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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO

ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA – COMARCA BELÉM-PARÁ.

EDILENA NEVES REALE, brasileira, casada, professora inativa, portadora da

cédula de identidade R.G. Nº 4228819 e inscrita no CPF sob o nº 094.787.012-15,

residente e domiciliada na Área Especial 04, Lotes I/J Bloco 03, Apartamento 308,

Condomínio Sports clube, Guara, CEP: 71070-640, Brasília-DF, por meio de seus

advogados subscritos (procuração em anexo), com endereço profissional no

rodapé desta exordial, e-mail: figueiredoesena.adv@gmail.com, vem,

respeitosamente, perante Vossa Excelência, ajuizar a presente ação

AÇÃO CONDENATÓRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, C/C REPETIÇÃO DE


INDÉBITO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS PAGAS A MAIOR, C/C
DANO MORAL E PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

Com fulcro nos artigos 300, 319 do CPC/15, em face do INSTITUTO DE

GESTÃO PREVIDENCIÁRIA DO ESTADO DO PARÁ - IGEPREV, pessoa jurídica

de direito público, inscrita sob o CNPJ n.º 05.873.910/0001-00, representado pela

sua Procuradoria Autárquica, cujo Procurador Chefe está localizado na Av.

Alcindo Cacela, 1982 - CEP 66.040-020, Nazaré, Belém – Pará, telefone de

Avenida Governador Magalhães Barata, 651- Edifício Belém Office Center,


Térreo, sala 04, Nazaré, Belém - PA, 66063-240.
figueiredoesena.adv@gmail.com
91-983389709
contato:(91) 3198-1700, e-mail: faleconosco@igeprev.pa.gov.br; e o ESTADO DO

PARÁ, pessoa jurídica de direito público, inscrito sob o CNPJ n.º

05.054.861/0001-76, representada pela Procuradoria Geral Estado - PGE, cujo

Procurador Geral do Estado está localizado na Rua dos Tamoios nº 1671, Bairro

de Batista Campos, CEP: 66.025-540, Belém/PA pelas seguintes razões de fato e

de direito a seguir:

I - DOS FATOS
A requerente exerceu o cargo de professora Classe III, lotada no município

de Belém-PA, solicitou na Secretária de Estado de Educação do Estado do Pará –

SEDUC/PA pedido de aposentadoria voluntária (art. 112 da Lei 5.810/94) em

07/08/2018, processo nº 2018/1236955 (protocolo anexo).

Ao constatar a demora excessiva (que perdura por mais de 2 anos) para

conclusão do seu pedido de aposentadoria voluntária, a requerente procurava

regularmente o Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Pará –

IGEPREV/PA para ter informações sobre o motivo da demora da análise de seu

requerimento, sendo informada que o setor responsável pela análise estava com

déficit de servidores e não haveria uma data para análise do seu pedido.

Tal justificativa é de ordem funcional e a Administração Pública não pode

transferir a responsabilidade pelo seu mau desempenho aos administrados,

portanto, trata-se de omissão injustificada em não apreciar o pedido

administrativo formulado pela requerente, ofendendo, assim, aos princípios


constitucionais da legalidade, eficiência, isonomia, razoabilidade, razoável
duração do processo e celeridade processuais, estando caracterizada a lesão

ao direito da mesma.

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Cabe ressaltar que, por culpa da demora injustificada na análise do

pedido de aposentadoria, a requerente vem mês a mês sendo descontada

indevidamente (descontos a maior) em sua remuneração. A título de exemplo o

FINANPREV (contribuição previdenciária), com descontos em média de R$

600,00 (seiscentos) mensais, trazendo enorme prejuízo a requerente, uma vez

que sua remuneração tem caráter alimentar.

Diante de tal situação, não resta dúvida do direito da requerente de obter

uma resposta em tempo razoável para seu pedido de aposentadoria, uma vez,

que até a presente data não obteve análise de seu pleito e, por conseguinte de

ser restituída (repetição de indébito) dos valores indevidamente descontados de

sua remuneração a título de contribuição previdenciária em decorrência da

demora injustificada da requerida para análise do pedido administrativo de

aposentadoria. Pelo que vem socorrer-se do Poder Judiciário para dirimir a

injustiça pela qual a requente vem passando.

II.I - DA PRIORIDADE PROCESSUAL


O art. 1.048, inciso I do Código de Processo Civil garante aos idosos e aos

portadores de doença grave que tenham prioridade de tramitação em qualquer

juízo ou tribunal, inverbis:

Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou


tribunal, os procedimentos judiciais:

I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual


ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave,
assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6o, inciso
XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988;
[...]
§ 1 o A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova
de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade judiciária competente

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para decidir o feito, que determinará ao cartório do juízo as
providências a serem cumpridas.

§ 2º Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria


que evidencie o regime de tramitação prioritária.

§ 3º Concedida a prioridade, essa não cessará com a morte do


beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite ou do
companheiro em união estável.

§ 4º A tramitação prioritária independe de deferimento pelo órgão


jurisdicional e deverá ser imediatamente concedida diante da
prova da condição de beneficiário (grifo nosso)

Logo, temos que a requerente faz jus a prioridade de tramitação, pois

conforme os documentos pessoais do autor anexados à exordial, constata-se que

a requerente possui 67 (sessenta e sete) anos de idade.

II.II – DA JUSTIÇA GRATUITA


A requerente requer a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita, uma

vez que é pessoa humilde, afastada das suas atividades laborais aguardando

deferimento de sua aposentadoria e não pode arcar com as custas processuais

sem prejuízo do seu próprio sustento e da sua família. Portanto, a requerente é

pobre, nos termos legais, e faz jus ao benefício processual. Inteligência dos arts.

98 e 99, §3º do CPC/15, o art. 5º, LXXIV, CF/88.

III – DA LEGITIMIDADE PASSIVA

O Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Pará - IGEPREV é parte

legítima para figurar no polo passivo da presente demanda por ser a Autarquia

Estadual responsável pela Gestão dos benefícios previdenciários do Regime

Próprio de Previdência dos Servidores do Estado do Pará, conforme art. 60 e 60-

A da Lei Complementar 39/2002, in verbis:

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Art. 60. Fica criado o Instituto de Gestão Previdenciária do
Estado do Pará - IGEPREV, autarquia estadual, com sede e foro
na Capital do Estado do Pará, vinculada à Secretaria Especial de
Estado de Gestão, dotada de personalidade jurídica de direito
público, patrimônio e receitas próprios, gestão
administrativa, técnica, patrimonial e financeira
descentralizadas.

Art. 60-A. Cabe ao IGEPREV a gestão dos benefícios


previdenciários de que trata a presente Lei Complementar,
sob a orientação superior do Conselho Estadual de Previdência,
tendo por incumbência:

I - Executar, coordenar e supervisionar os procedimentos


operacionais de concessão dos benefícios do Regime Básico de
Previdência.

II - Executar as ações referentes à inscrição e ao cadastro de


segurados e beneficiários;

III - processar a concessão e o pagamento dos benefícios


previdenciários de que trata o art. 3º desta Lei;

IV - Acompanhar e controlar o Plano de Custeio Previdenciário.


(Grifo nosso)

Ademais, o Regimento Interno do Instituto de Gestão Previdenciária do

Estado do Pará – IGEPREV, Decreto Estadual n.º 1.751, de 30 de agosto de 2005,

atribui competência para análise e concessão das aposentadorias à Gerência de

Cadastro e Habilitação – GECAH, setor que o compõe a estrutura administrativa

e funcional do IGEPREV, senão vejamos:

Subseção I
Da Gerência de Cadastro e Habilitação

Art. 20. À Gerência de Cadastro e Habilitação - GECAH,


diretamente subordinada à Diretoria de Previdência, compete,
coordenar, supervisionar, controlar e avaliar as atividades de
cadastro e habilitação de beneficiários do regime próprio de
previdência dos servidores do Estado do Pará, cabendo-lhe
especificamente:
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I - Analisar a documentação exigida para habilitação aos
benefícios previdenciários e instruir, examinar e processar os
pedidos de concessão, revisão e atualização de valores de
pensão e aposentadoria; (grifo nosso)

Desta forma, a Autarquia requerida possui total gerência sobre os

proventos previdenciários sob sua responsabilidade, uma vez que é autarquia que

possui personalidade jurídica para figurar no polo passivo da demanda

e autonomia financeira para responder por eventuais ônus advindos de suposta

condenação judicial, além disso, é responsável pela análise dos pedidos de

concessão de aposentadoria, em razão do disposto nos artigos 60 e 60-A da Lei

Complementar 39/2002 c/c art. 20 do Decreto Estadual n.º 1.751/05.

Por sua vez, o Regulamento Geral do Regime Próprio de Previdência Social

do Estado do Pará, que dispõe sobre a constituição, organização e tramitação de

processos referentes a benefícios previdenciários do Regime Próprio de

Previdência do Estado do Pará e demais processos de competência do

IGEPREV/PA, determina que os processos de aposentadores devem ser

protocolados inicialmente no órgão de origem do servidor, senão vejamos o art.

5º do referido regulamento:

Art. 5º - Os requerimentos de aposentadoria, reserva remunerada,


reforma e abono de permanência devem ser formulados perante o
órgão/entidade de origem do servidor/militar e, após a devida
instrução documental, encaminhados ao Protocolo Previdenciário
do IGEPREV, o qual realizará a conferência da documentação. (grifo
nosso)

Parágrafo único – O processo regularmente instruído deve ser


encaminhado ao Núcleo de Registros e Contribuições e Tempo de
Serviço - NURC para elaboração de histórico das contribuições
previdenciárias, salvo os abonos de permanência, que serão
encaminhados diretamente à Gerência de Cadastro e Habilitação –

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GECAH. Constatada irregularidade na documentação, o processo deve
retornar ao órgão/entidade de origem para fins de regularização.

Desse modo, no caso concreto, o processo n.º 2018/1236955, datado de

07/08/2018 (protocolo anexo) foi protocolado na Secretaria de Estado de

Educação do Estado do Pará – SEDUC/PA, órgão que integra a Administração

Direta do Estado do Pará, o que torna o ESTADO DO PARÁ parte legítima para

figurar no polo passivo da presente demanda.

Por todo exposto, conclui-se que ambos os requeridos devem compor o

polo passivo da presente demanda, na condição de litisconsorte passivo.

IV - DA TUTELA DE URGÊNCIA (ART. 300 DO CPC/2015)

Para a concessão da TUTELA DE URGÊNCIA, o art. 300 do CPC/15 exige

o preenchimento de dois requisitos básicos, quais sejam: a probabilidade do

direito e o perigo de dano.

No caso em questão, é mais que sensível a probabilidade do direito ora

postulado, a qual se fundamenta nos princípios norteadores da Administração

Pública, que sejam: Legalidade, Moralidade, Publicidade, Impessoalidade e

Eficiência (art. 37, caput, da CF/88). Ademais, a Constituição Federal de 1988

garantiu como direito fundamental a observância da duração razoável do

processo, entre os quais se inclui o processo administrativo de concessão do

benefício de aposentadoria (art. 5º, inciso LXXVIII da CF/88).

Tem-se ainda, o direito do servidor de se afastar de suas atividades laborais

para aguardar sua aposentaria e obter uma resposta em tempo razoável para seu

pedido (art. 112, § 4º da Lei Estadual n.º 5.810/94 c/c art. 323 da Constituição do

Estado do Pará).

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Por sua vez, a existência do perigo de dano é presumível, por já

perdurarem mais de 2 anos de solicitação do benefício (conforme protocolo

em anexo) sem nenhuma resposta do ente responsável pela concessão, sem

falar nos descontos debitados no contracheque da requerente como servidora

ativa, a título de exemplo o FINANPREV (com descontos em média de R$

600,00 (seiscentos) mensais, trazendo enorme prejuízo a requerente, uma vez

que sua remuneração tem caráter alimentar.

Destaca-se, que em situações análogas, o Egrégio Tribunal de Justiça do

Estado do Pará – TJ/PA, manteve em sede de Agravo de Instrumento a decisão

proferida em 1º grau concedendo tutela antecipada determinando que o

IGEPREV proceda a conclusão da análise do processo administrativo no prazo de

45 (quarenta e cinco) dias, conforme jurisprudência abaixo apresentada:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA.


DEMORA INJUSTIFICADA NA CONCESSÃO DE
APOSENTADORIA. DETERMINAÇÃO AO IGEPREV DE ARCAR
COM O PAGAMENTO DO SALÁRIO E DE ENCERRAR O
PROCESSO ADMINISTRATIVO EM 45 DIAS. RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A agravada
impetrou mandado de segurança em face do Gerente de
Cadastro e Habilitação do Instituto de Gestão Previdenciária do
Estado do Pará? IGEPREV diante da morosidade para a concessão
de sua aposentadoria. 2. O juízo de primeiro grau deferiu a
liminar para determinar que o IGEPREV continuasse efetuando o
pagamento da remuneração da agravada enquanto perdurasse
o processo administrativo de concessão de aposentadoria
voluntária, o qual deveria se encerrar no prazo de 45 (quarenta e
cinco) dias, sob pena de aplicação de multa diária no valor de
R$1.000,00 (mil reais). 3. Porém, como ainda não houve a
concessão de aposentadoria, o IGEPREV não é o responsável pelo
pagamento da remuneração da agravada, a qual é paga pelo
Estado do Pará. 4. Já em relação à determinação de que o
IGEPREV conclua o processo administrativo de
aposentadoria da agravada no prazo de 45 (quarenta e cinco)
dias sob pena de multa diária, entendo que agiu
corretamente o juízo de primeiro grau, tendo em vista haver
provas nos autos de que o requerimento ocorreu em

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27/01/2009, conforme documento de fl. 29, não havendo
justificativas plausíveis para que o processo se prolongue por
tantos anos sem que haja uma resposta do Poder Público
acerca do pedido da agravada. 5. Recurso conhecido e
parcialmente provido. (2016.04274555-86, 166.586, Rel. JOSE
MARIA TEIXEIRA DO ROSARIO, Órgão Julgador 4ª CAMARA
CIVEL ISOLADA, Julgado em 2016-10-17, publicado em 2016-10-
25) (grifo nosso)

Por todo exposto, com base na legislação vigente e entendimento

jurisprudencial, requer-se que seja DEFERIDA A TUTELA DE URGÊNCIA, para

que os requeridos sejam compelidos a concluir a análise do processo

administrativo de aposentadoria voluntária nº 2018/1236955protocolo anexo),

e em caso de deferimento do pleito, que proceda a publicação da portaria de

aposentadoria, no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, sob pena de multa diária

de R$ 2.000,00 (dois mil reais), por medida de direito e justiça.

V - DO DIREITO:
V.I – DA APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA (ART. 112 DA LEI ESTADUAL N.º
5.810/94 E ART. 323 DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PARÁ)

O benefício previdenciário da Aposentadoria Voluntária dos servidores

públicos civis do Estado do Pará, encontra-se disposto no art. 112 da Lei Estadual

n.º 5.810/94 (Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da

Administração Direta, das Autarquias e das Fundações Públicas do Estado do Pará

– RJU/PA), nos termos em que segue:

CAPÍTULO VII - DA APOSENTADORIA

Art. 112. A aposentadoria voluntária ou por invalesceis


vigorará a partir da data da publicação do respectivo ato.

§ 1° A aposentadoria por invalidez será precedida de licença para


tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e
quatro) meses.

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§ 2° Expirado o período de licença e não estando em condições
de reassumir o cargo, ou de ser readaptado, o servidor será
aposentado.

§ 3° O lapso de tempo compreendido entre o término da licença


para tratamento de saúde e a publicação do ato da
aposentadoria será considerado como de prorrogação da
licença.

§ 4° Nos casos de aposentadoria voluntária ao servidor que a


requerer, fica assegurado o direito de não comparecer ao
trabalho a partir do 91°. (nonagésimo primeiro) dia
subsequente ao do protocolo do requerimento da
aposentadoria, sem prejuízo da percepção de sua
remuneração, caso não seja antes cientificado do
indeferimento. (grifo nosso)

Nesse mesmo sentido, tem-se o art. 323 da Constituição do Estado do

Pará, senão vejamos:


Art. 323. Aos servidores civis e militares fica assegurado o
direito de não comparecer ao trabalho a partir do
nonagésimo primeiro dia subsequente ao do protocolo do
requerimento de aposentadoria ou de transferência para a
reserva, sem prejuízo da percepção de sua remuneração, caso
não sejam antes cientificados do indeferimento, na forma da
lei. (grifo nosso)

Destaca-se dos dispositivos ora mencionados, que durante a noventena o

servidor permanece normalmente exercendo suas atividades funcionais e

contribuindo com a previdência estadual, no entanto, a partir do 91º dia

subsequente ao do protocolo do requerimento da aposentadoria voluntária, o

servidor tem o direito de se afastar de suas atividades laborais, sem prejuízo da

percepção de sua remuneração.

Temos que o legislador ao elaborar as citadas normas, buscou garantir um

prazo razoável para que a Administração Pública pudesse analisar o pedido de

aposentadoria voluntária do servidor (prazo de 90 dias da entrada do

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requerimento), e ao mesmo tempo, não desamparou o servidor público do direito

de gozar sua aposentadoria (não comparecer ao trabalho) no caso em que a

Administração Pública não viesse a concluir seu pedido no prazo legal.

Ultrapassado o prazo de 90 dias, sem uma resposta quanto ao pleito, a

Administração Pública incorre em ofensa ao princípio da legalidade (ato ilícito

omissivo), não podendo sequer imputar a demora na conclusão do processo aos

complexos trâmites administrativos.

No caso em questão, a requerente solicitou na Secretária de Estado de

Educação do Estado do Pará – SEDUC/PA pedido de aposentadoria voluntária

(art. 112 da Lei 5.810/94) em 07/08/2018, processo nº 2018/1236955

(protocolo anexo).

Ao constatar a demora excessiva (que perdura por mais de 2 anos) para

conclusão do seu pedido de aposentadoria voluntária, a requerente procurava

regularmente o Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Pará –

IGEPREV/PA para ter informações sobre o motivo da demora da análise de seu

requerimento, sendo informada que o setor responsável pela análise estava com

déficit de servidores e não haveria uma data para análise do seu pedido.

Diante de tal situação, não resta dúvida do direito da requerente de ter se

afastado de suas atividades laborais para aguardar sua aposentaria e obter uma

resposta em tempo razoável para seu pedido, uma vez, que até a presente data

não obteve deferimento de seu pleito (art. 112, §º 4 da Lei Estadual n.º 5.810/94

c/c art. 323 da Constituição do Estado do Pará).

Nesse sentido, coaduna a jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do

Estado do Pará – TJ/PA, em casos análogos envolvendo a Autarquia requerida,

em relação a demora injustificada para concessão de aposentadoria a servidor

público estadual, senão vejamos:


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EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. ADMINISTRATIVO. MANDADO
DE SEGURANÇA. PEDIDO DE APOSENTADORIA ESPECIAL.
DEMORA NA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. PROTOCOLO DO
REQUERIMENTO DE APOSENTADORIA SEM DECISÃO APÓS
90 DIAS. DIREITO DO SERVIDOR DE SER AFASTADO DE SUAS
FUNÇÕES ATÉ A EFETIVAÇÃO DA APOSENTADORIA. ART.
112, § 4º DO RJU. EM REEXAME NECESSÁRIO, SENTENÇA
CONFIRMADA. À UNANIMIDADE. (2018.00996659-10, Não
Informado, Rel. ROBERTO GONCALVES DE MOURA, Órgão
Julgador 1ª TURMA DE DIREITO PÚBLICO, Julgado em 2018-03-
05, publicado em Não Informado (a) (grifo nosso)

Desta forma, Vossa Excelência, a requerente não teve outra opção a não

ser de socorrer-se ao Poder Judiciário para que os requeridos sejam compelidos

a procederem à análise do requerimento de aposentadoria da requerente.

V. II – DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO


PROCESSO, DA LEGALIDADE, EFICIÊNCIA E DA RAZOABILIDADE
Como já dito anteriormente, a requerente ao preencher todos requisitos

para obter sua aposentadoria, solicitou perante seu órgão aposentadoria

voluntária, no entanto, Vossa Excelência, apesar de ter apresentado toda a

documentação probatória de seu direito, passados aproximadamente dois anos

de seu requerimento, o IGEPREV continua omisso quanto ao pedido em total

descaso com a requerente, ferindo seus direitos constitucionalmente

assegurados pelo art. 5º inciso LXXVIII e art. 37, caput, da CF/88 conforme se lê

abaixo:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
[...]
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação. (grifo nosso)
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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte: (grifo nosso)

O IGEPREV ao ser questionado pela excessiva demora para análise e

manifestação do requerimento administrativo protocolado pela requerente, não

presta qualquer tipo de informação nem apresenta justificativa plausível para tal

omissão que perdura quase dois anos respondendo tão somente que está com

falta de contingente face à grande demanda.

Tal justificativa é de ordem funcional e a Administração Pública não pode

transferir a responsabilidade pelo seu mau desempenho aos administrados,

portanto, trata-se de omissão injustificada em não apreciar o pedido

administrativo formulado pela requerente, ofendendo, assim, aos princípios


constitucionais da legalidade, eficiência, isonomia, razoabilidade, razoável

duração do processo e celeridade processuais, estando caracterizada a lesão

ao direito da mesma.

O Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Pará vem decidindo que a

demora excessiva na análise do processo administrativo para concessão de

aposentadoria de servidor público estadual, que ultrapassa o prazo legal

estabelecido no art. 112, § 4º da Lei Estadual n.º 5.810/94, caracteriza violação a

diversos princípios constitucionais, em especial aos princípios da eficiência e da

duração razoável do processo conforme decisões abaixo apresentadas:

REMESSA NECESSÁRIA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA


POR TEMPO DE SERVIÇO. MORA DO IGEPREV NA RESPOSTA
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. DESRESPEITO AOS

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PRINCÍPIOS DA EFICIÊNCIA E DURAÇÃO RAZOÁVEL DO
PROCESSO. SENTENÇA CONFIRMADA. 1.Ante o disposto no
art. 14, do CPC/2015, tem-se que a norma processual não
retroagirá, de maneira que devem ser respeitados os atos
processuais e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência
da lei revogada. Desse modo, hão de ser aplicados os comandos
insertos no CPC/1973, vigente por ocasião da publicação e da
intimação da decisão apelada. 2. A mora do IGEPREV na
apreciação do processo administrativo que trata da
aposentadoria da impetrante, violando os princípios da
eficiência e da duração razoável do processo, previstos nos
arts. 37 e 5º, LXXVIII, da CF/88, respectivamente, enseja a
confirmação da ordem, determinada no mandamus, no
sentido que o órgão previdenciário apresente resposta à
impetrante relativamente a seu pleito de aposentadoria. 3.
Sentença mantida. (2017.04088543-32, 180.917, Rel. ROBERTO
GONCALVES DE MOURA, Órgão Julgador 1ª TURMA DE DIREITO
PÚBLICO, Julgado em 2017-08-07, publicado em 2017-09-25)
(grifo nosso)

APELAÇÕES CÍVEIS E REEXAME NECESSÁRIO. ADMINISTRATIVO.


SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. DEMORA INJUSTIFICADA NA
SOLUÇÃO E DEFERIMENTO DO PEDIDO DE
APOSENTADORIA. INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS.
CABIMENTO. 1. O pedido de aposentadoria concedido após o
prazo do exercício de função que o legitimava autoriza
indenização por perdas e danos pelo referido lapso excedente,
apesar da aposentação não ser automática vez que reclama o
cumprimento do due process of law, porquanto em jogo direito
indisponível da Administração Pública, ocorrendo, assim,
violação do § 4º, do art. 112, da Lei 5.810 de 24.01.94,
máxime quando, deferida aposentação, o servidor deixou de
receber os seus proventos retroativo a data do pedido. 2.
Recursos conhecidos, com provimento parcial ao do autor para
excluir a prescrição, reformando parcialmente a sentença a quo
em reexame necessário; e improvimento do ente federado. 3.
Decisão unânime. (2009.02798378-37, 83.485, Rel. PRESIDENCIA
P/ JUIZO DE ADMISSIBILIDADE, Órgão Julgador 3ª CÂMARA
CÍVEL ISOLADA, Julgado em 2009-12-17, publicado em 2010-01-
07) (grifo nosso)

Transcrevemos trecho do voto do relator Desembargador Leonam Gondim

da Cruz Júnior – TJ/PA, da decisão acima apresentada:

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“Agride o princípio da eficiência, de maneira inquestionável,
a demora injustificável tanto do processamento do
requerimento quanto da apreciação do pedido pela
autoridade administrativa, decorridos quase 01 (um) ano do
protocolo do pleito. A justificar a desídia, despiciendas as
alegações da autoridade coatora acerca da existência do
excessivo número de processos submetidos a sua apreciação,
sendo o prazo decorrido mais do que suficiente ao implemento
das providências pertinentes.
A atividade administrativa, dessa forma, deve desenvolver-
se no sentido de dar pleno atendimento ou satisfação às
necessidades a que visa suprir, em momento oportuno e de
forma adequada. Impõe-se aos agentes administrativos, em
outras palavras, o cumprimento estrito do 'dever de boa
administração'.
Patenteado o desrespeito ao princípio da eficiência pela
autoridade administrativa, sem justificativa plausível, impositivo
se torna o pronunciamento judicial favorável à pretensão do
autor, sendo certo que o “controle dos atos administrativos pelo
Poder Judiciário está vinculado a perseguir a atuação do agente
público em campo de obediência aos princípios da legalidade,
da moralidade, da eficiência, da impessoalidade, da finalidade
e, em algumas situações, o controle do mérito.” (REsp
169.876/SP, Rel. Min. José Delgado, DJ de 21.09.98).” (grifo
nosso)

Por todo o exposto, em virtude, da excessiva e injustificada demora dos

requeridos em apreciar o pedido de aposentadoria da requerente (art. 112, § 4º

da Lei Estadual n.º 5.810/94), não resta dúvida quanto a violação dos princípios
constitucionais da legalidade, eficiência, isonomia, razoabilidade, razoável
duração do processo e celeridade processuais, estando caracterizada a lesão

ao direito da mesma.

V. III – DOS DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS EFETUADOS A MAIOR SOBRE


OS VENCIMENTOS DOS SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS JÁ AFASTADOS

Em 19 de setembro de 2003, tem-se o advento da Emenda Constitucional

nº 41/03, a qual deu nova redação ao caput e acrescentou, entre outros, o § 18,

ao art. 40 da Constituição Federal, senão vejamos:


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As MESAS da CÂMARA DOS DEPUTADOS e do SENADO
FEDERAL, nos termos do § 3 do art. 60 da Constituição Federal,
promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:
Art. 1º A Constituição Federal passa a vigorar com as seguintes
alterações:

[...]

"Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União,


dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas
suas autarquias e fundações, é assegurado regime de
previdência de caráter contributivo e solidário, mediante
contribuição do respectivo ente público, dos servidores
ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto
neste artigo. (grifo nosso)

[...]

§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de


aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que
trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido
para os benefícios do regime geral de previdência social de
que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido
para os servidores titulares de cargos efetivos. (grifo nosso)

Pelo regime estabelecido pela EC n.º 41/03, estabeleceu-se que o

servidor público aposentado deve contribuir ao Regime Próprio de Previdência

Social - RPPS, no entanto, a incidência da contribuição previdenciária, somente

é devida pelos servidores inativos e pensionistas que recebam proventos em

valor superior ao limite estabelecido, que corresponde ao valor do teto das

aposentadorias do regime geral de previdência social.

Desta forma, restou-se instituído o limite para imunidade, isto é, não

incidirá a contribuição sobre valores que não ultrapassem o limite máximo

estabelecido para os beneficiários do Regime Geral de Previdência Social.

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Seguindo os ditames estabelecido na EC 41/03, a Lei Complementar

Estadual n.º 039/2002 (que instituiu o Regime de Previdência Estadual do Pará),

dispõe no art. 84, inciso II, sobre a incidência de contribuição previdenciária

sobre os proventos de servidores inativos e pensionistas, senão vejamos:


Capítulo III

Das Contribuições

Art. 84. As contribuições devidas ao Regime de Previdência


Estadual são:

[...]

II - Contribuição dos servidores inativos e pensionistas,


excluídos os inativos e pensionistas militares, à mesma razão
estabelecida no inciso anterior sobre a parcela dos proventos
de aposentadoria e pensão que supere o limite máximo
estabelecido para os benefícios do Regime Geral de
Previdência Social de que trata o art. 201 da Constituição
Federal; (NR LC49/2005) (grifo nosso)

Pelo exposto, todos os aposentados e pensionistas vinculados ao Regime

Próprio de Previdência Social do Estado do Pará, após a nova regra, passaram a

contribuir sobre os proventos de aposentadorias e pensões que ultrapassassem

o limite máximo constitucional, ressaltando o caráter solidário do regime de

previdência.

Vossa Excelência, no caso em questão a requerente mesmo estando

afastada de suas atividades laborais (art. 112, § 4º da Lei Estadual n.º 5810/94),

aguardando sua aposentadoria há mais de 2 anos, em virtude, do ato ilícito

omissivo da Autarquia requerida, vem sofrendo a incidência da contribuição

previdenciária sobre seus rendimentos como se em atividade estivesse (11%

sobre o total de sua remuneração), o que acarreta descontos indevidos acima

dos legalmente estabelecidos (11% do valor que ultrapassa o teto do Regime

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Geral de Previdência), trazendo enorme prejuízo a requerente, uma vez que sua

remuneração tem caráter alimentar, conforme demonstrado em planilha em

anexo.

Nesse sentido, coaduna o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do

Estado do Pará – TJ/PA, condenando o IGEPREV, a proceder à devolução dos

valores descontados a título de contribuição previdenciária, em virtude, da

morosidade injustificável da Administração Pública para deferimento do pedido

de aposentadoria de servidor, senão vejamos:

ACÓRDÃO Nº SECRETARIA DA 1ª CÂMARA CÍVEL ISOLADA


COMARCA DE BELÉM-PARÁ APELAÇÃO CÍVEL Nº 2009.3.004005-
7 APELANTE: INSTITUTO DE GESTÃO PREVIDENCIÁRIA DO
ESTADO DO PARÁ IGEPREV. APELADO:MARIA DAS GRAÇAS
MELO DO NASCIMENTO RELATORA: DRA. EDINÉA OLIVEIRA
TAVARES JUÍZA CONVOCADA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO
REVISIONAL DE APOSENTADORIA. DIREITO CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. MOROSIDADE INJUSTIFICÁVEL DO
AGENTE ESTATAL EM DEFERIR A APOSENTADORIA.
ENTRAVES BUROCRÁTICOS. CONTINUAÇÃO DOS
DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS. RESPONSABILIDADE CIVIL
OBJETIVA DO ESTADO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 43 DO
CCB/2002 C/C § 6º DO ART. 37 DA CARTA DA REPÚBLICA/88.
DEVER DE INDENIZAR. DEVOLUÇÃO DOS VALORES
DESCONTADOS. SENTENÇA MODIFICADA SOMENTE EM
RELAÇÃO ÀS CUSTAS PROCESSUAIS. FAZENDA PÚBLICA.
ISENTA DO PAGAMENTO. RECURSO CONHECIDO. PROVIDO
PARCIALMENTE. DECISÃO UNÂNIME. Vistos, relatados e
discutidos os autos acima identificados, ACÓRDAM, os Exmos.
Desembargadores que integram a Egrégia 1ª Câmara Cível
Isolada, do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, em Turma, por
UNANIMIDADE, em CONHECER E DAR PROVIMENTO PARCIAL
AO RECURSO, na conformidade do Relatório e Voto, que passam
a integrar o presente Acórdão, pronunciado em sessão presidida
pelo(a) Exmo(a) Desembargador (a) Marneide Pereira Merabet,
com a participação dos Desembargadores Leonardo de Noronha
Tavares, Maria do Céo Maciel Coutinho, Edinéa Oliveira Tavares
(Juíza Convocada), e o (a) Exmo. (a) Sr. (a) Maria da Conceição
Mattos de Souza, Representante do Órgão do Ministério Público.
Belém, (PA), 27 de agosto de 2.012 DRA. EDINÉA OLIVEIRA
TAVARES Relatora (2012.03442109-64, 111.540, Rel.

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PRESIDENCIA P/ JUIZO DE ADMISSIBILIDADE, Órgão Julgador 1ª
CÂMARA CÍVEL ISOLADA, Julgado em 2012-08-27, Publicado em
2012-09-06) (grifo nosso)

Por todo o exposto, em virtude, da excessiva e injustificada demora dos

requeridos em apreciar o pedido de aposentadoria da requerente (art. 112, § 4º

da Lei Estadual n.º 5.810/94), a mesma vem sofrendo a incidência da

contribuição previdenciária a maior sobre a sua remuneração (11% sobre o total

de sua remuneração), o que acarreta descontos indevidos acima dos legalmente

estabelecidos (11% do valor que ultrapassa o teto do Regime Geral de

Previdência), trazendo enorme prejuízo a requerente. Pelo que vem socorrer-se

do Poder Judiciário para dirimir a injustiça pela qual vem passando.

V. IV – REPETIÇÃO DE INDÉBITO DOS VALORES PAGOS A MAIOR DE


CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA

Repetição de indébito é o direito da pessoa de pleitear a devolução de

uma quantia paga sem que tenha sido devida. Assim, a chamada repetição de

indébito tributário é a possibilidade do contribuinte pleitear, junto às autoridades

fazendárias, a devolução de tributo pago indevidamente.

O art. 165, I do CTN comenta sobre a hipótese de restituição em caso de

pagamento de tributo indevido ou pago a maior, tendo nessa situação o

contribuinte direito à repetição de indébito, no âmbito tributário, a saber:

Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente


de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo,
seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o
disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:

I – Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido


ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável,
ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador
efetivamente ocorrido; (grifo nosso)
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Na repetição de indébito tributário, o contribuinte deverá receber o valor

principal que foi pago, acrescido de juros moratórios e correção monetária.

Destaca-se nesse sentido, as súmulas n.º 162; 188; e 523 do STJ:

Súmula n.º 162 – STJ: Na repetição de indébito tributário, a


correção monetária incide a partir do pagamento indevido.

Súmula n.º 188 – STJ: Os juros moratórios, na repetição do


indébito tributário, são devidos a partir do trânsito em julgado
da sentença.

Súmula n.º 523 – STJ: A taxa de juros de mora incidente na


repetição de indébito de tributos estaduais deve
corresponder à utilizada para cobrança do tributo pago em
atraso, sendo legítima a incidência da taxa Selic, em ambas as
hipóteses, quando prevista na legislação local, vedada sua
cumulação com quaisquer outros índices.

Em síntese, temos que em se tratando de repetição de indébito tributário,

a correção monetária deve incidir a partir do recolhimento indevido ou a maior,

os juros moratórios serão devidos apenas após o transito em julgado da sentença,

e a taxa de juros para o cálculo do montante a restituir será a mesma utilizada

para a cobrança do tributo pago em atraso.

Nesse contexto, importante mencionar a Lei Estadual n.º 6.182, de 30 de

setembro de 1998, que dispõe sobre os Procedimentos Administrativos

Tributários do Estado do Pará e dá outras providências, onde o art. 6º, incisos II e

III, fixam a Unidade Padrão Fiscal do Estado do Pará – UPFPA como indexador

para correção monetária e o percentual de 1% (um por cento) ao mês a título de

juros de mora, senão vejamos:

CAPÍTULO II
DOS ACRÉSCIMOS DECORRENTES DA MORA

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Art. 6º O pagamento de tributo fora do prazo fixado na legislação
fica sujeito aos seguintes acréscimos decorrentes da mora:

[...]

II - Correção monetária do seu valor, calculada, desde a data


em que deveria ser pago até a do efetivo pagamento, com
base na variação da Unidade Padrão Fiscal do Estado do Pará
- UPFPA; (grifo nosso)

III - juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, ou fração,


desde a data em que deveria ser pago até a do efetivo
pagamento. (grifo nosso)

No caso em questão, conforme já demonstrado anteriormente, a

requerente vem sofrendo a incidência da contribuição previdenciária (natureza

tributária) como se em atividade estivesse (11% sobre o total de sua

remuneração), o que acarreta descontos indevidos acima dos legalmente

estabelecidos (11% do valor que ultrapassa o teto do Regime Geral de

Previdência), trazendo enorme prejuízo a requerente, uma vez que sua

remuneração tem caráter alimentar, conforme demonstrado em planilha em

anexo.

Sobre o montante a ser restituído (recolhido a maior a título de

contribuição previdenciária) haverá a incidência de correção monetária a partir

do recolhimento indevido, utilizando-se com o indexador a UPFPA (súmula 162 –

STJ c/c art. 6º, inciso II, da Lei Estadual n.º 6.182/98) e em relação aos juros de

mora, estes serão devidos a partir do trânsito em julgado da sentença, no

percentual de 1% ao mês (súmulas n.º 188 e 523 do STJ c/c art. 6º, inciso III da

Lei Estadual n.º 6.182/98).

V. V – DO DANO MORAL EM RAZÃO DA INJUSTIFICADA DEMORA NA


CONCESSÃO DA APOSENTADORIA A SERVIDOR PÚBLICO
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O dano moral é a ofensa ao bem jurídico tutelado pelo ordenamento

jurídico brasileiro, que corresponde aos direitos da personalidade, imagem,

intimidade, dentre outros.

Se a violação à situação jurídica subjetiva extrapatrimonial acarreta dor,

vexame, humilhação, constrangimento, o Direito não tem como averiguar para

cada pessoa, todavia, terá o órgão judicante o dever averiguar a violação do bem

jurídico e apurar com equidade, bom senso e razoabilidade a forma do

ressarcimento do psiquismo da vítima e ao mesmo tempo desestimulando o

ofensor a repetição de atos ilícitos.

Nesse contexto, a reparação do dano moral possui três finalidades, que

sejam: a Função Compensatória, caracterizada como um meio de satisfação da

vítima em razão da privação ou violação de seus direitos da personalidade; a

Função Punitiva, em que o sistema jurídico responde ao agente causador do

dano, sancionando-o como o dever de reparar a ofensa imaterial como parte

de seu patrimônio; e a Função Preventiva, entendida como uma medida de

desestímulo e intimidação do ofensor, mas com o inequívoco propósito de

alcançar todos integrantes da coletividade, alertando-os e desestimulando-os

da prática de semelhantes ilicitudes.

No caso em questão, não resta dúvida do direito da requerente em ser

indenizada pelo dano moral que vem sofrendo, uma vez, que em razão da

excessiva e injustificada demora dos requeridos em apreciar o pedido de

aposentadoria da requerente, a mesma vem sofrendo grande abalo em seu o

ânimo psíquico, primeiramente porque, a autora vem sofrendo de insegurança,

angustia e ansiedade em ter seu direito de aposentadoria reconhecido com a

respectiva emissão da portaria de aposentadoria, em segundo, em virtude, da

possibilidade de aprovação da reforma previdenciária que tramita no Congresso


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Nacional, a mesma tem temor que possa sofrer diminuição de seus direitos, em

virtude, de não está aposentada até a presente data.

O Supremo Tribunal Federal – STF, em situações em que se constata a

morosidade injustificada do Estado na análise de aposentadoria de servidor

público, considera como ato ilícito indenizável. Vejamos os precedentes:


AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
APOSENTADORIA. CONCESSÃO. DEMORA. RESPONSABILIDADE
CIVIL DO ESTADO. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. REEXAME
DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. 1. A demora na concessão de aposentadoria
de servidor configura responsabilidade civil objetiva do Estado. 2.
A análise da controvérsia demanda o exame da matéria fático-
probatória dos autos. Incidência da Súmula 279 do STF. Agravo
regimental a que se nega provimento. (RE 576779 AgR, Relator(a):
Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 03/06/2008, DJe-117
DIVULG 26-06-2008 PUBLIC 27-06-2008 EMENT VOL-02325-09 PP-
01788) (grifo nosso)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. DEMORA INJUSTIFICADA
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA CONCESSÃO DE
APOSENTADORIA VOLUNTÁRIA. DANOS MATERIAIS.
CONTROVÉRSIA DECIDIDA EXCLUSIVAMENTE À LUZ DO
CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. 1. Caso em que
entendimento diverso do adotado pela instância judicante de origem
demandaria a análise dos fatos e provas constantes dos autos.
Providência vedada neste momento processual, conforme a Súmula
279/STF. 2. Agravo regimental desprovido. (RE 550911 AgR, Relator(a):
Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 22/02/2011, DJe-078
DIVULG 27-04-2011 PUBLIC 28-04-2011 EMENT VOL-02510-01 PP-
00236) (grifo nosso)

Nesse mesmo sentido, coaduna o entendimento do Superior Tribunal de

Justiça – STJ, sobre a Responsabilidade Civil do Estado no pagamento de

indenização, em razão da injustificada demora na concessão da aposentadoria a

servidor público, senão vejamos:

INDENIZAÇÃO PO DANO MORAL


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ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
APOSENTADORIA. ATRASO NA CONCESSÃO. INDENIZAÇÃO.
DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF.
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282/STF E 211/STJ. 1. Malgrado o
recurso do particular ter sido conhecido apenas em parte, toda a
pretensão recursal foi acolhida, tanto que foi reconhecida a
legitimidade do pagamento da indenização pleiteada. Ausência de
interesse recursal. 2. É legítimo o pagamento de indenização, em
razão da injustificada demora na concessão da aposentadoria a
servidor público. Precedentes de ambas as Turmas de Direito
Público. 3. Agravo regimental da União não provido. Agravo regimental
do particular não conhecido. (AgRg no REsp 1260985/PR, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe
03/08/2012) (grifo nosso)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.


SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL. INDENIZAÇÃO. DEMORA NA
CONCESSÃO DA APOSENTADORIA. MULTA POR EMBARGOS
PROTELATÓRIOS. APLICADA PELO JUÍZO DE 1º GRAU. REVISÃO.
REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. 1. Afastar as conclusões a
que chegou o juízo de primeiro grau de que os embargos de declaração
contra a sentença de piso foram protelatórios demandaria o reexame
do conjunto fático-probatório dos autos, inviável em sede de recurso
especial, nos termos do enunciado nº 7 da Súmula deste Pretório. 2. É
inadmissível o recurso especial se o dispositivo legal apontado como
violado não fez parte do juízo firmado no acórdão recorrido e se o
Tribunal a quo não emitiu qualquer juízo de valor sobre a tese
defendida no especial (Súmulas nº 282 e 356/STF). 3. Recurso especial
não conhecido. (REsp 1370852/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON,
SEGUNDA TURMA, julgado em 20/08/2013, DJe 28/08/2013) (grifo
nosso)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL


NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. SERVIDORA PÚBLICA
ESTADUAL. APOSENTADORIA ESPECIAL. ATRASO INJUSTIFICADO
NA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. RECONHECIDO O DEVER DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DE INDENIZAR. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS FIXADOS EM R$ 3.000,00. VALOR RAZOÁVEL EM FACE
DAS CARACTERÍSTICAS DA DEMANDA. AGRAVO REGIMENTAL DO
ESTADO DE GOIÁS DESPROVIDO. 1. Firmou-se a orientação, nesta Corte
Superior, de que a revisão dos honorários advocatícios fixados pelas
instâncias ordinárias somente é admissível em situações excepcionais,
quando o valor se revelar manifestamente irrisório ou excessivo.
Constatada a irrisoriedade ou a excessividade, é possível o julgamento
do Recurso Especial pelo Relator, nos termos do art. 544, § 4o., II, c, ou
do art. 557, § 1o.-A, ambos do CPC. 2. O critério para a fixação da verba
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honorária deve levar em conta, sobretudo, a razoabilidade do seu valor,
em face do trabalho profissional advocatício efetivamente prestado,
não devendo altear-se a culminâncias desproporcionais e nem ser
rebaixado a níveis claramente demeritórios, não sendo determinante
para tanto apenas e somente o valor da causa; a remuneração do
Advogado há de refletir, também, o nível de sua responsabilidade, não
devendo se orientar, somente, pelo número ou pela extensão das peças
processuais que elaborar ou apresentar. 3. A hipótese não comporta a
exceção que admite a revisão da verba sucumbencial, uma vez que
foram sopesadas as circunstâncias necessárias e arbitrado quantum que
se mostra razoável à remuneração adequada da atividade profissional
desenvolvida. 4. Agravo Regimental do ESTADO DE GOIÁS desprovido.
(AgRg no AREsp 110.875/GO, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA
FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/02/2014, DJe 17/02/2014)
(grifo nosso)

Por sua vez, o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Pará – TJ/PA, vem

estabelecendo a possibilidade de ser concedida indenização por perdas e danos

ante a demora excessiva da Administração em deferir o pedido de aposentadoria

de servidor em decorrência da responsabilidade subjetiva do Estado ante a

alegação de ato omissivo, conforme se demonstra no julgado abaixo:

APELAÇÕES CÍVEIS E REEXAME NECESSÁRIO. ADMINISTRATIVO.


SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. DEMORA INJUSTIFICADA NA
SOLUÇÃO E DEFERIMENTO DO PEDIDO DE APOSENTADORIA.
INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. CABIMENTO. 1. O pedido de
aposentadoria concedido após o prazo do exercício de função que
o legitimava autoriza indenização por perdas e danos pelo referido
lapso excedente, apesar da aposentação não ser automática vez
que reclama o cumprimento do due process of law, porquanto em
jogo direito indisponível da Administração Pública, ocorrendo,
assim, violação do § 4º, do art. 112, da Lei 5.810 de 24.01.94,
máxime quando, deferida aposentação, o servidor deixou de
receber os seus proventos retroativo a data do pedido. 2. Recursos
conhecidos, com provimento parcial ao do autor para excluir a
prescrição, reformando parcialmente a sentença a quo em reexame
necessário; e improvimento do ente federado. 3. Decisão unânime.
(2009.02798378-37, 83.485, Rel. PRESIDENCIA P/ JUIZO DE
ADMISSIBILIDADE, Órgão Julgador 3ª CÂMARA CÍVEL ISOLADA,
Julgado em 2009-12-17, publicado em 2010-01-07) (grifos nosso)

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Por todo exposto, não resta dúvida da Responsabilidade Civil dos

requeridos, em razão da demora excessiva e injustificável em apreciar o pedido

de aposentadoria voluntaria da requerente, o que gerou o direito da mesma ser

indenizada no valor de R$ 1000,00 ( mil reais) por cada ano de espera, para

dirimir a injustiça pela qual a requente vem passando e para inibir os requeridos

de futuras violações e excessivas demoras na apreciação de processos de

aposentadoria.

VI - DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Por força do art. 133 da Constituição da República, conjugado com o art.

85, §3º, I do CPC, requer-se a condenação dos requeridos no pagamento de

honorários advocatícios na base de 20% (vinte por cento) do valor da

condenação.

VII - DO PEDIDO
Ante todo o exposto, requer que Vossa Excelência se digne a conceder os

benefícios da justiça gratuita, vez que a requerente é pessoa humilde, afastada

das suas atividades laborais aguardando deferimento de sua aposentadoria e não

pode arcar com as custas processuais sem prejuízo do seu próprio sustento e da

sua família. Portanto, a requerente é pobre, nos termos legais, e faz jus ao

benefício processual. Inteligência dos arts. 98 e 99, §3º do CPC/15, o art. 5º, LXXIV,

CF/88, bem como requer-se:

Em sede de Tutela Provisória de Urgência:

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a) Que os requeridos sejam compelidos a concluir a análise do processo

administrativo de aposentadoria voluntária processo n° 2018/1236955

(protocolo anexo), no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, sob pena de

multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais), por medida de direito e justiça;

Em sede de Tutela Definitiva:

a) A dispensa da audiência de conciliação, com fulcro no artigo 319, inciso

VII, do Novo Código de Processo Civil;

b) Que seja ratificada a Tutela Provisória de Urgência, para que os requeridos

tenham a obrigação de fazer a análise do processo administrativo de

aposentadoria voluntária 2018/1236955 suprindo desta forma, o ato

ilícito omissivo quem vem praticando (art. 112, § 4º da Lei Estadual n.º

5.810/94 c/c art. 323 da Constituição do Estado do Pará);

c) A condenação dos requeridos na obrigação de restituir (Repetição de

Indébito) no valor de R$ 17.445,57 (dezessete mil quatrocentos e

quarenta e cinco reais e cinquenta e sete centavos), correspondentes

aos valores pagos a maior a título de contribuição previdenciária, em

virtude, da demora excessiva e injustificada em proceder à análise do

processo administrativo de aposentadoria da requerente, conforme

planilha de cálculo anexa, bem como valores futuros descontados

posteriores ao ajuizamento da presente exordial;

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d) Sobre o montante a ser restituído (recolhido a maior a título de

contribuição previdenciária) haverá a incidência de correção monetária a

partir do recolhimento indevido, utilizando-se com o indexador a UPFPA

(súmula 162 – STJ c/c art. 6º, inciso II, da Lei Estadual n.º 6.182/98) e em

relação aos juros de mora, estes serão devidos a partir do trânsito em

julgado da sentença, no percentual de 1% ao mês (súmulas n.º 188 e 523

do STJ c/c art. 6º, inciso III da Lei Estadual n.º 6.182/98);

e) A condenação dos requeridos na obrigação de pagar indenização por

Dano Moral a requerente no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), proporcional

aos 12 anos de espera, para dirimir a injustiça pela qual a requente vem

passando e para inibir os requeridos de futuras violações e excessivas

demoras na apreciação de processos de aposentadoria;

f) Que sejam citados o INSTITUTO DE GESTÃO PREVIDENCIÁRIA DO

ESTADO DO PARÁ - IGEPREV, representado pela sua Procuradoria

Autárquica, cujo Procurador Chefe está localizado na Av. Alcindo Cacela,

1982 - CEP 66.040-020, Nazaré, Belém – Pará; e o ESTADO DO PARÁ,

representada pela Procuradoria Geral Estado - PGE, cujo Procurador Geral

do Estado está localizado na Rua dos Tamoios nº 1671, Bairro de Batista

Campos, CEP: 66.025-540, Belém/PA, para, querendo, apresentarem

defesa à presente demanda no prazo legal, sob pena de revelia;

g) A condenação dos requeridos ao pagamento de honorários advocatícios

no percentual de 20%, conforme o art. 85, §3º, I do CPC;

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h) Pugna por provar todo o alegado por todos os meios de prova em direito

admitidos, especialmente a prova documental, pericial e testemunhal.

Dá-se o valor da causa de R$ 18.445,57 (dezoito mil quatrocentos e


quarenta e cinco reais e cinquenta e sete centavos).

Nesses termos,

Pede e espera deferimento.

Belém, 24 agosto de 2020.

JESSICA VITÓRIA CUNHA DE FIGUEIREDO


OAB/PA 26.324

LAIS CORREA FEITOSA


OAB/PA n. 24.884

EVALDO SENA DE SOUSA


OAB/PA n. 27.327

LUCAS SORIANO DE MELLO BARROSO


OAB/PA n. 24.827

BRENA NORONHA RIBEIRO


OAB/PA 13.190

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