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Ambiente Interno

Uma das técnicas mais utilizadas na atualidade para a realização de um Planeamento


Estratégico é a análise do ambiente interno da organização. Através de uma criteriosa
análise do ambiente interno da organização muitas características ocultas a nossos olhos
podem ser identificadas.

Essa análise é de fundamental importância para a definição futura da Análise SWOT.

Por que é exatamente através do conhecimento das forças e fraquezas da mesma que serão
construídas as melhores estratégias corporativas e competitivas.

Análise do ambiente interno

Todos nós possuímos, o que costumamos chamar de “pontos cegos”, ou seja, não
conseguimos identificar facilmente todas as nossas falhas e defeitos, enquanto outras
pessoas que estão a nossa volta as veem com clareza.

Desta forma pessoas e processos seriam avaliados e reconhecidas pelo desempenho dos
processos e alinhamento.

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Pontos fortes, fracos e a melhorar

O primeiro desafio na análise do ambiente interno é descrever, através de uma lista


verdadeira e sincera, todos os pontos fortes, fracos e a melhorar que puderem ser
identificados, ou seja, pontos que favorecem ou prejudicam a organização.

Pontos fortes
São características positivas e de destaque na organização que a favorece no cumprimento
do seu propósito.

• Marca conhecida e respeitada;


• Rede de distribuição de abertura nacional;
• Presteza no atendimento a reclamações e pedidos de informações;
• Linha de produtos diversificada e completa;
• Capacidade em pesquisa e desenvolvimento;
• Recursos industriais ou de logística;
• Recursos financeiros disponíveis.

Pontos fracos
São características negativas e que prejudicam a organização no cumprimento do seu
propósito.

• Ausência de um manual de usuário do produto claro e legível;


• Ausência de local adequado para estacionamento dos clientes;
• Ausência de sistemas pós-venda;
• Falta de um sistema de custeio adequado.

Pontos a melhorar
São características positivas, mas não totalmente desenvolvidas o suficiente para
contribuir efetivamente no cumprimento do propósito da organização.
• Mecanismos de comunicação ampla;
• Qualidade do material ou matéria prima;
• Controle de Estoque para evitar pedidos em falta;

É altamente recomendado que a análise dos Pontos Fortes, Fracos e a Melhorar seja
realizada através da técnica de Brainstorming, de forma livre, preferencialmente com a

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participação de pessoas externas à organização, sem roteiro, censuras ou
recriminações. Uma base histórica de reclamações dos clientes será de grande utilidade
neste momento.

Autodiagnóstico
Segundo Costa (2012) (…) pode ser realizada utilizando-se os 10 M’s do
Autodiagnóstico, com 10 áreas internas, todas iniciadas com a letra M.
São elas:
• Management;
• Mão de obra;
• Máquinas;
• Marketing;
• Materiais;
• Meio Ambiente;
• Meio Físico;
• Mensagens;
• Métodos;
• Money.

Tais áreas cobrem praticamente todas as regiões de maior importância das


organizações. Caso sejam identificados pontos de difícil classificação os mesmos
deverão ser classificados sempre em Management pois qualquer assunto interno a
organização sem alocação explícita é, em última instância, responsabilidade da
administração.

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Os itens descritos abaixo correspondem a alguns tópicos que devem ser cobertos durante
a análise de cada área:

Management

• Administração geral e processos decisórios;


• Gestão de tecnologia e de sistemas de informação;
• Gestão estratégica;
• Gestão setorial: gestão de marketing, comercial, operacional, de produção e de
logística financeira, recursos humanos;
• Relacionamento com os acionistas e com os Stakeholders.

Mão de obra

• Recrutamento e seleção de pessoal;


• Capacitação, treinamento e desenvolvimento de recursos humanos;
• Gerentes e supervisores preparados para a gestão de pessoas;

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• Motivação, envolvimento e comprometimento, remuneração, reconhecimento
e recompensas;
• Satisfação dos funcionários e clientes.

Máquinas

• Equipamentos de manuseio e transporte;


• Instalações elétricas, hidráulicas, utilidades e de segurança;
• Manutenção de máquinas e equipamentos;
• Máquinas, equipamentos e sistemas de produção;
• Redes internet, intranet e extranet.

Marketing

• Conhecimento do mercado e dos concorrentes;


• Flexibilidade e negociação;
• Lançamento de produtos e campanhas;
• Pós-venda, garantia e assistência técnica;
• Treinamento e satisfação do cliente.

Materiais

• Desenvolvimento de parcerias com fornecedores;


• Cadeia de suprimento, logística;
• Estoques: qualitativos, quantitativos e preservação;
• Especificações para aquisição, padronização e codificação de materiais;
• Qualidade assegurada na aquisição.

Meio ambiente

• Gestão de Proteção Ambiental;


• Licenciamento ambiental;
• Programas de economia de energia, água e insumos;
• Reciclagem de resíduos;
• Procedimentos diante de reclamações de vizinhos, imprensa e autuações.

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Meio físico

• Circulação interna, fluxos internos, estacionamentos;


• Iluminação, limpeza, arrumação;
• Infraestrutura, utilidades;
• Proteção e segurança pessoal e patrimonial;
• Sinalização visual interna e externa.

Mensagens

• Comunicação com clientes, fornecedores, imprensa e público;


• Comunicação entre gerente, supervisores e funcionários;
• Comunicação escrita, circulares, e quadros de aviso;
• Comunicação verbal, informal e diagonal;
• Comunicações da direção para direção: transparência e integridade

Métodos

• Fluxograma de processos produtivos e administrativos;


• Metodologia de gestão por projetos;
• Metodologias para desenvolvimento de produtos;
• Normas, padrões e procedimentos produtivos e administrativos;
• Sistemas de garantia da qualidade.

Money

• Acompanhamento gerencial por centros de resultado;


• Fluxos de caixa, contas a pagar e a receber;
• Faturamento, recebimento e lucratividade;
• Investimentos estratégicos;
• Orçamentos e acompanhamento orçamentário.

Durante o processo de análise do ambiente interno, os participantes não devem se limitar


apenas à lista apresentada na tabela acima. A mesma serve apenas como um Checklistk,
cuja finalidade é não permitir o esquecimento de tópicos importantes no momento da
classificação do resultado obtido através do brainstorming.

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O Gráfico de radar

O Gráfico de Radar nos permite visualizar, de forma clara, o resultado da análise do


ambiente interno realizada anteriormente. É um gráfico elaborado no formato circular e
apresentando de forma radial, as 10 áreas mencionadas anteriormente.

Ele nos permite visualizar a frequência relativa dos Pontos Fortes, Fracos e a Melhorar
utilizando-se os seguintes critérios:

Pontos Fortes Pontos a Melhorar Pontos Fracos Localização

Muitos Poucos Nenhum 1º região mais interna

Alguns Alguns Poucos 2º região mais interna

Alguns Muitos Alguns Região Intermediária

Poucos Alguns Alguns 2º região mais interna

Nenhum Poucos Muitos Região mais externa

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A partir da imagem acima é possível identificar as seguintes características

• Zona 1 – Management e Money;


• Zona 2 – Marketing e Meio físico;
• Zona 3 – Mão de obra e Métodos;
• Zona 4 – Máquinas e Materiais;
• Zona 5 – Meio ambiente e Mensagens.

Internamente ao gráfico identificamos a formação de um poligonal a partir da ligação dos


pontos correspondentes às frequências das avaliações.

Este é o nosso gráfico de radar.

Cada instituição possui um Gráfico de Radar que pode variar durante o tempo. Pode ser
entendido como uma Impressão Digital fornecendo uma ideia da situação atual da
Organização.

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ANÁLISE DO AMBIENTE EXTERNO

Entender o ambiente externo, é essencial para a formulação da estratégia. As empresas


não actuam num mundo isolado, antes mantêm relações com diferentes agentes que
influenciam e por quem são influenciadas. Mas, mais genericamente, são influenciadas
por um conjunto alargado de factores do ambiente externo.

Ambiente Geral ou Macro Ambiente

Monitoriza o ambiente envolvente, analisando-o continuamente e avaliando a sua posição


competitiva face às empresas rivais. A análise do ambiente deve se assentar em quatro
aspectos essenciais:

- Identificação dos sinais de mudanças e tendências

- Detecção do significado das mudanças e tendência

- Desenvolvimento de projecção dos resultados das mudanças e tendências

- Determinação de qual o timing e qual a importância dessas mudanças e tendências

A análise do macroambiente e das tendências fundamentais é muito importante como


base para a análise de cenários futuros e como complemento à análiseSWOT, são dados
que permitem maior acuidade no planeamento e na tomada de decisões e requer que sejam
reavaliados periodicamente.

Ambiente Competitivo

É importante que, ao formular a sua estratégia, a empresa análise cuidadosamente a sua


indústria. Uma parte da rendibilidade da empresa deve-se ao desempenho face à
concorrência, isto é, aspectos específicos da empresa, e a outra parte aos aspectos próprios
do sector de actividade em que a empresa opera.

Existem cinco factores que moldam a competição, são eles:

• Ameaça de novas entradas


• O poder negocial dos clientes
• O poder negocial dos fornecedores
• Ameaça de produtos substitutos e a rivalidades
• Rivalidade entre as empresas

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Figura de modelos das cincos forcas competitivas

Grupos Estratégicos

Um grupo estratégico é um grupo de empresas numa indústria que se segue a mesma ou


uma estratégia similar num conjunto de dimensões estratégicas num determinado sector.

Porter descobriu que membros individuais do grupo estratégico enfrentam ameaças e


oportunidades semelhantes no mercado competitivo. Além disso, as configurações
de recursos semelhantes formam barreiras de protecção em torno dos grupos estratégicos.
O comportamento estratégico e o desempenho dentro de um grupo estratégico são muito
semelhantes. Um sector pode consistir em vários ou apenas num grupo estratégico. Um
grupo estratégico pode ser constituído por um ou mais membros.

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Como Realizar uma Análise de Grupo Estratégico?

Para distinguir grupos estratégicos dentro de um sector e analisar as diferenças no seu


comportamento, os seguintes critérios podem ser utilizados:

• Integração horizontal e vertical


• Segmentação do mercado geográfico
• Estrutura de propriedade
• Tamanho da empresa
• A utilização da capacidade
• A estrutura de custos
• Canais de Vendas
• Actividades de Marketing
• Propriedade da marca
• Diversidade de produtos
• A qualidade do produto

O último passo é dividir as empresas em grupos estratégicos. As empresas que estão mais
próximas umas das outras formam um grupo estratégico. Além disso, pode ilustrar
a quota de mercado dos grupos estratégicos pelo tamanho dos círculos.

Análise de Concorrência

Analisar a concorrência deve ir além de reunir informações sobre outras empresas. A


análise deve consistir numa base para posicionar a sua empresa diante o mercado de forma
bem estruturada. Através de dados e estatísticas é possível ter uma compreensão melhor
dos melhores rumos e acções a serem aplicadas na rotina empreendedora.

É necessário conhecer, primeiramente, as próprias características: aquelas referentes aos


produtos que comercializa, seu porte, os locais e a capacidade de atendimento. Depois é
que se compara com outras empresas que possuem características idênticas ou
semelhantes.

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Com a identificação dos concorrentes directos de sua empresa, busque se informações
adicionais por meio de pesquisa de mercado ou pura observação que o proprietário e seus
colaboradores podem realizar.

Principais Pontos à Considerar ao Colectar Informações:

Produtos: identifique quais são as empresas que trabalham com os mesmos produtos. O
importante nesse aspecto é compreender que a concorrência não se limita àquelas
empresas que oferecem exactamente o mesmo serviço, mas que, de alguma forma, podem
substituir o seu produto. Por exemplo, empresas que fabricam aspirador de pó são
concorrentes das empresas que ofertam vassouras.

Saiba o preço e as vantagens da concorrência: é preciso considerar que o preço é


influenciado por diversos factores, como a oferta e a demanda, o porte da empresa e até
a relação com os fornecedores.

Consumidor: avalie o que o consumidor está falando sobre os concorrentes e sobre a


sua empresa. Buscar essas informações facilita a situar a real posição do negócio quanto
ao público.

Público-alvo: considere o público-alvo e o porte da sua empresa na hora de definir seus


concorrentes. É preciso compreender que o tamanho do investimento impacta na actuação
e oferta de cada empresa, assim como o público-alvo. Mesmo que o produto seja o
mesmo, a segmentação de mercado que ele visa atingir vai definir quais são os seus
concorrentes directos.

Verifique também, identificação dos pontos principais para se diferenciar da concorrência


e se tornar mais competitivo - localização, preço, comunicação, especialização, produtos
ou serviços com qualidade superior, atendimento personalizado.

Avaliação se com uma estrutura mais enxuta é possível ser mais eficaz que os
concorrentes.

Identificação das necessidades dos clientes que não vêm sendo atendidas pelos
concorrentes.

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Oportunidades e Ameaças: factores críticos do sucesso

Os factores críticos do sucesso podem ser definidos como as variáveis ou actividades de


uma empresa que são decisivas para o sucesso competitivo num determinado segmento
de negócios (estratégias especificas, atributo de de produto, recursos exclusivos,
competências e capacidades competitivas), podem ser factores críticos do sucesso.

Estes podem ser determinados pelas respostas a três questões:

1. Que critérios os clientes usam na escolha dos produtos


2. Quais são os recursos e capacidades competitivas necessárias para se ter sucesso
3. O que é necessário para obter uma vantagem competitiva

Exemplo de identificação dos factores críticos de sucesso nas indústrias de cerveja e


refrigerante

Factores-chave de Factores críticos de Motores competitivos


compra sucesso
Sabor Gama de produtos Definição do produto
Relação afectiva Política de comunicação Actividades promocionais
Preço Rede de distribuição Canais de distribuição
Disponibilidade de venda Gestão de logística Cobertura regional

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