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9ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FAZENDA PÚBLICA DA CAPITAL

Processo: 0046388-84.2022.8.19.0001

MM. DR. JUIZ:

Trata-se de mandado de segurança, com pedido de liminar, impetrado por ARY


CAVALCANTI RODRIGUES, SIDNEI RICARDO DA SILVA, MÁRIO DOMINGOS DA
CRUZ, VICTOR MARTINS FREIRE, MARCELO FIDALGO CRUZ DO
NASCIMENTO, JOSÉ PASCHOAL DA CRUZ, ENI MONTEIRO FERREIRA,

TJRJ CAP FP14 202200106219150480 02/05/22 18:46:0110533 PROTELET


FABRICIO DE SOUZA BOA MORTE, ELSON JOSÉ CAMPOS e REINALDO CESAR
PEREIRA SCHELB, em face de ato do PRESIDENTE DO RIOPREVIDÊNCIA,
autarquia do Estado do Rio de Janeiro, objetivando seja implantado em folha de
pagamentos dos Impetrantes, integrando os seus proventos de maneira definitiva, a
denominada Gratificação de Risco da Atividade Militar, no mesmo percentual e na
mesma forma prevista no artigo 19 da Lei Estadual nº 9537 de 29 de dezembro de
2021.
Com a inicial vieram os documentos de fls. 30/77.
Emenda à inicial às fls. 81/107.
Certificado às fls. 156 que, decorrido o prazo, não foram prestadas informações pela
autoridade coatora, nem apresentada a impugnação pelo impetrado.
Este é o relatório.
O pedido dos autores está limitado à implantação em folha de pagamento, de
maneira definitiva, da denominada Gratificação de Risco de Atividade Militar, criada
pela Lei Estadual 9.537/2021. A pretensão deduzida pressupõe a apreciação apenas
de prova documental e de legislação Estadual e Federal.
Os autores ARY CAVALCANTI RODRIGUES e REINALDO CESAR PEREIRA
SCHELB não apresentaram contracheque, sendo impossível assim avaliar violação
ao seu direito líquido e certo.

Veja-se o dispositivo que fundamenta a pretensão autoral:

Art. 19-A. A Gratificação de Risco da Atividade Militar é


fixada no percentual de 62,50% (sessenta e dois por cento e
cinquenta centésimos), tem base de cálculo correspondente
ao somatório do soldo e eventual diferença de soldo,
Gratificação de Habilitação Profissional e Gratificação de
Regime Especial de Trabalho Policial Militar ou Bombeiro

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Militar, e é devida ao militar do Estado em virtude das
peculiaridades inerentes à carreira militar, cuja condição está
relacionada ao sacrifício da própria vida em defesa e
segurança da sociedade.
Na mesma oportunidade a Lei Estadual disciplinou o pagamento da
Gratificação aos servidores ativos e inativos. Por intermédio da nova
redação do art. 40 da Lei 279/79 estabeleceu que: 1) aos servidores
ativos a nova gratificação absorverá o Auxílio Moradia, 2) a partir da
publicação da lei fica vedada a concessão de indenização de Adicional
de Inatividade e 3) não será possível acumular a GRAM com a
Indenização de Adicional de Inatividade. Segue a transcrição do
dispositivo:
Art. 40. A partir da entrada em vigor desta lei fica absorvida
pela Gratificação de Risco da Atividade Militar a Indenização
de Auxílio Moradia instituída pela Lei Estadual nº 658, de 05
de abril de 1983.
§ 1º Fica vedada a concessão de Indenização de Adicional
de Inatividade, instituída pela Lei Estadual nº 658, de 05 de
abril de 1983, às remunerações de inatividade e pensões
militares cujas datas de efeito tenham validade a partir da
entrada em vigor desta Lei.
§ 2º - É vedada, em quaisquer hipóteses, a acumulação da
Gratificação de Risco da Atividade Militar com a Indenização
de Adicional de Inatividade, instituída pela Lei Estadual nº
658, de 05 de abril de 1983.
A nova gratificação tem manifesto caráter remuneratório. Foi endereçada a todos os
bombeiros militares, sem a exigência de qualquer condição, tendo a característica de
generalidade. Não é necessário produzir qualquer prova adicional nesse sentido.

Tendo a referida característica, deve também ser endereçada aos bombeiros em


inatividade, desde que obviamente tenham eles direito a paridade. Pela leitura dos
documentos de fls. 70/77 é possível o concluir que oito dos dez impetrantes
ingressaram no serviço público antes da vigência da Emenda Constitucional
41/2003, tendo-lhes sido garantido o direito por norma constitucional transitória
. A data de assunção do cargo público consta expressamente nos contracheques.
Entretanto, entende o Ministério Público que a GRAM não pode ser concedida
em acumulação a Indenização de Adicional de Inatividade. Autorizar a
acumulação é violar o princípio da paridade, pois no caso concreto os aposentados
teriam mais direitos que os servidores da ativa, o que afronta a natureza do princípio.
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E não se alegue que existem servidores que levaram para a aposentadoria


gratificações, sendo certo que seriam de caráter exclusivamente pessoal, e não
geral como se debate nestes autos.
Assim sendo, manifesta-se o Ministério Público no sentido de que a segurança seja
concedida aos impetrantes que fizeram a juntada de seu comprovante de
pagamento, para garantir o recebimento, a partir da impetração desta ação, da
Gratificação de Risco de Atividade Militar criada pela Lei 9.537/2021, desde que não
ocorra o recebimento da Indenização de Adicional de Inatividade.

Rio de Janeiro, 02 de maio de 2022.

VIRGILIO PANAGIOTIS STAVRIDIS


Promotor(a) de Justiça
Mat. 1296

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