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Mariza Victor de Andrade

Organização molecular da celular

Universidade Rovuma

Nampula

2022
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Mariza Victor de Andrade

Organização molecular da celular

Trabalho científico de carácter avaliativo


da cadeira de Biologia Celular Molecular,
leccionada pelo professor:

Universidade Rovuma

Nampula

2022
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Introdução
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ORGANIZAÇÃO MOLECULAR DA CÉLULA

As moléculas são, basicamente, os componentes químicos das células, ou seja, todas as células
são constituídas de diversas moléculas que desempenham funções fundamentais. Os seres vivos
e, mais especificamente, as células, são compostos por moléculas muito semelhantes: 99% da
massa das células é formada de Carbono, Hidrogénio, Oxigénio e Nitrogénio (chame esta
combinação de componentes de “CHON”, para facilitar). Em contrapartida, os seres inanimados
que existem na Terra são, basicamente, compostos de oxigénio, silício, alumínio e sódio
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2015).

As moléculas constituintes dos seres vivos podem ser classificadas em inorgânicas (água e sais
minerais, que dão origem aos íons) e orgânicas (carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos
nucleicos).

ÁCIDOS NUCLEICOS

Os ácidos nucléicos são substâncias ácidas presentes no núcleo das células, e estão envolvidas no
armazenamento, na transmissão e no processamento das informações genéticas de uma célula.
Existem dois tipos de ácidos nucléicos: o ácido desoxirribonucléico (DNA) e o ácido
ribonucléico (RNA). O DNA codifica a informação hereditária de um organismo e controla o
crescimento e a divisão das células. Ambos são biopolímeros (polinucleotídeos) constituídos de
subunidades de nucleotídeos unidas por ligações fosfodiéster.

Ex:
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Estrutura de ácidos nucléicos.

Um dinucleotídeo contém duas subunidades de nucleotídeo, um oligonucleotídeo contém de três


a dez subunidades e um polinucleotídeo contém muitas subunidades. Cada nucleotídeo é
composto por um carboidrato do grupo das pentoses, um radical fosfato e um composto
aromático heterocíclico.

Ex:
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Estrutura de um nucleotídeo.

Os compostos aromáticos heterocíclicos são chamados bases purínicas e pirimidínicas. Dois


compostos aromáticos heterocíclicos contendo nitrogênio (pirimidina e purina), constitui uma
unidade estrutural chave dos ácidos nucleicos.

Ex:

Estrutura da pirimidina e da purina.

PIRIMIDINAS E PURINAS

A pirimidina e a purina são as bases que constituem os ácidos nucléicos. Uma diferença
importante entre as moléculas de DNA e de RNA diz respeito a essas bases nitrogenadas. No
DNA existem quatro bases: duas são purinas (adenina e guanina) e duas são pirimidinas (citosina
e timina). O RNA também é constituído por somente quatro bases. Três são as mesmas de DNA
(adenina, guanina e citosina) e a quarta é a uracila em vez da timina. A timina diferencia da
uracila somente por um grupo metila.
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Estrutura das bases púricas e pirimídicas.

As purinas e pirimidinas são ligadas ao carbono anomérico do anel furanose através de uma
ligação β-glicosídica levando a formação dos nucleosídeos. As purinas estão ligadas pelo N-9 e
as pirimidinas pelo N-1 como mostrado na figura:

Estrutura de nucleosídeos.
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As moléculas de DNA têm a capacidade de armazenar o código genético por meio da sequência
das bases nitrogenadas em sua estrutura. Estas informações determinam as características das
células e, consequentemente, dos organismos. No DNA, há instruções para a formação de
proteínas, para a transcrição (DNA para RNA) e também informações para a regulação da
actividade do próprio DNA.

O RNA, formado a partir da molécula de DNA, tem funções diferentes dependendo do seu local
de actuação:

 RNA mensageiro (RNAm): contém, em sua estrutura, as informações para a formação de


uma proteína.
 RNA transportador (RNAt): Está ligado a um aminoácido e participa da tradução de
RNA para proteína.
 RNA ribossômico (RNAr): é componente da estrutura dos ribossomos, organelas
responsáveis pela síntese de proteínas.

O DNA e o RNA, ácidos nucleicos celulares, são polímeros de nucleotídeos. Um nucleotídeo é


formado por três partes: uma pentose (açúcar de 5 carbonos), um grupamento fosfato (PO ₄³-) e
uma base nitrogenada.

Os carbonos de cada pentose são numerados de 1 a 5 a partir da ligação com a base nitrogenada.

As bases nitrogenadas podem ser de cinco tipos: Adenina, Guanina, Citosina, Timina (apenas no
DNA) e Uracila (apenas no RNA). Quanto à sua estrutura,elas podem ser classificadas em:

 Purinas: são bases maiores, compostas por dois anéis aromáticos. Adenina (A) e Guanina
(G) são purinas e estão presentes tanto no DNA quanto no RNA.
 Pirimidinas: são menores do que as purinas, compostas por apenas um anel aromático.
Citosina (C), Timina (T) e Uracila (U) são pirimidinas, sendo que a citosina está presente
em ambos os ácidos nucleicos, mas a timina é exclusiva do DNA e a uracila é encontrada
somente no RNA.
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Há também uma diferença quanto à estrutura. O RNA é formado por apenas uma cadeia de
nucleotídeos, enquanto o DNA tem, em sua estrutura, duas cadeias nucleotídicas unidas. Além
disso, na molécula de DNA, as purinas (adenina e guanina) se ligam às pirimidinas (timina e
citosina) por meio de pontes de hidrogênio que unem às duas cadeias de nucleotídeos. Essas
ligações se dão sempre em: Timina/Adenina (duas pontes de hidrogênio) e Guanina/Citosina
(três pontes de hidrogênio).

Ligações tipo pontes de hidrogénio entre as bases nitrogenadas que formam a estrutura do DNA

Na estrutura do RNA, essas ligações não se formam, pois a molécula de RNA é formada por
apenas uma cadeia de nucleotídeos.

Exemplo:
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Comparação da estrutura do DNA (dupla cadeia de nucleotídeos) e do RNA (cadeia


única)

PROTEÍNAS

Proteínas são as macromoléculas mais abundantes presentes em todos os sistemas vivos. Elas
representam cerca de 50 a 80% do peso seco das células. As proteínas são compostas por uma
combinação de até 22 aminoácidos e apresentam uma grande variedade estrutural devido ao
número expressivo de possibilidades de sequências de aminoácidos. Em teoria, um decapeptídeo
(peptídeo composto por 10 aminoácidos) poderia apresentar 2,2x1011 (220 trilhões) de
sequências (arranjos) diferentes com o mesmo número de resíduos de aminoácidos na molécula.

As proteínas têm papel chave na estrutura e no funcionamento celular. Dentre as funções


realizadas pelas proteínas, destacam-se:

 Enzimática: aceleram reacções químicas do metabolismo;


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 Estrutural: componentes da membrana plasmática, do citoesqueleto, da matriz


extracelular e dão suporte às células (como o colágeno);
 Transporte: ligadas à membrana plasmática, são responsáveis por transportar substâncias
para dentro e para fora das células;
 Identidade celular: sinalizam células específicas, como as glicoproteínas na superfície da
membrana plasmática;
 Movimentação celular: proteínas do citoesqueleto que podem se estender até cílios e
flagelos;
 Comunicação celular: recebem e enviam informações de uma célula para outra, como é o
caso da insulina;
 Organização: as chaperonas garantem o sucesso da formação de outras proteínas.
 Defesa: anticorpos do sistema imune são proteínas que ajudam na defesa do organismo
contra agentes externos, como vírus e bactérias;
 Controlam a síntese de DNA e RNA.

Classificação

Composição

Muitas proteínas são constituídas apenas por uma cadeia de aminoácidos, não apresentando
nenhum outro grupo químico. Estas são consideradas proteínas simples. Entretanto, existem
outras proteínas que além dos aminoácidos apresentam outros componentes químicos e são
chamadas de proteínas conjugadas. A parte não aminoacídica de uma proteína conjugada é
chamada de grupo prostético. As proteínas conjugadas são classificadas de acordo com a
natureza de seus grupos prostéticos, onde lipoproteínas contêm lipídeos, glicoproteínas contêm
moléculas de açúcar e metaloproteínas contêm um metal específico. Normalmente este grupo
prostético irá desempenhar um papel importante na função da proteína.

Proteínas são polímeros de aminoácidos que desempenham uma função. Existem mais de 150
tipos de aminoácidos na natureza, mas apenas 20 deles aparecem nas proteínas celulares.

Forma

Proteínas globulares
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A cadeia polipeptídica e novela-se de maneira campacta, resultando em uma molécula esférica e


globular: são geralmente solúveis em água e desempenham diversas funções. Ex: enzimas,
albumina, globulinas, hemoglobina.

Proteínas fibrosas

A cadeia polipeptídica é arranjada em forma de longos cordões ou em forma de folhas; são


geralmente insolúveis em água. Ex: actina, tubulina, colageno e queratina.

Exemplo:

Estrutura dos aminoácidos presentes nas células


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Cada polipeptídeo tem um formato específico, conforme a função que executa. O formato, ou
seja, a estrutura de uma proteína, é tão importante que, se há alguma mudança nesse formato, a
proteína desnatura (de maneira irreversível) e não funciona mais. De acordo com a conformação
das proteínas, elas são classificadas em quatro categorias: primária, secundária, terciária e
quaternária.

Exemplo:

Estruturas primária, secundária, terciária e quaternária assumidas por uma proteína

A estrutura primária é formada pela união de aminoácidos em sequência, em uma cadeia


polipeptídica. A ordem dos aminoácidos, nessa cadeia, é determinada pelo DNA. A estrutura
secundária se forma quando a estrutura primária se dobra ou se envolve sobre ela mesma,
formando um arranjo complexo, sustentado por pontes de hidrogênio.
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A estrutura terciária se forma quando uma cadeia que contém a estrutura secundária dobra
novamente sobre si mesma, adquirindo o formato tridimensional. A estrutura quaternária está
presente em proteínas grandes e complexas, formadas por muitas cadeias polipeptídicas. A
hemoglobina, proteína sanguínea que transporta o oxigénio, apresenta estrutura quaternária com
as cadeias terciárias alfa e beta.

Um dos tipos mais importantes de proteínas são as enzimas. Sem elas, as reacções químicas não
aconteceriam rápido o suficiente para manter a célula viva. Como são proteínas, as enzimas
também são produzidas sob o controle do DNA.

As enzimas se combinam a substratos específicos para que a reacção aconteça. Substrato é o


nome que se dá ao composto que sofre a acção da enzima. Na estrutura de cada enzima, há um
centro activo, um local (na enzima) em que o substrato se encaixa para que haja acção
enzimática.

Exemplo:

Estrutura da enzima com o centro ativo, que se combina aos substratos para formar o produto

As enzimas podem ser inibidas quando a reacção não é catalisada. As inibições podem ser do
tipo competitiva ou não competitiva:
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 Inibição competitiva: uma molécula semelhante ao substrato, mas que não sofre acção
enzimática (inibidor) e que se encaixa no sítio activo da enzima, impedindo a reacção de
catalisação.
 Inibição não competitiva: o inibidor é uma molécula que não compete com o substrato,
mas que muda a configuração da enzima, impedindo o encaixe com o substrato e,
consequentemente, a reacção.

Exemplo:

Inibição competitiva (a), quando o inibidor ocupa o lugar do substrato. Inibição não competitiva
(b), o inibidor muda a conformação da enzima, impedindo o encaixe com o substrato

Além da inibição, existem também factores externos ou ambientais que afectam a actividade
enzimática: as variações de temperatura (aumentos excessivos na temperatura podem desnaturar
a proteína, enquanto a redução na temperatura pode reduzir a actividade enzimática) ou pH, a
concentração do substrato e a presença de activadores e inibidores que alteram a velocidade de
actuação das enzimas.
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Conclusão
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Bibliografia

MORAES, Caroline da Silva et al. Série em Biologia celular e molecular: métodos


experimentais no estudo de proteínas. Rio de Janeiro – 2013. 84 págs.

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