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ANALISE ESTUDO -BASES CIENTIFICAS II

I- Dados da publicação

Autores:Fatemeh Ayoobi, Amir Moghadam-Ahmadi, Houshang Amiri, Alireza Vakilian, Moslem


Heidari, Habib Farahmand, Mahmood Sheikh Fathollahi, Iman Fatemi, Seyed Ali Shafiei,
Mohammad Alahtavakoli, Ali Shamsizadeh.

Titulo: Achillea millefolium é benéfico como terapia complementar em doentes com esclerose
múltipla: Ensaio clínico randomizado triplo-cego controlado por placebo

Pais/ano: Irão , 2018

Tipo de publicação: Jornal , Phytomedicine, Volume 52, January 2019, Pages 89-97

DOI: https://doi.org/10.1016/j.phymed.2018.06.017

Objetivo: Estudo realizado em Março de 2018, pretende avaliar o efeito do extrato aquoso de
Achillea millefolium em doentes com esclerose múltipla.

II-Justificação da escolha deste estudo


A escolha deste estudo prende-se pelo fato de a esclerose múltipla ser uma doença de foro neurológico,
autoimune que sempre me intrigou (tenho uma paciente a qual foi diagnosticada recentemente com
esta doença), que infelizmente até à data não existe cura e os medicamentos existentes apenas
retardam a progressão da doença. Enquanto estava a pesquisar plantas passiveis de terem um papel
ativo no tratamento desta doença (aliadas ao tratamento homeopático) surgiram algumas Gengibre,
curcuma longa , Milefólio, chá verde, gingko biloba, Hipericum, Crocus sativos, Ginseng panax.
Optei pelo milefólio ( Achillea millefolium) uma vez que desconhecia a sua ação neste tipo de doença.
Recentes descobertas indicaram que alguns compostos fitoterápicos destas plantas agem no reparo
da mielina e levam à supressão da inflamação e possuem o efeito de reverter o comprometimento
cognitivo e de reduzir a fadiga em pacientes com EM. Além disso, os efeitos anti-inflamatórios e
antioxidantes, neuroprotetores, antidepressivos, das plantas medicinais, tornam-as um remédio
natural e seguro no auxílio ao tratamento de doenças neurodegenerativas.

III-Esclerose Multipla
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crónica, autoimune, inflamatória e degenerativa, que afeta
o Sistema Nervoso Central. Caracteriza-se por áreas de desmielinização localizada disseminadas no
cérebro e na medula espinal. O mecanismo da doença assenta num erro do sistema imunitário que
leva a que a mielina seja considerada como um corpo estranho e seja atacada.

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A EM manifesta-se de diferentes formas pelo que cada diagnóstico é único. As formas conhecidas da
doença são:
-A forma recidivante-remitente, em que ocorrem ataques que duram dias a semanas, seguidos de uma
recuperação;
-A forma secundariamente progressiva, na qual os défices se vão acumulando após cada crise;
-A forma primariamente progressiva, que evolui desde o seu início;
-A forma remitente-progressiva, em que a doença progride de modo evidente mas em que podem
ocorrer períodos livres de sintomas.
Os sintomas comuns são: anormalidades visuais e oculomotoras, parestesias, fraqueza, espasticidade,
disfunção urinária e sintomas cognitivos leves. Tipicamente, os deficits neurológicos são múltiplos,
com remissões e exacerbações, levando gradualmente à incapacidade. A diversidade de sintomas e a
ausência de indicadores específicos dificultam o diagnóstico. Este é feito com base na observação de
sintomas clínicos, imagens de ressonância magnética (RM) que permitem visualizar as lesões
(cicatrizes das zonas de ataque à mielina/ inflamação) e elementos biológicos: análises do líquido
cefalorraquidiano (que envolve o sistema nervoso central) recolhido por punção lombar. O
diagnóstico requer evidências clínicas ou RM de ≥ 2 lesões neurológicas características separadas
tanto no tempo como no espaço (localização no sistema nervoso central). O tratamento é feito com
corticoides nas crises, imunomoduladores para prevenir as exacerbações e medidas de suporte.
A doença surge frequentemente entre os 20 e os 40 anos de idade, ou seja, entre os jovens adultos.
Afeta com maior incidência as mulheres. Estima-se que em todo o mundo existam cerca de 2.500.000
pessoas com EM (dados da Organização Mundial da Saúde) e em Portugal mais de 8.000.

IV-Achillea millefolium

A Achillea millefolium L. Planta herbácea, perene e rústica, de folhas aromáticas, estreitas e muito
recortadas, verde acinzentadas. As flores são pequenas, esbranquiçadas, por vezes rosadas, reunidas
em paículas. É uma planta da família Asteraceae, está distribuída em várias partes do mundo,
especialmente na Europa, Ásia e América. A prática medicinal do uso dos constituintes do milefólio
é historiada desde a Mesopotâmia, e ao longo dos anos o intenso estudo que tem sido objeto é devido
à sua composição e consequentemente à sua extensa atividade em diversas patologias/sintomatologia.
Os constituintes fitoquímicos do milefólio são o óleo essencial, os alcaloides, os flavonoides, as

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lactonas sesquiterpénicas, os triterpenos e esteróis, os taninos, as cumarinas, o ácido salicílico e ácido
ascórbico, os poliacetilenos, os carotenoides, proteínas, resinas e carboidratos. Das suas principais
ações destacam-se: ação adstringente, anti-inflamatória, antimicrobiana, antipirética, cicatrizante,
colerética, diurética, espasmolítica, eupéptica, hemostática, hipoglicemiante

V-Analise de estudo

Este ensaio clínico foi realizado no Irão em 2018 e tinha como objetivo avaliar a eficácia do extrato
aquoso do Milefólio na esclerose múltipla (EM).

Foi realizado um ensaio triplo-cego randomizado controlado com placebo em 75 doentes com EM
durante 1 ano, estes foram divididos em 3 subgrupos e um deles recebeu o placebo e os outros dois
grupos receberam extrato aquoso de milefólio em duas doses diferentes, um recebeu a 250 mg/dia e
o outro a 500 mg/dia. Como o estudo durou 1 ano foi possível obter a taxa de recidivas, a
monitorização foi feita a partir do número e volume de lesões foram obtidos através de ressonância
magnética, de testes laboratoriais padrão e da realização de testes neurológicos e cognitivos
abrangentes:
 Alterações na escala alargada de estado de incapacidade (EDSS)- avalia numa escala de 1 a
10 em incrementos de 0,5- o nível de incapacidade no doente com EM, de 1 a 4, 5 não
possuem dificuldade em andar ou não necessitem de ajuda para tal e baseia-se em medir a
incapacidade em oito sistemas funcionais (FS): piramidal - fraqueza muscular ou dificuldade
em mover membros; cerebelar - ataxia, perda de equilíbrio, coordenação ou tremor; tronco
cerebral - problemas com a fala, a deglutição e o nistagmo; sensorial - entorpecimento ou
perda de sensações; função do intestino e da bexiga; função visual - problemas de visão;
funções cerebrais - problemas de pensamento e memória. De 5 a 9,5 incapacidade de andar
 Compósito funcional de esclerose múltipla (MSFC)- Os três componentes do MSFC medem
função da perna/deambulação, função do braço/mão, e função cognitiva.
 Escala de gravidade de fadiga (FSS)
 Avaliação da espasticidade Ashworth
 Teste de depressão Beck
 Inventario sobre traços, e estados de ansiedade (STAI)- usa itens para diagnosticar ansiedade
distinguindo-a das síndromes depressivas. Por exemplo no estado de ansiedade usa 20
afirmações do tipo “eu estou tenso” “eu estou preocupado” ou “eu sinto-me calmo”, “eu sinto-
me seguro” e 20 para os traços “eu preocupo-me demasiado acerca de coisas que não
interessam” ou “eu estou contente” Todos os itens são classificados numa escala de 4 pontos
(por exemplo, de "Quase Nunca" a "Quase Sempre"). Pontuações mais elevadas indicam uma
maior ansiedade.
 Mini exame de estado mental (MMSE)
 Teste de classificação de cartões de Wisconsin (WCST)
 Teste da torre de Londres (TOL)
 Aprendizagem de palavras-par
 Tarefa de adição de séries de sons de ritmos (PASAT)

Os resultados foram promissores e mostraram que a administração de A. millefolium (ambas as


doses) diminuiu a taxa anual de recidivas em doentes com EM. A alteração média do volume das
lesões diminuiu significativamente no grupo de 500 mg de A. millefolium. A terapia adicional
também aumentou o tempo para a primeira recidiva e a pontuação z do MSFC; diminuiu a pontuação
EDSS e melhorou o desempenho na aprendizagem por pares de palavras, PASAT, e WCST. O que
levou a concluir que foram encontrados efeitos benéficos do extrato aquoso de A. millefolium como
terapia complementar em doentes com EM.

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VI- Reflexão

Este estudo é inovador visto ser o primeiro estudo randomizado triplo-cego sobre os efeitos do
milefólio na esclerose múltipla.
O fato de ser triplo-cego significa que nem os investigadores nem os participantes sabem quem está
a tomar o placebo ou o milefólio a 250mg/dia ou a 500mg/dia o que é uma mais valia para a
fidedignidade do estudo. A duração de 1 ano do estudo também é um fator muito positivo a ter em
conta.
Como notas mesmos positivas temos:
A amostra é pequena apesar dos resultados serem muito promissores , seria importante aumentar o
numero de participantes, saber a distribuição dos 3 grupos em termos de faixa etária, sexo e se
estariam todos no mesmo estádio de esclerose múltipla.
O fato de dizerem que aumentou o tempo para a primeira recidiva teria sido importante quantificar .
O fato de ter diminuído a pontuação EDSS teria sido importante saber sob que base ou seja qual a
pontuação inicial, se se refere a capacidade de andar ou na medição da incapacidade dos 8 sistemas
funcionais(FS), quais os sistemas que houve realmente melhorias?

Como nota final acrescento que seria benefico haver mais estudos sobre o papel promissor do
Milefólio como terapia complementar ou de base no tratamento da esclerose múltipla.

VII- Referências bibliograficas

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Chandler R, Hooper N (1982). Ethnobotany and phytochemistry of yarrow Achillea
millefolium, compositae. The New York Botanical Garden, 203-223

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30599916/

http://esclerosemultiplario.com.br/emfoco/o-uso-da-fitoterapia-na-em/

https://spem.pt/esclerose-multipla/

https://www.cuf.pt/saude-a-z/esclerose-multipla

https://www.ema.europa.eu/en/documents/herbal-report/final-assessment-report-achillea-
millefolium-l-herba-revision-1_en.pdf

http://www3.uma.pt/biopolis/planta.php?id=383

https://www.apa.org/pi/about/publications/caregivers/practice-settings/assessment/tools/trait-state

https://mstrust.org.uk/a-z/expanded-disability-status-scale-edss

https://www.nationalmssociety.org/For-Professionals/Researchers/Resources-for-MS-
Researchers/Research-Tools/Clinical-Study-Measures/Multiple-Sclerosis-Functional-Composite-
(MSFC)

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