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AUTOINSTRUTIVOS
PARA A EAD
2ª Edição
Indaial - 2019
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
J95p
ISBN 978-85-7141-418-1
ISBN Digital 978-85-7141-419-8
1. Educação a distância. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo
Da Vinci.
CDD 370
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
Escrita, Linguagem e Formatos na Produção
de Conteúdo Autoinstrutivo........................................................ 7
CAPÍTULO 2
EAD e Métodos de Autoaprendizagem....................................... 61
CAPÍTULO 3
Aprender à Distância: Focando na Experiência
do Aluno na Modalidade EAD................................................... 117
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Produção de Materiais
Autoinstrutivos para a EAD! A cada ano, o número de alunos de cursos na
modalidade a distância cresce no Brasil: de pouco mais de 500 mil em 2009 para
cerca de 7,73 milhões, segundo o Censo EAD de 2017 publicado pela Associação
Brasileira de Educação a Distância (ABED) em 2018. De acordo com os esforços
contínuos de iniciativas públicas e privadas, essa expansão não terá hora para
acabar, pois além dos cursos de graduação e especialização já consolidados
no país, modificações nas leis, em 2018, buscam encontrar meios para que
os benefícios proporcionados pela Educação a Distância (EAD) possam ser
aproveitados no ensino médio e nos programas de mestrados e doutorados.
Mesmo assim, ainda existe muito espaço para melhorar os cursos a distância
e uma dessas oportunidades é o desenvolvimento de Materiais Didáticos
Autoinstrutivos de qualidade e que aproveitam de forma plena as capacidades
que as tecnologias digitais proporcionam, permitindo uma conexão mais interativa
e significativa do aluno com os recursos educacionais preparados para auxiliar a
formação discente.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Há alguns anos, o Brasil tem visto um grande crescimento na educação a
distância. A modalidade a distância tem conquistado uma fatia cada vez maior do
mercado de ensino, principalmente o de nível superior, superando os obstáculos
e preconceitos que existiam em relação a sua qualidade e até mesmo a sua
validade.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Esta introdução é apenas uma forma mais direta e leve de pedir que você faça
um exercício e, caso ainda não conheça as necessidades, as particularidades da
EAD e acredita que a criação do material para a modalidade a distância é apenas
o desenvolvimento de “livros com vídeo”, deixe tudo isso para trás e mergulhe de
cabeça no conteúdo do livro didático.
2 RECONHECER O PERFIL,
AS DIFICULDADES E AS
PARTICULARIDADES DO ALUNO NO
EAD
Antes de começarmos os estudos sobre como escrever o conteúdo
autoinstrutivo, propomos que você faça um pré-teste (Atividade de estudo).
Não vale nota, mas possui algumas perguntas que vão auxiliar a introdução ao
assunto. Portanto, preste atenção, responda com cuidado e depois verifique as
respostas comentadas.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
seja, o futuro aluno. Além disso, é importante que os próprios alunos se conheçam
e saibam mais sobre as suas limitações e as suas reais fluências sobre o assunto.
A partir do momento que você começou a usar a camiseta roxa, percebeu que
mais pessoas usavam camisetas, camisas e casacos com a mesma cor. Então
você pensa: “Ué! Será que todo mundo ganhou uma roupa roxa no Natal?”. E a
resposta é: não! Você é que ficou mais atento para a existência de roupas roxas
ao seu redor. Portanto, é bem provável que se lembre das roupas roxas que viu
durante o dia do que as roupas de outras cores.
Claro que é um exemplo bem simples, mas exemplifica que a percepção sobre
algo aumenta quando damos a devida atenção, já que segundo Medina (2014, p.
75), foi melhor “elaborada e codificada” pelo nosso cérebro: ou seja, “Quanto mais
atenção o cérebro dá a determinado estímulo, mais elaboradamente a informação
será codificada – e preservada”.
Você pode questionar: por que o conteúdo não foi apresentado através de um
texto introdutório que é o mais comum? Por que as perguntas? Porque queríamos
estabelecer um diálogo sobre os assuntos. E essa é uma das técnicas que tomamos
emprestada das salas de aula presenciais e que você, como estudante, já deve ter
experimentado, pois é bastante comum que um professor, ao apresentar um novo
assunto, o faça por meio de algumas perguntas. Ou você nunca teve um professor
que apresentou o conteúdo perguntando: “Alguém aqui sabe o que é uma equação
de segundo grau?” ou “Vocês fazem ideia por qual motivo aprendem a fórmula de
báskara?”.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
Você também gosta de fazer isso? Você tem amigos, familiares, colegas de
trabalho e outros contatos que provavelmente permitem que, em algum momento
do seu dia ou semana, você conte algo que aconteceu na rua, no trabalho ou em
qualquer outra situação do seu cotidiano e nesse momento existe outra pessoa
ouvindo. Em algum momento esses papéis se inverterão. A comunicação tem
vários componentes, dentre os quais a contação de histórias, que permite ampliar
o olhar de quem viveu o fato e de quem escuta, certo? É importante que durante
a construção do material autoinstrutivo sejam inseridos momentos em que os
alunos possam falar as suas experiências, pois serão os seus “momentos de ouvir”
enquanto educador e que não precisam acontecer apenas nos testes avaliativos.
A história que vou contar agora é sobre falhar e depois triunfar. Sobre pensar
que se pode voar alto demais e tal qual Ícaro cometer o erro de chegar perto demais
do sol. Nessa história, a nossa heroína enfrentará um problema causado pela sua
soberba. Você consegue imaginar qual foi o erro?
Então, durante os dois dias que ainda tínhamos antes da prova, achamos que
não precisávamos estudar mais. Afinal, já sabíamos tudo. Que diferença faria? Por
isso, quando a melhor amiga da época da escola nos chamou para aproveitarmos
aquelas tardes com sol “por mais tempo”, aceitamos. Saíamos da escola direto
para a casa da amiga almoçar e aproveitar a piscina até tarde, naqueles primeiros
dias do horário de verão.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Na hora da prova “deu um branco”. Ela não sabia quais eram as respostas das
perguntas. Não de todas, mas da maioria. Era como se tudo estivesse errado: não
que não soubesse o conteúdo, só não conseguia que algo aparecesse no branco
total que tinha se transformado a sua memória.
Bom, ela “pensou que sabia”. E até sabia responder boa parte das perguntas
gerais, mas percebeu que quando a professora desenhou um teste que exigia
um conhecimento aprofundado, que demonstrasse uma real compreensão do
conteúdo, percebeu que não tinha um conhecimento tão grande como imaginava.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
Você notou que na história o teste teve uma dupla função? Serviu tanto para a
professora nos avaliar quanto como após a correção e o feedback (nota), uma fonte
de estudos e de autoconhecimento.
Mas não são. Pelo contrário, apesar de gerar alguma frustração após o
resultado inicial (ninguém gosta de errar), testar os alunos antes da apresentação
do conteúdo amplia as possibilidades de aprendizagem a longo prazo (BJORK,
1994; SCHIMIDT; BJORK, 1992). Contanto que as questões tenham sido pensadas
como ferramentas de estudo, provendo instruções que permitam aos alunos
saberem quais são as respostas corretas, como visto em Richland, Kao e Kornell
(2009, p. 254):
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Claro que o curso possui videoaulas, mas funciona de uma maneira diferente
da qual estamos acostumados. Ao invés de apresentar uma videoaula e depois
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
FONTE: A autora
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
FONTE: A autora
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Razões como essas enaltecem mais uma vez os pré-testes como uma forma
de evitar que o aluno “pule um pedaço”, pois ao invés de criar uma lista de tópicos
que pode ser facilmente ignorada (na verdade, iniciar um texto com uma lista
é um convite para que o leitor pule a primeira parte), você criará uma forma de
engajar o estudante logo no início do processo.
Pense o seguinte: qual das duas formas de iniciar uma conversa é mais
interessante: (I) com uma longa introdução, na qual o interlocutor começa falando
que “Agora eu irei apresentar para você o assunto X, o assunto Y e o assunto Z,
todos baseados nas teorias...”, e por aí vai; (II) ou com algumas perguntas do tipo
“Ei, você sabe por que os alunos costumam abandonar os cursos EAD?”.
Você viu até aqui que as pessoas aprendem mais quando já sabem o que
está por vir e, portanto, os pré-testes são um recurso educacional importante
para iniciar o seu material autoinstrutivo. Os testes de forma geral são recursos
de estudo e não servem apenas como instrumento avaliativo. Por isso é
importante que você inclua pequenos testes e questões ao longo do material
autoinstrucional, não apenas para que o aluno se autoavalie e tenha uma real
visão da compreensão que tem sobre o assunto apresentado, mas também como
uma forma de deixar o seu material mais parecido com uma conversa. Se fosse
presencialmente, você interromperia a exposição em alguns momentos para
perguntar aos alunos sobre o assunto que está sendo apresentado.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
O setor privado vem utilizando a EAD há muito tempo, seja de forma isolada
ou em conjunto com o setor público. Alguns exemplos são as instituições que
ofereciam cursos técnicos com o uso de apostilas (os cursos por correspondência),
além dos cursos que aconteciam via rádio (desde a primeira metade do século
XX) ou mesmo transmitidos via TV (o Telecurso 2000 talvez seja o mais famoso).
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
educação a distância, como forma não só de dar mais acesso ao ensino superior
(que era o foco dos movimentos iniciais) diminuindo custos e barateando as
mensalidades, mas também permitir um alcance mais amplo do que no ensino
presencial, tendo em vista que o Brasil é um país de proporções continentais.
No final de 2018, outro passo do MEC foi dado para a expansão da EAD, ao
permitir que a modalidade também faça parte do ensino médio. E para garantir
que as pessoas tenham cursos a distância de qualidade, o MEC traçou algumas
diretrizes, por exemplo, as descritas nos referenciais de qualidade publicadas a
primeira vez em 2003 e republicadas em versão ampliada em 2007. É um dos
materiais que apresenta diretrizes essenciais para que um curso e uma instituição
sejam reconhecidos, garantindo algo que era uma dúvida frequente no início da
expansão do ensino superior a distância: “o diploma EAD tem o mesmo ‘valor’
que o presencial?”. Sim, vale (caso o curso seja reconhecido pelo MEC – tanto na
EAD quanto no ensino presencial).
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
• a primeira é que a maioria dos alunos dos cursos a distância não dedica
o seu tempo exclusivamente aos estudos, pois também trabalha. São
pessoas que precisam dividir o seu tempo entre as tarefas profissionais,
as tarefas do cotidiano (cuidar da casa, dos filhos etc.) e os estudos;
• a segunda é um dos maiores problemas no EAD: a evasão.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
FONTE: <http://abed.org.br/censoead2016/Censo_EAD_2016_
portugues.pdf>. Acesso em: 20 set. 2019.
Portanto, o aluno pode identificar mais de uma resposta como sendo verdadeira
ou “quase” verdadeira.
Por qual motivo? Porque apesar dos vários fatores que afetaram essas questões,
existe um ponto em comum entre elas: a dificuldade de boa parte dos alunos em lidar
com a autonomia proporcionada pela EAD e que acaba sendo um dos riscos da
modalidade, pois se durante toda a sua experiência escolar presencial o aluno contou
com o professor como agente disciplinador, ao optar por estudar a distância, ele perde
essa referência externa e precisa buscar em si a fonte de toda a sua disciplina, como
cita Faria (2014, p. 65):
A autonomia na modalidade a distância é a característica
essencial para o bom desempenho do aluno e de todos que
participam do processo de ensino e aprendizagem na EAD.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
É possível que uma pessoa que passou mais de uma década estudando no
sistema tradicional de ensino no Brasil consiga fazer uma fácil transição para a EAD?
A resposta para isso é: em boa parte dos casos não.
FONTE: <http://abed.org.br/censoead2016/Censo_EAD_2016_
portugues.pdf>. Acesso em: 20 set. 2019
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
O censo expõe que os dois principais fatores para a evasão são as “questões
financeiras” e a “falta de tempo”. Mas, em seguida está a questão de “não se
adaptar à modalidade EAD”.
O que você pode fazer para ajudar o aluno? É a sua responsabilidade evitar
a evasão no processo de criação do material educacional?
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
O primeiro passo para isso é procurar visualizar quem serão os seus alunos.
E para isso vamos verificar como utilizar uma ferramenta que é muito comum para
os profissionais da comunicação e marketing e que poderão auxiliar bastante: a
criação de personas.
Em primeiro lugar, pense em algo simples que você queira ensinar. Pode
ser qualquer tópico de uma temática que você domine, algo curto que você
consiga ensinar em poucas aulas. Para ilustrar isso contaremos um exemplo
real de uma pessoa que criou um curso sobre como utilizar o WhatsApp. Essa
pessoa se mudou para um município longe da sua cidade natal. A sua mãe, que
não era muito fã de tecnologia, comprou um smartphone para conversar com a
filha pelo WhatsApp. Porém, ela não fazia ideia de como utilizar o aplicativo ou o
smartphone e só decidiu comprar o aparelho depois que a filha foi embora.
Então a filha decidiu criar uma persona. O primeiro passo foi listar as
características que os seus futuros alunos teriam em comum:
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
Não significa que você deve criar o curso pensando em apenas “um tipo
de pessoa”. O uso da persona ajudará a construir materiais que se comuniquem
com nosso futuro aluno, já que na descrição reuniremos as características
compartilhadas pelos alunos, permitindo que o conteúdo seja facilmente
identificado e compartilhado pela maioria dos estudantes.
Também foram elaboradas três perguntas para serem feitas antes de cada
aula como pré-testes e como estímulo para usar os recursos do teclado (lembre-
se de que são alunos sem familiaridade com tecnologia, logo precisam de mais
estímulos para utilizar os recursos de estudo).
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
as que faziam parte da realidade dos alunos. Afinal, é provável que você tenha
familiaridade com as ferramentas do WhatsApp (e também é provável que já
tenha ensinado alguém a usar algum recurso), logo, consegue imaginar com
facilidade como foi o processo. Esse exemplo é uma boa forma de você perceber
a importância de falarmos uma linguagem próxima de nossa persona.
Por que? Para praticar e criar uma persona com as perguntas listadas
a seguir. Aproveite para exercitar: crie o curso de verdade e até mesmo dê
aulas pelo WhatsApp. Convide seus familiares e amigos para participar. Peça
que avaliem o curso, o conteúdo e observe como elas estudam. Se você tiver
oportunidade poderá vivenciar a nossa discussão na prática. Claro que você não
tem nenhuma obrigação, pois não é uma atividade formal do curso. É apenas
uma dica para quem quiser inserir um pouco mais de prática no aprendizado.
Note que as duas últimas questões serão influenciadas pelo tipo de curso
que está sendo criado. Por exemplo, um curso de graduação ou pós-graduação
exigirá mais dos alunos que um curso livre, tanto pelo conteúdo quanto pelos
prazos. Logo, em determinadas oportunidades é interessante que sejam levadas
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
É importante lembrar que existem várias fontes para você consultar e buscar
as respostas. Se for um “público” familiar é bem possível que você responda às
questões com facilidade. Mas, em alguns casos, é importante pesquisar em livros,
sites, censos, artigos e em outras publicações para compreender melhor quem
serão os seus alunos e montar a persona.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
“Tenho uma aluna chamada Lúcia. Ela tem entre 55 e 65 anos. Vou ensiná-
la a utilizar o WhatsApp, principalmente para conversar com os seus familiares
de uma forma mais prática e barata. Mas a Lúcia tem uma dificuldade: não tem
nenhuma familiaridade com as tecnologias digitais. Não sabe usar o WhatsApp
e, diferente de muitas pessoas da sua idade, não tem o hábito nem de usar o
smartphone. Por isso, é preciso explicar tudo de forma bastante detalhada,
porque ela precisará de auxílio para executar as mais simples tarefas necessárias
para aprender a utilizar o WhatsApp (e alguns recursos do smartphone). Lúcia
gosta de assistir TV, principalmente ver novelas, noticiário, filmes e séries. Assim,
podemos utilizar algumas referências de programas de TVs que existem há mais
tempo, como telejornais ou novelas mais antigas. E como ela ainda não sabe
utilizar muito bem o smartphone, sempre que a aula for sobre ensinar a usar
uma funcionalidade nova, o ideal seria enviar um vídeo ou imagens da tela com
o recurso sendo usado (lembrar de sinalizar com setas e usar uma narração bem
pausada quando for feito o vídeo, para que ela veja o que está acontecendo com
mais facilidade). Lúcia nunca estudou a distância, por isso é importante começar
o curso explicando a dinâmica. E como estudará durante os intervalos das tarefas
de rotina, o ideal é fazer aulas curtas, focando em um aspecto de cada vez”.
Note que a persona não é apenas uma descrição fria dos dados, mas é
o resultado da união dos dados com a interpretação de quem está criando o
material. A persona servirá como guia para criar o curso do WhatsApp, segundo
o nosso exemplo. Com as informações definiremos a duração das aulas, os
formatos, a linguagem e os recursos. Também anteverá algumas dificuldades,
como por exemplo, a melhor maneira de proceder em um curso a distância com
uma pessoa que não está acostumada a aprender por meio dessa modalidade
educacional e, além disso, não tem familiaridade com a tecnologia empregada.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
É possível delimitar o que será utilizado nas aulas para que não sejam muito
difíceis, gerando desmotivação, frustração e evasão. As informações também
fornecem diretrizes para não deixar o curso fácil demais, pois se tratarmos o
nosso aluno como leigo e ele já tiver um breve conhecimento do assunto, ficará
desmotivado. Outra vantagem de criarmos nossa persona é que ao saber quais
são os hábitos de estudo, é possível criar aulas com uma duração que se encaixe
no tempo apropriado. Claro que é um caso mais comum em um curso livre. Em
graduações e pós-graduações, a flexibilidade não é tão grande apesar de termos
como contornar um pouco essa questão. Assim, os estudos não atrapalharão a
rotina do aluno, desmotivando e fazendo com que pare de estudar. Além disso, é
possível saber quais exemplos podem ser pertinentes ou não quando você quiser
trabalhar com materiais exteriores como notícias de jornais ou vídeos.
Antes de mais nada precisamos fazer uma pergunta: você acha que deveria
estar aprendendo sobre personas e autonomia em um conteúdo sobre criação de
materiais autoinstrutivos? É bastante comum as pessoas questionarem, já que
querem partir para a ação e começar a escrever, criar objetos interativos e tudo o
mais. Mas todos os aspectos apresentados até aqui são importantes e devemos
conhecer antes de começar a criar os materiais propriamente ditos. Reunir essas
informações e ter a compreensão do processo de aprendizado do público-alvo
referente ao material didático que estamos escrevendo são elementos essenciais
para o sucesso da aprendizagem. Porque embora as instituições proporcionem
recursos como fóruns ou tutores para auxiliar os alunos na jornada de um curso,
eles não terão você (professor responsável pela produção do conteúdo-base) à
disposição para tirar dúvidas ou se certificar de que realmente compreenderam
determinado assunto.
É óbvio que não temos certeza de que 100% dos alunos compreenderão
tudo, mesmo que alguns não tenham o conhecimento prévio necessário e que
outros possam ter algum tipo de dificuldade específica. É possível trabalhar para
minimizar os problemas de aprendizagem. Também há aqueles alunos que só
querem o certificado e não vão se esforçar muito para aprender, mas isso não
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
vem ao caso (foque nos alunos que querem aprender, não “nivele por baixo”).
E ainda há a situação de que por mais que o aluno tenha se esforçado para
deixar “perfeito”, percebemos que ainda é preciso melhorar. E tudo bem, somos
humanos, estamos longe da perfeição. Por isso é comum que os materiais sejam
criados por diversas pessoas e atualizados com alguma frequência.
O importante é que você leia a maioria das respostas para as perguntas que
fizemos até agora e tenha o conhecimento sobre os seus alunos e seus materiais,
para fazer o melhor trabalho possível, seja na criação do material didático
autoinstrutivo ou na oportunidade de aperfeiçoá-lo (pois é bastante comum as
instituições revisarem, e atualizarem os materiais e conteúdos após alguns anos
da sua elaboração). E se você não souber para quem está criando o material e
como atingirá os estudantes, tudo ficará mais difícil.
Agora que você aprendeu a conhecer melhor os seus alunos com a técnica
de criação de Persona, passaremos para a parte mais prática: abordaremos como
organizar o seu projeto e como escrever para diferentes formatos.
Na EAD isso muda. Você não é mais a única pessoa responsável pelo
processo. Mas sim, responsável por uma parte dele. E é preciso compreender
que esta é uma atividade em grupo, no qual os outros envolvidos dependem do
seu trabalho. É um trabalho desenvolvido por uma equipe multidisciplinar, ou seja,
múltiplos conhecimentos olham para o objetivo de aprendizagem do curso ou
disciplina, por exemplo, e trabalham de modo a desenvolver a melhor proposta
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
Mantendo essa construção de forma bem prática, imagine que irá criar um
curso sobre um assunto que você domina. Fique à vontade para pensar em
qualquer assunto. Em seguida, em uma folha ou arquivo de texto, liste quais são
os assuntos que serão abordados, em tópicos. Não é preciso descrever nada
ainda. Basta fazer uma lista ordenada. Depois de cada um dos tópicos listados,
descreva quais são as habilidades e competências a serem desenvolvidas pelos
alunos. Utilize verbos para descrever essas competências. Para constar, alguns
exemplos:
Ao criar essa lista você terá um documento que o ajudará a nortear a criação
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
do curso e, por sua vez, orientará a criação do material autoinstrutivo tanto para a
escrita e elaboração das atividades quanto para definir quais referências utilizar e
os autores aos quais deverá recorrer.
Depois você listará os recursos que poderá utilizar. Por exemplo: além do
texto você tem a possibilidade de utilizar vídeos e imagens. Também pode criar
objetos interativos, como jogos.
Por isso, é essencial dividir cada tarefa em tarefas menores. Por exemplo:
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
É importante que as suas tarefas sejam separadas por tipos. Para explicar
melhor compartilharemos um exemplo, assim você terá uma noção de como esse
conhecimento é aplicado “na vida real”. Por exemplo, começamos o projeto com
o conteúdo escrito e o professor responsável pela escrita abre o editor de textos
e inicia a criação do material, como se fosse um livro que servirá de base para o
restante do trabalho.
Talvez você possa perguntar: por que devo fazer essa divisão? Porque
mesmo que você, assim como algumas pessoas, considere que conseguirá
fazer várias tarefas ao mesmo tempo, a verdade é que isso é muito difícil e a
tendência é aumentar os erros, já que o nosso cérebro foca em uma coisa por
vez. E essa afirmação pode ser vista no livro Brain Rules, do autor John Medina,
em que o mesmo discorre que: “O cérebro é um processador sequencial, incapaz
de prestar atenção a duas coisas ao mesmo tempo. Negócios e escolas elogiam
a multitarefa, mas a pesquisa mostra claramente que ela reduz a produtividade e
aumenta os erros (MEDINA, 2014, p. 101, tradução da autora)”.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
No entanto, isso pode ser algo complicado para quem está começando a
criar materiais educacionais autoinstrutivos. Uma vez que é possível utilizar
diversos recursos educacionais considerando as multimídias que permitem que as
interatividades fiquem à disposição. E como desejamos incluir o melhor no nosso
material, é comum nos deixarmos levar pela ansiedade de inserir os mais diversos
recursos, pois sabemos que deixarão as aulas mais ricas e interessantes. Mas é
um impulso que devemos controlar para mantermos o foco, sempre lembrando da
persona do curso, da carga horária destinada.
Imagine que a nossa aula para o Capítulo 1 fosse em uma manhã das 8h
às 12h. Com certeza teríamos que reduzir e focar ainda mais nessa discussão.
Escrever material didático autoinstrutivo exige também essa disciplina. Por isso é
interessante colocar as imagens durante a elaboração do material e assim ter a
quantidade de páginas real.
Por que falar dela? Porque mesmo que você prefira – ou venha a conhecer
e adotar – outras formas de se organizar, a lista de tarefas é universal e de uma
forma ou de outra está presente na maioria das técnicas utilizadas para a gestão
de projetos. Isso acontece porque ela é bastante simples e não exige estudos
profundos, nem grandes mudanças nos nossos hábitos de trabalho. Para ilustrar
a utilização, retomaremos o exemplo da criação do curso sobre a utilização do
WhatsApp.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
dos títulos, ou seja, pode ser uma versão preliminar, com as palavras-chaves do
que será abordado naquela parte do texto).
FONTE: A autora
Observe que ao listar o título de cada seção (que é o título do “post it”) e os
subtítulos (cada uma das tarefas dentro de cada “post it” do Google Keep) fica
mais fácil visualizar o que já foi escrito e o que ainda precisa ser criado. E como já
expressado, o importante é fazer uma lista. A ferramenta não é o mais relevante,
pois você poderá usar o Google Keep ou optar pelo Trello (outra ferramenta
bastante utilizada), papel e caneta ou qualquer outra ferramenta para listar as
suas tarefas. O importante é que você encontre uma forma para se organizar.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
E, se você está se perguntando: “mas por que fazer várias listas? Por que
não posso me guiar por uma só?” Ora, porque é interessante que a organização
do fluxo do seu trabalho fique mais visível para você, então ter um planejamento
macro e ter listas diárias ou semanais pode ajudar e muito nesse desafio, até
porque nem sempre temos só a escrita do material, você poderá também dar
aula presencial, cuidar da casa, levar seu filho na escola, dependendo do dia até
mesmo passar no supermercado.
A lista de tarefas da Figura 4 é uma visão geral das tarefas que lhe ajudarão
a ter noção do volume de trabalho total do projeto, tendo uma noção do quanto se
fez e do quanto ainda precisa ser feito.
FONTE: A autora
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
Depois você pode criar listas de tarefas da maneira que preferir. Usamos,
como exemplo, listas feitas utilizando o Google Keep que é uma ferramenta de
anotações do Google (quem tem Gmail já tem, não precisa fazer novo cadastro).
Mas você pode fazer uso de papel e caneta ou até mesmo de outros aplicativos.
O importante é que você encontre uma maneira de inserir esse hábito na sua
rotina de trabalho.
É importante criar uma lista de tarefas com todas as etapas do projeto para
ter uma visão geral. Dessa maneira você poderá acompanhar a evolução da
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
criação do material.
Depois disso, pode-se criar listas de tarefas diárias, listando os seus afazeres
imediatos (não precisa criar todas as listas do dia). A recomendação é que, ao
terminar o trabalho de um dia, você elabore a lista de tarefas para o próximo.
Além disso, não se esqueça de colocar datas para o cumprimento das tarefas.
Ao inserir prazos e metas, você conseguirá visualizar com maior facilidade o
desenvolvimento do material nos prazos e poderá entregá-lo para que os seus
colegas de equipe executem as outras etapas das aulas para a EAD.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
E a segunda pergunta? Você acha que tem uma pegadinha ou não tem? A
resposta é: tem uma pegadinha sim. Retirando a última afirmativa, todas as outras
são falsas. Mas, você já sabia disso. Ou não? Cada formato de conteúdo exige
uma forma de escrita diferente. E é isso que vamos verificar a partir de agora.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Cada tipo de conteúdo tem a sua forma própria de ser escrito. Se estiver
escrevendo um livro você precisa atentar para as particularidades desse formato,
diferente do roteiro de um vídeo que é diferente do roteiro de um podcast. Vamos
estudar todas essas formas.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
permitem a interação dos participantes em tempo real, como uma sala de aula ou
uma videoconferência.
5.4 AS PRINCIPAIS
CARACTERÍSTICAS DE UM TEXTO
DIDÁTICO
É preciso iniciar com uma explicação bem direta: um texto didático não é um
texto acadêmico. Também não é um texto literário, mas pode pegar emprestadas
as características de ambos.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
• A escrita do conteúdo-base
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Por isso não devemos escrever que uma imagem fica “abaixo” ou “acima”
de um determinado parágrafo ou de um ponto do texto, porque você realmente
não tem como saber se na diagramação permanecerá na posição original. Ao
invés disso, enumere as figuras que utilizar designando como “Figura 1”, “Figura
2”, “Figura 3” e assim por diante. Dessa maneira, quando citar algumas delas no
texto, ao invés de tentar adivinhar a posição em que estarão, escreva: “Conforme
vemos na Figura 1” ou “Como é possível verificar na Figura 3” etc.
Listas podem ser elaboradas com o recurso de “bulletlist” que costuma ser
representado por um ícone de círculos com traços ao lado (veja na letra B, na
Figura 6). E a menos que seja especificado de outra forma pelos orientadores
da instituição de ensino, utilize apenas o negrito para dar ênfase às palavras.
O recurso de texto em itálico costuma ser utilizado para grifar palavras e termos
estrangeiros.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
FONTE: A autora
Não ignore o documento. Ele é importante para que você e toda a equipe
possam trabalhar em conjunto. Em alguns casos você também poderá participar
de uma capacitação.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
Viu como é simples? A estrutura foi mantida. O que devemos observar é que:
mesmo que o roteiro tenha sido gravado inteiramente por uma pessoa falando
em frente à câmera, é indicado prever em quais momentos serão necessários
uma inserção de imagens (vídeos ou fotos). Quando houver a necessidade de
inserção de uma imagem, o roteiro deve especificar o arquivo (linha 2 da coluna de
observações); quando não houver uma imagem ou vídeo em arquivo especificar
para a equipe de vídeo de qual referência esta deve ser retirada (linha 3 da coluna
de observações) e quando um slide de apresentação for utilizado especificar o
arquivo e o número do slide (linha 4 da coluna de observações).
Para quem não sabe, podcasts são arquivos em áudio. Podem ser narrações
solo, ou seja, de uma pessoa só lendo um texto; podem ser conversas entre
duas ou mais pessoas que debatem um tema ou assunto; pode ser uma história
dramatizada como se fosse uma radionovela – formato que também é conhecido
como Áudio Drama.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
No roteiro para podcast também temos três colunas, mas o modelo não é o
mesmo do roteiro para vídeo. Temos a coluna:
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
nas questões mais complexas. Afinal, não é possível saber o quão extenso é o
conhecimento dos ouvintes sobre o assunto.
Algumas vezes existe uma equipe que é responsável por desenvolver esse
tipo de material (principalmente os mais complexos). Contudo, é bastante comum
que quem escreve o conteúdo principal do material didático de uma disciplina
também possa incluir algumas sugestões de objetos interativos.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
FONTE: A autora
FONTE: A autora
Ao utilizar essa ferramenta para ilustrar a sua ideia de objeto interativo você
permitirá que a equipe responsável por essa etapa compreenda melhor o que
deseja e crie o material de acordo com a sua intenção.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
O segundo é que, dessa maneira, você evita que erros possam acontecer e
que imagens sejam trocadas.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
Logo, dentre outras tarefas você terá que descrever cada uma das imagens
que inserir no texto para que possa ser lida pelos programas de leitura de tela.
Dessa maneira, quanto mais imagens utilizadas, mais descrições terão que fazer.
Por isso, você também precisa ter uma compreensão sobre todo o processo
e sobre como se preparar. Esse foi o motivo pelo qual vimos como é essencial
planejar o seu trabalho, além de criar e organizar processos que permitam
57
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Por fim, tivemos uma visão de como a escrita dos principais formatos
utilizados difere uma da outra e vimos modelos de como fazer para que as suas
intenções e ideias sejam compreendidas em cada um desses formatos.
6 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Até aqui você teve a oportunidade de conhecer mais sobre a construção do
material didático autoinstrutivo para um curso a distância. Aprendemos mais sobre
as ferramentas de autoavaliação que podemos disponibilizar para que os alunos
possam identificar a sua real fluência sobre o assunto a ser apresentado (os pré-
testes); descobrimos sobre como a EAD surgiu e se consolidou no Brasil; sobre
os motivos principais da evasão; além de todos os recursos aqui apresentados
concluiu-se que é possível construir um conteúdo mais adaptado com a realidade
dos alunos e da instituição.
Outra etapa essencial que vimos foi a gestão de projetos. Uma técnica
simples que envolve a criação de listas e que permite a você ter mais controle
sobre o que deve ser feito e o que já foi entregue.
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Capítulo 1 ESCRITA,LINGUAGEMEFORMATOSNAPRODUÇÃODECONTEÚDOAUTOINSTRUTIVO
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
REFERÊNCIAS
ABED. Censo ABED 2016: relatório analítico da aprendizagem a distância no
Brasil. 2017. Disponível em: http://abed.org.br/censoead2016/Censo_EAD_2016_
portugues.pdf. Acesso em: 20 set. 2019.
FILATRO, Andrea. Como preparar conteúdos para EAD. São Paulo: Saraiva
Educação, 2018, Kindle Edition, Location 12183-2.
RICHLAND, Richard E.; KAO, Liche S.; KORNELL, Nate. The Pretesting
Effect: Do Unsuccessful Retrieval Attempts Enhance Learning? Journal of
Experimental Psychology: Applied, v. 15, n. 3, p. 243-257, 2009. Disponível em:
http://learninglab.uchicago.edu/Pre-Testing_files/RichlandKornellKao.pdf. Acesso
em: 20 fev. 2019.
60
C APÍTULO 2
EAD E MÉTODOS DE
AUTOAPRENDIZAGEM
62
Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
É importante iniciar a introdução dos próximos tópicos com uma afirmação de
Maia e Mattar (2007 , p. 13):
Mesmo com mais de 10 anos, essa afirmação continua sendo uma verdade, e
talvez com mais peso do que tinha anteriormente, afinal, as tecnologias mudaram,
permitindo que mais brasileiros obtivessem acesso à tecnologia digital e aos
espaços e recursos que ela proporciona.
63
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
64
Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
Essa perspectiva histórica será abordada sem adentrar nos aspectos políticos
dessas iniciativas. Não serão abordados aspectos ideológicos e tampouco
escrutinados os objetivos ocultos dos agentes administrativos responsáveis pela
elaboração e implementação das medidas. O foco da abordagem serão aspectos
técnicos para que haja um panorama de como a modalidade é tratada no Brasil.
Também serão abordados aspectos de qualidade exigidos pelo Ministério da
Educação.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Nos dias atuais, uma imagem bastante comum da EAD é a das instituições
de ensino superior que oferecem cursos de graduação e pós-graduação cujo
acesso se dá por meio da internet. Nesses cursos, os alunos podem acessar
as aulas, atividades e materiais complementares, vídeos e outros conteúdos
disponibilizados pela instituição de ensino através de dispositivos digitais
conectados à internet – sejam smartphones, desktops, notebooks ou até mesmo
smart TVs.
66
Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
espalhados pelo Brasil, muitos pontos com acesso limitado à internet. Para
resolver esse problema, o aluno pode solicitar que os materiais sejam entregues
de forma impressa ou através de CD-ROMs, por exemplo.
Contudo, ter apenas essa imagem da EAD pode ser um pouco limitante,
porque não é incomum que ela crie em nosso imaginário uma percepção baseada
apenas nos métodos mais facilmente reconhecidos e nos impeça de ter uma
visão mais ampla do assunto.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
Portanto, dado o fato de que a EAD existia desde o século XVIII, é possível
que as primeiras experiências na modalidade no Brasil tenham ficado sem
registro, fazendo com que a primeira iniciativa conhecida nos dias de hoje seja
o anúncio feito na seção de classificados do Jornal do Brasil, em 1904. Nele, era
ofertado um curso por correspondência de datilografia.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Assim foi até o ano de 1974, quando surgiu o Instituto Padre Réus e iniciou,
na TV Ceará, os primeiros cursos que dispunham de vídeo aulas. Segundo
Alves (2011), a iniciativa utilizava material televisivo, impresso e monitores, para
oferecer cursos das antigas 5ª a 8ª séries (atuais 6º ao 9º ano). Inicia-se aí o
desenvolvimento do formato que, décadas mais tarde, permitiria a existência de
uma das mais famosas iniciativas de EAD no Brasil: o Telecurso 2000.
2.2 A IMPORTÂNCIA DA
TRANSFORMAÇÃO DA EAD EM
POLÍTICA PÚBLICA
Relembrando o que foi abordado anteriormente: em nenhum momento este
material busca tratar a EAD de forma política. O resgate histórico feito aqui serve
para contextualizar a Educação a Distância no Brasil, suas raízes e origens. E,
para isso, precisamos entender por que é importante que essa temática venha a
se tornar uma política pública.
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
Para tal, a modalidade EAD foi oficializada como um recurso a ser utilizado
no Brasil, incluindo-a na Lei nº 9.394 de 1996, conhecida como Lei de Diretrizes
e Bases (LDB) da educação nacional, comprometendo-se em disseminar o seu
uso e regulamentando esse compromisso. Ou seja: a partir desse momento,
iniciativas na Educação a Distância contavam não apenas com o reconhecimento
do governo, mas com incentivos colocados à disposição de instituições públicas e
privadas, fazendo da EAD uma política pública voltada à educação.
“Era uma vez... um casal. Um casal daqueles que você conhece (talvez
seja até o seu caso), em que uma das pessoas possuía doutorado e buscava
oportunidades em universidades de vários locais do Brasil; enquanto a outra
pessoa trabalhava com Marketing e atendia aos seus clientes, no formato
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Acontece que após muito esforço, uma das partes do casal conseguiu uma
vaga em uma universidade localizada no interior do estado, onde não havia
especialização em Marketing Digital que a outra parte gostaria de cursar. Logo, a
opção foi buscar um curso de pós-graduação na modalidade a distância, em uma
boa universidade. Essa não apenas era uma opção com uma mensalidade mais
barata, mas também a que eliminava os gastos com transporte e hospedagem
que existiriam, caso a única opção fosse a de se matricular em uma universidade
situada em uma cidade maior (nesse caso, a mais próxima a oferecer a
especialização escolhida, ficava a 3 horas de viagem).
É o que dizem!”.
Claro, essa história não serve para contar o que aconteceu com um casal
ou com uma pessoa, mas para ilustrar como a expansão da EAD é importante
para milhões de brasileiros e brasileiras que não tinham acesso à educação
anteriormente.
Mas gostaríamos de lembrar a você que existe outro ponto muito importante
e que é necessário levar em conta quando se fala da expansão da EAD: a
extensão territorial do Brasil.
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
Por isso, outro grande marco na EAD brasileira aconteceu com a Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996. Segundo o Documento de Referenciais de
Qualidade para a Educação Superior a Distância (MEC, 2007, p. 5):
Mas você notou que, no final da citação é dito que, em 2005, o Decreto nº
5.622 revogou o que dizia a lei original e mais dois decretos elaborados em 1998?
Isso quer dizer foi tudo “jogado fora”? Na verdade é o contrário.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Esse novo decreto foi criado para deixar as regras mais claras, buscando
estabelecer parâmetros para o credenciamento de instituições, especificando
quais as áreas de atuação permitidas para a modalidade a distância, além de
tratar de outros temas pertinentes ao assunto, como podemos ver, também, no
documento que estabelece as diretrizes de qualidade para a EAD (MEC, 2007, p.
5):
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
que começou com uma iniciativa privada, anos mais tarde encontrou espaço no
governo municipal do Rio de Janeiro (que na época era a capital do Brasil), sendo
criados os primeiros cursos a distância promovidos pelo estado.
Essa situação permaneceu até 1996, quando a EAD se tornou uma política
pública para a educação, pois passou a ser reconhecida por lei como uma
ferramenta para o cumprimento dos objetivos do estado brasileiro.
Ao longo dos diversos governos, a EAD continuou sendo uma área que
recebeu atenção e incentivos e também foi tema de novas leis que buscavam
deixar as regulações cada vez mais claras, inclusive determinando, em 2007,
algo que foi previsto no artigo 7º, parágrafo único, do Decreto nº 5.622 de 2005:
“os atos do Poder Público, citados nos incisos I e II, deverão ser pautados pelos
Referenciais de Qualidade para a Educação a Distância, definidos pelo Ministério
da Educação, em colaboração com os sistemas de ensino”. E, com essa premissa,
foram criados os Referenciais De Qualidade Para Educação Superior a Distância,
que serão abordados a seguir.
3 REFERENCIAIS DE QUALIDADE DA
EAD NO BRASIL
No ano de 2007, o MEC disponibilizou o documento com os Referenciais de
Qualidade para a Educação a Distância que, como descrito em sua introdução,
não tem força de lei, mas é o “referencial norteador para subsidiar atos legais
do poder público no que se referem aos processos específicos de regulação,
supervisão e avaliação da modalidade citada” (MEC, 2007, p. 2).
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
Então, mesmo se esse assunto for observado por meio de uma perspectiva
puramente pragmática, evitando discutir os aspectos educacionais da autonomia,
focando apenas nos processos e práticas cotidianas do estudante da modalidade,
é possível perceber a necessidade da devida atenção a esse aspecto da EAD.
Dessa forma, podemos afirmar que, se por um lado a EAD exige mais
autonomia, autogestão, autoestudo, auto-organização, autonomização e
autodidatismo, por outro ela também carrega o risco de não alcançar seus
objetivos pela "falta" da presença física do professor, que dialoga, motiva,
esclarece, emancipa e traça relações éticas e políticas.
Por outro lado, ao estudar a distância, você é responsável pelos seus horários,
pelo local de seus estudos e pelo esforço que vai colocar no cumprimento das
suas tarefas e objetivos. Uma instituição que disponibiliza cursos na modalidade a
distância, certamente tem professores e tutores a sua disposição para responder
aos questionamentos e auxiliar na compreensão do material. Mas, ao contrário do
que acontece em um curso presencial, eles não estarão ativamente cobrando o
seu empenho e dedicação ao cumprimento das tarefas.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Bem, seja qual for a situação, é muito comum que as pessoas encontrem
dificuldades para organizar o seu tempo de estudos. Pode-se notar uma prova
disso: no Censo da ABED 2016 (2017), discutido no Capítulo 1, a “falta de tempo”
foi um fator que contribuiu e contribui bastante para a evasão.
Você também tem o hábito de chegar na sala quinze minutos antes da aula
começar, para poder preencher o quadro com parte do conteúdo, deixar o projetor
e o computador prontos para exibir um vídeo na hora certa, configurar a sala para
que a turma fique em uma posição que permita aproveitar a exposição que você
fará do conteúdo, interagir e ainda participar das dinâmicas e atividades propostas
ao longo da aula.
De uma forma livre, pode-se traçar paralelos com as aulas da EAD: o texto
que está no quadro pode ser apresentado através de conteúdos em HTML, PDF
ou outros formatos que deem suporte ao conteúdo escrito; os vídeos podem
ser apresentados inseridos no conteúdo escrito ou em ferramentas externas;
as dinâmicas e atividades podem ser desenvolvidas das mais variadas formas
(desde a criação de objetos interativos complexos, como jogos e simuladores, até
a apresentação de questões na forma de quizzes).
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
Dito isso, imagine novamente a sala de aula. Você deixou tudo preparado
e sabe que os alunos vão gostar da aula, além de ter certeza de que poderão
aprender com muito mais qualidade e facilidade. O tempo passa e os alunos
começam a chegar. Faltam dois minutos para o sinal tocar e a aula, oficialmente,
começar.
Ao repassar tudo isso em sua cabeça, um sorriso surge em seu rosto e seu
peito se enche de alegria. Você sente orgulho e tem a certeza de que ensinar é,
realmente, algo que faz bem e que a aula que está prestes a começar será um
sucesso. Então uma voz vinda da porta da sala chama por você. É a reitora, que
está acompanhada de uma aluna nova que, segundo os registros trazidos, é uma
ótima estudante. E é cega.
Ela não conseguirá enxergar o que está no quadro. Nem ver o que
acontece no vídeo e nem identificar os acontecimentos retratados nas imagens
selecionadas para a dinâmica. A realidade agora bate a sua porta e você percebe
que todo aquele planejamento e trabalho para criar a aula, não foi tão bom assim.
Isso lhe deixa triste, pois você quer que todos os alunos possam aproveitar
ao máximo as possibilidades que as suas aulas proporcionam. Por isso, você
sabe que precisa aprender como resolver esse tipo de problema.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
Note que a palavra Experience começa com “E” e não com “X”. Mas é comum,
nos Estados Unidos, utilizar a letra “X”, no lugar de “EX”, uma vez que esse é o
som que a letra tem para os falantes da língua inglesa. Portanto, quando você
ouvir alguém falando em UX (tanto na pronúncia abrasileirada “UXis”, quanto no
idioma original, que fica algo como “iuéks”, a pessoa está falando na experiência
que o usuário tem ao utilizar algo).
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
como se diz no jargão popular, “não existe receita de bolo”. O próprio documento
do MEC fala em várias formas de se fazer a EAD.
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
deve, também, levar em conta o contexto dos alunos a quem o curso se destina,
proporcionando acesso a todos que compõem o seu público-alvo. O que quer
dizer que existe uma obrigatoriedade de se levar em conta as condições de
acesso à internet, por exemplo. Se o público-alvo for composto por pessoas que,
seja por falta de condições financeiras ou por falta de oferta local, não tenham
acesso à internet de alta velocidade ou possuam limitações de franquia de uso,
isso deve ser levado em conta.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
4 ADEQUAÇÃO DO MATERIAL ÀS
EXIGÊNCIAS DO MEC
Gostaríamos de lhe propor algo. Depois de ter passado pelo pré-teste inicial,
ter conhecido diversos eventos que marcam a história da EAD no Brasil e ter
descoberto como ela foi moldada a partir do momento em que se tornou uma
política pública, você adquiriu diversos conhecimentos sobre o assunto que
lhe permitem aceitar um pequeno desafio. É como um pré-teste, mas com um
formato diferente. Ao invés de perguntas com múltiplas escolhas, vamos contar
uma história para que você analise o que aconteceu e aponte quais os erros e
quais os acertos.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
E nos casos dos objetos interativos, todas as descrições que você sugeriu
estavam feitas com grey boxes. Algumas vezes, havia mais de uma sugestão
para o funcionamento dos objetos.
Tudo parece estar certo. Será que o material voltou por alguma falha ou
problema da equipe multidisciplinar?
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
que foi comentada a organização do trabalho e do projeto; faça uma tarefa por
vez. Por isso, se levar em conta essa premissa, poderá notar que faltaram alguns
passos:
São mais etapas, que deixaria o seu checklist, ou seja, a listagem de passos
que você precisa conferir se estão prontos antes de entregar, bem mais longa.
Nesse caso, a listagem correta seria a seguinte:
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Quando uma instituição de ensino contrata você para fazer o conteúdo, qual é
o acordo entre as partes? Aquela lista de 11 passos, recém-sugerida, não será de
sua obrigação em todos os casos, isso porque as instituições possuem processos
de construção de materiais didáticos únicos. Em algumas oportunidades, a
mesma pessoa é responsável por diversas etapas e formatos: escrever o livro-
base, os roteiros, objetos interativos, além das descrições de imagens, vídeos e
transcrições, por exemplo. Em outros casos, é responsável apenas por alguns
desses aspectos.
Ser responsável por apenas alguns aspectos não é algo incomum. Uma vez
que, em boa parte dos casos, as instituições possuem uma equipe multidisciplinar
composta por pessoas das mais variadas origens e formações, que costumam
ser especialistas em um ou dois aspectos disso tudo. Algumas pessoas são
responsáveis, por exemplo, por pegar o conteúdo do livro-base e definir
quais pontos serão adaptados em vídeo. Então, essa pessoa – que não foi a
responsável pela criação do material-base – utiliza o conteúdo desenvolvido para
fazer um roteiro de vídeo.
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Então, para aprofundar um pouco esse assunto, é sugerido que você pegue
a pipoca, aproveite e preste bem atenção na história que vem a seguir. Na
verdade, não pegue nenhuma pipoca, pois vai sujar o seu material e as suas
ferramentas de estudo. Apenas preste atenção e tente identificar as disparidades
entre habilidades e competências.
Então. Você viu esse episódio? Lembra-se dele? Caso você tenha visto, o
que sempre pensou? O Chaves estava mentindo quando disse que “sabia essa
com maçãs”, ou ele realmente sabia? Nesse caso, vamos supor que ele estava
falando a verdade, e realmente saberia responder caso fosse com maçãs.
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
Essa é a visão ampla de uma das competências que pode ser descrita como
“saber utilizar o Whatsapp de forma plena”. E o que eles precisam saber para
fazer isso?
Os alunos precisam:
Essa lista mostra quais são as necessidades do aluno, que não é uma
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
definição de habilidades e sim uma listagem para que você comece a pensar
nelas. A partir dos itens ordenados, é preciso pensar da seguinte maneira: Quando
o aluno aprender cada um dos itens listados, o que poderemos dizer que ele faz?
Apresentamos um exemplo, seguindo a ordem original:
Você notou que a lista original tratava sobre os conhecimentos que os alunos
precisam ter, enquanto a segunda lista traz o que os alunos conseguirão fazer
após aprenderem o que lhes será ensinado.
6 OS PRÓXIMOS PASSOS
O primeiro passo dessa caminhada rumo à elaboração de material
autoinstrucional que atenda às Diretrizes delimitadas pelo MEC já foi abordada.
Você pode aprender mais sobre as diferenças entre habilidades e competências,
permitindo que inicie a organização do seu projeto e que tenha melhores
condições para a criação de um material didático com qualidade.
Para ficar mais fácil, basta seguir um checklist para ajudar na construção do
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
7 COMO OS SOFTWARES DE
LEITURA DE TELA DEPENDEM DE
VOCÊ
Podemos compreender que, se tratando de conteúdo escrito, os deficientes
visuais e cegos têm à disposição diversos softwares que proporcionam a sua
inclusão. Claro, essa é uma das facilidades que temos com o advento das
tecnologias digitais não só para a educação, mas também para o uso cotidiano.
O que é preciso lembrar, nesses casos, é que os “leitores de tela” (como são
conhecidos os programas que transformam em fala o texto que aparece em tela)
também dependem de alguns pontos que são responsabilidades exclusivamente
humanas para cumprir sua função completamente.
Você, muito provavelmente, sabe o que é um arquivo PDF. Caso não saiba,
vale uma explicação: de forma geral, um PDF é um arquivo que busca ser uma
versão digital de um livro ou documento. Ele é um arquivo fechado, ou seja, não
é possível alterá-lo com tanta facilidade quanto se altera um arquivo de Word,
por exemplo. Ele, geralmente, é composto por texto e imagens – como um
livro – embora, nas versões mais recentes da tecnologia, possa conter objetos
multimídia como vídeos.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Outro ponto é que ele, dentre todos os formatos, talvez seja o de mais fácil
adaptação para acessibilidade. Essa facilidade, muitas vezes, é confundida com
falta de necessidade de esmero e trabalho em torno do assunto. Por isso, talvez
não seja incomum encontrar esse tipo de arquivo com algumas falhas básicas
neste mesmo quesito. Boa parte destas falhas dizem respeito à equipe de design,
pois elas estão diretamente relacionadas à diagramação do arquivo.
Mas existe uma outra questão que, em boa parte dos casos é problemática:
a descrição das imagens . Conforme já abordado anteriormente, o que será
de sua responsabilidade em seus trabalhos de criação de materiais didáticos
autoinstrutivos está relacionado ao seu contrato, ao seu acordo com a instituição
de ensino e a outros diversos fatores. Afinal, em algumas instituições, existem
profissionais inteiramente dedicados à questão da acessibilidade. Mas é
importante que você aprenda sobre essas questões, porque em diversos
momentos da sua carreira, elas serão um assunto seu.
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
Como resolver isso? Bem, no que diz respeito à criação do material, existe
algo a ser feito: a descrição de imagens. Segundo Michelon (2013, p. 192), o uso
desse recurso é extremamente importante para garantir a inclusão das pessoas
que não têm como enxergar a imagem.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Mas então, como fazer? E qual a real diferença entre legenda e descrição, que
ainda não apareceu? Essas perguntas devem estar passando pela sua cabeça
agora. Então, preste atenção às respostas! Para isso, observe a Figura 2 e diga
em qual das suas versões há uma legenda e em qual há uma descrição. Mesmo
que a imagem não esteja disponível, seria possível, para você, compreender o
que se trata a imagem e imaginá-la.
Alternativa 1
FONTE: <https://www.pexels.com/photo/close-up-photo-of-dog-
biting-tree-branch-1661684/>. Acesso em: 15 de mar. 2019.
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
Alternativa 2
FONTE: <https://www.pexels.com/photo/close-up-photo-of-dog-
biting-tree-branch-1661684/>. Acesso em: 15 de mar. 2019.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
A resposta para essa questão é muito clara: A Figura 2(A) contém uma
legenda, pois é um texto que serve para complementar ou, até mesmo, dar
um título à imagem. Enquanto a segunda versão, a Figura 2(B), possui uma
descrição. E essa diferenciação não está relacionada à extensão do texto e sim à
função que ele cumpre.
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
“Ele está deitado sobre uma pequena quantidade de galhos e folhas secas
que está sobre a terra. De olhos fechados e orelhas baixas, ele usa as patas
dianteiras para abraçar um galho, colocando uma por cima e outra por baixo, ao
mesmo tempo que o morde, ficando com a boca semiaberta, dando a expressão
que está – de alguma forma – sorrindo. Parece feliz e preguiçoso, como se
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
Talvez você tenha uma dúvida após toda essa explicação: Como eu nunca
vi uma descrição de foto tão longa? E a resposta é simples: Ela não aparece no
texto. Quando ela existe, utilizando os recursos certos do seu leitor de PDF, você
até consegue ter acesso a ela (e não é nada muito complicado). O motivo de
você não a enxergar é que essa descrição fica “escondida” nas imagens, em um
recurso que se chama “alt tag”. É uma “etiqueta” de descrição alternativa utilizada
para os programas exibirem um texto quando ocorrer algum problema e a imagem
não puder ser exibida. Os leitores de tela leem o texto dessa tag.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
imagens são utilizadas para ilustrar a narração (então você imagina que, uma vez
que elas estão exibindo o que está sendo falado, não é necessário saber como
elas são), a percepção que temos das imagens muda.
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Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
FONTE: <https://miro.medium.com/max/660/1*8_wz_lsXIUoUaWDz_2wSkg.jpeg>.
Acesso em: 16 mar. 2019.
Por que é importante que você aprenda isso? Bem, porque é preciso
abandonar algumas percepções que são do senso comum. Talvez não seja o seu
caso, mas existem muitas pessoas que não veem a importância da audiodescrição
em vídeos, justamente pelos motivos que falamos anteriormente. Por isso, é
necessário desconstruir esse pensamento, e a melhor maneira de fazer isso é
demonstrando a importância da audiodescrição.
10 COMO FAZER A
AUDIODESCRIÇÃO DE VÍDEOS
É possível que, para dar este encaminhamento na prática, considerar a
audiodescrição como um segundo roteiro. O detalhe é que ele será feito depois do
vídeo pronto. E por que isso? Bem, porque mesmo que todas as imagens estejam
previstas no roteiro original, somente após a edição do vídeo será possível saber o
tempo de exibição de cada imagem (quantos segundos ou minutos ela permanece
em tela). Essa é uma informação muito importante, visto que a audiodescrição
será inserida, apenas, naqueles intervalos em que não há narração ou pessoas
falando.
105
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Assim, o roteiro servirá não apenas para definir quais são as falas do narrador
da audiodescrição, mas também como suporte para que a equipe de edição saiba
o exato momento de colocá-la, como é possível notar em Lima e Tavares. (2010
, p. 36):
106
Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
Ter o Timecode no vídeo é importante para que você possa marcar, no roteiro,
em qual exato minuto, segundo e frame, determinado trecho da audiodescrição
inicia e em qual momento deve terminar. Na Figura 4 é possível ver um exemplo
de Timecode.
107
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Ficou claro para você, caso for solicitado que prepare uma audiodescrição?
Caso não seja informado nenhum modelo para este trabalho, você pode seguir
este elaborado. Portanto, quando você precisar criar um roteiro de audiodescrição,
siga este modelo de três colunas. A primeira é o Timecode, a segunda é a Duração
e a terceira é a Narração.
108
Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
11 ACESSIBILIDADE PARA
PODCASTS
Aqui temos um caso muito mais direto. A acessibilidade para podcasts
consiste em fazer uma transcrição do áudio de um programa de podcasts. Claro,
existem algumas regras que você deve levar em conta. São elas:
Sugerimos que você sempre indique nas situações em que está tocando um
som (como palmas, por exemplo) e quando você escrever o nome de quem está
falando, faça o uso de texto em caixa-alta e em negrito, para que fique marcada
de forma fácil a transição entre pessoas.
109
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
110
Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
do vídeo pronto, com o Timecode. A partir desse ponto, você fará a legenda que
deve incluir, além das falas contidas no vídeo, uma descrição da música ou efeito
sonoro inserida.
E por que é importante separar esses dois trechos, tendo em vista que é
o mesmo entrevistado? Bem, porque existe uma recomendação no uso de
legendas – que vem do mundo audiovisual e que não se limita ao contexto da
Educação ou das questões de acessibilidade – mas que nos serve muito bem,
111
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
para que a legenda diferencie a fala de um narrador da fala de uma pessoa que
está no vídeo, mas que não aparece naquele momento. Em uma situação dessa,
a legenda deve estar em itálico.
Explicando melhor: a legenda deve, sempre, estar em fonte normal, seja para
descrever a música, efeitos, pessoas aparecendo no vídeo ou um narrador (se a
tecnologia permitir, você deve usar uma nota musical para indicar momentos de
música, por exemplo). No entanto, para diferenciar um narrador ou objeto de uma
pessoa que faz parte do vídeo, mas que ainda não está sendo mostrada naquele
exato momento (e não está atuando como narrador, pois irá aparecer em breve)
a legenda deve estar em itálico. Dessa maneira, é possível diferenciar aquela fala
como sendo ou do narrador ou de um entrevistado, por exemplo.
Por isso é sempre bom que, mesmo que a legenda deixe claro, você
especifique qual é a fonte do áudio do vídeo. Seja narrador, entrevistado
aparecendo, música, efeito sonoro etc. Assim, a qualidade do seu trabalho fica
mais garantida.
13 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A preocupação deste capítulo foi lhe mostrar que o cumprimento das
Diretrizes propostas pelo Referencial de Qualidade do Ensino Superior a
Distância não deve ser apenas uma busca por receber a aprovação do Ministério
da Educação. Mas, sobretudo, a garantia de que o material didático criado
seja realmente autoinstrutivo, permitindo que os alunos tenham a autonomia
necessária para aproveitar os seus estudos de forma plena.
112
Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
Não serão citados os aspectos que dizem respeito a outros agentes desse
processo, mas no que tange a sua responsabilidade, você conseguirá realizar um
trabalho que atenda às expectativas e necessidades dos seus alunos, provendo
qualidade e acessibilidade para quem estudar.
Com tudo isso, você será capaz de prover materiais que promovam o
aprendizado e a autonomia, além de contribuir para que os cursos de que participa
da produção, possam ser aprovados e reconhecidos pelo MEC.
Portanto, para finalizar, fica a recomendação: Caso você ainda não tenha
feito, pegue todo o conteúdo que criou para o seu curso e veja se ele está
adequado às questões de acessibilidade e autonomia das diretrizes para um
curso de qualidade quando o assunto é EAD. Caso ainda não esteja, faça a
adaptação conforme o estudado.
Dessa maneira, você terá o preparo necessário não só para criar, mas
também para adaptar o material já criado por você ou ainda por outras pessoas
que talvez no momento da escrita do conteúdo não tenham o domínio dos
elementos aqui citados.
113
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
REFERÊNCIAS
ALVES, Lucineia. Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no
mundo. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, v. 10, p.
83-92, 2011. Disponível em: http://seer.abed.net.br/index.php/RBAAD/article/
view/235/113. Acesso em: 5 mar. 2019.
MAIA, C.; MATTAR, J. ABC da EaD: educação a distância hoje. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2007
114
Capítulo 2 EAD E MÉTODOS DE AUTOAPRENDIZAGEM
115
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
116
C APÍTULO 3
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO
NA EXPERIÊNCIA DO ALUNO NA
MODALIDADE EAD
118
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Até o momento, desbravamos diversas áreas que auxiliam o educador a
compreender melhor alguns aspectos modernos do uso das tecnologias para
a educação. Vimos autores da educação, da neurociência e da psicologia que
trazem pensamentos diversos, mas que estão de acordo com as necessidades
educacionais do momento em que vivemos.
Mas, por que esses pontos estão sendo relembrados? O motivo é simples:
assim como diversos assuntos que abordamos, estes mostram algumas
particularidades da modalidade a distância e como ela se diferencia da modalidade
presencial. E agora nós usaremos o que aprendemos para compreender melhor
as diferenças na criação do conteúdo para cursos a distância; veremos quais são
as particularidades dos alunos e da modalidade a distância; mergulharemos mais
em como montar conteúdos para diversos estilos de aprendizado, bem como
enxergar como diferentes tecnologias podem auxiliar todo o processo.
Faremos isso revendo alguns tópicos que foram abordados, como o uso de
pré-testes, por exemplo. Ou adentrando em conteúdos novos, como a questão da
carga cognitiva e como ela pode ser manipulada em benefício do aluno. Quem
criou ao longo de toda essa disciplina o seu próprio curso (como foi sugerido), terá
uma boa base para a experimentação: bastará revisitar o que foi escrito e avaliar
como o conteúdo desenvolvido se encaixa nos modelos que serão apresentados
a partir de agora e então fazer as adaptações necessárias.
119
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
2 AS DIFERENÇAS ENTRE A
EXPERIÊNCIA PRESENCIAL E A
EXPERIÊNCIA EAD
Um dos primeiros passos para compreender melhor a experiência da EAD
é se despir de um pensamento que parece bastante comum: a educação a
distância não é um canal de distribuição de conteúdo educacional. E falamos isso
porque muitas vezes a EAD é tratada apenas como uma forma de “distribuição
massiva de aulas”, com os seus agentes buscando replicar aulas da modalidade
presencial para alunos que estão distantes dos professores e da instituição de
ensino.
Isso porque, principalmente nos dias de hoje, com todos os recursos digitais
à disposição de educadores e alunos, a EAD não é apenas uma oportunidade
de democratização do ensino (tanto pelo seu alcance, quanto pelo seu custo),
mas também uma chance para repensarmos como a educação pode ser. Como
afirmam Moran, Masetto e Behrens (2011, s.p.):
Isso não significa que toda instituição tradicional é ruim. Essa afirmação dos
autores serve para exemplificar que em diversos aspectos a educação tradicional
não acompanhou as mudanças do mundo contemporâneo.
Para exemplificar isso, usaremos um exemplo bem pessoal: a sua vida. Sim,
dessa vez não contaremos uma história, pois você é quem nos contará.
120
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
que tinha aprendido sobre determinado assunto e os seus pais, avós, tios ou
qualquer outro adulto disse: “Eu também aprendi dessa maneira”. E muitas vezes
não era apenas a forma que se repetia, mas os exemplos também.
Apenas essa questão faz com que os bons alunos e professores tenham a
sua disposição diversas novas formas de ensinar, aprender, debater, conhecer e
criar experimentações que podem elevar a qualidade da educação. Afinal, há o
acesso a um material muito mais vasto do que os livros didáticos, a biblioteca da
escola ou universidade ou ainda ao que está delimitado no plano de ensino.
Existem diversas maneiras. São tantas que não é possível sequer listarmos
no espaço que temos aqui. Mas podemos novamente citar Moran, Masetto e
Behrens (2011, s.p.) que afirmam:
121
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
A essa altura você deve estar se perguntando: “Certo, mas por que é tão
importante debater essas questões”? E a resposta é: porque precisamos deixar
clara a diferenciação entre as modalidades a distância e presencial desconstruindo
aquele pensamento comum que foi citado: a EAD não é uma forma de distribuição.
Ela é uma modalidade com características e necessidades próprias que, como
também foi dito, representa uma oportunidade para a renovação e inovação da
educação.
122
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
1 O pré-teste é:
123
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
E você sabe qual é uma das características mais visíveis que vemos na
educação presencial e que podemos “tomar” para a EAD? Antes de continuar
lendo tente responder.
124
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
Mas é claro que isso não significa que todo bom professor é como aqueles
famosos professores de cursinhos que têm uma resposta rápida na ponta da
língua, uma música para decorar as fórmulas e conceitos ou um jeito descolado
e cheio de jovialidade. Essa é uma e não a única maneira de estabelecer um
diálogo entre professor e aluno. E provavelmente essa forma de educar não é
fácil, talvez nem mesmo possível de replicar na EAD.
Para ajudá-lo ainda mais nesse desafio de estar perto, mesmo estando longe
no momento do estudo, apresentaremos outra maneira de estabelecer o diálogo
inicial, parafraseando o narrador de um dos quadros do antigo programa da TVE:
o Ra-Tim-Bum (não confundir com Castelo Ra-Tim-Bum): “Senta que lá vem
história”!
Essa história começa quando eu, na 5ª série (o que hoje equivale ao sexto
ano, mas como naquela época a nomenclatura ainda era 1º Grau, e não Ensino
Fundamental, vamos utilizar 5ª série e, dessa forma, situar essa história no seu
contexto temporal pré-internet e antes da facilidade do acesso ao conteúdo
multimídia e, até mesmo, à informação). Eu me sentia muito madura! Finalmente
podia usar caneta nas aulas (até a 4ª série, só podíamos utilizar lápis), e teria
um professor para cada matéria. Como diria aquela personagem de desenhos
infantis, a Peppa Pig: “Isso é tão adulto!”.
Foi a partir daí que tive uma das melhores professoras da minha vida. Na
época, achava as aulas dela chatíssimas, mas depois com o tempo, percebi o
real valor do que ela fazia. E como ela foi capaz de estabelecer um diálogo tão
profundo, sem precisar ser “a professora descolada”. Era a minha professora de
história e, na época, tudo o que eu queria era entender por que ela odiava a
gente.
125
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
126
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
a importância daquele fato, dizendo qual o motivo dele ser considerado importante
o suficiente para que, às vezes centenas de anos depois, nós ainda estivéssemos
debatendo-o.
E, quem quisesse, podia anotar essa explicação (mas tinha que ser rápido
para escrever enquanto ela falava, pois, fora o cronograma, não me lembro de ter
visto ela escrever uma linha sequer no quadro).
Na época eu achava isso chatíssimo. Mas, anos mais tarde, durante a minha
vida adulta, percebi que ela era uma ótima professora. Antes, eu pensava que
as aulas dela eram “fechadas” e “quadradas”. Muito protocolares e, até, um
pouco opressivas, já que não pareciam dar espaço aos alunos. Mas, na verdade,
ela nos deu espaço, muito mais do que a maioria dos professores. E fez isso
estabelecendo um diálogo: fazendo com que nós, os alunos, apresentássemos
a nossa visão da história, ouvindo com atenção, e complementando com a visão
que ela, como professora, tinha.
FONTE: A autora
127
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
128
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
que no momento é você) e é essa intenção que temos, essa preocupação com
o aprendizado do aluno, mesmo sem vê-lo ou mesmo conhecê-lo. Utilizar o DDS
é um caminho para auxiliar e motivar o aluno em formação na modalidade a
distância.
Significa que todos os alunos acreditam que o conteúdo das aulas foi
interessante, divertido e reconhecerão esse trabalho imediatamente? Nem
todos. Voltando ao exemplo do estudo de caso da aula de História, após 10
anos os alunos perceberam quão boa eram as aulas da professora? Se os
alunos notarem que lembram das histórias que explicavam um conceito e por
consequência lembram do conceito que a história ilustrava, mesmo que passados
15 anos, tomam consciência que aprenderam de verdade. Esse é o seu desafio.
Independentemente da modalidade, o importante é contribuir com o processo de
formação significativa de seu aluno.
Segundo Aretio (2001), quando o diálogo ocorre de forma síncrona pode ser
o diálogo didático real, contanto que ocorra face a face; em contrapartida quando
ele ocorre com o suporte de mídias como texto, áudio, vídeo de forma assíncrona,
ele é um diálogo simulado.
129
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
130
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
Esse é um dos motivos que faz com que o cuidado com a autonomia, com
a busca pela característica autoinstrutiva do material seja muito importante. O
aluno precisa ter suporte para estudar de forma eficiente sem a necessidade de
contar com o auxílio dos professores/tutores, agentes do processo, mas apenas
para favorecer o aprofundamento do conhecimento para aqueles estudantes
que se apropriaram do conhecimento contido no material didático e desejam ir
além do apresentado ou que apresentam dúvidas específicas quanto à aplicação
do conceito em um dado contexto, por exemplo. A grande diferença é que na
modalidade presencial os alunos têm a oportunidade de interagir diretamente
com os professores, aprofundando tópicos enquanto o conteúdo é exposto.
Além disso, o material didático para a EAD precisa levar em conta que no
Brasil não existe uma homogeneidade no acesso à tecnologia e às redes. Em
nosso país, as condições são diversas tanto na qualidade da conexão com a
internet quanto no dispositivo utilizado. Então é importante a instituição de ensino
prever materiais que também possam ser, por exemplo, baixados para acesso
remoto.
131
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Isso significa que é quatro vezes mais provável que um aluno acesse o
conteúdo das aulas de um curso na modalidade EAD através de um smartphone
do que por meio de um computador de mesa (e quase essa mesma proporção em
relação aos notebooks). No entanto, isso não é levado muito em consideração. O
acesso por meio do telefone celular é mais uma das particularidades da educação
a distância e alguns ainda não perceberam a sua relevância, pois imaginam que
a EAD é apenas uma forma de distribuição do conteúdo educacional e não uma
modalidade com características e necessidades próprias.
132
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
educação presencial é que na EAD não temos muito espaço para o improviso.
Em uma sala de aula tradicional, por exemplo, quando uma situação nova surge
os professores estão cientes e podem improvisar ou até mesmo desenvolver
soluções enquanto tudo se desenrola. Na EAD é seu dever (e da instituição) se
antecipar aos mais diversos casos. Por isso, o planejamento e as diretrizes de
qualidade são tão importantes.
3 AS CARACTERÍSTICAS E
EXPERIÊNCIAS DO ALUNO NA
TRANSIÇÃO DO PRESENCIAL PARA
A EAD
A partir desse momento, retomaremos um assunto sobre o qual falamos
no início da nossa jornada: as características e as experiências do aluno.
Anteriormente trouxemos algumas questões relacionadas à autonomia dos
alunos e sobre as dificuldades que eles têm de lidar com essa autonomia – uma
dificuldade que nem sempre é identificada por eles, mas que pode ser um grande
fator contribuinte para a evasão.
133
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Vimos também que um dos principais desafios nessa adaptação aos estudos
na modalidade a distância pode ser uma dificuldade em exercer o protagonismo
no processo de aprendizagem. Afinal, se existem benefícios alardeados pelas
campanhas de marketing das instituições EAD (e não sem razão, pois são
benefícios reais) como: organizar os horários de estudo e “estudar em qualquer
lugar”, porém esses mesmos benefícios podem se transformar em obstáculos.
Sim, temos aqui uma faca de dois gumes. Ou você vai dizer que ao fazer um
curso a distância nunca pensou: “estudarei em tal hora” e quando chegou a hora
disse “agora prefiro fazer outra coisa e estudarei amanhã”. Se você não fez isso,
algumas pessoas já fizeram.
Aqui temos uma notícia boa e uma ruim. A ruim é que não existe uma
fórmula mágica e uma grande parte do esforço (se não a maior parte) precisa
obrigatoriamente partir do aluno. A boa é que você pode ajudá-lo a respeito da
criação de uma rotina para os seus estudos.
134
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
135
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Ou seja, são grandes as chances de que boa parte de seus alunos, talvez a
maioria, tenha saído da escola há muito mais tempo do que os alunos do ensino
presencial. E o que isso significa? Em primeiro lugar que são pessoas que talvez
não estejam mais acostumadas a estudar. E isso mesmo em cursos presenciais
pode ser um obstáculo. Em segundo lugar, existem boas chances de que esses
estudantes tenham uma vida própria formada, que tenham constituído família,
possuam obrigações laborais e/ou qualquer outra responsabilidade de uma vida
adulta e independente. E essas obrigações tomam tempo e exigem esforço. Logo,
são concorrentes do conteúdo que você está criando.
136
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
137
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Por muitas vezes não nos damos conta de que as gírias e os jargões que
usamos no nosso cotidiano são geracionais ou regionais. O que significa isso?
Que existe uma boa chance de pessoas mais novas, mais velhas ou de outras
cidades/estados não compreender o que você quer dizer. Portanto, evite. E se
precisar inserir em uma história ou anedota, explique o seu significado.
Recomendamos que você insira tudo o que deseja que os alunos estudem
no corpo do conteúdo. Evite utilizar anexos ou materiais complementares como
parte do conteúdo principal. Se utilizá-los (o que é altamente recomendado),
faça como complemento, como forma de enriquecer o material. Pense nesse
material como uma forma de aprofundar os estudos.
138
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
Uma das formas que temos para compreender como funciona a motivação
é o sistema ARCS – acrônimo de Atenção, Relevância, Confiança e Satisfação
– definido por Filatro e Cairo (2015) como facilitador que contribui com o
engajamento de uma formação na modalidade a distância.
139
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Proporcionar escolhas,
oferecendo métodos
diferentes de trabalho
e organização.
140
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
Ajudar o aluno
a avaliar a sua
probabilidade
de sucesso pela
explicitação dos
critérios de avaliação.
Permitir ao aluno
avaliar o esforço
requerido para
aprender.
Como auxiliar o aluno
na construção de
Criar atividades
expectativas positivas
significativas e
de sucesso?
compatíveis que
representem
Como a experiência de
oportunidades de
aprendizagem apoiará
Expectativa de sucesso.
ou incrementará
sucesso decorrente
a segurança do
da habilidade e do Fornecer apoio e
CONFIANÇA aluno quanto a sua
empenho do aluno: feedback constante ao
competência?
tem influência direta aluno para seu êxito
na persistência. na aprendizagem.
Como será
evidenciado que o
Oportunizar pequenos
sucesso do aluno é
ganhos durante
consequência de seu
o processo de
próprio esforço e de
aprendizagem.
suas habilidades?
Estabelecer senso
de responsabilidade
e relação de
compromisso.
Propiciar ao aluno
controle sobre a
aprendizagem e a
avaliação para que
saiba que seu sucesso
resulte do seu esforço.
Criar oportunidades
Como proporcionar ao de prática e oferecer
aluno oportunidades exemplos para que
significativas o aluno perceba
para aplicar os a utilidade da
Recompensas e
conhecimentos e as aprendizagem.
reconhecimento
habilidades recém-
geram sentimentos
adquiridas? Promover o
positivos em relação
reconhecimento
à experiência de
Como gerar elementos do empenho e dos
SATISFAÇÃO aprendizagem e a
de reforço que resultados por meio de
possibilidade de
promovam o sucesso feedbacks.
aplicar o que foi
do aluno?
aprendido faz sentir
Estabelecer processo
que a dedicação aos
Como ajudar o aluno de avaliação coerente
estudos valeu a pena.
a desenvolver um com os conteúdos e
sentimento positivo critérios apresentados,
em relação as suas evitando a
realizações? padronização de
tarefas muito fáceis.
FONTE: Filatro e Cairo (2015, s.p.)
141
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Passaremos por cada item do Quadro 2 relembrando o que já vimos por aqui.
Começaremos pela atenção. Se você olhar o quadro, na coluna das estratégias
motivacionais verá algumas práticas recomendadas para capturar a atenção do
aluno. Leia e repense como foi o nosso diálogo até aqui. Você acredita que no
material que você está lendo empregamos algumas daquelas soluções? Veja a
seguir alguns exemplos para ficar mais claro:
Claro que esses foram apenas alguns exemplos e muitos outros permeiam o
material didático. Procuramos ofertar todos os aspectos anteriores. Mas podemos
garantir que você tem motivação suficiente para terminar este curso? Não. Na
verdade, não podemos garantir que você tenha satisfação para terminar esta
disciplina ou qualquer outra coisa que inicie. Como explicamos, isso não é uma
espécie de fórmula, é um guia. Portanto, serve para dar um norte e não para dar
garantias.
142
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
143
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
E como esse tipo de teoria pode ser aplicada? Com a difusão da tecnologia
digital e o barateamento do seu uso, ficou mais fácil criar conteúdo em diversos
formatos: em texto, em áudio, em vídeo ou mesmo através de simuladores
(algo que beneficiaria as “pessoas cinestésicas” ou seja, aquelas que preferem
aprender fazendo, construindo algo). Dessa maneira, é possível personalizar os
estudos, aproveitando o potencial de cada aluno.
144
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
Existe outra questão cujos resultados são bem mais confiáveis: pesquisas
do campo da neurociência demonstram que na verdade o nosso cérebro não
processa a informação de forma isolada, porque utiliza mais de um estímulo ao
mesmo tempo, seja de forma complementar ou paralela.
145
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Esses nove princípios servem como um guia para você modular o conteúdo
e atender às capacidades de processamento de informação dos alunos, algo que
está ligado à teoria da carga cognitiva. No entanto, antes de entrarmos neste
tópico, ilustraremos o uso desses princípios.
146
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
Então, em cada uma dessas aulas o início era o mesmo: antes de demonstrar
como fazer, apresentamos os tópicos que abordaríamos e o conteúdo que seria
visto (C) para só posteriormente apresentar o conteúdo prático, utilizando material
que misturava texto e imagens ilustrando uma funcionalidade e seu uso (D). Na
sequência, a preocupação foi com a qualidade técnica dos componentes no
formato audiovisual, tanto para passar a autoridade e confiança que traz uma
produção com aparência profissional quanto pela necessidade de pensar que
o curso será visto em diferentes dispositivos, com diferentes configurações e
qualidades de hardware o que nos forçou a ter cuidado dobrado com a forma
de falar para garantir que fosse compreendida com facilidade (E), tendo esse
cuidado em todos os vídeos em que mostrava gráficos em tela (F).
147
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
( ) Princípio da Proximidade
( ) Princípio da Sinalização
( ) Princípio da Personalização
( ) Princípio da Redundância
Além disso, permite que o destaque flua de maneira orgânica e traz uma
pausa para o fluxo de consumo do material, contribuindo para que você foque no
destaque ao invés de apenas passar os olhos em uma leitura rápida.
148
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
utilizados como referência, principalmente, para esse caso, Brain Rules escrito
por Jonh Medina):
Então, para evitar essa superlotação, você deve construir o seu material
pensando no balanceamento da carga cognitiva.
149
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
A carga cognitiva irrelevante diz respeito a tudo aquilo que o aluno acessa
durante os seus estudos, mas não é relevante para o aprendizado. Essa carga
irrelevante vai de tópicos, conteúdos ou trechos redundantes ou desnecessários
até as questões da identidade visual do material didático.
150
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
X = 5, então:
2X = 10
Logo, como temos um total de 50 aulas, o aluno B fará 10 aulas por dia: 5x10
= 50.
Como atentar para a questão: “de que modo definir a duração das aulas”?
Antes de iniciar a escrita de um material didático, responda: Qual o tempo da
disciplina, da aula, do curso? E depois estude o conteúdo previsto considerando
a duração prevista. Considere que o tempo deverá incluir leitura, assistir ao vídeo
(quando indicado), realização de atividades, entre outros. Tudo o que for proposto
deve ser considerado no tempo total desse aluno. Então a principal forma de
definir o tempo que o aluno precisa se dedicar para o material é conhecer bem o
que estamos propondo e experimentando-o.
E o processo é esse: estude pelo seu material, para ter essa informação.
Claro, existem diversos elementos que facilitam essa estimativa. Se a aula for
em vídeo, bem... Você sabe a duração do vídeo, logo você saberá que um vídeo
de cinco minutos levará cinco minutos para ser assistido. Mas, isso não é tudo.
Existe algo que você pode fazer depois que medir a duração. Ao invés de utilizar
números absolutos, faça uso de faixas de tempo. Para compreender melhor
utilizaremos como exemplo um vídeo de cinco minutos.
151
Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
Há outras exigências que podem vir das instituições de ensino e que são
baseadas nas metodologias utilizadas por elas para fazer esse cálculo.
Você notou que ao longo de todo o conteúdo, por diversas vezes, introduzimos
um assunto através de uma história? E sabe por que isso? Bem, isso aconteceu
porque segundo Medina (2014, p. 83), o nosso cérebro tende a lembrar mais dos
componentes emocionais do que de qualquer outro aspecto:
152
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
• Princípio da Coerência.
• Princípio da Segmentação.
• Princípio da Pré-treinamento.
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APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
• Princípio da Modalidade.
• Princípio da Voz.
• Princípio da Proximidade.
• Princípio da Sinalização.
• Princípio da Personalização.
• Princípio da Redundância.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Agora que você aprendeu sobre as diversas etapas que envolvem a criação
de materiais didáticos autoinstrutivos é provável que consiga perceber que
essa é uma tarefa mais complexa do que a maioria das pessoas imagina. Não
apenas porque existem diversos fatores a serem considerados do ponto de vista
educacional, mas também porque estão envolvidas outras perspectivas.
Por isso é importante que você utilize os conhecimentos vistos nesta disciplina
para que, ao desenvolver o conteúdo dos materiais didáticos autoinstrutivos, não
pense apenas em quais são as suas necessidades para o cumprimento das suas
tarefas, mas que também pense nos alunos e nas suas características; a EAD
e as suas particularidades; os outros profissionais envolvidos no processo e as
suas necessidades; além do MEC e as suas exigências que recaem sobre as
instituições para as quais você irá criar o conteúdo.
156
APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
REFERÊNCIAS
ABED. Censo ABED 2016: relatório analítico da aprendizagem a distância no
Brasil. 2017. Disponível em: http://abed.org.br/censoead2016/Censo_EAD_2016_
portugues.pdf. Acesso em: 20 set. 2019.
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Produção de Materiais Autoinstrutivos para a EAD
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APRENDER À DISTÂNCIA: FOCANDO NA EXPERIÊNCIA
Capítulo 3 DO ALUNO NA MODALIDADE EAD
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