As pessoas representam o recurso mais importante de um projeto. Todos os
resultados apresentados por um projeto estão diretamente relacionados com as habilidades das pessoas envolvidas. Você, com certeza, irá argumentar sobre a relevância dos recursos técnicos. Realmente eles são importantes. Porém, preocupar-se unicamente com os recursos técnicos apresenta-se como uma falha irreparável para qualquer projeto, seja um projeto de alta tecnologia, seja um projeto de ordem menos complexa. São as pessoas que definem o sucesso ou o fracasso do projeto. Lembre-se de que os problemas apresentados ao longo do projeto, mesmo os de ordem técnica, são solucionados por pessoas.
Assim como os demais recursos variam ao longo do projeto, a necessidade
de pessoal também apresenta algumas peculiaridades, dependendo das demandas requeridas. Para Vargas (2005, p. 40), os tipos requeridos ao longo das fases do projeto podem ser assim definidos:
• Na fase de iniciação são necessárias pessoas empreendedoras,
inovadoras e criativas. • Na fase de planejamento a demanda é por pessoas analíticas, planejadoras, técnicas e integradoras. • Na fase de execução é exigida a figura do comandante, do chefe, dos gerentes e dos controladores. • Na última fase, chamada fase de finalização, são necessárias pessoas finalizadoras, facilitadoras e instrutoras.
O planejamento da gestão de pessoas envolve a identificação e o registro
de aptidões e quantidade de pessoas necessárias, bem como a definição das atribuições de cada função, as responsabilidades e o vínculo das pessoas com o projeto. Muitas vezes o quadro de pessoal já é definido na fase inicial do projeto, porém, nada impede que isso seja elaborado ao longo do processo, sendo completado em cada fase. Logicamente, isso deverá estar contemplado no orçamento, por isso é muito mais fácil a identificação já na fase inicial e seu custo relativo. Se você fizer o recrutamento de pessoas ao longo do processo, deverão ser previstas reservas ao longo do orçamento para esse fim. Em geral, as empresas possuem políticas, procedimentos e diretrizes já formalizadas ou informais (não existe nada escrito, porém, as pessoas agem atendendo a uma prática organizacional). A gerência de recursos humanos deverá ter conhecimento dessas características, uma vez que o projeto irá trabalhar com pessoas vindas dessa cultura organizacional.
A obtenção da equipe do projeto busca a aquisição de pessoas que
atendam aos requisitos dispostos no planejamento da gestão de pessoas. O recrutamento dessas pessoas deverá seguir as formas usuais da empresa, atendendo também aos requisitos legais. Muitas vezes não se faz necessário o recrutamento de pessoas exclusivamente para o projeto, podendo ser atribuídas funções para aquelas que já fazem parte da organização e que aceitam participar do projeto.
Outras vezes, há a necessidade de pessoas exclusivas, com perfil técnico
bastante apurado, não disponível no quadro atual da organização. É importante frisar que o processo de obtenção de pessoas deve ser bastante claro, designando indivíduos para assumirem compromissos durante todo o tempo previsto do projeto. Dessa forma, ou faz-se negociações ou contratações.
O desenvolvimento da equipe do projeto requer uma especial atenção
para que os envolvidos priorizem o trabalho em equipe e o progresso profissional. Por se tratar de pessoas, algumas especificidades devem ser consideradas, especialmente no que diz respeito à motivação e busca de resultados.
A gestão da equipe do projeto deve atentar especialmente para a
administração de conflitos que surgem ao longo de trabalhos desenvolvidos em equipes. Para uma gestão adequada da equipe é imprescindível o conhecimento e o exercício de habilidades gerenciais, bem como buscar constantemente a motivação do grupo. Um forte influenciador de uma equipe é a sua localização, que deverá adequada, favorecendo a comunicação e a integração dos participantes e a identificação da necessidade de treinamento naqueles que apresentem maior vulnerabilidade em determinadas tarefas. Para a dissolução da equipe, é essencial que o gerenciador tenha habilidades gerenciais. Muitas pessoas que findaram suas tarefas deverão retornar às suas posições anteriores na empresa, outras poderão ser efetivadas em áreas específicas que o projeto criou, uma vez que muitos projetos tornam-se parte cotidiana da empresa, agora como uma linha de produção ou como um serviço a ser continuamente oferecido. Por fim, haverá também casos de dispensa de pessoal, o que deverá ser conduzido com muito critério e cuidado, de maneira que não venha a prejudicar a formação de futuras equipes para os novos projetos.
Equipes de trabalho
Você sabe diferenciar um grupo de pessoas e uma equipe? Com certeza
você sabe na prática essa diferença, já que algumas vezes você se sente parte de uma equipe, outras vezes apenas em um agrupamento, sem uma conotação de cooperação entre as pessoas ali presentes ou sem um propósito claro para todos. Pois bem, uma equipe apresenta justamente esse diferencial.
Em uma equipe existe claramente a ideia de reunião de pessoas com
propósitos determinados, apresentando um comprometimento coletivo com os objetivos propostos. É como se cada um fizesse parte de uma corrente, e a força e a aderência é que mantêm os elos da corrente unidos.
Houve uma evolução muito grande na formação de equipes. Outrora, as
equipes eram formadas exclusivamente por pessoas com as mesmas especialidades. Atualmente, busca-se formação de equipes multidisciplinares, multifuncionais, interdepartamentalizadas, em que os conhecimentos podem ser repartidos, com intercâmbio de informações e cooperação entre as diversas funções. Isso enriquece muito o trabalho e fortalece os resultados. Outra evolução das equipes é o foco em trabalhos descentralizados, em que cada um, em algum momento do projeto, possui autoridade de gerenciamento, obedecendo às diretrizes de seu trabalho. Dessa forma, o gerente geral do projeto atua como um mediador, delegando autoridade e repartindo o poder de decisão entre as várias pessoas envolvidas no projeto. Utiliza-se, inclusive, o conceito de equipes autogerenciais, que nada mais é do que a atribuição de autoridade e responsabilidade para resolução de determinado problema por parte da equipe na qual ele está ocorrendo. Nesse caso, o gerente do projeto deixa de atuar como um comandante, aquele que dá ordens e recebe obediência, para ser um incentivador e facilitador de agrupamentos para resolução de problemas.
A principal competência do gerente de projeto é conduzir o processo,
permitindo que os membros da equipe se integrem para a formação do conjunto. Ele deve entender todas as fases do desenvolvimento de equipe: a expectativa inicial quando da sua formação; a fase em que se manifestam resistências e desistências e é comum a formação de pequenos grupos, com restrição ao entendimento do conjunto; a fase na qual se apresentam os processos de entendimento e prioriza-se a coesão do grupo; e, por fim, a fase em que todos os participantes da equipe priorizam o desempenho, entendendo o projeto como processo no qual todos fazem parte de uma corrente definitiva para o atingimento dos objetivos.