você vai reconhecer a importância da logística de
armazenagem no contexto empresarial.

Conceitos básicos
A armazenagem está presente em todas as atividades logísticas na cadeia de
suprimentos, pois tem relação com o cuidado do produto em todo o seu fluxo.
A matéria-prima precisa ser armazenada para preservar sua qualidade e ser
útil para a indústria. Durante os processos industriais, é necessário que exista
o correto acondicionamento dos materiais nas diferentes fases da produção.
No varejo, mesmo estando à disposição dos consumidores, pode-se dizer que
os produtos estão armazenados de acordo com suas características — como o
acondicionamento adequado de produtos que exigem controle de temperatura.
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Até mesmo durante o transporte, as mercadorias devem ser armazenadas da


melhor forma possível no veículo, para manter sua integridade.
Dessa forma, a armazenagem existe em todos processos logísticos para
facilitar o fluxo de produtos e informações. Ballou (2006) informa que a
armazenagem contribui para a coordenação entre a oferta e a demanda, asses-
sora o processo de produção e colabora para a comercialização de produtos.
Bowersox et al. (2014) destacam que existem dois processos logísticos:
fluxo de estoques e fluxo de informações. O fluxo de estoques está relacionado
com os bens físicos e engloba:

 a gestão de relacionamento com os clientes, que precisam das merca-


dorias em bom estado;
 a manufatura, que utiliza matéria-prima para fabricação;
 o suprimento, que são as compras de materiais de qualidade, que possam
ser armazenados pela empresa;
 os fornecedores, que precisam cuidar da mercadoria para abastecer a
produção;
 os consumidores finais, que efetuam as compras.

Bowersox et al. (2014) afirmam que o fluxo de informações acompanha o


fluxo de estoques, devendo ser constante em toda a cadeia de suprimentos. Para
isso, a atenção dos colaboradores e o uso de sistemas eficientes são aspectos
relevantes para manter a confiabilidade e a transparência de informações.
Para Chopra e Meindl (2011), a informação possui papel estratégico na
cadeia de suprimentos, e sua importância aumenta a cada dia. A informação
permite que as operações logísticas ocorram de forma coordenada na cadeia
de suprimentos. Ela possibilita que os membros da cadeia de suprimentos
se comuniquem, de forma a atuarem de forma integrada, com o objetivo de
satisfazer às necessidades dos clientes.

Acesse o vídeo disponível no link a seguir e saiba como é feito o armazenamento do


milho, matéria-prima de diversos alimentos.

https://qrgo.page.link/gbBxC
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A armazenagem é a atividade principal dos negócios da cadeia de supri-


mentos, que tem como local de funcionamento os centros de distribuição, em
que ocorrem a armazenagem e a gestão de estoques, visando a distribuir os
produtos em diversas regiões. Nesse sentido, Bertaglia (2009) e Gonçalves
(2010) apontam que existem três principais funções dos centros de distribuição:
receber, armazenar e expedir produtos (Figura 1).

Receber Armazenar Expedir

Figura 1. Armazenagem como função dos centros de distribuição.


Fonte: Adaptada de Bertaglia (2009).

A armazenagem se apresenta como uma das principais atividades logís-


ticas, pois tem o papel de preservar os produtos da cadeia de suprimentos.
Para Ballou (2006), a armazenagem é uma necessidade das empresas, mesmo
que represente custos, já que eles são compensados pela disponibilidade dos
produtos no momento necessário. Como a demanda pode sofrer variações,
os estoques e, consequentemente, a armazenagem são importantes para não
deixar faltar mercadorias ao longo da cadeia de suprimentos.
Todo produto, em seu fluxo que abrange desde a matéria-prima até o
produto acabado, precisa ser armazenado de forma adequada e que respeite
suas características e mantenha a sua integridade física. Para Bowersox et al.
(2014), Ballou (2006) e Correa (2010), a atividade de armazenam está integrada
com o manuseio dos produtos e as embalagens.
Para serem armazenados, os produtos precisam ser movimentados, seja
de forma manual ou automatizada. Uma embalagem apropriada e resistente
facilita a movimentação interna na empresa, o transporte entre empresas e,
também, a armazenagem dos produtos. Para Bowersox et al. (2014, p. 40):
“Quando integrados de maneira eficaz às operações logísticas de uma empresa,
o armazenamento, o manuseio de materiais e a embalagem facilitam a veloci-
dade e a facilidade geral do fluxo de produtos por todo o sistema logístico”.
Quanto mais resistente for a embalagem e menos manuseio ocorrer, menor
será a probabilidade de o produto ser danificado e gerar custos para empresa.
Por isso, deve-se planejar a embalagem considerando a movimentação do
produto e seu armazenamento.
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Ainda de acordo com Bowersox et al. (2014), existem diferentes processos


de armazenagem que são realizados nos centros de distribuição. Alguns
desses processos são: recebimento, endereçamento, estocagem, identificação,
cross-docking, separação (picking), embalagem, expedição, dentre outros, que
podem existir conforme o produto e as necessidades dos clientes.
O recebimento é o momento em que a mercadoria entra no armazém e os
colaboradores verificam sua integridade física e conferem se a nota fiscal está
de acordo com o produto recebido, segundo Correa (2010). Produto sem nota
fiscal não pode entrar no armazém, nem deveria ter saído da empresa, pois
todo produto precisa circular com nota fiscal, que atesta que ele foi comprado
e vendido segundo a legislação e aponta os impostos devidos. Deixar entrar
mercadoria sem nota significa não ter o registro de sua procedência — é como
se a mercadoria não existisse. Produtos que têm divergência da nota fiscal
também não podem ser recebidos no armazém.
A nota fiscal precisa conter informações fidedignas ao produto físico, e
algumas dessas informações são características do produto, como quantidade,
peso, embalagem, valor, etc. Nesse momento, é importante que o software
utilizado na recepção consiga cruzar os dados do pedido de compra com a
nota fiscal de entrada. Assim, pode-se identificar divergências do pedido
em relação à nota fiscal e recusar os produtos que chegarem sem terem sido
solicitados, pois são custos que a empresa não precisa ter.
No recebimento, também pode acontecer de os produtos chegaram da-
nificados do transporte, o que, muitas vezes, impede que sejam vendidos.
É preciso atenção dos profissionais que trabalham no recebimento de mer-
cadorias, que geralmente são conferentes e auxiliares de logística, para que
percebam ausências de nota fiscal, divergências entre nota, produto e pedidos
de compras e produtos danificados. Nesses casos, as mercadorias não podem
entrar no armazém e devem ser devolvidas para o fornecedor. O treinamento
para aguçar a percepção desses casos e de outros que podem acontecer deve
existir de forma constante, pois distrações no recebimento da mercadoria
podem afetar negativamente o faturamento da empresa.
Após o recebimento, existe o endereçamento dos produtos, ou seja, a indi-
cação do local mais apropriado para armazenagem no armazém. O software
utilizado pela empresa indica o melhor local para armazenagem, tendo como
base as características do produto, como peso, volume, rotatividade de vendas
e cuidados especiais, como controle de temperatura.
Segundo Gonçalves (2010), a localização do produto dentro do centro de
distribuição deve ser estratégica, de forma que agilize a entrada e a saída.
Por isso, para haver maior agilidade, os armazéns são divididos em ruas,
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que possuem corredores, que, por sua vez, possuem prateleiras (Figura 2).
Vale salientar que mercadorias com alto valor podem ter espaço especial,
separado dos demais produtos e com acesso restrito de pessoal, por questões
de segurança.

Coluna “Z”
Rua “Y”

Corredor “X”

Figura 2. Sistema de localização no armazém.


Fonte: Adaptada de Gonçalves (2010).

Assim, o endereçamento serve para mostrar onde a mercadoria deve ser


estocada. Ocorre a movimentação da mercadoria da recepção até esse local
de estocagem. Essa movimentação, em geral, ocorre manualmente ou com
o uso de empilhadeiras e paleteiras, conforme o produto. A estocagem é a
armazenagem em si, em que o produto fica em um determinado endereço
do armazém. Durante esse processo, existe a gestão de estoques, ou seja, o
cuidado físico e via sistema desse produto. São gerenciadas informações como
prazo de validade, integridade física, rotatividade de vendas, dentre outras.
Quando surge o pedido, os produtos são identificados no sistema e fisica-
mente, para seguirem para o processo de separação. Nele, ocorre a identificação
e a separação dos produtos, que acontecem quase ao mesmo tempo. Quando
os produtos são identificados, os colaboradores os movimentam até a área de
picking (separação), onde é feita a separação dos produtos para que os pedidos
sejam montados.
Muitos armazéns prestam serviços de embalagem e etiquetagem de produ-
tos, e isso ocorre logo após o processo de picking. Embalar os produtos significa
deixá-los prontos para o transporte e para o consumidor final. Geralmente,
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é necessário mais de uma embalagem, para que o produto fique protegido


durante o transporte até seu destino, conforme aponta Ballou (2006).
Por fim, depois de embaladas, as mercadorias são movimentadas até a
expedição, sendo esse momento crucial para a finalização do pedido, segundo
Correa (2010). Nessa ocasião, são emitidas as notas fiscais de saída, que
precisam estar de acordo com os produtos físicos. É de suma importância
que as notas fiscais estejam coerentes com o pedido de compras do cliente,
para evitar devoluções. Todas as informações da nota precisam ser inseridas
com atenção, principalmente endereço de destino, características do produto,
quantidade, embalagem, peso e valor.
A Figura 3 sintetiza o processo de armazenagem.

Figura 3. Etapas do processo de armazenagem.

Além dos processos de armazenagem citados, também existem outros,


conforme as necessidades do negócio. Pode-se destacar o processo de cross-
-docking, que acontece em alguns armazéns. Segundo Correa (2010), o cross-
-docking acontece quando as mercadorias são recebidas e já encaminhadas para
expedição, sem precisar passar pela armazenagem, pois já têm destino definido.
Segundo Chopra e Meindl (2011), os fornecedores exercem importante papel
no cross-docking, pois têm a responsabilidade de entregar no prazo os produtos
que são aguardados, para que o centro de distribuição possa encaminhá-los
para diferentes destinos. Muitas vezes, esses produtos chegam em somente
um caminhão e são carregados em vários outros veículos, para distribuição
em diferentes clientes.
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Técnicas de armazenagem
O cuidado com materiais e produtos é de responsabilidade da atividade de
armazenagem, inclusive no processo produtivo. Nesse contexto, Gonçalves,
(2010) destaca três tipos de armazenagem (Figura 4) relacionados com as
atividades produtivas:

 Apoio: é o armazenamento de matéria-prima para abastecer às neces-


sidades da produção. A armazenagem zela por manter a matéria-prima
em bom estado, para ser utilizada no processo produtivo. Matéria-prima
sem qualidade compromete a produção e a imagem da empresa perante
o cliente. Essa armazenagem também comporta material em processo e
produtos semiacabados. Para Chopra e Meindl (2011), a armazenagem
de apoio é denominada de unidade de manutenção de estoques, em que
tudo o que compõe um produto é armazenado.
 Composta: nesse caso, o espaço da armazenagem comporta tanto
matéria-prima quanto produtos acabados para o cliente. Essa situação
é comum em empresas com pouco espaço físico, em que a organização
é essencial para não misturar os materiais.
 Consolidação: refere-se à existência de grande quantidade de produtos
acabados oriundos de diferentes fornecedores que ocupam o mesmo
espaço. Os atacadistas são um exemplo desse caso, em que os fornece-
dores entregam os produtos que são armazenados. Assim, Correa (2010)
afirma que a consolidação na distribuição é uma excelente forma de
atender às demandas de grande número de empresas.

É preciso analisar o tipo de produtos e materiais para identificar qual desses


três tipos de armazenagem é mais adequado. Alguns produtos não podem ficar
próximos em local fechado, como alimentos e produtos de limpeza. Por isso,
a armazenagem requer planejamento e zelo com os materiais e produtos, para
conservá-los da melhor forma possível.
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Figura 4. Tipos de armazenagem relacionados ao processo produtivo.


Fonte: Adaptada de Gonçalves (2010).

As técnicas de armazenagem são necessárias para que os produtos sejam


preservados. Essas técnicas se referem à estrutura do armazém, à forma de
gerenciar os estoques e aos sistemas utilizados. As técnicas mais comuns
utilizadas na armazenagem são as descritas abaixo.

 Layout: corresponde ao arranjo físico do armazém, ou seja, à organiza-


ção de móveis, equipamentos, pessoas e mercadorias. Essa organização
deve ser pensada de forma que facilite o fluxo de mercadorias, pessoas
e informações. Também se deve prezar pela segurança no planejamento
do layout. Assim, os corredores precisam ter tamanho suficiente para
a passagem de empilhadeiras, que precisam se movimentar com segu-
rança, sem obstáculos, de acordo com Chopra e Meindl (2011).
 Planos metálicos: a maioria dos armazéns utiliza prateleiras metálicas,
que possuem capacidade de aguentar peso e são duráveis. As prateleiras
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metálicas são fáceis de higienizar e não têm o incomodo de cupins, o


que ocorre com a madeira. Além disso, elas podem ser movimentadas,
montadas e desmontadas com certa facilidade, o que confere maior
flexibilidade para o aproveitamento do espaço no armazém, conforme
Correa (2010).
 Paletização: consiste em colocar as mercadorias em paletes, para
facilitar o transporte e o armazenamento. Assim, o transporte com
empilhadeiras e paleteiras se torna mais seguro e dispensa o manuseio
dos colaboradores, conforme aponta Correa (2010).
 Sistemas de endereçamento: o armazém pode ter endereços com ruas,
corredores, prateleiras e o que mais for necessário para identificar o
local onde os produtos estão estocados. Os sistemas de endereçamento
permitem maior agilidade para os colaboradores colocarem os produtos
no lugar certo e conseguirem encontrá-los para expedição, segundo
Correa (2010).
 Tecnologia da informação: geralmente, os armazéns utilizam software
para acompanhar a gestão de estoques, localização das mercadorias, ín-
dice de devoluções, dentre outras atribuições. O sistema mais conhecido
é o WMS (warehouse management system, ou sistema de gerenciamento
de armazém), que controla todo o fluxo de mercadorias dentro do
armazém, desde a recepção até a expedição, conforme Ballou (2006).
 Adoção do sistema PEPS: o uso do sistema PEPS (Primeiro que Entra,
Primeiro que Sai) significa que os produtos que entrarem primeiro no
armazém devem ser os primeiros a sair. Dessa forma, os produtos mais
antigos saem primeiro, evitando que a validade vença ou que fiquem
obsoletos. O método PEPS evita custos e indica quais produtos devem
ser expedidos primeiro, seguindo a ordem cronológica de entrada no
armazém, segundo Bowersox et al. (2014).
 Produtos especiais: alguns produtos necessitam de atenção especial
para armazenagem. Alguns exemplos são: produto químicos, que muitas
vezes precisam ficar isolados, e produtos refrigerados, que precisam de
temperatura controlada, conforme aponta Correa (2010).

Essas técnicas podem ser aplicadas em qualquer empresa que se empenhe


em cuidar dos produtos armazenados. Logicamente, a empresa pode selecionar
as técnicas que são mais importantes para o seu negócio, bem como aplicar
outras que julgue pertinentes.
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A localização dos produtos é parte fundamental do armazenamento, tanto para


conservá-los como para facilitar a expedição. Nesse sentido, os sistemas de informa-
ção agilizam os processos de armazenagem, pois facilitam a busca dos produtos no
armazém. Os programas de armazenagem indicam a localização dos produtos; assim,
não é necessário perder tempo procurando o produto, o que agiliza a operação. Dessa
forma, a mercadoria, ao ser localizada, já pode ser encaminhada para expedição.

Importância da logística de armazenagem


Considerando que a armazenagem acompanha todo fluxo de produtos na cadeia
de suprimentos, é relevante entender que os materiais sofrem modificações
desde a matéria-prima até o produto acabado. Essas modificações exigem
cuidados diferenciados com armazenagem, conforme Chopra e Meindl (2011).
Material e produto são termos diferentes, afinal, os materiais constituem
o produto. Assim, utiliza-se o termo produto para se referir ao produto que
está acabado, ou seja, pronto para ser consumido ou utilizado. Correa (2010)
destaca os tipos de estoques de materiais e produtos armazenados, conforme
apresentado a seguir e representado na Figura 5.

 Matéria-prima: o armazenamento de matéria-prima e componentes


é importante, pois estes vão constituir o produto. Equívocos no arma-
zenamento da matéria-prima podem afetar a qualidade do produto e
gerar retrabalho.
 Material em processo: é a matéria-prima que está sendo processada
industrialmente para compor o produto. Alguns materiais em processo
têm a armazenagem como parte importante —— por exemplo, o res-
friamento de peças que estavam em altas temperaturas na produção.
 Material acabado: trata-se das partes que estão acabadas e prontas para
serem acopladas ao produto. Existem empresas que têm como atividade
montar os produtos (montadoras). Nessas empresas, o material acabado
tem grande relevância, pois se trata do principal instrumento de trabalho.
 Produto semiacabado: corresponde ao momento de montagem do
produto, quando ele está em estágio de finalização. Por exemplo, é o
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produto em que falta somente a acoplagem de componentes para ser


considerado pronto.
 Produto acabado: é o produto pronto para a venda, inclusive com
embalagem; ou seja, é o produto pronto para ser consumido ou utilizado.

Figura 5. Tipos de estoques.


Fonte: Adaptada de Novaes (2007).

Um automóvel possui vários componentes que o constituem. Esses componentes


são as matérias-primas, que são industrializadas, tornando-se material em processo e,
depois, material acabado. Assim, pode-se dizer que as peças e partes do carro que vão
para as montadoras são materiais acabados. O carro, enquanto não está com todas as
partes e peças, é um produto semiacabado. Quando finalmente o carro está pronto,
temos o produto concluído para ser guiado pelos motoristas habilitados.

As características da mercadoria contribuem para que sejam construídos


e escolhidos os armazéns mais adequados para o seu acondicionamento. Por
isso, segundo Chopra e Meindl (2011), os gestores precisam planejar e definir
a capacidade da instalação de armazenagem necessária para que os produtos
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sejam conservados adequadamente. O armazém precisa ter a capacidade de


receber as mercadorias conforme as suas características e necessidades de
conservação.
Assim, como existem diferentes materiais e produtos, também existem vá-
rios tipos de armazéns. Ballou (2006, p. 381) destaca alguns tipos de armazém:

 Commodities: nos armazéns de commodities, existem estoques e ma-


nuseio voltados para esses produtos. O termo commodities significa
mercadorias em inglês e se refere, em geral, às mercadorias produzidas
em grande quantidade, que são padronizadas e cujo preço é guiado pela
lei da oferta e da procura. Assim, quanto mais procura pelas commo-
dities, maiores serão os preços. Alguns exemplos são: petróleo, café,
soja, ouro, algodão, etc.
 Volumes de granéis: são destinados para armazenagem de granéis
líquidos ou sólidos, que podem ser fracionados em embalagens menores.
Por exemplo, os produtos químicos em tonéis e as tintas, que podem
ser colocados em embalagens menores para o consumidor.
 Temperatura controlada: são destinados a produtos que devem ficar
refrigerados, como frutas e alimentos em geral. Alguns medicamentos
também possuem essa exigência. Nesse caso, o armazém tem sensores,
podendo-se regular a temperatura ideal para conservação dos produtos.
 Produtos residenciais: são armazéns especializados em itens domésti-
cos, muito comuns para a indústria de móveis. Empresas de mudanças
residenciais são os principais clientes desses armazéns.
 Gerais de mercadorias: é o armazém mais comum de produtos que
não precisam de manuseio nem espaços especiais para serem conser-
vados. Em geral, são mercadorias industrializadas, sem exigências de
conservação.
 Miniarmazéns: geralmente são bem localizados, para proporcionar
entrega rápida de produtos aos clientes. Esses armazéns são pequenos,
tendo de 60 a 600 metros quadrados para estocagem de mercadorias
que, em geral, não exigem cuidados diferenciados.

Dessa forma, observam-se diferentes tipos de armazéns projetados para


que as mercadorias sejam conservadas em perfeitas condições. Os produtos
precisam estar armazenados nas instalações apropriadas, de acordo com
suas características, para que não sejam danificados e evitem custos. Nesse
sentido, segundo Bowersox et al. (2014), a armazenagem tem papel estratégico
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na logística, pois agrega benefícios econômicos à empresa, mesmo que se


mantenham poucas quantidades estocadas.

O layout do armazém deve ser projetado para otimizar o tempo dos colaboradores,
reduzindo a movimentação da carga e sua exposição. Por exemplo, o armazém de
temperatura controlada que estoca alimentos precisa ter uma organização que facilite
a movimentação e a inspeção das mercadorias. Por isso, esses armazéns geralmente
possuem área de descarga, onde ocorre a separação, a classificação e a inspeção dos
alimentos, que, depois, são movimentados até a área de estoques semipermanente
e já são direcionados para a área de separação, para serem expedidos, conforme
mostra a Figura 6.

Ponto de entrada

Descarga, separação, classificação e inspeção Armazém

Movimentar para estocagem


Conferir o pedido e classificá-lo

Área de estocagem
semipermanente

Ponto de saída
Movimentar para área de separação
Área de separação
de pedidos
Movimentar para a doca

Figura 6. Atividades de armazenagem de alimentos.


Fonte: Adaptada de Ballou (2006).
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BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5. ed. Porto


Alegre: Bookman, 2006.
BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. 2. ed. São Paulo:
Editora Saraiva, 2009.
BOWERSOX, D. J. et al. Gestão logística da cadeia de suprimentos. 4. ed. Porto Alegre.
AMGH, 2014.
CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento
e operação. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
CORREA, H. L. Gestão de redes de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2010.
GONÇALVES, P. S. Administração de materiais. Rio de Janeiro: Campus, 2010.
NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: El-
sevier, 2007.

Leitura recomendada
PIMENTEL, M. A. Armazenamento do milho em armazéns. Sete Lagoas: Embrapa Milho
e Sorgo, 2011. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo canal Embrapa Milho Sorgo. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=xi3ISWyT4XM. Acesso em: 8 ago. 2019.

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