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1-O video E permite dar-nos uma visão realista do que pode ser uma subcultura juvenil -
integrada num bairro periférico (que se percebe ser em grande medida habitado por
emigrantes) de uma grande cidade - capaz de realizar variados atos de violência urbana.
Esta aproximação ao que pode ser uma subcultura juvenil urbana não tem como foco
central da narrativa do vídeo a totalidade do grupo de jovens que habitam neste bairro.
Assim, os personagens centrais do vídeo são três jovens amigos que percebemos, em
função da multiplicidade de interações sociais em que participam (de cumplicidade e/ou de
envolvido direto em atos de violência ou de ameaça de violência no espaço urbano) que
estão integrados nesta subcultura juvenil, servindo por isso como ilustração, a uma escala
mais pequena, de quais são os conhecimentos do quotidiano dessa subcultura juvenil: as
normas, crenças e valores que praticam, que partilham e que mais valorizam, dentro de
uma intersubjectividade comum.
3.É esta inversão do valor dos conhecimentos de senso comum que nos permite afirmar
que estamos perante um exemplo de uma subcultura juvenil marginal/desviante. Um
grupo - parte de uma cultura maior, de um bairro periférico, potencialmente com habitantes
provenientes dos grupos e classes sociais mais desfavorecidos da sociedade – que, apesar
de à partida estar numa condição e num lugar de inferioridade social, faz questão de não
ser invisível e irrelevante para a sociedade maior em que vive (nós estamos aqui, existimos,
não nos podem ignorar, “o mundo é nosso”). À sua escala e com os conhecimentos e
recursos que têm, combatem a desigualdade social da sua cultura de origem, com a
valorização pela positiva (pelo menos em parte) dos conhecimentos que “os outros”
entendem serem negativos. Assim, a condição de desigualdade social - de potencial risco
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de exclusão social, herdada pela sua pertença à cultura do bairro periférico de emigrantes
– os jovens com a sua subcultura juntam auto-exclusão, dado parecerem pretender
desafiar (com a inversão de valores atrás indicada) a cultura social urbana, maioritária na
sociedade em geral.
Como já vimos em módulos anteriores, fazer uma análise do filme centrado nas
características individuais ou psicológicas de cada um dos três jovens (análise
individualista) é um erro do ponto de vista das CS. O que nos interessa não é o que cada
um é, ou parece ser, em comparação com os outros (como indivíduo único e particular),
mas sim o que cada um mostra ser em cada momento (confirmando ou mudando face ao
que se mostrou ser antes) e aquilo que mais se vai repetindo continuadamente face à
influência da interação social sobre todos.
5- Em conclusão, para haver uma (sub)cultura basta que haja uma sociabilidade e uma
atividade comuns e repetidas na vida quotidiana entre os seus membros, que se cultivem
alguns conhecimentos com um valor social invertido relativamente à cultura maioritária na
sociedade. E que nas situações sociais de conflito, quando se lida com “os outros”, os
membros da (sub)cultura saibam unir-se contra aquilo que acreditam ser uma ameaça para
todos. Também aqui podemos dizer que existem significações e comportamentos que se
interconectam e que se repetem na maioria das interações sociais, criando um fechamento
da subcultura face ao exterior, rejeitando-se normas, crenças e valores quotidianos da
maioria da sociedade, sendo que nesta subcultura estão incluídas formas de agressividade
e violência face ao exterior.