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Daiane Predebon
SUMÁRIO
Esta é uma obra coletiva organizada por iniciativa e direção do CENTRO SU-
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 4 PERIOR DE TECNOLOGIA TECBRASIL LTDA – Faculdades Ftec que, na for-
AS ORIGENS DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 5 ma do art. 5º, VIII, h, da Lei nº 9.610/98, a publica sob sua marca e detém os
TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS 6 direitos de exploração comercial e todos os demais previstos em contrato. É
CONCEITO DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 9 proibida a reprodução parcial ou integral sem autorização expressa e escrita.
IMPORTÂNCIA DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 11
LIDERANÇA E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 13
DESENVOLVENDO A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 14 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC
SÍNTESE17 Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS
REITOR
Claudino José Meneguzzi Júnior
PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Débora Frizzo
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Altair Ruzzarin
DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD)
Lígia Futterleib
Estimados Alunos,
Não existe liderança sem que haja influência. E para que consiga influenciar e inspirar
pessoas, é preciso que o líder apresente uma compreensão autêntica e mais ampla do funcio-
namento humano, de forma a não julgar as pessoas pelos seus comportamentos, mas com-
Para que isso ocorra de fato, é essencial que o líder desenvolva determinadas competên-
possível a alguém influenciar, inspirar e guiar pessoas sem que este apresente as habilidades
cional auxilia o líder no exercício de seu papel de liderança, bem como permite-lhe adminis-
Pensando nisso tudo, este material foi elaborado com o objetivo de auxiliá-los na com-
preensão do que vem a ser inteligência emocional, como ela é constituída e pode ser desen-
volvida, como é percebida e mensurada, bem como os benefícios de possuir suas habilidades
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SUMÁRIO
A inteligência emocional, competência cada vez mais admirada e desejada pelo mundo AS ORIGENS DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
corporativo, permeia todas as áreas da vida de um ser humano. O conceito que ganhou popu-
laridade com o conceituadíssimo psicólogo Daniel Goleman, está relacionado à capacidade A denominação mais antiga de inteligência emocional remete a Charles Darwin, o qual,
de reconhecer, avaliar e lidar com as próprias emoções e com as emoções das pessoas com em sua obra, mencionou a importância da expressão emocional para a sobrevivência e para a
A inteligência emocional não é uma competência inata. Ela pode ser desenvolvida por Na década de 20, o então psicometrista Robert L. Thorndike nomeou de “inteligência so-
todas as pessoas e aprendida em qualquer momento da vida. O seu desenvolvimento não cial” a capacidade de conviver com outras pessoas. Vinte anos depois, David Wechsler sugere
tem absolutamente nada a ver com a inteligência intelectual ou com o nosso QI (quociente que os elementos afetivos da inteligência são essenciais para o sucesso na vida. Nos anos 50,
intelectual). Contudo, uma pessoa inteligente emocionalmente, consequentemente, tornar- psicólogos humanistas, como Abraham Maslow, propõem como as pessoas podem construir
-se-á uma pessoa mais inteligente de modo geral. sua força emocional.
Dito isso, vamos examinar no detalhe este precioso tema, a fim de compreendermos a Na década de 80, o psicólogo Gardner inseriu os conceitos de inteligência intrapessoal
inteligência emocional na essência e em sua magnitude, identificando como desenvolver esta (capacidade de compreender a si mesmo e de reconhecer as próprias emoções) e de inteli-
competência tão cobiçada. gência interpessoal (capacidade de compreender as emoções e os comportamentos dos ou-
tros).
Ainda nos anos 80, mais precisamente em 1985, o conceito de “inteligência emocional”
é utilizado por Wayne Payne em sua tese de doutorado e então introduzido oficialmente na
escolas e até mesmo em empresas. A que se deve essa propagação maciça? Foi o livro Inte- TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
ligência Emocional, do psicólogo e jornalista científico Daniel Goleman, o responsável por
despertar tamanho interesse pelo tema. A partir dele, a publicação de artigos sobre o assunto Vimos que as influências para o conceito de inteligência emocional são muitas... Mas
cresceu significativamente, especialmente pela via de instituições acadêmicas e de boletins cabe ressalvar que o tema tem sua origem especialmente ligada à Teoria das Inteligências
Percebemos que, até a década de 90, o sucesso estava relacionado apenas ao raciocí- Gardner questionava os modelos clássicos utilizados na época (anos 80) para medição
nio lógico e à elevada capacidade para resolver problemas matemáticos, comprovados pelo do QI – Quociente de Inteligência, os quais, segundo ele, não eram eficientes para mensurar e
famoso QI (quociente intelectual). Foi a partir dos estudos de Goleman que a mídia e o meio definir se uma pessoa era de fato inteligente ou não. Liderado por ele, um grupo de pesquisa-
corporativo despertaram para a importância do QE (quociente emocional). dores da Universidade de Harvard desenvolveu, em 1982, a Teoria das Inteligências Múltiplas,
Ainda que os nomes dados ao conceito tenham sido alterados ao longo dos anos, há um
consenso entre os pesquisadores de que as definições tradicionais de inteligência não dão Segundo Gardner, as pessoas possuem nove tipos de inteligências, algumas desenvolvidas
uma explicação realmente abrangente sobre as suas propriedades. e outras não. Contudo, isso não significa que essas pessoas não sejam normais ou inteligentes.
A figura abaixo ilustra a Teoria das Inteligências Múltiplas, de Gardner. Para Gardner, o termo “inteligência” pode indicar uma limitação de capacidades se con-
siderado sob a ótica daquele que possui um tipo específico de inteligência para o aprendiza-
do, como o matemático ou o musical, por exemplo. O que ele recomenda é o desenvolvimen-
Em uma de suas obras (2000), o autor conceitua a inteligência como “um potencial biop-
sicológico para processar informações que pode ser ativado num cenário cultural para solucio-
gem e da expressão. Essa habilidade é responsável pela utilização com perfeição de toda
forma de linguagem, não se limitando apenas à oral e escrita, mas englobando também
a gestual, corporal e demais tipos de comunicação. Quem possui essa inteligência de-
senvolvida tem maior predisposição a ter sucesso para transmitir ideais, ensinar, persu-
adir, negociar e incentivar. Por isso, ela pode ser facilmente percebida em profissionais
pessoa é inteligente, pois serve de base para os testes de QI. Contudo, ao analisá-la de
modo mais abrangente, podemos perceber que ela é somente “mais um tipo de inteli-
Disponível em: https://www.vestgeek.com/teste-vocacional/
gência”, e “não a mais importante”. A principal característica de quem possui essa inte- seguem comunicar-se de forma mais assertiva, inclusive em situações mais complicadas
ligência mais desenvolvida é a habilidade de criar e compreender padrões e fazer sis- e delicadas. Profissionais com a inteligência interpessoal mais desenvolvida têm maior
tematizações, o que possibilita maior facilidade para resolver problemas que envolvam predisposição a atuar em áreas como política, religião, docência, psicologia, direito, pe-
números e modelos abstratos. Esse tipo de inteligência facilita a atuação profissional nas dagogia e em funções de liderança.
3. Inteligência Espacial: Diz respeito à capacidade de ordenar mentalmente espaços com- to, a qual permite à pessoa compreender as emoções mais enraizadas em seu interior,
plexos e manipulá-los com facilidade sob qualquer perspectiva. Desse modo, as pessoas assim como seus valores e ideais e o que a motiva a perseguir seus objetivos pessoais.
com essa inteligência desenvolvida têm facilidade para visualizar com clareza os seus Quem possui esse tipo de inteligência mais desenvolvido tem facilidade no que diz res-
projetos, antes mesmo de rascunhá-los. Essa inteligência favorece a atuação nas áreas peito ao autocontrole emocional e domínio das preocupações e dos agentes estressores.
de arquitetura, navegação, cartografia, artes plásticas, design, entre outras. As pessoas com a inteligência intrapessoal desenvolvida têm facilidade em lidar com
4. Inteligência Corporal-Sinestésica: Refere-se a uma habilidade superior com relação a para potencializar outras capacidades pessoais.
Utilizar o corpo como meio para expressar sentimentos também é um indicador da pre- 7. Inteligência Musical: Esse é um dos tipos de inteligência mais facilmente identificado.
sença dessa inteligência. As características desse tipo de inteligência favorecem a atuação Está relacionado à sensibilidade da pessoa em distinguir notas musicais derivadas de
das pessoas como atores, atletas, dançarinos, artistas circenses ou cênicos, por exemplo. quaisquer objetos, bem como à facilidade em reproduzir e criar melodias agradáveis. Os
5. Inteligência Interpessoal: Diz respeito à capacidade para compreender as emoções são pessoas que geralmente possuem a inteligência musical bem desenvolvida.
ideias, pensamentos, atitudes. Quem possui essa inteligência desenvolvida consegue in- 8. Inteligência Naturalista: Está relacionada à habilidade em reconhecer objetos na na-
terpretar com facilidade expressões mais sutis, lendo nas entrelinhas o que a pessoa tureza, isto é, à capacidade de identificar plantas, animais, rochas e seus benefícios. As
quer dizer e não consegue expressar em palavras. Por essa facilidade, essas pessoas con- pessoas com elevado nível desta inteligência têm os sentidos em relação à vida na natu-
reza mais aflorados. Essa inteligência indica uma forte ligação entre o indivíduo e o meio CONCEITO DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
ambiente. As pessoas que possuem esse tipo desenvolvido têm maior facilidade em de-
sempenhar funções ligadas à área da biologia, podendo atuar como guias turísticos ou São diversas as definições encontradas na literatura para a IE (inteligência emocional).
também direcionar-se para a floricultura, agricultura, veterinária. De certa forma, todas elas estão corretas, pois convergem para o importante papel das emo-
sos limites, de nossa relação com os maiores e menores elementos do universo. Pessoas Dito isso, destacamos os apontamentos de Caruso e Salovey (2007), os quais conceituam
com essa inteligência desenvolvida têm sensibilidade e boa capacidade para abordar a inteligência emocional como a capacidade de utilizar de maneira coerente emoções e razões,
questões profundas sobre a existência humana, tais como: o sentido da vida, porque com o propósito de identificar, denominar e gerir as nossas próprias emoções e as emoções dos
morremos e como chegamos aqui. outros. Desse modo, a inteligência emocional seria uma competência que pode ser desenvol-
vida por qualquer pessoa, e que tem um papel fundamental na vida pessoal e profissional.
Salovey e Mayer (2000), por sua vez, definiram inteligência emocional como a capaci-
quatro propriedades: percepção das emoções; uso das emoções; entendimento das emoções
Ao encontro disso, Goleman (1998) conceituou a inteligên- mentos, reconhecendo seus efeitos sobre os outros. Diz res- característica desta habilidade é a motivação pessoal por ra-
cia emocional como “a capacidade de identificar os nossos pró- peito à capacidade de perceber e compreender seus pen- zões internas, independente da existência de recompensas
prios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir samentos, emoções e atitudes, no momento em que estão externas, de forma que o indivíduo planeja e realiza o que
bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos”. acontecendo. A maior característica desta habilidade é a deseja, movido por suas próprias energias.
Para o autor, a inteligência emocional é a maior responsável avaliação realista de si mesmo(a), reconhecimento e aceita- 4. Empatia: é a habilidade de reconhecer as emoções das ou-
pelo sucesso ou fracasso dos indivíduos. Nesse sentido, ele pontua ção dos próprios defeitos e orgulho dos atributos pessoais. tras pessoas. Diz respeito à capacidade de colocar-se no lu-
que a maioria das situações de trabalho implica no relacionamen- gar dos outros, buscando agir ou pensar da forma como eles
to entre as pessoas, de forma que as pessoas com qualidades de 2. Autogestão ou Autocontrole: é a habilidade de administrar pensariam ou agiriam nas mesmas circunstâncias. A maior
relacionamento interpessoal, como afeição, sensibilidade, com- as próprias emoções, controlando os impulsos e adequando característica desta habilidade é conseguir compreender os
preensão e gentileza, têm mais chances de conquistar o sucesso. os comportamentos de acordo com a situação vivida. Diz motivos dos outros e sensibilizar-se com as questões alheias,
respeito à capacidade de lidar com os próprios sentimen- especialmente no que diz respeito aos afetos.
Goleman categorizou a inteligência emocional em cinco tos, protelar julgamentos e pensar antes de agir. A maior
habilidades, as quais, segundo ele, apresentam uma determina- característica desta habilidade é o autocontrole com rela- 5. Habilidades Sociais: é a capacidade de interagir com ou-
da ordem e não podem ser desenvolvidas aleatoriamente. Uma é ção à expressão das próprias vontades e pensamentos, com tras pessoas, conciliando e gerindo as próprias emoções e as
pré-requisito para a outra, de forma que, para que uma possa ser o objetivo de conduzir assertivamente os relacionamentos emoções dos outros. Diz respeito à capacidade de adminis-
desenvolvida, a anterior precisa estar em pleno funcionamento. interpessoais. trar os relacionamentos e construir e manter uma ampla e
As cinco habilidades que compõem a inteligência emocio- 3. Automotivação: é a habilidade de direcionar as emoções a rística desta habilidade é a facilidade em construir e manter
nal, segundo Goleman, são: serviço de determinado objetivo ou realização pessoal. Diz relacionamentos saudáveis, através de um amplo repertório
respeito à capacidade de perseguir metas com energia, de- de condutas, utilizando-as com flexibilidade e ponderação,
1. Autoconsciência ou Autoconhecimento: é a habilidade de terminação e persistência, sublimando os impulsos e dire- de acordo com as demandas do ambiente social.
identificar as próprias emoções, sentimentos e comporta- cionando-os para atitudes positivas e construtivas. A maior
Podemos dizer que esta quinta habilidade descrita por Goleman é, na verdade, a Todas estas habilidades podem ser aprendidas ou aprimoradas. Trata-se de um processo
união de todas as outras habilidades da inteligência emocional. de desenvolvimento árduo, lento e que exige persistência, determinação e compromisso com
si mesmo(a). Mas os benefícios que advêm de uma inteligência emocional bem desenvolvida
Com relação à caracterização das habilidades, podemos dizer que o esquema a seguir são inúmeros, tanto para o indivíduo, como para a organização onde ele está inserido, os quais
representa como as mesmas estão divididas. tornam válido todo e qualquer esforço nesse sentido.
A vida está repleta de desafios diários: metas, prazos, família, filhos, relacionamentos,
trabalho, saúde, amor e inúmeras decisões a serem tomadas. Em qualquer área da vida, as
Intrapessoais Interpessoais pessoas estão sendo observadas, avaliadas e cobradas o tempo todo, o que faz com que todos
Essa é uma constatação que pode ser muito estressante e desgastante, especialmen-
Compreender Compreender as te para quem não possui equilíbrio emocional. Isso acontece porque as emoções estão em
outras pessoas toda parte, nos acompanham para aonde quer que formos e todas as pessoas vivem direta ou
a si mesmo(a)
indiretamente sob o impacto delas. A depressão, o estresse, a ansiedade e a compulsão são
alguns sintomas decorrentes de desequilíbrios emocionais maiores. Justamente por isso, a in-
1. Autoconsciência 4. Empatia
2. Autogestão 5. Habilidades A emoção é uma roupa que não se tira!
3. Automotivação Sociais
Ainda não existem evidências consistentes para mostrar que a inteligência é importante • Aumento da autoestima, da autoconfiança e do nível de felicidade;
Apesar de não ser um tema recente, a inteligência emocional tem ganhado cada vez • Maior assertividade nas tomadas de decisão;
mais espaço no mundo profissional. Os estudos mais recentes na área comprovam que essa
• Ampliação do comprometimento com as metas de vida;
qualidade é inclusive mais importante do que a inteligência intelectual. Cabe mencionar aqui
maiores índices de inteligência emocional, independentemente de seus QI. • Maior compreensão dos sentimentos e dos comportamentos das pessoas;
no modo como agimos no dia a dia e nas decisões pessoais que tomamos nos vários contextos
• Aumento da resiliência e da superação de dificuldades;
que habitamos - família, trabalho, escola, amigos, grupos sociais.
• Maior clareza com relação aos objetivos pessoais e às atitudes;
De acordo com um estudo realizado por Travis Bradberry e Jean Greaves, autores do li-
vro Emotional Intelligence 2.0, apenas 36% das pessoas conseguem identificar suas próprias • Gestão do tempo eficaz e aumento da produtividade;
emoções. O levantamento foi feito com mais de 500 mil pessoas ao longo de uma década e
• Maior realização emocional (pessoal e profissional);
demonstra que a inteligência emocional, além de rara, é preciosa. Segundo os autores, o quo-
Mas quais são os benefícios da inteligência emocional, afinal? São inúmeros, dentre os
líder legítimo se ela desenvolver sua inteligência emocional. Mas, infelizmente, muitas pesso-
as acreditam que isso não passa de teoria... Acreditam que um líder precisa ser uma pessoa
racional e não se preocupar com as emoções, tanto as suas, quanto das outras pessoas... Pois
De fato, um líder precisa agir de modo racional para administrar todas as demandas que
encontra em seu cotidiano. Contudo, as suas emoções devem ajudá-lo nessa tarefa. As emo-
ções, que existem no ser humano desde sempre, devem funcionar como um sistema regula-
tório interno. Elas podem e devem funcionar como um radar interno do líder, fornecendo-lhe Sendo assim, diferentemente do que o senso comum propaga, um líder deve ser racio-
pistas sobre o seu comportamento e sobre o ambiente no qual ele está inserido. Quando ele nal, sem jamais perder a afetividade. Para liderar, devemos sim olhar e compreender as emo-
sente raiva, medo, alegria, repulsa ou tristeza, isso deve ser considerado para regular seu com- ções, levá-las em consideração sempre. E a pessoa com inteligência emocional compreende
portamento. isso e não tem medo de lidar com as próprias emoções ou com as dos outros. Ao contrário, a
Aristóteles estão relacionadas à sua falta de controle emocional. Os resultados da pesquisa indicaram
A inteligência emocional cresce com a idade, ou seja, à medida que a pessoa vai adqui- Você não pode controlar os fatos, tampouco aquilo que acontece ao seu redor. Porém,
rindo maturidade, ela naturalmente se torna mais inteligente emocionalmente. pode controlar como reage aos acontecimentos. Busque dominar a si próprio(a) e conter as
respostas que você dá às pessoas que convivem com você. Dê merecida atenção à forma como
Contudo, o desenvolvimento da inteligência emocional não acontece sem a conscienti- você reage às diferentes situações do cotidiano e evite ter reações intempestivas e tomar deci-
zação da pessoa acerca da importância desta habilidade e sem que haja um verdadeiro dese- sões que sejam prejudiciais a você e aos outros. A recomendação aqui é ponderar, pensando
jo pessoal para tal. Um curso, uma palestra, um seminário, um livro, um manual não ajudam bem antes de fazer ou dizer qualquer coisa.
se não houver sincera predisposição para tal. A partir disso, é preciso vivenciar os problemas
e permitir-se novos modos de ser e agir. O fundamental para este aprendizado é a motivação
“zona de conforto”.
Talvez você esteja se perguntando: Certo, mas como posso mudar? Acompanhe 10 reco-
mendações que certamente irão ajudá-lo(a) a compreender e controlar melhor suas emoções!
Fique atento(a) aos seus comportamentos e analise e avalie constantemente suas ações
e sua postura com as pessoas, não só no ambiente profissional, mas também fora dele, nos vá-
rios grupos de relacionamento. Reflita sobre a maneira como você trata as pessoas com quem
convive. Se possível, liste suas atitudes e avalie o que pode ser melhorado. Dessa forma, fica
mais fácil identificar suas forças e também seus pontos fracos, a fim de desenvolvê-los.
3. Identifique os “gatilhos” está inserido(a) - principalmente o profissional - e avaliar se ele está alinhado com os seus va-
lores. Caso perceba que não, é importante buscar uma nova oportunidade, mais ajustada ao
Existem alguns eventos que funcionam como uma “faísca” que, passado algum tempo, que você acredita. Até porque você não conseguirá expressar toda a sua potencialidade se não
podem incendiar nossas emoções. Se você costuma ter alguma reação inadequada a aconte- estiver totalmente engajado(a) e motivado(a) com uma missão ou um propósito.
cimentos específicos, procure pensar a respeito e identificar por que essas situações mobili-
zam tanto as suas emoções. O contrário também vale aqui... Em momentos em que se sentir 5. Valorize os outros
bem, identifique os “disparos” que provocam esse tipo de emoção e procure reproduzi-los em
outras situações. Aprenda a reconhecer o valor das pessoas que estão ao seu redor. Faça da empatia um
hábito, colocando-se sempre no lugar dos outros e evitando fazer pré-conceitos e mesmo jul-
4. Reflita sobre os seus valores gamentos das pessoas, pois cada um tem as suas próprias razões para agir e fazer suas esco-
lhas, não cabendo a nós julgar se estão certos ou errados em fazê-lo. Preste atenção às pessoas
Ter clareza sobre o que é importante para você colabora para o seu autoconhecimento e – especialmente colegas, familiares e amigos -, trate-os com o devido respeito e dedique a elas
ajuda a antecipar as suas reações. Desse modo, cabe sempre avaliar o ambiente no qual você a merecida atenção, especialmente quando procurarem você para conversar.
6. Seja resiliente
original, após terem sido submetidos a uma determinada força ou impacto. A resiliência não
momentos, para depois retomar a condição original. Na nossa vida, resiliência diz respeito à
nosso cotidiano. Estar consciente de que os infortúnios e os obstáculos são passageiros amplia
7. Busque feedbacks preciso aprender a posicionar-se e, principalmente, a dizer não para determinadas demandas,
priorizando e mantendo o foco no que realmente precisa ser feito. Caso contrário, você poderá
Saber o que as pessoas pensam a nosso respeito e sobre nossos comportamentos e perder o controle sobre o seu próprio tempo e sentirá raiva por fazer coisas que não quer, não
atitudes é uma das maneiras mais eficazes de se conhecer melhor. As pessoas, de um modo pode ou não deveria fazer.
geral, não costumam dar feedbacks com frequência, de forma que cabe a você buscar saber a
opinião das pessoas - principalmente as mais próximas - a respeito do modo como você age e 10. Acredite em si mesmo(a)
reage. Contudo, o feedback só é válido se o emissor for verdadeiro, sincero e honesto em seus
apontamentos. Reconhecer e acreditar em seu próprio potencial servirá como combustível para você
enfrentar os diferentes desafios que irá encontrar ao longo de sua vida. Ao ser autoconfiante,
8. Reconheça seus erros e fraquezas você potencializa sua capacidade para lidar com as adversidades e consegue resolvê-las mais
facilmente. Além disso, a autoconfiança ajuda a manter uma postura mais positiva diante da
Saber o que as pessoas pensam a nosso respeito e sobre nossos comportamentos e ati- vida, contribuindo para a conquista de resultados mais assertivos.
tudes é uma das maneiras mais eficazes de se conhecer melhor, como dissemos há pouco.
Porém, o feedback só será de fato funcional se o receptor ou pessoa avaliada estiver aberta Desenvolver a inteligência emocional não é algo fácil e nem para se fazer sozinho(a).
às opiniões e julgamentos dos outros e disposta a realmente refletir sobre eles e promover as Contudo, assim como vamos à academia para malhar e trabalhar os músculos de nosso cor-
mudanças necessárias. po, podemos buscar recursos para trabalhar e desenvolver “os músculos” de nossa inteligência
emocional, potencializando-a.
9. Aprenda a posicionar-se
Onde estão esses recursos? Estão em vários lugares, como nas muitas pessoas que estão
Como vimos anteriormente, a autogestão é uma das habilidades da inteligência emo- à sua volta e com quem você convive todos os dias, as quais podem contribuir com preciosos
cional, o que significa que as pessoas inteligentes emocionalmente têm disciplina e evitam feedbacks. Ao buscá-los e abrir-se para eles, você estará criando um ciclo virtuoso de mudança.
sem permitir que elas prejudiquem o seu desempenho. Para evitar situações desgastantes, é A inteligência emocional é uma prática através da qual é possível nos desenvolvermos
como seres (mais) humanos e continuarmos melhorando sempre. Mesmo quando acreditar todas as pessoas e aprendida em qualquer momento da vida. O seu desenvolvimento não tem
que já domina esse conceito e que a sua inteligência emocional é elevada, lembre-se de conti- absolutamente nada a ver com a inteligência intelectual ou com o nosso QI (quociente inte-
nuar praticando, pois assim você irá potencializá-la e colher os seus benefícios continuamente. lectual).
Além do apoio das pessoas que nos cercam, também pode ser válido procurar ajuda Em 1985, o conceito de “inteligência emocional” é utilizado por Wayne Payne em sua
profissional para desenvolver sua inteligência emocional. Você pode fazer isso através de livros tese de doutorado e então introduzido oficialmente na literatura afim, de modo que é credi-
especializados no assunto, treinamentos, psicoterapias e até mesmo com um processo de co- tado a ele o primeiro emprego do termo.
aching.
Por sorte, assim como as pessoas não nascem líderes, elas também não nascem com um co Daniel Goleman, a expressão “inteligência emocional” viralizou, tornando-se tema de várias
grande nível de inteligência emocional. Na medida em que aprendemos o que contribui para obras e assunto de inúmeros debates em programas televisivos, em escolas e até mesmo em
sermos emocionalmente inteligentes, podemos desenvolvê-la. Se assim o fizermos, além de empresas. A partir dele, a publicação de artigos sobre o assunto cresceu significativamente.
nos tornarmos líderes melhores, nossas relações pessoais também serão diretamente benefi-
ciadas. Na medida em que você passa a perceber melhor a si e às pessoas ao seu redor, todos Até a década de 90, o sucesso estava relacionado apenas ao raciocínio lógico e à elevada
os relacionamentos são beneficiados com isso. capacidade para resolver problemas matemáticos, comprovados pelo famoso QI (quociente
intelectual). Foi a partir dos estudos de Goleman que a mídia e o meio corporativo desperta-
SÍNTESE A inteligência emocional tem sua origem especialmente ligada à Teoria das Inteligên-
cias Múltiplas, criada pelo psicólogo Howard Gardner, o qual questionava os modelos clássicos
Neste e-book vimos que... utilizados na época (anos 80) para medição do QI – Quociente de Inteligência. Liderado por
A inteligência emocional não é uma competência inata. Ela pode ser desenvolvida por das Inteligências Múltiplas, buscando analisar e descrever melhor o que era a inteligência.
De acordo com Howard Gardner, as pessoas possuem nove tipos de inteligências (Lin- cional para administrar todas as demandas que encontra em seu cotidiano. Contudo, as suas
guística, Lógico-Matemática, Espacial, Musical, Corporal-Sinestésica, Intrapessoal, Interpessoal, emoções devem ajudá-lo nessa tarefa. As emoções, que existem no ser humano desde sem-
Naturalista e Existencial), algumas desenvolvidas e outras não. Contudo, isso não significa que pre, devem funcionar como um sistema regulatório interno. Elas podem e devem funcionar
essas pessoas não sejam normais ou inteligentes. como um radar interno do líder, fornecendo-lhe pistas sobre o seu comportamento e sobre o
os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções A inteligência emocional cresce com a idade, ou seja, à medida que a pessoa vai adqui-
dentro de nós e nos nossos relacionamentos”. rindo maturidade, ela naturalmente se torna mais inteligente emocionalmente. Contudo, o
Daniel Goleman categorizou a inteligência emocional em cinco habilidades, as quais, desta habilidade e sem que haja um verdadeiro desejo pessoal para tal.
segundo ele, apresentam uma determinada ordem e não podem ser desenvolvidas aleatoria-
mente. Uma é pré-requisito para a outra, de forma que, para que uma possa ser desenvolvida, Para o desenvolvimento da inteligência emocional, além do feedback das pessoas que
a anterior precisa estar em pleno funcionamento. São elas: autoconsciência, autogestão, auto- nos cercam, também podemos procurar ajuda profissional, através de livros especializados no
motivação, empatia e habilidades sociais. assunto, treinamentos, psicoterapias e até mesmo um processo de coaching.
Apesar de não ser um tema recente, a inteligência emocional tem ganhado cada vez
mais espaço no mundo profissional. Os estudos mais recentes na área comprovam que essa
qualidade é inclusive mais importante do que a inteligência intelectual. Ainda que seja subje-
dia a dia e nas decisões pessoais que tomamos nos vários contextos que habitamos.
líder legítimo se ela desenvolver sua inteligência emocional. Um líder precisa agir de modo ra-
ANTUNES, Celso. Como desenvolver conteúdos explorando as Inteligências Múltiplas. Petrópolis: Vozes, 2002.
BRADBERRY, Travis & GREAVES, Jean. Inteligência Emocional 2.0: Você sabe usar a sua? São Paulo: HSM Editora, 2016.
CARUSO, David, R; SALOVEY, Peter. Liderança com inteligência emocional. Liderando e administrando com competência e eficácia. São Paulo: M. Books do Brasil, 2007.
FONSECA, Rodrigo. Emoções: a inteligência emocional na prática. São Paulo: Reflexão, 2015.
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas. A Teoria na Prática. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GOLEMAN, Daniel. O Poder da Inteligência Emocional: a experiência de liderar com sensibilidade e eficácia. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
GOLEMAN, Daniel. Trabalhando com a Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2016.
SALOVEY, P., & NIEDENTHAL, P.M. Book Review: White bears and other unwanted thoughts. Imagination, Cognition and Personality, 1990.