Você está na página 1de 35

ABORDAGENS CIENTÍFICAS SOBRE

AS CAUSAS DA CRIMINALIDADE
VIOLENTA: UMA ANÁLISE DA
TEORIA DA ECOLOGIA HUMANA

Eduardo Barreto Pereira, Gabriel Augusto Tozetti,


Gustavo Modesto Garcia e Vinicius Denegre dos Santos
Pauta
O que vamos aprender hoje

01
Apresentar seis abordagens científicas que
explicam as causas da criminalidade violenta.

02
Considerando-se o contexto histórico no qual
foram elaboradas.

03
A teoria Ecologia Humana é a que mais se
aproxima das abordagens geográficas, pois
condicionam a ocorrência criminal.
Introdução
As explicações sobre a criminalidade repousam na vítima
ou no agressor
Ambos contribuem para a ocorrência
É necessário compreender o comportamento do crime e
seus fatores
Teoria da Ecologia Humana apresenta os estudos
relacionados às causas da criminalidade violenta, a partir
de elementos constituintes do espaço geográfico.
Embasamento teórico
Motivações individuais, processos para se
tornar criminoso e investigações das relações
entre as taxas de crime e as variações nas
culturas.

O homem violento: influência externa, sendo a


A divisão utilizada para
violência, imposta pelo ambiente, e não inata
apresentar as principais
.
abordagens teóricas acerca
Natureza violenta do homem é instintiva, faz
das causas da criminalidade
parte de sua genética, e o ambiente apenas
violenta
permite que esse comportamento aflore. baseou-se em Cerqueira e
Lobão

Teorias focadas nas patologias individuais

Biológicas Psicológicas Psiquiátricas


os criminosos violentos pesquisas atuais
defende que a baixa inteligência
possuem uma anomalia relacionam os fatores
explica a causa da criminalidade.”
genética
abandono dessa abordagem foi o biopsicológicos do
o “criminoso nato”
aparecimento de novos estudos que indivíduo ao seu histórico
possuía alguns traços
negaram a diferença entre de vida e às relações
anatômicos e
psicológicos, como a criminosos e não-criminosos, seja sociais estabelecidas.
formação óssea do por grau de inteligência ou outra
crânio e o formato das característica psicológica
orelhas intrínseca.
A
CONCLUSÃO
Verifica-se, que a violência e o crime têm deixado de ser vistos
como uma patologia individual e outras perspectivas teóricas
vêm sendo incorporadas ao seu estudo, enriquecendo, dessa
forma, as explicações e compreensões sobre o tema.
Teoria da Desorganização Social
Esta teoria foi inicialmente desenvolvida na Universidade
de Chicago entre 1920 e 1930.
Sociólogos Clifford Shaw e Henry McKay.
Enfoque era dado às comunidades locais
Visava ver as relações, o status econômico, mobilidade
residencial, heterogeneidade étnica, desagregação
familiar e urbanização.
Ressalta que a criminalidade surgiria como consequência
de efeitos indesejáveis presentes na organização dessas
relações sociais comunitárias e de vizinhança, tais como
redes de amizade dispersas, grupos de adolescentes sem
supervisão, orientação ou reduzida participação social.
Análise e conclusões da teoria
ESTUDO FOI FEITO NA GRÃ-BRETANHA

PESQUISA DE
VARIÁVEIS CONCLUSÕES
VITIMIZAÇÃO
EXPLICATIVAS Os fatores que resultaram em
Foram analisadas em nível
nacional: 10.905 residências de Status socioeconômico, estatísticas significativas ao
238 localidades na Grã- heterogeneidade étnica, nível de 5% mais importantes
Bretanha, e utilizaram como estabilidade residencial, para a relação com a prática
variáveis dependentes os desagregação familiar, criminal foram: desagregação
seguintes crimes: roubos de rua, urbanização, redes de familiar, urbanização, grupos
violência perpetrada por amizade local, grupos de
estranhos, arrombamentos,
de adolescentes sem
adolescentes sem supervisão supervisão e participação
roubo autoimputado e
e participação
vandalismo, além do total de organizacional.
vitimizações.
organizacional.
Teoria Estrutural-Funcionalista do Desvio e da
Anomia
Foi desenvolvida por Robert Merton (1938).
Baseia-se na afirmação de que a motivação para o crime
decorre da impossibilidade de o indivíduo alcançar as metas
desejadas.
A anomia é uma das mais tradicionais teorias sociológicas
explicativas da criminalidade, que tem suas bases nas ideias
de Émile Durkheim, explica o crime como um problema social
resultante das tensões presentes na estrutura da sociedade.
Teoria da Associação Diferencial e do Aprendizado Cultural

Edwin Sutherland (1939).


influenciada pelo interacionismo simbólico.
A família, a comunidade e o grupo de amigos
teriam um papel central nesse processo, e que os efeitos
advindos da interação entre esses atores são indiretos,
sendo suas influências suscitadas pela variável latente
Determinação Favorável ao Crime (DEF).
Teoria do Controle
Essa teoria fundamenta-se no pressuposto de que qualquer pessoa é um
criminoso em potencial, e o que define a atividade criminosa são as
oportunidades favoráveis à prática do crime, sendo as estratégias de
controle que impedem a maioria das pessoas de praticar atos criminosos.

1) A Teoria das Atividades de Rotina;


2) Teoria das Janelas Quebradas;
3) Teoria da Escolha Racional;
4) Teoria da Prevenção Situacional
do Crime.
Teoria da Ecologia Humana

Robert Park (1979), na Escola de


Chicago
A Teoria da Ecologia Humana ou
Teoria Ecológica defende que a
sociedade e o espaço têm uma
participação importante na gênese da
criminalidade.
CONCEITOS DA TEORIA
1. simbiose.
2. invasão, dominação e sucessão.
A partir dos quais o crime passa a ser
considerado um fenômeno ambiental
que envolve aspectos físicos, sociais e
culturais.
Teoria da ecologia humana

Na Teoria da ecologia humana o crime decorre da


correlação das relações simbólicas e culturais com a
congregação espacial dos indivíduos.
As variáveis que podem mudar os indicies são, a
organização espacial das cidades, mobilidade social e o
controle social. Essa teoria vê a cidade como um
elemento motivador da criminalidade.
Teoria Ecologica
A teoria ecológica a partir de 1930 perdeu muita força para
as outras abordagens teóricas, ela só ganhou um novo
impulso nos anos de 1970 e 1980 por conta da redescoberta
do crime nesse período, essa que transferiu o foco do
infrator para a infração penal. Essa redescoberta incluiu
pesquisas de vitimização, que tratavam o crime como
oportunidade. Isso levou ao desenvolvimento da pesquisa
de prevenção situacional do crime de Ronald Clarke, onde
ele diz que o crime pode ser prevenido de forma eficaz se
reduzirmos as oportunidades existentes no ambiente.
Outro fator que tem relação com as estatísticas sobre
criminalidade foi desenvolvido por Terence Morris, ele
chegou à conclusão que não são apenas as condições
espaciais que levam alguém a cometer crime, mas
também os processos ecológicos naturais de invasão
dominação e sucessão, isso foi demonstrado anos depois
por Jonh Baldwin e Anthony Bottoms que pesquisaram a
relação entre a área de residência de criminosos e a de
ocorrência de crimes, e verificaram que as mesmas não
coincidiam.
Susan Smith

O estudo de Susan Smith em uma cidade inglesa


demonstrou que a situação de emprego, as
oportunidades de moradia, e a distribuição desigual de
riquezas e oportunidades, são determinantes para que
ocorra uma concentração de criminosos em áreas mais
pobres.
Dahlberg e Krug dividiram em quatro
níveis o modelo ecológico

O primeiro nível é caracterizado pelo individuo – são


considerados fatores como nível educacional, uso de
substância química, história de abuso e agressão vividos
pelo individuo. São todas as características do indivíduo
que podem vir a aumentar a probabilidade de ele se
tornar violento ou sofrer violência.
Segundo nível está ligado as relações sociais próximas
relações entre companheiros, parceiros íntimos e
membros de família, a interação cotidiana com o
agressor, em domicilio comum, aumenta a
oportunidade de ataques violentos.

Terceiro nivel é a comunidade, examina os contextos


comunitários nos quais estão inseridas as relações
sociais, como escolas, locais de trabalho e bairros.
O quarto nivel analisa os fatores mais significantes
da sociedade que influenciam as taxas de violência,
como por exemplo em culturas que veem a
violência como uma forma aceitável de resolver
conflitos, normas que fixam o domínio masculino
sobre as mulheres e crianças e normas que apoiam
o uso abusivo de força pela polícia contra os
cidadãos.
ESPAÇO DEFENSAVEL E A PREVENÇÃO
SITUACIONAL DO CRIME

Desenvolvida pelo americano Oscar Newman – teoria


do Espaço Defensável

O espaço apresenta elementos que atuam sobre a


delinquência e os delinquentes, produzindo
oportunidades de delito, juntando três componentes
básicos: delinquente (provável ou em potencial), alvo
apropriado e ausência de dissuasão suficiente.
Prevenção situacional
Depois de algum tempo essa pesquisa foi retomada por
outros pesquisadores, mas com uma nova visão, a de
prevenção situacional fundamentando-se na noção de que a
população é o principal agente mantenedor da prevenção
dos crimes, criando em diferentes lugares do espaço urbano
situações que favoreçam a diminuição das ocorrências, ao
estabelecer meios de proteção e segurança, como grades,
portões, muros, sistemas de vigilância eletrônica. Essa teoria
se baseia na teoria da Prevenção do Crime através do
Desenho Urbano
Prevenção situacional
Essa teoria defende o reforço dos laços afetivos e de
pertencimento à comunidade, a criação de espaços que
priorizem a visibilidade, o incentivo à apropriação dos
espaços vazios e mal utilizados, A manutenção e o
cuidado com os espaços públicos, A redução da
imagem que se tem de isolamento e abandono de
espaços residenciais e o desenho e o planejamento de
bairros em escalas menores.
Espaço público
Alvo de bandidos, mas por que?

1) Má iluminação nas ruas


2) Pouca circulação de indíviduos
3) Pouca circulação de indíviduos em praças também
Especialistas apontam!
Jacobs afirma que "...uma rua
movimentada consegue garantir
a segurança; uma rua deserta
não”
Esteves discorre que 33,3% de pessoas entrevistas
que já foram vítimas, em uma pesquisa, afirmam
que se sentem inseguras ao circular em uma rua
pouco movimentada à noite.
Porém, 46,4% de pessoas que não foram vítimas de
algum crime têm mais medo de estar em parques e
jardins durante a noite.

Logo, tanto vítimas e não vitimados possuem


insegurança ao passar por locais poucos
movimentados à noite, independente do local.
No fim, ambos preferem passar por esses locais
durante o dia.
Segurança no espaço públlico
Segundo Bondaruk, a manutenção é fundamental
para a prevenção de crimes. Logo, é necessária a
ocupação desses espaços. Caso não ocorra o uso ou
uma finalidade ao espaço, tornar-se fonte de
problemas.
Segundo Jacobs, os olhos do proprietários de
apartamentos devem estar voltados para rua; por
fim, devem haver indivíduos circulando.
Bondaruk ainda destaca que ruas retas, que
permitam uma maior visualização à distância
melhora a vigilância natural. já ruas com muitos
obstáculos ou estreitas, com viradas bruscas,
tornam-se perigosas.
A arborização contribui com o aumento do risco de
crimes. Mesmo que haja arbustos, o risco é real, pois
podem funcionar como esconderijos para criminosos
praticarem atrocidades.
Semáfaros e os riscos
Segundo Bondaruk, os crimes em semáfaros ocorrem
por três motivos, sendo um delinquente com potencial
lesivo ou letal; uma vítima que cria oportunidade para
isso e um espaço urbano próximo ao semáfaro, o
qual o bandido possa se esconder.
Para reduzir os riscos, o motorista deve reduzir a
velocidade, gradativamente, para que permaneça
pouco tempo parado, caso esteja fechado.
Permanecer na via da direita, já que o assaltante
corre para o lado esquerdo do veículo.
Viadutos e pontes
São perigosos porque permitem que os indivíduos se
escondam, além de ser um local de uso de drogas e
prostituição, em razão do pouco movimento de
pessoas e a baixa iluminação.
Terrenos baldios ou vazios
Aqueles não cuidados são perigosos, pois tornam-se
propícios para emboscadas e espaços para que o
criminoso cometa estupro e outras atrocidades. A
iluminação nesses terrenos acrescenta uma
segurança aos pedestres.
Prevenção
O conceito de prevenção, segundo Molina e Gomes
envolve uma forma de persuadir o potencial agressor
a não cometer a infração, sob ameaça de punição,
além de obstáculos não-penais, a fim de alterar o
cenário criminal.
Risco de vitimização
A potencial vítima deve ter cautela e cuidado em
determinadas situações, como o cuidado com objetos
de valor, instalar alarmes, câmeras e outros.
Vale ressaltar que a prevenção não visa atuar sobre
os indivíduos (criminosos), mas sim sobre as
situações de possível risco. Logo, o intuito é dificultar
o cenário do delito, visto que o crime é produto
volitivo do agente, que analisará os riscos e
benefícios de praticar tal conduta em determinado
espaço físico. Assim, reduzir as oportunidades
ajudam a intervir e diminuir a prática de crimes.
Projeto de prevenção situacional
Obtenção de informações sobre a natureza e a
dimensão da criminalidade no local;
Análise das condições situacionais que facilitam ou
dificultam a prática de delitos no contexto verificado;
Estudo sistemático dos meios, estratégias e
iniciativas capazes de bloquear as oportunidades
existentes, optando-se pelas mais econômicas e de
fácil aplicação;
Avaliação da experiência.
Considerações finais
Deve-se levar em consideração diversas faces do
crime, desde o ponto de vista do criminoso até as
explicações da vítima. Dessa forma, é importante
diferenciar o estilo de vida e as oportunidades
favoráveis ao crime.
Outro fator é que o local influencia no modus
operandis do criminoso, por isso a importância das
teorias ecológicas e as do controle.
O medo e a insegurança tem sido alvo de pesquisas.
OBRIGADO!

Você também pode gostar