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Heurísticas

Em 1990, Jakob Nielsen e Rolf Molich, renomados consultores de usabilidade na web, propuseram
os 10 princípios gerais para o Design de Interface do Usuário. Esses princípios, chamados de
Heurísticas, são regras gerais, e não diretrizes específicas de usabilidade; essas devem ser
consideradas na hora de fazer ou atualizar o Design de um site.

Uma das principais vantagens de se aplicar uma avaliação heurística em um projeto de


desenvolvimento de interface é a sua rapidez. Em poucas horas de análise, o UI Designer consegue
coletar grandes quantidades de informação referente à problemas em sua interface. Além disso, a
avaliação pode ser aplicada a qualquer momento do projeto, do início ao fim.

No entanto, ela é geralmente utilizada em dois diferentes cenários: durante e após a execução de
um projeto. Durante o projeto, a avaliação pode ser aplicada como a base para um desenho de
interface funcional. Isto é, que apresente boa navegação, interação e experiência. Após o projeto,
elas são utilizadas por profissionais especialistas em usabilidade; eles testam o produto e identificam
problemas nos sistemas de acordo com cada uma das dez heurísticas.

Seguindo essas diretrizes, o Product Designer irá melhorar muito a usabilidade de suas interfaces e,
consequentemente, a experiência dos utilizadores.

Como conduzir uma avaliação Heurística


A avaliação heurística é uma técnica de engenharia de usabilidade (testes de usabilidade) muito
utilizada por UX Designers. O seu principal propósito é auxiliar os profissionais a encontrarem os
problemas de usabilidade nas suas interfaces; além de os solucionar através de estratégias de Design
interativo.

Em geral aconselha-se que seja feita por profissionais muito experientes. Mas é uma boa prática
para conseguir encontrar problemas mesmo para pessoas que ainda não possuem uma vasta
experiência.

Habitualmente, mais de um profissional executa a avaliação heurística de uma interface e os


resultados são avaliados, vindos de diferentes perspetivas. Como a experiência e perceção de pontos
negativos e positivos de uma interface varia de pessoa para pessoa, convidar outros UI Designers
para avaliar o protótipo pode proporcionar a entrega de um produto final de qualidade ainda maior.

Nos casos em que a avaliação heurística é feita por mais de um profissional, cada um deles deve
inspecionar a interface individualmente e sem contato com os demais. Dessa forma, é possível obter
resultados independentes e imparciais, de forma a realmente agregar valor à interface desenvolvida.

Apesar de não fornecer uma maneira sistemática de encontrar e solucionar problemas de


usabilidade, a avaliação heurística consegue explicar cada ponto encontrado e apontado; muito mais
do que somente ver, o UX Designer deve sempre procurar compreender e procurar a solução dos
problemas que estão na sua frente.
10 Heurísticas de Nielsen:
1) Visibilidade do status do sistema
O principal objetivo de um sistema é manter os utilizadores informados a respeito do que acontece
no exato momento de uma interação. Isso é feito através de feedbacks instantâneos que servem
para orientar e conduzir o usuário pelo caminho correto.

Um exemplo disso é o YouTube. O site disponibiliza, do lado direito do vídeo selecionado pelo
usuário, uma barra lateral informando qual vídeo estamos vendo, quais já foram assistidos e quais
serão os próximos.

Exemplo de visibilidade do status do sistema — Imagem — YouTube screenshot

2) Correspondência entre o sistema e o mundo real


É da natureza do ser humano encontrar conforto naquilo que lhe parece familiar. Uma interface
funcional e acessível deve falar a linguagem do usuário. Isto é, utilizar palavras, frases e conceitos
que sejam familiares ao usuário.

Quando se estabelece essa comunicação, é possível utilizar ícones, por exemplo, para representar
uma determinada ação, como o símbolo de telefone e um smartphone significa fazer ligações.
Menu inicial de um celular — Imagem — basictechtricks ícones

Uma interface com boa usabilidade segue convenções do mundo real, trazendo informações de
maneira natural, lógica e familiar — para isso, todas as nomenclaturas, ícones e imagens precisam
ser contextualizadas e coerentes com o modelo mental do usuário.

3) Liberdade e controle do utilizador


O UI Designer nunca deve impor algo ao utilizador ou tomar decisões por ele. O profissional de
usabilidade de interface deve saber sugerir uma ação e não induzir ou pressionar o usuário para um
determinado caminho.

É muito importante que o Designer de Interface dê liberdade para que o usuário possa decidir e
tomar as ações que quiser; com exceção de regras que vão contra o sistema ou interferem em
alguma funcionalidade.

No entanto, é preciso sempre ter em mente que os utilizadores geralmente escolhem funções de
uma interface por engano. Por isso, precisarão de uma saída de emergência claramente marcada,
permitindo ações de undo e redo e alterações que permitam ao usuário retornar ao ponto anterior.
Botões de desfazer e refazer presentes na barra de acesso rápido — Imagem — word
undo redo screenshot

Quer saber mais sobre usabilidade? Confira algumas lições do livro de Steve Krug “Não me faça
pensar”, a bíblia da usabilidade.

4) Consistência e padrões
Quando utilizam uma interface, os utilizadores não devem ter que adivinhar se palavras, situações
ou ações diferentes significam, realmente, a mesma coisa.

É fundamental que uma interface funcional siga as convenções da plataforma, mantendo padrões de
interação em diversos e diferenciados contextos.

O UX Designer deve criar uma interface que fale a mesma língua o tempo todo e trate coisas
similares da mesma maneira; facilitando que o usuário identifique o padrão existente naquela
interface.
Geralmente, o menu de um email seguirá esse padrão de — Imagem — gmail
screenshot

5) Prevenção de erros
Melhor do que boas mensagens de erros é um projeto que previna que esse tipo de problema
ocorra em primeiro lugar. Quando falamos de UX Design, os erros geralmente ocorrem quando um
usuário cria um mapa mental da interface que não corresponde à realidade, e tenta realizar ações
incompatíveis com a situação.

O papel do UI Designer aqui é o de eliminar as condições propensas a erros ou então verificar todas
as ações de interação existentes; além de sinalizar bem as ações radicais (como excluir arquivos) e
apresentar ao usuário uma opção de confirmação, de modo que ele assuma as consequências da
ação.

Pop-up de confi rmação de uma ação de deletar — Imagem — tweet screenshot


6) Reconhecer ao invés de lembrar
Uma das funções do Design é minimizar a carga de memória imposta ao usuário. Até porque, a
capacidade de memorização de um sistema é grande, tornando objetos, ações e opções visíveis
sempre que possível. O usuário não tem a obrigação de reaprender o caminho feito para chegar em
uma determinada seção ou página de uma interface.

O Word exibe as fontes utilizadas no momento e no passado, de modo a facilitar a usabilidade do


sistema — Imagem — word fontes screenshot

7) Flexibilidade e Eficiência
A interface desenvolvida pelo Designer de Interface precisa ser útil e atender tanto os utilizadores
inexperientes quanto os experientes. Os inexperientes precisam de informações mais detalhadas.
Porém conforme ele vai se acostumando com a interface, ele começa a sentir uma necessidade
maior de realizar as ações mais rapidamente e passa a usar e customizar, por exemplo, atalhos de
teclado.

É fundamental que o UI Designer permita que os utilizadores de sua interface personalizem ações
frequentes, como atalhos de teclados e preenchimento automático de dados. Isso aprimora a
eficiência e flexibilidade de uma interface.
Atalhos de teclado — Imagem — Wikipedia atalhos

8) Estética e Design minimalista


O UI Designer não deve considerar estética e Design como um plus . Ambos fazem parte do todo que
proporciona a experiência ao usuário.

O Designer Visual deve criar diálogos que não contenham informações irrelevantes. Isto é, evitar o
uso desnecessário de elementos visuais que possam confundir o usuário. Cada unidade extra de
informação em um diálogo compete com uma unidade de informação relevante e acaba por
diminuir sua visibilidade.

Estética minimalista — Imagem — Aela minimalista


9) Auxiliar utilizadores a reconhecer, diagnosticar e recuperar erros
Apesar de prevenir erros ser algo de extra importância para o UI Designer, mais importante ainda é
auxiliar o usuário a identificar e encontrar soluções para problemas encontrados.

Por isso, mensagens de erro devem ser expressas em uma linguagem simples; sem códigos, clara e
que indique precisamente o problema e sugira uma solução.

Display de uma página de error — Imagem — error page

10) Ajuda e Documentação


Uma interface intuitiva e clara acaba por evitar, em diversas situações, a solicitação de ajuda. Porém,
ainda assim é importante que o UI Designer mantenha itens de auxílio para certas ações ao alcance
do usuário, caso ele precise de ajuda.

Outra solução muito popular e comumente adotada por Designer Visuais são os FAQs; compilam as
dúvidas mais frequentes e suas respetivas soluções.

A página da Amaro, por exemplo, possui um menu voltado às dúvidas mais frequentes — Imagem —
menu ajuda

As heurísticas possuem uma grande importância para UI Designer, auxiliando na elaboração de


projetos de interfaces digitais. O ideal, em qualquer situação, é que o desenvolvimento de uma
interface comece já com as heurísticas aplicadas, evitando assim ajustes caros e morosos no futuro.

Em um cenário de transformação digital, uma interface intuitiva que possua um Design minimalista e
seja de fácil compreensão engaja os utilizadores tanto no mundo online quanto no mundo físico. E a
melhor forma de fazer isso é seguindo as 10 heurísticas de Nielsen e Molich . Desta forma, o
Designer Visual cria interfaces com boa usabilidade e utilidade e que sejam convenientes para o
usuário.
Bibliografia
Textos e imagens retirados e adaptados de

10 Heurísticas de Nielsen — Dicas para Melhorar a Usabilidade de Sua Interface

https://medium.com/aela/10-heur%C3%ADsticas-de-nielsen-dicas-para-melhorar-a-usabilidade-de-
sua-interface-35ef86a7fb41

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