Resumo – Ética planetária e Saúde global | Daniel Pimentel
SAÚDE GLOBAL E GLOBALIZAÇÃO prevalência de doenças infecciosas e reduções associadas a
Surgimento da saúde global
O histórico do processo de globalização é marcado pela abertura
das fronteiras ao comércio; aos fluxos do capital econômico; à crescente
incorporação tecnológica; à ampliação dos meios de comunicação; à
introdução de novas tecnologias digitais, da internet e da presença das
redes sociais; às mudanças climáticas e transformações ambientais; e à
crescente migração das populações em busca de melhores condições de
vida e de trabalho, ou fugindo de perseguições políticas ou de desastres
naturais e/ou tecnológicos.
Apesar da globalização atingir, direta ou indiretamente, qualquer
espaço e pessoa do planeta, isso não significa que seus reflexos e
consequências atinjam a todos de igual maneira, e que tenham a mesma
repercussão em todas regiões. Diversos fenômenos sociais contribuíram
para a transição da saúde internacional para a Saúde Global, entre eles:
→ O papel cada vez maior da percepção da importância da saúde nas
agendas do desenvolvimento econômico, na segurança global, na
paz e na democracia;
→ A crescente transferência internacional de riscos e oportunidades
para a saúde ocasionada pela globalização;
→ O pluralismo de atores sociais públicos e privados, atuando em
parcerias;
→ A perda do predomínio da OMS em decisões sobre a saúde da
coletividade e o predomínio do Banco Mundial na área de
investimentos em saúde;
→ Os avanços rápidos das tecnologias médicas;
→ O ativismo por condições de acesso à saúde e aos direitos;
→ A luta de setores da comunidade por maior participação nos
processos decisórios.
Também se deve ao movimento ambientalista importante papel na
divulgação do termo Saúde Global, a respeito dos efeitos das mudanças
ambientais globais sobre a saúde humana.
Sobre a globalização
O fenômeno da globalização traz novas dimensões espaciais,
temporais e cognitivas. Modifica nossa percepção das distâncias e
barreiras das fronteiras aos contatos globais; modifica nossa percepção
de tempo, conectando a vida cotidiana com acontecimentos que
ocorrem em outras partes do planeta, modificando nossa percepção
cognitiva de como nos vemos e entendemos nós mesmos e o mundo que
nos cerca, permitindo o engajamento com o “outro” no mundo.
Há processos de interdependência planetária que resultam na
diminuição da importância e do poder de governos e na transformação
do papel desempenhado pelos Estados. Caracteriza-se, assim, o divórcio
entre poder e política. Com a globalização, “não está mais no poder de
qualquer Estado ativo, sozinho, ainda que dotado de recursos,
fortemente armado, resoluto e inflexível, defender certos valores no
plano doméstico e virar de costas aos sonhos e anseios dos que estão
fora de suas fronteiras”.
Sobre a transição epidemiológica
Definição
É um fenômeno nosológico que consiste na passagem de doenças
infecciosas a doenças crônico degenerativas, ou melhor, não-infecciosas.
Na transição para a modernidade, as populações globais estão
trocando um conjunto de doenças por outro. Em muitos países, as
melhores condições socioeconômicas que levaram a uma redução na
morbimortalidade levaram a um aumento enorme em doenças
relacionadas ao estilo de vida, como obesidade, DAC, HAS e DM.
Na maioria dos países de média e baixa renda na Ásia, África e
América Latina, as doenças transmissíveis (pneumonia, doenças
diarreicas, HIV/AIDS, TB, malária) e as doenças NÃO transmissíveis
(doenças cardíacas, câncer, DM) representam importantes desafios de
saúde pública, conforme esses países continuam suas transições de
demografia e epidemiologia.
Fases ou estágios
→ Estágio 1 - Peste e fome (alta mortalidade e baixa esperança de
vida): denominada por regime demográfico primitivo, caracteriza-
se por apresentar elevadas taxas de natalidade e de mortalidade, o
que leva a uma reduzida taxa de crescimento natural. Alguns dos
países menos desenvolvidos do mundo (com guerras e epidemias)
estão ainda nesta fase;
→ Estágio 2 - controle das doenças infecciosas (diminui a
mortalidade e a fecundidade): intermediária de divergência dos
coeficientes", início da transição, caracteriza-se por um declínio da
taxa de mortalidade, como consequência de uma melhoria
generalizada das condições de higiene e saúde. O nível de
natalidade mantém-se inalterado, com valores elevados, o que
resulta na aceleração do crescimento natural da população (grande
crescimento populacional). Muitos países africanos, onde já não há
guerras, estão nesta fase;
→ Estágio 3 - aumento das doenças degenerativas e aquelas
causadas pela ação do homem: “intermediária de convergência dos
coeficientes”, caracteriza-se por uma nova atitude face à vida
apoiada por meios modernos de intervenção na natalidade
(métodos contraceptivos), o que leva ao seu decréscimo. A
mortalidade continua a baixar, embora a um ritmo mais moderado,
pelo que o crescimento natural da população diminui de
intensidade. A China está nesta fase, devido à implementação da
política do filho único;
→ Estágio 4: a que muitos chamam de regime demográfico pós-
moderno, ocorre já em alguns dos países mais desenvolvidos do
mundo (por exemplo, o Japão), onde as taxas de mortalidade,
apesar de baixas, começam a ultrapassar as taxas de natalidade, o
que resulta em taxas de crescimento natural negativas.
Transição demográfica x epidemiológica
Transição Demográfica é o termo usado por especialistas
para descrever a dinâmica dos crescimentos populacionais. Transição
Epidemiológica é o processo de mudança na incidência ou prevalência
de doenças, bem como principais causas de morte ao longo do tempo.
Marcos selecionados de saúde pública durante o século XX
Em 1999, o CDC fez uma lista de 10 grandes conquistas de saúde
pública no século XX, sendo expandida posteriormente. Como segue:
→ Imunizações;
→ Controle de doenças infecciosas;
→ Pasteurização;
→ Fluoração da água potável;
→ Intervenções materno-infantis;
→ Planejamento familiar;
→ Sistema de águas residuais;
→ Prevenção e tratamento de doença cardíaca e AVE;
→ Segurança com veículos motorizados;
→ Segurança no local de trabalho;
→ Alimentos mais seguros e saudáveis;
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→ Controle do tabagismo;
→ Redução das lesões relacionadas a armas de fogo;
→ Prevenção de anormalidades congênitas (malformação de órgãos
ou partes do corpo durante o desenvolvimento intrauterino).
A Saúde Global
Hoje, a saúde é considerada majoritariamente como um bem
público global: que não seja excludente, isso é, que ninguém ou nenhuma
coletividade seja excluída de sua posse ou de seu consumo; e de que seus
benefícios sejam disponíveis a todos. O processo da globalização é o
motor da evolução do termo “Saúde Global”, que carrega desafios e
oportunidades no campo da saúde.
Definição
Saúde Global pode ser compreendida ao mesmo tempo como uma
condição, uma atividade, uma profissão, uma filosofia, uma disciplina ou
um movimento. Todavia, deve-se considerar que não há consenso sobre
o que seja Saúde Global, nem uma única definição, e seu campo de ação
tem limites imprecisos.
A definição mais aceita: “é uma área para estudo, pesquisa e
prática que coloca uma prioridade na melhoria da saúde e na obtenção
da equidade na saúde para todas as pessoas no mundo todo”.
A Saúde Global envolve o conhecimento, o ensino, a prática e a
pesquisa de questões e problemas de saúde supraterritoriais, que
extrapolam as fronteiras geográficas nacionais. Seus determinantes
sociais e ambientais podem ter origem em quaisquer lugares, assim
como as suas possíveis soluções necessitam de intervenções e acordos
entre diversos atores sociais, incluindo países, governos e instituições
internacionais públicas e privadas.
Uma das principais características da Saúde Global, e que a
diferencia das formas tradicionais de saúde internacional, é o
reconhecimento dos contextos regionais e locais, das diferenças
políticas, econômicas, sociais e culturais entre os países e as políticas
internas, em cada país, assim como as consequências e respostas
diferenciadas a eventos globais. Por exemplo, as condições de pobreza
se diferenciam internamente e entre os diversos países. A Saúde Global
pode tratar de problemas que transcendem as fronteiras nacionais,
mesmo que os efeitos na saúde sejam sentidos somente dentro de
alguns países ou de regiões de países.
Precedentes
A Saúde Global tem como principais precedentes a saúde pública e
a internacional. A saúde pública compartilha o foco na saúde da
coletividade, a interdisciplinaridade e ações de promoção, prevenção e
recuperação da saúde humana. A saúde internacional compartilha uma
abordagem para além das fronteiras nacionais, marcado pelas primeiras
tentativas de cooperação internacional para controle e prevenção de
moléstias infectocontagiosas, notadamente aquelas disseminadas por
via marítima, protegendo os interesses sanitários e comerciais.
Vertentes
Podem ser distinguidas 2 vertentes dominantes. A 1ª compreende
a saúde como valor em si, levando a orientações de natureza solidária e
altruísta, fundando-se em princípios éticos de justiça social, equidade e
solidariedade. Dessa forma, prioriza a melhora da saúde e a busca da
equidade para todos os povos do mundo. O principal objetivo é o acesso
equitativo à saúde em todas as regiões do mundo. A 2ª é de caráter mais
instrumental, utilizando a saúde como ferramenta para viabilizar
interesses próprios de países preocupados com a sua própria segurança
sanitária, em aspectos fronteiriços, militares, econômicos e comerciais.
Resumo – Ética planetária e Saúde global | Daniel Pimentel
Problemas no âmbito da saúde global
Um problema é considerado no âmbito da Saúde Global quando:
→ Afeta pessoas em muitas regiões, não necessariamente em todo o
mundo;
→ Quando afeta pessoas em poucas regiões, mas tem potencialidade
e probabilidade de afetar pessoas em muitas regiões;
→ Quando não pode ser solucionado por somente uma região; ou
→ Quando é limitado a certas regiões, mas o conhecimento e a
pesquisa demonstram que pode ser útil para outras regiões,
pedindo resposta internacional, multiprofissional e interdisciplinar.
Podem ser problemas persistentes, emergentes ou reemergentes:
→ O acesso à atenção à saúde e a vacinas;
→ Medicamentos essenciais e a questão das patentes;
→ Novas moléstias pandêmicas, como a influenza e a HIV/AIDS;
→ Enfermidades infecciosas negligenciadas, como a dengue e a febre
amarela;
→ Persistência endêmica da tuberculose e da malária;
→ Segurança alimentar e obesidade;
→ Melhoria das condições ambientais e dos sistemas sanitários.
Trata também das formas de comércio e de investimento
internacional; dos problemas relacionados à migração de pessoas e de
profissionais de saúde; das consequências da violência; do turismo
médico internacional; do marketing de produtos perigosos à saúde; das
novas tecnologias empregadas no setor saúde; de questões nutricionais,
como a obesidade e o consumo de alimentos não saudáveis; de consumo
de álcool e tabaco e suas relações com as doenças crônico-
degenerativas, tais como o câncer, o DM, a HAS, as doenças cardíacas e
circulatórias, assim como as enfermidades respiratórias crônicas.
Conquistas e desafios
Doenças infecciosas
A mudança do século XIX, com a industrialização e migração da área
rural para as cidades, levou à superpopulação em habitações
inadequadas, servidas por suprimentos e descarte de água impróprios ou
inexistentes. Essas condições resultaram em repetidos surtos de cólera,
disenteria, TB, febre tifoide, influenza, febre amarela e malária.
O sucesso no controle das doenças resultou, em grande parte, de
melhorias no saneamento e higiene, da descoberta de antibióticos e da
implementação de vacinação infantil. Os avanços científicos e
tecnológicos tiveram uma grande participação em cada uma dessas áreas
e são a base dos sistemas atuais de vigilância e controle de doenças.
Antibióticos e resistência a medicamentos
Os antibióticos estão em uso há mais de 60 anos e salvaram as vidas
de milhões com infecções estreptocócicas e estafilocócicas, gonorreia,
sífilis e outras infecções. Também foram desenvolvidos medicamentos
para tratar doenças virais (herpes e HIV), doenças fúngicas (candidíase e
aspergilose) e doenças parasitárias (malária). A penicilina rapidamente
se tornou um produto de disponibilidade disseminada para doenças
bacterianas que antes eram incuráveis, com um espectro mais amplo e
menos efeitos colaterais do que os medicamentos de sulfa.
Os genes da resistência são transmissíveis de uma bactéria para
outra em plasmídeos, e os vírus evoluem por meio de erros de replicação,
rearranjo dos segmentos de genes e cruzamento das várias barreiras
entre espécies. O aumento no desenvolvimento e uso de agentes
antimicrobianos acelerou o desenvolvimento da resistência.
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A resistência a multimedicamentos antibióticos é um problema
grave e crescente no mundo para infecções na comunidade causadas por
Plasmodium, M. tuberculosis, Streptococcus pneumoniae, Salmonella e
espécies de Campylobacter, Neisseria gonorrhoeae, H. pylori e HIV, assim
como eram infecções nosocomiais devidas a estafilococos, enterococos,
enterobactérias, Clostridium difficile e fungos sistêmicos.
Para o sucesso no controle de doenças infecciosas, o sistema de
saúde pública global deve se preparar para tratar novas doenças
infecciosas, a reemergência de doenças antigas (às vezes em formas
resistentes), os grandes surtos alimentares e os atos de bioterrorismo.
Imunizações
O desenvolvimento de vacinas para prevenir as doenças
transmissíveis é provavelmente a conquista mais importante em ciências
biomédicas e a intervenção de saúde pública mais efetiva na história. A
primeira vacina foi contra a varíola, depois vieram contra raiva, tifo,
cólera e peste no final do século XIX. Posteriormente, surgiram de
difteria, tétano, pertussis (coqueluche), pólio, sarampo e TB.
Outras mais recentes incluem a vacina pneumocócica conjugada
sete-valente, as vacinas meningocócicas tetravalentes e a vacina contra
o HPV. Novas vacinas previstas incluem as vacinas contra influenza,
parainfluenza e doenças crônicas (ulceras gástricas e câncer causado por
H. pylori e doenças cardíacas reumáticas que ocorre como sequela de
infecção estreptocócica do grupo A).
DAC e AVE
O aumento na prevalência de DCV reflete uma combinação
significativa de hábitos alimentares não saudáveis, aumento no
tabagismo no mundo e redução dos níveis de atividade física como
resultado da industrialização, urbanização, desenvolvimento econômico
e globalização do mercado de alimentos. A obesidade é uma das mais
novas epidemias globais, especialmente em países desenvolvidos e
transicionais. Devido à associação da obesidade com DCV e DM, a perda
de peso deve ser considerada uma importante estratégia global para
melhorar a saúde e o bem-estar de pessoas no mundo todo.
HIV/AIDS
Nos primeiros dias dessa pandemia, um paciente não esperava viver
mais de 6 meses depois de ser diagnosticado com AIDS. Agora, a maioria
dos pacientes que têm acesso ao tratamento adequado pode ter
expectativa de viver durante muitos anos, se não o período inteiro de
vida. Fora o tratamento e manejo efetivo a doença, a meta real é o
desenvolvimento e a disponibilidade disseminada de uma vacina.
Pobreza e fome no mundo
A fome é a manifestação mais extrema de pobreza, quando
indivíduos ou famílias não são capazes de suprir sua necessidade mais
básicas de alimentos. A subnutrição afeta negativamente a saúde, a
produtividade e a sensação de esperança e bem-estar geral das pessoas.
A subnutrição crônica sobreposta ao tratamento inadequado aumenta
muito o risco de morte de uma criança. A falta de comida pode
prejudicar o crescimento, aumentar a suscetibilidade a doenças, retardar
o pensamento, aumentar o consumo de energia, prejudicar o
desenvolvimento fetal e contribuir para o retardo mental. Gestantes,
lactentes e crianças estão entre os grupos em maior risco de desnutrição.
As 4 doenças mais comuns da infância são diarreia, doença
respiratória aguda, malária e sarampo. Todas podem ser prevenidas e
tratadas. Ainda assim, a pobreza interfere com o acesso das pessoas às
imunizações e aos medicamentos.
Resumo – Ética planetária e Saúde global | Daniel Pimentel
Mortalidade materna e infantil
Há 100 anos, a maioria dos partos e intervenções cirúrgicas era
realizada sem medidas de saneamento e antissepsia adequadas. Como
resultado, um grande número de mortes maternas era causado por
sepse após o parto ou aborto ilegalmente induzido, e as mortes restantes
eram atribuídas principalmente a hemorragias e toxemias.
Sangramento grave, infecções, abortos inseguros e doenças
hipertensivas (pré-eclâmpsia e eclâmpsia) são responsáveis por 70% das
mortes maternas no mundo. A mortalidade infantil está intimamente
relacionada à pobreza e a falta de educação, e mais de 1/3 das mortes de
crianças < 5 anos está relacionada à desnutrição.
Obesidade
Nas ultimas 3 décadas, em muitos países desenvolvidos, as taxas de
obesidade (IMC ≥ 30kg/m²) aumentaram até o ponto em que está se
tornando um problema tão grave quanto a desnutrição nos países em
desenvolvimento. Por isso, estratégias envolvendo a comunidade e
ambientes de apoio são fundamentais. As evidências mostram que as
políticas sociais e econômicas, nacional e internacionalmente, afetam os
hábitos alimentares e os padrões de atividade física.
Dependência
O termo é frequentemente usado no contexto de dependência
física de uma substância alteradora do ânimo, como cocaína, heroína,
nicotina ou álcool, porém, na realidade, um indivíduo pode criar
dependência fisiológica, psicológica, comportamental e emocional de
praticamente qualquer coisa.
Estima-se que cerca de 2 bilhões de pessoas consumam bebidas
alcoólicas no mundo todo e 76,3 milhões apresentem um transtorno
diagnosticável de abuso de álcool. A OMS também estima que pelo
menos 15,3 milhões de pessoas no mundo tenham um problema de
abuso de drogas.
Acidentes de trânsito e mortes
Os acidentes de trânsito são uma das principais causas de morte e
lesões no mundo. O crescimento populacional, a rápida urbanização,
infraestrutura deficiente e aumento do número de veículos em países de
baixa e média renda tornam os acidentes de trânsito uma questão de
saúde pública. Entre 5-29 anos, os acidentes de trânsito são a 2ª maior
causa de morte no mundo (90% em países de baixa e média renda).
A maior parte das mudanças positivas nas estatísticas de fatalidade
em países desenvolvidos é atribuída a automóveis mais seguros e ao uso
mais frequente de cintos de segurança. Acredita-se que o número de
fatalidades seria ainda menor sem a distração devido ao uso de telefones
celulares e digitação de mensagens ao dirigir.
Riscos ocupacionais e segurança no local de trabalho
A segurança no local de trabalho é uma grave preocupação, já que
uma força de trabalho formal constitui +- 50-60% da população de um
país. Para minimizar os riscos, há leis específicas, protocolos,
procedimentos e medidas de segurança em vários países. As ocupações
com alto risco de doenças ou lesões relacionadas ao trabalho incluem
mineração, construção, agricultura, combate à incêndios, pesca
comercial e transporte.
População deslocada e refugiada
Os programas de auxílio têm como alvo as necessidades específicas
de mulheres, crianças e adolescentes, refugiados mais velhos e grupos
étnicos ou sociais em particular. Crianças desacompanhadas e aquelas
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com apenas um dos pais estão em maior risco, pois lhes falta proteção,
atenção física e apoio emocional oferecido pela família. A segurança e o
bem-estar são especialmente difíceis na presença de elementos armados
entre as populações deslocadas ou refugiados. Fatores que colocam os
refugiados e as pessoas internamente deslocadas em risco de graves
consequências de saúde pública e humanitária incluem:
→ Deslocamentos e separação das famílias;
→ Instabilidade social;
→ Aumento da mobilidade;
→ Violência sexual;
→ Exploração e abuso (incluindo HIV/AIDS);
→ Pobreza e insegurança alimentar;
→ Falta de acesso aos serviços de saúde educação e assistência básica;
→ Falta de informações de saúde apropriadas ao idioma e à cultura;
→ Trabalho forçado ou escravidão;
→ Recrutamento forçado por grupos armados;
→ Tráfico;
→ Abdução;
→ Detenção e negação de acesso a procedimentos de asilo ou
reunificação familiar;
Crescimento populacional
A falta de educação, pobreza e dependência da mão-de-obra
humana estão intimamente relacionados ao crescimento populacional.
Os países em desenvolvimento da África e Ásia foram os que
apresentaram crescimento mais rápido. Em contraste, alguns dos países
mais desenvolvidos da Europa, nos últimos anos, apresentaram
crescimentos negativos da população.
Poluição ambiental
Mais de 3 bilhões de pessoas no mundo todo continuam a depender
de combustíveis sólidos como carvão e biomassa, lenha, esterco, palha
e resíduos de agricultura para suas necessidades de energia. A fumaça
em ambientes internos contém uma variedade de poluentes nocivos à
saúde, como partículas pequenas, CO, óxidos nitrosos, óxidos sulforosos
(especialmente do carvão), formaldeído e carcinógenos (benzeno).
De acordo com a OMS, a poluição do ar em ambientes internos leva
a quase 2 milhões de mortes, principalmente em mulheres e crianças em
países em desenvolvimento, e estima-se que cause 3,1% da carga geral
de doença em países em desenvolvimento e 2,7% globalmente.
Poluição da água
De acordo com estimativas, a cada dia, 2 milhões de toneladas de
dejetos humanos são descartados nos cursos de água do mundo e, nos
países em desenvolvimento, 70% dos resíduos industriais também são
descartados nos cursos de água. Uma parte significativa da carga de
doenças relacionadas à água (em particular, doenças propagadas por
agentes vetores relacionados à água) é atribuível à maneira com que os
recursos hídricos são desenvolvidos e manejados.
A agricultura é responsável por cerca de 70-90% do uso de água
doce no mundo e cerca de 7-8% da energia produzida no mundo são
usados para levantar, distribuir e tratar a água subterrânea e residual.
Doenças infecciosas relacionadas à água são uma importante causa de
morbimortalidade no mundo. Para tratar o problema, o Programa Água,
Saneamento e Saúde da OMS concentra-se na qualidade da água potável,
recursos hídricos e manejo de águas residuais em vários países.
Minas terrestres
As minas terrestres matam ou mutilam civis, soldados,
mantenedores da paz, trabalhadores auxiliares e afins. Nas ultimas 5-6
Resumo – Ética planetária e Saúde global | Daniel Pimentel
décadas, as mortes e lesões por minas terrestres totalizaram centenas de
milhares. Em 2010, aproximadamente 200 km² de áreas minadas foram
limpos por 45 grupos, que destruíram mais de 388 mil minas apenas.
Importantes epidemiologias
Malária
Aproximadamente 3,3 bilhões pessoas estão em risco de infecção
por malária a cada ano. A maior parte das mortes ocorre na África
Subsaariana, sendo principalmente crianças < 5 anos. HIV, TB e malária
são as doenças infecciosas que mais matam atualmente, sendo HIV/TB
mais letais. Houve uma queda ou estabilização nos casos de malária,
devido às campanhas e metas para erradicar a doença no mundo, porém
na África Subsaariana ainda é muito prevalente, afetando principalmente
pobres e marginalizados sem acesso adequado à saúde.
EUA foram pioneiros em programas de erradicação da malária,
obtendo sucesso em 1951. Outros países também conseguiram
erradicar. Países de África Subsaariana mudaram os objetivos: reduzir a
transmissão, reduzir o número de casos e reduzir a gravidade. A OMS +
Unicef + Unesco + banco mundial = Rollback Malaria Program (principal
programa mundial atualmente para controle da doença). Fundo Global:
criado em 2002 para financiar o controle de malária, TB e HIV. Plano de
ação global contra malária – objetivos para 2015. Estratégias incluem o
uso de telas inseticidas, aplicação de inseticidas em superfícies, aplicação
de inseticidas em águas paradas, dar diagnóstico correto e usar
tratamento correto (evitar a resistência). ABCD para viajantes
(awareness, bite, chemoprophylaxis, diagnosis).
Tuberculose
Mais de 2 bilhões de pessoas no mundo são infectadas. A maior
parte está na Ásia e África Subsaariana. Índia e china são os principais.
Esforços globais têm contribuído para queda na taxa de infecção. O HIV
é um fator de risco significativo para o desenvolvimento da doença –
sendo um grande impulso para epidemia de TB no mundo, sendo a TB a
principal causa de morte nas pessoas com HIV. A vacina BCG protege as
formas disseminadas e meningite por TB.
A melhoria das condições de vida, acesso à saúde, diminuição de
moradias com “superlotação – cortiços” e o desenvolvimento de terapias
antiTB eficazes contribui para a redução da mortalidade. Estratégia DOT
(directly observed therapy) serve para assegurar a continuidade e a
conclusão do tratamento. O plano global de combate a TB 2006-2015:
reduzir a prevalência de morte do TB, reduzir o sofrimento humano e
carga socioeconômica ligada a TB, prevenir a TB -> estratégia stop TB.
HIV
Está associada a pobreza e a falta de acesso a estratégias de
prevenção. Levou a morte cerca de 1,7 milhão de pessoas. A relação
sexual é o principal meio de transmissão, assim como uso de drogas
injetáveis. A prevenção continua sendo a chave para o controle da
epidemia. Pessoas em risco: profissionais do sexo, homossexuais,
usuários de drogas injetáveis.
Com a epidemia estabelecida e generalizada, as estratégias devem
ser voltadas para todo a população, não apenas para as pessoas em risco.
Métodos de prevenção: estratégia de abstinência, fidelidade e uso de
preservativo, circuncisão masculina, teste voluntários e aconselhamento,
mudanças comportamentais, espermicida, campanhas de
conscientização. Desenvolvimento de estrutura estratégica para diminuir
a carga de TB/HIV – o combate a TB deve incluir o combate ao HIV e o
combate ao HIV deve incluir o combate a TB.
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INSTITUIÇÕES INTERNACIONAIS NA SAÚDE GLOBAL
Introdução
A saúde global enfrenta o acelerado desenvolvimento mundial em
novos espaços institucionais. No século XXI, a saúde das populações
exige ação coletiva que garanta acesso equitativo à atenção sanitária. Ao
mesmo tempo, os processos de globalização criaram um novo quadro
internacional, uma interdependência planetária, produzindo a
diminuição do papel desempenhado pelos Estados, gerando novos
blocos político-econômicos de integração internacional e, em
consequência, novos atores sociais dos diversos campos da saúde global.
Organizações governamentais internacionais
Ao final da 2ª Guerra Mundial foi criada a Organização das Nações
Unidas (ONU). O Reino Unido, EUA e União Soviética reuniram-se com
outros países criando uma organização de cunho político, com função de
zelar pela segurança internacional e, ao mesmo tempo, propiciar o
desenvolvimento econômico, social e, em especial, resguardar os
direitos humanos.
Organização Mundial da Saúde (OMS)
Foi fundada em 1948, com sede na cidade de Genebra, na Suíça. É
composta atualmente por 193 estados-membros da ONU e 2 não
membros (Niue e Ilhas Cook). A OMS é uma das agências especializadas
do sistema das Nações Unidas, sendo responsável pela liderança e
coordenação da ação sanitária no mundo. Tem por objetivo a melhora
da saúde global. E, entre outras responsabilidades, a de estabelecer
normas sanitárias, prestar apoio técnico e vigiar as tendências sanitárias
mundiais. Sua constituição adotada na Conferência Sanitária
Internacional (1946) expressa que:
→ A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social;
→ Gozo máximo da saúde sem distinção de raça, religião ideologia
política, econômica ou social;
→ Dependência da mais ampla cooperação das pessoas e dos Estados.
A OMS conta com 6 escritórios regionais: África, Américas, Ásia Sul-
Oriental, Europa, Mediterrâneo e Pacifico Ocidental. É dirigida pelo
diretor-geral designado pela Assembleia Mundial de Saúde (AMS), por
proposta do Conselho Executivo; este é constituído por 34 membros
eleitos para um período de 3 anos. As principais atribuições do Conselho
Executivo consistem em efetivar as decisões da AMS, que é o órgão
decisório supremo. A AMS se reúne TODOS os anos e tem a principal
função de determinar as políticas a serem seguidas pela OMS e analisar
as propostas de financiamento, revendo e aprovando os orçamentos.
A OMS é financiada por contribuições dos Estados-membros e de
doadores públicos e privados. Nos últimos anos, o montante dos recursos
das contribuições voluntárias para a OMS ultrapassou o proveniente das
quotas dos Estados-membros, o que tem sido criticado por entender-se
que a organização tem orientado sua atividade em virtude desse tipo de
recurso na direção dada pelos doadores.
A OMS defende que a saúde é um importante fator para o progresso
socioeconômico dos países, e que o desenvolvimento sanitário deve ser
dirigido pelo princípio ético da equidade. As funções básicas da OMS:
→ Oferecer lideranças em temas essenciais para a saúde e participar
de alianças quando se requeiram atuações conjuntas;
→ Determinar as linhas de investigações e estimular a produção,
difusão e aplicação de conhecimentos valiosos;
→ Estabelecer normas e promover a aplicação na prática;
→ Formular opções de políticas que garantam os princípios éticos e de
fundamento científico;
Resumo – Ética planetária e Saúde global | Daniel Pimentel
→ Prestar apoio técnico, acelerar a mudança e criar capacidade
institucional duradoura;
→ Seguir de perto a situação em matéria de saúde e determinar as
tendências sanitárias.
Nas últimas décadas do século passado, o papel de liderança da
OMS na saúde global diminuiu e foi crescendo a importância do Banco
Mundial, que se tornou a maior instituição financiadora no setor saúde.
Contudo, no século XXI, parece haver uma retomada da liderança da
OMS, que vem ampliando e diversificando seu campo de atuação.
A OMS coordena esforços internacionais para controlar surtos de
doenças infecciosas, como na pandemia ocasionada pelo H1N1, e passar
a se preocupar com as DCNTs. Também supervisiona a Classificação
Internacional de Doenças (CID-10), Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) e a Classificação
Internacional de Intervenções em Saúde (ICHI). Além disso, vem atuando
na melhoria dietética das populações, no controle do tabagismo e na
promoção da atividade física, além do controle da obesidade.
Em setembro de 1978, a Conferência Internacional sobre Cuidados
Primários de Saúde, realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
em Alma-Ata, na República do Cazaquistão, expressava a “necessidade
de ação urgente de todos os governos, de todos os que trabalham nos
campos da saúde e do desenvolvimento e da comunidade mundial para
promover a saúde de todos os povos do mundo”. A Declaração de Alma
Ata – documento síntese desse encontro – afirmava a partir de dez
pontos que os cuidados primários de saúde precisavam ser
desenvolvidos e aplicados em todo o mundo com urgência,
particularmente nos países em desenvolvimento. Naquele momento,
conforme defesa feita pela própria OMS, a saúde era entendida como
“completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a
ausência de doença ou enfermidade”.
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)
Foi fundada em 1902, com sede em Washington, EUA. Lidera 27
escritórios nos países da América e 3 centros especializados. É a
organização internacional de saúde pública mais antiga do mundo. A
integração às Nações Unidas acontece quando a entidade se torna o
Escritório Regional para as Américas da OMS. A OPAS/OMS também faz
parte dos sistemas da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da
ONU. A Organização exerce um papel fundamental na melhoria de
políticas e serviços públicos de saúde, por meio da transferência de
tecnologia e da difusão do conhecimento acumulado por meio de
experiências produzidas nos Países-Membros, um trabalho de
cooperação internacional promovido por técnicos e cientistas vinculados
à OPAS/OMS, especializados em epidemiologia, saúde e ambiente,
recursos humanos, comunicação, serviços, controle de zoonoses,
medicamentos e promoção da saúde. Todo esse esforço é direcionado
para alcançar metas comuns, como iniciativas sanitárias multilaterais,
traçadas pelos governos que fazem parte da OPAS/OMS, sempre com
uma atenção especial aos grupos mais vulneráveis: mães e crianças,
trabalhadores, idosos, pobres, refugiados e desabrigados.
Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
Foi fundada em 1946, com sede em NY, nos EUA. Tem por objetivo
promover a defesa dos direitos das crianças, ajudar a dar resposta às suas
necessidades e contribuir para o seu desenvolvimento. É a única
organização mundial que se dedica especificamente às crianças.
Atualmente, está presente em 191 países e territórios de todo o mundo.
O Conselho de Administração é o órgão executivo da UNICEF que
fornece suporte intergovernamental, supervisionando a organização, de
acordo com a orientação política da Assembleia Geral da ONU e do
5

Conselho Econômico e Social. O conselho, composto por 36 membros,
supervisiona as atividades da UNICEF e aprova as políticas, programas e
orçamentos da organização.
Sua atuação é fundamentada na Convenção sobre os Direitos da
Criança. Está empenhada em garantir proteção especial para as crianças
mais vulneráveis, principalmente dos países mais desfavorecidos,
incluindo as vítimas de guerra e desastres socioambientais. A instituição
trabalha com programas de cooperação nos campos da educação, saúde
e da proteção contra todas as formas de violência, exploração e abuso.
A estratégia atual adotada para o estabelecimento de um ambiente
protetor para a infância abrange 5 domínios:
→ Reforço dos sistemas nacionais de proteção;
→ Apoio para a mudança social;
→ Promoção da proteção das crianças nos conflitos e desastres
naturais;
→ Coleta de dados e gestão do conhecimento;
→ Mobilização de agentes de mudança.
No campo da saúde, promove ações orientadas para o saneamento
básico, qualidade da alimentação e imunização contra doenças comuns
da infância, também atuando no estímulo de medidas de prevenção e
tratamento da HIV/AIDS entre as crianças e os adolescentes,
participando do Programa das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(UNESCO)
Foi fundada em 1945, com sede em Paris, na França. Tem por
objetivo contribuir para a paz e segurança no mundo mediante a
educação, a ciência, a cultura e as comunicações.
Seu principal objetivo é reduzir o analfabetismo no mundo. Para
isso, a UNESCO financia a formação de professores, uma de suas
atividades mais antigas, e cria escolas em regiões de refugiados. As
atividades culturais da UNESCO procuram proteger o patrimônio cultural
mediante o estímulo de criação e a preservação das entidades culturais
e tradições orais, assim como a promoção dos livros e a leitura.
A UNESCO é uma agência especializada do sistema das Nações
Unidas responsável pelos domínios da educação, ciência, cultura,
comunicação e informações. Seu órgão máximo, a Conferência Geral, é
imposto por representantes dos 195 Estados-membros, reunindo-se a
cada 2 anos. Sua atuação visa criar condições para o diálogo entre os
povos, as culturas e as civilizações, sendo este fundado no respeito dos
valores partilhados por todos. Atualmente, sua estratégia é voltada para
os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Trabalha com 2
prioridades: a África e a igualdade entre os povos.
No campo da saúde, tem se dedicado à questão da HIV/AIDS e das
hepatites virais, principalmente no apoio à educação preventiva na
agenda do desenvolvimento global e nas políticas nacionais, adaptando
a educação preventiva às diferentes necessidades e contextos.
Organização Mundial do Comércio (OMC)
Foi fundada em 1995, com sede em Genebra, na Suíça. Conta com
155 países-membros e tem como funções principais:
→ Administrar acordos baseados no princípio do livre comércio, ↓
barreiras tarifárias e ↓ a utilização das denominadas barreiras não
tarifárias que dificultam a importação de produtos;
→ Apoiar a manutenção das barreiras comerciais para proteger os
consumidores ou impedir a propagação de doenças;
→ Ser fórum para negociações comerciais entre governos, assim como
resolver disputas comerciais;
Resumo – Ética planetária e Saúde global | Daniel Pimentel
→ Monitorar as políticas comerciais nacionais;
→ Dar assistência técnica e treinamento para os países em
desenvolvimento;
→ Cooperar com outras organizações internacionais.
A 4ª Conferência Ministerial de Doha (Rodada de Doha), que teve
início na IV Conferência Ministerial da OMC, tem por objetivo obter uma
grande reforma do sistema de comércio internacional por meio da ↓ das
barreiras comerciais, incluindo a questão da propriedade intelectual das
patentes farmacêuticas, facilitando a disponibilidade de medicamentos.
Acordo TRIPS (Agreement on Trade-Related Aspects of Intellectual
Property Rights) permite, em casos excepcionais, que se autorize o uso
por terceiros (licenças obrigatórias) ou para fins públicos não comerciais
(uso governamental) SEM a autorização do titular da patente.
A OMC recebe críticas à sua atuação, sob o entendimento de que
defende prioritariamente o interesse de grandes grupos transnacionais,
prejudicando a soberania dos países MAIS pobres do globo.
Banco Mundial (DM)
Fundado em 1944, com sede em Washington, EUA. Tem por
objetivo ajudar os países que foram destruídos na 2ª Guerra Mundial
(inicialmente). Fornece financiamentos para governos, que devem ser
destinados essencialmente para infraestrutura de transporte, geração de
energia, saneamento, além de contribuir em medidas de
desenvolvimento econômico e social.
Conta atualmente com 188 países-membros, mas 5 deles detêm a
maior parte das ações: EUA, Japão, França, Alemanha e Reino Unido. O
principal acionista é os EUA, fato que lhe concede o poder de veto em
todas as decisões. O Banco Mundial engloba o Banco Internacional para
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e a Associação Internacional de
Desenvolvimento (AID).
Desde os anos 1980, a influência e a participação do BM em
questões relativas à saúde global vêm se estendendo, chegando a
ultrapassar a importância da OMS em questões de saúde global, em
razão de seu poder econômico, que lhe possibilita financiar inúmeros
projetos nos campos da saúde e da nutrição, assim como no combate da
HIV/AIDS e da malária.
A instituição, apesar de expressar que tem como objetivo a redução
da pobreza, tem sido bastante criticada por defender programas de
ajustes estruturais, privatização, contração do setor público e liberação
econômica, de acordo com as diretrizes do Consenso de Washington,
tendo sido acusada de aprofundar as desigualdades sociais e econômicas
em muitos países que se submeteram as suas diretrizes.
Organizações não governamentais internacionais
Essas organizações são fundações não governamentais nacionais
ou internacionais que não atuam em nome de um Estado, apesar de
dependerem financeiramente do país em que estão situadas, ou de
outros países, como também responderem juridicamente. Sua definição
foi dada pelo Conselho Econômico e Social (ECOSOC), órgão da ONU que
coordena as ações desta e de suas agências e instituições especializadas.
O ECOSOC regula sua participação formal em algumas áreas, a exemplo,
a atuação de algumas ONGs junto à OMS.
Há muita discussão pelo uso do termo “não governamental” como
de uma atuação contrária ou em oposição aos organismos
governamentais internacionais, o que não condiz com a realidade, pois
essas organizações são o espaço de participação da sociedade civil.
Com características de assistência social e humanitária, tinha
diversos objetos de ação no período após a 2ª Guerra Mundial e a Guerra
Fria, passando a representar e defender movimentos associativos
6

privados na proteção dos direitos humanos, meio ambiente, idosos,
crianças, mulheres, saúde, etc.
Podem ter caráter consultivo junto às organizações
intergovernamentais internacionais, e diversas recebem financiamento
do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), BM, UNICEF,
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), dentre
outros. Podem receber financiamento de governos e de fundações
diversas. Atualmente, discute-se o caráter de legitimidade dessas
organizações e a possibilidade de tomarem assento em assembleias
internacionais, como representantes da sociedade civil.
O que se percebe historicamente é que as ONGs se avolumaram a
partir da 2ª metade do século XX, no início como organização que tinham
como meta os direitos humanos tão barbaramente desrespeitados,
tendo ampliado sua atuação para as questões sociais e ambientais nos
anos 70 e forte participação na luta contra HIV a partir dos anos de 80.
Cruz Vermelha (CV)
Foi fundada em 1863, com sede do Comitê Internacional da CV em
Genebra, na Suíça. Tem sua fundação na ideia do comerciante genebrês
Henri Dunant, que propôs a criação de uma organização que atendesse
aos feridos de guerra independentemente de nacionalidade. A
organização primeiramente batizada com o nome de Comitê
Internacional e Permanente de Socorro aos Militares Feridos, conhecida
também como Comitê dos Cinco ou Comitê de Genebra, ganhou o nome
de Cruz Vermelha (CV), em 1863, na primeira Conferência de Genebra.
Como todas as ONGs, ela é considerada internacional por sua área
de ação mundial, mas responde ao direito suíço em que está instalada. É
constituída por uma Assembleia Geral, um Conselho Consultivo e o corpo
diretivo que compreende 5 departamentos, correspondendo a 5 regiões
geográficas: África, América Latina, Ásia, Europa e América do Norte. É
norteada por 7 princípios:
→ Humanidade;
→ Igualdade;
→ Proporcionalidade/Equidade;
→ Imparcialidade;
→ Neutralidade;
→ Independência;
→ Universalidade.
Atualmente, suas atividades estão organizadas mundialmente no
Comitê Internacional da CV, com ações em conflitos armados e outras
situações de violência internacionais, e na Federação Internacional da
CV, com importante atuação na orientação e coordenação de assistência
internacional para vítimas de desastres naturais, catástrofes tecnológicas
e emergências de saúde e aos refugiados. A CV passou a ter importância
para a saúde mundial quando começou a atuar na saúde pública em
tempos de paz, como junto à OMS, nas campanhas anti-TB.
Médicos Sem Fronteiras (MSF)
Foi fundada em 1971, na França. A ideia de criá-la, visando à ajuda
humanitária na área de assistência à saúde, nasceu da necessidade de
um grupo de médicos e jornalistas franceses de intervir nos limites e na
neutralidade que viviam nos trabalhos que realizavam pela CV.
Em 2012, contava com cerca de 22 mil profissionais de diferentes
áreas espalhados por 65 países (África, Ásia, América Latina), oferecendo
cuidados de saúde em situações de crise. As intervenções ocorrem em
todos os lugares em que a população tem suas vidas ou saúde
ameaçadas, seja por viverem situações de guerra, seja por desastres
socioambientais, epidemias, pandemias, atuando também no combate
às doenças negligenciadas. As principais atividades relacionam-se a:
Resumo – Ética planetária e Saúde global | Daniel Pimentel
→ Assistência de saúde primária - centros de saúde e clínicas móveis;
→ Alimentação e nutrição;
→ Saúde materno-infantil;
→ Campanhas de vacinação;
→ Diagnósticos, tratamento e prevenção de doenças específicas
(malária, TB, chagas, HIV/AIDS, etc.);
→ Atendimento aos feridos e cirurgias de guerra;
→ Cuidados de saúde mental;
→ Atendimento às vítimas de violência sexual;
→ Distribuição de alimentos e de itens de abrigo;
→ Construção e manutenção de estruturas de água e saneamento;
→ Recuperação de hospitais e clínicas;
→ Treinamentos de profissionais.
É uma organização humanitária internacional que leva cuidados de
saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias. Também é
missão de MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos
pacientes atendidos em seus projetos. A atuação de MSF é, acima de
tudo, médica. A organização leva assistência e cuidados preventivos a
quem necessita, independentemente do país onde se encontram.
Em situações em que a atuação médica não é suficiente para
garantir a sobrevivência de determinada população – como ocorre em
casos de extrema urgência –, a organização pode fornecer água,
alimentos, saneamento e abrigos. Esse tipo de ação se dá
prioritariamente em períodos de crise, quando o equilíbrio anterior de
uma situação é rompido e a vida das pessoas é ameaçada.
A atuação de MSF respeita as regras da ética médica, em particular,
o dever de oferecer auxílio sem prejudicar qualquer indivíduo ou grupo
e a imparcialidade, garantindo o direito à confidencialidade. Ninguém
pode ser punido por exercer uma atividade médica de acordo com o
código de ética profissional, não importando as circunstâncias, nem
quem são os beneficiários.
Greenpeace
Foi fundada em 1971. Sua atuação é bastante importante e tem se
mantido com o uso da comunicação midiática como instrumento
principal de ação. Sua ação concentra-se no trabalho em favor do
ambiente nos seguintes temas: floresta, clima, energia, oceanos,
agricultura sustentável (transgênicos), tóxicos, além de desarmamento e
promoção da paz, poluição e energia nuclear. Mantém independência
financeira, não recebendo ajuda de governos, empresas ou partidos.
Tem por missão proteger o meio ambiente, promover a paz e inspirar
mudanças de atitudes que garantam um futuro mais verde e limpo para
esta e para as futuras gerações.
Atualmente, está presente em 43 países de todos os continentes,
contando com o apoio de 4.384.000 ciberativistas e mais de 3.875.000
colaboradores. O ciberativismo é sua principal estratégia, atuando por
meio da internet e das redes globais de comunicação.
No Brasil, nossas principais frentes de trabalho são a proteção
da Amazônia e a campanha de Clima e Energia. A sede brasileira da
organização encontra-se em São Paulo, com escritório também em
Manaus e em Brasília. Possui atualmente 35 mil colaboradores e cerca
de 300 voluntários espalhados por 8 capitais brasileiras: Belo Horizonte,
Brasília, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio, Salvador e São Paulo.
Fundações
Outro modelo de ONG são as fundações, com várias delas com
proximidade importante com a saúde mundial. As fundações Ford e
Rockefeller foram importantes na formação da área de educação e saúde
do Brasil. Ambas tinham em suas metas financiar o desenvolvimento de
atividades científicas em universidades e institutos de pesquisa.
7

MIGRAÇÃO E SAÚDE
História
Na história da humanidade sempre existiram deslocações de
pessoas ou grupos dentro dos países e para fora destes. No entanto, as
necessidades e as motivações deste fenômeno têm sofrido alterações
associadas às rápidas mudanças ambientais, demográficas,
socioeconômicas e políticas.
No contexto da migração e saúde, é cada vez mais consensual que
a migração, em si, não representa um fator de risco. Neste sentido, o
impacto da migração na saúde e os determinantes presentes em cada
fase do processo migratório variam com o tipo de migração
(legal/irregular, voluntária/forçada), o ambiente global do país de
origem, trânsito e acolhimento, as políticas de imigração adotadas no
país de chegada, as condições de acolhimento ou o contato mantido com
o país de origem. Assim, o efeito da migração no estado de saúde do
imigrante, bem como os padrões de morbimortalidade, depende de
quem está a migrar, quando migra, de onde emigra, para onde migra e
quais os parâmetros de saúde que estão a ser avaliados.
Ao longo do tempo, diversas organizações públicas e privadas têm
desenvolvido esforços para elaborar e implementar políticas de
imigração que permitam a integração destas populações.
No Brasil, observamos que a política pública de saúde demonstra
despreparo para receber a demanda de imigrantes. São muitos os relatos
sobre barreiras enfrentadas diariamente no acesso à saúde, como
discriminação, desinformação, desrespeito à diversidade cultural e
despreparo dos profissionais. Tudo isso nos faz questionar o princípio da
universalidade. É necessário pensar propostas de enfrentamento, que
possam garantir acesso de todos e todas aos direitos sociais –
previdência, assistência social e, especialmente, o direito à saúde.
Constituição Federal de 1988
Conforme o artigo 196 da CF, a saúde é direito de todos e dever do
Estado, portanto, a universalidade é a garantia de acesso de toda a
população aos serviços de saúde, em todos os níveis de assistência. Ou
seja, todos devem ter acesso gratuito, não importando o sexo, idade,
religião, raça, cor, origem ou nacionalidade. Quando se trata de saúde
pública, é garantido que qualquer pessoa seja atendida, mesmo sem
portar qualquer documento de identificação, como RG, CPF, RNE, cartão
do SUS, entre outros. Porém, verificamos muitas vezes o
descumprimento da Constituição e uma omissão do Estado.
Percebe-se também que há uma falta de informação e de preparo
adequado de profissionais de diversas áreas do sistema de saúde,
enfermeiros e médicos, quanto às especificidades da questão migratória
e direitos dos imigrantes.
Motivos das migrações
→ Políticas: o modelo político do país, a falta de liberdade de
expressão, ausência de jornais privados e a coibição de alguns
regimes políticos são fatores que contribuem fortemente para a
imigração de países aonde as liberdades fundamentais são mais
eficazes e sobretudo respeitadas;
→ Econômicas: o fraco crescimento das economias, acaba por
repercutir em diversos indicadores econômicos como: inflação,
juros e o desemprego, que corroboram para um débil
desenvolvimento das economias. Pelas elevadas densidades
populacionais e má remuneração, existe a tendência de elevados
fluxos migratórios;
→ Religiosas: o combate e a estigmatização de grupos religiosos, a não
aceitação de indivíduos que professam religiões distintas. Em
Resumo – Ética planetária e Saúde global | Daniel Pimentel
grande parte dos países, a intransigência religiosa tem originado
muitas mortes e causado medo, o que justificaria a migração;
→ Étnicas: geralmente são causadas por grupos ou comunidades com
origens étnicas diferentes, que quando instalados numa
determinada região ou área, acabam por expulsar os demais, que
normalmente constituem a minoria;
→ Naturais: normalmente provocadas por secas, inundações,
catástrofes, erupções vulcânicas ou outras intempéries diversas. A
população é obrigada a imigrar com o intuito de sobreviver;
→ Socioculturais: acontece quando os cidadãos acabam por imigrar
para as grandes metrópoles por motivos de ordem cultural, onde
acabam por ficar pelo fato de favorecer o desenvolvimento da sua
atividade: Estudantes, músicos, cientistas e artistas;
→ Turísticas: acontecem quando os cidadãos viajam para um país
como turistas, com o objetivo de passar as férias, ou conhecer
novos locais, e acabam por permanecer e trabalhar;
→ Bélicas: relacionadas com os conflitos armados e guerras civis que
acabam por degradar grande parte das infraestruturas e o tecido
produtivo do país, levando-o às ruinas. Ultimamente esta tem sido
uma das principais causas de grande parte dos principais fluxos
migratórios.
Consequências das migrações
Efeitos sociais no emigrante
As pessoas que emigram levam consigo sua própria cultura, hábitos,
costumes, religião, crenças e estados de saúde, sendo alguns destes
geneticamente preestabelecidas. Do ponto de vista social, o emigrante
tem de adotar um novo ambiente sociocultural que pode levá-lo a
redefinir seu sistema de valores.
A perda das redes de apoio social e o isolamento ou marginalização,
aliados à dificuldade de adaptação a culturas e valores diferentes aos de
seu lugar de origem, podem dificultar o processo de aculturação
(modificação cultural de indivíduo, grupo ou povo que se adapta a outra
cultura). Outras variáveis sociais que podem agravar este processo são
as barreiras de linguagem, os preconceitos sociais e étnicos, o desamparo
jurídico e institucional, e a falta de acesso à previdência social.
Efeitos na saúde do emigrante
A emigração pode ocasionar certas mudanças nos hábitos dos
emigrantes como: alimentação, consumo de álcool e cigarros e
atividades físicas que podem ter consequências diretas em sua saúde.
Isto pode ocasionar mudanças nos padrões de morbidade. Por outro
lado, os emigrantes podem estar expostos à aquisição de novas doenças
endêmicas da população para onde imigraram e para as quais eles não
têm imunidade adquirida.
Na chegada aos países de acolhimento, os imigrantes confrontam-
se com um contexto novo que inclui diferenças do meio ambiente físico
e social, choque de culturas e estilos de vida, barreiras linguísticas,
diferenças nos sistemas administrativos e legais, entre outros. Estas
circunstâncias podem gerar problemas físicos, psicológicos e sociais, que
muitas vezes se associam a outros riscos inerentes ao próprio indivíduo
e ao país de origem. O frequente isolamento social das populações
imigrantes e a estigmatização e discriminação quanto à sua origem
étnica, crenças religiosas ou condição de imigrante condicionam a sua
adaptação e integração na sociedade de acolhimento.
As desigualdades socioeconômicas que estão associadas a
contextos de pobreza, exclusão social e a situações laborais precárias
podem traduzir-se em reduzidas oportunidades de acesso à educação,
informação e utilização dos serviços sociais e de saúde. Estas
desigualdades determinam diferentes graus de exposição a fatores de
8

risco e de proteção, que levam a um aumento da vulnerabilidade, com
consequências ao nível da saúde destas populações.
→ Na Área de Saúde Mental: a migração pode também ter um
impacto negativo na saúde mental dos imigrantes, sugerindo que as
populações imigrantes se encontram em maior risco de vir a sofrer
de doenças mentais, nomeadamente depressão, esquizofrenia e
estresse pós-traumático, como resultado de diversos fatores de
estresse presentes ao longo do processo de migração;
→ Mortalidade Infantil: nos EUA, relatou-se que os filhos de
migrantes porto-riquenhos que viveram maior parte de suas vidas
nos EUA, e aqueles de origem porto-riquenha, porém nascidos nos
EUA, têm índices de mortalidade infantil maiores comparados aos
que recém imigraram ou aos que vivem em Porto Rico. Este achado
é um exemplo de que a migração e a aculturação nem sempre têm
resultados positivos;
→ Sobrepeso e Obesidade: O sobrepeso e a obesidade aumentaram
drasticamente nos últimos anos. Isto se verifica em todas as faixas
etárias e grupos étnicos. No entanto, alguns estudos verificaram
obesidade crescente em imigrantes à medida que aumenta o tempo
de residência nos Estados Unidos. Entre estes, adolescentes
asiáticos e hispânicos nascidos nos Estados Unidos tiveram uma
probabilidade duas vezes maior que a primeira geração de
adolescentes nascidos fora do país.
→ Fumo: o tabagismo entre os imigrantes para os EUA é, em média,
menor que nos nascidos no país do mesmo grupo étnico e na
população em geral dos nascidos nos EUA. Um dado preocupante é
que a proporção de fumantes adolescentes aumentou entre a
população de estudantes latinos de ensino superior. Este dado
indica a necessidade de direcionar as campanhas de intervenção de
combate ao fumo para estes grupos;
→ Abuso de Substâncias Químicas: em geral, os imigrantes nos EUA
têm índices significativamente menores de abuso de substâncias
químicas que os nascidos nos EUA. Isto inclui o uso de álcool, drogas
ilícitas, medicamentos e inalantes. Por outro lado, o tempo de
residência nos EUA foi associado a uma maior taxa de uso de álcool
e drogas ilícitas. Os imigrantes que residem nos EUA por mais de 15
anos têm uma taxa semelhante de uso de drogas ilícitas que a
população nativa, evidenciando assim o impacto negativo do
processo de aculturação. A ausência de estrutura familiar e de
outros mecanismos de apoio à estabilidade individual e aos
comportamentos protetores de saúde pode aumentar a
vulnerabilidade, por perpetuar a exposição a fatores de risco e
favorecer práticas prejudiciais à saúde, como sejam os
consumos/dependência de substâncias (álcool, tabagismo, outras
drogas) e o envolvimento em episódios de violência.
Efeitos nos sistemas de saúde pública
Em 1º lugar, há um ↑ na demanda de serviços, o que requer
profissionais preparados para atender pessoas com idiomas e bagagem
cultural diversos. Isto implica que o país que recebe os migrantes deve
fortalecer suas instituições de saúde por meio da capacitação dos
profissionais de saúde para poder trabalhar com populações
culturalmente diferentes, bem como para prover conhecimentos dos
problemas de saúde que podem ser prevalentes na população imigrante,
quer seja por herança genética ou adquiridos.
O acolhimento dos imigrantes ilegais implica em determinados
riscos, principalmente porque, dada sua condição de ilegalidade, estas
pessoas tendem a evadir-se ou não têm acesso aos serviços médicos e,
possivelmente, menos ainda aos serviços de prevenção. A maioria não
tem seguro de saúde e utilizam os serviços públicos, particularmente os
ambulatórios e emergências. Isto pode acarretar piora de doenças
crônicas, o que por sua vez ↑ o risco do paciente e pode elevar o custo
dos serviços médicos.
Resumo – Ética planetária e Saúde global | Daniel Pimentel
O direito à saúde foi considerado como um direito inclusivo, que
não só abrange a atenção apropriada de saúde, como também dos
principais determinantes tais como acesso à água potável e condições
sanitárias adequadas, provisão de alimentos, nutrição, moradia digna e
acesso à educação. Neste contexto, para os governos que têm de
enfrentar os efeitos da mobilidade das populações, preservar os direitos
humanos dos imigrantes é fundamental e representa um grande desafio.
Tipos de migração
Quanto ao espaço de deslocamento
→ Migração Internacional: de um país para outro;
→ Migração Interna: dentro de um mesmo país, subdividindo-se em:
― Êxodo Rural ou Migração Campo-Cidade: migração em massa
dos trabalhadores do campo para as cidades;
― Migração Cidade-Cidade: fluxo de pessoas migrando entre as
diferentes cidades em um mesmo território;
o Migração Inter-Regional: de um Estado para outro;
o Migração Intra-Regional: dentro do mesmo Estado.
Quanto ao tempo de permanência
→ Migração Definitiva: em que a pessoa passa a residir
permanentemente no local para o qual migrou;
→ Migração Temporária/Sazonal: em que o migrante reside apenas
por um período pré-determinado no lugar para o qual migrou, como
é o caso dos boias-frias;
→ Migração Pendular: é aquela que as pessoas realizam todos os dias,
quando vão de casa para o trabalho ou para a escola. Funciona
como um pêndulo, que vai e volta para o local de onde veio.
Quanto à forma
→ Migração Espontânea: quando o sujeito planeja,
espontaneamente, migrar para outra região, seja por motivo
econômico, político ou cultural;
→ Migração Forçada: quando o indivíduo se vê obrigado a migrar de
seu lugar de origem, geralmente ocorrendo por catástrofes
naturais, como, por exemplo, a seca que atingiu o nordeste
brasileiro no final do século XIX.
Quanto ao controle
→ Legal ou Regular: é aquela que obedece às normas exigidas;
→ Ilegal ou Irregular ou Clandestinas: ocorre fora do âmbito das
normas reguladoras dos países de envio, de trânsito e acolhimento.
Migrantes e saúde
Apesar do direito universal à saúde ser reconhecido, na prática as
restrições impostas aos imigrantes (sobretudo aos que estão em situação
irregular) podem determinar o acesso aos cuidados de saúde. As
restrições no acesso impostas aos imigrantes em situação irregular e o
receio de denúncia desta condição pode fazer com que estes evitem os
serviços de saúde e recorram à automedicação, à medicina alternativa e
a serviços em que a documentação não é um fator determinante de
atendimento – urgências, farmácia, unidades móveis etc.
Esta situação pode levar a que apenas recorram aos serviços de
saúde em fase avançada de doença, conduzindo a situações de maior
gravidade e custos mais elevados com a saúde.
9
 Resumo – Ética planetária e Saúde global | Daniel Pimentel

ÉTICA, EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE transmissíveis, a proteção dos grupos vulneráveis, a solução do problema
sanitário urbano e a redução dos riscos de saúde relacionados à
Definição de sustentabilidade contaminação e aos perigos ambientais.

Sustentabilidade é a realidade do equilíbrio, em que o ser humano
convive com a natureza, respeita a interação entre o mineral, o vegetal e
o animal, deixando a biodiversidade seguir seu curso lógico, e cuida do
ambiente cultural, da existência e da vida. Na prática, a sustentabilidade
está definida como a capacidade que o indivíduo ou um grupo de
pessoas tem em se manterem dentro de um ambiente sem causar
maiores impactos a esse ambiente. O tripé da sustentabilidade:
Ambiente Social Economia
Ainda em 92 são criados os NEAS - Núcleos Estaduais de Educação
Ambiental do IBAMA, e em 93 são criados os Centros de Educação
Ambiental do MEC, com a finalidade de criar e difundir metodologias de
Educação Ambiental.
A saúde numa sociedade surge como uma construção histórica,
pelo seu modo de produção e consumo. A equidade na saúde é essencial
para um desenvolvimento sustentável e para uma melhor qualidade de
vida e bem-estar, contribuindo para a paz e a segurança.

Políticas Públicas Sustentabilidade no Brasil: Rio+20

Energia
Investimentos A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Água Comunitários Sustentável (Rio+20), foi realizada em 2012, no RJ. Marcou os 20 anos
da realização da Eco-92 e contribuiu para definir a agenda do
Gases do Efeito Estufa Condições de desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. O objetivo foi a
Transparência
Emissões Trabalho Contábil; renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável,
avaliando os avanços alcançados, bem como identificando lacunas na
Redução de Saúde/Nutrição Governança implementação das agendas e considerando os novos desafios surgidos.
Desperdício/Lixo Corporativa Teve dois temas principais:
Diversidade
Reciclagem; Performance → A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e
Diretos Humanos
Econômica da erradicação da pobreza; e
Reprocessamento/Reuso Investimentos → A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
Social Objetivos
Limpeza Verde Financeiros Propõe-se, assim, que os Estados-Membros e as agências das
Responsável
Nações Unidas, a sociedade civil e os acadêmicos presentes à Rio+20:
Agricultura/ Alimentos
Orgânicos Anticorrupção e
→ Fortaleçam o multilateralismo, procurando a adequação das
suborno
estruturas das Nações Unidas e das demais instituições
Biodiversidade
Segurança internacionais ao desafio do desenvolvimento sustentável;
→ Reconheçam a saúde como condição sine qua non para o
desenvolvimento econômico, social e ambiental e vista
internacionalmente não apenas de forma individual, mas em sua
Contexto histórico dimensão coletiva. Nesse sentido, políticas de proteção, promoção
A industrialização e a urbanização crescentes auxiliam na expansão e atenção à saúde representam prioridade para a sustentabilidade
dos processos de contaminação e poluição do solo, das águas e do ar. das demais medidas empreendidas nacional e internacionalmente.
Técnicas impróprias na agropecuária, o uso exagerado de agrotóxicos, o Considerações sobre a saúde devem perpassar as políticas de todos
desmatamento, as queimadas, e a geração cada vez maior de resíduos os demais setores;
são alguns dos indicadores que ainda nos distanciam da sustentabilidade. → Que as políticas de saúde sejam orientadas pelos seguintes eixos:
atenção integral à saúde, universal e com qualidade; ação sobre
Em 1992, no RJ, representantes de 170 países reuniram-se na os determinantes sociais da saúde; e ativa participação na
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e cooperação multilateral em prol da sustentabilidade. Todos
Desenvolvimento (Eco-92 / Rio-92 / Cúpula da Terra), onde concluíram integrantes do marco "saúde enquanto direito”;
que era necessário aliar crescimento socioeconômico com o uso racional → Contribuam para a redução das desigualdades sociais e ambientais
dos recursos naturais, a fim de atender às necessidades das atuais que determinam a saúde, globalmente e em cada país – em parte,
sociedades e das gerações futuras. Esses países aceitaram o desafio de as mesmas que determinam a sustentabilidade ambiental;
incorporarem em suas políticas públicas propostas que os conduzissem → Orientem seus sistemas de saúde para a universalidade e
ao desenvolvimento sustentável. A Agenda 21 foi um dos principais integralidade, explorando todas as formas possíveis para esse fim
resultados da Eco-92. É um documento que estabeleceu a importância na dimensão nacional e a intensificação da cooperação em âmbito
de cada país a se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a internacional. Os sistemas de saúde devem incluir em suas práticas
forma pela qual governos, empresas, ONGs e todos os setores da a participação social e o permanente diálogo entre os Estados e
sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas entre estes e os mecanismos internacionais pertinentes,
socioambientais. Cada país desenvolve a sua Agenda 21 e no Brasil as constituindo-se um espaço privilegiado de governança;
discussões são coordenadas pela Comissão de Políticas de → Adotem atitude incisiva para eliminar a circulação de doenças,
Desenvolvimento Sustentável (CPDS) e da Agenda 21 Nacional. Ela se sobretudo daquelas imuno-preveníveis, criando-se territórios livres
constitui num instrumento de reconversão da sociedade industrial rumo de doença em benefício das populações locais, nacionais e dos
a um novo paradigma, que exige a reinterpretação do conceito demais países. Nesse sentido, torna-se indispensável a ampliação
de progresso, contemplando maior harmonia e equilíbrio holístico entre da capacidade de produção internacional suficiente, acessível e
o todo e as partes, promovendo a qualidade, não apenas a quantidade segura de vacinas, sobretudo para o atendimento dos países em
do crescimento. Refere-se explicitamente à proteção e a promoção da desenvolvimento, cabendo priorizar ações sobre as doenças que
saúde humana, estabelecendo os objetivos de expandir a atenção afetam de forma desproporcional os países mais pobres como
primária à saúde, especialmente nas áreas rurais, o controle das doenças dengue, malária e cólera;
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→ Empreendam intervenções precoces sobre DCNTs, tendo em vista
sua alta incidência e o envelhecimento populacional, de modo a
impedir que sejam agravadas, acarretando grave sobrecarga para
famílias, Governos e populações. O acesso a medicamentos para
tratamento continuado e ações educativas reduzem os impactos
que essas condições acarretam ao desenvolvimento econômico e à
estabilidade política pelo seu caráter crônico e incapacitante;
→ Concedam aos desastres naturais e situações de violência, atenção
e medidas de assistência sempre que extrapolem as capacidades
dos países atingidos para lidar com suas consequências. Medidas
específicas merecem ser discutidas internacionalmente de modo a
evitar que essa assistência esteja dependente do voluntarismo e
com precária coordenação e duplicidade de esforços. Parâmetros
mínimos de engajamento podem ser estabelecidos de comum
acordo entre países de forma que nenhuma vítima de catástrofes
ou violência permaneça sem socorro;
→ Promovam ação firme de Vigilância em Saúde relacionada às
substâncias químicas com alto potencial tóxico que permanecem
em uso, sobretudo por populações empobrecidas nos países em
desenvolvimento causadoras de danos significativos à vida humana
e de sobrecarga aos sistemas de saúde. O banimento e a adoção de
alternativas tecnológicas como meio de acesso e redução de custos
de seus substitutos e de programas educacionais para usuários,
sobretudo em usos extensivos como na agricultura ou na
construção civil são ferramentas importantes nesse processo;
→ Reconheçam que as medicinas tradicionais e populares podem ser
exploradas com bons resultados, sobretudo em países em
desenvolvimento onde representam o recurso mais
frequentemente disponível para preservação da saúde. A valoração
desse conhecimento, quando associado a elementos da
biodiversidade, é importante não apenas para essas comunidades,
mas como fonte de pesquisa para novos tratamentos. A
regulamentação e o respeito à repartição de benefícios decorrentes
de seu uso representam um recurso a mais para a promoção da
conservação da biodiversidade e para a sustentabilidade.
Ética planetária
Por Ética Planetária entende-se o estabelecimento de princípios
que determinam ações no sentido de bem-estar planetário, ou seja,
ações que caracterizam a integridade relacional dos seres humanos entre
si e para com a natureza. Enfatiza o cuidado e a solidariedade com toda
a forma de vida no planeta, chamando a atenção para a responsabilidade
humana com vistas ao futuro. Desse modo, tanto a responsabilidade
como a solidariedade são elementos marcantes e contribuem para a
definição de ética planetária.
Sendo assim, o Desenvolvimento Sustentável proposto pela ética
planetária, relacionado à dimensão social, política, econômica e
ambiental, aponta para relações humanas marcadas pela solidariedade,
pelo respeito, pela dignidade e pela aceitação incondicional do outro,
tornando-se uma ética que valoriza a alteridade (natureza ou condição
do que é distinto) em escala planetária. As diferenças e a diversidade
devem ser consideradas como formas de crescimento e valorização da
criatividade em nosso mundo. A ética planetária supõe a moderação e a
simplicidade, em que cada ser humano consuma apenas o suficiente para
sanar as suas necessidades reais. Chama-se a isso de justiça social,
imprescindível para a promoção da vida, essência da ética planetária. Os
10 princípios da Ética Planetária:
→ Viva de uma maneira que satisfaça suas necessidades básicas sem
tirar dos outros a oportunidade de satisfazerem as deles;
→ Viva de uma maneira que respeite o direito inalienável de todas as
pessoas à vida e ao desenvolvimento, onde quer que elas vivam e
quaisquer que sejam suas origens étnicas, sexo, nacionalidade,
posição social e sistema de crenças;
Resumo – Ética planetária e Saúde global | Daniel Pimentel
→ Viva de uma maneira que respeite o direito intrínseco à vida e a um
ambiente que dê apoio à vida de todas as coisas que vivem e
crescem na Terra;
→ Busque a felicidade, a liberdade e a realização pessoal em harmonia
com a integridade da Natureza e levando em conta as buscas
similares de seus semelhantes na sociedade;
→ Exija de seu governo que se relacione com os outros povos e países
pacificamente e em espírito de cooperação, reconhecendo as
aspirações legítimas de todos os membros da comunidade
internacional por uma vida melhor e um meio ambiente saudável;
→ Exija das empresas que manifestem preocupação pelo bem-estar de
todos os stakeholders e pela sustentabilidade do meio ambiente,
produzindo bens e oferecendo serviços que satisfaçam a demanda
corrente sem degradar ou poluir a natureza, sem reduzir as
oportunidades das pessoas pobres de participar da economia, nem
as oportunidades das empresas locais de competir no mercado;
→ Exija dos meios de comunicação que divulguem informações
contínuas e confiáveis sobre as tendências básicas e os processos
cruciais, assim permitindo que os cidadãos e os consumidores
tomem decisões abalizadas sobre questões que afetem sua saúde,
sua prosperidade e seu futuro;
→ Abra espaço em sua vida para ajudar os menos favorecidos a viver
com dignidade e trabalhe com pessoas de mente semelhante à sua,
próximas ou distantes, para preservar ou restaurar os equilíbrios
essenciais do meio ambiente;
→ Desenvolva sua consciência para perceber a interdependência vital
e a unidade essencial da família humana, para aceitar e apreciar sua
diversidade individual e cultural e para reconhecer que uma
consciência se alçando à dimensão planetária é um imperativo para
a sobrevivência humana no século XXI;
→ Use o exemplo e a orientação de sua consciência em expansão para
inspirar e motivar todos os jovens (e pessoas de todas as idades) a
desenvolverem aquele espírito que lhes dará o poder de tomar
decisões morais sobre as questões críticas que decidirão o futuro
deles próprios e o futuro de toda a humanidade.
Educação planetária e ambiental
A Educação Planetária é um processo que permite aos educandos
uma compreensão crítica e global do meio ambiente. Proporcionando
desde cedo o desenvolvimento de uma educação de valores que permita
a adoção de posição crítica, porém participativa, frente às questões
relacionadas com a utilização dos recursos naturais, sendo também um
instrumento relevante para a construção de novas alternativas de
desenvolvimento e conservação da diversidade biológica e cultural do
local onde vive, possibilitando uma preservação a nível global.
Uma educação planetária que procure o conhecimento dessa nova
identidade que é ao mesmo tempo individual e cósmica, é um desafio à
nossa prática docente e deve iniciar-se na sala de aula. Tratando sempre
com equidade e respeito todas as particularidades de ideias, origens,
crenças, etnias e gênero.
Importância do professor
A formação de professores, segundo a UNESCO, “implica a
aquisição de conhecimentos, atitudes, habilidades e condutas
intimamente associados ao campo profissional”. Por isso, a formação
docente deve propiciar instrumentos que permitam aos professores
alcançarem uma maior autonomia (autoconhecimento) e uma
maturidade suficiente para desenvolver, em sua profissão, o máximo de
seu potencial educativo.
Quando nos referimos à escola, não a estamos considerando como
projeto acabado, com uma organização ideal de currículo e um perfil
ideal de professores e estudantes. Ela é identificada, também e
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 Resumo – Ética planetária e Saúde global | Daniel Pimentel

principalmente, com as tensões, os desequilíbrios, os sofrimentos e os → http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=376

anseios que refletem as confusas relações entre as pessoas na escola e → http://www.uel.br/pos/mestredu/images/stories/downloads/diss
na sociedade, tecidas de unidade e diversidade, dependência e ertacoes/2010/2010%20-%20ZUBEN,%20Reginaldo%20Von.pdf
autonomia, invariância e mudança, abertura e fechamento, harmonia e
conflito, igualdade e diferença, esperança e medo. OBSERVAÇÃO

A formação dos professores e a sua prática são assim afetadas pela Este material foi organizado, modificado e atualizado a partir dos
natureza multirreferrencial do paradigma (padrão) emergente. Por isso, resumos do estudante Rodrigo Marques Saldanha.
ao professor deve-se dar a oportunidade de desenvolver as capacidades
de identificar, analisar e operacionalizar sua ação tendo em conta, de um
lado, as complexas variáveis encontradas no interior da escola, e, de
outro, aquelas localizadas no entorno do sistema. O professor, então,
apto a promover uma indagação-reflexão sobre a natureza, as etapas e
os limites do conhecimento pedagógico, não ficará reduzido a executor
de projetos alheios ou de programas acabados e anacrônicos. O
professor passa a ser equilibrista — movendo-se na corda bamba
estendida entre o ser e um dever ser, — e tecelão — apto a relacionar,
vincular e entrelaçar essência e existência, imanência (caráter daquilo
que tem em si o próprio princípio e fim) e transcendência (caráter daquilo
que tem uma causa que lhe é exterior e superior).

A escola deve promover um programa de procedimentos

diversificados e sistemáticos, organicamente estruturados e voltados
para o aperfeiçoamento e a atualização permanentes de seus agentes
formadores. Ela precisa também considerar esses agentes em sua
totalidade humana, contribuindo para o desenvolvimento de todas as
suas potencialidades: profissionais, bio-fisiológicas, intelectuais,
emocionais, espirituais e sociais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Caso 01

→ Compreendendo a Saúde Global - Markle

→ http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v23n2/0104-1290-sausoc-23-2-
0366.pdf
→ http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40141999000100003
→ https://prezi.com/n5wtmcoyvk_f/o-que-e-transicao-
epidemiologica/

Caso 02

→ Fontes: Saúde Global – Paulo Antônio de Carvalho Fortes e Helena

Ribeiro – editora Manole – 2014
→ https://infoonu.wordpress.com/2012/11/12/programas-fundos-e-
agencias-especializadas/
→ http://www.uc.pt/fluc/gigs/GeoHealthS/doc_apoio/migracoes_e_
saude.pdf
→ http://www.msf.org.br/quem-somos
→ http://www.greenpeace.org/brasil/pt/quemsomos/
→ https://saudeglobal.org/2013/03/31/direito-dos-imigrantes-ao-
sistema-publico-de-saude/
→ http://brasilescola.uol.com.br/geografia/tipos-migracao.htm
→ http://pt.slideshare.net/lidia76/migracoes-causas-e-
consequencias

Caso 03

→ http://www.fiocruz.br/omsambiental/media/SaudeRio20documor
ientadorMS.pdf
→ https://geografiahumanista.files.wordpress.com/2009/11/temizia.
pdf
→ http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpeds
ul/paper/viewFile/514/484
→ http://books.scielo.org/id/4r/pdf/boaventura-9788523208936-
13.pdf
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